Tudo que se perde, tudo que se ganha

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C l a r i s s a

C o r r eˆ a


Copyright © 2015 Clarissa Corrêa Copyright © 2015 Editora Gutenberg

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capa

Alessandra J. Gelman Ruiz Silvia Tocci Masini

Diogo Droschi (Sobre imagem de Jallom/123rf)

assistentes editoriais

diagramação

Carol Christo Felipe Castilho

Guilherme Fagundes Andresa Vidal

revisão

Monique D’Orazio

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil

Corrêa, Clarissa Tudo que se perde, tudo que se ganha / Clarissa Corrêa. -- 1. ed. -- Belo Horizonte : Editora Gutenberg, 2015. ISBN 978-85-8235-316-5 1. Crônicas brasileiras I. Título. 15-06793

CDD-869.8 Índices para catálogo sistemático: 1. Crônicas : Literatura brasileira 869.8

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Ao meu filho Lucca, que está me “dando” os melhores e mais bonitos quilos que já ganhei



Agradecimentos

Acho que uma das coisas mais importantes na vida é ser grato. Por isso, agradeço a todos aqueles que me mandam feedbacks, mensagens carinhosas e palavras de incentivo, tanto nas redes sociais quanto por e-mail e mensagens. Obrigada, leitores queridos, por serem tão participativos e amorosos. Sou muito, muito grata. Obrigada a todos que me enviam bilhetes, cartinhas, presentes e afeto. Ao meu marido, Francisco Ricardo Spiandorello, por ser o melhor homem que já conheci (e por me dar tantas ideias geniais para o título deste livro). Obrigada, meu amor, pela família linda que estamos construindo, por me fazer rir e por me apoiar tanto. Aos meus amados pais, Clara e Paulo, por serem tão presentes na minha vida e por me ensinarem um pouco mais a cada dia. Aos meus amigos, pela paciência e amor. À Alessandra Ruiz, minha editora sempre tão solícita e amorosa. À Rejane e a toda a equipe da editora Gutenberg, pela dedicação e profissionalismo. Vocês todos são demais. Por fim, mas não menos importante, quero agradecer a cada um que, de alguma maneira, já foi tocado pelas minhas palavras.



Introdução

Passei por um período bem difícil na minha vida, tão difícil que nem gosto de lembrar. Como todos os períodos difíceis, ele veio acompanhado de dor, de um punhado de tristezas e de muitos, mas muitos quilos a mais. Vou parar de rodeios e ser um pouco mais direta com você: em mais ou menos três anos, ganhei aproximadamente 40 quilos. Quarenta, minha amiga. Não foram 10 quilos, sabe? Foram 40. Quarenta pesados quilos que doíam na alma, nos joelhos, na cabeça e no corpo inteiro. Não tenho vergonha de dizer para você: passei da casa dos três dígitos. E, no dia em que descobri isso, chorei o Mar Mediterrâneo inteirinho. E comi uma barra de chocolate, das grandes, inteirinha também. Quero deixar uma coisa bem clara: não tenho nada contra quem pesa 100, 110, 150 ou 200 quilos. Não tenho nada contra quem pesa 50, 60 ou 70 quilos. Não tenho nada contra quem é obeso, gordo, cheinho, gordinho, magro, magricelo ou raquítico. Sou a favor da autoestima. A favor do bem-estar. A favor da paz dentro da alma. Se você se sente bem estando acima ou abaixo do peso, ótimo, é isso o que importa. Estou falando do meu caso. Eu não me sinto bem acima do peso, muito menos estando 40 quilos mais gorda do que deveria. Nunca fui muito fã de me pesar. Achava bem desagradável subir na balança e tentar desviar do tiro certeiro que aquele número dava bem no meu coração. Mesmo 13


quando eu estava me sentindo bem, mesmo quando eu estava me sentindo mal, mesmo de todas as formas. Eu sempre odiei me pesar, essa é a verdade. Só de pensar em subir na balança, sentia arrepios. Então, eu me guiava pelas minhas calças jeans. Quando apertavam um pouco, eu segurava a onda na comilança. Quando ficava confortável, eu me tranquilizava. E quando ficava bem folgada, eu dava pulinhos de alegria. Jamais na vida pensei em ter uma balança em casa. Pra quê? Para entrar em depressão profunda? Então, como eu disse, me baseava pelo jeans. Só que, uma hora, o jeans não passava mais dos joelhos. Então, comprei um maior. E, um tempo depois, ele também não passou dos joelhos. Só que me neguei a comprar um número maior. E passei a usar legging. Presta bem atenção numa coisa: a legging engana porque dificilmente aperta. Ela só vai te apertar quando você já tiver engordado uns bons 5 quilos. De legging M passei para GG. E estava tudo bem, porque a legging entrava, ficava confortável, pra que balança, né? Ia tudo muito bem, obrigada, até que conheci meu marido. Ele é lindo, cheiroso, maravilhoso. Mas ele come. Ele come muito. Ele é homem, tem metabolismo acelerado, come chocolate todos os dias após o jantar, bebe todos os finais de semana, e mesmo assim, quando quer, emagrece dois quilinhos só piscando os olhos. Ah, ele é italiano. E os italianos não montam um prato delicado, mas o Monte Everest em forma de comida. Então, eu entrei na dele, parei de correr e fazer exercícios como fazia antes, passei a comer massas, polentas, risotos, pizzas, lanches, pães, biritas e virei um boto-cor-de-rosa. Nunca na minha vida cheguei a ser magra-magrela-vareta. Sempre tive coxão, quadril, bumbum, peito. Quando 14


eles aumentavam muito e não cabiam nas calças, eu recorria às dietas malucas da moda. Fiz a da lua, a dos sete pulinhos, a dos grãos de arroz, a da sopa, a do leite, a do melão, a do shake árabe. Fui em nutricionista, endocrinologista, tomei tarja preta e usei farinha seca barriga. Também fiz a dieta da enganação. Tenho certeza de que você conhece. Normalmente, esse tipo de dieta “milagrosa” está estampada na capa de alguma revista. São promessas vazias que dizem que você vai emagrecer com algum chá incrivelmente poderoso. Ou que a chia (ah, a chia!) vai te fazer ficar com a barriga igualzinha à daquela modelo maravilhosa. Depois do casamento, a coisa saiu de controle. Do boto-cor-de-rosa simpático, virei uma baleia. Hoje eu brinco, mas é verdade. O excesso de peso me acarretou diversos problemas de saúde, além de a autoestima ter ficado extremamente abalada. Me escondia atrás de roupas pretas, recusava convites para eventos sociais, me sentia mal. Uma hora, me olhei no espelho e vi que eu estava bem maior do que o habitual. Só não sabia o quanto. Vi que tinha uns pneus a mais, que meu rosto estava mais gordo, que meus braços estavam gigantes. Percebi que eu suava com o menor esforço, que não tinha mais o fôlego de antes, que cansava fazendo coisas simples. E então eu vi uma foto. Foi aí que a ficha caiu. Como você se olha no espelho todos os dias, demora um pouco a perceber as mudanças. Quem convive com você diariamente também custa a entender que tudo mudou. Mas, quando você encontra alguém que não vê há tempos, ou quando pega uma foto sua e compara com outra, então você realmente percebe o que aconteceu. E o que aconteceu, minha amiga, foi que eu fugi da balança, eu comprei um 15


jeans maior, depois de um tempo não entrei no jeans maior, fugi do jeans, encontrei a legging, comprei uma maior e outra maior e simplesmente neguei o fato de que engordava a cada dia, a cada semana, a cada mês, a cada ano. Então, subi numa balança de farmácia e ela me revelou a grande verdade. Só que em vez de arregaçar as mangas e tomar uma atitude, fiquei em choque. E, com o choque, veio a vontade de afogar as mágoas, as lamúrias e o excesso de peso na comida. Por isso, comi tudo o que vi pela frente, tudo o que tive vontade, tudo o que quis. Como se não existisse mais nada no mundo, a não ser comida e comida e comida. Doce, salgado, salgado, doce. Quando comia algo salgado, sentia vontade de comer doce. E vice-versa. E assim segui. Mas, quer saber o mais difícil disso tudo? O mais difícil foi descobrir a maldade das pessoas. Não tem nada pior para uma mulher que descobrir que existem “amigos” que ficam falando da aparência dela pelas costas. Eu, que já me sentia mal, me senti ainda pior sabendo que “amigos” comentavam pelas minhas costas coisas do tipo: – Nossa-como-ela-embagulhou. – Nossa-como-engordou. – Nossa-ela-está-um-elefante. – Nossa-nunca-esteve-tão-gorda. Pois é, realmente embagulhei, engordei, virei um elefante, nunca estive tão gorda na vida. Mas ninguém teve a decência de chegar pertinho e perguntar o porquê de tudo aquilo. Em momento algum, aqueles “amigos” me perguntaram o que tinha acontecido ou se preocuparam com meus sentimentos. Mas falar, falavam. E muito! E isso me entristecia. Afinal, é tão fácil falar mal do outro, né? Difícil é viver a vida dele; difícil é se importar, de fato, com o que se passa dentro dele. 16


Mas um dia, uma amiga querida, a quem sou muito grata, durante um jantar me disse com muita sinceridade: “Amiga, acho que você não está feliz assim, eu vou te ajudar”. Essa amiga querida me incluiu em um grupo de uma dieta no Facebook. E isso me deu um estímulo para começar a emagrecer e a voltar ao meu peso. Então, chegou o grande dia: o dia em que vi de verdade que precisava mudar. A primeira e mais radical coisa que fiz foi jogar fora todas as guloseimas e porcarias que eu tinha em casa (balas, salgadinhos, biscoitos, industrializados, enlatados, etc.). A segunda coisa, foi jogar fora as comidas congeladas. A terceira, foi aprender a cozinhar coisas saudáveis. A quarta, foi aprender a tomar água sem gás. E a quinta, foi comprar uma balança. A partir daí, comecei a subir na balança diariamente. Era mais para controle mesmo. Acordava, fazia as necessidades fisiológicas, tomava banho e me pesava. Tinha um caderninho onde anotava meu peso semanal. Ou seja: me pesava todo santo dia, mas só anotava o peso de toda segunda-feira pela manhã. Também cortei totalmente bebidas alcoólicas. O negócio era água, água e mais água. Assim, aos poucos, fui vendo a balança virar minha amiga. De quilo em quilo fui me animando. Quilo após quilo, fui voltando a entrar nas roupas de antigamente. Feliz, fui vendo que o manequim diminuía. Como não tinha exatamente a noção do quanto estava emagrecendo, apesar de ver o peso, fui tirando fotos, assim eu conseguia perceber as diferenças. Quando batia a vontade, eu comia um doce. Mas apenas um. E assim voltei a fazer as pazes com meu corpo. E assim passei a virar íntima da balança. Levei dois anos para expulsar aqueles 40 quilos de vez da minha vida. O processo de expulsão não foi tão 17


difícil quanto imaginei que seria. Difícil mesmo foi antes de começar. Difícil mesmo foi não me reconhecer. Difícil mesmo foi ter vergonha de encontrar até mesmo a minha família. Difícil mesmo foi ficar com os 40 quilos a mais. Difícil mesmo foi me esconder atrás de roupas pretas (e quase sempre as mesmas). Difícil mesmo foi me olhar no espelho e sentir repulsa. Difícil mesmo foi custar a encarar a realidade. Difícil mesmo foi associar sentimento com comida. Difícil mesmo foi me esquivar de eventos, casamentos, formaturas, jantares e outras festas para que as pessoas não vissem no que eu tinha me transformado. Ah, e você que está curioso para saber como consegui, está tudo nas crônicas deste livro. Vou contar detalhes de meus problemas, dificuldades, trapalhadas, lutas e vitórias, e tomara que isso sirva de estímulo para você. Se já passou por algo parecido, vai se identificar. Se não, talvez dê algumas boas risadas. Ah, e sabe aquelas pessoas maldosas que falavam de mim? Então, até hoje devem achar que tomei remédio para emagrecer. Sabem de nada, inocentes.

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O começco de tudo Quando nasci, tinha bochechas fofas, pernas com dobrinhas e mãozinhas gorduchas. Era uma bolotinha branca e loira, sem cabelo e com olhos curiosos. Depois, fui crescendo, ficando com jeito de linguiça espichada. As pernas afinaram, o rosto afinou, a barriga ficou sequinha. E tenho fotos para comprovar. Eu juro! Nessa época, minha mãe fez o favor de me levar a uma cabeleireira, que fez o corte clássico de Chitãozinho e Xororó (ei, você, nascido na década de 1980, não ria de mim, não! Você já deve ter tido um cabelo igualzinho, que eu sei!). Eu usava saias curtinhas, miniblusas, e desfilava meu corpinho somaliano por aí. Eu e meu cabelo à la Chitão. Eu e meus 8 anos de idade. Eu e meus dentes de leite. Não me preocupava com bunda, peito e coxa. Meu único problema era o que minha avó dizia: “Você vai ficar igualzinha à sua tia: coxuda e sardenta”. E eu odiava sardas! E minhas pernas eram finas. Eu nem desconfiava que minha avó tinha uma veia de Mãe Dináh. Tive minha primeira menstruação muito cedo. Com 10 anos de idade, em uma noite como outra qualquer, fui ao banheiro e chamei: “Manhêêêê!”. Então, mostrei minha calcinha. Ela chorou de emoção, ligou para toda a família, e me deu um absorvente. Me senti de fralda. Lembro como se fosse hoje: fui para a cozinha, sentei no colo do meu pai, que deixou uma lágrima escapar (não é todo dia que a filha “vira mocinha”) e disse “pai-tô-me-sentindo-de-fralda”. Então, meu pai tirou o carro da garagem, foi na farmácia mais 19


próxima e comprou um absorvente mais fininho. Coloquei e me senti com meia fralda. No outro dia, eu era a sensação na escola. Contei para todo mundo. Estava me sentindo muito mulher. Lá pelos 12 anos, comecei a ter corpo. Na verdade, meu corpo começou a mudar. Meus seios cresceram assustadoramente. Meu quadril ficou mais largo. Minha bunda aumentou. Me sentia meio estranha. Tinha colegas bailarinas, retas, sem peito, sem bunda, sem nada. Eu me sentia um alien. E lembrei da minha avó. A voz dela fazia eco na minha mente: “Você vai ficar igualzinha à sua tia: coxuda e sardenta”. Sardenta eu já era, e as coxas aumentavam a cada dia. Não fui uma adolescente gorda, mas tinha corpo. Para magrela não servia. Lá pelos 18, comecei a briga com a balança. Uma briga que perdi muitas vezes. Emagrecia, engordava, emagrecia, engordava. Tentei a dieta da sopa, a dieta dos pontos, a dieta da lua, a dieta do líquido, a dieta da fruta, a dieta disso e daquilo. Até água de arroz dormido já tomei. E se me mandassem comer cocô amassado com banana para ficar magra, olha... eu até cogitaria. Já fui a vários endocrinologistas e nutricionistas e já tomei remédio para emagrecer. Muitos. De todos os tipos, tamanhos, cores e cheiros. E já tomei shakes. E já tomei florais. E já tomei chás. E já dei três pulinhos. O efeito sanfona me trouxe algumas estrias e uma autoestima que brinca de gangorra. Mas isso tudo você vai ficar sabendo nas próximas páginas. Vem comigo.

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O esconderijo

O telefone toca e eu atendo. É aquela velha amiga de infância. – Oi, vamos na cervejaria que abriu? – Não posso, ando superocupada, tenho uns artigos para entregar na semana que vem. Além disso, preciso preparar as aulas, fazer o trabalho da pós, passar umas roupas... Com tantos compromissos, ela desiste de me convidar para a cervejaria, para o café na tarde seguinte e para um almoço no próximo mês. Essa amiga era gorda, muito gorda. Fez cirurgia de redução de estômago e agora parece a Miss Brasil, linda de viver. Chega uma mensagem pelo Facebook. É da minha amigona da época da faculdade. Ela diz que vai ter um reencontro daquela galera legal que se reunia para churrascos. Disponível Hoje Vamos?

Puxa, não posso. Vou viajar bem na data do reencontro.

Então vamos ao cinema na próxima quarta?

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Ah, não vai dar, tenho dentista.

Então, quando tiver uma brechinha me procura, tá?

Aham.

Se essa amigona vir o tamanho que estou, vai ficar apavorada. Preciso perder uns 90 quilos antes de encontrá-la. Mensagem no Twitter de uma ex-colega de trabalho: @ Amanhã na hora do almoço vou passar aí na sua casa para deixar aquele livro que peguei emprestado.

@ Ah, então deixa ali na portaria? Vou almoçar com uma tia.

E assim vou vivendo e me escondendo de quem me procura. Tenho medo de as pessoas me verem e pensarem: 22


“Nossa, ela está um bagulho”. Porque estou mesmo. Estou de mal com a vida, de mal comigo, de mal com cada grama de gordura do meu corpo. Toda segunda-feira começo academia. Toda terça-feira, paro. Toda segunda-feira começo a dieta da moda (da semana, claro). Toda quarta-feira surge um problema que me desestabiliza e eu me afogo numa barra de chocolate. Gigante. Eu sempre converso comigo mesma: vou começar, vou mudar, vou ser forte. Mas algo me vence. Deve ser essa minha cabeça, que não funciona quando preciso dela. É claro que qualquer ser humano com um neurônio que preste sabe que para emagrecer é preciso praticar atividades físicas e fazer reeducação alimentar. Mas eu não sou educada. Comer é bom e eu gosto. E quando estou nervosa, triste, chateada, eu como o dobro, o triplo. Como já pensando no que comer depois de engolir a comida. E assim vai se formando uma bola de neve, um buraco sem fundo. E assim eu fico em um beco sem saída. E assim me escondo da vida e de mim.

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