ATÉ 25 NOVEMBRO
TODO O ANO
ANN HAMILTON
TEORIA DAS EXCEÇÕES
SIDE-BY-SIDE CONTEXTILE 2018 - BIENAL DE ARTE TÊXTIL CONTEMPORÂNEA
ENSAIO PARA UMA HISTÓRIA NOTURNA COLEÇÃO PERMANENTE E OUTRAS OBRAS
Revelar grupos de trabalho inéditos ou menos conhecidos de artistas centrais do panorama artístico em Portugal, contribuindo assim para dilucidar e ampliar o conhecimento dos respetivos percursos, tem sido uma das estratégias de programação do CIAJG. Neste ciclo expositivo, em três novas e extensas exposições, especificamente produzidas para o espaço do Centro, lançamos um olhar retrospetivo sobre os anos iniciais do trabalho de João Cutileiro, altura em que, entre Londres e Évora, redefiniu a prática da escultura em Portugal; resgatamos do atelier de José de Guimarães um conjunto de pequenas esculturas nunca antes mostradas que desvelam uma rara prática experimental e processual; visitamos um dos mais secretos segmentos de trabalho ainda por conhecer como um todo, a produção em desenho de Rui Chafes – luminosa revelação de um imenso e denso universo de fantasmas e formas. One of the CIAJG’s central programming strategies has been to reveal hitherto unknown or lesser-known works by key artists from Portugal’s artistic panorama, thereby contributing to elucidating and broadening knowledge of their respective careers. In this exhibition cycle, comprising three new major exhibitions, specifically produced for the Centre’s spaces, we provide a retrospective look at João Cutileiro’s early works, produced between London and Évora, which
redefined the practice of sculpture in Portugal; we rescue a set of small sculptures from José de Guimarães’ studio which have never been exhibited before and reveal a rare experimental and procedural practice; we also visit one of the most secret segments of an oeuvre whose full contours are still to be revealed - Rui Chafes’ drawings - a luminous revelation of an immense and dense universe of ghosts and forms.
CIAJG
PISO 1 / SALAS #2; 4-6 E 8 | 1ST FLOOR / ROOMS #2; 4-6 AND 8
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Da série / From the series Cartago, 2002 Tinta acrílica e lápis de aguarela sobre papel / Acrylic paint and watercolour pencil on paper Cortesia do artista / Courtesy of the artist
Sem título/ Untitled, 1992 Grafite e aguarela sobre papel / Graphite and watercolour on paper Cortesia do artista / Courtesy of the artist
CURADORIA / CURATED BY NUNO FARIA
O CIAJG tem vindo a mostrar segmentos, por vezes extensos, do trabalho de José de Guimarães pouco ou nada conhecidos do grande público e mesmo do público especializado. Depois de Provas de Contacto (2014) onde se mostrava um conjunto de obras feitas através de processos de transferência da imagem (técnicas de gravura, stencil, etc.) e Pintura: Suites monumentais e algumas variações (2015), em que se procedia a uma revisão de várias fases do percurso em pintura do autor, organizamos, agora, Da dobra e do corte que reúne cerca de 170 peças, inéditas na sua maioria. Reúne-se um extenso grupo de esculturas em pequena escala, feitas em cartão e em papel – que, até hoje, permaneceram inéditas no atelier de José de Guimarães –, em diálogo com um notável e desconcertante conjunto de desenhos realizados sobre os mais diversos suportes e nas mais diversas técnicas. Trata-se de uma mostra que apresenta trabalho irredutivelmente experimental e processual, em que é notória a forma como a inteligência da mão se articula com uma total liberdade da imaginação, numa fluidez formal admirável. De facto, o autor parece mais uma vez ter construído um alfabeto de formas em materiais pobres, abstratas ou geométricas na sua grande maioria, figurativas em menor número. Com ou sem finalidade imediata, algumas das peças serviram como maquetas para trabalhos de escala pública, outras funcionaram como primeira abordagem a uma determinada configuração formal e outras, ainda, surgem como peças cuja escala é autossuficiente, não carecendo de ser ampliada. São peças que na origem estão próximas do gesto matricial do desenho, entendido enquanto projeto, mas que parecem também ter origem numa compulsão do fazer, entre o esquecimento do gesto e a memória do corpo.
INAUGURAÇÃO / OPENING 20 OUTUBRO / OCTOBER 2018
JOSÉ DE GUIMARÃES FOLDING AND CUTTING CARDBOARD MODELS AND WORKS Over recent years, the CIAJG has exhibited works, including extensive selections, from José de Guimarães’ oeuvre - that is relatively unknown to the general public and even to specialists. Contact Sheets (2014) featured a set of works produced using image-transfer processes (engraving, stencil techniques etc.). Painting: Monumental suites and some variations (2015), provided an overview of several stages in the artist’s career. We now present Folding and Cutting that brings together about 170 works, many exhibited for the first time. The exhibition includes a large number of small-scale sculptures - made from paper and cardboard, which, until today, had been kept in José de Guimarães' studio - in dialogue with a remarkable and bewildering set of drawings made using a wide array of media and techniques. The exhibition reveals an essentially experimental and procedural work, in which the artist’s manual intelligence is articulated with the complete freedom of his imagination, in an admirable formal fluidity. The artist once again seems to have constructed an alphabet of forms using simple materials, mainly abstract or geometric, but including a small number of figurative works. Some of the works have no immediate purpose, others served as models for large public works, others served as a first attempt to achieve a certain formal configuration while others have a scale that seems to be sufficient in its own right, without the need to be enlarged. These works seem to be linked to the underlying gesture of drawing, understood as a project, but also seem to have originated as a result of the artist’s inner drive to make things – halfway between the forgetfulness of the gesture and the memory of the body.
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PISO 1 / SALAS #1-8 | 1ST FLOOR / ROOMS #1-8
Sem título / Untitled, 1980 Tinta da china sobre papel (aerógrafo) / China ink on paper ( aerograph) Cortesia do artista / Courtesy of the artist
CURADORIA / CURATED BY NUNO FARIA
Obras de / Works by José de Guimarães, Franklin Vilas Boas, Rosa Ramalho, Pedro A.H. Paixão, Jaroslaw Fliciński e / and Arte Africana, Arte Pré-Colombiana e Arte Chinesa Antiga da Coleção de José de Guimarães African Art, Pre-Columbian Art and Ancient Chinese Art of the José de Guimarães Collection
Lógica circular, eterno retorno, repetição e diferença: a nova montagem da coleção permanente, vigente durante o ano de 2018, regressa ao mapa delineado pela exposição inaugural do CIAJG, Para além da História. Trata-se de prosseguir um projeto sem tempo plenamente consciente do tempo em que é realizado, afirmativamente contemporâneo sem ser exclusivamente constituído por objetos de arte contemporânea. A sua natureza é ser transversal, poroso, impuro, aberto e circular, procurando nexos, relações, permanências; por outras palavras, sonda o impercetível que o tempo histórico, tão marcado por uma memória seletiva e fatalmente grosseira, acaba por expurgar. É um projeto que recoloca o objeto – considerado como uma entidade que existe além da sua objetualidade – no centro da relação percetiva. Voltar a olhar para determinados objetos que nos são estranhos ou familiares, longínquos ou próximos, num contexto específico; considerar o poder mágico dos objetos, a energia que, para além da forma, corporizam e transportam no espaço e no tempo, é um dos reptos do projeto. Os objetos são convocados, reunidos e dispostos como constelações de energia, campos magnéticos, campos de tensão movidos por atração ou repulsa, que nos perturbam, emocionam ou interrogam com uma intensidade tanto mais forte quanto insondável. Teoria das Exceções é um livro do escritor e ensaísta francês Philippe Sollers. Como o título deixa adivinhar, trata-se de um mapeamento de alguns universos autorais, idiossincráticos e singulares, que se constituíram como momentos de rutura na história da literatura. Contudo, o título do livro tem um alcance mais longo, apontando e fazendo a teoria de uma espécie de paradoxo que é a possibilidade de sistematização daquilo que por natureza é excecional, descompassado ou afásico; daquilo que vem fora de um cânone. É nesta zona de sombra que se situam os chamados "autores malditos", mas também os autores anónimos, os loucos, os visionários, os excêntricos, aqueles que se deram aos insondáveis mistérios da escuridão – do significado, da forma, da palavra, etc. – e que se situam nas margens da grande narrativa da História. Não quer isto dizer que a História não registe ou inscreva as obras desses autores. Acontece que nessa narrativa surgem como intervalos, momentos inscritos a negativo, a contra-pêlo de uma conceção teleológica do tempo. São exceções que, a pretexto de não desmancharem uma trama legível, confirmariam, segundo a versão oficial, a lógica da história. Se colocadas lado a lado, constituiriam aquilo que se chamaria com propriedade uma História Noturna.
Pedro A.H. Paixão Mundo Flutuante (II) / Floating World (II), 2018 Modelo de gesso, com máscara Chokwe (Angola-Congo) e coluna audio, sobre tapete Malayer / Plaster sculpture, with Tchokwe mask (Angola-Congo) and speaker, on Malayer rug Fotografia por / Photograph by Vasco Célio_Stills
THEORY OF EXCEPTIONS ESSAY FOR A NOCTURNAL HISTORY PERMANENT COLLECTION AND OTHER WORKS Circular logic, eternal return, repetition and difference: The new format of the permanent collection, on display during 2018, returns to the structure that was initially defined by the CIAJG’s inaugural exhibition, Beyond History. This involves pursuing a timeless project that is fully aware of the epoch in which it is produced. It has a decidedly contemporary feel without being exclusively constituted by contemporary art works. The exhibition is transversal, porous, impure, open and circular. It seeks connections, relationships, and a sense of permanence. In other words, the exhibition probes the imperceptible elements that are ultimately expurgated from recorded history, which is always marked by a selective and fatally simplistic memory. The project repositions the object - considered as an entity that exists beyond its own objectuality at the heart of the perceptual relationship. Taking a new look at certain objects that seem strange or familiar, distant or near in a specific context. One of the project’s main challenges is to consider the magical power of objects - the energy that they embody and transport in space and time, beyond questions of form. Objects are convened, collected and arranged as energy constellations, magnetic fields and fields of tension propelled by forces of attraction or repulsion, which disturb, excite or question us with their strong and unfathomable energy. Theory of Exceptions is a book by the French writer and essayist, Philippe Sollers. As the title suggests, it maps out several idiosyncratic and singular authorial universe, which constitute points of rupture in the history of world literature. However, the book’s title has a longer reach, it traces and develops the theory of a special paradox - the possibility of systematizings things that by their very nature are exceptional, uncomplicated or aphasic; and thus lie outside any established canon. This shadowland habours so-called "accursed authors" and anonymous authors, the insane, visionaries and eccentrics, all those who have delved into the unfathomable mysteries of darkness – of meaning, form, word, etc. . - and lie on the margins of the great narrative of official History. This does not mean that History does not record or register the works by these authors. But in this official narrative they appear as intervals, moments that are seen as a “flip-side” to the main flow of events - a counterpoint to the teleological conception of time. They are exceptions that according to the official version of events confirm the logic of history, and therefore don’t undermine the overall legible narrative. When placed side by side, they would constitute what may be appropriately called a Storia Notturna, or Nocturnal History.
CIAJG
PISO 1 / SALAS #9-11 | GROUND FLOOR / ROOMS #9-11
INAUGURAÇÃO / OPENING 20 OUTUBRO / OCTOBER 2018
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João Cutileiro é, indiscutivelmente, um dos mais singulares artistas portugueses do século XX. Excessivo, jubiloso, generoso, o seu trabalho marcou decisivamente a paisagem artística e cultural em Portugal a partir do final dos anos 1950 e início dos anos 1960. A presente exposição ensaia uma espécie de cartografia celeste da geometria das relações, afetos e interações de que Cutileiro, espécie de astro solar, foi o ponto referencial e o campo magnético dessa energia. Constelação Cutileiro lança um olhar sobre a produção inicial do autor, entre Évora, Londres e Lagos, integrando escultura, desenho e fotografia. É, na sua maioria, composta por peças de João Cutileiro colocadas em diálogo com obras de outros autores, mais velhos, da mesma geração ou de gerações posteriores, que com ele conviveram e privaram, reunidas numa lógica conotativa de forças e não de formas. Assim escolhemos obras de uma ampla constelação de artistas como Júlio Pomar, António Charrua, Lourdes Castro, José Escada, Manuel Rosa, José Pedro Croft e Rui Chafes – algumas da coleção do próprio Cutileiro – como os belíssimos retratos do artista por Lourdes Castro e Charrua; os desenhos de nu por Manuel Rosa ou José Pedro Croft, realizados em residência no atelier de Cutileiro em sessões de trabalho coletivas no final dos anos 1970, princípio de 1980; outras gravitando em diferentes órbitas – como as peças escultóricas de Manuel Rosa, José Pedro Croft e Rui Chafes, cujos ecos processuais apontam afinidades evidentes ou surpreendentes. Trabalhando com materiais como o cimento fundido, o bronze, o ferro soldado, o gesso ou o mármore corroído com ácido, por exemplo, João Cutileiro abriu um modo novo de encarar a prática escultórica em Portugal, baseada numa abordagem performativa, iminentemente matérica, oscilando entre forma e informe, remetendo para motivos ou arquétipos da história ou da pré-história da escultura, num diálogo entre épocas e geografias diversas. As vénus do Paleolítico, a arte egípcia ou etrusca, Giacometti, Pompeia, a tradição da arte funerária ou a influência do surrealismo, marcam na obra do jovem artista uma prática extraordinariamente heteróclita, em que a radicalidade no uso dos materiais convive com uma inusitada audácia formal e estilística.
CURADORIA / CURATED BY NUNO FARIA E/AND FILIPA OLIVEIRA
João Cutileiro is undoubtedly one of Portugal’s most distinctive artists from the 20th century. Excessive, joyful, generous, his work has decisively marked the country’s artistic and cultural landscape since the late 1950s and early 1960s. This exhibition explores a celestial cartography of the geometry of relations, affections and interactions that orbit around Cutileiro, as the star at the centre of an energy-based magnetic field. Cutileiro Constellation casts a gaze over the artist's early works, produced between Évora, London and Lagos, encompassing sculptures, drawings and photography. It primarily consists of works by João Cutileiro placed in dialogue with works by other artists, including his predecessors, contemporaries and younger colleagues, who lived and shared experiences with him, united in a connotative logic of forces rather than forms. We have chosen works from a wide constellation of artists - such as Júlio Pomar, António Charrua, Lourdes Castro, José Escada, Manuel Rosa, José Pedro Croft and Rui Chafes - some from Cutileiro’s own collection – like the beautiful portraits of the artist by Lourdes Castro and Charrua; the nude drawings by Manuel Rosa or
CUTILEIRO CONSTELLATION
José Pedro Croft, produced in a residency in Cutileiro’s studio in group work sessions in the late 1970s, and early 1980s; others who gravitated in different orbits - such as the sculptures by Manuel Rosa, José Pedro Croft and Rui Chafes, whose procedural echoes suggest both evident and also surprising affinities. Working with materials such as ciment fondu Lafarge, bronze, welded iron, gypsum or acidetched marble, João Cutileiro has opened up a new way of looking at sculptural work in Portugal, based on a performative, imminently material, oscillating approach between forms and the shapeless, referring to motifs or archetypes from the history or prehistory of sculpture, in a dialogue between different epochs and geographies. The artist’s early work was extraordinarily heterogeneous, with multiple influences including Paleolithic Goddess statues, Egyptian or Etruscan art, Giacometti, Pompeii, the tradition of funerary art and the influence of surrealism. His radical use of materials coexists with an unusual formal and stylistic boldness.
João Cutileiro Ícaro, 1961 Brometo de prata / Silver bromide Escultura destruída / Destroyed sculpture Fotografia por / Photograph by João Cutileiro
CIAJG
PISO -1 / SALA #12 E 13 | LOWER FLOOR / ROOM #12 AND 13
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INAUGURAÇÃO / OPENING 08 DEZEMBRO / DECEMBER 2018 CURADORIA / CURATED BY DELFIM SARDO E/AND NUNO FARIA
O desenho é na obra de Rui Chafes o lugar do segredo e do intervalo. Surge normalmente em períodos de pausa, mais ou menos longos, na prática da escultura e desenvolve-se ao longo de todo o percurso do artista. Em Desenho sem fim lançamos um olhar retrospetivo sobre uma produção que começou de forma consistente em 1987 e que prossegue até aos dias de hoje. De diferentes formatos, sobre papéis diversos, realizados com materiais tão diversos, ortodoxos ou heterodoxos, quanto a grafite, o guache, o chá, o pó do atelier, o pólen de flores ou remédios vários, tais como o mercurocromo ou a tintura de iodo, feitos com uma linha no limite da visibilidade ou com manchas generosas que se expandem na folha de papel, o alargado e extenso conjunto de desenhos que reunimos para esta exposição oferece uma renovada visão do trabalho de um artista
essencialmente conhecido pela produção em escultura. Entre a escrita, o método, o pensamento ou o esquecimento, os desenhos de Rui Chafes são, por vezes, exercícios sistemáticos de criação de estruturas ou dispositivos de pensamento a partir de determinada forma e, outras vezes, visões de mundos orgânicos, de entidades vegetais, biológicas ou animais, em que a linha tem a capacidade de se transformar, ou desfazer, convocando forças xamânicas de cura e poderes propiciatórios e divinatórios. Naturalmente ligado aos acontecimentos da vida do artista, estes desenhos surgem como o resultado de uma sismografia, registando os seres, os lugares, as energias, os momentos de felicidade e de desgosto, os dias de frio e de calor, a memória e o desejo, fazendo emergir o passado à superfície do papel ou antecipando aquilo que está por vir.
RUI CHAFES ENDLESS DRAWING In Rui Chafes’ oeuvre, drawing occupies a place of secrecy and intervals. He usually starts to draw when taking a short or extended break from his sculpture work, but has produced drawings throughout his career. Endless Drawing provides a retrospective overview of an activity that began consistently in 1987 and continues to the present day. Exploring different formats and types of paper, and using diverse orthodox and heterodox materials, such as graphite, gouache, tea, studio dust, flower pollen or various remedies, such as mercurochrome or iodine tincture, his drawings consist of almost invisible lines or generous patches that expand across the sheet of paper. The large and extensive set of drawings shown in this exhibition offers a renewed vision of the work of an artist who is essentially known for his sculpture.
Rui Chafes Da série / From the series Unsaid, 2001 Lápis, tinta e medicamentos sobre papel Pencil, ink and medicines on paper Cortesia / Courtesy Fundação Carmona e Costa
Combining writing, method, thought and forgetfulness, Rui Chafes' drawings are sometimes systematic exercises in the creation of structures, or conceptual devices based on a specific form and, at other times, provide visions of organic worlds, vegetal, biological or animal entities, in which the contour has the capacity to transform or disappear, conjuring up shamanic healing forces and propitiatory and divinatory powers. Naturally linked to events in the artist's life, these drawings are like the results of a seismograph, registering specific beings, places, energies, moments of joy and disappointment, warm and cold days, memory and desire, making the past appear on the paper’s surface or anticipating things to come.
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PISO -1 / SALA #12 E 13 | LOWER FLOOR / ROOM #12 AND 13
Mais do que ser a formalização de uma exposição, Side-by-Side, projeto que Ann Hamilton concebeu, no âmbito da Contextile 2018 - Bienal de Arte Têxtil Contemporânea, para e a partir da Cidade de Guimarães, propõe e opera uma deslocação física e mental no tempo e no espaço. O projeto, que se estende por quatro lugares simbólicos de Guimarães – o Mercado, a Plataforma das Artes, sítio do antigo mercado, o Centro Internacional das Artes José de Guimarães e a Sociedade Martins Sarmento – institui-se, em primeira instância, como um desenho à escala da Cidade, cujo fôlego traz consigo a potência de atravessar o tempo, através da reativação da memória do passado no presente, e de transportar-nos à origem mesma, ao ponto de cisão que conduziu a uma nova forma de ver e viver o mundo, a chegada de um tempo que é caracterizado pelo desencontro e o esquecimento: forma e função, interior e exterior, tempo e lugar, passado e presente, infância e idade adulta, corpo e espírito, terra e mesa, objeto e imagem, canto e memória, silêncio e palavra, homem e animal. Side-by-Side fala-nos sobretudo de resistência (enquanto forma de existir) – uma voz interior, anónima, que transportamos, consciente ou inconscientemente, connosco. Essa voz é uma vocação, um modo de fazer ou de dizer, que herdámos (em palavras e em gestos). É um imperativo ético que se declina e que toma existência estética quando colocado no mundo, o espaço em que coincidimos e que partilhamos com os outros seres (humanos, animais, vegetais, minerais). É dessa existência estética que nos fala Ann Hamilton, na sua obra em geral e nesta ampla intervenção em particular. Um gesto, um objeto, uma palavra, um nome, uma imagem, estabelecem uma ligação, espoletam afetos, memórias, novos modos de ver e de conceber. Neste projeto, a artista faz conviver aquilo que potencialmente nos é mais familiar com algumas coisas que nos são estranhas. Qual a diferença entre o mercado e o museu? Entre homem e animal? Vida e morte? Na intersecção de dois planos, na definição da existência simultaneamente como limite e como expansão, é na pele que a artista definiu o foco desta instalação – a pele como primeira roupagem, como membrana que separa e une interior e exterior, a pele que cria o contacto e que inventa a sensibilidade, a primeira e mais ancestral forma de inteligência, contemporânea do som mas anterior à palavra. Na sua imensa generosidade, a instalação de Ann Hamilton supera o espaço físico (existe em expansão para além dos limites físicos da instituição), reinventa o espaço simbólico do museu e do mercado (sacraliza o mercado, laiciza o museu), desloca o eixo de perceção dos objetos, propõe reaprender a ver, através do toque, do som, do olfato, da imaginação.
ANN HAMILTON SIDE-BY-SIDE CONTEXTILE 2018 - CONTEMPORARY TEXTILE ART BIENNIAL Instead of constituting a mere formalisation of an exhibition, Ann Hamilton’s Side-by-Side, conceived in the framework of Contextile 2018 – Contemporary Textile Art Biennial, for, and from, the city of Guimarães, proposes and achieves a physical and mental displacement across time and space. The project is hosted in four symbolic locations in Guimarães - the Market, the Plataforma das Artes, located in the old market, the José de Guimarães International Arts Centre and the Sociedade Martins Sarmento. First and foremost, it resembles a drawing at the scale of the city, whose breath conveys the power to travel across time, through reactivation of memories of the past in the present, and transporting us back to our very origins, to the point of division that spawned a new way of seeing and living in the world, the arrival of an epoch characterised by mismatches and forgetfulness: form and function, interior and exterior, time and place, past and present, childhood and adulthood, body and spirit, earth and table, object and image, song and memory, silence and word, man and animal. Side-by-Side focuses on questions of resistance (as a form of existence) – an anonymous inner voice, that we consciously or unconsciously carry with us. This voice is a vocation, a way of doing or saying things, that we have inherited from others (through words and gestures). It is an ethical imperative that
finds its declination and aesthetic existence when placed in the world, in the space that we cohabit and share with other beings (humans, animals, plants, minerals). This aesthetic existence is explored in Ann Hamilton’s oeuvre in general, and in this wide-ranging intervention, in particular. A gesture, object, word, name, image, establish a connection, stimulate affections, memories, new ways of seeing and conceiving. In this project, she combines things that are potentially more familiar to us with others that we find strange. What is the difference between the market and the museum? Between man and animal? Between life and death? At the intersection of two planes, in the definition of existence as both a limit and a form of expansion, the artist uses this installation to focus on the skin - the skin as mankind’s first coat, as a membrane that separates and unites the interior and exterior, that creates contact and invents sensibility, the first and most ancient form of intelligence, that began with sound and existed prior to the word. In its immense generosity, Ann Hamilton's installation surpasses the physical space (it exists beyond the institution’s physical limits), and reinvents the symbolic space of the museum and market (by sacralising the market, and laicising the museum). It displaces the axis of perception of objects, and proposes that we relearn to see, through our senses of touch, sound and smell and the imagination.
Ann Hamilton Side-by-Side Fotografia por / Photograph by Thibault Jeanson
CIAJG
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“O CIAJG é uma instituição de convergência de culturas e civilizações aberta também aos criadores contemporâneos que se reveem nas valências culturais de todas as épocas. Tornar-se amigo do CIAJG significa participar na vida do Centro, acompanhar o seu desenvolvimento e viver as suas atividades. O apoio individual dos amigos do CIAJG é essencial para reforçar o seu reconhecimento nacional e internacional e sentir-me-ei muito feliz se puder contar com a sua adesão.” José de Guimarães, Amigo
O cartão AMIGO CIAJG foi criado para juntar a comunidade em torno de um projeto museológico sem fronteiras e que reúne objetos de diferentes culturas, tempos e lugares. Queremos que o CIAJG seja um ponto de encontro, um lugar sem limites para a reflexão, onde a única regra seja a do prazer de ver e de pensar, a liberdade de formar um pensamento próprio. Ambicionamos tornar o CIAJG um lugar de referência na cidade, na região, à escala nacional e internacional, e para atingir esse ambicioso objetivo precisamos de si. Bem-vindos ao CIAJG: um museu com a forma do mundo! REGALIAS Como forma de estímulo, o cartão Amigo CIAJG reserva várias regalias aos seus portadores:
A utilização do cartão é pessoal e intransmissível. O cartão deverá ser apresentado na bilheteira do CIAJG e sempre que solicitado.
WWW.CIAJG.PT
Nº:
Nome:
Válido até:
do CIAJG (nº1)
"Ser amigo do CIAJG é acreditar na capacidade transformadora da arte, é combater a resignação ou o conformismo, é pensar a política cultural como processo contínuo de depuração. O CIAJG tem sabido ser acervo de conhecimento, arte e memória, numa conceção organizada e sistemática que responde às exigências da contemporaneidade." Domingos Bragança, Presidente da Câmara
CIAJG FRIEND CARD The CIAJG FRIEND card has been created to build a community around a museum project without frontiers, that brings together objects from different cultures, times and places. We want the CIAJG to be a meeting place, a place without limits, that will foster reflection, where the only rule is the pleasure of seeing and thinking, the freedom to form our own thoughts. We aim to make the CIAJG a place of reference in Guimarães, the region, Portugal and internationally. We need you to help us achieve this ambitious goal. Welcome to the CIAJG: a museum shaped like the world!
• Entrada livre nas exposições do CIAJG; • 50% de desconto nas visitas orientadas às exposições do CIAJG; • Visita exclusiva com o Diretor Artístico do CIAJG para Amigos, por ciclo expositivo; • Museu Fora de Horas: encontros/leituras seguidas de conversa sobre questões de arte contemporânea; • Acesso gratuito às atividades para famílias do CIAJG, até ao limite da lotação disponível; • 10% de desconto em todas as compras na loja do CIAJG; • 25% de desconto na compra de edições do CIAJG; • Convites para as inaugurações, lançamentos de catálogos e outros eventos; • Envio de newsletters regulares sobre a programação do CIAJG; • Parque de estacionamento gratuito na Plataforma das Artes e da Criatividade, sempre que for visitar as exposições do CIAJG, num período máximo de 2 horas, condicionado à lotação do parque; • 50% de desconto nos espetáculos programados pela Oficina na Black Box do CIAJG; • Entrada livre nas exposições do Palácio Vila Flor. VALOR DA ANUIDADE CARTÃO AMIGO CIAJG - INDIVIDUAL 50,00 eur CARTÃO AMIGO CIAJG - FAMÍLIA 75,00 eur (pai, mãe e filhos)
Municipal de Guimarães, Amigo do CIAJG (nº2)
Para adquirir o cartão Amigo CIAJG basta preencher o formulário de adesão e entrega-lo na bilheteira do CIAJG ou envia-lo por correio para a morada: Centro Internacional das Artes José de Guimarães, Av. Conde Margaride, 175, 4810-535 Guimarães. O pagamento poderá ser efetuado em numerário (no momento da subscrição), através de cheque enviado por correio à ordem de “A Oficina, CIPRL”, ou através de referência multibanco a gerar no ato de subscrição. O seu cartão será emitido no prazo de uma semana, após confirmação do pagamento e enviado para a morada indicada no formulário. Para tornar mais cómodo o processo de adesão, o CIAJG disponibiliza-lhe ainda um formulário em www.ciajg.pt, que depois deverá ser submetido por e-mail para amigo@ciajg.pt. O cartão é válido por um ano a partir do momento da sua emissão e é renovável consoante intenção do portador. A utilização do cartão é pessoal e intransmissível. O cartão deverá ser apresentado na bilheteira do CIAJG e sempre que solicitado.
Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG) Horário de funcionamento terça a domingo, 10h00-13h00 / 14h00-19h00 (últimas entradas às 12h30 e às 18h30) Horário terça a domingo, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 19h00 (a última visita terá início até às 17h30) Público-alvo Maiores de 3 anos Duração c. 90 min. Lotação mín. 10 pessoas, máx. 25 pessoas Preço 1,50 eur a 2,00 eur (grupos escolares / instituições) e 4,00 eur a 5,00 eur (outros grupos) Marcação com, pelo menos, uma semana de antecedência, através e-mail mediacaocultural@aoficina.pt
Cá dentro existe um anão comido pelas formigas
Oficina Sensorial a partir do Processo Criativo do Artista Franklin Vilas Boas Criação e Orientação João Terras Público-alvo Maiores de 5 anos
Um grande segredo chamado museu
Oficina de Descoberta de Objetos e Construção de Segredos Criação e Orientação Juliana Sá Público-alvo Maiores de 6 anos
Horário terça a domingo Local CIAJG ou escolas/instituições Duração 90 min. a 2 horas Lotação 1 turma / 25 pessoas Preço 2,00 eur (grupos escolares / instituições) e 5,00 eur (outros grupos) Vai e Vem (1 visita ao CIAJG + 1 oficina na escola) 2,00 eur Marcação com, pelo menos, uma semana de antecedência, através do e-mail mediacaocultural@aoficina.pt
Corpo Tóteme
Oficina de Movimento e Construção de Tótemes Criação e Orientação Melissa Rodrigues Público-alvo Maiores de 3 anos
Desenhos escondidos
Oficina de Desenho Criação e Orientação Juliana Sá Público-alvo Maiores de 3 anos
José de Guimarães International Arts Centre (CIAJG) Opening hours tuesday to sunday, 10.00am-1.00pm / 2.00pm-7.00pm (last visits 12.30am and 6.30pm)
Nkisi e os Feitiços
Oficina de Construção e Coleção de Objetos Protetores Criação e Orientação Juliana Sá Público-alvo Maiores de 3 anos
Tarifário 4 eur / 3 eur Cartão Jovem, Menores de 30 anos, Estudantes, Cartão Municipal de Idoso, Reformados, Maiores de 65 anos, Cartão Municipal das Pessoas com Deficiência, Deficientes e Acompanhante / Cartão Quadrilátero Cultural desconto 50% / Entrada Gratuita crianças até 12 anos / domingos de manhã (10h00 às 12h30)
Horário terça a sábado Público-alvo alunos e professores de desenho Lotação máx. 1 turma / 25 pessoas Marcação com, pelo menos, uma semana de antecedência, através do e-mail mediacaocultural@aoficina.pt
Tariffs 4 eur / 3 eur Holders of the Cartão Jovem, Under 30 years, Students, Holders of the Cartão Municipal de Idoso, Reformados (Senior and Pensioner’s Card), Over 65 years, Handicapped patrons and the person accompanying them / Cartão Quadrilátero Cultural 50% discount / Free Entrance children until 12 years old / sunday morning (10.00 am to 12.30 pm)
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