PARAÓ PEBA E
Copyright © 2021 Mônica Bonilha (texto)
Copyright © 2021 Ana Lasevicius (ilustração)
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Edição geral
Sonia Junqueira
Edição de arte e capa
Diogo Droschi
Revisão
Julia Sousa
Informações paratextuais
Nara Bital
Dados Internacionais de Catalogação na Publicacão (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Bonilha, Mônica
Paraó e Peba [livro eletrônico] / Mônica Bonilha ; ilustrações
Ana Lasevicius. -- 1. ed. -- Belo Horizonte, MG : Inventadeira, 2022. HTML
ISBN 978-65-84631-02-1
1. Literatura infantojuvenil I. Lasevicius, Ana. II. Título.
22-137855
CDD-028.5
Índices para catálogo sistemático:
1. Literatura infantil 028.5
2. Literatura infantojuvenil 028.5
Inajara Pires de Souza - Bibliotecária - CRB PR-001652/O
Rua Carlos Turner, 420, sala 2
Silveira . 31140-520
Belo Horizonte . MG
Para Maria Luiza e Isac.Dois peixes muito amigos sempre nadavam juntos
rio abaixo e, às vezes, rio acima também.
Paraó ia sempre atrás da Peba.
Ela corria feito ventania.
Água clara, sol e chuva, e Paraó a seguia.
Certo dia, bem no meio da diversão... Um estouro! Uma explosão!
Peba arregalou os olhos e gelou.
Atrás dela, Paraó trombou e parou.
O céu escureceu. Será que lá vem chuva? Trovoada?
Mas ninguém viu relâmpago anunciar tempestade.
Um bando de passarinhos passou zinindo.
A bicharada correu assustada para todo lado. Peba, petrificada, se escondeu no fundo bem fundo do rio.
Assim fizeram também Paraó e mais um cardume inteiro de peixes desorientados.
Passou um tempo, a água tremeu. E começou a mudar de cor...
Uma onda barrenta e feia invadiu a água do rio. E começou a sujar a casa dos peixes.
Muita terra veio junto e, com ela, mais um tanto de coisas: pedaço de pau, pedaço de ferro, pedaço de carro, pedaço de casa...
Com seu rio-casa invadido por aquela lama estranha, os companheiros do fundo do rio foram nadando para bem longe...
Peba também nadou, mesmo sem conseguir enxergar nas profundezas daquelas águas turvas. Não via nada, nem seu amigo Paraó. Ela nadou, e nadou, e nadou muitos dias sem conseguir achar água limpa.
Que sufoco, que tristeza... Quanta escuridão!
Até que, um dia, já cansada de tanto agitar suas barbatanas, Peba chegou a um lago profundo… e ali avistou uma nesga de sol. E Paraó? Onde estaria ele?
Sem descansar um pouquinho que fosse, começou a procurar o amigo. Rodou, rodou pelo fundo do lago, que também estava cheio de barro.
Tinha só aquele pequenino raio de luz para iluminar sua busca.
Peba encontrou muitas companheiras e companheiros também cansados daquela viagem que não tinha fim. Cardumes inteiros sem rumo, perdidos!
Peixes enfraquecidos com tanta escuridão. Sem casa, sem comida. Tristeza por todo o lago. E nada de Paraó.
Sentindo o cansaço e mais um pouquinho de desgosto, a piabinha se lembrou daquela estranha tempestade. Mas que estouro de trovão foi aquele?! Veio assim, de repente, sem raio nenhum para avisar?! Não parecia coisa da Natureza...
Peba apertou os olhos, ainda sem conseguir entender tudo aquilo, e decidiu nadar em direção à margem para descansar um pouquinho… O sol quase se despedia, refletido naquela água barrenta que mudou todo o rio.
A noite chegou, e a piabinha parou para descansar perto dos cardumes prateados.
Nem sabia mais onde procurar Paraó, a tilápia.
De repente... Foi no raio de lua cheia que avistou, num canto do barro, um rabinho conhecido. Tinha uma cicatriz bem no meio, feita por um anzol do qual tinha escapado um dia.
Os olhos de Peba se iluminaram. Nadando igual a um lambari, ela logo chegou perto de seu amigo Paraó, meio lama meio peixe, bem ali, atrás de muito pedaço de pau, galhada, muita sujeira e tal.
Paraó estava com olhos de peixe morto, mas, quando viu a dança que Peba fazia ao seu redor, deu uma boa risada. Viva! De morto ele não tinha nada!
Estava mesmo era engastalhado naquele tanto de lixo e lama. Difícil sair daquele barro.
Peba foi logo buscar ajuda, e muitos peixes vieram nadar bem perto do amigo atolado para levantar o lodo e a lama.
Fizeram tanta zoeira que não se enxergava nada, pois a água ficou bem mais turva.
Quando todos se foram, demorou muito até Peba finalmente assistir à cena que a deixou muito, muito feliz: seu amigo tilápia nadando e rodopiando, uma dança engraçada naquela água escura!
Mais tarde, assim que o sol nasceu, Peba e Paraó deram adeus ao seu lar e aos amigos, e partiram em busca de águas mais claras, limpas, protegidas pela Natureza.
Em busca de algum lugar em que raio vem sempre antes de um trovão.
INFORMAÇÕES PARATEXTUAIS
Ler um livro é sempre muito especial. Por meio da leitura, aprendemos coisas novas, ampliamos nossa capacidade de imaginar, criar e temos a oportunidade de nos aventurarmos em situações e espaços com os quais só é possível entrar em contato por meio da literatura. A literatura pode nos emocionar, nos alegrar, nos comover e despertar diversas outras emoções e sentimentos.
Ler nos ajuda a nos tornar mais sensíveis, conscientes e responsáveis. Ampliamos a nossa capacidade de cuidar de nós, dos outros e do planeta. E é sobre cuidado com o planeta que trata o livro Paraó e Peba, que você acabou de ler. Na obra lida, você acompanhou a jornada de dois amigos, uma piabinha e uma tilápia em sua luta pela sobrevivência.
O enredo da obra é inspirado em um fato real: o rompimento de uma barragem no município de Brumadinho. E, como na maioria das obras de literatura infantil, este livro possui um elemento não verbal importantíssimo: a imagem. As ilustrações, associadas aos textos, ampliam as possibilidades de compreensão de uma obra. Para além de desenhos bonitos, elas têm uma função especial: nos aproximar do texto e nos fazer imaginar e fruir as histórias narradas. Assim, ilustrações e texto verbal, unidos, contam histórias e nos levam a lugares inimagináveis.
Em Paraó e Peba, a autora e a ilustradora trouxeram a perspectiva da natureza, levando-nos ao fundo do rio e vivenciado a correnteza de morte e destruição que a onda gigantesca de lama provocou nesse ambiente.
Você refletiu sobre como a atuação do ser humano pode gerar impactos na natureza e como devemos ser mais responsáveis por nossas ações? O meio ambiente é a nossa casa, assim como as águas são o “rio-casa” dos peixes e de outros seres vivos. A leitura nos aproximou de um problema ambiental e de uma história real ocorrida em 2019, mas da qual até hoje vivemos suas consequências.
A AUTORA
Esta obra foi escrita por Mônica Bonilha, jornalista, ativista e voluntária das causas ambientais. A autora é mineira e acompanhou de perto o sofrimento que o desastre do rompimento de uma barragem de rejeitos em Brumadinho em 2019 causou à população de Minas Gerais, em especial à de Brumadinho, que viu muitas famílias perdendo casas e entes queridos no desastre.
A ILUSTRADORA
As ilustrações de Paraó e Peba foram produzidas por Ana Lasevicius. Nascida em São Paulo, cresceu brincando e ouvindo histórias em uma fábrica de álbuns de fotografia. Fez faculdade de Comunicação Social e escreve e ilustra textos literários. Para compor as ilustrações da obra escrita por Mônica Bonilha, a ilustradora acionou uma combinação de cores e elementos que potencializou a aproximação da obra literária com os eventos reais que ocorreram em consequência do desastre de Brumadinho. Ao longo da narrativa, você deve ter se deparado com traços e cores que simularam a tragédia e deram vida e voz à natureza, que lutou pela sobrevivência nas águas barrentas do rio. Os cenários calmos e tranquilos do início, predominantemente azuis, foram substituídos por uma ambientação escura, sombria, gerando a ideia de morte do rio e dos seres que ali habitavam, bem como de efeitos no leitor, tais como: comoção, tristeza, sensibilização e conscientização de que algo deve ser feito para evitar desastres dessa magnitude.
O GÊNERO LITERÁRIO
Há na literatura variados gêneros textuais – por exemplo, os poemas, as fábulas, os mitos, as crônicas e os contos. Nesta última categoria, a dos contos, se enquadra o livro Paraó e Peba. Textos desse gênero possuem um narrador e personagens que se envolvem em situações e conflitos que quase sempre são solucionados no desfecho dessas histórias. Tais narrativas são ricas em elementos descritivos que são capazes de nos levar a imaginar os cenários e as aventuras dos personagens.