Tentativas de esgotamento de uma coisa, pessoa ou lugar - catálogo de exposição coletiva 2020

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Tentativas de esgotamento de uma coisa, pessoa ou lugar

catálogo da exposição



Tentativas de Esgotamento | 01

FLUME O

Flume Educação e Artes Visuais,

é um projeto que nasceu no curso de licenciatura em artes

visuais da jovem UERGS - Universidade Estadual do Rio Grande do Sul. A universidade tem uma estrutura institucional pequena e, por isso, ágil, o que produz uma confluência de ideias pelas quais educação e arte vão se encontrando e produzindo movimentos de pesquisa, ensino e extensão. Flume atende a compreensões que, ora tangendo, ora adentrando cada campo pela perspectiva dos Estudos Culturais, da Teoria, História e Crítica das Artes Visuais, da Educação, das Poéticas Visuais e da Mediação Cultural, vão contribuindo ao fluxo de conhecimento que nasce na licenciatura em artes visuais ou encontra aí meios de existência e energia. Flume é sinônimo de rio, fluss em alemão, fiúme em italiano. Como coisa, tem perto o Rio Caí que banha a cidade de Montenegro, sede da Unidade das Artes da Uergs, e o conhecido como Rio Guaíba que

banha

Porto

Alegre,

sede

da

própria

Universidade.

Na

hidrografia,

quando

o

flume-rio

é

navegável, é ria. Como ideia, pode-se pensar flume como a natureza diversa e complexa que é o próprio rio, mas também na diversidade de seres que correm pelos seus canais e o atravessam. Um flume-rio convida à fluência e faz o encontro de águas, como um corre-águas, um curso: um curso de licenciatura em artes visuais. O grupo tem interesse nos principais eixos que compõem a formação docente em artes visuais, tendo neles não apenas tradição dos modos de pensar e atuar, mas campos passíveis de movimento pelo que entendemos ser próprio e comum às artes e à educação: o agir político.

Trechos retirados do site

grupoflume.com.br


o que acontece

quando nada acontece


Tentativas de Esgotamento | 03

Tentativas de esgotamento de uma coisa, pessoa ou lugar "O que acontece quando nada acontece, a não ser o tempo, as pessoas, os carros e as nuvens?” A pergunta proposta por Georges Perec pode ser aqui pensada como a inquietação que originou a exposição coletiva Tentativas de esgotamento de uma coisa, pessoa ou lugar. A partir de textos do autor francês Georges Perec (1936-1982), iniciamos o projeto de pesquisa

O Infrarordinário como Método Investigativo em Arte e Educação,

reunindo artistas e estudantes

da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs). O foco é inventar práticas investigativas em arte e educação baseadas no cotidiano e a proposta consiste em experiências, leituras e discussões tanto sobre Perec, quanto sobre autores e artistas que tangenciam o cotidiano e o infraordinário, conceito perequiano que foi, inicialmente, nosso ponto de partida. A leitura de Tentativa de esgotamento de um local parisiense (Perec, 1974) é assim um disparador

de

propostas

artísticas

que

procuram

esgotar,

investigar

exaustivamente,

situações

cotidianas de maneira a potencializá-las na perspectiva da arte e da vida. Os trabalhos de Adreia Salvadori, Aline Kauana, Bruno de Andrade, Fernanda Hilgert, Gustiele Fistaról, Lau Graef, Larissa Borges, Lis Machado, Mani Torres, Mariana

Silva da Silva, Mayara Lima, Raphael Varjak, Savana Fuhr

Flores, Susana Toledo, Tatiane Passos, experimentam formas de pensar e agir com e no cotidiano. O cotidiano é, muitas vezes, associado ao tédio, à repetição e a uma espécie de determinismo

utilitário,

em

que

hábitos

são

desencadeados

por

obrigações

e

reincidências.

A

invenção do cotidiano do filósofo Michel de Certeau, entretanto, investe exatamente no oposto dessa visão negativa do cotidiano que frequentemente desponta no senso comum, ou mesmo na sociologia. Os lugares habitados, as cidades, os bairros não vivem mergulhados na inércia, mas são atingidos por “movimentos infinitesimais” e “atividades multiformes” (CERTEAU, 2001, p.310). Para Certeau, a vida cotidiana é heterogênea e dentro dela o sujeito seria capaz de diluir sistemas de homogeneização social. Os pequenos movimentos assinalados por Michel de Certeau que fazem do cotidiano uma repetição de diferenças, longe da lógica do sempre igual, ressoam nas palavras de Georges Perec quando nos fala sobre observar o cotidiano no momento mesmo de sua emergência.

Assim, mesmo

que aparentemente habituais, as práticas do dia a dia são para Certeau e Perec o que coloca em tensão a própria forma do cotidiano, resistência e inventividade. Como pensar essas invenções? Como prestar atenção nos “movimentos infinitesimais” da vida ordinária? E ao mesmo tempo, ao assim fazê-lo, como não deixar que percam sua essência trivialmente humana? Aqui reunidas nesse catálogo da exposição digital, talvez, tenhamos algumas tentativas que se pretendem, antes de tudo, em movimento contínuo e abertas, imprevisivelmente, às previsibilidades do cotidiano.

Mariana Silva da Silva Artista Visual Professora Adjunta Uergs Doutora em Artes Visuais


Tentativas de Esgotamento | 04

Acesse a exposição completa pelo QRCODE

ou pelo perfil no instagram

@infraordinaries


artistas PARTICIPANTES Lau Graef | Tentativa de Esgotamento de uma linguagem (que não a minha)......................................07

Bruno de Andrade | Tentativa de esgotamento de chuveiros.................................................................08

Tatiane Passos | Esgotamento da mochila - movimento de olhar para dentro.......................................10

Andreia Salvadori | Inframuseu................................................................................................................14

Aline Kauana Cezar | Carta um................................................................................................................16

Mani Torres | Estava Ali.............................................................................................................................18

Mariana Silva da Silva | Sucus Lapidificus..............................................................................................20

Gustiele Fistaról | Tentativa de esgotamento de nuvens........................................................................24

Savana Fuhr Flores | essa pesquisa é sobre 120 minutos de rua.............................................................26

Lis Machado | O Resto é Rosto: da série "Formas de Vestir o Infinito"...................................................30

Larissa Borges | Série "Moldes I, II e III"...................................................................................................32

Raphael Varjak | "Limítrofe" objeto 2/8 da série: lista de objetos cotidianos........................................33

Mayara Lima | InVento.............................................................................................................................34

Susana Toledo | Descascamentos...........................................................................................................36

Fernanda Hilgert | Rachaduras ...............................................................................................................39



Tentativas de Esgotamento | 07

Protocolo: listar durante um ano todas as vezes em que eu, um homem trans, sou tratado no feminino.

Um

ano,

uma

lista,

522

palavras.

Cotidianamente inserido numa fala cultural de um gênero que não é o meu. O discurso é a realidade? Esgoto o corpo tentando esgotar essa linguagem que não o representa. A lista é enorme.

Transformo

ela

em

um

áudio,

gravo

todas as palavras, repito todas elas com essa voz atravessada por tudo que elas causaram combinada com os efeitos fármaco hormonais dessa

transição.

Sobreponho

as

palavras,

canso das palavras, atropelo uma com a outra, esgoto as palavras. Esgoto a fala cultural do gênero? Esgoto essa linguagem? Então: há a inexistência de um corpo destituído das marcas linguísticas // há a impossibilidade de criação de categoria própria // há o impedimento de falar

a

não

preestabelecido

ser //

que há

dentro o

de

lugar

assassinato

da

possibilidade de uma ficção de gênero viva, encarnada.

a

repetição

cotidiana

das

normas de gênero. Dos nomes do gênero. Do gênero

do

que

há.

Quem

chama

o

outro?

Quando o outro se nomeia? 522 vezes parte de uma historia que não é minha, mas é.

tentativa de esgotamento de uma linguagem (que não a minha) - 2019 - 2020 | vídeo

Lau Graef



Tentativas de Esgotamento | 09

Tentativa de esgotamento dos chuveiros - 2019

Bruno de Andrade

Alguém instalou aquele chuveiro? Ele é de plástico? Quantos profissionais passaram por ele até que todos pudessem utilizá-lo para tomar banho? Quando começamos a ignorar essas relações? Quando um objeto deixa de ter em sua órbita pessoas e histórias? A culpa é da pressa, da tecnologia, do mercado que apresenta sempre novidades, governo, etc. Se buscarmos culpados, estaremos de novo discutindo grandes questões, esquecendo de olhar o “nada”, de prestar atenção no automático do nosso dia. Se esse exercício coletivo de esgotamento do chuveiro for uma tentativa diária de que os envolvidos prestem mais atenção ao banal, seremos o grão de areia na praia contra a imensa quantidade de areia, mas é justamente esse o nosso caminho, olhar grão por grão. Tentativa de esgotamento dos chuveiros é um convite a olhar o que transborda do objeto.



Tentativas de Esgotamento | 11

Esgotamento da mochila: movimento de olhar para dentro, é o resultado de uma proposição realizada em formato de oficina em uma turma de 20 crianças, com idade entre 8 a 13 anos que frequentavam uma escola da rede municipal de Montenegro/RS, no contraturno das aulas regulares, no ano de 2019. As imagens são registros fotográficos com o resultado do processo de 10 das 16 crianças presentes no dia.

A proposta iniciou em uma roda de conversa, quando falamos sobre os objetos utilizados para “carregar coisas”, no caso da grande maioria dos estudantes, a mochila. Falamos sobre o que carregamos

e

o

porquê.

Em

seguida,

pedi

para

que

“esgotássemos”

este

objeto/mochila,

registrando, de alguma forma, os pertences que ali estavam. No início, foi difícil para mim explicar o que seria o conceito de “esgotamento”, então, começamos pensando nas cores contidas nas nossas mochilas, pois, minha intenção não era direcionar o pensamento das crianças no sentido de dizer para que desenhassem, escrevessem listas ou textos ou fizessem áudios relatando o que tinha nas mochilas. Meu objetivo era propor uma reflexão acerca do que carregamos e de que modo esses itens falam sobre nós e nosso cotidiano. Que “pesos” já não fazem sentido e podemos deixar para trás? Como podemos observar, apesar da diferença estética de cada imagem em anexo, todos tem em comum, uma pequena legenda de cores, resultante do início da proposta, que está pintada com as cores correspondentes à mochila ou escritas por extenso em formato de lista.


Tentativas de Esgotamento | 12

Depois dessa brincadeira com as cores, a tarefa de “esgotamento das mochilas” ficou mais clara e tornou-se divertida! Ao longo do processo, fui questionando e conversando com as crianças para que observassem com atenção o objeto/mochila em si e os elementos contidos nela. Ao final do exercício de esgotamento das mochilas, fizemos um jogo de interação em que propus que, em roda novamente, todos que tivessem estojos dentro da mochila colocasse seu registro no centro da roda e falasse algo que tivesse vontade. Em seguida, o que para mim era um modo de propor a quem se sentisse a vontade, falar sobre seu processo, tornou-se um jogo “de colocar o trabalho ao centro”, em que as crianças começaram a propor regras, como: todas as mochilas que tivessem lápis - colocar seu trabalho ao centro, todos que tivessem escova de dentes - colocar o trabalho ao centro, e assim seguimos até o final do encontro que não tardou a chegar.

Esgotamento da mochila: movimento de olhar para dentro - 2019

Tatiane Passos



Tentativas de Esgotamento | 14

Local:

Museu Histórico Municipal de Coronel

Pilar

Dias:

25 de setembro de 2020, são 14h30min

e 26 de setembro de 2020, são 15h10mim.

Número tombo: 19.032 Nome do objeto: Estojo com seringa Período: Década de 1950.

O Museu é o território da comunidade na qual está inserido e neste local encontra-se bens culturais,

que

são

suas

testemunhas

da

trajetória do homem, apresentando os aspecto físicos e sociais, abrangendo as questões de transformação

e

desenvolvimento

social.

Quando um bem material passa a fazer parte de

um

Museu

perde-se

sua

função

original

ganhando valores históricos, artísticos, culturais e

simbólicos.

Esse

espaço

pleno desenvolvimento, pesquisa

e

está

sempre

em

lugar de preservação,

comunicação.

ambiente, nosso olhar tem a

Ao

estar

nesse

função básica de

encontrar um objeto que agora chama-se bem cultural,

no

meio

engloba

o

exterior.

Passando

faz-se

ato

uma

de

de

tantas

observar pela

o

parte

comunicação

opções, seu do

com

isso

interior

e

encontrar, os

outros

objetos que ali residem comparando-os com a atualidade e sua finalidade. Alguns são raros, outros mais comuns, assim forma-se e cresse a coleção dos bens culturais musealizados.


Tentativas de Esgotamento | 15

Inframuseu - 2020

Andreia Salvadori



Tentativas de Esgotamento | 17

Uma

carta

carrega

imprevisibilidade,

consigo

quem

recebe

não está à sua espera, e uma urgência

que

é

de

outro

tipo,

sem a ambição de um diálogo ou

resposta

portanto,

instantânea.

feita

de

É,

memória

e

passeia entre os tempos. carta um é uma experimentação em

vídeo

série

de

que

partiu

de

uma

cartas

que

enviei

no

início da quarentena. Nessa, o poema autoral todo contato é confuso

e

arrebenta imagens

os

que

o

pensamento

dentes

propõe

alternam-se

as narrativas em vídeo.

carta um - 2020 | vídeo

Aline Kauana Cezar

com



Tentativas de Esgotamento | 19

Escuro. Abre-se a porta: luz. Está ali. Bem

ali

na

parte

de

baixo.

Embalado

e

encostado dentre os outros. Observa-se e não encontra

nada

que

deseja.

Apenas

sente

a

massa de ar fria vindo em direção ao seu corpo. Aproximadamente, cinco vezes ao dia, fazer isso sem motivo algum. Saciando-se pelo espaço de tempo do abrir e fechar, pelo gosto do choque. No

lapso

que

esteve

imóvel

em

frente

a

ela,

mirando, gastando energia. Continua ali.

Lentamente,

a

proliferação

acontece,

diariamente.

A espera por absolutamente qualquer coisa. Ou: que se rasgue o plástico, que se tire da bandeja e

devore

aquela

fruta

vermelha,

doce

e

molhada. O processo é outro depois de, mais ou menos, quinze dias à espera: decomposição.

Estava ali - 2020

Mani Torres



Tentativas de Esgotamento | 21

Há de ser rio:

deve-se estar entre o sólido e o

fluído, entre o permanente e o mutável para se esculpir pedras. As pedras têm a capacidade de condensar tempo e espaço em sua materialidade; a

força

natural

mais

poderosa

não

seria

o

movimento da água dos rios? É a água que esculpe as

formas

rochosas,

desenhando

o

espaço

da

natureza; um processo que leva muito tempo. Para explicar

Sucus Lapidificus - 2020

Mariana Silva da Silva

a

formação

das

pedras,

talvez

a

mais

antiga e primitiva explicação seja aquela de que as pedras são geradas, ou seja, elas nascem. Para um filósofo grego, as pedras eram geradas na terra a partir dos quatro elementos com a ajuda do sol. Nos

séculos

posteriores,

surgem

as

teorias

de

sementes das pedras, as pedras seriam geradas por suas próprias sementes (e teriam mesmo um sexo) e até o século XVII, os fósseis eram também considerados pedras: a transformação de plantas e animais

em

pedras/fósseis

viria

lapidificus (suco lapidificante).

de

um

succus


Tentativas de Esgotamento | 22

A proposta sucus lapidificus trata-se de uma continuidade do projeto Como desenhar pedras, um livro de artista e uma conta no Instagram (@comodesenharpedras) desenvolvido anteriormente. Para este trabalho, especificamente, é apresentado um pequeno texto e algumas imagens colecionadas da Internet, reunidos para serem expostos como uma postagem da rede social Instagram integrante da exposição coletiva que agora se apresenta. sucus lipidificus convida a pensarmos na conexão entre natureza e arte; o que motiva este arranjo é o conhecimento artístico da natureza, a natureza apreendida em uma dimensão da vida cotidiana.

A natureza exatamente não está lá fora, longe,

afastada. A relação com a natureza, por sua vez, expressa-se através da linguagem, de signos construídos cotidianamente, que deixam por si só de ser uma natureza contrária à cultura e se tornam uma outra coisa; uma margem de encontro e de mistura.




Tentativas de Esgotamento | 25

E se um dia esse invisível que segura as nuvens, que as mantém suspensas sob nossas cabeças, por ventura se acabasse,

rompesse,

e

as

nuvens

caíssem,

se

espalhassem ao chão. A gente então vestiria as nuvens, escolheria alguma mais fofinha para tirar um cochilo, experimentaria

a

textura,

o

sabor,

sentiria

o

cheiro.

Comporíamos essas figuras e formas efêmeras, que às vezes,

enxergarmos

voltaríamos tanta

a

no

céu.

experimentar

completude

o

Quem frescor

inteiramente

-

sabe do

como

assim,

novo

com

fazíamos

quando éramos crianças. Essa

tentativa

de

esgotamento

é

também

tentativa de manter viva a minha criança.

Tentativa de esgotamento de nuvens - 2020

Gustiele Fistaról

uma





Tentativas de Esgotamento | 29

essa pesquisa é sobre 120 minutos de rua desafio

de

se

colocar

a

disposição

de

trata-se do

um

cotidiano

desconhecido, da incerteza de inventar novos caminhos e do prazer de escutar sons que pertencem ao todo. Explora as

miudezas

diálogo

com

da o

rua

e

espaço

as

possibilidades

urbano,

esse

do

corpo

espaço

que

em faz

convite ao acaso e abraça o ser como sujeito curioso. 120 minutos divididos em dois. 120 minutos do lado de fora que não o da minha casa. 120 minutos independente do tempo. O

desejo

e

o

desconforto

da

tentativa

de

inesgotável.

essa pesquisa é sobre 120 minutos de rua - 2019

Savana Fuhr Flores

esgotar

o



Tentativas de Esgotamento | 31

O Resto é Rosto: da série “Formas de Vestir o Infinito”, é uma fotoperformance,

feita

estabelecendo

o

esgotamento de um território – o rosto – a partir

da

anteriores,

reverberação tanto

de

trabalhos

performáticos,

quanto

em arte-educação. Tais esgotamentos se deram

na

relação

com

diferentes

elementos – os restos – cultivados e/ou catados

pela

artista:

caveira

e

quadril

bovinos, caveira canina; ninho de pássaro, cipó, casas de marimbondo, pedaços de cabelos

cortados

batata-doce, defunto,

flor

samambaia com

e

exceção

nasceu

em

2019;

folhas

de

chá

cravo

de

citronela, do

campo

e

de

gerânio.

Todas

da

do

flor

limoeiro, as

ervas,

campo,

espontaneamente,

que

foram

plantadas pela artista, em seu jardim, no distrito de Porto Batista - Triunfo/RS

O Resto é Rosto: Série "Formas de vestir o infinito"

Lis Machado 2020


Tentativas de Esgotamento | 32

Q u a i s

a s

p o s s i b i l i d a d e s

m o l d a r o b j e t o ? c r i a r

a

d a

u m O

c o r p o

q u e

p a r t i r

o u

p o d e - s e

d e s s e

a t r i t o ,

c o m p r e s s ã o ,

d a

d e s c o m p r e s s ã o , m o d e l a g e m , e m

c a d a

e

o

u m

d e

d a

q u e

f i c a

d e l e s ?

Série Moldes I, II e III

Larissa Borges 2020

Fotoperformance realizada a partir da idéia de molde,

sobre a possibilidade

de

corpo

modelar

um

ou

objeto.

O

atrito e sentido da fita adesiva cria-se a

compressão

de

uma

matéria

maleável. O inframince que produz o negativo ficam

no

e

positivo, corpo

e

as na

marcas fita,

que e

a

deformação de duas matérias que no seu encontro moldam e são moldadas. Uma

corpo

esgotamento enquanto

experiência, do

estão

corpo se

e

de objeto

suprimindo,

negociando e disputando seu espaço de moldador e moldado.


Tentativas de Esgotamento | 33

Limítrofe.

Sendo

processo

o

resquício

plural,

é

enquanto

de

um

apresentado

vídeoperformance

investigativa

e

experimental

que

estabelece relações entre o corpo e o objeto. Busca as limitações de espaço que contrapõem as ampliações dos seus usos

e

suas

tentativas corpo

formas;

de

parte

encaixe.

O

perpassam

estabelecidas, sutilmente

objeto

que

se

um

as

e

funções

enquanto

para

para

o

pré-

esgotam

preencha

o

outro. Não interage diretamente com a novidade, se assemelha ao óbvio e suas possibilidades Limítrofe da Série "Lista de objetos cotidianos"

Raphael Varjak 2020

pelo

que

primeiro

vídeo

faz

contato

parte

objetos

doméstico,

em

e

corpo

tem

carne

ou

desestabilizam e

"Lista

que

outro.

ferro,

estudo

e

reúne

os

e

as

arquétipos

que

Seja

suas

de

âmbito

configurações o

O

foram

do

contínuo

sobre

como

relacional.

que

pesquisa as

impulsionadas

série

dentro

de

encontros

moldes

da

cotidianos"

catalogados

processo

vêm

um

como

normas

estruturas

se de

socialmente

construídos, podem vir a se conectar.



Tentativas de Esgotamento | 35

Quando que invisibilidade se torna perceptível? Onde e quando Essas

esse

foram

fenômeno perguntas

trabalho que se surge

acontece que

frente

deram

aos

energia

olhos? a

esse

de uma pesquisa cotidiana da

tentativa de ver a maior das

invisibilidades, o vento,

aquele que não dá as caras apenas movimenta. De fato enxerga-lo não foi o resultado final dessa pesquisa, o foco foi deslocado para tentativa de esgotamento da sua

ação,

processo

daquilo

percebê-lo.

não

que

me

ele

toca

interessa

e

mais

no

decorrer

vê-lo

mas

do sim,

Mayara de Lima InVento - 2020 | vídeo



Tentativas de Esgotamento | 37

O

d e s c a s c a m e n t o

p a r e d e s ,

d a

d a s

t i n t a ,

d a

p i n t u r a . Q u a n t a s Q u a n t a s

c a m a d a s

v e z e s

Q u a n t o

d e s c a s c o u ?

t e m p o

c o n s t r u ç ã o A

a ç ã o

d o

A

a ç ã o

d o

q u a n t o

n o s

e s s a

t e m ?

t e m p o

p r é d i o s ,

t e m ?

n a s

c a s a s ,

l u g a r e s .

t e m p o

t e m p o

e m

f a z

m i m , q u e

d e s c a s q u e i ?

Dos meus quatro anos de idade até os dezessete morei

em

uma

cidade

chamada

Casca.

Uma

cidadezinha do interior, com oito mil habitantes. Andar de bicicleta, livremente, pelas ruas quase desertas

e

observar

passatempos

as

preferidos.

casas

era

Desenhar

um

plantas

dos de

casas também.

Levar meu cachorro para passear pela cidade e observar o trajeto tornou-se um hábito diário. Ao esperar ele cheirar o chão, as plantas, fazer xixi e cocô, paro e olho para lugares que, mesmo tendo passado várias vezes, ao longo desses quatro

anos

em

Montenegro,

nunca

havia olhado. Começo a ver desenhos em

manchas

das

paredes,

vejo

as

plantas que insistem em nascer no vão do rejunte das calçadas, são resistentes

Descascamentos - 2019/2020

Susana Toledo

ou

(re)existência?

Por

muitas

são consideradas inços, pragas.

pessoas


Tentativas de Esgotamento | 38

Desde que saí da cidade de Casca/RS e mudei para Santa Maria/RS, fui aprendendo

a

desapegar,

desprender-me.

Precisava

me

virar,

estudar,

compartilhar lares, já morei com mais de quinze pessoas diferentes de 2008 até 2019. Esses processos de mudanças e compartilhamentos considero como um sair da casca, um descascamento de mim, tanto no sentido do nome da cidade que

cresci,

quanto

da

analogia

ao

processo

de

nascimento

dos

animais

ovíparos. As fotografias das paredes descascadas representam o ponto onde eu

cheguei

hoje:

me

despi,

me

desccascei,

me

despedi

das

Susanas

do

passado, mas todas elas fazem parte da Susana de hoje, com todas camadas ali, algumas aparecendo mais, outras menos.



Tentativas de Esgotamento | 40

Tentativa de esgotamento das rachaduras - 2019

Fernanda Hilgert

É

pela

espaço está

rachadura –

o

que

não

que foi

tento dado,

acessar o

que

o

outro

quase

não

aqui.

Procuro

a

rachadura

rachadura e

tento

e

olho

habitar

a

pela

fresta,

fresta

procuro

escapo.

a



Exposição digital e catálogo Infra-organizado por Gustiele Fistaról, Larissa Broges, Lau Graef, Mayara Lima e Susana Toledo.


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