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A CAMINHO DO MAR

H ILdA CHIquettI BAumAnn –iBiraMa, sc a correr estão o rio e a vida sem parar, depois de nascer integrados à terra, a caminho do mar. sem ter pressa, vez ou outra se apressam, ninguém pode barrar. a partida, a chegada, não se pode evitar. contra a vida e a água, a luta é vã. são mistérios divinos, indo sozinhos, fluindo se vão.

Acordei

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H ILdA CHIquettI BAumAnn – iBiraMa, sc

o sol me disse: levanta, já é dia de ver Então, vem comigo para viver a luz acordei e fui gostar de mim nada a reclamar, muito para agradecer

Eu pensei, ainda tenho tempo. Estou vivo sou feliz, posso ver Correr riscos por aí. entre flores perfume de jardim, vou gostar do que resta de mim.

Sos L Ngua Portuguesa

ArnALdo nI skI er –rio dE jan Eiro, rj

Reiteradas vezes temos dito, na Academia Brasileira de Letras, que a nossa obrigação primeira é cuidar com desvelo da língua portuguesa. E isso, naturalmente, parte da educação oferecida aos jovens estudantes. Com dados oficiais, agora divulgados pelo Ministério da Educação, pode-se concluir que houve um grande recuo no ensino fundamental. A proporção de crianças sem saber ler no 2º ano praticamente dobrou após a pandemia. Isso certamente afetará os resultados do que chamamos de índices de leitura. É claro que uma coisa está ligada a outra, a exigir urgentes providências pedagógicas, em especial nos estudos da 2ª e da 3ª série do ensino fundamental. O assunto foi debatido em reunião especial, na semana passada, na Comissão de Lexicografia e Lexicologia da Academia. Presentes os seus membros Evanildo Bechara, Domício Proença e Arnaldo Niskier. Foi sugerido que a ABL ofereça ao Ministério da Educação um estudo sobre a matéria, com a criação de um grupo de trabalho e a realização de sessões especiais destinadas a acolher professores de Língua Portuguesa do sistema público de ensino, de forma gratuita. Os primeiros trabalhos seriam feitos com a parceria da Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro.

Ficou evidente que a pandemia reduziu o aprendizado em toda a educação básica, com prejuízo, inclusive, na área de matemática (ênfase na 5ª série). Pode-se avaliar des- de logo os estragos que esse fato provocará em todo o desenvolvimento do extrato do ensino médio. Calar diante disso não é aconselhável. Esse projeto poderá ser estendido a outros Estados, desde que haja o necessário acordo. Os resultados alcançados provam que a solução proposta pelo governo (educação domiciliar) não surtiu qualquer efeito positivo. Com esses resultados (queda no número de pontos em Português e Matemática), não há dúvida de que o Brasil se comportará muito mal nas avaliações feitas pelo Pisa. O país vai retroceder. Conclui-se que a alfabetização a distância foi um fracasso. É sempre necessária a mediação de um professor presencial. E assim se poderá ter esperança de melhores resultados ao longo de todo o ensino fundamental, e não somente na 2ª e na 3ª séries.

A Santa Que H Em Mim

r ItA queI rozsaLvador, Ba a santa que me habita revira minhas certezas tenho tambores vibrando no silêncio dos olhos do jogo de ifá nos altares de “Madona”, “ notre dame”, ou “ nossa senhora aparecida”, rodopio no tempo das marés nas minhas lutas com a santa ventre se abre na moldura das memórias

Me põe de ponta cabeça deixa-me em febre Me faz inteira.

Que deixa os signos em ruínas nos espelhos em estilhaços.

E sigo o silvo da serpente no doce sabor da maçã.

Bebe os venenos sagrados resgata o último ponto do tecido de Penélope, abisma a solidão e escreve outros rituais de fé.

Saber

mAr LI Lú CIA

LI s B oA(BULUc Ha)

– são j osé, sc

Porque eu tenho amizade! Sabe o que é amizade? Não? Que pena... Sim? Então saberá entender o que vai acontecer! Amizade é algo que não se esgota em razão... Amizade traz o amigo que é amigo, apenas por ser amigo.

Ter um amigo verdadeiro e sincero, que não tenha causa para julgar sua amizade! Você o tem? Eu, não sei! Não sei, a amizade é como se fosse o nome dado a uma batalha e nessa batalha o amigo é como um tesouro raro no campo da humanidade!

E nessas amarguras da vida, a amizade traz o amigo que sabe dulcificá-las...

Como é bom ter amizade, como é bom ter amigo certo, nas horas... incertas da vida! Por que é tão difícil ter um amigo? Um amigo que saiba amar seu amigo, na hora em que todos apedrejam, caluniam e desprezam...

Você tem um amigo mais certo das horas certas...? Tem um amigo que lhe escu- ta, que escuta seu amigo, com o mesmo carinho e o mesmo esmero na alegria, na luta e na dor...?

Você tem inveja? Ah, acha que mais ninguém pode ter aquilo que nunca teve, que não tem o que... gostaria de ter?! É, gostaria de ter sim, mas não sabe como ter!

Cresça na sua vontade e tente ter um amigo que lhe traga a amizade que espera há tanto tempo, sem o saber...

Não acredita nessa amizade?

Não acredita nesse amigo?

Não acredita no que é?!

Não acredita numa lata de tinta...?!

Eu não acreditava na lata de tinta... Por quê? Porque eu nunca tinha percebido o quanto necessitava dela... E assim é você, quanto ao seu amigo, à sua amizade...

O que lhe interessa ter amizades, se não tem amigo?

Escute-me, olhe-me, fale-me, sinta-me, chame-me...

Ofenda-me, perdoe-me, seja-me fiel, sincero e generoso...

Enfrente-me, acompanhe-me, faça-me ver, receba-me...

Faça-me consolar, faça-me compreender, compreenda...

Você será meu amigo! Não será a distância que acabará com a nossa amizade, será a distância que alargará mais, sempre mais nossa amizade...

Viva, seja amigo. Amigo? Amizade? Eu tenho amigo? Sim ou não? Depende de você... Pense o que quiser, haja como quiser, mas... sei que gostaria de poder contar com alguém amigo, isso sim, hein? Então por que você se impede disso?

A hora... está quase chegando, pode ser que já tenha chegado e ainda está aí parado... Procuro você num deserto, chamo você: anda, vamos! Me ajude, eu lhe ajudo a dizer: sim!

Amigo. Amizade. E o que acontecerá depois? O que aconteceu comigo até agora?!

A antologia comemorativa dos 42 anos do Grupo Literário A ILHA e de circulação da nossa revista Suplemento Literário A ILHA já está à disposição na Amazon e no Clube de Autores.

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Restos De Domingo

eLIAne deBus –FLorianóPoLis, sc na mesa livros abertos e uma máquina velha de escrever.

Farelos soltos pela casalar onde me abrigo, banquete das míseras formigas, companheiras do tédio dominical.

O Artista

eLIAne deBus –FLorianóPoLis, sc

VER(MELHO)R

terra vermelha. sol vermelho.

Homem vermelho vestindo camisa avermelhada.

Nos pés sapato bico fino vermelho.

Por excelência nesse momento o mundo se coloriu de vermelho e ficou vermelho só. o artista rouco louco entra no palco, é sua hora. LUZ ! sua a plateia. soa voz sua o corpo umedece a face do espetáculo.

Molha a pele do público.

“LIMA BARRETO ERA MUITO MODERNO”

CArLos André more I rA - Porto aLEGrE

Pesquisadora lança livro sobre a vida e o tempo do autor de “clara dos anjos ” a ntropóloga e historiadora, Lilia Moritz s chwarcz pesquisou ao longo de 10 anos a vida de Lima

Barreto. a biogra - fia Li Ma Barr E to: trist E visionário é um amplo apanhado dos tem - pos que formaram o autor, da vasta gama de textos publicados por ele em sua curta vida e das impressões deixadas por ele em seus contemporâneos – muitos deles também seus desafetos, dada a contundência com que ele atacou muitas das estruturas de seu tempo – um tempo que a autora também já abordou em As Barbas do Imperador, sobre o reinado de Dom Pedro II: Pergunta – Ainda é possível encontrar quem discuta o papel de Lima Barreto no “cânone literário”. A que a senhora atribui essa prevenção?

Lilia – Primeiro teremos que perguntar o que é esse cânone e quem detém a régua e o compasso. Não existe essa racionalidade, e o Lima é autor de uma obra muito vasta. Penso que ele foi sofrendo vários impedimentos durante a vida e depois. Impedimentos que digo são quase censuras. Ele tinha um projeto literário e lutou por ele. Parte desse projeto passava pela ideia de provocar. Por exemplo, o primeiro livro do Lima Barreto, r ecordações do Escrivão i saías c aminha . A primeira parte é uma beleza, uma crítica ao racismo de uma contundência impressionante. A segunda parte é um roman à clef , um ataque ao jornalismo da época, aos seus “colegas de redação”, por assim dizer. E antes da publicação integral do romance, o Lima veiculou alguns trechos na revista Floreal, e já de saída sofreu um veto por parte dos jornalistas e não recebeu as resenhas que queria. No segundo livro, n uma e a n infa , ele bate em quem? Nos políticos. E também nos funcionários pú - blicos, mesmo sendo um deles.

Pergunta – Um projeto de ataque contra as incongruências e hipocrisias: um romance por vez?

Lilia – Essa é a minha interpretação. E ele foi construindo isso. Depois ele vai participar do julgamento dos militares que atuaram violentamente contra os estudantes que faziam uma palestra pacífica contra o Hermes da Fonseca. O júri vota contra os militares e ele sofre um veto no seu trabalho. Como funcionário público , ele não tem mais promoções. E daí se você pegar o Policarpo Quaresma, é um ataque feroz ao Florianismo, ao jacobinismo muito popular na Primeira República. Vai sair de novo agora um volume chamado Impressões de Leitura, organizado pelo Francisco de Assis Barbosa e que a Beatriz Resende está reorganizando. E é impressionante o papel dele como crítico literário, e como ele é generoso em receber novos escritores. Mas sempre de um jeito ácido. Ele era de um estilo “bate e assopra”.

Pergunta – O embate de Lima Barreto contra os modernistas de São Paulo também é apontado em seu livro como parte da longa “queda em desgraça” de Lima imediatamente após sua morte. Lilia – Ele tem uma divergência com o pessoal da Klaxon que vai repercutir não tanto com o grupo de 1922, mas com o que se estabilizou depois. O Lima recebe a Klaxon do Sérgio Buarque de Holanda, que então era um jovem dândi, muito cioso de si. E o Lima escreve uma carta debochada caceteando a revista. O pessoal da Klaxon escreveu uma réplica muito forte, o desautorizando. No período posterior, os modernistas paulistanos, com sua régua e compasso, vão colocar o Lima no balaio do que se chamava “pré-Modernismo”.

Ora, “pré” é quase categoria de acusa - ção: você não foi e também não será. O próprio Sérgio Buarque de Holanda faz uma crítica ao c lara dos a njos , que eu reproduzo no livro, usando um argumento que se usaria demais: que o Lima Barreto não tinha imaginação, que fazia literatura militante e colada demais à própria vida. Ora, o que pensar desse argumento hoje, com a autoficção de [Karl o ve] Knausgard, [j .M.] Coetzee, só para usar alguns exemplos? O Lima tinha um arrojo muito moderno: usava a linguagem do povo, era contra academicismos, o que foi outro ponto de veto a ele.

Pergunta – Lima e Machado, dois dos maiores autores nacionais, dois negros, foram assumindo o caráter de “figuras políticas”. Para alguns, Machado era o “modelo de excelência” que Lima nunca foi. Para outros, Lima bateu com mais coragem na questão da escravidão, que Machado teria escamoteado. Como a senhora vê essa questão?

Lilia – Quando você passa 10 anos pesquisando Lima, as pessoas acham que você é automaticamente uma antagonista de Machado. Essa é uma atitude dicotômica, empobrecedora, na minha opinião. Ambos tinham origens semelhantes, ou seja, eram descenden - tes de escravizados e nasceram de pais livres, o que fazia imensa diferença no Brasil no final do Império e no começo da República. Depois as coisas não andariam bem, mas no princípio o Lima teve uma família que hoje chamaríamos de até mais “estruturada” que a do Machado. O pai era tipógrafo, a mãe era professora. A acusação que se faz de que o Machado ignorou a escravidão também não é fato. Então, esse tipo de oposição não me interessa. O que me interessa é que eles tinham projetos literários diferentes. O Machado de fato visava a outro tipo de literatura. O Lima tinha em vista algo que ele mesmo chamava de “realista”, vinculado ao seu momento, militante e, mais para a frente, anarquista.

Pergunta – Ainda assim, a relação do próprio Lima com Machado era ambivalente. O que causou essa separação?

Lilia – Primeiro, a geração. Lima começa a escrever no momento em que Machado publica sua última grande obra. Veja como ele está ensanduichado: começa no ocaso do Machado e morre em 1922, então aí se tem uma pista de como se foi construindo para ele essa ideia de “entre”. Ele é o não Machado e o não Modernismo. E na época Machado se torna o modelo de escritor bem estabelecido, o símbolo da Academia. É por isso que falo da geração como um marcador de diferença. Para Lima e os de sua geração, que queriam arranjar seu lugar ao sol na “República das Letras”, era preciso atacar o establishment . Quem era o establishment ? A

Academia. Quem simbolizava a Academia? Machado. Claro, eles também viviam em circuitos diferentes. As confeitarias e livrarias que o Machado ia eram completamente outras que os cafés e botequins do Lima. Machado era incontornável para esses autores, tanto que Lima o lia. Mas se os mais novos queriam formar uma identidade de grupo, precisavam atacá-lo. E o Lima ataca mais o Machado institucional, o da ABL. E não chega a atacá-lo tanto quanto ataca o Coelho Neto, de quem ele dizia que tinha o projeto de “colocar colunas árcades em nossos parques tropicais”.

Pergunta – Não deixa de ser exótico pensar que os adversários de Lima são os mesmos do Modernismo. A disputa entre Lima e os modernistas é um conflito de semelhantes mais do que de opostos?

Lilia – Os projetos eram muito comuns.

Tinham inimigos muito semelhantes: a Academia, o Parnasianismo, a escrita formal, o bom-mocismo da literatura, ou, como o Lima descrevia, uma “literatura de toilette” feita por “escritores perobas”. O projeto de Lima e dos de sua geração poderia ter sido incorporado pelo Modernismo se o Modernismo não tivesse construído essa cerca tão estrita.

Pergunta – Mas Machado e Lima, nessa dicotomia, deixaram de ser apenas dois escritores para se tornar emblemas políticos de um certo tipo de inserção ou de luta contra o racismo na sociedade, não?

Lilia – O Lima tinha um projeto literário que era considerado pelos seus contemporâneos “desagradável”. Machado era autor de ótima literatura, mas que não questionava a nacionalidade o tempo todo. Lima era um autor que atacava a República sem dó nem piedade. Há vários trechos dele que são de uma atualidade impressionante. Na questão racial, ele pega um plano que fazia parte dos fundos, do segundo plano, dos bastidores e o transforma numa questão central. Por isso eu tento provar o quanto o Lima fazia uma literatura negra não só por causa de sua origem, porque o Machado é um exemplo que a origem não era o suficiente, sabemos muito bem como o Brasil manipula as cores como questão social. O Lima, no alto dos anos 1910, dialoga com a ideia do africanismo. Ele tem uma per - cepção dos subúrbios impressionante, quando descreve o sujeito que faz parte da “aristocracia do subúrbio”, e chega no centro e vira ninguém. Também nos pequenos personagens. Ou nos grandes como c lara dos a njos , que dialoga com dados que a Unicef acabou de lançar agora sobre quantas mulheres são estupradas no Brasil, assediadas, e como a maioria delas é negra. E o jeito que o Lima falava diretamente dessas coisas, de como a capacidade dos negros era discutida a priori, e a dos brancos a posteriori, ou quando ele diz que recebeu um cartão com macacos. Ele traz questões que até hoje são consideradas “desagradáveis”. Quem lida com esse tema até hoje recebe uma série de críticas, como se estivéssemos “inventando” o ra - cismo no Brasil. Então imagina o que era falar disso numa época em que muitos, como o Coelho Neto, que o Lima cita textualmente, ou mesmo o Afrânio Peixoto, fazem uma literatura adocicada, sem problemas, e você tem esse cara que ataca todo mundo.

Pergunta – A respeito da questão racial, a senhora hoje se manifesta a favor das cotas. Mas um manifesto de intelectuais contra as cotas, datado de 2006 e publicado no jornal Folha de S. Paulo apresenta sua assinatura. A senhora mudou de opinião?

Lilia – O primeiro texto daquele manifesto, que foi o que eu li e assinei, não era contra as cotas. Estava se discutindo na época um estatuto da igualdade racial, e esse estatuto era o que eu dizia que não estava bem elaborado ainda. Então eu li um texto, assinei e apareci em outro. Mas na época eu já trabalhava no Incluso, o grupo que se formou na USP para discutir inclusão social na universidade. E acho que daquele momento para agora eu radicalizei a minha posição e me orgulho disso, me orgulho por, desde esse incidente, batalhar abertamente por cotas na minha universidade e em todos os lugares que eu falo.

O livro O VALE DAS ÁGUAS, seleção de crônicas sobre Corupá, a Cidade das Cachoeiras, com muitas fotos e cores ilustrando os textos, está à disposição, na Amazon. Veja no link https://amz.run/4LtO .

Se você conhece Corupá, vai gostar de relembrar e rever as belezas da cidade. Se não conhece, vai gostar de conhecer as belezas do Vale das Águas.

Aus Ncia

mAurA soAres –

FLorianóPoLis, sc de todos os momentos olhando estrelas corpos enlaçados café da manhã ausência da palavra amiga do carinho sincero de música sinatra, Billy, Edith ausência fim de linha estaciono sem retorno fim de ano ausência...

20.12.2015....08.30h

[In: Palmeiras ao vento, p.119]

Maura Soares é natural de Florianópolis, onde nasceu a 7 de janeiro de 1943. Licenciada em Letras e Pedagogia. Atuou no Conselho Estadual de Cultura de SC por oito anos. Membro emérito do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina. Membro da Academia Desterrense de Letras, membro do Grupo de Poetas Livres e do Grupo Literário A ILHA. Autora de dezenas de livros de contos, poemas, crônicas, teatro, novelas e participação em diversas antologias.

UNIVERSIDADE RECRIA FOTO DE MACHADO DE ASSIS PARA RETRATÁ-LO NEGRO

iarEMa soarEs – são PaULo

Iniciativa disponibiliza para download imagem do escritor com pele e fenótipos negros Machado de Assis era um homem negro. O racismo o retratou como branco." Essas são as primeiras frases da campanha feita pela Faculdade Zumbi dos Palmares, de São Paulo, em parceria com a agência de publicidade Grey. A ação tem como propósito ressaltar a identidade negra de um dos maiores escritores brasileiros e fundador da Academia Brasileira de Letras. Com o título “Machado de Assis Real”, o projeto incentiva que as pessoas assinem um abaixo-assinado para que as editoras parem de publicar livros com fotos nas quais ele aparece embranquecido e substitua a fotografia distorcida por uma em que o autor apareça com cor e traços físicos negros. Além disso, foi disponibilizado no site da campanha a nova imagem para que as pessoas possam fazer download e colá-la em seus próprios livros do contista. No manifesto da ini - ciativa, a universidade afirma ainda que o "racismo escondeu quem ele era por séculos. Sua foto oficial, reproduzida até hoje, muda a cor da sua pele, distorce seus traços e rejeita sua verdadeira origem" e diz que “já passou da hora de esse erro ser corrigido”.

O processo de branqueamento pelo qual Machado de Assis passou diz respeito ao imaginário social que o povo brasileiro cons- truiu em relação à população negra, que é vista como inferior e incapaz pela população não negra, afirma o Luiz Maurício Azevedo, editor-executivo da editora Figura de Linguagem.

— Popularmente, pessoas negras estão ligadas à força física e à animalização, não a seu potencial intelectual. Quando estes indivíduos ganham projeção por seu talento na literatura, por exemplo, criam-se mecanismos para manter os negros no lugar de subcategoria. Por isso, transformaram uma pessoa negra em branca, porque socialmente negras e negros “não podem ter” o status de autor. E a história va- leu-se da frágil documentação da época para reforçar a imagem de um Machado de Assis não negro — diz Azevedo.

O estudioso ainda ressalta que o Brasil promove a hierarquia das raças por ter suprimido aquilo que era entendido como diferente.

— Este país vive em conflito, não vivemos em harmonia como prega a democracia racial. Houve e ainda há derramamento de sangue — complementa o pós-doutor em Literatura Brasileira.

Jeferson Tenório, escritor e doutorando em Teoria Literária, relembra que uma propaganda da Caixa Econômica Federal, de 2011, também embranqueceu

Machado e que isto é apenas o reflexo de como o brasileiro enxerga as pessoas negras no país: não dignas de determinados feitos.

— Por isso, é necessário que haja revisão da histórica e de representação. Porque, quando nos vemos em determinados espaços, nos sentimos motivados a estar lá também. Esta é uma campanha muito bem pensada, já que ela ajuda a resgatar esta importantíssima personalidade e identidade negra que há muitos anos nos é negada e constantemente branqueada — afirma Tenório.

Mulher Desbravadora

LorenA zAgo –PrEsidEntE GEtúLio, sc

Mulher desbravadora, de imensos valores, a tua luta provém de esmagadora revolta.

Escalaste os mais altos degraus dos andores nem de longe se contemplam os primores tuas mãos, tão sábias e sensíveis o caminho apontam, tuas ações relevantes e inusitadas compreensões, direcionam, ao Universo significativas mensagens, de persistência, bom senso, fibra e coragem.

A tua trajetória edificaste com sofridos clamores.

Que mereces por tua benevolente perseverança. és, pelo criador iluminada, conferindo-te o reconhecimento e o espaço sonhado, Para ao Mundo, o amor, a humildade e a esperança estender.

Em tua fé revelas sapiência, Primando olhares a expoentes fazeres e labores, Que conduzam à paz e à harmonia.

Estendendo comunhão e discernimento entre os pares.

Projeta-se ao longo das vivências nobreza interior e dedicação sublimar

E a cada tempo e momentos superados, a evolução com habilidade glorificar. Muito ao longe, no alto do campanário, Ecoam badaladas dos sinos a anunciar.

Em sonoros compassos e notas de ave Maria

À Mulher consagrar!homenagens

Mulher desbravadora, astuta e sublime, és poesia, sinfonia e acalanto. Em teus braços o Universo se expande, Singrando ao infinito, amor e encanto!

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