Poesia na varanda

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Poesia na varanda

ilustração Flávio Fargas

Copyright © 2011 Sonia Junqueira (texto)

Copyright © 2011 Flávio Fargas (ilustrações)

Todos os direitos reservados pela Editora Badabum. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida, seja por meios mecânicos, eletrônicos, seja via cópia xerográfica, sem a autorização prévia da Editora.

Editora responsável

Rejane Dias

Edição geral

T&S - Texto e Sistema Ltda

Projeto gráfico

Diogo Droschi

Revisão Carolina Lins

Informações paratextuais

Renata Amaral de Matos Rocha

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Junqueira, Sonia Poesia na varanda [livro eletrônico] / texto Sonia Junqueira ; ilustração Flávio Fargas. -- 1. ed. -- Belo Horizonte, MG : Badabum, 2021. HTML

ISBN 978-65-89702-12-2

1. Poesia - Literatura infantojuvenil I. Fargas, Flávio. II. Título.

CDD-028.5

22-137840

Índices para catálogo sistemático:

1. Poesia : Literatura infantil 028.5

2. Poesia : Literatura infantojuvenil 028.5

Eliete Marques da Silva - Bibliotecária - CRB-8/9380

Rua Carlos Turner, 420 Silveira . 31140-520 Belo Horizonte . MG

Poesia na varanda

ilustração Flávio Fargas

Felicidade se acha é em horinhas de descuido.

GUIMARÃES ROSA

Brotou do chão a poesia na forma de uma plantinha espigada, perfumosa, se abrindo toda pra mim: mensageiro da alegria, era um pé de alecrim que dourou a minha vida...

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Passou por mim a poesia na forma de uma gatinha amarela, tão macia!, uma bola peludinha que chegou bem de mansinho... Batizei-a de Chiquinha, fiquei com ela pra mim.

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Entrou em mim a poesia na forma de uma canção que falava de uma rua com pedrinhas de brilhantes e de um anjo solitário que vivia por ali e roubou um coração.

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Gritou no mato a poesia quando caiu a noitinha: era um concerto de grilos, tantos astros em seresta, pois era dia de festa, e dentro da boca da noite cantaram um coro sem fim...

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Brilhou pra mim a poesia na forma de lua cheia e de um céu estrelado despencando no telhado de zinco do avarandado, pronto para ser pisado por alguém bem distraído...

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Cresceu em mim a poesia na forma de uma tristeza, um chorinho derramado no silêncio da varanda.

Veio vindo, foi chegando – carregada pelo vento? –

e tomou conta de mim.

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Caiu do céu a poesia na forma de uma chuvinha, pingos grossos, cheiro doce, que molhou as redondezas, encharcou os meus cabelos, inundou a minha vida e levou minha tristeza.

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Sorriu pra mim a poesia na forma de um amigo – mão estendida, carinho, e estar juntos, quietinhos ou ouvindo, ou contando, ou rindo e barulhando...–e abraçou minha vida.

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Me arrebatou a poesia trazida pelas palavras abrigadas entre as páginas do livro que alguém lia e que deixou por ali: mundo entrando pelos olhos, enriqueceu minha vida.

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Agora, sempre que quero saber cadê a poesia, dou um pulo na varanda, me debruço – e espero: quem sabe se de repente ela volta e, simplesmente, vem contar por onde anda...

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Informações paratextuais

A obra

Poesia na varanda é uma narrativa poética encantadora, que versa sobre a poesia do cotidiano, que toma conta de nós: brota, passa, entra, grita, brilha... e vai embora. Para onde? Será que ela volta? Quando? E por onde vai passar? Não há respostas, mas a autora dá uma pista: “a poesia é um sopro, um susto que a gente leva e logo passa, deixando dentro de nós uma beleza inteira”. Assim, uma menininha, a protagonista, ao longo do texto vivencia a poesia na forma de uma plantinha que brota no chão, de uma gatinha amarela, de uma canção, do concerto dos grilos, no cair da noitinha, no brilho da lua cheia e do céu estrelado, na forma de uma tristeza, na forma de uma chuvinha, na pessoa de um amigo e pelas palavras abrigadas entre as páginas do livro que alguém lê.

O gênero literário

O gênero predominante em Poesia na varanda é o poema. São produções literárias em versos, muito comuns na língua oral ou escrita. Os versos são considerados unidades rítmicas. Por sua vez, o conjunto de versos recebe o nome de estrofes. São textos que podem explorar vários recursos de linguagem, tais como: a disposição gráfica, o tamanho dos versos, o ritmo, as rimas, as figuras visuais e/ ou sonoras que compõem o texto. Todavia, o fundamental é perceber a poesia que brota do poema, na e para a expressão de sentimentos e emoções do sujeito lírico.

A autora

Sempre quis saber onde moram as histórias que a gente lê: na cabeça dos escritores? dos contadores de histórias? das pessoas, nas ruas? Ou existe um lugar, uma “terra do sempre” que guarda as histórias de todos os tempos e vai deixando elas saírem pra gente se deliciar?

Não sei a resposta: será que, um dia, vou encontrá-la?

Do mesmo modo, sempre quis saber onde mora a poesia que, de repente, nos encanta – e até conto em versos, neste livro, algumas hipóteses que levantei pra tentar descobrir. Mas... nem sombra de resposta. Pra mim, continua um mistério.

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O mais próximo que cheguei foi perceber que poesia é um sopro, um susto que a gente leva e logo passa, deixando dentro de nós uma beleza inteira.

Seja como for, está aqui este Poesia na varanda. Tem cenas da minha vida, lembra varandas e quintais, canções que me comoveram, pedaços de coisas que vivi. Em Três Corações, onde nasci, em São Paulo, onde morei, em lugares por onde andei, em Belo Horizonte, onde vivo e trabalho como editora de livros pra crianças, escrevo as minhas histórias e... corro atrás da poesia de todo dia.

O ilustrador

Quando Sonia me convidou para ilustrar este livro e eu terminei de ler o texto pela primeira vez, me emocionei. Centenas de coisas boas da minha infância me vieram à memória. Lembranças de uma época em que havia muitas casas com varandas e quintais em Belo Horizonte. Lembranças da casa onde cresci, com direito a varanda e quintal. Diferentemente da Sonia, era no quintal – e não na varanda – que eu descobria a poesia e a mágica escondida nas coisas simples. Mas tanto faz varanda ou quintal, hoje eu sei que a poesia mora mesmo é dentro da gente. E é isso que torna este livro tão gostoso de ler: ele fala, de uma maneira muito particular, de afeto, de descobertas, de ternura...

Como eu sou um cara de sorte, hoje, depois de adulto, acabei vindo morar numa casa com uma varanda deliciosa. Eu, minha filha Sofia, meu filho Mateus e minha esposa Flávia. E sabe o que é realmente legal? A varanda desta minha casa é mágica. De verdade! Por exemplo, sempre que quero conversar com minha mãe, eu me sento na rede que tem na varanda, fecho os olhos e, de onde quer que ela esteja, minha mãe aparece para um dedinho de prosa. E é sempre muito bom conversar com ela.

Mãe, falando nisso, este livro é pra você.

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Este livro foi composto com tipografia Times New Roman.

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