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NOSSAS DORES TÊM MAIS CORES
RESENHA
LUIZ CARLOS AMORIM
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NOSSAS DORES TÊM MAIS CORES
Por Luiz Carlos Amorim – Escritor, Jornalista, editor e revisor – Cadeira 19 da Academia Sulbrasileira de Letras. Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, que completou 41 anos em junho de 2021. Http://luizcarlosamorim. blogspot.com.br / http:// www.prosapoesiaecia.xpg. com.br
Já li vários volumes da obra de Eloah, a maior parte de poesia. E é um prazer ler a escritura desta autora, pois tudo nela é poesia, ela consegue extrair poesia de tudo o que a cerca. E é original, criativa, sensível, romântica e lírica, tem estilo próprio e não precisa de métrica ou rima para imprimir poesia na sua prosa poética. Seu estilo está definido e ele privilegia a poesia, seja com rima ou sem ela, seja com ritmo ou simplesmente com o ritmo natural da prosa. Transbordando de poesia, sempre. Dá gosto de ler e reler a prosa poética de Eloah. Suas figuras de linguagem, espontâneas e naturais, dizem de maneira única os sentimentos e emoções de uma grande poeta. Eloah sabe exprimir o seu sentir, construir a sua poesia, de maneira que o leitor possa recriar o seu sentimento, o seu lirismo, a sua emoção. Numa época em que se escreve muita “poesia”, mas em contrapartida, infelizmente, muito poema não contém poesia, a poeta nos presenteia com poesia de verdade, poemas pejados da verdadeira poesia, que é a essência de tudo, fecundando em nós a semente deste gênero literário que mais tem a ver com a alma e o coração do ser humano. O novo livro de Eloah, AS CORES DAS NOSSAS DORES, é um livro de amor. Amor em todas as suas formas, amor que é o mais perfeito sinônimo de poesia. “É a luz e as dores que são a face de todas as quimeras que atravessam o silêncio para derramar-se em poesia”, nas palavras dela própria. E não é mesmo? Como já disse, este novo livro de Eloah é uma obra cujo tema central é o amor: amor por alguém, amor pela natureza, amor pelo próximo, amor de verdade, como bem sabe sentir a poeta. Sou um admirador da prosa poética dela e, neste livro de poesia romântica, talvez mais do que nos outros, mas não só, os versos mais longos, prenhes de poesia, dividem espaço com os poemas de versos mais curtos, mas não menos repletos do estilo lírico tão característico de Eloah. Definir o amor é uma coisa difícil, muitos já tentaram
mas nem todos conseguiram. E Eloah é certeira, vai direto à essência e nos dá lição: “Amar é uma arte; é o doce da vida! Faz parte do universo que nos toca, que se achega e se aconchega por inteiro à procura da nossa alma.” É “Musicar o sentir, como a harpa, a lira e o violão e, como qualquer poeta, abrir totalmente o coração.” Para deixar o amor entrar, como tão bem a poeta o faz. E nos induz a cuidar desse sentimento maior, irmão gêmeo da poesia, pois há que se ampará-lo, para que nunca nos deixe: “E nós, transeuntes da vida, vamos aprendendo todo os dias os caminhos do amor, porque todo e qualquer sentimento necessita de amparo e de canção.” E não podemos, também, perder os sonhos e o encantamento pela vida, não é? Eloah também nos lembra disso, pois sem encantamento não há sonho, não há canção: “Ando perdida nos meus quereres. / Empresta-me por instantes os teus sonhos. / Sonhos que tenham desafios, beleza, alegria e pedaços da alma para encantar.” Não sei se os meus tem tudo isso, mas eu lhos emprestaria, de bom grado. E com sonhos, canções e sentimentos, segue a poeta pela vida, espalhando poesia, como sempre. E nos oferece também a música, a poesia do som, que suaviza os nossos caminhos: “Música nos gestos, / asas aquareladas no coração / lá vou eu...” Música e cores, pois a poesia dá cor à vida. E música, luz, cores e sentimentos são a poesia de nossos olhos e ouvidos, da nossa alma e do coração. A poesia, o amor, o sonho, a
música e as cores de Eloah nos conduzem à felicidade, a eterna busca do ser humano: “Deixem-se levar pelo tempo, pois a felicidade é a efemeridade que sopra os sonhos. / É o acalanto que faz música no coração e dá força nas tempestades e provoca o sentir.” E Eloah é uma poeta feliz: “A felicidade perambula no meu coração sonhador de poeta como uma profunda sensação que vai e volta, tamanha a ânsia de manusear o tempo e o destino. Sou canto, sou música, sou vento, sou brisa. / Riso solto, deixo meu coração falar...” E o coração de Eloah fala e nos traz felicidade. E a felicidade pode vir em pequenas ou imensas alegrias, mas é preciso que a encontremos, que saibamos recebê-la. E o sonhar e o sentir podem nos levar a ela. “Temos alegrias gigantes, / sorrisos ensolarados /e um coração amoroso, / que se faz belo e eterno para transformar-se em poesia / e dar à vida o encanto que buscamos no sonho que habita em todos nós…” Então, Eloah nos convida a cantar a vida, neste novo livro de luz, um hino de amor a Deus, às pessoas, a tudo que nos cerca: “Bendita és tu, vida! / Que como uma carícia dos ventos / no acaso e no tempo incerto / ignora a loucura e a falta de abraços.” Li e reli “AS CORES DE NOSSAS DORES” e ainda vou ler outras vezes, pois vale a pena recriar as cores de Eloah, mesmo que sejam de nossas dores, pois são cores vivas, que amenizam qualquer dor e podem substituí-la por alegria e felicidade.