Livro Guimarães Jazz | 2020

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Guimarães Jazz 29ª Edição # 1992 — 2020


Guimarães Jazz # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # #


Atmosfera de Desvanecimento # Fading Atmosphere


Guimarães Jazz 2020 Comissão Organizadora Organization Committee A Oficina Câmara Municipal de Guimarães Convívio Associação Cultural Programação Artística Artistic Programming Ivo Martins Texto Text Ivo Martins Texto das Biografias Text of the Biographies Manuel João Neto Traduções Translations Manuel João Neto Design gráfico Graphic design Susana Sousa


Nesta edição do Guimarães Jazz, o festival presta a sua homenagem a Manuel Jorge Veloso, um dos nomes fundamentais da implantação do jazz em Portugal falecido em novembro de 2019. Baterista e compositor, crítico de música e professor, Manuel Jorge Veloso foi durante mais de cinco décadas um incansável divulgador deste género musical e uma das personalidades que, com a sua exigência artística, conhecimento musical e espírito de militância, mais decisivamente contribuiu para legitimação no meio musical português daquela que é hoje unanimemente considerada uma das maiores invenções musicais do século XX. É, portanto, em memória do seu inconformismo e em reconhecimento e gratidão por uma obra de vida dedicada ao jazz que se realizará a 29ª edição do Guimarães Jazz.

© joão Messias

# In 2020, Guimarães Jazz pays tribute to Manuel Jorge Veloso, a fundamental figure of Portuguese jazz, who died in November last year. A drummer and a composer, a music critic and a teacher, Manuel Jorge Veloso was for more than five decades a weariless promoter of jazz and, with his artistic rigor, musical knowledge and militant spirit, gave a decisive contribution to the legitimation of what is nowadays considered one of the greatest musical inventions of the twentieth century. Thus, the 29th edition of Guimarães Jazz will be dedicated to the memory of Manuel Jorge Veloso's, in gratitude for a life devoted to jazz.


Atmosfera de Desvanecimento

A música é sempre criada como se fosse o produto de uma voz interior, nunca estando submetida nem ao ritmo das estrelas nem a ditames de seres metafísicos, como se os anjos ou as musas intercedessem no processo. Os anjos são, na sua essência, entidades silenciosas e, sabendo disso, a música sacra concentrou a sua energia na exploração do silêncio. Quanto às musas, elas só existem na imaginação dos artistas, não tendo qualquer papel ativo na construção da obra de arte.

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Qualquer forma musical transmite a sua maneira particular de entender o mundo. Quando o jazz Q u a n d o o j a z z s u r g i u , s o a v a d i f e r e n surgiu, soava diferente do que qualquer outra música, q u a l q u e r o u t r a m ú s i c a , o s e u e s t i l o o seu estilo era pouco ortodoxo e intuitivo; estas suas o r t o d o x o e i n t u i t i v o . . . características exigiam do ouvinte atitudes percetivocognitivas de outra índole e, para compreender a mensagem que estava implícita no som, era necessário descobrir outras ferramentas semânticas, distintas das já assimiladas. Os músicos, com as suas idiossincrasias próprias, organizavam complexas inter-relações quer no exterior quer no interior da música, formando uma individualidade cujo contexto transformava a subjetividade. Compreender o jazz e todos os movimentos radicais de improvisação que se lhe seguiram e foram acontecendo posteriormente até ao presente, pressupõe entender-se o modus operandi dos símbolos e a maneira como as mentes os integram. Criar é colocar sempre em aberto uma questão sobre a possibilidade de um dia as mentes/cérebros puderem ser totalmente compreendidas. Se um dia houver uma resposta quanto a este problema, o jazz, na sua enorme rede de extensões e ramificações, também será plenamente entendido. Se tal acontecer, a música perderá todo o mistério. Contudo, também se admite que a total descodificação da mente de cada indivíduo seja uma tarefa impossível de se alcançar – mas talvez seja possível compreender princípios

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gerais de funcionamento dos cérebros, tal como se entenderam os fundamentos operacionais dos motores de combustão. À medida que o tempo passa descobrem-se sempre À m e d i d a q u e o t e m p o p a s s a d e s c o b r e m - s e s e m p r e mais significados na música, embora haja aspetos m a i s s i g n i f i c a d o s n a m ú s i c a , e m b o r a h a j a a s p e t o s desse significado que ficarão sempre escondidos d e s s e s i g n i f i c a d o q u e f i c a r ã o s e m p r e e s c o n d i d o s por períodos arbitrariamente longos. O certo é p o r p e r í o d o s a r b i t r a r i a m e n t e l o n g o s . que existe uma dualidade estranha no significado da obra musical: por um lado, ele parece disperso, devido à sua ligação íntima com muitas outras coisas do mundo; por outro, o sentido de um tema vem da própria música, parecendo estar localizado dentro dela. Quem escuta interpreta, usando a inteligência, a imaginação, a sensibilidade e os conhecimentos adquiridos, vistos como mecanismos que extraem leituras da música; quem escuta não é executante mas torna-se recetor do mecanismo mental que atribui significado. Este pode descobrir inúmeros aspetos importantes de qualquer composição, parecendo confirmar uma noção de familiaridade com a música ouvida, como se o sentido estivesse alojado na própria peça musical. Nesse sentido, ouvir implica detetar e ler o som como uma narrativa ficcional, agindo através de uma estrutura cognitiva multidimensional que representa a obra, integrando informações e encontrando ligações com estruturas mentais anteriores que codificam experiências passadas. No decorrer deste fenómeno, o significado vai-se desvendando.

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Ao contrário dos motores de combustão, os cérebros são sistemas refratários e teimosos que agem sob tensão e impulso, funcionando numa base dicotómica entre opostos, principalmente na cultura ocidental. A arte considerada séria precisa dos confrontos entre razão versus espírito e sensibilidade e transcendência versus imanência; no Oriente, contudo, a arte rege-se por outros pressupostos, formando abordagens de sentido diferente, pois não se configura segundo estas dicotomias, embora muitas dos seus conceitos tenham influenciado o jazz e a cultura ocidental. Por exemplo, a palavra Wabi que em japonês designa belo, remete para um estado de incompletude, coisa passageira, momento efémero e contingente; contrariamente a Platão, não representa o que é perfeito e completo. Assim, para os orientais as flores de cerejeira não são belas quando desabrocham, mas quando se encontram no momento que precede a sua queda – só esse desvanecimento, esse sucumbir s ó e s s e d e s v a n e c i m e n t o , e s s e s u c u m b i que remete para fragilidade da vida, confere ao q u e r e m e t e p a r a f r a g i l i d a d e d a v i d a , instante um valor estético. Em certo sentido, pode c o n f e r e a o i n s t a n t e u m v a l o r e s t é t i c o dizer-se que o jazz trabalhou de certo modo essa maneira de sentir a noção do belo, levando a música ao limite do fugaz num exercício de intensa precariedade, instabilidade e incerteza. A música, sendo uma série de vibrações que se movem no ar, imerge o ouvinte numa estrutura sonora profunda propagada em vagas de intensidade variável num movimento perpétuo; ouvir permite

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captar as dimensões mais fundas do mundo, numa grandeza cujos olhos, na sua sensibilidade à imagem, são impedidos de a apreender. O músico age como se estivesse a tocar simultaneamente para si mesmo e para o universo que o rodeia; ele perceciona de maneira intuitiva que se encontra numa posição de charneira entre tempos diferentes e move-se num terreno extremamente atrativo porque sonda o desconhecido, ao mesmo tempo inóspito e agreste. O jazz provém desse espaço partilhado, como se O j a z z p r o v é m d e s s e e s p a ç o p a r t i l h a d o , c o m o tivesse sido engendrado numa estufa situada nas t i v e s s e s i d o e n g e n d r a d o n u m a e s t u f a s i t u a d a margens do Mississípi, um espaço aberto numa m a r g e n s d o M i s s i s s í p i . . . geografia humana onde alguns milhares de pessoas iniciaram uma experiência musical excecional. Esta música evoluiu, movimentou-se, saiu dos seus limites, criou novos espaços e multiplicou-se em novas atmosferas; tudo isto aconteceu ao sabor de uma comunidade informal, o que significa participar na construção de atmosferas. Iniciando o seu percurso num meio natural onde o solo representa todos os factos brutos do seu contexto social e cultural, o jazz enveredou por outros processos de climatização em ambientes diferentes. Com o passar do tempo, ele adquiriu um corpo complexo, cuja força sonora se dispersa numa realidade que sustenta novos espaços de desenvolvimento. Hoje, ele praticamente perdeu as ligações com o primordial, com o seu estado de natureza, e este aspeto revela que no seu processo de expansão é impossível retroceder ao

s e n a s

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mundo natural. Talvez por isso o jazz atual seja mais atmosférico, cruzado com todos os outros géneros musicais; a produção jazzística do presente é menos física, estando situada em “esferas” etéreas de difícil delimitação, tornando-se por isso complicado estabelecer fronteiras ou zonas de transição. Agora, ele é insuflado por muitas ideias vindas de espíritos abertos, apoiadas em noções restauradas, em conceitos partilhados, em conceções desprovidas de regularidades palpáveis; tudo isto põe em evidência o mistério do jazz. A hipótese de multiplicidade pressupõe a existência de alguma coisa que se repete constantemente e se une; talvez tenha sido a particular capacidade das pessoas de estabelecer equilíbrios delicados entre verdade e ficção o fator que salvou o jazz da extinção.

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À energia capaz de gerar motivações pode dar-se o nome de vitalismo, isto é, uma força representada na soma simples de inúmeras vontades e ações humanas. Contudo, juntar todas estas coisas de maneira indiscriminada e espontânea não forma, por si só, uma configuração coerente e compreensível, tal como a adição de todas as células do corpo humano de forma ocasional e aleatória não produz um homem. É preciso algo mais, uma visão cultural cujo vigor impele tudo na direção do sensível, fornecendo-lhe sentido civilizacional. Fazer história, coligir factos e ideias, unir elementos que se metamorfoseiam em ficção, elaborar narrativas agregadoras de espíritos e consciências é um

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trabalho sem fim, cujo objetivo pressupõe uma viagem no tempo. De um ponto de vista histórico, a viagem espiritual é uma ocorrência dramática, pois implica que o homem percorra caminhos solitários destinados a indivíduos capazes de afirmar a sua singularidade – quantas vezes os revolucionários acabam por copiar, depois de consolidarem a sua vitória, as mesmas estruturas que desejavam substituir? As revoluções, em vez de criarem sociedades diferentes, geram formas de poder autoritárias, incapazes de alterarem as estruturas anquilosadas contra as quais se rebelaram. Mas a arte,p asendo paixão, é cum campo M a s a a r t e , s e n d o i x ã o , é u m a m p o d i f e r e n t e diferente do da atividade política, da fé religiosa, d o d a a t i v i d a d e p o l í t i c a , d a f é r e l i g i o s a , d a s das lógicas económicas, dos valores sociais; no l ó g i c a s e c o n ó m i c a s , d o s v a l o r e s s o c i a i s ; n o j a z z , jazz, as viagens espirituais são feitas de outras a s v i a g e n s e s p i r i t u a i s s ã o f e i t a s d e o u t r a s c o i s a s coisas, levando os artistas a percorrerem territórios l e v a n d o o s a r t i s t a s a p e r c o r r e r e m t e r r i t ó r i o s desconhecidos e imprevisíveis. d e s c o n h e c i d o s e i m p r e v i s í v e i s Em 1959, Ornette Coleman gravou um disco estranho com um título premonitório de cariz profético, anunciando a forma do jazz por vir. A estreia em concerto deste seu novo grupo deu-se no famoso Five Spot Café, em Nova Iorque, e a primeira noite foi, segundo alguns testemunhos, um acontecimento impressionante e inesquecível; pode dizer-se que ninguém estava preparado para escutar aquela sonoridade. Os músicos desenvolviam ideias próprias, livres e poderosas, representando uma realidade envolvente que parecia simbolizar a verdadeira

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noção de Zeitgeist. Através da sua música, Ornette fazia uma síntese perfeita do que habitualmente é assumido como o “espírito do tempo”; durante o concerto falou da paranoia coletiva que ensombrava o mundo e do perigo de um conflito nuclear que abalava as mentalidades. Nessa época, as pessoas acreditavam numa visão apocalíptica sobre o futuro da humanidade e pressentia-se uma urgência que nunca antes se tinha experienciado; vivia-se o presente como se tudo pudesse deixar de existir de um dia para o outro. Os artistas imaginavam-se numa frente de batalha, obrigados a arriscar a vida em cada nota que tocavam. Hoje em dia, todos nós corremos também diversos tipos de riscos, mais ou menos conhecidos, uns internos outros externos, mas todos capazes de colocarem em causa a nossa sobrevivência; a qualquer instante tanto podemos ser invadidos por novos microrganismos hostis e letais, como se fossem seres extraterrestres ou entidades abstratas munidas de inteligência artificial, construídas pela ação humana. Perante o contexto atual, talvez a melhor forma de definir o meio em que o jazz tem de sobreviver seja aplicando o conceito de interregno, habitualmente utlizado na história para indicar uma mudança forçada, muitas vezes imprevista, resultante de um vazio de poder momentâneo. Subjacente a esta noção está um clima de crise permanente, na qual

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O f a

o que é velho, estando para terminar, não permite às coisas novas aparecerem tanto em força, como em discernimento. Prevê-se assim a entrada num novo ciclo que se adia sem cessar, não estando completamente definido. O poder também faz o mesmo, quando tende a preencher todo o vazio político com a continuação do que já era; a arte a música e o jazz seguem o mesmo caminho, não deixando de ocupar de imediato qualquer espaço criativo devoluto. O excesso de estímulos, transversal a todo o planeta, e x c e s s o d e e s t í m u l o s , t r a n s v e r s a l a t o d o o faz derivar o homem para pensamentos problemáticos z d e r i v a r o h o m e m p a r a p e n s a m e n t o s p r o b l e que o obrigam duvidar de si e de todas as suas narrativas ficcionais criadas com o fim de encontrar um sentido para a vida. O desconhecido que nos escapa é mitificado por ficções, cimento mitológico portador de sentido para os acontecimentos do mundo. E se o mundo se encontra envolvido num excedente de comunicação é compreensível que não exista espaço disponível para as pessoas apresentarem as suas histórias. Agora, só não desapareceu o silêncio.

p l a n e t a , m á t i c o s

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Fading Atmosphere Music is always created as the product of an inner voice, invulnerable to the rhythm of the stars or to the commands of metaphysical beings, as if the angels or the muses had anything to do with the artistic process. In their essence, angels are silent entities and, aware of this fact, the composers of sacred music devoted its energy to the exploration of silence. As for the muses, they only exist in the artists’ imagination, having no active participation in art’s creation. Any musical form conveys its own particular way of understanding the world. When jazz appeared, it sounded different from any other music genre, its style was unorthodox and intuitive; these characteristics required skilful perceptive-cognitive attitudes from the listener and, in order to understand the message implicit in the sound, it was necessary to discover new semantic tools, distinct from those already assimilated. The musicians, with their own idiosyncrasies, organized complex interrelations both on the interior and the exterior of music, thereby developing an identity that they transformed in subjectivity. To understand jazz and every other

subsequent sub-genres that emerged from it afterwards presupposes understanding of symbols and of the way that our mind integrates them. To create means always to embrace the possibility of eventually reaching a full understanding of the human brain. If someday this question is fully answered, jazz will also be fully understood in its almost infinite web of extensions and ramifications. If such a thing happens, music will be purged of all its mystery. However, it is also possible that a complete decoding of the human being is an impossible task – but perhaps it will be possible to achieve general principles of brain functioning, just like we understand the general principles of combustion. As time goes by we discover new meanings in music, even though we know some aspects of those meanings will remain obscure for arbitrarily long periods of time. There is a strange duality in music’s meaning: on the one hand it seems scattered, due to its intimate connection with all the other elements of the world; on the other hand, however, the meaning of a song comes directly from music itself. Whoever listens to music interprets it using intelligence, imagination, sensitivity and acquired knowledge; even though he is not the executer, whoever listens becomes the receptor of the mental mechanism through which we extract meaning. We may discover several important aspects of the

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song, seeming to confirm a notion a familiarity with the music, as if the meaning were located inside the song. In that sense, to listen presupposes detecting and reading sound as a fictional narrative, and to act within a multidimensional cognitive structure that represents the work as a whole, integrating information and finding connections with former mental structures that codify past experiences. In the course of such phenomenon, meaning is progressively unveiled. Unlike combustion engines, brains are refractory and stubborn systems that act under tension and impulse based on a duality between opposites, specially in western culture. What is called “serious” art feeds from the clash between reason versus spirit and sensitivity and between transcendence versus immanence; in the East, however, art obeys to very different principles and produces very different approaches, since it is not limited by such dualities, even though many of its concepts have exerted a significant influence upon jazz and western culture in general. For instance, the word “wabi”, which in Japanese designates what is beautiful, refers to a state of incompleteness, to frailty, to what is ephemeral and contingent; contrarily to what Plato asserted, it does not represent what is perfect and complete. Therefore, in the eyes of Oriental people, cherry-tree flowers reach their beauty-peek just

before they perish and not when they blossom – their vanishing act highlights life’s frailty and confers time an aesthetical meaning. In a certain sense, we may say that jazz focused its attention to that form of feeling the concept of beauty, bringing music to the limit of fugacity by means of intensely precarious, unstable and uncertain exercises. Being a series of vibrations moving in thin air, music submerges its listener in a profound sound structure propagated in waves of variable intensity and in perpetual movement; listening allows us to capture the most profound dimensions of the world that the eye, due its susceptibility to image, are incapable of apprehending. Musicians act as if they were playing at once for themselves and the universe around them; they intuitively understand that they inhabit a frontier between different timescapes and therefore move in extremely stimulating territories, at once inhospitable and hostile, closer to the unknown. Jazz comes from a communal place, as if it were engineered inside a glasshouse in the banks of the Mississippi, an open place situated in a human geography where thousands of people inaugurated an extraordinary musical experience. This music genre evolved, travelled, went beyond its limits, created new places and reproduced itself in new environments; it all happened because of the militancy of an informal community, which means

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the participation in the creation of environments. By beginning its history in a natural environment where the soil represents every crude factors of its social and cultural context, jazz engaged in processes of adaptation to other environments, very different from its original landscape. With the passage of time, it started to grow into a complex body with a musical force dispersed through a reality fragmented in several places of development. Nowadays, jazz has very little connection to its place of birth and with its state of nature, and its movement of expansion makes it very clear that it would be impossible to retrocede to nature. Perhaps that is the reason why contemporary jazz is less physical and much more atmospheric, mixed with every other music genres inside ethereal spheres, making it harder to establish frontiers or zones of transition. Nowadays, jazz is inflated by multiple ideas coming from open spirits, supported upon restored notions and in shared concepts devoid of palpable regularities; all this highlights the mystery of jazz. The possibility of multiplicity presupposes the existence of something that repeats it self constantly; maybe it was the people’s peculiar ability to arrange balance between truth and fiction the factor which saved jazz from extinction.

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We may call “vitalism” the energy capable of generating new motivations, i.e., a force represented in the sum of multiple human wills and actions. However, the random and spontaneous gathering of all this factors does not form in itself a coherent and understandable configuration, just like the arbitrary sum of all the cells of the human body does not produce a human being. Something else is required, a cultural vision whose vigour pushes everything to sensitivity, therefore conferring a civilizational meaning to it. To make history, to collect facts and ideas, to gather the elements that become fiction, to elaborate narratives capable of bringing spirits and consciences together is an endless task whose final objective presupposes a journey through time. Under a historic point of view, a spiritual journey is a dramatic occurrence that implies solitary paths, destined to individuals who are capable of affirming their singularity – how many times have the revolutionaries ended up imitating the same structures they intended to replace after consolidating their triumphs? Instead of creating radically different societies, revolutions generated authoritarian forms of power and were unable to radically transform the rotten structures against which they rebelled. But art, being a form of passion, is different from politics, religion, economy or

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society; in jazz, spiritual journeys are of a different nature, and impel musicians to traverse unknown and unpredictable territories. In 1959, Ornette Coleman recorded a strange album with a prophetic title, announcing the shape of jazz to come. The live première of his new group happened at the famous Five Spot Café, in New York, and the first concert was, according to several testimonies, an impressive and unforgettable happening; we can say, in retrospect, that no one was prepared for the music that was played. The musicians developed personal, free and powerful ideas, representing a surrounding atmosphere that seemed to be the symbol of a true notion of “zeitgeist”. With his music, Ornette achieved a perfect synthesis of what is usually called “the spirit of the times”; during the concert he spoke about the collective paranoia that cast a shadow in the world, and about the peril of a nuclear war that shook up mentalities. In that era, people believed in an apocalyptical vision of the future of humanity and sensed a urgency they never felt before in their lives; the present time was perceived as if everything could collapse at any time. Artists looked at themselves as soldiers in the front, forced to risk their lives at every note they played. Nowadays, humanity is also exposed to several types of risks more or less familiar, some internal and some external, but each one capable of threatening their survival;

we are constantly under the threat of being invaded by hostile and lethal microorganisms, as if these were aliens or abstract entities enhanced by artificial intelligence. In the current context, perhaps the best way to define the environment in which jazz has to survive may be the concept of interregnum, commonly used in history to designate a forced, and often unpredictable, change resulting from a momentary void of power. Underlying this notion is the climate of permanent crisis in which what is old does not allow the new to emerge. We predict a new cycle that is constantly being delayed and not yet completely determined. The structures of power do a similar thing when they attempt to fill in the political void with more of the same; art and jazz follow the same path, and do not waste any opportunities to occupy any vacant creative place. The excess of stimulus forces us to problematic thoughts which bring forth doubts about ourselves and all the fictional narratives we create in order to find a meaning to life. The inescapable unknown is mystified by fictions, a mythological cement conveying multiple interpretations of the world’s events. And considering that the world is wrapped in an excess of communication, it is only understandable that we are not able to find the space to represent our own personal narratives. Today, only silence is yet to disappear.

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Programa Guimarães Jazz 2020

ASSINATURA DO FESTIVAL 45,00 eur (acesso a todos os concertos) Preços com desconto (c/d) Cartão Jovem, Menores de 30 anos e Estudantes Cartão Municipal de Idoso, Reformados e Maiores de 65 anos Cartão Municipal das Pessoas com Deficiência; Deficientes e Acompanhante Sócios do Convívio Associação Cultural Cartão Quadrilátero Cultural_desconto 50% VENDA ONLINE www.guimaraesjazz.pt www.ccvf.pt oficina.bol.pt VENDA FÍSICA Centro Cultural Vila Flor Centro Internacional das Artes José de Guimarães Casa da Memória, Loja Oficina Lojas Fnac, El Corte Inglés, Worten Entidades aderentes da Bilheteira Online # Maiores de 6


QUI 12 NOV

QUA 18 NOV

CCVF / GRANDE AUDITÓRIO / 19H30

CCVF / PEQUENO AUDITÓRIO / 19H30

SEX 13 NOV

MIGUEL CARVALHAIS, PEDRO TUDELA, GUSTAVO COSTA, RODRIGO CARVALHO

ANDY SHEPPARD COSTA OESTE

CCVF / GRANDE AUDITÓRIO / 19H30

PETER EVANS DUO SET (1ª PARTE)

THE BOOK OF VOID (2ª PARTE)

PROJETO SONOSCOPIA / GUIMARÃES JAZZ

QUI 19 NOV

CCVF / GRANDE AUDITÓRIO / 19H30

RADIOHEAD JAZZ SYMPHONY & ORQUESTRA DE GUIMARÃES

SÁB 14 NOV

CCVF / GRANDE AUDITÓRIO / 10H30

CÉSAR CARDOSO ENSEMBLE Dice of Tenors DOM 15 NOV

CIAJG / BLACK BOX / 10H30

PROJETO PORTA-JAZZ / GUIMARÃES JAZZ

Sombras da Imperfeição - Concerto Desenhado HUGO RARO, MIGUEL AMARAL, RUI TEIXEIRA, ALEX LÁZARO, JAS

TER 17 NOV

CCVF / GRANDE AUDITÓRIO / 19H30

PROJETO BIG BAND ESMAE / GUIMARÃES JAZZ

SEX 20 NOV

CCVF / GRANDE AUDITÓRIO / 19H30

JULIAN ARGÜELLES Aqui e Agora DOM 22 NOV

CCVF / GRANDE AUDITÓRIO / 10H30

PEDRO MELO ALVES’ OMNIAE LARGE ENSEMBLE


Guimarães Jazz 29ª edição

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As circunstâncias em que se realizará a vigésima nona edição do Guimarães Jazz serão especialmente exigentes tendo em conta o estado excecional de emergência determinado pela pandemia que atingiu o mundo no início de 2020 e que, desde então, tem provocado alterações radicais no modo de organização da sociedade. Perante um cenário de grande incerteza, o Guimarães Jazz encara o presente contexto como uma oportunidade para o festival descobrir novos pontos de vista sobre o jazz que possam ir de encontro às expetativas e desejos dos artistas e do público. Assim sendo, o programa é centrado sobretudo em projetos que envolvem músicos portugueses e alguns músicos estrangeiros a residir em Portugal (a única exceção será a Radiohead Jazz Symphony, um conjunto de seis músicos holandeses dirigidos por Reinout Douma e que atuará em conjunto com a Orquestra de Guimarães), um formato que permite um olhar mais alargado do que o habitual sobre o panorama musical nacional e que é, ao mesmo tempo, uma forma de catalisar novas colaborações e suscitar diferentes aproximações artísticas. A impossibilidade de realizar os workshops e as jam sessions em condições que permitam cumprir as suas funções pedagógicas e conviviais (importantíssimas em eventos com esta natureza), obrigou a uma adaptação do festival mas, na ponderação do balanço entre as vantagens e as desvantagens deste formato temporário, prevaleceu a ideia de que a linha de força mais importante do Guimarães Jazz é a aceitação dos desafios do tempo, inventando G u i m a r ã e s J a z z é a a c e i t a ç ã o d o s d e s a f i o s d o t e m p o , soluções que lhe permitam alargar horizontes, e que essa será, i n v e n t a n d o s o l u ç õ e s q u e l h e p e r m i t a m a l a r g a r h o r i z o n no contexto altamente insólito em que atualmente vivemos, a

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t e s


melhor forma de honrar o património de resistência e de luta pela liberdade inscrito na memória genética do jazz. São três músicos de gerações, geografias e estilos diferentes, mas partilham uma relação de proximidade e afinidade com Portugal. A abrir o festival, o saxofonista Andy Sheppard, um músico e compositor com uma longa e notável carreira no jazz europeu, apresentar-se-á com o quarteto “Costa Oeste”, um grupo improvável constituído pelo contrabaixista e compositor Hugo Carvalhais, pelo já veterano e prestigiado guitarrista Mário Delgado e Mário Costa, um baterista proeminente da nova geração do jazz português. No segundo dia, o Guimarães Jazz receberá pela primeira vez o mediático Peter Evans, um trompetista de grande virtuosismo técnico e com uma atividade musical de largo espetro, comprovado pelo formato de concerto-duplo com que se apresentará: num primeiro momento com o baterista da cena pós- free jazz contemporânea Gabriel Ferrandini, e em seguida numa formação insólita de trompete/ acordeão/contrabaixo ao lado de dois músicos com provas dadas de grande competência: João Barradas e Demian Cabaud. Julian Argüelles é um cúmplice de longa data do festival, que acompanhou de perto a sua afirmação no circuito jazzístico do mais alto nível e atuará em septeto, um ensemble de bons músicos portugueses que interpretará as composições de Argüelles naquela que será a estreia absoluta deste ensemble. Além destas três formações, que refletem o eixo colaborativo do programa desta edição do festival, apresentar-se-ão em nome próprio dois músicos que nos últimos anos têm vindo a consolidar o seu percurso em campos quase diametralmente opostos do jazz. César Cardoso é um compositor e arranjador

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com uma carreira profícua e diversificada sobretudo no jazz orquestral e apresentará em Guimarães o projeto “Dice of Tenors”, dedicado a standards celebrizados por grandes saxofonistas tenor da história desta música. Por seu turno, Pedro Melo Alves, cujo concerto encerrará esta edição do festival, é um baterista e compositor que se move preferencialmente pelos territórios mais tangenciais do jazz, incorporando elementos do rock e do experimentalismo na sua música, e apresentará, por proposta do Guimarães Jazz, uma versão alargada do seu Omniae Ensemble, originalmente um septeto reconfigurado numa big band de vinte e três músicos e uma instrumentação invulgar que inclui uma secção de vozes e percussões eletrónicas dirigida pelo percussionista Pedro Carneiro. O restante programa ficará completo com as parcerias do festival com associações/coletivos a operarem na música e que transitam dos anos recentes. A cada vez mais competente Orquestra de Guimarães atuará, como já foi referido, sob direção do arranjador e fundador da Nordpool Orchestra, interpretando o reportório da influente banda de pop-rock Radiohead. A Porta-Jazz propõe o espetáculo “Sombras da Imperfeição”, um quarteto improvável de piano/guitarra portuguesa/clarinete/bateria liderado pelo pianista Hugo Raro e com cenografia e desenho em tempo real de JAS, e, por último, a Sonoscopia apresentará um projeto colaborativo de eletrónica/percussão/vídeo entre a dupla @c (Miguel Carvalhais e Pedro Tudela), o baterista Gustavo Costa e o designer Rodrigo Carvalho. Uma última nota para a participação da Big Band da ESMAE que, neste ano, ao contrário do habitual, será dirigida pelos professores da própria instituição.

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Apesar das limitações impostas pelas contingências, o Guimarães Jazz mantém-se fiel à sua identidade, sustentada G u i m a r ã e s J a z z m a n t é m - s e f i e l à s u a i d e n t i d a d e , no ecletismo e numa grande abertura estilística e geracional, s u s t e n t a d a n o e c l e t i s m o e n u m a g r a n d e a b e r t u r a pelo que em 2020, tal como em todos os anos do seu longevo e s t i l í s t i c a e g e r a c i o n a l percurso, o festival apresenta ao seu público um grupo alargado de músicos de grande qualidade e que, independentemente das circunstâncias, estão neste palco por mérito próprio. Através deles, promovemos simultaneamente o respeito pela herança do jazz e a atenção para com o seu futuro, assumindo assim o Guimarães Jazz como ponte intermediária de diálogo entre diferentes visões/audições do mundo num tempo marcado por alarmantes constrangimentos narrativos.

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Guimarães Jazz 29th edition The circumstances surrounding the 29th edition of Guimarães Jazz will be particularly difficult considering the state of emergency determined by the pandemic that spread throughout the whole world in 2020, having provoked radical changes regarding the organization of our societies. Facing an extremely volatile scenario, the festival perceives the present context as an opportunity to discover new perspectives in jazz capable of fulfilling the desires and expectations of both the musicians and the audience. Therefore, the line-up is mainly focused on projects involving Portuguese or foreign musicians residing in Portugal (the only exception will be the Radiohead Jazz Symphony, a group of six Dutch musicians directed by Reinout Douma, who will perform accompanied by the Orchestra of Guimarães), a format which allows a broader view of the Portuguese musical scene, while at the same time promoting new collaborations between musicians and suggesting different artistic approaches. The impossibility of doing the traditional workshops and jam sessions also forced the festival to adapt to the new times but, after pondering the advantages and disadvantages of this temporary configuration, we

concluded that Guimarães Jazz’s most important line of force is its ability to deal with the challenges of time, inventing new solutions capable of enlarging the audience’s horizons, and that this would be the best way to honour the heritage of resistance and fight for freedom inscribed in the genetic memory of jazz. They are three musicians of different generations, geographies and styles, but share an intimate relationship with Portugal. Opening the festival, saxophonist Andy Sheppard, a musician and composer with a long and distinguished career in European jazz, will present his quartet “Costa Oeste”, an unlikely group formed by bassist and composer Hugo Carvalhais, prestigious guitarist Mário Delgado and Mário Costa, a prominent drummer of Portuguese’s jazz new generation. On the second day, Guimarães Jazz will receive for the first time in its stage Peter Evans, a trumpeter of remarkable technical skills and with a musical work of wide spectrum, as proven by his double-concert at Guimarães: first in duo with post-free jazz drummer Gabriel Ferrandini and, secondly, with an exquisite formation of trumpet/accordion/bass alongside with two competent musicians: João Barradas and Demian Cabaud. Lastly, Julian Argüelles, a long time accomplice of Guimarães Jazz, where he performed many times, will premier his new septet, an ensemble of very good Portuguese musicians

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interpreting he British saxophonist’s most recent compositions. Besides these three projects, which form the collaborative axis of this year’s edition, Guimarães jazz will also present two important names of the leading generation of Portuguese music who have been pursuing their paths in almost diametrically opposed fields of jazz. César Cardoso is a composer and an arranger with a fertile and diversified career in orchestral jazz and will present the project “Dice of Tenors”, dedicated to iconic standards either composed or interpreted by some of the greatest tenor saxophonists in the history of this music. Pedro Melo Alves, whose concert will close the festival, is a drummer and composer associated to jazz’s tangent territories, incorporating elements of rock and experimentalism in his music, and will perform with his Omniae Large Ensemble, originally a septet extended, following the festival’s suggestion, to a big band of twentythree musicians of an unusual orchestration including a section of voices and electronic percussion directed by reputed percussionist Pedro Carneiro. The line-up of the festival’s 2020 edition will be completed by the partnerships between Guimarães Jazz and other institutions and collectives operating in music. The increasingly competent Orchestra of Guimarães will perform under the direction of Reinout Douma, the arranger and founder of

Nordpool Orchestra, interpreting the music of the influential pop-rock band Radiohead. The association Porta-Jazz proposes a quartet of piano-Portuguese guitar-clarinet-drums led by pianist Hugo Raro, and Sonoscopia will premier a collaborative project of digital electronics, percussionvideo between the duo @c (Miguel Carvalhais and Pedro Tudela), drummer Gustavo Costa and designer Rodrigo Carvalho. Despite the limitations imposed by its circumstances, Guimarães Jazz remains true to its identity, based on the principles of eclecticism and stylistic and generational amplitude, so, in 2020 the festival will present to its audience a group of musicians of undisputable quality who were chosen by their own merits. Through them, we promote simultaneously the respect for jazz’s tradition and the attention to its future, therefore perceiving Guimarães Jazz as in intermediary bridge between different worldviews in a world devastated by alarming narrative restraints.

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# 19H30 / CCVF / GRANDE AUDITÓRIO / 10,00 EUR / 7,50 EUR C/D

QUI 12 NOV

ANDY SHEPPARD COSTA OESTE

Uma figura importante do jazz britânico, Andy Sheppard (n. 1957, Reino Unido) é um saxofonista com uma notável carreira de quatro décadas como compositor e colaborador de nomes maiores da música da segunda metade do século XX, tais como Carla Bley ou Gil Evans, entre muitos outros. Desde o início um músico com ambições criativas para além da mera execução técnica de uma linguagem musical, Sheppard editou o seu primeiro álbum em nome próprio em 1987, acompanhado por uma formação de instrumentistas que incluía o saxofonista Randy Brecker e o baixista Steve Swallow, dois nomes incontornáveis do jazz contemporâneo. Desde então, este músico britânico tem desenvolvido um trabalho consistente e íntegro de composição para diferentes projetos musicais que o levou a estabelecer-se, em 2009, como artista da prestigiada editora ECM e para os quais contou ao longo do tempo com a colaboração de inúmeros instrumentistas de renome como Han Bennink, Naná Vasconcelos ou, mais recentemente, o guitarrista Eivind Aarset.

Mário Delgado (n. 1962, Águeda) é indiscutivelmente um dos nomes mais influentes da música portuguesa, entendida em sentido lato, dos últimos trinta anos. Uma das figuras mais destacadas, ao lado de outros músicos como Carlos Bica, Carlos Martins, Maria João ou Mário Laginha, da geração que introduziu o jazz no espetro mainstream da criação musical nacional, através de diversos projetos como, por exemplo, o trio de Carlos Barreto e o grupo TGB, para citar apenas alguns dos mais conhecidos). Ao longo do tempo, no entanto, Delgado foi transcendendo o território jazzístico para se dedicar, com a sua identidade musical própria, a relações de cumplicidade artística com alguns dos mais reconhecidos criadores da música portuguesa, entre eles Vitorino, Cristina Branco ou Jorge Palma. Contrabaixista autodidata e com formação superior em Pintura, Hugo Carvalhais é, não apenas pelos antecedentes formativos do seu percurso mas também, e sobretudo, pela originalidade do trabalho criativo, um caso invulgar no jazz português. Num período de dez anos, Carvalhais editou

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© Direitos reservados

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três álbuns em nome próprio (“Nebulosa”, “Partícula” e “Grand Valis”), nos quais contou com a colaboração, entre outros, do saxofonista avant-jazz Tim Berne e do violinista francês Dominique Pifarély. Estes trabalhos refletem um compositor com uma visão pessoal da criação contemporânea e uma ambição clara de expansão das possibilidades expressivas do jazz através da incorporação de novos sons e referências extramusicais, qualidades que lhe mereceram o reconhecimento da crítica jazzística nacional e internacional. Um músico discreto e menos interessado na circulação colaborativa habitual no meio jazzístico do que na afirmação de uma identidade artística forte e definida (apesar de colaborações pontuais com músicos de relevo como Sheila Jordan e Julian Argüelles), Hugo Carvalhais é atualmente um dos nomes de referência na música contemporânea portuguesa. Mário Costa (n. 1986) é um baterista importante da vaga terceiro-milenar do jazz português cujo percurso recente tem merecido a atenção tanto dos seus pares como da crítica especializada. Um músico tecnicamente evoluído e altamente criativo, Costa integrou alguns dos projetos

jazzísticos mais interessantes dos últimos anos em Portugal, como a formação que deu origem a “Nebulosa”, o primeiro álbum em nome próprio de Hugo Carvalhais, e no circuito internacional, sendo esse o caso do grupo “Sfumato” liderado pelo conceituado saxofonista francês Émile Parisien que conta também com as colaborações de músicos de dimensão global como Wynton Marsalis e Joachim Kühn. Em paralelo, o baterista tem desenvolvido um trabalho em nome próprio que deu origem à gravação do álbum “Oxy Patina” (2018), no qual Mário Costa surge acompanhado por Marc Ducret e Benoît Delbecq. O projeto “Costa Oeste” é o resultado da relação de proximidade que Andy Sheppard mantém com Portugal, país onde vive há alguns anos, e expressa a sua vontade de incorporar nas suas composições a influência da paisagem e da musicalidade de uma geografia adoptiva. O tom lírico e centrado na expressividade melódica do saxofonista britânico encontra neste quarteto um contraponto de elementos contrastantes e improváveis que, de acordo com os músicos, procura uma “sinergia de diversas línguas musicais”.

An important name of British jazz, Andy Sheppard

Brecker and bassist Steve Swallow, two

(b. 1957, United Kingdom) is a remarkable

prestigious names of contemporary jazz. Since

saxophonist with a long and remarkable career

then, the British musician has developed a strong

of almost four decades as a composer and

body of work in several different musical projects

collaborator of some of the great musicians of the

which earned him signing with the renowned

second half of the twentieth century. Since the

jazz label ECM, and in which he played alongside

beginning a musician with creative ambitions

with countless exceptional musicians such as Han

beyond the mere technical execution of a musical

Bennink, Naná Vasconcelos or, more recently,

idiom, Sheppard released his first record as leader

guitarist Eivind Aarset.

in 1987, accompanied by a group of extraordinary

Mário Delgado (b. 1962, Águeda) is undisputedly

musicians that included saxophonist Randy

one of the most influential musicians of

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Portuguese music understood in its broadest

technically skilled and highly creative musician,

sense, of the last thirty years. One of the most

Costa participated in some of the most interesting

highlighted names, among other musicians such

projects in Portugal, such as “Nebulosa”, Hugo

as Carlos Bica, Carlos Martins, Maria João ou

Carvalhais first album under his own name, as

Mário Laginha, of the generation responsible for

well as in the international jazz circuit (such is

introducing jazz in the mainstream spectrum of

the case of the project “Sfumato”, led by renowned

Portuguese music, he was a member of seminal

French saxophonist Émile Parisien and featuring

jazz groups such as Carlos Barreto Trio and TGB.

musicians of global projection such as Wynton

Delgado eventually transcended the jazz territory

Marsalis and Joachim Kühn). In parallel, Mário

to dedicate his attention, with his own personal

Costa has also been developing a relevant work

music identity, to artistic partnerships with

as leader, having released to this date an album

some of the most renowned figures of Portuguese

(Oxy Patina, 2018) featuring the collaboration of

popular music such as Vitorino, Cristina Branco

prestigious French musicians Marc Ducret and

or Jorge Palma.

Benoît Delbecq.

A self-taught bassist with academic studies in

The project "Costa Oeste" is the result of Andy

Painting, Hugo Carvalhais is, not exclusively due

Sheppard's close relationship with Portugal,

to his educative background but mainly because

where he currently resides, and expresses the

of the originality of his creative work, an exquisite

saxophonist's will to incorporate the influence

case in Portuguese jazz. In the period of ten

of the country's landscape and musicality in

years, Carvalhais released three albums as leader

his compositional work. The lyrical tone of the

(“Nebulosa”, “Partícula” and “Grand Vallis”),

compositions, based on Sheppard's melodic

featuring collaborations of, among others, avant-

expressiveness, discover in this quartet a

jazz saxophonist Tim Berne and French violinist

counterpoint of contrasting and improbable

Dominique Pifarély. These recordings reflect a

elements which, according to the group's own

composer with a personal vision of contemporary

words, seeks a "synergy of different musical

creation and a clear ambition to expand the

languages".

possibilities of jazz through the incorporation of new sounds and extra-musical references, qualities that earned him critical acclamation both in Portugal as well as abroad. A discrete musician, less interested in the collaborative transit that defines the jazz circuit than in the affirmation of a strong artistic identity (despite punctual collaboration with renowned musicians such as Julian Argüelles or Sheila Jordan), Hugo Carvalhais is currently one of the references of Portuguese and European jazz. Mário Costa (b. 1986) is an important drummer of the third-millenial wave of Portuguese jazz whose recent work has attracted the attention of both his pears as well as jazz specialized critic. A

Andy Sheppard, saxofones tenor e soprano Mário Delgado, guitarras Hugo Carvalhais, contrabaixo Mário Costa, bateria

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# 19H30 / CCVF / GRANDE AUDITÓRIO / 10,00 EUR / 7,50 EUR C/D

SEX 13 NOV

PETER EVANS

DUO SET(1ª PARTE) THE BOOK OF VOID(2ª PARTE)

Peter Evans é atualmente um dos músicos do campo musical jazzístico com maior projeção mediática. Várias razões concorrem para este estatuto, em primeiro lugar, como é natural, a sua grande capacidade técnica como instrumentista e a sua originalidade como compositor, mas também, e eventualmente será esse o grande mérito deste trompetista norteamericano, o seu posicionamento enquanto artista de fronteira para quem o ato criativo é, na sua essência, um cruzamento de linguagens e forças musicais. No trabalho de Peter Evans, o universo de criação é efetivamente um corpo expansivo que se desdobra em processos colaborativos destinados à gestação de uma música simultaneamente inovadora e legível à luz dos cânones da música ocidental do século XX. É precisamente nesse espetro criativo que se enquadra o concerto duplo de Peter Evans nesta edição do Guimarães Jazz, desdobrado em dois projetos de caraterísticas muito distintas. Acompanhado, em ambos os momentos, por alguns dos músicos mais proeminentes

da cena musical portuguesa, a primeira formação será em duo com o baterista Gabriel Ferrandini (uma colaboração que transita do passado recente de colaboração entre os dois músicos e que deu origem a várias atuações ao vivo) e explorará previsivelmente territórios mais próximos da improvisação e do pós-free em construção nas margens da música do início do terceiro milénio; o segundo concerto será por sua vez protagonizado por um trio em que o trompetista será secundado pelo acordeonista João Barradas e pelo contrabaixista Demian Cabaud, dois nomes importantes do jazz português e que, pela sua identidade musical, sugerem a expetativa de uma performance mais definidamente enquadrada nos cânones da tradição jazzística. Peter Evans (n. 1981, EUA) começou a notabilizar-se na cena musical norte-americana quando, após um período alargado de formação musical avançada, fundou o seu quinteto em nome próprio, ao lado, entre outros músicos de relevo, do notável baterista Jim Black. A sua

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© Direitos reservados

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passagem temporária pela banda Mostly Other People Do The Killing contribuiu para a afirmação de um trompetista que, desde então, tem desenvolvido um corpo de trabalho multifacetado em colaboração com coletivos de improvisação (como é o caso do grupo Rocket Science do qual fazem também parte Evan Parker, Craig Taborn e Sam Pluta) ou com um espetro alargado de criadores importantes da música contemporânea – John Zorn, Kanye West, Ikue Mori ou Anthony Braxton são alguns exemplos, entre muitos outros. Tão ou mais importante do que a extensão poliédrica do seu labor colaborativo é, no entanto, o tour de force criativo de Peter Evans enquanto compositor para diversos ensembles e também pela exploração de um trabalho musical e performativo a solo. Gabriel Ferrandini é um dos nomes em destaque da música improvisada portuguesa da segunda década do século XXI, fazendo parte de um grupo de criadores de diversas áreas musicais que contribuíram nos últimos dez anos para o surgimento de um movimento sustentado numa abordagem experimental e fluida ao jazz. Colaborador de vários músicos internacionais de relevo (desde Nate Wooley até Thurston Moore), o percurso de Ferrandini é marcado decisivamente também pelo seu trabalho no Red Trio e no Rodrigo Amado Motion Trio. Mais recentemente, o baterista editou em álbum o seu primeiro projeto composicional em nome próprio (e que deu origem ao álbum “Volúpias”, de 2019) e iniciou um projeto em duo com o saxofonista Ricardo Toscano. Apesar da sua juventude, João Barradas é atualmente um dos músicos portugueses com maior visibilidade e reconhecimento

no circuito jazzístico internacional. Acordeonista multipremiado com uma atividade desdobrada em diferentes campos musicais (jazz, música clássica e improvisação), Barradas iniciou a sua carreira discográfica em 2011 com o álbum “Surrealistic Discussion”, em parceria com o prestigiado tubista Sérgio Carolino, e, desde então, o virtuosismo técnico e a capacidade expressiva deste instrumentista permitiram-lhe alcançar um estatuto artístico assinalável tanto enquanto intérprete de reportório clássico como enquanto compositor e improvisador em territórios vinculados ao jazz, em nome próprio ou em colaboração com nomes influentes da música global como Gil Goldstein ou Tito Paris, entre outros. Demian Cabaud (n. 1981, Buenos Aires) é um contrabaixista argentino graduado na Berklee College of Music, em Boston (EUA), e desde 2004 sedeado em Portugal, onde tem contribuído para a emergência de uma nova geração de músicos de jazz. Membro da Orquestra de Jazz de Matosinhos, Cabaud é um colaborador regular de alguns dos nomes mais influentes da cena jazzística nacional, como João Pedro Brandão, Susana Santos Silva ou Marcos Cavaleiro, e tem desenvolvido nos últimos anos um trabalho consistente como líder e compositor em projetos que contam com a participação músicos de renome internacional como Ohad Talmor ou Gerald Cleaver, entre outros.

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Duo Set Peter Evans, trompetes Gabriel Ferrandini, bateria e percussão The Book of Void Peter Evans, trompetes, composições João Barradas, acordeão Demian Cabaud, contrabaixo

Peter Evans is currently one of the most critically acclaimed jazz musicians of the world. There are many reasons that justify such wide recognition, first of all others Evan’s extraordinary technical abilities as trumpeter as well as his originality as composer, but also, and this is probably the great merit of the North-American trumpeter, his posture as a “frontier artist” to whom the creative act is, in its essence, crossing of musical idioms and forces. In Peter Evans’ work, the artistic creation is an ever-expanding body unfolded through diverse collaborative processes with the aim of giving birth to a sort of music at once innovative and understandable in the light of the jazz canon of the twentieth century. The double concert that Peter Evans will perform at Guimarães fits within such a creative spectrum, divided in two very different musical approaches. Accompanied in both concerts by relevant musicians from the Portuguese jazz scene, the first group will be a duo with the drummer Gabriel Ferrandini (a collaboration which begun a few ago and that resulted in several live performances) and will presumably explore the territories of improvisation and post-free jazz predominant in the margins of the music of the third millennium; the second concert will be performed by a trio in which the trumpeter will be playing alongside with accordionist João Barradas and bassist Demian, two important figures of Portuguese jazz who, given their solid musical identity, suggest the expectation of a performance more concretely framed within the canon of jazz’s tradition. Peter Evans (b. 1981, USA) began his career when, after a prolonged period of advanced musical education, he founded his first quintet as leader, alongside, among others, with remarkable drummer Jim Black. His temporary collaboration with the group Mostly Other People Do The Killing contributed to the trumpeter’s affirmation and since then, Evans has been building up a

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multifaceted body of work in collaboration with

under his own name as well as in collaboration

other collectives of improvisation (such as the

with influential figures of global music such as Gil

band Rocket Science, featuring also great jazz

Goldstein and Tito Paris.

musicians such as Evan Parker, Craig Taborn and

Demian Cabaud (b. 1981, Buenos Aires) is a

Sam Pluta) and with a wide range of fundamental

Argentinian bassist graduated by the Berklee

names in contemporary music – John Zorn,

College of Music in Boston (USA) and based

Kanye West, Ikue Mori or Anthony Braxton are a

in Portugal since 2004, where is has given a

few examples, among many others. However, as

great contribution to the emergence of a new

important as the extension of his collaborative

jazz scene. A member of the Matosinhos Jazz

work or even more is Peter Evans’ creative tour de

Orchestra, Cabaud is a regular collaborator of

force as composer for several ensembles as well as

important Portuguese musicians, such as João

his exploration of his solo work.

Pedro Brandão, Susana Santos Silva or Marcos

Gabriel Ferrandini is one of the most prominent

Cavaleiro, and has been developing throughout

musicians of Portuguese improvised music of

more recent years an interesting body of work as

the second decade of the twenty-first century,

leader in which he collaborates with renowned

and one of the names more closely associated

international musicians such as Ohad Talmor or

to the eclectic musical movement that has been

Gerald Cleaver, among others.

contributing since the beginning of the 2010’a to the emergence of a more experimental and fluid approach to jazz in Portugal. A collaborator of several renowned international musicians (from Nate Wooley to Thurston Moore, among others), Ferrandini’s path has been focused in his work with the band Red Trio and in Rodrigo Amado’s Motion Trio. Recently, the drummer released his first album under his own name (“Volúpias”, released in 2019) and began a duo with saxophonist Ricardo Toscano. Despite his relative youth, João Barradas is currently one of the most internationally highlighted Portuguese musicians of his generation. A multi-awarded accordionist with a diversified work in very different fields of music (jazz, classical music and improvisation), Barradas recorded his first album, “Surrealistic Discussion”, in 2011, alongside with renowned tubist Sérgio Carolino and, since then, the technical virtuosity of the accordionist allowed to achieve a significant reputation both as interpreter of classical repertoire as well as composer and improviser in musical territories more close to jazz, both

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# 10H30 / CCVF / GRANDE AUDITÓRIO / 10,00 EUR / 7,50 EUR C/D

SÁB 14 NOV

CÉSAR CARDOSO ENSEMBLE Dice of Tenors

César Cardoso (n. 1982, Leiria) é um saxofonista e compositor com uma atividade diversificada e profícua, desdobrada pela composição em nome próprio, a escrita de arranjos para big bands e orquestras e uma atividade pedagógica que inclui, para além da docência, a escrita de dois livros de teoria de jazz. Um músico com formação no Hot Club de Portugal e na Escola Superior de Música de Lisboa, César Cardoso iniciou o seu percurso musical na banda Desbundixie, na qual colaborou com Maria João e Filipe Melo, e editou até à data quatro registos discográficos em nome próprio, no âmbito dos quais trabalhou com músicos como Demian Cabaud, Bruno Pedroso e André Sousa Machado. O saxofonista é também fundador e diretor artístico da Orquestra de Jazz de Leiria, grupo que tem desenvolvido um trabalho relevante com algumas das figuras de destaque da música popular contemporânea portuguesa, como Camané ou Luísa Sobral, entre outros.

No Guimarães Jazz, César Cardoso irá apresentar, em conjunto com um grupo de músicos reputados do jazz nacional como o pianista Óscar Graça e o baterista Marcos Cavaleiro, o projeto “Dice of Tenors”, o qual deu origem a um álbum homónimo e que, tal como o nome indica, se centra na escrita de novos arranjos para uma seleção de standards do jazz compostos ou interpretados por alguns dos grandes saxofonistas tenor da história desta música – como por exemplo John Coltrane, Dexter Gordon ou Sonny Rollins, entre outros. Além da homenagem inerente à extraordinária música criada por alguns dos compositores mais importantes do século XX, este projeto pretende, segundo o seu mentor, explorar novas técnicas a partir de um conjunto de obras clássicas, acrescentando-lhe complexidades harmónicas e rítmicas capazes de espelhar as transformações da percepção da música ao longo do tempo.

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César Cardoso (b. 1982, Leiria) is a saxophonist and composter with a diversified and prodigious activity in music, both composing in projects as leader as well as creating the arrangements for big bands and orchestras and also as teacher and pedagogue, having published already two books about jazz theory. A musician with an advanced training in music, César Cardoso began his career with the band Desbundixie, in which he collaborated with Maria João and Filipe Melo, and released to this date four albums under his own name, alongside with musicians such as Demian Cabaud, Bruno Pedroso and André Sousa Machado, among others. Cardoso is also the founder and artistic director of the Leiria Jazz Orchestra, a band that has been developing a relevant work with some of the most highlighted names of Portuguese contemporary music such as Camané or Luísa Sobral. At Guimarães Jazz, César Cardoso will present

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the project “Dice of Tenors”, a band formed by a group of prestigious musicians including pianist devoted to the reinterpretation of a selection of jazz standards composed or performed by some of history’s great tenor saxophonists – among them, John Coltrane, Dexter Gordon or Sonny Rollins, just to name a few. Besides paying tribute to the extraordinary music created by those who were among the most influential composers of the twentieth century, this group aims, according to his mentor, to use classical jazz compositions as a vehicle to explore new techniques, adding harmonic and rhythmic complexities capable of reflecting the mutations that occurred within music throughout time.

César Cardoso, saxofone tenor e arranjos Luís Cunha, trompete José Soares, saxofone alto Massimo Morganti, trombone Jeffery Davis, vibrafone Óscar Graça, piano Demian Cabaud, contrabaixo Marcos Cavaleiro, bateria

© Direitos reservados

Óscar Graça and drummer Marcos Cavaleiro, and


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# 10H30 / CIAJG / BLACK BOX / 7,50 EUR / 5,00 EUR C/D

DOM 15 NOV

PROJETO PORTA-JAZZ / GUIMARÃES JAZZ Sombras da Imperfeição Concerto Desenhado

HUGO RARO, MIGUEL AMARAL, RUI TEIXEIRA, ALEX LÁZARO, JAS

Em 2020, a Porta-Jazz propõe um quarteto liderado por Hugo Raro, uma formação invulgar de piano, guitarra portuguesa, clarinete e bateria (sem contrabaixo), e que, como habitualmente na parceria deste coletivo de jazz do Porto com o Guimarães Jazz, promove a colaboração multidisciplinar com um artista fora da área musical, que neste caso será o artista plástico JAS a criar cenografia e desenho em tempo real. Hugo Raro, um dos membros fundadores da Associação Porta¬-Jazz, é um dos pianistas relevantes da cena jazzística do Porto das últimas duas décadas. Com uma formação em piano jazz e clássico, Raro editou a sua primeira gravação discográfica, em 2004, com Espécie de Trio (formação que voltou a editar em 2016), e desde então tem mantido uma atividade musical regular como membro dos grupos Baba Mongol e Coreto, como colaborador em projetos liderados por outros músicos, como o Rui Teixeira Group, Kiko and the Jazz Refugees ou a banda de jazz-rock Torto, e também como líder de um quarteto. Em paralelo com a sua atividade

estritamente musical, Hugo Raro é também professor e um pedagogo empenhado na transmissão do conhecimento do jazz, sendo igualmente de destacar o seu trabalho intermitente de composição para teatro e dança contemporânea. JAS (ou João Alexandrino) é um artista do Porto com um trabalho desenvolvido em vários formatos – instalação, performance, vídeo, pintura, cenografia ou desenho. Além do seu trabalho individual, JAS é um dos fundadores do Espaço Incubadora e do projeto CAIXA Arte Contemporânea (em conjunto com a artista Manuela Pimentel). Miguel Amaral é atualmente um dos nomes em destaque na guitarra portuguesa contemporânea. Um músico com uma formação musical diversificada (incluindo piano e composição), Miguel Amaral colabora frequentemente com diversos agrupamentos de música de câmara e orquestras, ao mesmo tempo que colabora com outros músicos, como Mário Laginha, a soprano Ana Barros ou o pianista Bruno Belthoise. O seu trabalho solo centra-se na interpretação de

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© Amaral Moreira

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reportório (Carlos Paredes, Armandinho e Pedro Caldeira Cabral, entre outros), mas na também na composição, tendo editado até esta data um álbum intitulado “Chuva Oblíqua”, de 2013. Ao fim de mais de vinte e cinco anos de carreira, o saxofonista Rui Teixeira pode ser já considerado um veterano do jazz português. Membro da Orquestra Jazz de Matosinhos desde a sua fundação, Teixeira iniciou o seu percurso na música como sideman de alguns dos mais relevantes músicos de jazz da época, como Carlos

Azevedo e Paulo Perfeito, ao mesmo tempo que colaborou em projectos mais próximos do pop-rock, como a banda Clã. O saxofonista lidera desde 2011 o seu Rui Teixeira Group e é membro de algumas das formações associadas ao universo Porta-Jazz como Baba Mongol e Coreto. Alex Lázaro é um jovem músico associado ao coletivo Porta-Jazz. Do seu trabalho recente, é de destacar a sua participação no projeto AXES, liderado pelo saxofonista João Mortágua, e com o quinteto de Eduardo Cardinho.

In 2020, Porta-Jazz proposes a quartet led by Hugo

– installation, performance, video, painting,

Raro, an unusual formation of piano, Portuguese

scenography and drawing. Besides his individual

guitar, clarinet and drums (no bass) which, as

work as artist, JAS is one of the founders of

usual in the context of the festival’s partnership

Espaço Incubadora and of the project CAIXA Arte

with this jazz collective from Porto, promotes

Contemporânea (in this case along with visual

the multidisciplinary collaboration with an artist

artist Manuela Pimentel).

outside music, who in this case will be JAS, a

Miguel Amaral is currently one of the most

visual artist who will create the scenography and

distinguished figures of contemporary Portuguese

draw in real-time.

guitar. A musician with a diversified musical

Hugo Raro is one of the prominent pianists of

education (including piano and composition),

Porto’s jazz scene of the last two decades. With

Miguel Amaral is a frequent collaborator of

an education in jazz and classic piano, Raro has

several ensembles of chamber music and

released his fist recording as leader in 2004, with

orchestras, while at the same time collaborating

his Espécie de Trio and since then he has sustained

with other individual musicians such as Mário

a regular musical activity as a member of the

Laginha, soprano Ana Barros or pianist Bruno

groups Baba Mongol and Coreto, and also as guest

Belthoise. His solo work is mainly focused on

musician in projects led by other musicians such

the interpretation of other musicians’ repertoire

as Rui Teixeira Group, Kiko and The Jazz Refugees

(Carlos Paredes, Armandinho or Pedro Caldeira

or rock-jazz band Torto. In parallel with his work

Cabral, among others), but Miguel Amaral also

as musician, Hugo Raro is also a professor and a

develops his own compositions, having released

pedagogue dedicated to the transmission of jazz’z

to this date a studio recording, entitled “Chuva

history and composes soundtracks for theatre

Oblíqua” (2013).

plays and contemporary dance.

With a career of twenty-five years in music,

JAS (or João Alexandrino) is an artist from

saxophonist Rui Teixeira may be considered

Porto with a diversified work in several media

a veteran of Portuguese jazz. A member of

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Matosinhos Jazz Orchestra since its foundation, Teixeira began his work alongside some of the most relevant jazz musicians from the 1990s, such as Carlos Azevedo and Paulo Perfeito, while at the same time collaborating in projects closer to pop-rock music such as well-know band Clã. Rui Teixeira founded in 2011 his own group and he is currently member of some jazz groups associated to Porta-Jazz, such as Baba Mongol and Coreto. Alex Lázaro is a young musician associated to Porta-Jazz collective. Of his recent work we may highlight his participation in the project AXES, led by saxophonist João Mortágua, and Eduardo Cardinho’s quintet.

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Hugo Raro, piano e composição JAS, cenografia e desenho em tempo real Miguel Amaral, guitarra portuguesa Rui Teixeira, clarinete baixo e saxofone barítono Alex Lázaro, bateria e percussões


# 19H30 / CCVF / GRANDE AUDITÓRIO / ENTRADA GRATUITA

TER 17 NOV

PROJETO BIG BAND ESMAE / GUIMARÃES JAZZ

Este ano, impossibilitados de realizarmos este projeto nos moldes habituais, em que os alunos da Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo têm a oportunidade de trabalhar in loco e em residência com um compositor ou um grupo de jazz internacional, a parceria do Guimarães Jazz com esta instituição de ensino materializarse-á num concerto concebido e dirigido pelos professores Paulo Perfeito e Telmo Marques.

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Given the impossibility of pursuing the partnership between Guimarães Jazz and ESMAE in its usual configuration (where the students have the opportunity of working in loco with an international composer or group of jazz musicians), this year the professors Paulo Perfeito and Telmo Marques will conceive and direct a concert

© Os Fredericos

performed by their students.


© Direitos reservados

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# 19H30 / CCVF / PEQUENO AUDITÓRIO / 7,50 EUR / 5,00 EUR C/D

QUA 18 NOV

PROJETO SONOSCOPIA / GUIMARÃES JAZZ MIGUEL CARVALHAIS, PEDRO TUDELA, GUSTAVO COSTA, RODRIGO CARVALHO

Nesta edição do Guimarães Jazz, a Sonoscopia propõe um quarteto multidisciplinar composto pelo duo de eletrónica digital @c (formado por Miguel Carvalhais e Pedro Tudela), o percussionista Gustavo Costa e o designer Rodrigo Carvalho a operar vídeo em tempo real. Miguel Carvalhais e Pedro Tudela colaboram como @c desde 2000, desenvolvendo música, arte sonora, instalações, e performances sonoras ou audiovisuais, tanto em nome próprio como em colaboração com outros artistas e músicos. O seu trabalho desenvolve-se por três abordagens complementares à arte sonora e à música digital (a composição procedimental, a música concreta e a improvisação) e tem sido apresentado, ao longo dos anos, em diversos contextos associados à arte contemporânea (exposições, performances multimédia, concertos, etc.) e formatos colaborativos. Carvalhais e Tudela são também os fundadores da Crónica, uma importante

editora música eletrónica e promotora de cultura digital baseada no Porto. Com um percurso diversificado na música contemporânea em inúmeras das suas expressões (death metal, rock, jazz, composição eletroacústica e improvisação, entre outras digressões), Gustavo Costa é reconhecido com um dos músicos portugueses mais relevantes e profícuos da sua geração. Baterista e compositor, foi fundador e colaborador de vários projetos seminais da cena experimental do Porto dos anos 2000, tendo ao longo desse período oportunidade para atuar e gravar com músicos influentes da música contemporânea tais como John Zorn, Jamie Saft ou Frtiz Hauser. Nos anos mais recentes, o trabalho de Gustavo Costa esteve sobretudo ligado ao coletivo da Sonoscopia, da qual é um dos cofundadores, em projetos que exploram a relação simbiótica do som com a tecnologia através de formatos intermediais, embora nunca tenha abandonado a composição eletrónica nem

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a prática da bateria, tal como comprovado pelo solo de percussão que acabou recentemente de editar. Rodrigo Carvalho é um designer e artista intermédia do Porto e fundador do Openfield Creativelab. Focado sobretudo

na interação em tempo real entre som, imagem e movimento, o seu trabalho foi apresentado em vários pontos do mundo em festivais dedicados à arte tecnológica e cultura digital.

For this edition of Guimarães Jazz, Sonoscopia

of the 2000s, having performed and recorded

proposes a multidisciplinary quartet formed

with influential international musicians such as

by the duo of digital electronics @c (Miguel

John Zorn, Jamie Saft or Fritz Hauser. In more

Carvalhais e Pedro Tudela), percussionist Gustavo

recent years, his creative work has been done

Costa and designer Rodrigo Carvalho, who will

mostly in connection with that of the artistic

operate video in real time.

collective Sonoscopia, of which he is co-founder,

Miguel Carvalhais and Pedro Tudela work

and engaged in projects exploring the symbiotic

together as @c since 2000, composing music,

relations between sound and technology, using

creating sound art and sound and multimedia

intermedia formats, although never interrupting

performances, both as leading artists as well

his work in electronic composition and drums

as in collaboration with other artists and

– Costa has just recently recorded his first

musicians. Their work is developed through

percussion solo.

three complementary approaches to sound art

Rodrigo Carvalho is a designer and intermedia

and digital music (procedimental composition,

artist from Porto, and the founder of Openfield

concrete music and improvisation) and has been

Creativelab. Focused mainly on the real-time

presented and exhibited in different contexts

interaction between sound, image and movement,

associated to contemporary art (exhibitions,

his work has been presented in several parts of the

performances, concerts, etc) and collaborative

world in festivals dedicated to technological arts

formats. Carvalhais e Tudela are also the founders

and digital culture.

of Crónica, an important record label of electronic music and digital culture based in Porto. With an eclectic trajectory in contemporary music in several of its most extreme expressions (death metal, rock, jazz, electroacoustic composition and improvisation, among other digressions), Gustavo Costa is presently considered one of the most influential and innovative Portuguese musicians of his generation. A drummer and composer, Costa was the founder and a collaborator of many different projects from the experimental music scene of Porto during the first decade

Gustavo Costa, percussão Miguel Carvalhais, computador Pedro Tudela, computador Rodrigo Carvalho, visuais

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Projeto Sonoscopia / Guimarães Jazz Miguel Carvalhais, Pedro Tudela, Gustavo Costa, Rodrigo Carvalho


© Amaral Moreira

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# 19H30 / CCVF / GRANDE AUDITÓRIO / ENTRADA GRATUITA*

QUI 19 NOV

RADIOHEAD JAZZ SYMPHONY & ORQUESTRA DE GUIMARÃES

Após várias edições bem-sucedidas nas últimas quatro edições do festival e em reconhecimento do seu excelente trabalho e crescente competência, o Guimarães Jazz volta a colaborar com a ainda jovem Orquestra de Guimarães, desta vez sob direção do pianista e arranjador Reinout Douma, que virá acompanhado de seis músicos holandeses. No centro desta atuação estará o trabalho de reinterpretação jazzística do reportório da famosa banda pop/rock Radiohead, considerada por muitos como um dos grupos mais influentes da música popular dos últimos trinta anos. Reinout Douma fundou em 2010 a Nordpool Orchestra, uma formação que reúne quarenta e dois músicos dirigidos pelo pianista holandês e um projeto do qual resultaram até agora dois álbuns de estúdio, o último dos quais de 2017 em colaboração com a vocalista, também holandesa, Janne Schra. Com a Radiohead Jazz Symphony, a Nordpool presta homenagem a uma banda inovadora da música contemporânea,

*Troca de um bilhete por um bem alimentar que será entregue à instituição de solidariedade social Fraterna

uma das responsáveis pela abertura do rock às influências das novas tendências eletrónicas que começavam a germinar nas margens da mainstream musical do final do século XX. Liderados pelo iconoclasta Thom Yorke, os Radiohead são reconhecidos pela sua lírica mas também pela idiossincrasia do seu idioma musical e pela originalidade da sua identidade estética, qualidades que Reinout Douma e o seu ensemble exploram dentro de um vocabulário puramente jazzístico.

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After several well-succeeded experiences in the last four editions of Guimarães Jazz, and in recognition of their excellent work and growing competence, the festival will again collaborate with the still young Orchestra of Guimarães, this

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time under the direction of Dutch arranger and pianist Reinout Douma, accompanied by a group of six musicians. The core of this performance will be the reinterpretation of renowned pop-rock band Radiohead, considered by many as one of the most influential groups of popular music in the last thirty years. In 2010, Reinout Duma founded the Nordpool Orchestra, a big band formed by forty-two musicians directed by the Dutch pianist and a project that has released two studio recordings, the last of which in collaboration with singer Janne Schra. Nordpool’s Radiohead Jazz Symphony is an artistic tribute to an innovative group that was one of the first to mix electronics in mainstream rock. Led by iconoclast vocalist Thom Yorke, Radiohead are recognized by its lyrics but also by their musical idiosyncrasy and the originality of their aesthetical identity, qualities that Reinout Douma and his large ensemble explore within the frame of a purely jazzy vocabulary.

Radiohead Jazz Symphony Reinout Douma, direção, piano Steven Sluiter, saxofone Kurt Weiss, trompete Vincent Veneman, trombone Elmer Bergstra, bateria Allard Gosens, guitarra Ruud Vleij, contrabaixo


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Radiohead Jazz Symphony & Orquestra de Guimarães


© Direitos reservados

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# 19H30 / CCVF / GRANDE AUDITÓRIO / / 10,00 EUR / 7,50 EUR C/D

SEX 20 NOV

JULIAN ARGÜELLES Aqui e Agora

Julian Argüelles (n. 1966, Reino Unido) é um músico com uma relação de grande proximidade com Portugal, país onde vive, e em particular com o Guimarães Jazz, em que atuou por diversas ocasiões e em diferentes projetos. Pode dizer-se, nesse sentido, que o festival não só acompanhou o processo de afirmação deste saxofonista no jazz como terá contribuído, em determinada medida, para estabelecer uma reputação de integridade artística de que Argüelles merecidamente goza na cena musical europeia de mais alto nível. Membro da formação original da big band Loose Tubes (juntamente com outros daqueles que seriam os músicos proeminentes de uma geração importante do jazz britânico, entre eles Django Bates), Argüelles desenvolve desde o início dos anos 1990 um trabalho de relevo tanto enquanto líder de formação e compositor para algumas das mais prestigiadas orquestras de jazz europeias, como enquanto colaborador de grandes nomes do jazz como Carla Bley, Dave Holland, John Scofield, entre muitos

outros. O estilo eclético de Argüelles, incorporando na linguagem jazzística as sonoridades latinas, o groove sul-africano e a sensibilidade da música clássica, é atualmente reconhecido pela crítica e pelos seus pares como uma voz musical singular no jazz europeu. Na sua edição de 2020, o Guimarães Jazz assistirá à estreia absoluta do projeto “Aqui e Agora”, um título sugestivo que remete para a situação de angústia existencial que marca os tempos a-sincrónicos em que vivemos, nos quais a espontaneidade e a empatia do gesto artístico ganham uma nova dimensão de urgência. Deste septeto, liderado por Argüelles e composto por um conjunto de nomes importantes do jazz português (entre eles, o saxofonista João Mortágua, o vibrafonista Eduardo Cardinho e o guitarrista André Fernandes) e que será o veículo de interpretação das composições do saxofonista britânico, espera-se uma música na qual pulsa pós-bop que se tornou nos últimos anos o cânone do jazz contemporâneo,

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© Monika S. Jakubowska

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mesclado com as influências de outras latitudes musicais que habitualmente associamos a Argüelles. Um projeto gerado pelas circunstâncias do contexto, “Aqui e Agora” é um exemplo de posicionamento perante a adversidade que, juntando um compositor reputado

a um grupo de músicos talentosos e conhecedores da tradição do jazz, se abre como possibilidade de abertura de novas direções artísticas para os seus intervenientes.

Julian Argüelles (b. 1966, United Kingdom)

of important musicians from the Portuguese

is a musician with a very close relationship

jazz scene (among them, saxophonist João

with Portugal, where he currently lives, and

Mortágua, vibraphonist Eduardo Cardinho and

in particular with Guimarães Jazz, where he

guitarist André Fernandes), will be the vehicle

performed many times with very different

to the interpretation of post-bop compositions,

projects. We may say, in that sense, that the festival

mixing the canon o contemporary jazz with

not only followed closely the affirmation of the

the influences of sonorities from other musical

saxophonist in European jazz but also, at certain

latitudes. A project brought forth by the strange

extent, that it contributed to Argüelles reputation

circumstances of the present world, “Aqui e Agora”

as musician and composer. An original member

may be perceived as an example of resistance

of the big band Loose Tubes (alongside with other

to adversity that, bringing along a prestigious

musicians who would become leading figures of

composer with a group of talented and educated

British jazz, namely Django Bates), Julian Argüelles

musicians, also opens new artistic paths to their

has been pursuing since the 1990s a significant

participants.

work both as leader and composer for some of the most prestigious European jazz orchestras, as well as collaborator of some great names of contemporary music such as Carla Bley, Dave Holland or John Scofield, among many others. The saxophonist’s eclectic style, mixing jazz, Latin music, South-African grooves and classical music sensibilities, is currently acknowledge both by the critics and his fellow musicians as a unique voice in European jazz. In 2020, Guimarães Jazz will première the project “Aqui e Agora”, a title that seems to allude to the context of collective existential angst that defines the a-synchronic times in which we live, times in which the spontaneity and the empathy of art are invested of an unusual urgency. From this septet, led by Argüelles and featuring a group

Julian Argüelles, saxofone soprano e tenor João Almeida, trompete João Mortágua, saxofone alto André Fernandes, guitarra Eduardo Cardinho, vibrafone António Quintino, contrabaixo João Pereira, bateria

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# 10H30 / CCVF / GRANDE AUDITÓRIO / / 10,00 EUR / 7,50 EUR C/D

DOM 22 NOV

PEDRO MELO ALVES’ OMNIAE LARGE ENSEMBLE

Pedro Melo Alves (n. 1991, Porto) é atualmente um dos músicos da nova geração do jazz mais destacados pela crítica especializada em Portugal. Com uma formação em piano e composição, este baterista e compositor tem vindo a desenvolver nos últimos cinco anos um percurso consistente e diversificado, multiplicado por várias das principais coordenadas da música contemporânea. Nos territórios mais próximos do jazz ou da improvisação, podemos destacar os grupos The Rite of Trio e o Omniae Ensemble (com que se apresentará nesta edição do Guimarães Jazz, em versão alargada) ou as colaborações com músicos como Luís Vicente (de cujo trio Melo Alves é membro), João Paulos Esteves da Silva ou a harpista Jacqueline Kerrod. A música eletroacústica é explorada tanto a solo como em formato colaborativo pelo baterista, que é também membro da banda de rock Catacombe e pontual compositor de bandas sonoras para teatro e dança e de peças de música contemporânea – a última foi o solo de

Pedro Melo Alves, bateria e composição José Diogo Martins, piano Pablo P. Moledo, contrabaixo Mané Fernandes, guitarra João Miguel Braga Simões, percussão João Carlos Pinto, eletrónica José Soares, saxofone alto Albert Cirera, saxofones João Pedro Brandão, saxofone alto e flauta Clara Saleiro, flautas Frederic Cardoso, clarinetes Álvaro Machado, fagote Gileno Santana, trompete

Xavi Sousa, trombone Ricardo Pereira, trombone Fábio Rodrigues, tuba Luís José Martins, guitarra clássica Luís André Ferreira, violoncelo Alvaro Rosso, contrabaixo Mariana Dionísio, voz João Neves, voz Diogo Ferreira, voz Pedro Carneiro, direção

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marimba “SUPERMATRIX – you were born to fail”, comissariado pela Antena 2. O Omniae Ensemble é originalmente um septeto liderado por Melo Alves e por ele utilizado ao mesmo tempo como um grupo de interpretação das suas composições e um coletivo de improvisação dirigida. Vencedor do prémio de composição Bernardo Sassetti em 2016, este projeto tem merecido aclamação nacional e internacional pela originalidade das suas paisagens sonoras invulgares e luxuriantes, sustentadas em orquestrações complexas e subtis e pelo fluxo orgânico da improvisação. No Guimarães Jazz, este septeto atuará em formato alargado para vinte e dois músicos e adaptado para uma instrumentação invulgar composta por um núcleo principal de madeiras, metais e cordas (bateria, piano, contrabaixo,

guitarra, saxofone, flauta, clarinete, fagote, trombone, trompete, tuba e violoncelo) complementado por uma secção de vozes e percussão eletrónica dirigida pelo prestigiado percussionista e maestro Pedro Carneiro. Esta atuação, que encerrará a edição de 2020 do festival, marcará assim a estreia absoluta de um projeto musical ambicioso de um músico e compositor heterodoxo, criador de uma música alinhada com as tendências estilisticamente desterritorializadas da música global do século XXI e que, independentemente das considerações acerca das suas características formais, sugere a vontade de construir uma identidade musical própria capaz de atingir níveis superiores de ressonância emocional e estética.

Pedro Melo Alves (b. 1991, Porto) is currently one

do post-rock band Catacombe and punctually

of the most highly praised musicians of the new

composing soundtracks for theatre plays and

generation of Portuguese jazz. With an advanced

contemporary dance pieces – his last was the

education in piano and composition, the drummer

marimba solo “SUPERMATRIX – you were born

and composer has been pursuing a consistent

to fail”, commissioned by radio broadcast station

and diversified career throughout the last five

Antena 2.

years, following several of the main coordinates

The Omniae Ensemble is originally a septet

of contemporary music. In the musical territories

led by Melo Alves and used by him as at the

closer to jazz and improvisation, we may refer

same time as a band and a collective of directed

the bands The Rite of Trio and the Omniae

improvisation. Awarded with the Bernardo

Ensemble (which will perform at Guimarães Jazz

Sassetti award for composition in 2016, this

in an extended version) or the collaborations

project was nationally and internationally

with jazz musicians such as trumpeter Luís

acclaimed due to the originality of its exquisite

Vicente (of which trio Melo Alves is a member),

and luxurious soundscapes based on both

João Paulo Esteves da Silva or harpist Jacqueline

complex and subtle orchestrations and on the

Kerrod. He also explores electroacoustic music

organic flow of improvisation. At Guimarães Jazz,

both solo as well as in collaboration with other

the septet will perform in an extended version of

musicians, while at the same time being a member

twenty two musicians, adapted to a new format

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formed by a principal nucleus of woods, metals

with the stylistically deterritorialized tendencies

and chords (drums, piano, double-bass, guitar,

of the twenty-first century global music and

saxophone, flute, clarinet, bassoon, trombone,

which, independently of one’s considerations

trumpet, tuba and cello) and complemented by

about its formal qualities, indicates the will to

a section of voices and electronic percussion

acquire an unique musical identity capable of

directed by prestigious percussionist and

reaching superior degrees of emotional and

director Pedro Carneiro.

aesthetical resonance.

This performance will be the première of an ambitious musical project created by an heterodox musician and composer, creator of a music in tune

© Jorge Carmona

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A OFICINA Direção Presidente Adelina Paula Pinto (Câmara Municipal de Guimarães) Vice-Presidente António Augusto Duarte Xavier Tesoureiro Maria Soledade da Silva Neves Secretário Jaime Marques Vogal Manuel Novais Ferreira (Casa do Povo de Fermentões) Conselho Fiscal Presidente José Fernandes (Câmara Municipal de Guimarães) Vogal Taipas Turitermas, CIPRL Vogal Djalme Alves Silva Mesa da Assembleia Geral Presidente Lino Moreira da Silva (Câmara Municipal de Guimarães) Vice-Presidente Manuel Ferreira Secretário Jorge Cristino (CAR - Círculo de Arte e Recreio)

Direção Artística Fátima Alçada Direção Executiva Ricardo Freitas Programação Catarina Pereira (Património e Artesanato) Fátima Alçada (Artes Performativas / Educação e Mediação Cultural) Ivo Martins (Jazz / Artes Visuais) João Pedro Vaz (Teatro Oficina) Marta Mestre (Curadoria Geral CIAJG) Rui Torrinha (Artes Performativas / Festivais) Assistente de Direção Anabela Portilha Assistentes de Direção Artística Cláudia Fontes, Francisco Neves Educação e Mediação Cultural Fátima Alçada (Direção), Carla Oliveira, Celeste Domingues, Daniela Freitas, João Lopes, Marisa Moreira, Marta Silva Produção Susana Pinheiro (Direção) Andreia Abreu, Andreia Novais, João Terras, Hugo Dias, Nuno Ribeiro, Rui Salazar, Sofia Leite Técnica Carlos Ribeiro (Direção), João Castro, João Guimarães, Nuno Eiras, Ricardo Santos, Rui Eduardo Gonçalves, Sérgio Sá, Vasco Gomes (Direção de Cena) Serviços Administrativos / Financeiros Helena Pereira (Direção), Ana Carneiro, Liliana Pina, Marta Miranda, Pedro Pereira, Susana Costa Instalações Luís Antero Silva (Direção), Joaquim Mendes (Assistente), Jacinto Cunha, Rui Gonçalves (Manutenção), Amélia Pereira, Anabela Novais, Carla Matos, Conceição Leite, Conceição Oliveira, Maria Conceição Martins, Maria de Fátima Faria, Rosa Fernandes (Manutenção e Limpeza) Comunicação e Marketing Marta Ferreira (Direção), Bruno Borges Barreto (Assessoria de Imprensa), Carlos Rego (Distribuição), Paulo Dumas, Susana Magalhães (Comunicação Digital), Eduarda Fontes, Susana Sousa (Design) Andreia Martins, Jocélia Gomes, Josefa Cunha, Manuela Marques, Sylvie Simões (Atendimento ao Público) Património e Artesanato Catarina Pereira (Direção), Bela Alves (Olaria), Inês Oliveira (Gestão do Património)



Guimarães Jazz # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # # #


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