A OFICINA | CIAJG | Jornal 2º Ciclo Expositivo 2019

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GEOMETRIA SÓNICA Curadoria de Nuno Faria

FRANCISCO JANES, MARIANA CALÓ E FRANCISCO QUEIMADELA, JONATHAN ULIEL SALDANHA, LAETITIA MORAIS, MANON HARROIS, MIGUEL LEAL, MIKE COOTER, PEDRO TUDELA, RICARDO JACINTO E PEDRO TROPA, SARA BICHÃO, TOMÁS CUNHA FERREIRA

CARLOS BUNGA

ARQUITETURA DA VIDA Curadoria de Iwona Blazwick

CLAREIRA

MANUEL ROSA

A MORTE DE UBU JOÃO LOURO

Curadoria de Nuno Faria

29 JUN — 6 OUT’19 Arquitetura da Vida, antologia do trabalho de Carlos Bunga, originalmente apresentada no MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, em Lisboa, e Geometria Sónica, projeto coletivo concebido, produzido e apresentado no Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas, na Ribeira Grande, em São Miguel, nos Açores, constituem o novo ciclo expositivo do CIAJG. As duas exposições estabelecem um eixo de reflexão em torno da importância do corpo como entidade pensante e poderoso dispositivo de perceção, que articula tempos, lugares e acontecimentos e que transporta a memória filtrada pela experiência do passado e a intuição daquilo que está por vir.

Architecture of Life, an anthology of the work of Carlos Bunga, originally presented at MAAT - Museum of Art, Architecture and Technology in Lisbon, and Sonic Geometry, a collective project conceived, produced and presented at the Archipelago - Centro de Artes Contemporâneas, Ribeira Grande, in São Miguel, in the Azores, constitute the new exhibition cycle of CIAJG. The two expositions establish an axis of reflection around the importance of the body as a thinking entity and powerful device of perception, which articulates times, places and events and carries the memory that is filtered by the experience of the past and the intuition of what is to come.

Sara Bichão, Imã, 2018. Vista da exposição. Rui Soares. Arquipélago

Curadoria de Nuno Faria


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PISOS 1 E 0 — SALAS #6 E #9-11| 1ST AND GROUND FLOOR — ROOMS #6 E #9-11

CARLOS BUNGA

ARQUITETURA DA VIDA

ARCHITECTURE OF LIFE “My project is a kind of architecture; it’s not a real space but a mental idea.”

Vista da exposição / Exhibition view MAAT Carlos Bunga - Arquitetura da vida. Fotografia / Photography Bruno Lopes Cortesia / Courtesy Fundação EDP

CURADORIA / CURATED BY IWONA BLAZWICK

“O meu projeto é uma espécie de arquitetura; não é um espaço real, mas uma ideia mental.” As estruturas escultóricas e pictóricas de Carlos Bunga (n. 1976) sugerem a arquitetura como corpo e espaço mental. Carlos Bunga cresceu no concelho de Lisboa e estudou pintura na Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha – uma universidade alternativa e vanguardista onde vários artistas da sua geração estudaram e produziram os seus primeiros trabalhos. A sua obra começou por ganhar destaque em 2004, na Manifesta 5 de San Sebastian, onde criou a sua primeira instalação efémera de grande escala, propositadamente destruída durante a inauguração da exposição. Atualmente, o artista vive e trabalha perto de Barcelona, em Espanha. A exposição começa com uma pequena maquete de habitação social onde o artista cresceu, e que mais tarde viu ser demolida. É o início de uma viagem desde a miniatura ao monumental. A exposição documenta as construções de grande escala que o artista cria e destrói como performance, e é animada por vídeos das suas interações com o mundo material, constituindo a primeira grande retrospetiva da sua obra. Na sua prática, Carlos Bunga sempre se interessou pelas propriedades do cartão, simultaneamente leve e robusto. Para além de construir espaços, o artista também utiliza este material para criar esculturas de fantásticos habitats e objetos domésticos. Estes são apresentados tendo como pano de fundo grandes pinturas monocromáticas. A sua obra combina uma poderosa materialidade com a evocação de estados psíquicos. Encenando ciclos de construção e destruição, Bunga explora condições de despojamento e nomadismo, a natureza da experiência espacial, e o potencial criativo e simbólico da ruína.

Carlos Bunga Corte Transversal #1, 2002 Fotografia / Photography Bruno Lopes Cortesia / Courtesy Fundação EDP

Carlos Bunga’s (b.1976) sculptural and painterly structures propose architecture as body and mindscape. Carlos Bunga grew up near Lisbon, Portugal, and studied Painting at Escola Superior de Artes e Design in Caldas da Rainha – an edgy and alternative university where several artists from his generation studied and produced their first works. His work first gained prominence in 2004, as part of Manifesta 5 in San Sebastian, where he created his first large-scale ephemeral installation, purposely destroyed during the opening of the show. He currently lives and works near Barcelona, Spain. This exhibition begins with a small model of social housing where the artist grew up - and later watched being demolished. It is the beginning of a journey from the miniature to the monumental. The show documents Bunga’s gigantic constructions which he creates and destroys as a performance; and is animated by short films of his interactions with the material world, constituting the first major survey of his work. Throughout his oeuvre, Bunga has been drawn to the strong yet lightweight properties of cardboard. As well as constructing spaces, he also uses it to make model-like sculptures of fantastical domestic objects and habitats. These are presented against the backdrop of his epically scaled, monochrome paintings. His works combine a powerful materiality with the evocation of psychic states. Enacting cycles of construction and destruction, Bunga explores states of dispossession and nomadism; the nature of spatial experience; and the creative and symbolic potential of ruins.

Exposição originalmente apresentada no MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia / Exhibition originally presented at MAAT Museum of Art, Architecture and Technology


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Vista da exposição / Exhibition view, MAAT Carlos Bunga - Arquitetura da vida. Fotografia / Photography Bruno Lopes Cortesia / Courtesy Fundação EDP

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PISOS 1 E -1 — SALAS #4-5 E #12-13 | 1ST AND LOWER GROUND FLOOR — ROOMS #4-5 E #12-13

GEOMETRIA SÓNICA

ENERGIA — FREQUÊNCIA — FORMA

CURADORIA / CURATED BY NUNO FARIA

A presente exposição é uma versão do projeto que, durante cerca de uma ano, reuniu um extenso conjunto de artistas que trabalharam a partir do contexto institucional do Arquipélago — Centro de Artes Contemporâneas em diferentes plataformas físicas e conceptuais. O projeto reúne artistas portugueses e estrangeiros cujas obras e pesquisas incorporam o som, como material, ou como estrutura conceptual. Todos eles fundam o trabalho numa sólida base de pesquisa e de experimentação. A escolha do elenco baseou-se, em primeiro lugar, na sensibilidade colaborativa e, em segundo lugar, na relação que o trabalho de cada um estabelece com as caraterísticas do arquipélago dos Açores, cuja a origem vulcânica, a ressonância cósmica, a presença intensa e diversa da natureza (enquanto imanência e enquanto sentimento) exerce um forte apelo sobre os mais diversos criadores e pensadores. Do ponto de vista filosófico, o projeto é influenciado por alguns pensadores que desenvolveram e problematizaram os conceitos de arquipélago, migração e miscigenação, tais como Édouard Glissant (um dos mais importantes e influentes pensadores da contemporaneidade, desaparecido em 2011), que desenvolveu a noção de crioulização cultural; Emanuele Coccia, cujo recente livro “A Vida das Plantas: uma Metafísica da Mistura”, particularmente apropriado para pensar a relação da entidade humana com a entidade natural; Agostinho da Silva, que pensou de forma visionária a questão transatlântica e dos fluxos culturais que se vão desenvolvendo entre continentes e povos; ou, ainda, Vitorino Nemésio, cujo conceito de Açorianidade será central à reflexão engendrada pelo projeto. Trata-se de um projeto que foi concebido para integrar e cumprir as diferentes valências do Arquipélago, quer em termos do espaço expositivo e performativo, quer no que concerne à sua missão (produzir e trazer conhecimento à população da Ilha e do Arquipélago, mas também exportá-lo para outras paragens). É um projeto inovador que explora de forma inédita o maior arquivo audiovisual nacional, o arquivo da RTP, cujo horizonte de existência se confunde com a formação de um sentimento de pós-modernidade e de contemporaneidade em Portugal. É, finalmente, um projeto de criação, realizada a partir da residência na Ilha (ou ilhas), e de apresentação e diálogo com a comunidade. Geometria Sónica pretende tematizar a importância do som na construção da nossa presença no mundo. As sociedades animistas, por exemplo, utilizam desde tempos imemoriais, o som, nomeadamente certos ritmos e frequências, para curar ou para atingir níveis de hiperconsciência. O projeto propõe pensar a relação entre determinados padrões ou frequências sonoras e a criação de estruturas arquetípicas do pensamento e da arquitectura, tais como monumentos antigos edificados em diferentes lugares do mundo. As civilizações antigas construíam a partir da observação do Cosmos e acredita-se que, também, a partir da harmonia e ressonância sonora do Universo. É nesse pressentimento intemporal de que todos os seres são ligados por uma consciência global e coletiva que o projeto agora apresentado se funda.

SONIC GEOMETRY ENERGY — FREQUENCY — FORM

The present exhibition is a version of the project that, for about a year, brought together an extensive group of artists who worked from the institutional context of the Archipelago - Center of Contemporary Arts on different physical and conceptual platforms. The project combines Portuguese and foreign artists whose works and research incorporate sound, as a raw material or conceptual structure. They all ground their work on a solid basis of research and experimentation. The choice of the artists was based on collaborative awareness and, secondly, on the relationship between each artist’s oeuvre and the distinctive characteristics of the archipelago of the Azores, whose volcanic origin, cosmic resonance, and the intense and diverse presence of nature (as an immanent force and feeling) has a strong impact on a wide array of different creators and thinkers. From a philosophical standpoint, the project is influenced by several thinkers who have developed and explored the concepts of archipelago, migration and miscegenation: Édouard Glissant (one of the most important and influential contemporary thinkers, who died in 2011), who developed the notion of cultural creolisation; Emanuele Coccia, whose recent book “The Life of Plants: A Metaphysics of Mixture” is particularly appropriate for thinking about the relationship between human and natural entities; Agostinho da Silva, who adopted a visionary approach to the transatlantic question and cultural flows developing between continents and peoples; Vitorino Nemésio, whose concept of Açorianidade (Azorianity) will be central to the ideas generated by the project. This

project has been designed to encompass and fulfil the different values of the Arquipélago – both in terms of its exhibition and performance spaces, and its mission to produce and bring knowledge to the people living in the island of São Miguel and the archipelago of the Azores, and also export this knowledge to other places. It is an innovative project that involves an unprecedented exploration of Portugal’s largest audiovisual archive, owned by the public broadcaster, RTP, whose time horizon overlaps with the formation of a sensation of postmodern and contemporary existence in Portugal. Finally, it is a creative project, resulting from an artistic residency in the Island (or islands), and presentation and dialogue with the local community. Sonic Geometry aims to explore the importance of sound in the construction of our presence in the world. For example, animist societies, since time immemorial, have used sound, in particular certain rhythms and frequencies, to heal or attain levels of hyperconsciousness. The project proposes to think about the relationship between certain sound patterns or frequencies and the creation of archetypal structures of thought and architecture, such as ancient monuments in different parts of the world. Ancient civilizations were built through observation of the Cosmos and, as far as we are aware, in function of the harmony and sound resonance of the Universe. On the basis of this timeless presentiment, all beings are interlinked by a global and collective consciousness that underpins this project.

29 JUNHO 17H00 // CIAJG / CAFETARIA

CONFERÊNCIA EMANUELE COCCIA 21H30 // CIAJG

INAUGURAÇÃO DAS EXPOSIÇÕES 23H00 // CIAJG / BLACK BOX

NOITE SÓNICA

PERFORMANCES / CONCERTOS Projeto originalmente apresentado no Arquipélago - Centro de Artes Contemporâneas / Project originally presented at Arquipélago - Centro de Artes Contemporâneas

RICARDO JACINTO E PEDRO TROPA MANON HARROIS FRANCISCO JANES TOMÁS CUNHA FERREIRA PEDRO TUDELA


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Francisco Queimadela & Mariana Caló Fogo Lácteo, 2019

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Pedro Tropa e Ricardo Jacinto, Depósito, 2018

Tomás Cunha Ferreira e Mike Cooter Biombo, 2018

Miguel Leal Mesa-oráculo, 2018

Francisco Janes Sem Título, 2018

Pedro Tudela S_gs_08, 2018

Sara Bichão Imã, 2018

Vistas das exposições / Exhibitions views, Arquipélago - Centro de Artes Contemporâneas Fotografia por / Photography by Rui Soares Cortesia / Courtesy Arquipélago - Centro de Artes Contemporâneas

Laetitia Morais Eu não quero morrer II, 2019


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PISO 1— SALAS #2 E 8 | 1ST FLOOR — ROOMS #2 AND 8

CLAREIRA

MANUEL ROSA

Vista da exposição / Exhibition view, CIAJG Clareira, Manuel Rosa Fotografia / Photography Vasco Célio, Stills

CURADORIA / CURATED BY NUNO FARIA

Manuel Rosa (Beja, 1953) é um dos mais singulares e originais escultores surgidos na década de 1980 em Portugal, cujo percurso foi perdendo gradualmente intensidade em benefício do importante trabalho que há décadas desenvolve enquanto editor. Depois de um longo interregno sem produzir novos trabalhos, apresentou um amplo panorama de obras antigas e novas na exposição antológica que, em 2018, esteve patente na Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa. Agora, abre uma clareira no denso espaço da coleção permanente, com peças de grande e pequena escala, em gesso, bronze ou areia de fundição, várias delas produzidas para esta exposição. O vocabulário de Manuel Rosa é amplo em termos formais, temáticos e materiais. É um trabalho que, entre referências à escultura primitiva e préclássica, à Arte Povera e à geração de escultores britânicos surgida nos anos 80 do século passado, se destacou pela forma como construiu um forte sentimento de intemporalidade, por um lado, e uma intensa ligação à terra e aos materiais do lugar, por outro. Reiterando, por um lado, arquétipos poderosos – a casa, o barco, o corpo humano –, e, por outro, objetos sem aura, de uso corrente ou índole industrial – cabaças, bolas, baterias de automóvel –, o artista opera, com desconcertante liberdade processual, uma ininterrupta circulação entre energia e forma, figura e sombra, cheio e vazio, totalidade e fragmento, pequena e grande escala, o efémero e o perene. A intervenção que concebeu para o espaço da coleção permanente do CIAJG dialoga com algumas das peças mais marcantes em exposição ou em depósito – sejam peças em terracota da coleção pré-colombiana, sejam os moldes de partes do corpo humano, para ex-votos em cera, oriundos do património religioso e popular da cidade de Guimarães. Convoca a figura humana, que se declina em precário equilíbrio entre forma e informe, surgindo da matéria e confundindo-se com ela, num movimento genésico. Mãos, bocas, concavidades, espaços crípticos que guardam os segredos da história oral, antes da escrita, aquela não tem forma e que não é fixada nos manuais oficiais.

CLEARING Manuel Rosa (Beja, 1953) is one of the most unique and original sculptors to have emerged in the 1980s in Portugal. His career gradually lost intensity as a result of the important work he has developed over recent decades as a book publisher. After a long interregnum without producing any new works, in 2018 he presented a broad range of old and new works in the anthological exhibition in the National Society of Fine Arts (SNBA) in Lisbon. His works will now occupy a central area in the dense space of the CIAJG’s permanent collection, including large and small scale works in cast plaster, bronze or sand, several of which were produced specifically for this exhibition. In formal, thematic and material terms, Manuel Rosa uses a broad artistic vocabulary. His work includes references to primitive and pre-classical sculpture, Arte Povera and the generation of British sculptors that emerged in the 1980s. It stands out for its strong feeling of timelessness, on the one hand, and intense connection to the land and local materials, on the other. With disconcerting procedural freedom, he reiterates powerful archetypes – such as the house, boat, human body – together with everyday or industrial objects that have no specific aura – such as gourds, balls or car batteries. In this manner he traces an uninterrupted movement between energy and form, figure and shadow, wholeness and void, totality and fragment, small and large scale, ephemeral and perennial.

The intervention he has conceived for the space of the CIAJG's permanent collection establishes a dialogue with some of the most outstanding works on display or in storage - whether terracotta items from the pre-Columbian collection, or moulds of wax ex-voto offerings that depict different parts of the human body, derived from the religious and popular heritage of the city of Guimarães. He makes reference to the human figure, declined in a precarious balance between form and shapelesness, emerging from matter and confused with it, in a genetic movement. Hands, mouths, concavities, cryptic spaces that store the secrets of oral history, dating back to before the invention of writing, which is shapeless and not set down in official manuals.

Manuel Rosa Da série Mãos /From the series Hands Gesso / Plaster Fotografia / Photography Vasco Célio, Stills


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Vista da exposição / Exhibition view, CIAJG A Morte de Ubu, João Louro Fotografia / Photography Vasco Célio, Stills

A MORTE DE UBU

JOÃO LOURO

CURADORIA / CURATED BY NUNO FARIA

Com A morte de Ubu, figura mítica criada em 1896 pelo escritor Alfred Jarry e cuja proverbial boçalidade a ergueu ao panteão dos anti-heróis da vanguarda, João Louro (Lisboa, 1963) convoca os tempos conturbados do modernismo pré Primeira Grande Guerra, em que a máscara do niilismo e do absurdo foi uma das mais eficazes respostas que artistas e poetas contrapuseram à insanidade do conflito armado que dizimou meia Europa. Sobretudo focado, nos seus últimos trabalhos, nas subterrâneas relações formais e semânticas entre modernismo e primitivismo, João Louro inaugura com esta intervenção uma pesquisa sobre o conceito de veneno, substância rica em significados e em predicados, para se focar na oposição entre duas conceções antagónicas do mundo: as sociedades contemporâneas, sedimentadas numa crença cega no progresso; as sociedades ditas primitivas ou arcaicas, em voluntário isolamento do mundo contemporâneo, que baseiam a sua existência numa relação de troca e de criterioso equilíbrio com aquilo que a terra oferece e com os outros seres vivos. Não são raras, nos meios de comunicação atuais, as imagens que mostram povos indígenas brandindo os seus arcos e lançando as suas flechas contra helicópteros ou avionetas que sobrevoam os seus territórios, invadindo e ameaçando os seus modos de vida. Estas imagens dão a medida de uma total desproporção de forças. O veneno, extraído de plantas ou animais a partir de um conhecimento profundo dos segredos do mundo natural, simboliza aqui a desesperada resistência dos povos indígenas face à sanha colonizadora das sociedades capitalistas, que, na demanda de um futuro que chegue rápido, tudo querem dominar, explorar e, em última instância, destruir. Em última instância, João Louro fala-nos de duas conceções do tempo e de duas éticas de existência radicalmente diferentes e constrói uma metáfora invertida – espécie de “feitiço que se vira contra o feiticeiro” – que na prática funciona como uma predição: o progresso, outrora erigido como solução para todos os males, é a praga que conduzirá a nossa extinção.

THE DEATH OF UBU The death of Ubu, is based on the mythical figure of Ubu, created in 1896 by the writer Alfred Jarry and whose proverbial goodwill led him to be included amongst the pantheon of avant-garde anti-heroes. With this work, João Louro (Lisbon, 1963) conjures up the troubled times of pre-WWI modernism, in which use, by artists and poets, of the mask of nihilism and the absurd was considered to be one of the most effective responses against the insanity of the armed conflict that went on to decimate half of Europe. In his most recent works, João Louro has focused on the subterranean formal and semantic relations between modernism and primitivism. With this intervention he inaugurates his research into the concept of poison, a substance that is rich in meanings and predicates, in order to focus on the opposition between two antagonistic conceptions of the world: contemporary societies, rooted in blind faith in progress, and so-called primitive or archaic societies, in voluntary isolation from the contemporary world, which base their existence on

a relationship of exchange and careful balance with that which the earth offers and with other living beings. Today’s media often shows us images of indigenous people brandishing their bows and arrows against helicopters or airplanes flying over their territories, invading and threatening their way of life. These images reveal a total disproportion of forces. In this case, poison - extracted from plants or animals, using profound knowledge of the secrets of the natural world - symbolises the desperate resistance of indigenous peoples to the colonising spirit of capitalist societies, which, in search of a rapidly-moving future, aim to dominate, exploit and ultimately destroy everything. João Louro essentially addresses two conceptions of time and two radically different ethics of existence, to construct an inverted metaphor - a sort of "spell turned against the sorcerer" that in practice functions as a prediction: progress, once heralded as the solution to all evils, is the plague that will lead to our extinction.

João Louro Pragas #01, 2019 Impressão sobre papel e acrílico / Print on paper and acrylic


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PONTO DE FUGA

Visita Performativa Criação Nuno Preto

2º CICLO EXPOSITIVO

A OFICINA

Produção Pedro Silva (Direção) Hugo Dias Nuno Ribeiro Técnica de Património Inês Oliveira Instalações Joaquim Mendes Rui Gonçalves Técnica Nuno Eiras Filipe Silva Ricardo Santos Sérgio Sá Direção de Cena "Noite Sónica" Helena Ribeiro Equipa de Montagens Carlos Lopes Paulo Castanheira Ricardo Dias Rúben Freitas Estágios Direção Artística Maria João Teixeira Flávia Carmagnanis Apoio Artistas Gabriela Simon Nuno Torres Colaboração Arquipélago - Centro de Artes Contemporâneas Ricardo Botelho Eletricista Torcato Ribeiro Pinturas e Reparações Super Requinte Conservação 20|21 Conservação e Restauro de Arte Contemporânea Infografia e Design Gráfico Eduarda Fontes Susana Sousa

Direção Artística João Pedro Vaz Coordenação Operacional Ricardo Freitas Codireção Artística e Internacionalização Rui Torrinha Programação Nuno Faria (CIAJG) Catarina Pereira (CDMG) Rui Torrinha (CCVF e Festivais) Fátima Alçada (Educação e Mediação Cultural) João Pedro Vaz (Teatro Oficina) Ivo Martins (Guimarães Jazz e Palácio Vila Flor) Assistente de Direção Anabela Portilha Assistentes de Direção Artística Cláudia Fontes Tiago Almeida (CIAJG) Educação e Mediação Cultural Carla Oliveira Celeste Domingues Daniela Freitas João Lopes Marisa Moreira Marta Silva Produção Pedro Silva (Direção Áreas Expositivas) Ricardo Freitas (Direção Artes Performativas e Festivais) Andreia Abreu Andreia Novais Hugo Dias Nuno Ribeiro Rui Salazar Sofia Leite Susana Pinheiro Técnica Carlos Ribeiro (Direção) Filipe Silva Helena Ribeiro (Direção de Cena) João Castro Nuno Eiras Ricardo Santos Sérgio Sá Serviços Administrativos / Financeiros Helena Pereira (Direção) Ana Carneiro Liliana Pina Marta Miranda Susana Costa Instalações Luís Antero Silva (Direção) Joaquim Mendes (Assistente) Jacinto Cunha Rui Gonçalves (Manutenção) Catarina Castro (Estagiária) Amélia Pereira Anabela Novais Carla Matos Conceição Leite Conceição Oliveira Rosa Fernandes Maria Conceição Martins Maria Fátima Faria (Manutenção e Limpeza) Comunicação e Marketing Marta Ferreira (Direção) Bruno Borges Barreto (Assessoria de Imprensa) Carlos Rego Susana Magalhães (Sites e Redes Sociais) Susana Sousa (Design) Eduarda Fontes (Design) Andreia Martins Cláudia Fontes Manuela Marques Jocélia Gomes Josefa Cunha Sylvie Simões (Atendimento ao Público) Património e Artesanato Catarina Pereira (Direção) Eduardo Brito (Museografia) Inês Oliveira (Gestão do Património) Bela Alves (Olaria)

© Paula Pacheco

A OFICINA

PÚBLICO GERAL E FAMÍLIAS DOMINGOS ÀS 17H00

ESCOLAS E GRUPOS SEGUNDAS ÀS 10H30 E 15H00

29 SETEMBRO 24 NOVEMBRO 15 DEZEMBRO

30 SETEMBRO 25 NOVEMBRO Marcações tlf. 253 424 700 mediacaocultural@aoficina.pt

Direção e Dramaturgia Nuno Preto, a partir de textos das edições do CIAJG Conceção Plástica Sara Vieira Marques Interpretação Ángela Diaz Quintela e Gil Mac Duração c. 90 min. Lotação 25 pessoas Público-alvo Maiores de 12 Preço 2,00 eur

OFICINAS CRIATIVAS OFICINA DE CONSTRUÇÃO DE MÁSCARAS Criação e Orientação Gonçalo Fonseca Público-alvo Maiores de 8

OFICINA DE MOVIMENTO E CONSTRUÇÃO DE TÓTEMES

OFICINA SENSORIAL

Público-alvo Maiores de 3

Público-alvo Maiores de 5

Criação e Orientação Melissa Rodrigues

A PARTIR DO PROCESSO CRIATIVO DE FRANKLIN VILAS BOAS Criação e Orientação João Terras

Duração 90 min. a 2 horas Lotação mín. 10 / máx. 25 pessoas Preço 2,00 eur

Direção Presidente Adelina Paula Pinto (Câmara Municipal de Guimarães) Vice-Presidente António Augusto Duarte Xavier Tesoureiro Maria Soledade da Silva Neves Secretário Jaime Marques Vogal Manuel Novais Ferreira (Casa do Povo de Fermentões) Conselho Fiscal Presidente José Fernandes (Câmara Municipal de Guimarães) Vogal Ricardo Costa (Taipas Turitermas, CIPRL) Vogal Djalme Alves Silva Mesa da Assembleia Geral Presidente Lino Moreira da Silva (Câmara Municipal de Guimarães) Vice-Presidente Manuel Ferreira Secretário Jorge Cristino (CAR - Círculo de Arte e Recreio)

Marcações tlf. 253 424 700 mediacaocultural@aoficina.pt Programa Vai e Vem: 1 visita orientada a um dos espaços + 1 oficina criativas nas escolas/instituições

Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG) Horário de funcionamento terça a domingo, 10h00-13h00 / 14h00-19h00 (últimas entradas às 12h30 e às 18h30) Tarifário 4 eur /3 eur Cartão Jovem, Menores de 30 anos, Estudantes, Cartão Municipal de Idoso, Reformados, Maiores de 65 anos, Cartão Municipal das Pessoas com Deficiência, Deficientes e Acompanhante / Cartão Quadrilátero Cultural desconto 50% / Entrada Gratuita crianças até 12 anos / domingos de manhã (10h00 às 12h30)

José de Guimarães International Arts Centre (CIAJG) Opening hours tuesday to sunday, 10.00am-1.00pm / 2.00pm-7.00pm (last visits 12.30am and 6.30pm) “Geometria Sónica” Projeto originalmente apresentado no Arquipélago - Centro de Artes Contemporâneas

Organização

Financiamento

“Carlos Bunga - Arquitetura da Vida“ Exposição originalmente apresentada no MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia

Cofinanciamento

Apoios

Tariffs 4 eur /3 eur Holders of the Cartão Jovem, Under 30 years, Students, Holders of the Cartão Municipal de Idoso, Reformados (Senior and Pensioner’s Card), Over 65 years, Handicapped patrons and the person accompanying them / Cartão Quadrilátero Cultural 50% discount / Free Entrance children until 12 years old / sunday morning (10.00 am to 12.30 pm)

WWW.CIAJG.PT


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