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Prefácio 6
from Saturno
p a R a todo estudante sé R io de astrologia, Liz Greene é leitura essencial. Ela é uma eloquente pioneira da Astrologia Psicológica do século XX, e uma lenda que ajudou a dar forma ao que é hoje considerada a Astrologia Moderna. Ao longo de sua carreira, ela demonstrou primorosamente o poder da astrologia para entendermos a nós mesmos. Como ela deixou claro, não somos estáticos – mas seres em constante evolução. Sua obra nos ajudou a decifrar os símbolos da astrologia, descortinando-os para revelar suas dimensões mais sutis. Saturno é um forte exemplo de como Liz Greene fez isso. Com este livro, ela nos surpreendeu mudando a percepção de um planeta mal compreendido, expondo efetivamente a riqueza de Saturno, suas nuances e seu papel decisivo em nos moldar para que possamos nos tornar nossas melhores versões.
Até que os astrólogos como Liz Greene tomassem a dianteira no século XX, as influências islâmicas e cristãs dominaram a prática da astrologia. Essas molduras religiosas impuseram uma noção de bem e mal ao se referir aos planetas como benéficos ou maléficos. Saturno recaiu na última categoria, considerado o planeta mais maléfico de todos. Seus trânsitos eram temidos e ressoavam como uma condenação. Os atributos negativos eram exagerados e seu potencial curador não foi reconhecido, tendo ficado inacessível.
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Liz Greene foi cirúrgica em mudar nosso entendimento acerca de Saturno. Como ela explica neste livro, Saturno não existe para nos punir. Em vez disso, ele cria obstáculos e disciplinas que nos ajudam a crescer e a amadurecer. Como Liz Greene escreve: “A Besta é sempre a face sombria do belo Príncipe”. Em outras palavras, nossos esforços para encontrar as chaves que destravam nossos potenciais mais elevados. Ela aponta que “Carl Jung escreveu que, antes do Cristianismo, o mal não era assim tão mal... Ao cristianizar a astrologia, perdemos muitos dos sutis paradoxos que esse rico sistema simbólico contém”. Liz Greene nos ajudou a recuperar o paradoxo e as sutilezas perdidos. Ela nos auxiliou para que nos tornássemos astrólogos mais sofisticados, mas também seres humanos psicologicamente mais sofisticados.
Saturno é o exemplo perfeito de como ela magistralmente nos desvenda. Ela nos ajuda a enxergar como um planeta que representa sofrimento é um inevitável degrau de crescimento. Como podemos abraçar a dor, a limitação e a disciplina de Saturno para evoluir e nos tornarmos mais integrados? De que maneira podemos alterar as condições de milhares de anos de doutrinamento religioso para nos abrirmos à noção de que dor não é castigo e que prazer não é recompensa?
Enquanto seu discurso e sua abordagem são psicológicos, o trabalho de Liz Greene tem um eco subjacente na filosofia ocidental. Ela não só nos encoraja a parar de oscilar entre bom e mau, como também explica de que maneira podemos especificamente transmutar nossos esforços em sabedoria. Como exemplo, ela aponta no capítulo “Saturno em Aspecto com o Sol” que, para nos tornarmos inteiros, devemos integrar ambos os lados de nós mesmos – o lado luminoso do nosso Sol e o lado obscurecido da dor e da depressão de Saturno. Na verdade, ela explica que esses dois lados não são opostos, absolutamente. Ambos somos nós – partes necessárias de nosso ser integral. Saturno, como o inverno, é frio e nos leva para o mundo interno. Mas ao experimentar a ausência da luz solar e seu calor, podemos apreciar melhor o retorno da primavera, quando o sol brilha, os dias duram mais tempo e as flores começam a desabrochar. Ao trabalhar com Saturno, o disciplinador e limitador, da mesma maneira passamos a valorizar a expressão luminosa do nosso Ego, sua vitalidade, criatividade e entusiasmo pela vida. Disciplina traz alegria; sofrimento traz sabedoria; integridade, moral e autoconsciência trazem liberdade e competência. O motivo de sempre demonizarmos nossos obstáculos, dores e medos é um grande mistério, e isso causa um grande dano em nossa mente e sociedade. Reprimindo nossas sombras e projetando-as exteriormente, deflagramos guerras, dentro de nós e por todo o mundo ao nosso redor. Ao estudar Saturno – entendendo e experienciando suas importantes lições como colocadas neste livro –, podemos sair do atoleiro e reorganizar as partes de nós que estão bloqueando nosso ânimo e sanidade. Podemos desenvolver uma autoridade sobre nós mesmos, reconhecendo que onde nos esforçamos é também onde eventualmente brilhamos.
Particularmente, eu descobri Liz Greene quando tinha 18 anos de idade. Sua escrita logo mudou minha vida, à medida que ela serviu de inspiração para que eu me tornasse uma estudante séria de astrologia e mais tarde uma astróloga profissional. Naquela época, me senti confusa em como ser humana e fui impactada pela acurácia do seu olhar sobre a astrologia, o que me ofereceu uma visão muito mais clara de mim mesma e dos outros. A voz de Liz Greene me tocou de maneira intensa – sua perspectiva psicologicamente informada parecia conhecida, lógica e profunda ao mesmo tempo. Ela me ajudou a enxergar o valor do estudo dessa arte mística e cósmica. Ela demonstrou que a astrologia não é algo sem fundamento ou mero acaso. É algo concreto e estruturado em camadas, favorecendo uma compreensão dimensional de nós mesmos, nossos relacionamentos, caminho de vida e o que significa ser humano.
J uliana M c c a Rt H y Autora de The Stars Within You:
A Modern Guide to Astrology
Fevereiro de 2021