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MORADIA PROVISÓRIA

GRANDES POETAS BRASILEIROS

JÚLIO DE QUEIROZ

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MORADIA PROVISÓRIA

Vivo numa casa pequena Em frente ao mar imenso, Para que não me afogue, A cada dia, Na miséria do meu povo. A casa encara uma árvore Com galhos fortes, Para que, em vendo o mar, Eu não me esqueça Do dia da justiça do meu povo. É nessa casa que durmo Comigo mesmo e com outros corpos, Para que eu não me esqueça De que a justiça de nada vale Se for solitária. É uma casa construída com cansaços e esperanças. Mas quando chegar a véspera da aurora, É cantando que a destruirei, sorrindo, Para junto com meu povo redivivo, Levantar a permanente moradia comum.

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