Sol e Tormenta - A escuridão nunca morre

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LEIGH BARDUGO

A escuridão nunca morre Trilogia Grisha Vol. 2 Tradução: Eric

Novello


Copyright © 2012 Leigh Bardugo Copyright © 2014 Editora Gutenberg Título original: Siege and Storm Todos os direitos reservados pela Editora Gutenberg. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida, seja por meios mecânicos, eletrônicos, seja cópia xerográfica, sem autorização prévia da Editora. GERENTE EDITORIAL

REVISÃO

Alessandra J. Gelman Ruiz

Renata Sangeon Eduardo Soares

EDITOR ASSISTENTE

Denis Araki

CAPA

ASSISTENTES EDITORIAIS

Alberto Bittencourt

Felipe Castilho Carol Christo

DIAGRAMAÇÃO

Christiane Morais

PREPARAÇÃO DE TEXTO

Otacílio Nunes Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil

Bardugo, Leigh Sol e tormenta : a escuridão nunca morre / Leigh Bardugo ; tradução Eric Novello. -- 1. ed. -- Belo Horizonte : Editora Gutenberg, 2014. (Trilogia Grisha; 2) Título original: Siege and Storm ISBN 978-85-8235-146-8 1. Ficção norte-americana I. Título. II. Série 14-02149

CDD-813 Índices para catálogo sistemático: 1. Ficção : Literatura norte-americana 813

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O problema com agradecimentos é que eles rapidamente se transformam em uma longa lista de nomes que só dá para ler na diagonal. Mas muitas pessoas são necessárias para fazer um livro acontecer, e elas merecem reconhecimento, então aguente firme. (Se ficar muito entediante, recomendo cantar em voz alta. Ache um amigo para fazer beatbox para acompanhar. Eu espero.) Como uma autora iniciante, você logo descobre quanto vai precisar de sua agente: você precisa que ela seja diplomata, terapeuta, defensora e, ocasionalmente, lutadora. Para minha sorte, encontrei todas essas coisas na notável Joanna Volpe. Muitos agradecimentos a toda a equipe da New Leaf Literary and Media, incluindo Pouya Shahbazian, Kathleen Ortiz e Danielle Barthel. Minha editora, Noa Wheeler, é claramente uma mestra da Pequena Ciência. Ela empurra aqui, cutuca ali, faz as perguntas que você não quer ouvir, e no final das contas você vê sua história transformada em algo muito melhor. É quase como se fosse mágica. Eu gostaria de agradecer a todos na Macmillan/Holt Children’s. Adoro essa venerável, incrível e brilhante editora e tenho muito orgulho de fazer parte dela. Agradecimentos especiais a Jean Feiwel e Laura Godwin, que se esforçaram bastante por esta série, repetidas vezes. Ao intenso Angus Killick, à glamorosa Elizabeth Fithian, à sempre precisa Allison Verost e a Jon Yaged,


que ainda é punk rock. Ksenia Winnicki, minha fã companheira, que trabalhou incansavelmente para chegar aos blogueiros. Lizzy Mason e Kate Lied, por colocarem a turnê Fierce Reads na estrada. Kathryn Bhirud e Karen Frangipane fizeram o lindo trailer para Sombra e Ossos (é assim que se faz algo épico, filho). Agradeço a Rich Deas, April Ward, Ashley Halsey, Jen Wang e Keith Thompson, que transformam livros em arte, assim como a Mark von Bargen, Vannessa Cronin e todo o incrível pessoal de vendas, que ajudaram a colocar meus livros nas mãos das pessoas. Agora vamos falar sobre meu exército: a linda e corajosa Michelle Chihara, do thisblueangel.com; Joshua Joy Kamensky, que me sustenta com música, humor e gentileza; Morgan Fahey, uma mulher de convicção que emite opiniões fortes – também uma leitora generosa e ótima conselheira de tempos de guerra; Sarah Mesle, do sunsetandecho.com, que entende de estrutura de história e emoções, e todos os jeitos de encaixá-las; e Liz Hamilton (também conhecida como Zenith Nadir do Darlings Are Dying), que trabalha de copista e prepara coquetéis como ninguém. Gamynne Guillote trouxe os acessórios Grishas à vida com paciência e um olhar preciso. Meus sinceros agradecimentos também a Peter Bibring, Brandon Harvey, Dan Braun, Jon Zerolnik, Michael Pessah, Heather Repenning, Corey Ellis, William Lexner e a Brotherhood Without Banners (particularmente Andi e Ben Galusha, Lady Narcissa, Katie Rask, Lee e Rachel Greenberg, X ray the Enforcer, Blackfyre, Adam Tesh e Mountain Goat), Ann Kingman, do Books on the Nightstand, E. Aaron Wilson e Laura Recchi, Laurie Wheeler, Viviane Hebel, do HebelDesign.com, David Peterson, Aman Chaudhary, Tracey Taylor e Romi Cortier. Essas pessoas apoiaram a mim e à Trilogia Grisha em cada passo, e não consigo expressar em palavras o quanto as valorizo e as adoro. Não poderia me esquecer, especialmente, de Rachel Tejada, Austin Wilkin e Ray Tejada, que me ajudaram a ampliar o universo Grisha com criatividade e apoio infinitos. Certos supergênios ajudaram a tornar o impossível improvável: a graciosa Heather Joy Kamensky, que me ajudou na logística


dos pratos espelhados do David; John Williams, que me ajudou a construir o Beija-flor; e Davey Krieger, que me aconselhou sobre a abordagem e construção de navios e outras coisas náuticas (embora ele provavelmente tenha ficado horrorizado com as liberdades que tomei). Muitos obrigadas às mulheres inspiradoras da Pub(lishing) Crawl – especialmente Amie Kaufman, Susan Dennard e Sarah J. Maas. E também a Jacob Clifton, Jenn Rush, Erica O’Rourke, Lia Keyes, Claire Legrand, Anna Banks (como ousa!), Emmy Laybourne e os Apocalypsies. Muitas escritoras extraordinárias apoiaram esta trilogia desde cedo e com entusiasmo: Veronica Roth, Cinda Williams Chima, Seanan McGuire, Alyssa Rosenberg e a inigualável Laini Taylor. Finalmente, minha equipe em Los Angeles, especialmente Jenn Bosworth, Abby McDonald, Gretchen McNeil, Jessica Morgan, Julia Collard, Sarah Wilson Etienne, Jenn Reese e Kristen Kittscher. Senhoritas, sem vocês eu teria impulsos homicidas. Obrigada por manterem (a maior parte da) minha sanidade. Dediquei este livro à minha mãe, mas ela também merece agradecimentos especiais aqui. Eu não teria sobrevivido além do primeiro rascunho de Sol e Tempestade sem ela para ler as páginas, me incentivar e me manter com salgadinhos de alga. Ela é uma mãe incrível e uma amiga ainda melhor. Irritável. Briguenta. Desafiante. Essas são as nossas palavras. Sou eternamente grata aos livreiros, bibliotecários e blogueiros incríveis que falaram bem de Sombra e Ossos e o empurram para amigos, clientes e transeuntes distraídos. E, finalmente, agradeço aos meus maravilhosos leitores: obrigada por cada e-mail, cada tuitada, cada gif. Serei eternamente grata.


OS GRISHAS

Soldados do Segundo Exército
 Mestres da Pequena Ciência

(a ordem dos vivos e dos mortos) Sangradores
 Curandeiros

(a ordem dos conjuradores) Aeros Infernais Hidros

(a ordem dos fabricadores) Durastes Alquimistas

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A

N

TE S

Muito tempo atrás,

o menino e a menina haviam sonhado com barcos, antes mesmo de conhecerem o Mar Real. Eles eram os navios de histórias, embarcações mágicas com mastros lavrados em cedro doce e velas tecidas por donzelas com fios de puro ouro. Suas tripulações eram ratos brancos que cantavam melodias e esfregavam os deques com suas caudas cor-de-rosa. O Verrhader não era um navio mágico. Era um navio mercante Kerch, com seu porão de carga cheio de painço e melaço. Ele fedia a corpos sujos e cebolas cruas que os marinheiros diziam ser capazes de prevenir o escorbuto. A tripulação cuspia, xingava e jogava por doses de rum. No pão que o menino e a menina recebiam brotavam carunchos, e a cabine deles era um armário apertado que eles eram forçados a dividir com dois outros viajantes e um barril de bacalhau salgado. Eles não se importavam. Acostumaram-se ao ressoar dos sinos anunciando as horas, ao grasnado das gaivotas, à tagarelice ininteligível dos Kerch. O navio era seu reino e o mar, um fosso vasto que mantinha seus inimigos a distância. O garoto se adaptou à vida a bordo do navio tão facilmente quanto se adaptava a tudo mais. Aprendeu a atar nós e remendar velas, e, enquanto seus ferimentos cicatrizavam, trabalhou 15


nas cordas ao lado da tripulação. Abandonou os sapatos e escalou, descalço e sem medo, o cordame. Os marinheiros ficaram maravilhados com o jeito como ele avistava golfinhos, cardumes de arraias, peixes-tigre listrados e brilhantes, com o modo como sentia o lugar de onde uma baleia irromperia momentos antes de suas costas largas e granuladas quebrarem as ondas. Diziam que seriam ricos se tivessem pelo menos um pouco de sua sorte. A garota os deixava nervosos. Depois de três dias no mar, o capitão pediu a ela que permanecesse no andar inferior o máximo possível. Ele culpou a superstição da tripulação, disse que eles acreditavam que ter mulheres a bordo de um navio poderia trazer maus ventos. Isso era verdade, mas os marinheiros poderiam ter dado as boas-vindas a uma garota feliz e risonha, uma garota que contava piadas ou se arriscava a tocar uma flauta doce. A garota permanecia quieta e imóvel na balaustrada, apertando o lenço ao redor do pescoço, congelado como um acrostólio esculpido em madeira branca. Essa garota gritava em seus sonhos e acordava os homens que cochilavam na gávea. Então a garota passava os dias assombrando a barriga escura do navio. Ela contava os barris de melaço, estudava os mapas do capitão. De noite, abrigava-se nos braços do menino enquanto ficavam juntos no convés, escolhendo constelações da vasta imensidão de estrelas: o Caçador, o Sábio, os Três Filhos Tolos, os raios brilhantes da Roda de Tear, o Palácio do Sul, com suas seis torres tortas. Ela o mantinha lá tanto quanto conseguisse, contando histórias, fazendo perguntas. Porque sabia que, quando dormisse, sonharia. Às vezes sonhava com esquifes quebrados, com velas negras e deques escorregadios de sangue, com pessoas gritando na escuridão. Mas ainda piores eram os sonhos com um príncipe pálido que pressionava os lábios no pescoço dela, colocava as mãos no colar que lhe circulava a garganta e evocava seu poder na forma de uma explosão de luz brilhante do sol. 16


Quando sonhava com ele, ela acordava tremendo, o eco de seu poder ainda vibrando dentro dela, a sensação de que a luz permanecia morna em sua pele. O garoto a segurava com força e murmurava palavras gentis para embalá-la. “É só um pesadelo”, ele sussurrava. “Os sonhos vão parar.” Ele não entendia. Agora os sonhos eram o único lugar onde era seguro usar seus poderes, e ela ansiava por eles. No dia em que o Verrhader aportou, o garoto e a garota permaneceram na balaustrada juntos, vendo a costa de Novyi Zem se aproximar. Eles chegaram ao porto, passando por uma floresta de mastros gastos e velas recolhidas. Havia chalupas elegantes e pequenos juncos das costas rochosas de Shu Han, navios de guerra armados e escunas de passeio, mercadores gordos e baleeiros fjerdanos. Uma galé-prisão abarrotada de partida para as colônias do sul içou o estandarte de ponta vermelha que alertava sobre a presença de assassinos a bordo. Enquanto flutuavam, a garota podia ter jurado que ouvia o tilintar de correntes. O Verrhader encontrou seu ancoradouro. A passarela foi baixada. Os trabalhadores da doca e a tripulação gritaram seus cumprimentos, ataram cordas, prepararam o carregamento. O garoto e a garota espiaram as docas, procurando na multidão por um sinal do carmesim dos Sangradores ou do azul dos Conjuradores, pelo lampejo de luz do sol nas armas ravkanas. Havia chegado a hora. O garoto segurou a mão dela. Sua palma estava áspera e calosa dos dias passados em que trabalhou nas cordas. Quando seus pés tocaram as tábuas do cais, o chão pareceu resistir e rolar por baixo deles. Os marinheiros riram. “Adeus, fentomen! Vaarwel!”, gritaram. O garoto e a garota seguiram adiante e deram seus primeiros passos no novo mundo. Por favor, a garota rezou silenciosamente para qualquer Santo que pudesse ouvi-la, que estejamos seguros aqui. Que nos sintamos em casa. 17


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