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ESPAÇO ZEN

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FONAUDIÓLOGA

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CONVIVER É PRECISO

Relações interpessoais mudaram com a pandemia. Alguns aprenderam, outros tentam aprender. O conversar olho no olho foi o mais afetado. O mundo já vinha em um ritmo de domínio tecnológico, olhos nas telas e dedos emitindo sons sem parar. O susto do distancimento real trouxe um questionamento: você sentiu falta do contato com as pessoas? A sua resposta pode dizer muito sobre você.

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Lívia Mello Pontes

terapeuta ocupacional, especialista em contexto hospitalar CREFITO 16310

liviapontes92@hotmail.com @moiras.etc

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A PANDEMIA E RUPTURA DA CONVIVÊNCIA

Em tempos pandêmicos, nos foi imposto um “novo normal”, mas essa nova regra que envolve o isolamento social trouxe uma mudança significativa na saúde dos pensamentos, dos sentimentos e emoções, ou seja, da saúde mental. Apesar de sabermos que é algo além de nossas escolhas pois trata-se, no momento, da única alternativa para salvar vidas, o incômodo e a angústia associados a esse novo normal ainda estão lá. Esse fato justifica-se pela natureza humana ser social e interativa. Assim sendo buscamos quase que imediatamente uma alternativa às limitações sociais impostas pelo Covid-19 e encontramos o mundo virtual. As redes sociais e as plataformas de reuniões surgiram como única forma de sustentar relações de trabalho, familiares, de amizade, entre outros. De forma muito nobre abrimos mão de conviver e de vivenciar a riqueza do encontro.

Devemos sim nos adaptar a realidade do distanciamento, mas nunca naturalizar, pois nossas principais ocupações envolvem o contato humano. Desde que nascemos é na interação com o outro que evoluímos, é no contato com o ambiente que desenvolvemos novas habilidades. E por isso tem algo que clama em nós pelo fim dessa tempestade. Nesse sentido, vamos valorizar tudo que o mundo virtual vem permitindo, apaziguando um sofrimento que sem esse recurso de certo sofreríamos mais. Mas vamos juntos ter uma meta, de assim que tudo passar, assim que houver segurança na aproximação humana, resgataremos o encontro, resgataremos a convivência.

Pois só no contato encontramos o abraço para expressar saudade, amor e amparo. Somente na aproximação temos o aperto de mãos que firmam acordos, que dão suporte e que relaxam. É na convivência que apreciamos as expressões faciais, que admiramos sorrisos e que ouvimos gargalhadas. É na vivência social, que usufruímos da beleza de reunir a família com cafezinho, que a avó fez e trocamos histórias. Na reaproximação que mora a dança a dois, o beijo apaixonado e o churrasco com amigos. Por falar nisso, será no reencontro que expressaremos, no contato demorado e sem medo, toda a saudade que foi nutrida em nós durante esse ano de 2020.

Então... sim, obrigada mundo virtual por tudo que proporciona até hoje. Mas não, você não será o principal meio de comunicação assim que tudo passar, pois trazemos em nós: corpo, fala e alma que exigem relações sociais.

E aos que podem conviver com alguém dentro do seu lar, ou no trabalho, cara a cara, olhe no olho, abandone as telas e se permita perceber e valorizar tudo que uma tela não transmite de uma convivência. Como expressões, cheiros, cores e texturas, mesmo que sem poder ficar próximo. O estar junto registra em sua mente memórias boas, que automaticamente registra em você que está ou vai ficar tudo bem! É TERAPÊUTICO CONVIVER

Para algo ser terapêutico é necessário existir uma demanda de sofrimento naquela área. E o afastamento social vem reverberando em diversos sofrimentos psíquicos. Pessoas que antes já sentiam solidão, agora sofrem mais com isso. Pessoas que antes já tinham medo de sair pelas ruas, agora não encontram outra saída. Pessoas que antes já tinham ansiedade, agora se esbarram no sintoma potencializado. Essa realidade de indivíduos, que sozinhos não estão dando conta do seu sofrimento, é uma demanda para que se gere mais serviços. Aí entra o aspecto terapêutico da convivência. Você encontrar cara a cara com seu psicólogo, com as devidas precauções, é um shot de oxigênio para quem está em sofrimento. Participar de um grupo, mesmo que pequeno e com distanciamento, é um mergulho na esperança de dias melhores. E para quem está adoecendo mentalmente essas atitudes e serviços tornam-se urgentes, mesmo que seguindo as medidas de prevenção. Mesmo em meio ao caos, procure ajuda quando perceber que seu cotidiano travou, quando não tiver motivação para acordar, quando não conseguir trazer metas pequenas ou quando não conseguir ver caminhos para aliviar sua angústia.◊

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