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Pulverizadores

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Pulverizadores

Fatores decisivos

A aplicação de defensivos químicos possui inúmeros fatores que influenciam positiva ou negativamente no resultado final da operação, exigindo atenção e conhecimento para garantir um resultado eficiente

OBrasil é o maior consumidor de produtos fitossanitários do planeta, resultado da demanda da produção vegetal e do tamanho da área agrícola que temos. Cuidados devem sempre ser redobrados no momento da utilização destes produtos, buscando evitar ao máximo os danos ao meio ambiente e a perda na qualidade de aplicação. Nesse sentido, surge o termo Tecnologia de Aplicação, o qual está sendo difundido por empresas que trabalham nessa área, visando auxiliar o produtor, o gestor técnico na melhoria da eficiência de aplicação.

Na aplicação dos produtos, gostaríamos de focar na qualidade de aplicação de fungicidas, que influencia diretamente no controle de doenças na cultura. Nada adianta investir em ótima adubação, sementes de qualidade, semeadura na hora certa ou, até mesmo, em fungicidas caros, isso não será sinônimo de altas produtividades se ocorrer a aplicação de forma incorreta.

Inúmeros fatores podem afetar a qualidade de aplicação. Dentre esses, temos os fatores ambientais, como a velocidade do vento, a temperatura e a umidade relativa do ar; além dos fatores que envolvem os equipamentos de aplicação, como escolha da ponta certa, vazão e pressão corretas, altura da barra de pulverização em relação ao alvo, manutenção dos bicos e do pulverizador (regulagens em dia), além da mistura e/ou ordem certa dos produtos no tanque.

Na aplicação de fungicidas na soja, recomenda-se utilizar pontas que produzam gotas classificadas como finas, com intuito de alcançar o alvo, em busca de uma boa cobertura e espectro de gotas, com máxima eficiência, atingindo de fato todo o dossel da cultura, haja vista que as doenças iniciam-se no terço inferior (baixeiro). Alguns produtores tendem a utilizar um tipo de ponta para todas as aplicações dentro da cultura, no entanto, cada aplicação é um caso, cada caso tem uma demanda específica para aquela condição ambiental, exigindo, desta forma, tamanho de gotas específico.

Tomando como exemplo a fase inicial de preparo da área para a semea-

Detalhe do jato de cada um dos bicos utilizados. De cima para baixo: AVI, AXI e ATR dura, a dessecação, a qual é preferível emprego de gotas grossas, pois elas derivam menos e os riscos ambientais diminuem. Porém, nas aplicações de fungicidas e inseticidas (exigem gotas finas) com a cultura em estádio fenológico reprodutivo, gotas mais grossas proporcionarão menor eficácia ou sequer conseguirão atingir o alvo.

Em busca de maior autonomia e capacidade operacional dos pulverizadores, bem como redução de custos operacionais na pulverização, alguns agricultores optam pelo menor volume de calda, entretanto pode haver algumas restrições, como dificuldades com as misturas no tanque (mais complexas), maior controle das dispersões de gotas e volume de calda que atinge o alvo, e no caso de trabalhar com gotas mais finas, torna-se mais vulnerável à deriva e/ou evaporação. Existe carência de estudos que viabilizem e otimizem a redução de volume de pulverização nas aplicações de fungicidas.

De modo geral, a quantidade do volume de calda pode influenciar na deposição e uniformidade de gotas, por exemplo, maior volume de calda tende aumentar o molhamento foliar, amplia a uniformidade e a cobertura de gotas, por outro lado, ocorre escorrimento das gotas. Utilizando menor volume, pode-se ter maiores riscos, evaporação, menor deposição e desuniformidade de gotas, porém tem-se vantagens operacionais, já citadas.

Para maximizar a eficiência de fungicidas, utilizamos adjuvantes, que auxiliam na qualidade de pulverização e, principalmente, na efetividade, por proporcionar algumas vantagens, como maior espalhamento, aderência, penetração, quebra da tensão superficial e viscosidade, redução do escorrimento da gota e redução da deriva. Utilizar maiores volumes de calda até pode acarretar maior escorrimento superficial foliar, entretanto, tem-se a solução de minimizar isto através de adjuvantes adesivos. Por esses motivos, cada vez mais tem-se utilizado adjuvantes nas aplicações, em razão dos benefícios ofertados por estes produtos serem positivamente rentáveis e aumentar eficiência da tecnologia de aplicação.

Um trabalho realizado no Núcleo de estudos de Solos e Máquinas Agrícolas (Nesma) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul - Campus Sertão, avaliou três fatores, tipos de ponta de pulverização, volume de aplicação e ação do adjuvante, como pode ser visto na Figura 1.

Foram encontrados no terço inferior (Tabela 1) os melhores resultados e qualidade de aplicação com a ponta ATR 3.0 (jato cônico), devido à arquitetura interna da ponta resultar em gotas muito finas, proporcionando uniformidade e maior cobertura foliar. As pontas de jato plano com indução de ar (AVI 11001) promoveram baixa cobertura do alvo, devido à dificuldade de gotas grossas atingirem o terço in-

Figura 1 - Avaliação de fatores que interferem na aplicação

Tabela 1 - Número de gotas, diâmetros, volume de calda, densidade de gotas e cobertura, nas diferentes pontas, volumes de aplicação com e sem presença de adjuvantes no terço inferior

Tratamentos

AVI 11001

AXI 11001

ATR 3.0 50 L/ha 120 L/ha 200 L/ha

Sem adjuvante

Com adjuvante

CV (%) Número de Gotas 249,25 a 270,66 a 483,91 a 127,75 b 257,70 b 618,37 a 383,97 a 285,25 a 54,95 Número de Diâmetros 37,00 b 55,50 ab 81,33 a 31,95 b 52,41 b 89,45 a 54,75 a 61,13 a 36,39 Volume (L/ha) 4,44 b 6,18 ab 11,90 a 2,70 b 6,40 b 13,42 a 7,04 a 7,97 a 58,75 Densidade (gotas cm-²) 0,37 a 0,40 a 0,70 a 0,18 b 0,37 b 0,93 a 0,57 a 0,41 a 55,03 Cobertura (%) 0,47 b 0,68 ab 2,32 a 0,28 b 0,90 ab 2,29 a 0,87 a 1,44 a 72,22

ferior da planta. Já nos volumes de calda utilizando 200L/ha, demonstraram maior eficiência em todos os parâmetros, em razão do maior molhamento foliar, proporcionando maior número de gotas, volume e cobertura, além da menor probabilidade de evaporação da gota. E ainda no terço inferior, a adição de adjuvantes não influenciou na qualidade de aplicação, não houve diferença significativa, embora houvesse maior área coberta de calda e maior volume.

Quando se analisa a incidência da ferrugem-asiática aos 73 e a severidade aos 102 dias após a semeadura (Figura 2), todos os fatores não tiveram diferenças significativas, indicando que independentemente do fator, nas condições em estudo, não há maiores ou menores incidências ou severidade.

Ao analisar o componente produtividade (Figura 2), o maior valor foi encontrado quando utilizada a ponta AVI 11001, seguida das pontas ATR 3.0 e AXI 11001, com respectivos valores de 4.189,27kg/ha, 4.125,45kg/ha e 3.979,48kg/ha. No entanto, estas diferenças numéricas não foram significativas estatisticamente. Analisando numericamente os dados, podemos encontrar um contrassenso agora, em razão dessa ponta de jato plano de indução de ar ter proporcionado menor número de gotas, diâmetros, volume de calda, densidade de gotas e cobertura, entretanto possibilitou maior produtividade em comparação ao restante das pontas hidráulicas. Embora tivesse menores índices, podemos concluir que foram suficientes para realizar o controle fúngico da área. Esta diferença de produtividade aqui equivale a uma saca de soja em relação à ponta ATR 3.0, que proporcionou melhores resultados em termos de qualidade de aplicação, e quando comparamos a ponta AXI 11001, o incremento foi de 3,5 sacas de soja, apenas por ter utilizado uma ponta hidráulica com indução a ar, que promove menores riscos de deriva.

No volume de aplicação também não houve diferença estatística entre os tratamentos, sendo que na ação do adjuvante resultou no acréscimo de 258kg/ ha, correspondendo a 4,3 sacas de soja, fato que nos dados encontrados aqui atribui-se à composição interna do adjuvante, o qual é derivado de uma resina orgânica composta de ureia, desta forma age como uma fonte de nutrientes na cultura.

É importante deixar claro que cada situação é uma situação, não há uma receita padrão de recomendação, devemos desta forma sempre zelar pela precaução, o controle e o monitoramento das atividades. .M

David Peres da Rosa e Junior Santana Girardi, Nesma/IFRS Campus Sertão Roger Toscan Spagnolo, CEng/UFPel Lucas Pagnussat, Engenheiro agrônomo

Figura 2 - Incidência (73 DAS) e severidade (102 DAS) da ferrugem-asiática na parte inferior da cultura da soja em função das diferentes pontas de pulverização, diferentes volumes e presença ou não de adjuvante

*DAS (dias após a semeadura) Figura 3 - Produtividade em função das diferentes pontas de pulverização, volumes de calda e uso ou não de adjuvantes

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