Festivais Gil Vicente 2022 • 34.ª Edição

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TEATRO

02 — 11 JUN

2022

FESTIVAIS


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IN THIS NEW CYCLE IN THE LIFE OF THE GIL VICENTE FESTIVALS, THEATRE WILL CONTINUE TO HIGHLIGHT THE PLURALITY OF THE WORLD AND EXPLORE KEY STRUCTURING ISSUES THAT SHAPE OUR SOCIETY.

The 2022 edition will build on the momentum launched last year: different ways to imagine the end, in order to trigger new beginnings. We will be invited to enter a new global system whose relationship and experience with a specific regime of power will be achieved by means of a choice based on the right to vote once every five years. “Treatise, The Universal Constitution” is a stage play that risks outlining a new order and explores the unpredictable response of chaos to this new configuration. While Diogo Freitas’ stage play seems to be linked to the universal character of Gil Vicente’s oeuvre, Sara Inês Gigante’s “Massa Mãe” proposes to recover the material traditions that she cherishes so deeply. Her play poses several relevant questions: what is the genesis of the concept of Tradition? How does a tradition become a habit or a custom? How is any tradition influenced by the power of time?

After thinking about our origins, we arrive at “Limbo” – written and performed by Victor de Oliveira, a Mozambican artist based in Paris who spent much of his childhood in Portugal. “Limbo” questions the disputes of collective memory and the experiences of growing up in an uncertain setting, on an axis between auto-fiction and social fiction. This apparently unpleasant place (the limbo) is also explored in the second part of the Festivals by auéééu, which brings the world of Jean-Luc Godard to the stage, inspired by his 1963 film, “Contempt”. It launches a provocative question: how can a sentiment, whose very nature is governed by lack of appreciation or consideration for someone or for something, become aesthetic, beautiful and interesting? One of the possible answers to the above questions is perhaps given by the final two plays of this year’s edition, in which the power of women responds in an intelligent, firm and fearless manner to the

oppressive, patriarchal environment. “Another Rose” by Sofia Santos Silva (winner of the Amélia Rey Colaço Scholarship) projects a dialogue between the East and West from a specific context - the Gulabi Gang, a group founded by women in response to systemic violence and widespread discrimination in a society based on patriarchal practices and customs that tend to trivialise violence against women. “Ainda Marianas” (Still Marianas), created by Catarina Rôlo Salgueiro and Leonor Buescu, is based on the book “As Novas Cartas Portuguesas” (The New Portuguese Letters) by Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta and Maria Velho da Costa, a key reference of feminist literature, which celebrates its 50th anniversary in 2022. The new places that we seek to build in our society also require a clearer and more contextualised understanding of our past. Rui Torrinha


NESTE NOVO CICLO DE VIDA DOS FESTIVAIS GIL VICENTE, A PLURALIDADE DO MUNDO VAI CONTINUAR A MANIFESTAR-SE ATRAVÉS DO DISPOSITIVO TEATRAL E INTERPELAR-NOS ACERCA DE QUESTÕES DE FUNDO QUE ORGANIZAM A NOSSA SOCIEDADE.

A abrir esta edição de 2022, seguimos o lastro lançado na anterior: formas de imaginar o fim para desencadear outros começos. Seremos convidados a entrar num novo sistema mundial cuja relação e vivência com um determinado regime de poder será feita pela escolha através do voto a cada cinco anos. “Tratado, A Constituição Universal” é uma peça que arrisca uma nova ordem e uma imprevisível resposta do caos a essa nova configuração. Se por um lado a peça de Diogo Freitas parece ligar-se ao carácter universal da obra de Gil Vicente, já “Massa Mãe” de Sara Inês Gigante propõe o resgate das tradições matéria que tanto lhe era cara. Em palco surgirão questões relevantes: como nasce o conceito de Tradição? O que torna um hábito ou um costume, uma tradição? Qual o poder do tempo numa tradição? A partir do pensamento sobre a origem chegamos a “Limbo”. Peça da autoria e interpretação de Victor de Oliveira, criador moçambicano

radicado em Paris e com anos de crescimento em Portugal, que questiona as disputas da memória coletiva e as experiências de crescer na indefinição, num eixo entre a autoficção e a ficção social. Esse lugar aparentemente desagradável (limbo) segue em especulação na segunda parte dos Festivais pelos auéééu, que trazem Jean-Luc Godard para cena, tendo como inspiração o seu filme de 1963,“O Desprezo”, para lançar a provocação: como se pode tornar estético, bonito e interessante um sentimento cuja natureza se rege pela falta de apreço ou consideração por alguém ou alguma coisa? Talvez uma das possíveis respostas à pergunta acima formulada possa ser dada pelas duas peças que fecham esta edição, onde o poder da mulher responde de forma inteligente, firme e destemida ao contexto patriarcal e opressor. “Another Rose” de Sofia Santos Silva (obra vencedora da Bolsa Amélia Rey Colaço) projeta um diálogo

entre a realidade oriental e ocidental a partir de um contexto particular, o Gulabi Gang, grupo fundado por mulheres como resposta à violência sistémica e discriminação generalizada de uma sociedade assente em práticas e costumes patriarcais que banalizam a violência sobre as mulheres. Sobre esse combate nunca fechado contra a violência e censura, surge o espetáculo “Ainda Marianas”, criação de Catarina Rôlo Salgueiro e Leonor Buescu a partir do livro “As Novas Cartas Portuguesas” de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa. Uma obra essencial do feminismo, que em 2022 faz 50 anos. Os novos lugares que procuramos construir em sociedade também passam por um entendimento mais claro e contextualizado sobre o nosso passado.

Rui Torrinha


FESTIVAIS GIL VICENTE

ASSINATURA GERAL [todos os espetáculos] 30,00 eur

ASSINATURA 3 ESPETÁCULOS [à escolha] 15,00 eur

PREÇOS COM DESCONTO (C/D)

Cartão Jovem, Menores de 30 anos e Estudantes Cartão Municipal de Idoso, Reformados e Maiores de 65 anos Cartão Municipal das Pessoas com Deficiência; Deficientes e Acompanhante Sócios do CAR – Círculo de Arte e Recreio _ Cartão Quadrilátero Cultural_desconto 50%

VENDA BILHETES

oficina.bol.pt Centro Cultural Vila Flor Centro Internacional das Artes José de Guimarães Casa da Memória Loja Oficina Lojas Fnac, El Corte Inglés, Worten Entidades aderentes da Bilheteira Online

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Qui 2— 21h30 CCVF

Tratado, A Constituição Universal Diogo Freitas

[Estreia absoluta]

Sex 3 — 21h30 CCVF

Massa Mãe Sara Inês Gigante

[Estreia absoluta]

Sáb 4 — 21h30 CIAJG

Limbo Victor de Oliveira

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Qui 9 — 21h30 CCVF

O Desprezo auéééu Sex 10 — 21h30 CCVF

Another Rose Sofia Santos Silva

[Espetáculo vencedor da 4ª Bolsa Amélia Rey Colaço]

Sáb 11 — 21h30 CIAJG

Ainda Marianas Catarina Rôlo Salgueiro, Leonor Buescu / Os Possessos


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QUINTA-FEIRA 2 JUNHO, 21H30

TRATADO, Os Festivais Gil Vicente abrem a edição de 2022 com a estreia de “Tratado, A Constituição Universal”, o último espetáculo do ciclo “Democracia e os anos 90”, da Momento - Artistas Independentes. Nos Estados Democráticos Unidos, cada Estado é governado por um diferente tipo de regime, lá os conceitos de naturalidade e migração não existem. A cada cinco anos é realizado o Dia Internacional do Voto, onde todos os cidadãos são convocados às urnas. A partir daí, cada cidadão viverá nos próximos cinco anos no Estado correspondente ao ideal expresso através do voto. Um mês depois, a mudança automática de emprego é realizada, a mudança para o novo Estado é feita, o conceito de família é dispensado. Mas o caos instala-se quando a rivalidade entre os Estados toma proporções incontornáveis e o Grande Estado Conservador proíbe os cidadãos de comparecerem ao Dia Internacional do Voto. CCVF / GRANDE AUDITÓRIO FRANCISCA ABREU

Fotografias Simão do Vale Africano © 2021

The 2022 edition of the Gil Vicente Festivals will open with “Treaty, The Universal Constitution”, which is the final play in the cycle, “Democracy and the 90s”, by Momento - Independent Artists. In the United Democratic States, each state is governed by a different type of regime, where concepts of birthplace and migration do not exist. International Voting Day is held once every five years, where all citizens are summoned to vote. After the votes are cast, each citizen will live for the next five years in the State that corresponds to the ideal expressed in their vote. One month later, they automatically change job and move to the new state. The concept of family is dispensed with. But chaos ensues when the rivalry between states acquires impossible proportions, and the Great Conservative State bans citizens from attending International Voting Day.

[ESTREIA ABSOLUTA]

A CONSTITUIÇÃO DIOGO FREITAS UNIVERSAL


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Criação e Encenação Diogo Freitas Dramaturgia e Assistência de Encenação Filipe Gouveia Interpretação Genário Neto, Inês Fernandes, Maria Teresa Barbosa e Pedro Barros de Castro Texto Filipe Gouveia, Genário Neto, Inês Fernandes, Maria Teresa Barbosa, Pedro Barros de Castro Sonoplastia e Desenho de Som Cláudio Tavares Desenho de Luz Pedro Abreu Produção Executiva Ruana Carolina Acompanhamento Fotográfico Simão do Vale Africano Fotografia de Cartaz Tiago Coelho Designer Gráfico e Gestão de Redes Sociais Caroline Torres Operação de som Carolina Elvira Teaser Os Fredericos Produção Momento - Artistas Independentes Coprodução Centro Cultural Vila Flor, Teatro Municipal de Bragança, Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão, Teatro Nacional São João Residência de Coprodução O Espaço do Tempo Residências Artísticas Teatro Viriato, Centro de Criação de Candoso, CRL-Central Elétrica Apoio Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão Agradecimentos Formiga Atómica, AGON, Teatro Universitário do Porto Financiamento às Residências Artísticas no Teatro Viriato e no Centro de Criação de Candoso Fundação Calouste Gulbenkian _ Duração 80 min. Maiores de 14 Preço 7,50 eur / 5,00 eur c/d

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Um espetáculo de teatro que propõe uma reflexão sobre os ciclos da vida, da política e da história; sobre a urgência de repensar um tratado à Humanidade, sobre os assuntos que pensamos poder alcançar; mas também sobre o amor. Porque, tal como tudo é política, também tudo é amor. Um espetáculo escrito a partir de cartas escritas e nunca enviadas; cartas nunca lidas a alguém ou algo que já não está cá; receitas que nos fazem questionar se vamos lá com o q.b. (quanta baste); rezas sobre a necessidade de ordem; liberdades descritas; dicionários e, claro, a constituição – que será a base de todo o conceito. Um espetáculo onde até o próprio público pode decidir o rumo da ação – não estivéssemos nós num sistema democrático. Quatro jovens sabem que a humanidade acabará ali. São os últimos da sua espécie – espécie essa que não terá continuidade. No entanto, agarram-se à fé (não fôssemos nós os únicos animais que a têm). Então, decidem registar a humanidade, para a prosperidade. Nesse registo cabe tudo: cabem eventos históricos, recriações, trechos

pessoais, etc. Enfim, um registo que resumirá o que é isto da “Humanidade”, das relações que temos uns com os outros, do amor, do poder. Talvez uma nova espécie, ou até mesmo outros de nós, consigam perceber onde errámos e tentar não cometer os mesmos erros. Talvez… Surgem rapidamente várias questões: quem conta a história? Quem faz de fascista? O que ou quem iremos apagar da história? O que decidimos contar? O que devemos recriar?

TEATRO

TAL COMO TUDO É POLÍTICA, TAMBÉM TUDO É AMOR. [...] [...]


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Como o contaremos? Com entretenimento? Num sketch tipo publicidade ou novela? Qual é a nossa urgência? E como temos esta necessidade de colocar alguém sempre no poder: quem é este “Deus”? Uma árvore? Eu? A senhora do correio? O senhor do pão? A senhora da cafetaria que, às sete da manhã, já está a tirar cafés? Uma flor? O meu cão quando chego a casa? O meu amor? O meu marido? O orgasmo? Uma coisa é certa, estas quatro pessoas que já perderam o futuro parecem concordar numa só coisa: Se

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corifeu. Um corifeu representado pelo próprio dramaturgo, que lidera os quatro corpos ao vivo. A conclusão a que chegamos é muito simples: somos uma grande didascália. Somos uma grande didascália. Em suma, este espetáculo é sobre nós, sobre o Humano, sobre o político, sobre o amor – claro, não fosse essa a nossa grande sina. Mas também sobre uma mulher que não quer ser mãe. Sobre a sexualidade. Sobre corpos que procuram Deus. Sobre Procurar – este espetáculo mais do que ser, é procurar… talvez fosse isso

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complementada pelas improvisações e criações dos intérpretes, focando-se nos mecanismos de manipulação e no discurso populista. O ciclo fecha-se num espetáculo escrito em cocriação; em simultâneo com as improvisações e criações textuais dos intérpretes. Um espetáculo que pretende mostrar um objeto dramatúrgico fresco, novo e verdadeiro; muito nosso, disso temos a certeza. Assim, tudo e todos são texto, são dramaturgia, são poesia – sem romantizar, por favor. Uma espécie de epopeia moderna que, seguindo a lógica dos dois espetáculos anteriores, mais do que responder, quer colocar questões. Quer relembrar-nos que só estamos vivos porque pensamos: “penso, logo existo”. E que é o nosso pensamento e raciocínio ativo que fazem o mundo andar. Pelo menos, o mundo como o conhecemos hoje.

Diogo Freitas

não conhecermos a história, podemos perder o futuro. Seja a história da humanidade ou a sua história de vida, pessoal e intransmissível. Tudo é amor. Tudo é política. E num cenário apocalíptico pós-guerra em que nem há consenso sobre o dia exato em estão, não há nada melhor do que fundar dias internacionais. Muros serão novamente levantados. Bandeiras serão novamente hasteadas. Jogos são propostos. Comemorar o fim da vida e da humanidade com o Dia Internacional da Memória ou o Dia Internacional da Noite. Mais memórias serão criadas noite adentro… Afinal, sem memórias, o que somos nós? Festejemos. É uma festa! Façamos silêncio. Não falemos. Deixemos isso para o coro. Um coro digital, um painel que surge como ponto de situação e que pode, muitas vezes, ser confundido com esse líder que estamos sempre à procura. O líder de um grupo pode ser uma máquina? Ouvimos ao longe “Eles comem tudo e não deixam nada.” Um

que Shakespeare queria dizer com a célebre frase “to be or not to be”. É sobre celebração, sobre brindes que ficarão por fazer e despedidas que ficarão por fazer. Bocas que ficaram por beijar. Sobre lugares-comuns. Sobre bombas que caem e nós não ouvimos. Sobre este nosso e imenso fado. Sobre a profunda tristeza que arrasta o ser humano. Sobre o não ficarmos à espera. Enfim, sobre uma geração – anos 90 – que diz: “Hoje tudo é teu. Talvez ainda te lembres de mim.” “Tratado, A Constituição Universal” fecha o ciclo de três espetáculos com o mote “Democracia e os anos 90”, seguido por “Democracy has been detected” e “Como Perder um País” que estrearam em 2020 e 2021, respetivamente. “Democracy Has Been Detected” surgiu com uma etapa de escrita pós-improvisações, focandose na inteligência artificial e nas vantagens e desvantagens de termos um líder robot AI. Já “Como Perder um País” surgiu como proposta escrita

A stage play that proposes a reflection on the different cycles of life, politics and history; based on the urgent need to conceive a new treaty for Humanity, focusing on the issues that we think we can attain; and also about love. Because, just as everything is ultimately a question of politics, it is also ultimately a question of love. The play is inspired by letters that have been written and never sent; letters that were never read to someone or something which is no longer here; recipes that make us question whether it’s sufficient to depend on “quanta baste” (season to taste); prayers about the need for order; description of freedoms; dictionaries and, of course, the Constitution – which underpins the entire concept. Even the members of the audience can decide the course of action – indeed, otherwise we wouldn’t be in a democratic system. Four young people who know that humanity is coming to an end. They are the last of their species - a species that will have no continuity. They nonetheless cling to their faith (perhaps we are the only animals to have this characteristic) and decide to record things for humanity, for prosperity. Their record encompasses everything - historical


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events, recreations, personal excerpts, etc. - that will summarise the essence of “Humanity”, about the relationships we have with each other, about love, about power. Perhaps a new species, or even others like us, will be able to see where we went wrong and try to avoid committing the same mistakes. Perhaps… Several questions rapidly arise: who will tell the story? Who will play the fascist? What or who will we erase from history? What will we decide to tell? What should we recreate? How should we tell the story? In an amusing manner? In a sketch reminiscent of a commercial or a soap opera? How urgent an issue is this? And since we always sense the need to put someone in power: who is this “God”? A tree? Myself? The postwoman? The baker? The lady from the cafeteria who is making coffee at 7 in the morning? A flower? My dog when I arrive home? My love? My husband? The orgasm? One thing is certain, these four people, who have already lost the future, seem to agree on one thing: If we don’t know our history, we may inevitably lose the future. Whether it’s the history of humanity or our own, personal and non-transferable, life story. Everything is love. Everything is politics. And in an apocalyptic post-war scenario where there is no consensus on the exact date of each day, there is nothing better than to invent international days. Walls will once again be raised. Flags will be hoisted again. Games will be proposed. To commemorate the end of life and humanity by means of the International Day of Memory or the International Day of the Night. More memories will be created as the night progresses… After all, if we have no memories, who are we? Let’s celebrate. Let’s have a party! Let’s be silent. Without talking. Let’s leave that to the choir. A digital choir, a panel that emerges as a situational point and that can often be confused with the leader we are always looking for. Can a group leader be a machine? We hear someone comment in the distance “They eat everything and leave nothing.” A coryphaeus. A coryphaeus represented by the playwright himself, who leads the four bodies in a live performance. We reach a simple conclusion: we are a great didascalia. We are a great didascalia. In short, this stage play is about us, about Humanity, about the political, about love – of course, if that wasn’t our great fate – and it is also about a woman who doesn’t want to be a mother. About sexuality. About bodies that seek God. About Searching – this play is more than just a question of being, it’s about searching… maybe that’s what Shakespeare meant with his famous phrase “to be or not to be”. It’s about celebration, about toasts and farewells that were never given. Mouths that were never kissed. About com-

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monplaces. About bombs that fall, which we never hear. About our immense fado. About the profound sadness that weighs down upon the human being. About not waiting. Finally, about a generation – of the 1990s – which affirms: “Today everything is yours. Perhaps you will still remember me.” “Treatise, The Universal Constitution” closes the cycle of three shows dedicated to the theme, “Democracy and the 1990s”, in the wake of “Democracy has been detected” and “How to lose a Country” that premiered in 2020 and 2021, respectively. “Democracy Has Been Detected” engendered a post-improvisation writing stage, focusing on artificial intelligence and the advantages and disadvantages of having an AI-powered robot leader. “How to lose a Country” emerged as a written proposal complemented by the improvisations and creations of the performers, focusing on mechanisms of manipulation and populist discourse. The cycle now concludes with a stage play written in co-creation; simultaneously with the improvisations and textual creations of the performers. It is a show that aims to reveal a fresh, new and true dramaturgical object; which we are sure is very much our own. Everything and everyone is text, dramaturgy, poetry – please refrain from the romantic flourishes. It is a kind of modern epic that, following the logic of the two preceding plays, aims to pose questions rather than offer answers. It tries to remind us that we are only alive because we think: “I think, therefore I am”. It is our active thinking and reasoning that makes the world go round. At least the world as we know it today.

Diogo Freitas

TEATRO

JUST AS EVERYTHING IS ULTIMATELY A QUESTION OF POLITICS, IT IS ALSO ULTIMATELY A QUESTION OF LOVE [...] [...]


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TEATRO

SEXTA-FEIRA 3 JUNHO, 21H30

MASSA Em “Massa Mãe” encontramos uma gaiata a esmiuçar parte da sua identidade – a que está bordada com corações minhotos. Esta minhota puxará a brasa à sua sardinha, mas também irá preparar terreno para tirar nabos da púcara. Vamos até ao tempo da Maria Cachucha brindar com vinho verde enquanto acertamos agulhas, que parece haver um ou outro empecilho ainda em banho-Maria. Não é tudo farinha do mesmo saco, mas quase tudo do saco desta minhota que já em garota falava pelos cotovelos, mas isso… são outros quinhentos. Há tradições (ou convenções?) a dar c’um pau, e umas não são grande espiga, outras andam aí vivaças da silva e com saúde de ferro. A verdade é que todos comemos do pão que o diabo amassou e ainda lambemos os beiços a seguir. Mas hoje é esta minhota que amassa a broa. Bom apetite.

CCVF / PEQUENO AUDITÓRIO

In “Massa Mãe” (Mother Dough) we find a “gaiata” (youngster) who describes part of her identity –embroidered with Minho-style hearts. This artist from the Minho will “puxar a brasa à sua sardinha” (toot her own horn) and prepare the ground to “tirar nabos da púcara” (draw blood from a stone). Let’s travel back to the time of Maria Cachucha to make a toast with some vinho verde wine, while we get into synch, which seems to involve one or two obstacles still left on the back burner. It’s not all “farinha do mesmo saco” (of the same ilk), but almost everything from the bag of this artist from the Minho, who even as a young girl already “falava pelos cotovelos” (could talk the hind leg off a donkey) ... but that’s a whole other story. There are traditions (or conventions?) that go hand in hand. Some are no “grande espiga” (big deal), others are brimming with life and in good health. The truth is, we all eat the bread that is kneaded by the devil and lick our lips afterwards. But today it is this Minho artist who will be kneading the bread. Enjoy your food.

Fotografias © Pedro Azevedo

SARA INÊS GIGANTE

[ESTREIA ABSOLUTA]

MÃE


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Criação e Interpretação Sara Inês Gigante Apoio à Criação Maria Luís Cardoso Música e Interpretação Musical Carolina Viana Colaboração Dramatúrgica Tiago Jácome Apoio pontual no processo criativo Rafael Gomes Cenografia F. Ribeiro Figurinos Ângela Rocha Confeção de Figurinos Aldina Jesus Desenho de Luz Gonçalo Carvalho Produção Executiva e Comunicação Bernardo Carreiras Design Gráfico Pedro Azevedo Residência de coprodução O Espaço do Tempo, DeVIR CAPa, 23 Milhas Apoios/Coproduções Centro Cultural Vila Flor, Teatro José Lúcio da Silva, CAL - Primeiros Sintomas, CDV - Teatro Municipal Sá de Miranda, Teatro Municipal Baltazar Dias, Centro de Artes do Espectáculo de Portalegre, Polo Cultural das Gaivotas, Companhia Olga Roriz Apoio Financeiro DGArtes - Ministério da Cultura Agradecimentos Sofia Gigante, Ana Maria Carvalho, Joana Rodrigues, Miguel F. _ Duração 80 min. Maiores de 16 Preço 7,50 eur / 5,00 eur c/d

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Desafiei-me a trazer a palco o que raio é isto de ser minhota, de ter o coração na boca, de ser a serigaita que arrebita quando ouve uma concertina, ou este orgulho incontrolável de me gabar do vinho da família dos Gigantes. Encontrei nesta mixórdia de amores muitos desamores, que é como quem diz que aquilo que me constrói, também me constrange. Sabemos que este dilema é mais velho que a Sé de Braga, mas calhou-me a fava, pois sou artista mas também filha de tradições populares e Páscoas em que se anda de casa em casa a comer e a beber à fartazana ao som de bombos e foguetes. A verdade é que nem que chovessem canivetes, era sobre isto que eu queria falar agora. Talvez seja este o meu calcanhar de Aquiles: ser minhota, vestir o traje à lavradeira, e arrepiar-seme a espinha de nostalgia quando vejo um galo de Barcelos (e o perigo que esta acarreta!).

TEATRO

I challenged myself to try to make a stage play about what on earth it means to be from Minho, a serigaita (a spirited young lass), with her heart in her mouth, who leaps up whenever she hears a concertina playing, or this uncontrollable pride of bragging about the wine of the Gigantes family. In this mix of different passions I encounter many disaffections, which is like saying that which builds me up, also constrains me. We know that this dilemma is older than Braga Cathedral itself, but now it’s my turn, since I am an artist and also the daughter of popular traditions and Easter celebrations, in which people go from house to house eating and drinking to the sound of drums and rockets. The truth is that even if it were raining canivetes (pocketknives), that’s what I wanted to talk about now. Perhaps that is my Achilles heel: being from the Minho, wearing the outfit of a lavradeira (country labourer), I feel a nostalgic shiver down my spine when I see a Barcelos rooster (and all the danger that this entails!).


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Mas que raio de artista ou “mulher do Norte” seria eu, se não enfrentasse o touro pelos cornos? Veja-se que sou veemente anti-touradas, mas esta expressão encheu-se-me na boca, como tantas outras que nos entram pelos ouvidos adentro que nem propaganda. Pois com unhas e dentes, vou pôr a mão na massa em cada uma destas histórias que fazem parte da minha identidade, esmiuçá-las, e vou guardálas no espigueiro da minha biografia, que registo aqui e agora, em “Massa Mãe” - uma espécie de legado para os meus possíveis filhos e para quem mais o quiser guardar. A verdade é que além de ouvir, também gosto de tagarelar, mas como minhota que sou e tendo o carimbo da boa anfitriã, ofereço-vos além dos meus conflitos, uma tão faltosa festa e quem sabe um copo de vinho para brindarmos todos juntos porque como dizia a Tia Maria “a vida pode ser mesmo isto: uma festa em que brindamos todos juntos”. Sem papas na língua e antes que digam “pior a emenda que o soneto”, tentarei animar-vos com a minha história e outras que recolhi ao longo deste processo, temperadas à moda do Minho, ou melhor, à moda desta minhota.

POIS COM UNHAS E DENTES, VOU PÔR A MÃO NA MASSA EM CADA UMA DESTAS HISTÓRIAS QUE FAZEM PARTE DA MINHA IDENTIDADE [...] [...]

TOOTH AND NAIL, I WILL GET MY HANDS DIRTY IN EACH OF THESE STORIES, THAT FORM PART OF MY IDENTITY [...] [...]

Sara Inês Gigante


FESTIVAIS GIL VICENTE

But what kind of artist or “woman of the North” would I be, if I didn’t seize the bull by the horns? You can see that I am vehemently anti-bullfighting, but I have embraced this expression, like so many others that enter our ears, as if they were propaganda. Tooth and nail, I will get my hands dirty in each of these stories, that form part of my identity and break them down. I’m going to store them in the granary of my biography, which I record here and now, in “Massa Mãe” - a kind of legacy for my possible children and for anyone else who wants to maintain it. The truth is that in addition to listening, I also like to chat, but as a woman from the Minho, I am proud of being a good hostess, and I offer you, in addition to my conflicts, a dearly-missed festivity and perhaps a glass of wine to make a toast together, because as my Aunt Maria used to say, “this is what life can be: a party where we all toast together”. Without saying anything and before they say “pior a emenda que o soneto” (the cure would be worse than the disease), I will try to cheer you up with my story and others that I have collected throughout this process, seasoned in Minho-style, or rather, in the style of this Minho woman.

Sara Inês Gigante

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SÁBADO 4 JUNHO, 21H30

LIMBO Considerado um dos espetáculos mais marcantes de 2021 pelo jornal Público, “Limbo” questiona os conflitos de identidade dos mestiços (Mulatos) e os horrores da colonização e da política de hierarquia de raças, para perceber o lugar que ocupam, atualmente, os afrodescendentes nas antigas potências colonizadoras europeias. “Limbo” é acima de tudo um questionamento íntimo. Victor de Oliveira nasceu na cidade de Maputo, em Moçambique, passou a adolescência em Portugal e vive atualmente em Paris. Neste monólogo, parte da sua própria experiência de vida para tentar compreender por que razão a disparidade entre brancos e negros é ainda abissal e os problemas são ainda relativamente os mesmos.

CIAJG / BLACK BOX

Considered to be one of the most outstanding stage plays of 2021 by the Público newspaper, “Limbo” questions the identity conflicts of mestiços (mulattos) and the horrors of colonisation and the politics of racial hierarchy, to understand the place that Afro-descendants currently occupy in the former European colonial powers. “Limbo” is above all a form of intimate questioning. Victor de Oliveira was born in Maputo, Mozambique. He spent his adolescence in Portugal and currently lives in Paris. In this monologue, he starts with his own life experience to try to understand why the disparity between whites and blacks is still abysmal and the problems remain relatively the same.

Fotografias © Direitos Reservados

VICTOR DE OLIVEIRA


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Conceção e interpretação Victor de Oliveira Música e operação de som Ailton Matavela (TRKZ) Desenho e operação de vídeo Eve Liot Desenho e operação de luz Diane Guérin Colaboração dramatúrgica Marta Lança Assistência de encenação Miranda Reker Produção En Votre Compagnie – Paris Coprodução Teatro do Bairro Alto – Lisboa, Théâtre National de Bretagne – Rennes Apoios Roundabout.LX – Lisboa, Le 104 – Paris, La Colline Théâtre National – Paris, Le Grand T-Nantes _ Duração 75 min. Maiores de 12 Preço 7,50 eur / 5,00 eur c/d

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Limbo – Prisão ou lugar confinado (do latim medieval in limbo, na fronteira (do inferno). Limbo – Um lugar ou condição intermediária esquecida entre dois extremos. Limbo – Sítio onde as almas das pessoas não batizadas se reúnem, temporariamente, afastadas de Deus, até as mesmas serem redimidas do pecado original. Limbo – Um lugar imaginário para coisas ou pessoas perdidas, esquecidas ou não desejadas. Eu nasci em 1971 em Lourenço Marques, hoje Maputo, capital de Moçambique. Os meus pais são mestiços, nascidos e tendo vivido metade das suas existências em Moçambique. Os meus avôs são portugueses brancos e as minhas avós, uma negra moçambicana e outra mestiça indiana. Os meus bisavôs são judeus portugueses, moçambicanos

macondes, indianos de Goa e chineses de Cantão. Eu sou, o que se poderia chamar de um exemplo perfeito da mestiçagem moçambicana. Mas se hoje eu ergo essas diversas origens com orgulho, isso nem sempre foi assim. O lugar dos mestiços (Mulatos) no período colonial, e mesmo depois no Portugal pós-revolucionário, sempre foi muito problemático. Da mesma maneira que a colonização e a pós-colonização sempre foram um tabu

TEATRO


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em Portugal. De que maneira explicar a existência de uma “raça” desejada para fazer o que “os brancos não queriam fazer e que os negros não podiam fazer”? Que o seu pai ou avô foi para as colónias, ou porque era um condenado enviado, como milhares de outros, para “emprenhar” as negras e fazer nascer assim seres um pouco mais “inteligentes” que os negros, ou porque eles faziam parte dos cidadãos que queriam servir a nação, deixando para trás mulher e filhos em Portugal à busca de fortuna nas colónias? Esses pais e avós nunca chegaram a voltar para casa e, na sua grande maioria, acabaram por fazer dezenas de filhos,

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COMO É QUE SE VIVE SABENDO QUE A NOSSA EXISTÊNCIA SE DEVE A UMA “VONTADE POLÍTICA”? [...] [...]

Limbo – a prison or confined place (from medieval Latin - limbo, on the border (of hell). Limbo – A forgotten intermediate place or condition between two extremes. Limbo – Place where the souls of unbaptised people gather, temporarily, away from God, until they are redeemed from original sin. Limbo – An imaginary place for lost, forgotten, or unwanted things or people.

uns reconhecidos e outros não, com mulheres negras claro está, e tudo isto, ao que parece, em prol da gloria da nação. Como é que se vive sabendo que a nossa existência se deve a uma “vontade política”? Como é que se vive sabendo que enquanto mestiço eu tenho mais direitos que a minha própria mãe que é negra? Como é que se vive esse, “entredois”? Entre duas raças, entre duas culturas, entre duas línguas, entre dois países? Estas são algumas das questões que rodeiam o silêncio, que desenham o que não se ousa dizer, que criam o drama, pois trata-se de um drama, do drama de milhares de existências. Trata-se de algo de profundo, de extremamente complexo, e essa coisa que me escapa persegue-me o suficiente para que eu queira criar um espetáculo.

Victor de Oliveira

I was born in 1971 in Lourenço Marques, today called Maputo, the capital of Mozambique. My parents are mestizos. They were born and lived half of their lives, in Mozambique. My grandfathers are white Portuguese and my grandmothers are a black Mozambican and another Indian mestizo. My great-grandparents are Portuguese Jews, Makonde Mozambicans, Indians from Goa and Chinese from Canton. I am what could be called a perfect example of Mozambican miscegenation. But if today I proudly recall these diverse origins, this was not always the case. The place of mestizos (“Mulattos”) in the colonial period, and even later in post-revolutionary Portugal, was always very problematic. Colonisation and post-colonisation have also always been taboo subjects in Portugal. How can we explain the existence of a “race” that was desired to do what “whites didn’t want to do and blacks couldn’t do”? Whose father or grandfather went to the colonies, either because they were a convict who


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had been sent, like thousands of others, to “impregnate” black women and thereby give birth to beings who would be a little more “intelligent” than blacks, or because they were citizens who wanted to serve their nation, leaving behind a wife and children in Portugal to seek fortune in the colonies? These parents and grandparents never returned home and, for the most part, ended up having dozens of children, some of which were recognised and others not, with black women of course, and all this, it seems, for the sake of the glory of the nation. How can we live in the knowledge that our existence is due to a “political will”? How can we live in the knowledge that a mestizo such as myself has more rights than my own mother, who is black? How can this “in-between” live? Between two races, between two cultures, between two languages, between two countries? These are some of the questions that surround the silence, that design what one does not dare to say, that create drama, because it is a drama, the drama of thousands of existences. It is something profound, extremely complex, and this thing that escapes me haunts me sufficiently to make me want to create a spectacle.

HOW CAN WE LIVE IN THE KNOWLEDGE THAT OUR EXISTENCE IS DUE TO A “POLITICAL WILL”? [...] [...]

Victor de Oliveira


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QUINTA-FEIRA 9 JUNHO, 21H30

O DESPREZO Inspirados pelos filmes Le mépris e Weekend, de Jean-Luc Godard, os auéééu propõem-se pensar o sentimento de desprezo, esta ausência de consideração pelas relações que cultivamos nas nossas vidas, o exercício de poder dominante, a manutenção dos seres desprezados. O sentimento de desprezo pressupõe uma relação do olhar do outro sobre o ser desprezado – um olhar que o torna invisível, que renega ao primeiro gesto de humanidade pois não o reconhece como seu semelhante, que o reduz a uma insignificância e lhe retira existência – ou melhor, que lhe confere uma existência indiferente. O que nos diz este desprezo? O que nos diz acerca de quem despreza e de quem é desprezado? Que pensamento estruturante é revelado a partir dessa observação?

CCVF / PALCO DO GRANDE AUDITÓRIO FRANCISCA ABREU

Inspired by Jean-Luc Godard’s films Le Mépris and Weekend, auéééu propose to think about the feeling of contempt, this lack of consideration for the relationships we cultivate in our lives, the exercise of dominant power, the maintenance of beings for whom we feel contempt. This feeling of contempt presupposes a relationship of the gaze of the other towards the despised person - a gaze that renders the person invisible, that denies the first gesture of humanity, because it does not recognise him as a fellow man, reducing him to insignificance and removing him from existence - or rather, conferring an indifferent existence to him. What does this contempt reveal to us? What does it tell us about the despiser and the despised? What structuring thought is revealed from this observation?

Fotografias © Bruno Simão

AUÉÉÉU


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Criação e Produção auéééu Com Beatriz Brás, Frederico Barata, Filipe Velez, Joana Manaças, João Santos, João Silva e Miguel Cunha Apoio à criação Statt Miller e Francisco Salgueira (estagiário) Desenho de Luz Manuel Abrantes Cenografia Joana Sousa Figurinos Statt Miller Apoio à pesquisa David Antunes e Francisco Luís Parreira (Inúteis Conversas) Apoios DGArtes, República Portuguesa - Ministério da Cultura, Apoio Garantir Cultura, SPA/ AGECOP Coprodução Centro Cultural de Belém Residência de Coprodução O Espaço do Tempo e Centro Cultural Vila Flor Residência de Produção ProDança Agradecimentos às nossas famílias, ao Teatro da Politécnica, à Bibiana Mendes e ao Filipe Dominguez _ Duração 80 min. Maiores de 18 Preço 7,50 eur / 5,00 eur c/d

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Em “O Desprezo”, dos auéééu, encontram-se, como num campo de batalha, os filmes de Jean-Luc Godard (Le mépris e Weekend) com o célebre episódio narrado por José Ortega e Gasset, no qual um homem ilustre está às portas da morte, em sua casa. É nesta casa, trazida para o palco do CCVF, que está uma equipa de cinema moribunda, a fazer um filme que se inspira n’A Odisseia de Homero com o pretexto de captar o momento da morte desse homem ilustre. A equipa ficou reduzida a um técnico ingenuamente culto, por vezes certeiro, por vezes deslocado, um produtor imperador em busca do blockbuster de todos

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In “O Desprezo” (Contempt), by auéééu, we find, as if in a battlefield, the films of JeanLuc Godard (Le Mépris and Weekend) with the famous episode narrated by José Ortega and Gasset, in which an illustrious man is at death’s door, in his house. It is in this house, brought to the stage of the CCVF, that a dying film team is making a film inspired by Homer’s Odyssey, with the pretext of recording the moment of death of this illustrious man. The team was reduced to a naively cultured technician, sometimes accurate, sometimes out of place, an emperor/producer in search of the blockbuster of all time, a divine director who came down to earth to see us die/dying a life that is infinitely more beautiful than an Alfa Romeo Spider 2600 engine, an actress who has been taking care of a man she doesn’t know for several


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os tempos, um realizador divino que desceu à terra para nos ver (a) morrer uma vida que é infinitamente mais bela do que um Alfa Romeu Spider 2600 de cilindrada, uma atriz que está há vários meses a cuidar de um homem que não conhece, e um dramaturgo, Paul, acompanhado pela mulher que ama, Camille, que está prestes a ser contratado para reescrever o guião do filme, mas que acaba por ver escrito pela vida o seu destino de homem solitário perante a “ausência de Deus”, como diz Holderlin. A hybris de Paul reside no excesso de dúvidas, no desespero de salvar o seu casamento quase falido, preso a um apartamento burguês, nem que para isso tenha de usar Camille como moeda de troca. Mas “o cinema é uma invenção sem futuro”, e o teatro dos auéééu é a vida, mas todos sabemos que não é.

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months, and a playwright, Paul, accompanied by the woman he loves, Camille, who is about to be hired to rewrite the script of the film, but who ends up seeing that his life writes his fate as a solitary man faced by the “absence of God”, as Holderlin remarked. Paul’s hybris resides in his excessive doubts, in his desperation to save his almost collapsed marriage, stuck in a bourgeois apartment, even if he has to use Camille as a bargaining chip. But “cinema is an invention without a future”, and the theatre of the auéééu is life, but we all know that it isn’t.

auéééu

“O CINEMA É UMA INVENÇÃO SEM FUTURO”, E O TEATRO DOS AUÉÉÉU É A VIDA [...] [...]

auéééu


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“CINEMA IS AN INVENTION WITHOUT A FUTURE”, AND THE THEATRE OF THE AUÉÉÉU IS LIFE [...] [...]


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SEXTA-FEIRA 10 JUNHO, 21H30

ANOTHER Em “Another Rose”, Sofia Santos Silva propõe uma colaboração com Gulabi Gang, um grupo ativista sediado em Uttar Pradesh, no norte da Índia, fundado por mulheres, para dar resposta à violência sistémica e discriminação generalizada de uma sociedade assente em práticas e costumes patriarcais que banalizam a violência sobre as mulheres. Sampat Pal, líder do grupo, inicia este espaço de luta, de forma a consciencializar as mulheres sobre os seus direitos constitucionais e mecanismos de defesa no combate às desigualdades de género enraizadas. O espetáculo é um encontro à distância com estas mulheres que cantam os seus ideais de mudança e mostram os passos de uma irmandade que se unifica pela transformação. “Another Rose” é um eco de resistência e união. Cantamos.

SOFIA SANTOS SILVA In “Another Rose”, Sofia Santos Silva proposes a collaboration with Gulabi Gang, an activist group based in Uttar Pradesh, Northern India, that was founded by women to respond to systemic violence and widespread discrimination in a society based on patriarchal practices, that maintains customs that trivialise violence against women. Sampat Pal, the group leader, initiates this space of struggle, in order to make women aware of their constitutional rights and defence mechanisms in the fight against deep-rooted gender inequalities. The performance is a meeting organised at a distance between these women who sing their ideals of change and show the steps of a sisterhood that is unified through transformation. “Another Rose” is an echo of resistance and union. We sing.

[ESPETÁCULO VENCEDOR DA 4ª BOLSA AMÉLIA REY COLAÇO]

ROSE

Fotografias © Anka Zhuravleva

CCVF / PEQUENO AUDITÓRIO


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Criação e Texto Sofia Santos Silva Com Catarina Carvalho Gomes, Cire Ndiaye, Mafalda Tuna, Sofia Santos Silva Colaboração e Participação em vídeo Sampat Pal Devi, Gulabi Gang Direção Musical Martim Sousa Tavares Música original e Sonoplastia FOQUE Espaço Cénico e Figurinos Sílvia Rocha Desenho de Luz Teresa Antunes Vídeo e Edição Miguel F Tradução e participação em vídeo Rahul Khari Apoio à Pesquisa e Dramaturgia Ana Guimbra Coreografia e Apoio ao Movimento Maria Inês Silva Construção de Cenário Silvino Rocha Fotografia e Edição Anka Zhuravleva Produção Executiva Mário Sarmento de Oliveira Produção CEPTRO Coprodução Teatro Nacional D. Maria II, Centro Cultural Vila Flor, Teatro Viriato, O Espaço do Tempo Apoios Fundo Cultural – SPAutores, DGArtes – Ministério da Cultura Apoio a residências CRL – Central Elétrica, CAMPUS Paulo Cunha e Silva O espetáculo conta com arranjos das músicas “Sou como tu” do filme “The Prince and the Pauper”, de André Ramos, e “He hit me” (The Crystals), de FOQUE Espetáculo vencedor da 4ª edição da Bolsa Amélia Rey Colaço, uma iniciativa promovida conjuntamente pelo Centro Cultural Vila Flor (Guimarães), O Espaço do Tempo (Montemor-oNovo), o Teatro Nacional D. Maria II (Lisboa) e o Teatro Viriato (Viseu) Aviso Espetáculo suscetível a gatilhos emocionais sobre violência doméstica, sexual e social _ Duração 100 min. aprox. Maiores de 16 Preço 7,50 eur / 5,00 eur c/d

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“FOR TRUTH AND JUSTICE OUR BLOOD WILL ALWAYS FLOW” SAMPAT PAL A intenção de colaborar e projetar artisticamente um encontro entre mim e Sampat Pal, líder do grupo ativista Gulabi Gang, surge na preposição urgente de responder à sua forma de ativismo. Sampat Pal, criou o Gulabi Gang, definindo-o como “gangue que faz justiça com as próprias mãos”, de forma a intervir e confrontar crimes de violência doméstica, violação e assassinato cometidos por homens. No seu território, qualquer figura de justiça e autoridade privilegia mais rapidamente a defesa de um homem do que qualquer discurso ou depoimento ligados à vitimização da mulher. A estrutura de justiça dentro do seu território silencia e julga parcialmente qualquer crime conjugal, favorecendo o homem, de forma a que prevaleçam os ideais culturais de desigualdade dentro do casamento entre homem e mulher, visto que o matrimónio na Índia perpetua valores patriarcais preponderantes para a situação socioeconómica do país. Assim, Gulabi Gang funciona como um mecanismo que procura colocar fim a esta violação dos direitos humanos. Mulheres com pouco acesso à educação conseguiram definir estratégias de resistência contra um sistema que as oprime. O Gang procura ser um veículo de empoderamento para qualquer mulher que se encontre sem lugar de fala, devido à cultura condicionante do território. Uma das particularidades do grupo, são os cânticos originais que Sampat Pal vai compondo e ensinando às mulheres do Gang, e a partir da música de boca em boca, empoderam e convidam outras mulheres para se juntarem à causa para que a súmula dos seus ideais seja cantada por mais vozes e cresça na sua amplificação. É este gesto que motiva a própria conceção do espetáculo que procura reconhecer que cada grito de justiça e de resistência se faz ecoar em qualquer parte do mundo. O espectáculo procura ser uma ressonância dessa amplificação que coexiste com os

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gritos das mulheres próximas de mim, agredidas e mortas, por falta de proteção e procedimentos judiciais que demonstram o patriarcado como medida funcional para os agressores. Sabendo que o espetáculo será redutor na exposição da dimensão teórica e política deste encontro, na distância entre esta sinfonia de gritos, expõese cada experiência, lado a lado, a diversidade das condições de vida e relações de poder, lado a lado, reconhecendo que o alcance pela liberdade é desigual, mas que, lado a lado, se amplificam.

“FOR TRUTH AND JUSTICE OUR BLOOD WILL ALWAYS FLOW” SAMPAT PAL

Sofia Santos Silva

The intention to collaborate and artistically project a meeting between myself and Sampat Pal, the leader of the activist group Gulabi Gang, emerged as a result of the urgent need to respond to his form of activism. Sampat Pal, created the Gulabi Gang, and defined it as a “gang that takes justice into its own hands”, in order to intervene and confront crimes of domestic violence, rape and murder perpetrated by men. In its territory, any figure of justice and authority favours the defence of a man more quickly than any speech or testimony linked to the victimisation of women. The territory’s justice structure silences and partially judges any marital crime, favouring the man, so that the cultural ideals of inequality within the marriage between man and woman prevail, since marriage in India perpetuates the prevailing patriarchal values for the socio-economic situation of the country. Gulabi Gang therefore operates as a mechanism that aims to terminate this violation of human rights. Women with little access to education have managed to define resistance strategies against a system that oppresses them. The Gang seeks to be a vehicle of empowerment for any woman who finds herself without a place to speak, due to the conditioning culture of the respective territory. One of the particularities of the group are the original songs that Sampat Pal has composed and taught the female members of the Gang, and through the music, shared by word of mouth, they empower and invite other women to join the cause, so that the sum of their ideals is sung by more voices and grows through amplification. It is this gesture that motivates the underlying idea of the


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show, which seeks to recognise that every cry of justice and resistance is echoed anywhere in the world. The performance aims to be a resonance of that amplification, that coexists with the screams of women close to me, who have been beaten and killed, due to lack of protection and judicial procedures that demonstrate patriarchy as a functional measure for the aggressors. Knowing that the spectacle will reduce the exposition of the theoretical and political dimension of this encounter, in the distance between this symphony of screams, each experience is exposed, side by side, the diversity of conditions of life and power relations, side by side, recognising that the scope for freedom is unequal, but that are amplified, side by side.

Sofia Santos Silva

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SÁBADO 11 JUNHO, 21H30

AINDA Em 1972, Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa publicam Novas Cartas Portuguesas, tendo como ponto de partida as Cartas Portuguesas, romance epistolar publicado anonimamente, em 1669, e atribuído à freira Mariana Alcoforado. O livro foi prontamente retirado do mercado, acusado pelo regime fascista de “insanavelmente pornográfico e atentatório da moral pública”, e as suas autoras levadas a julgamento. No ano em que se comemoram os 50 anos da publicação do livro, Catarina Rôlo Salgueiro e Leonor Buescu encerram os Festivais Gil Vicente com “Ainda Marianas”, um espetáculo que pretende convocar uma discussão em torno da memória coletiva, de um país, das suas gentes, e do seu tempo.

CIAJG / BLACK BOX

MARIANAS In 1972, Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta and Maria Velho da Costa published Novas Cartas Portuguesas (New Portuguese Letters), based on Cartas Portuguesas (Portuguese Letters), an epistolary novel published anonymously in 1669, that has been attributed to the nun, Mariana Alcoforado. The book was promptly withdrawn from the market. The fascist regime accused it of “the insanity of pornography and an attack on public morals”, and its authors were put on trial. In the year of the 50th anniversary of the book’s publication, Catarina Rôlo Salgueiro and Leonor Buescu will close the Gil Vicente Festivals with “Ainda Marianas” (Still Marianas), a stage play that aims to stimulate a discussion about the collective memory of a country, its peoples and their time.

Fotografias © Filipe Ferreira

CATARINA RÔLO SALGUEIRO, LEONOR BUESCU / OS POSSESSOS


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Criação e Dramaturgia Catarina Rôlo Salgueiro, Leonor Buescu / Os Possessos A partir de Novas Cartas Portuguesas de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, e do seu julgamento Com Ana Baptista, Rita Cabaço, Teresa Coutinho Voz off João Pedro Mamede e Rafael Gomes Assistência de Encenação Rafael Gomes Desenho de Luz Manuel Abrantes Desenho de Som André Pires Cenografia Ângela Rocha Figurinos Ângela Rocha, Catarina Rôlo Salgueiro, Leonor Buescu Assistente de desenho de luz Diana dos Santos Produção Executiva Leonardo Garibaldi Residência de Criação O Espaço do Tempo, A Oficina Parceiro Institucional República Portuguesa - Ministério da Cultura (Fundo de Fomento Cultural) Produção Os Possessos Coprodução Teatro Nacional D. Maria II, Teatro Municipal Baltazar Dias, Centro Cultural Vila Flor Apoio República Portuguesa Cultura / Direção Geral das Artes _ Duração 80 min. Maiores de 14 Preço 7,50 eur / 5,00 eur c/d

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“CONTINUAMOS SÓS MAS MENOS DESAMPARADAS” O livro Novas Cartas Portuguesas [NCP], de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa evidencia uma formalidade híbrida dos textos aí coligidos. Tendo como ponto de partida as cinco cartas de amor atribuídas à freira seiscentista Mariana Alcoforado, NCP é composto por textos de natureza muito diversa, da epístola à prosa, do diálogo ao fragmento – uma intertextualidade que não se limita a nenhuma leitura unilateral. Quisemos recuperar essa formalidade fazendo uma seleção de textos que procurámos transpor para a natureza também heterogénea das cenas de Ainda Marianas. Seria possível construir muitos espetáculos a partir de NCP, e a inesgotabilidade é, sem dúvida, uma das características mais fascinantes do livro. Mas o que está escrito em NCP não pode ser dissociado do tempo e do

modo como surgiu; o que se pretende com o espetáculo é também a convergência da complexidade literária de NCP com a sua inscrição histórica. Procurámos compreender o livro na sua dimensão extra-publicação, em particular o mediatismo internacional adensado pelo julgamento a que foram sujeitas as três Autoras – e em 1973 apelidado no estrangeiro como a primeira causa feminista internacional. A dramaturgia deste espetáculo é, por isso, fruto de um intenso trabalho de


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mais de dois anos de investigação, com a consulta de diversas fontes arquivísticas e documentais, com destaque para o processo judicial. “Ainda Marianas” é um título inspirado por uma crónica de São José Almeida para o jornal Público, de 2010, intitulada “Continuam a querer-nos Marianas”, onde a autora condenava a perpetuação do ideal patriarcal burguês. Partindo daí, tomamos o título deste espetáculo como a recusa do mito da mulher enclausurada, frágil e sofrida que espera em vão o regresso do seu amado. Este foi, de resto, o mote para as Autoras escreverem NCP, apropriando-se da figura de Mariana Alcoforado através da consequente decomposição, recriação e invenção de muitas Marianas. O advérbio “Ainda” tem aqui um sentido de recuperação, um regresso ao exercício posto em prática pelas três

Autoras em volta da multiplicidade e diversidade das experiências femininas: merece a pena voltar a Mariana, às Marianas, vozes das muitas mulheres que as atrizes convocam em palco, e que ecoam hoje, cinquenta anos depois da publicação de NCP. Mariana Alcoforado foi símbolo inicial da empresa das Três Marias e é agora também – ainda – deste espetáculo. O nosso especial agradecimento a Maria Teresa Horta, fundamental ao longo de todo este processo, que nos recebeu em sua casa dando-nos o privilégio de ouvirmos na primeira pessoa o seu

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testemunho sobre a feitura do livro NCP e o processo judicial em que esteve envolvida. Igual agradecimento é devido a Cristóvão Pereira e João Sedas Nunes, respetivamente filhos de Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa. A todos, o nosso muito obrigada por confiarem neste espetáculo.

“WE ARE STILL ALONE BUT LESS HELPLESS”

Catarina Rôlo Salgueiro e Leonor Buescu

The book Novas Cartas Portuguesas [NCP] (New Portuguese Letters), by Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta and Maria Velho da Costa reveals a hybrid formality of the texts collected therein. Taking as its starting point the five love letters attributed to the seventeenth-century nun, Mariana Alcoforado, Novas Cartas Portuguesas is composed of texts of a very diverse nature, from epistle to prose, from dialogue to fragment – an intertextuality that is not limited to any one-sided reading. We wanted to recover this sense of formality by making a selection of texts that we tried to transpose to the also heterogeneous nature of the scenes of Ainda Marianas. It would be possible to conceive many shows inspired by the NCP. This inexhaustible potential is undoubtedly one of the book’s most fascinating features. But what is written in Novas Cartas Portuguesas cannot be dissociated from the historical period and the way in which it came about; the performance also aims to foster the convergence of the book’s literary complexity with its historical inscription. We tried to understand the book in the dimension beyond its publication, in particular the international media coverage that was amplified by the judgment to which the three Authors were subjected. In 1973 it was dubbed abroad as the first international feminist cause. The dramaturgy of this performance is, therefore, the result of an intense work of more than two years of research, including consultation of several archives and documental sources, with emphasis on the judicial process. The title Ainda Marianas (Still Marianas) is inspired by a chronicle by São José Almeida for the Público newspaper, in


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2010, entitled “Continuam a querer-nos Marianas”, in which the author condemned the perpetuation of the bourgeois patriarchal ideal. On that basis, we interpret the title of the performance as the rejection of the myth of the cloistered, fragile and suffering woman who waited in vain for her lover to return. Moreover, this was the reason why the Authors decided to write Novas Cartas Portuguesas, appropriating the figure of Mariana Alcoforado through the consequent decomposition, recreation and invention of multiple Marianas. In this case, the adverb “Ainda” (still) involves a sense of recovery, a return to the exercise triggered by the three Authors in relation to the multiplicity and diversity of female experiences: it is worth returning to Mariana, to the many Marianas, to the voices of the many women that the actresses recreate on stage, and which still echo today, fifty years after publication of the book. Mariana Alcoforado was the initial symbol of the theatre company, Três Marias, and is now also – still – involved in this performance. Our special thanks to Maria Teresa Horta, who played a vital role throughout this process, who welcomed us into her home, gave us the privilege of hearing, in first person, her testimony about writing the book, and the legal process in which she was involved. We would also like to thank Cristóvão Pereira and João Sedas Nunes, the sons of Maria Isabel Barreno and Maria Velho da Costa, respectively. I would like to thank everyone for placing their trust in this show.

Catarina Rôlo Salgueiro e Leonor Buescu

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depois do fim: um ciclo sobre o que acontece quando a escola acaba

Durante o decorrer dos Festivais Gil Vicente, o Teatro Oficina, enquanto companhia da casa, propõe umas jornadas de teatro dedicadas aos estudantes de teatro que estejam no último ano do curso, seja ele um curso profissional, licenciatura, ou outro. No entanto, são abertas a qualquer outro estudante de teatro que esteja noutro momento da sua formação, ou recém-profissional, sobretudo os que saíram para o mercado de trabalho nos últimos dois anos de pandemia, em que o sector cultural esteve sobejamente afetado, e que sentem que ainda não conseguiram arrancar a sua vida profissional. DEPOIS DO FIM, um ciclo sobre o que acontece quando a escola acaba é composto por dois momentos: um workshop de quatro dias, e um ciclo de jornadas durante três dias. Fazer teatro também pode ser pensar e discutir teatro. Mas, para fazer teatro, é também preciso saber como se abre atividade, como registar propriedade intelectual, como se apresenta um projeto para coprodução, como se faz uma candidatura. Durante estes dias, iremos tentar explicar tudo o que sempre quiseste saber, mas nunca ninguém te explicou. Desde a partilha de experiências sobre estudar no estrangeiro, ao acesso às bolsas de estudo, passando por uma explicação sobre o mundo das agências e das audições.

6 — 9 jun espaço oficina

workshop de teatro

com Beatriz Batarda seg 6 jun, 14h00-18h00

ter 7, qua 8 e qui 9 jun, 10h00-18h00

de que nos serve a ilusão?

A atriz, encenadora e professora Beatriz Batarda propõe um laboratório de criação sobre os mecanismos necessários ao imaginário do público para este possa ser levado a explorar os trilhos que conduzem até à verdade. Esta chamada é dirigida a jovens residentes em Portugal entre os 18 e os 26 anos que frequentem, ou tenham formação profissional ou superior em Teatro e/ou Dança, fluentes em português ou em inglês. Actress, director and teacher, Beatriz Batarda proposes a creative laboratory on the mechanisms necessary for the public’s imagination so that it can be led to explore the trails that lead to the truth. This call is addressed to young people residing in Portugal between the ages of 18 and 26 who attend, or have professional or higher training in Theater and/or Dance, fluent in Portuguese or English.

Sara Barros Leitão

During the Gil Vicente Festivals, our in-house theatre company, Teatro Oficina, will organise theatre days - dedicated to final year theatre students - whether in a professional course, BA Hons degree or other. The sessions are also open to theatre students at any other stage of their training, or who have just entered the profession, especially those who entered the job market in the last two years, during which the pandemic had a major impact on the cultural sector and who feel that they have not yet managed to get their career started. AFTER THE END, a cycle about what takes place when the school ends involves two moments: a 4-day workshop, and a 3-day cycle of seminars. Theatre-making can involve thinking about and discussing theatre. It also requires an understanding of how to start an economic activity, register intellectual property, present a coproduction project, and make applications.During these sessions, we will try to explain everything you always wanted to know, but no one ever explained. From sharing experiences about studying abroad, to accessing scholarships, to an explanation of the world of casting agencies and auditions. Sara Barros Leitão

Participação gratuita, mediante inscrição e seleção. A inscrição implica disponibilidadeem todas as sessões, e a aceitação do registo vídeo de alguns exercícios. Lotação limitada. Inscrições online através do formulário disponível em www.aoficina.pt


10 — 12 jun espaço oficina

jornadas de teatro

sex 10 jun

sáb 11 jun

dom 12 jun

10h00-13h00

10h00-13h00

10h00-13h00

estudar no estrangeiro

início da atividade profissional

começar uma companhia

com Beatriz Batarda, Bruno Martins Mário Carneiro (pela Fundação GDA), Luís Plácido dos Santos (pela Fundação Gulbenkian)

A sessão será dividida em dois momentos. O primeiro será dedicado à partilha de experiências sobre estudar teatro no estrangeiro, com um foco no panorama francês e no panorama inglês. Que escolas há? Que diferenças há entre elas? Qual a influência das escolas na criação de uma linguagem artística própria, capaz de influenciar o seu contexto? No segundo momento, representantes de duas fundações com programas de atribuição de bolsas de estudo falarão sobre o acesso às mesmas, explicarão o processo de candidatura, os requisitos necessários, e tirarão dúvidas que possam existir. study abroad The session will be divided into two moments. The first will be dedicated to sharing experiences about studying theatre abroad, focusing in particular on France and the UK. What schools exist? What are their main differences? In the second moment, representatives of two foundations with scholarship programmes will explain the eligibility conditions, application process and necessary requirements, and will answer any questions that may arise.

15h00-18h00

apoios, candidaturas, coproduções com Magda Bull Nesta sessão far-se-á um panorama nacional e internacional de apoios à criação e à digressão. Explicar-se-á como se devem preparar as diferentes candidaturas. Será ainda abordada a questão das coproduções, como se chega até aos coprodutores? O que deverá constar num dossier de projeto? Em que consiste uma coprodução? support, applications, co-productions This session will present a national and international panorama of support for creation and touring. The session will explain how to prepare the different applications, organise co-productions and establish contact with co-producers. What should be included in a project dossier? What does a co-production consist of?

com Sofia Leal Nesta sessão serão explicadas todas as questões que envolvem a entrada para o mercado de trabalho profissional. O que é a Segurança Social? Que impostos devo pagar? Como me inscrevo? O que é um contrato de trabalho? E um recibo-verde? Como faço um seguro de acidentes de trabalho? O enquadramento legal do sector, entre outras questões fundamentais com que qualquer jovem se depara no momento em que a escola termina. starting your career All the issues involved in entering the job market will be explained in this session. What is Social Security? What taxes do I have to pay? How do I apply? What is an employment contract? What are recibos verdes (green receipts)? How do I get work accident insurance? The session will also address other fundamental questions that young people will encounter when they complete their studies.

14h30-18h00

castings e agências com João Louro, Joana Cavaco, Bernardo Gomes de Almeida Esta sessão será dedicada ao mercado de trabalho televisivo, publicitário e cinematográfico. Como se chega até às agências? Como se tem acesso aos castings? Como fazer uma self-tape? Serão abordadas ferramentas para atrizes e atores na preparação do seu CV, do seu showreel e das fotografias de apresentação. Será feita uma explicação sobre o funcionamento dos mercados do cinema, televisão, publicidade e presença digital. casting and agencies This session will be dedicated to the job market in the fields of television, advertising and cinema. How do you contact casting agencies? How do you get access to castings? How can you make a self-tape? The session will also discuss tools that actresses and actors can use to prepare their CVs, showreels and presentation photographs. It will also explain the dynamics of the cinema, television, advertising and digital presence markets.

com Raquel Bravo Nesta sessão serão explicados todos os passos necessários para iniciar uma companhia. Desde as questões mais práticas sobre a constituição de uma associação, cooperativa ou empresa, dos custos que envolve, quais os documentos necessários, etc., mas também será feita uma exposição global sobre o tipo de apoios que existem em Portugal, desde bolsas à criação, candidaturas, apoios à circulação de espetáculos, etc. starting a company In this session, all the steps necessary to start a company will be explained, including practical questions about how to set up a company, association or cooperative, the respective costs, documents required, etc., applications, touring support for shows, etc.

13h00

almoço-convívio em jeito de piquenique Cada pessoa pode trazer o seu almoço e poderemos fazer um momento de partilha – quer de comida, quer de perguntas, pensamentos ou ansiedades. picnic-style lunch Each person can bring their own lunch and share ideas – about food, questions, thoughts or anxieties.

Participação gratuita, mediante inscrição online através do formulário disponível em www.aoficina.pt


A OFICINA Direção // Management Board Presidente // President Paulo Lopes Silva (Câmara Municipal de Guimarães) Vice-Presidente // Vice-President António Augusto Duarte Xavier Tesoureiro //Treasurer Maria Soledade da Silva Neves Secretário // Secretary Jaime Marques Vogal // Member Alberto de Oliveira Torres (Casa do Povo de Fermentões) Conselho Fiscal Statutory Audit Committee Presidente // President José Fernandes (Câmara Municipal de Guimarães) Vogal // Member Maria Mafalda da Costa de Castro Ferreira Cabral (Taipas Turitermas, CIPRL) Vogal // Member Djalme Alves Silva Mesa da Assembleia Geral General Meeting’s Board Presidente // President Lino Moreira da Silva (Câmara Municipal de Guimarães) Vice-Presidente // Vice-President Manuel Ferreira Secretário // Secretary Filipa João Oliveira Pereira (CAR - Círculo de Arte e Recreio)

Direção Executiva // Executive Direction Ricardo Freitas Assistente de Direção // Assistant Director Anabela Portilha Direção Artística CCVF e Artes Performativas // CCVF and Performing Arts Artistic Direction Rui Torrinha Direção Artística CDMG e Artes Tradicionais // CDMG and Traditional Arts Artistic Direction Catarina Pereira Bela Alves (Olaria // Pottery), Inês Oliveira (Gestão do Património // Heritage Management), Larisa Ryabokon (Ceramista Estagiária // Trainee Ceramicist) Direção Artística CIAJG e Artes Visuais // CIAJG and Visual Arts Artistic Direction Marta Mestre Direção Artística Teatro Oficina// Teatro Oficina Artistic Direction Sara Barros Leitão (Direção Artística Convidada 2022 // Guest Artistic Director 2022) Matilde Magalhães (Estagiária // Trainee) Programação Guimarães Jazz e Curadoria Palácio Vila Flor // Guimarães Jazz Programming and Palácio Vila Flor Curator Ivo Martins Assistentes de Direção Artística // Artistic Director Assistants Cláudia Fontes, Francisco Neves Educação e Mediação Cultural // Education and Cultural Service Carla Oliveira, Celeste Domingues, João Lopes, Marisa Moreira, Marta Silva Produção // Production Susana Pinheiro (Direção // Director), Andreia Abreu, Andreia Novais, João Terras, Hugo Dias, Nuno Ribeiro, Rui Salazar, Sofia Leite

Técnica // Technical Staff Carlos Ribeiro (Direção // Director), João Castro, João Oliveira, João Guimarães, Ricardo Santos, Rui Eduardo Gonçalves, Sérgio Sá Serviços Administrativos e Financeiros // Administrative and Financial Services Helena Pereira (Direção // Director), Ana Carneiro, Carla Inácio, Liliana Pina, Marta Miranda, Pedro Pereira, Susana Costa Relações Públicas, Financiamentos e Mecenato // Public Relations, Funding and Cultural Patronage Sérgio Sousa (Direção // Director), Andreia Martins, Jocélia Gomes, Josefa Cunha, Manuela Marques, Ricardo Lopes, Sylvie Simões (Atendimento ao Público // Public Attendance) Instalações // Facilities Luís Antero Silva (Direção // Director), Joaquim Mendes (Assistente // Assistant), Jacinto Cunha, José Machado, Rui Gonçalves (Manutenção e Logística // Maintainence and Logistics), Amélia Pereira, Carla Matos, Conceição Leite, Conceição Oliveira, Josefa Gonçalves, Maria Conceição Martins, Maria de Fátima Faria, Rosa Fernandes (Manutenção e Limpeza // Maintainence and Cleaning) Comunicação // Communication Marta Ferreira (Direção // Director), Bruno Borges Barreto (Assessoria de Imprensa // Press Office), Carlos Rego (Distribuição // Distribution), Paulo Dumas (Comunicação Digital // Digital Communication), Eduarda Fontes, Susana Sousa (Design)


Como chegar a Guimarães

How to get to Guimarães

Utilizando a rede de autoestradas, chegamos do Porto a Guimarães em aproximadamente 40 min. (A7 e A3), de Braga em 15 min. (A11), de Lisboa em 180 min. (A3, A7 e A1) e de Vigo em 90 min. (A7 e A3). Os acessos rodoviários até Guimarães e dentro da cidade são excelentes, permitindo chegar rapidamente aos espaços culturais onde decorrem os Festivais Gil Vicente e as Jornadas de Teatro realizadas pelo Teatro Oficina. A cidade do Porto, por exemplo, fica sensivelmente a 1 hora de comboio direto. Para informações sobre horários dos comboios para Guimarães, consultar: cp.pt/passageiros/pt O concelho de Guimarães dispõe também de um alargado serviço de transporte coletivo de passageiros, assegurado pela Guimabus. Para informações sobre horários e linhas, consultar: guimabus.pt/horarios-linhas

Using the motorway network, we reach Guimarães from Porto in approximately 40 min. (A7 and A3), from Braga in 15 min. (A11), from Lisbon in 180 min. (A3, A7 and A1) and from Vigo in 90 min. (A7 and A3). The road access to Guimarães and within the city is excellent, allowing you to quickly reach the cultural spaces where the Gil Vicente Festivals and the Theatre Seminars by Teatro Oficina take place. The city of Porto, for example, is approximately 1 hour away by direct train. For information on train timetables to Guimarães, consult: cp.pt/passageiros/pt The municipality of Guimarães also has an extensive public transport service for passengers, provided by Guimabus. For information on timetables and lines, consult: guimabus.pt/horarios-linhas

Av. D. Afonso Henriques, 701 4810-431 Guimarães Tel. (+351) 253 424 700 geral@ccvf.pt www.ccvf.pt

Av. Conde Margaride, 175 4810-535 Guimarães Tel. (+351) 253 424 715 geral@ciajg.pt www.ciajg.pt

Av. D. João IV, 1213 Cave 4810-532 Guimarães Tel. (+351) 253 424 700 geral@aoficina.pt www.aoficina.pt

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Centro Internacional das Artes José de Guimarães

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11 min. (800 mts)

Centro Cultural Vila Flor

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Av. D. Afo

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6 min. (500 mts)

Estação de Comboios

Espaço Oficina


Organização

Apoio à Produção

Cofinanciamento

Outros Apoios


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