Intergalático / Presskit

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INTERGALÁTICO presskit


(chiados de uma fita K7) : a experiência, como você sabe, é uma espécie de recordação, tudo o que se vive já se imaginou, tudo o que se imagina pertence ao futuro, e tudo o que está no futuro já está aqui como um indício, pequena fuga, rascunho de um sonho, uma melodia que se reconhece, uma cidade isolada, uma imagem que se decompõe. eu poderia explicar ao senhor e a toda a sua equipe o que seria estar entre o primeiro e o último estágio, mas não há essa divisão em nosso mundo, o nosso mundo, aliás, é feito de uma atmosfera estranha a sua própria natureza, como os senhores podem notar, há apenas esse deserto amplo, um espaço ausente :

(a K7 tape hiss) : experience, as you know, is a sort of remembering, all that lives has already been imagined, all that we imagine belongs to the future and all that is in the future is already here as a clue, small leak, draft of a dream, a melody that is recognized, an isolated town, an image that decomposes itself. I could explain to you and to all your staff what would mean to be among the first and the last stage, but there is no such division in our world, our world, by the way, is made of a strange atmosphere even to itself, as you gentlemen can see, there is only this wide desert, a missing space.


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Fotografias do livro Intergalรกtico / Photographs from the book Intergalรกtico


INTERGALÁTICO -pt-

INTERGALÁTICO, livro de estreia do fotógrafo brasileiro Guilherme Gerais, é uma espécie de ensaio literário visual. Composto por uma narrativa em preto-ebranco repleta de fotografias, ilustrações e pequenos vestígios, o livro se apresenta como um mapa, um guia, uma trilha para uma jornada ritualística, mas com um ponto de partida enigmático: um espaço ausente, embora anterior. Registradas ao longo de quatro anos (2011-2014) em cidades como Londrina, Capadócia, Praga e Istambul, essas imagens se alternam sob uma ordem que pressupõe uma participação imediata do leitor/espectador: desde o início há o convite para um jogo, um desenlace, um desafio entre aquilo que é visto e aquilo que permanece. A estratégia, nesse caso, articulada de forma espontânea pelo fotógrafo, aponta sempre para o acaso, a desordem, a primariedade de uma suposta vida prévia – algo que se divide entre o espaço terrestre e o universo virtual, uma viagem que seria para o passado, mas é também para o futuro (matéria líquida). A estrutura que define esse percurso é sempre múltipla: há colagens, registros, releituras, tramas, efeitos, anulações, além da nitidez e da granulação que evocam atmosferas superiores, unidades invisíveis, sempre sob uma sutil tendência ao trágico: “As imagens são, para mim, sempre algo que não pude encontrar”, diz o fotógrafo nascido em Londrina em 1987, com trabalho já sólido no Cinema, e com uma linguagem que se aproxima de uma estética do desaparecimento: “aquilo que não consigo ver, talvez, eis um caminho possível”.

Com ilustrações do artista gráfico Arthur Duarte, e projeto gráfico do próprio fotógrafo, INTERGALÁTICO também parte do pressuposto que qualquer narrativa visual oferece sempre um segredo, um desejo que não se revela por inteiro, mas que está sempre presente. Dessa forma, a abertura para um imaginário espacial, repleto de tecnologias já abandonadas, reforça essa tese de que o mundo em que se vive é sempre o mundo em que se cria: estar vivo como algo próximo de estar em constante fabulação. As pistas apresentadas pelo livro, uma disposição que nos remete a jogos de tabuleiro, sempre indica essa possibilidade existencial de que o herói, no fundo, é sempre a negação de si mesmo: estar disposto a se lançar ao mundo é estar disposto a se perder. E a fuga, esse sonho ancestral, reina absoluta como única forma de desafiar esse auto-conforto, essa zona de segurança que invariavelmente reconhecemos como nossa identidade. O que as imagens nos sugerem, portanto, além de uma intensa e silenciosa mutilação, é a notável e afetuosa notícia de que somos no fundo apenas aquilo que se oculta, aquela mágica idéia de não-aparência que só pode ser tocada quando a música se reinicia. E INTERGALÁTICO, o livro, justamente se nutre desse poder: ele recomeça em cada imagem para nos devolver sempre a uma origem do mundo, não o nosso mundo, que fique claro – mas o universo único desse herói, desse ente não identificável que atravessa as 184 páginas dessa publicação como alguém que está refletindo sobre a sua busca, buscando o que não se reconhece. Godard, o cineasta, dizia que os espelhos deveriam pensar antes de nos devolver uma imagem: INTERGALÁTICO mostra como esse pensamento deveria ser – inconcluso, multiforme, impreciso e indigesto, pois a jornada sem identidade é quase como um espectro – você pode ver, mas nunca tocar: eis o jogo.

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Fotografias do livro Intergalรกtico / Photographs from the book Intergalรกtico


INTERGALÁTICO -en-

INTERGALÁTICO, the published debut of Brazilian photographer Guilherme Gerais, is some kind of a visual literary essay. Comprising a narrative in black and white filled with photographs, illustrations and small traces, the book is presented as a map, a guide, a trail to a ritualistic journey, but with an enigmatic starting point: a missing space, although preceding. Captured over four years (2011-2014) in cities like Londrina, Capadocia, Istanbul and Prague, these images are alternated in an order that requires immediate participation of the reader / viewer: from the beginning there is the invitation for a game, an outcome, a challenge between what is seen and what remains. The strategy, in this case, articulated spontaneously by the photographer, always points to the random, the disorder, the primarity of an alleged previous life - something that is divided between land space and the virtual universe, a journey that would be for the past but also for the future (liquid material). The structure that defines this route is always multiple: there are collages, records, re-readings, plots, effects, cancellations, besides the sharpness and graininess that evoke upper atmospheres, invisible units, always in a subtle trend to the tragic: “The images are for me always something that I could not find,” says the photographer born in Londrina in 1987, already with a solid work in Cinema, and with a language that approaches an aesthetic of disappearance: “what I cannot see, perhaps, it’s a possible way.”

With illustrations by the graphic artist Arthur Duarte, and graphic designed by the photographer himself, INTERGALÁTICO also assumes that any visual narrative always has a secret, a desire that is not revealed completely, but that is always present. This way, the opening for a space imaginary, filled with technologies already abandoned, reinforces the thesis that the world in which we live is always the world we create: being alive as something close to being in constant confabulation. The clues presented in the book, an arrangement that takes us to board games, always indicates this existential possibility that the hero in the background is always the denial of himself: the will to throw yourself in the world is the will to lose yourself. And the escape, this ancestral dream, reigns supreme as the only way to challenge this self-comfort, this safety zone that we invariably recognize as our identity. What the images suggest us, besides an intense and silent mutilation, is the outstanding and affectionate news that we are only, in the end, what is hidden, that magical idea of non-appearance that can only be touched when the music restarts. And INTERGALÁTICO, the book, just feeds this power: it restarts on each image to always return to an origin of the world, not our world, to make it clear - but the only universe of that hero, of that unidentifiable being that crosses 184 pages of this publication as someone who is reflecting on his search, seeking what is not acknowledged. Godard, the filmmaker, said that the mirrors should think before returning us an image: INTERGALÁTICO shows how that thought should be - unfinished, multiform, imprecise and indigestible., because the journey without identity is almost as a spectrum - you can see but never touch: this is the game.

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Poster | LADO A / SIDE A 84 cm x 59,4 cm | Impress達o Offset / Offset Printing


Poster | LADO B / SIDE B 84 cm x 59,4 cm | Impress達o Offset / Offset Printing

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Fotografias do livro Intergalático / Photographs from the book Intergalático

.: Guilherme Gerais é fotógrafo e diretor de fotografia nascido em 1987 em Londrina,Paraná e formado em Artes Visuais.Dentre seus trabalhos como diretor de fotografia destacamse o curta Sylvia ( 2012 ) de Artur Ianckievicz, selecionado para festivais importantes como a 46a edição do Festival de Brasília de Cinema Brasileiro e a 23a edição do Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro - CurtaCinema, o curta metragem O Castelo ( 2013 ) de Rodrigo Grota, vencedor do prêmio de Melhor Filme da Competitiva Paranaense do 2º Olhar de Cinema - Festival Internacional de Curitiba e o curta Mr.H ( 2014 ) de Bernard Payen, uma co-produção BrasilFrança. Em 2014 lança seu primeiro livro de fotografia, Intergalático, autopublicado por Avalanche e com o patrocínio da Lei de Incentivo à Cultura de Londrina.

.: Guilherme Gerais is a photographer and cinematographer, born in 1987 in Londrina, Brasil and graduated in Visual Arts. Among his works as Director of Photography stands out the short movie Sylvia ( 2012 ) by Artur Ianckievicz, selected by importants cinema festivals as the 46th edition of Brasilia Film Festival, the oldest cinema festival in Brazil,the 23rd edition of Rio de Janeiro International Short Film Festival - CurtaCinema, the short movie The Castle ( 2013 ) by Rodrigo Grota, winner of the Best Short Movie in the local competitive from Curitiba Internacional Film Festival and the short movie Mr.H ( 2014 ) by Bernard Payen, a co-production Brasil-France. In 2014 launch his first photobook, Intergalático, self-published by Avalanche and with the sponsorship of Londrina City Hall.

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Postal / Postcard 10 cm x 15 cm


INTERGALÁTICO Fotografias / Photographs.: Guilherme Gerais Ilustrações / Illustrations.: Arthur Duarte Texto / Text.: Rodrigo Grota Tamanho / Format.: 20 x 30 cm 184 páginas / pages 93 imagens incluindo um postal / 93 images including one postcard _ Primeira Edição de 500 exemplares / First Edition of 500 Auto-publicado via Avalanche / Self-Published by Avalanche ISBN: 978-85-917523-0-0 _ Patrocínio / Sponsorship: Programa Municipal de Incentivo à Cultura - PROMIC Contato / Contact.: guilhermegerais@gmail.com Londrina, Inverno, 2014

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