indústria superexpandida que não fabrica mais coisas, e sim signos (imagéticos ou não). Vislumbraremos a Superindústria do Imaginário, aquela que tem a linguagem como chão de fábrica. Sobre a organização deste livro
A mutação de que tratamos aqui não se limitou e não se limita a um contorno estrito do capitalismo e seus objetos. Outros âmbitos, antes não subordinados diretamente à relação de produção, sofreram redefinições drásticas, pois foram drasticamente afetados pela metamorfose do capitalismo. Logo, uma reflexão que se disponha a compreender o modo pelo qual o capitalismo fagocitou o seu entorno, deixou de lado a mercadoria corpórea e se especializou na imagem e no signo deve atentar para as mutações que se verificaram no capital e em sua órbita. Podemos identificar cinco dimensões para dar conta das transformações acarretadas pela emergência da Superindústria do Imaginário. A primeira se refere às mudanças que tornaram irreconhecíveis aquilo a que chamávamos de esferas públicas, numa sequência de rupturas que aponta para a emergência de um telespaço público de extensão global. A segunda dimensão tem a ver com as espacialidades e temporalidades na Superindústria do Imaginário, com parâmetros que pareceriam absurdos em outros períodos históricos. A terceira se define pela investida da imagem sobre o domínio que antes ficava com a palavra: a imagem eletrônica, passando a desempenhar funções antes reservadas às palavras, desestrutura irremediavelmente os padrões comunicacionais. A quarta dimensão é a do sujeito, um ente que, para sermos brandos, entra em colapso: o sujeito do Imaginário industrializado não é o mesmo da Revolução Industrial, é muito mais fragmentado, mais incerto, mais descentrado e ainda mais descartável. Por fim, a quinta dimensão nos é dada pela redefinição do valor de troca da mercadoria, que, sob o império da imagem, agora se compõe do valor do trabalho e também do valor do olhar para conformar o valor de gozo. 30