TIPOS - JUNHO 2013
ENTREVISTA COM SAGMEISTER & WALSH
TIPOS
Tipografia Comentada Ano 1- Junho 2013- Número 1 R$ 19,90 tipos.com.br
Para que é que precisamos da Helvetica? Entrevista com Cláudio Rocha
Bauhaus 1 Editora
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TIPOS - JUNHO 2013
Editorial Há muito se foi o tempo em que o Design era um raro ofício. De lá para cá a sociedade afluente e global intensificou e acelerou seus processos de comunicação. Claro que o Design não perdeu seu apelo, nem o designer seu charme, mas é inegável que ele, atendendo a tantas demandas, multiplicou sua presença por todos os campos. Apesar de tudo, essa multidão de profissio nais não significa companhia, nem impede que cada um venha a se sentir pessoal e profissionalmente isolado. Esse é o problema: para uma vida de trabalho plena, precisa o designer se relacionar com a coletividade dos que, como ele, no mesmo campo atuam. O jovem designer (ou a jovem designer), com sua estação de trabalho preparada para lhe prover eficiência, precisão, versatilidade e rapidez parece ser profissional mais completo do que aqueles que lhe foram anteriores. Mas essa comodidade muitas vezes o isola, e lhe custa viver numa certa solidão digital. O resultado é, apesar de tantas vantagens, poder subsistir um sentimento de que há menos satisfação, na vida e na carreira.
Revista TIPOS Editora Letterpress Editor Responsável: Ayala Silva Diretor: Pedro Farias Diretor editorial: Roberto Arruda
REDAÇÃO
Editor: Tayrah Mattos Redação: Roberta de Freitas Editor de Arte: Rafael Marin Revisão de Texto: Vitor Marano
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CIRCULAÇÃO Ézio Salvatore
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Ayala Silva- Editora
Sumário 4 11 14 24 34 44
HELVETICA PAULO HEITLINGER ENTREVISTA COM JESSICA WALSH ENTREVISTA COM CLAUDIO ROCHA TIPS! -- CRIE E APLIQUE ESTILOS DE PARÁGRAFO PEDRO VICTOR STAND DESIGN DO RIO NA CONFERÊNCIA RIO +20 ADRIANA FRAN ECODESIGN -- PRODUÇÃO EM SÉRIE E MEIO AMBIENTE MIGUEL RÊGO
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Para que ĂŠ que precisamos da
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O 50º. ANIVERSÁRIO DA HELVETICA – UMA FAMÍLIA DE FONTES CRIADA EM 1957 PELO SUÍÇO MAX MIEDINGER – FOI O PRETEXTO PARA RODAR UM DOCUMENTÁRIO QUE ILUSTRA A EXPANSÃO DESTE CONHECIDO TYPEFACE. REACENDE-SE UMA POLÉMICA QUE JÁ VEM DE ALGUNS ANOS ATRÁS E QUE MERECE A PENA RETOMAR. VEJAMOS PORQUÊ. Autor: Paulo Heitlinger Quando o editor suíço Lars Müller publicou o seu livrinho Hommage to Helvetica (que entretanto está à venda a bom preço nas lojas da FNAC), argumentava que «este typeface sabe fazer tudo, e é neste aspecto que é genial ... Tive vontade de publicar este livro para reagir contra a inflação das fontes. Temos hoje cerca de 30.000 fontes, mas que não servem para grande coisa. Em vez de inventar novas fontes, valia mais renovar a tipografia com as fontes existentes. É este o caminho para o qual aponta o sucesso da Helvetica». Em resposta a Lars Müller, tenho a argumentar que para um suíço a Helvetica pode servir para muitas aplicações, mas para mim não serve para grande coisa, pois falta-lhe qualquer personalidade tipográfica. Ça manque du charme, diriam os franceses. Temos milhares de fontes disponíveis para as mais variadas aplicações, de modo que a questão pertinente será: Para que é que nós precisamos ainda dessa letra de horripilante estética, criada à cinquenta anos para atender às necessidades de clientes à procura de uma letra “despersonalizada”, “neutral”, apta a garantir-lhes um fácil acesso a um mercado global?
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A resposta, embora não goste dela, é simples. Em pleno século XXI, a Helvetica continua em uso, por força do persistente revivalismo que nos aflige há anos. O conceituado designer e crítico canadiano Nick Shinn, denunciando os maléficos efeitos da authority of mass fashion, escreveu: «A Helvetica regressou em grande. Na rua, vemo-la em campanhas publicitárias de empresas tão diferentes como a IBM e The Gap. Nas vendas online, está sempre no topo das listas das fontes mais vendidas...» A fonte que o typeface designer e ensaísta Nick Shinn apelida com toda a pertinência face of uniformity tem vindo a ocupar posições para as quais nuncafoi concebida, mas os designers contemporâneos, com medo de afirmar as suas raizes culturais e os contextos regionais, preferem a «fonte sem personalidade». Nunca uma fonte tão estéril, de tão fraca legibilidade e pobre estética teve uma proliferação tão virulenta – nefastos efeitos da globalização em princípios do século XXI...
Historial da Helvetica A Helvetica é a fonte mais associada à tipografia suíça do pós-guerra e à «Escola Internacional», por causa da sua crónica falta de personalidade. Surgiu nos anos 50, na conjuntura de recuperação económica depois da Segunda Guerra Mundial. Inúmeras
Tipógrafo montando manualmente os tipos para impressão.
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empresas alemãs e suíças, ávidas de se lançarem de novo nos mercados internacionais, precisavam de uma letra clara, neutral, moderna, internacional, com boas relações com todos os países e culturas – com as características da Suíça, portanto... O importante era que essa letra fosse «moderna» e que não tivesse qualquer associação nacional, ou qualquer filiação cultural específica. Especialmente na Alemanha do pós-guerra procuravase uma fonte neutra, que não lembrasse o vergonhoso passado nazi do país, que, agora «democratizado» de fachada, o queria ultrapassar o mais depressa possível. O tipo eleito pelas empresas multinacionais foi a Helvetica, a fonte da globalização dos anos 60 e 70 (e, como já veremos, também do século xxi). Nos anos 20 e 30, tinham sido os adeptos da Bauhaus os que exigiam uma tipografia universal, apta para todas as aplicações, todos os fins, todos os idiomas e todas culturas. Nessa época, as reinvidicações dos vanguardistas causaram pouca ressonância; muito mais tarde, depois da guerra, a
Foto: André Dias
O trend da globalização persiste
OPINIÃO
Surgiram diversas camisetas usando a própria Helvetica como tema.
composição tradicional, manual – a fotocomposição tinha começado por volta do ano de 1955. A Helvetica não teve por auxiliar de parto um conceito estrutural como aquele que Adrian Frutiger inteligentemente deu à sua Univers, quando inventou uma sistemática numérica para calibrar os pesos e graus de condensação/expansão. Esta falta de sistemática reflectiu-se na pobre estética das variantes e tornou necessário um redesign, lançado como Neue Helvetica em 1980.
Sucesso mundial Apesar destes entraves, a Helvetica foi a fonte de maior sucesso nos anos 60 e 70 – pelo menos, foi a fonte mais usada. Substituiu rapidamente a antiga Akzidenz Grotesk de 1897, que, no jocoso dizer de Erik Spiekermann, já mostrava «muitas rugas». A sua falta de personalidade nacional ou regional – é com todo o direito que é chamada «a fonte sem carácter» – foi por vezes compensada pelo emprego de cor, por exemplo, em posters publicitários. De resto, a imaginação criativa dos que optaram pela Helvetica ficava reduzida a explorar as formas acentuadamente geométricas, a compor em ângulos diagonais e/ ou a tirar partido da vasta gama de pesos e cortes da letra que passou a ser a fonte universal e global da segunda metade do século XX.
Foto: André Dias
indústria e o comércio tinham finalmente captado a mensagem, e exigiam: «Venha uma letra universal!» A Helvetica foi desenhada para ser uma versão modernizada da Akzidenz Grotesk (propriedade da H. Berthold AG). Começou por ser comercializada como Neue Haas Grotesk, por se tratar de uma reformulação da Haas Grotesk (propriedade da fundição Haas, a empresa que encarregou Max Miedinger de modernizar a fonte). A primeira versão foi apresentada em 1957, na feira graphic 57, realizada em Lausanne. Esta fonte, então chamada Helvetia, foi introduzida no mercado paralelamente à famosa Univers, de Adrian Frutiger. Pouco depois, a fundição alemã D. Stempel AG comprou os direitos da Helvetia, adicionou-lhe vários pesos e graus de condensado e rebaptizou-a com o nome de Helvetica, relançando-a em 1961. Nessa época, já 50% do capital da D. Stempel AG se encontrava em posse da Linotype AG, representando dentro do grupo Linotype o sector de «tipos metálicos de fundição» para
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A fonte das multinacionais
MAN e a AEG optaram igualmente pelo «tipo sem características». Decididamente, a omnipresente Helvetica passou a ser conotada como uma fonte «moderna, progressista, cosmopolita, internacional». Mas na realidade, continuou a ser uma fonte de pobre estética, pacatamente burguesa, estridentemente aborrecida, sem charme, sem elegância – e falha de qualquer temperamento, vitalidade ou emoção. Por isso mesmo, a Helvetica foi a campeã do Estilo Internacional, opção preferida por mestres do desenho gráfico, como os suíços Max Bill e Josef Müller-Brockmann. Passados 45 anos depois da introdução, a Linotype listava 115 diferentes membros da família de fontes Helvetica hoje presente no mercado ...um longo bocejo tipográfico.
Foto: André Dias
A partir da década de 1960, inúmeras empresas internacionais adoptaram a Helvetica para a sua comunicação. A Lufthansa, a conselho de Otl Aicher,adoptou-a para Corporate Typeface. A KLM, a American Airlines e outras companhias aéreas seguiram este trend. Depois veio a BASF, consórcio químico-farmacêutico que nessa época já ocupava em todo o globo 300 oficinas de impressão, além de inúmeras agências de publicidade. Também os consórcios Bayer e Hoechst, outros dois gigantes do ramo químico, passaram a usar a Helvetica em qualquer parte do mundo onde fizessem negócio. No ramo automóvel, seguiram-se a Opel e depois a BMW, que usa hoje uma fonte parecida com a Helvetica. A
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Por fima Helvetica se torna um ícone pop.
Um flagelo chamado Arial A Helvetica tem sido violentamente pirateada – outra expressão da sua ubiquidade e popularidade. Quem não queria investir no produto original, comprava um dos múltiplos clones, muito mais baratos: cópias ainda piores que o original, chamadas «Swiss», «Geneve», «Zürich», etc. De mal a pior, a degradação continuou quando a ainda jovem Microsoft decidiu pouparse a aquisição da Helvetica e encomendou, em 1982, a fonte Arial à Monotype. A Arial, um dos Windows core fonts, integrados no pacote do sistema operativo, é outra fonte de inigualável banalidade e consegue ser mais feia que o original. Entretanto, até a Microsoft já notou isso; na nova versão do Windows, a Helvetica e a Times já não fazem parte dos core fonts... Por fim, falta responder à pergunta feita no título deste artigo: Para nada
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Nesta comparação podemos ver as similaridades da helvetica com a arial.
Nesta comparação podemos ver as similaridades da helvetica com a arial.
Foto: André Dias
OPINIÃO
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Entrevistas Sagmeister & Walsh
Claudio Rocha
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Autor: Andy DB
Sagmeister & Walsh Interview WE SPOKE TO STEFAN SAGMEISTER AND JESSICA WALSH (SAGMEISTER & WALSH) ABOUT THEIR NEW PARTNERSHIP AND THAT MAILER. How do you divide the workload? Stefan: jessica will be in charge of the more commercial pieces, I will be in charge of the more self-generated ones but there will be plenty of cross over. on most projects one will be in charge and other will comment. Jessica: stefan summed it up. generally we will work together on everything, but there may be a few personal projects where we work more indepen-
dently. Stefan,
when did you decide you’d like to
make jessica your partner?
Stefan: it all started with my desire for a fancier studio space. after looking at about 60 offices and finally finding the right one, it occurred to me that I really did not want to take on the extra overhead that would force us to do more (high paying) commercial jobs, when my own desire was to create more self-generated work like ‘the happy film’. jessica had handled large
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projects like aishti and EDP for a while, so this was the right time to approach this and I thought she will make a wonderful partner as she is fantastically prolific in all aspects of design: she can come up with a great idea, execute it, explain it and get it produced.
“
I laughed! mostly the feedback we received was overwhelmingly positive.
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Jessica, how did it feel to be offered such an opportunity ? Jessica: it is of course a huge honor to be a partner with stefan. do you think the new dynamic of the studio will change your output ?
Stefan: the desire is always to create work that either helps or delights people.jessica: we hope to both benefit from the partnership and by extension so will our work and our clients. we hope to be able to do more self-authored projects while continuing to do client work that we are both excited about and believe in. we’ve started taking on more film, commercial and web projects in the past year which we both enjoy and will likely do more of. Did the online reaction to your promotional mailer surprise you at all? Stefan: I was deeply hurt by all the foreskin comments. I am very fond of it. I might start to work it out more. Jessica: I read the comments, but I had expected and was prepared for negative comments. I laughed! Mostly the feedback we received was overwhelmingly positive.
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ENTREVISTA Were
you keeping track of what was
being said on the design blogs , twitter etc.?
Stefan: no, but that’s a good idea. it could become its own little design project, or not. Jessica: we’ll do that now, maybe compile the good and bad ones. Did it give you any food for thought? Stefan: we want to do more of it. flood the net with images of my socks. my socks will have their own facebook page, soon. Jessica: naked christmas cards?
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mix of projects ranging from design for advertising, exhibitions, books, print, commercials to film. your site streams live footage of your studio all day everyday, Are
you overly conscious that you are
being watched?
Stefan: no. Jessica: thousands of people have now seen me naked, so I would hope people seeing me work wouldn’t make me nervous! What
piece of advice should every gra-
phic designer remember?
Could
you tell us a bit about what you
are working on now and what we can expect from your studio in the near future?
Stefan: we are working on the happy film, to be released in fall 2013. and starting to work on design with no purpose... please don’t ask, I don’t quite understand it myself yet.also a middle eastern department store, a new museum project, about three exhibits and five books. Jessica: this week the studio is working on designing a poster, a book, the new studio identity, and a website. we’re also finishing up a new advertising campaign for one of our fashion clients. in the past few years we’ve had a great
Stefan: if you are fresh out of school, look for a design company that does the kind of work you want to do. try really hard to get a job with them. work your ass off. then start your own place. Jessica: do work you love and are passionate about, look outside of the world of graphic design for inspiration. What
piece of advice should every gra-
phic designer ignore?
Stefan: ‘the computer is just a tool’ if you believe that, you are a tool. Jessica: tools.
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Resguardar a tipografia é preservar o conhecimento Autor: Tânia Galluzzi
Nascido em 1957, aos 10 anos Claudio Rocha desenhava letras. Na escola era ele o responsável pela diagramação do jornal do grupo de teatro e aos 17 já dia gra ma va as revistas e materiais impressos do Idort. Ele estava na lida muito antes de surgir a denominação designergráfico, à qual deu corpo e importância com seu conhecimento técnico e cria ti vi dade. Artista gráfico completo e grande conhecedor de tipos, Claudio Rocha atuou como catalisador para a primeira geração de typedesigners brasileiros em meados da década de 90 com iniciativas como a revista Última Forma Typography, em 1997. Publicação independente, reunia pes soas que tinham alguma relação com a criação e o desenho de letras, como Rubens Matuck, Guto Lacaz, Arnaldo Antunes, Tide Hellmeister e Eduar do Bacigalupo, figurando como um dos primeiros meios de divulgação da tipografia brasileira na comunidade internacional do design. Mergulhado na escassa literatura sobre o tema, Claudio, entre idas e vindas como freelancer e profissio
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ENTREVISTA nal contratado (foi diretor de criação na Seragini Design), virou designer gráfico especializado no segmento editorial. Ou melhor: tradutor visual, nas suas pró prias palavras, uma vez que sua função é entender uma necessidade mercadológica e materializá-la em uma peça gráfica. Da semente atirada pela Última Forma nasceu, em 2000, a revista Tupigrafia, trazendo um olhar instigante e sensível sobre as manifestações con temporâneas sobre a tipografia no Brasil e no mundo, idealizada em parceria com Tony De Marco. No período que morou na Itália, entre 2007 e 2009, Claudio lançou a revista Tipoitalia, além de colaborar com museus, promover workshopse dar palestras. Antes disso, em 2004, criou, ao lado de Claudio Ferlauto e Marcos Mello, a Oficina Tipográfica São Paulo com o ideal de recuperar a linguagem pe cu liar do sistema de impressão tipográfica e inserir esse meio de comunicação como um recurso de estilo dentro do universo digital. Agregando ateliê de composição manual e impressão tipográfica, a oficina posicionou-se como um laboratório no qual se experimentava a linguagem dos tipos de metal e de madeira e onde aconteciam workshops abertos aos in-
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teressados em conhecer essa técnica. Em 2005, a Oficina transformou-se em uma organização não governamental, sendo transferida posteriormente para a Escola Senai Theobaldo De Nigris, com a qual mantém um convênio com a missão de preservar a cultura gráfica no País. Hoje Claudio Rocha, autor de livros como Projeto Tipográfico – Análise e Produção de Fontes Digitais e Tipografia Comparada: 108 Fontes Clássicas Analisadas e Comentadas, divide-se entre a rotina da Oficina Tipográfica, as aulas que ministra como professor de Tipografia e projetos pessoais. Nesta entrevista, ele fala sobre a validade da tipografia como processo de impressão na atua li da de e a possibilidade de combiná-la com as novas tecnologias.
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“
A tipografia é uma tecnologia superada há duas gerações. Foi substituída pelo processo offset e agora pela impressão digital.
”
Qual o papel da tipografia hoje? Claudio Rocha – A tipografia é uma tecnologia superada há duas gerações. Foi substituída pelo processo offset e agora pela impressão digital. Só que os parâmetros da tipografia, seus prin cí pios, foram preservados. Resguardar a tipografia é preservar o conhecimento. Nosso objetivo é cultural, didático. Quem cria ou produz peças em tipografia tem a oportunidade de desenvolver o raciocínio visual, deve trabalhar com os aspectos físicos do grafismo e não grafismo, lidar com os espaços vazios, experiências que a computação gráfica não possibilita. Na tipografia, o designer e o gráfico se complementam e o conhecimento da técnica amplia a bagagem profissional de quem se dedica a ela. Por suas características, a tipografia permite efeitos únicos que o gráfico pode explorar. Algumas editoras, como a Cosac Naify, utilizam a tipografia na impressão da capa de seus livros como um recurso de estilo, buscando a linguagem visual própria desse sistema. Ainda
há gráficas produzindo impressos
Brasil? CR – O uso é marginal. A tipografia teve uma sobrevida com a impressão de talonários, hot stamping e para numeração de impressos. No in te rior e nas periferias ainda se faz envelopes e cartões de visita em tipografia, mas muitas impressoras estão sendo transformadas e utilizadas para corte e vinco. O uso comercial é bem restrito, mesmo porque muitos profissionais que possuíam o conhecimento dessa técnica já se aposentaram. em tipografia no
É
possível unir a impressão tipográfica e
a digital?
CR – Um recurso é tirar uma prova de prelo de uma composição com tipos de metal ou de madeira e também de um clichê tipográfico e transformá-los em arquivo digital através do seu es caneamento. Fizemos isso recentemente aqui na Oficina Tipográfica para a programação visual de uma exposição, compondo palavras com tipos de madeira, digitalizando as provas desse
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ENTREVISTA material e gerando arquivos digitais para impressão em offset. O inverso também é possível. Elaborar um projeto no computador, produzir um fotolito e a partir deste fazer um clichê para impressão em tipografia. O que determina é a linguagem que se pretende para o projeto, a proposta do trabalho.
em Belo Horizonte e outras cidades. A tipografia virou um nicho de mercado e vem sendo utilizada, tanto no Brasil quanto em países como a Itália, na produção de livros, cartazes, convites, em peças com pequenas tiragens, em projetos culturais. Há mercado, porém limitado.
citou uma editora que utiliza a tipografia em seus
produtos .
Como está a procura pela tipografia como um
recurso visual?
CR – Nesse aspecto, o processo tipográfico é bastante valorizado. Existem oficinas tipográficas com uma nova proposta surgindo em São Paulo, em Goiânia,
Quais são os planos da Oficina Tipográfica para este ano? CR – Estamos dando continuidade à catalogação do acervo da Oficina e da Escola Senai. No ano passado recebe-
Foto: André Dias
Você
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mos doações importantes, como a do Sesc Pompeia, que repassou para a Oficina uma grande quantidade de tipos históricos. Estamos reorganizando todo esse material. Na área didática vamos manter os mesmos cursos que já estávamos oferecendo: Composição Manual, no qual o Marcos Mello apresenta o sistema e a linguagem da composição com tipos móveis e da impressão tipográfica como recurso formal no design gráfico; Gravura Tipográfica, sob minha direção, onde exercitamos as possibilidades da linguagem tipográfica na produção de cartazes; e Técnicas de Encadernação para Designers, também conduzido pelo Marcos. Também pretendemos nos concentrar na experimentação e na busca da excelência técnica, ma terializando produtos gráficos e editoriais da própria Oficina. A OTSP não tem fins lucrativos. Vivemos de apoios e dos produtos que desenvolvemos. Pretendemos aproveitar a vocação editorial da Oficina para dar corpo a projetos com caráter cultural.
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