CONCEIÇÃO 177
ocupações urbanas / habitação social / autogestão habitacional habitações em áreas centrais / reabilitação de imóveis ociosos função social da propriedade / reforma urbana / luta pela moradia
POR QUÊ? A questão da habitação social em áreas centrais é uma pauta constante em fóruns e grupos de debate de movimentos sociais que lutam pelo direito à habitação. Tradicionalmente as áreas centrais no espaço urbano capitalista são ocupadas pelos mais poderosos, pela sua concentração de infra estrutura, serviços e possibilidades. No processo de expansão urbana do Rio de Janeiro, as fazendas e quintas da periferia imediata ao centro começam a receber permanentemente essa classe abastada. Naturalmente se ocorre um processo de ocupação dessas casas no centro por uma população mais pobre e em grande número, dando origem aos cortiços e habitações coletivas. A Reforma Passos em 1903 abriu novas vias de circulação na cidade demolindo os cortiços, e promoveu um modelo de higienização afastando a população pobre do centro urbano da cidade, ato recorrente das grandes reformas nas cidades contemporâneas. Niterói não fica pra trás e faz também sua “reforma urbana” em sua região central espelhada na de Passos, criando artérias para livre circulação e fluxo de mercadorias e serviços. Também houve a criação de uma zona portuária próxima ao centro da cidade.
CONTEXTO
O QUÊ? A pesquisa e plano de ações revê as políticas habitacionais vigentes, o modo de produção da moradia e as maneiras de se viabilizar o processo habitacional através de uma metodologia de ocupação e produção no espaço e garantia de direitos através da legislação acerca, de âmbito nacional a municipal. Também analisa os meios de participação popular nas questões de políticas urbanas e instrumentos de planejamento e gestão da cidade, propondo assim por meio da assistência técnica para habitação de interesse social e a autogestão habitacional por parte dos próprios moradores, que os projetos (de construção e gestão do espaço) possam se adequar à realidade de cada família e do coletivo. O projeto consiste na reabilitação de um edifício comercial particular ocioso para moradia popular, adaptando as salas e escritórios em diferentes plantas e adaptando-se melhor a realidade de cada família. O pavimento térreo e a sobreloja, como áreas comuns, recebem equipamentos de uso comunitário para facilitar a vida dos ocupantes e otimizar o espaço, criando assim mais ambientes coletivos e menos privados. Também prevê espaços que possibilitem a produção de oriundos, tanto para o financiamento da própria ocupação quanto pra autoafirmação daquela comunidade no espaço urbano fazendo o uso social de tal propriedade.
1
PRA QUEM?
5
6
7
PRA QUÊ? Atualmente vemos políticas habitacionais que excluem a população de baixa renda do direito à cidade e aos serviços básicos. A remoção de comunidades consideradas em área de risco e em locais de interesse da especulação imobiliária, tendo como principal desculpa os megaeventos esportivos e as revitalizações urbanas de regiões consideradas degradadas, como a Zona Portuária no Rio (Porto Maravilha) e o Centro de Niterói (OUC) contribuem para a gentrificação da população local, em sua maioria já residente à anos nessas áreas. Nas capitais e regiões metropolitanas, vemos um grande número de imóveis ociosos, em sua boa parte imóveis públicos (do Município, Estado e União), que poderiam muito bem servir de habitação social para a população mais pobre, criando assim uma outra dinâmica nas áreas centrais, que em sua grande maioria são consideradas perigosas em horários não-comerciais, exatamente pelo vazio populacional nessas áreas. Hoje, depois de diversas intervenções humanas e urbanas, o centro de Niterói caracteriza-se como uma área central de região metropolitana, com seus problemas em comum que vão desde o esvaziamento populacional à degradação do espaço pelo simples esquecimento (as vezes proposital) e abandono por parte do poder público e da população, falta de manutenção constante, etc.
4
Pelo Censo de 2010, a população é de aproximadamente 487 mil habitantes, com o centro abrigando 19,349 pessoas, 3,97% da população total. Ainda pelo Censo, o déficit habitacional no município chega a mais de 20.000 moradias. Já a população de rua da cidade de acordo com dados da Prefeitura, em 2013, variava de 120 a 200 pessoas nessa situação, contando com pelo menos 80 ocupando o abrigo Florestan Fernandes, no Centro. Em abril de 2010 houve o deslizamento de terra no Morro do Bumba, zona norte da cidade, onde cerca de 10.000 pessoas ficaram desabrigadas, boa parte ainda recebendo aluguel social ou vivendo em abrigos improvisados.
2
3
CONGRESSO NACIONAL DE TRABALHOS FINAIS XXXVII ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDANTES DE ARQUITETURA E URBANISMO – MANAUS 2014
OCUPAÇÕES URBANAS: REABILITAÇÃO DE IMÓVEIS PARA HABITAÇÃO SOCIAL NA Guilherme Fraga de Faria Valladares – guilhermeffv@gmail.com ÁREA CENTRAL DE NITERÓI Prof. Orientador: M.e Will Robson Coelho / UNIPLI-ANHANGUERA 1 – Ocupação Zumbi dos Palmares, Saúde, Rio de Janeiro.
5 – Deslizamento no morro do Bumba em Niterói, no dia 05 de abril de 2010.
2, 3 e 4 – Edifício a ser ocupado e seu entorno, na Rua da Conceição, 177, Centro de Niterói.
6 e 7 – Manifestações dos moradores do Bumba após um ano do desastre.
1