Museu da Imigração de Batatais - Reabilitação do Palacete Dona Mulata

Page 1



GUILHERME LUZENTE DE OLIVEIRA 297993

MUSEU DA IMIGRAÇÃO DE BATATAIS REABILITAÇÃO DO PALACETE DONA MULATA

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO APRESENTADO AO CENTRO UNIVERSITÁRIO MOURA LACERDA , PARA CUMPRIMENTO DAS EXIGÊNCIAS PARA OBTENÇÃO DO GRAU BACHAREL EM ARQUITETURA E URBANISMO SOB A ORIENTAÇÃO DO PROFESSOR DOMINGOS GUIMARÃES

RIBEIRÃO PRETO 2013



Dedico este trabalho aos meus pais.



Agradeço aos meus amigos e colegas de faculdade por todos os momentos vividos, desde os mais felizes aos mais estressantes, todos de alguma forma foram importantes para que chegássemos aonde chegamos. Agradeço aos professores, em especial ao meu orientador Domingos Guimarães e aos meus amigos Regina Angelini, José Lanchoti e Alessandra Baltazar. Agradeço a minha namorada Hannah, pelo carinho, amizade e companheirismo ao longo de todo o curso. Agradeço aos meus familiares, principalmente ao meu irmão Matheus e aos meus pais, Paulo e Teresinha, pelo apoio incondicional, pelos conselhos e por sempre acreditarem no meu sucesso. Enfim, agradeço a todos que estiveram presente ao longo dessa caminhada e que de alguma forma contribuíram para realização deste trabalho.



Resumo Oliveira, Guilherme Luzente. (2013) Museu da Imigração de Batatais – Reabilitação do Palacete Dona Mulata. Arquitetura e UrbanismoCentro Universitário Moura Lacerda, Ribeirão Preto. O município de Batatais -SP recebeu uma grande influência do processo de imigração ocorrido no interior paulista no final do século XIX e início do século XX, decorrente do fim da escravidão e da necessidade de trabalhadores nas lavouras de café da região. Essa influência se refletiu em sua história, costumes e arquitetura e é observada até os dias atuais. Dessa forma, a proposta desse trabalho consiste na criação do Museu da Imigração de Batatais, que abrigará arquivos, fotos, objetos e outros elementos que irão contar um pouco da história dos imigrantes na região, fortalecendo a identidade cultural do município. O museu será implantando no palacete Dona Mulata, onde foi proposto um projeto de reabilitação para que comporte seu novo uso. PALAVRAS-CHAVE: REABILITAÇÃO – IMIGRAÇÃO – BATATAIS – IDENTIDADE CULTURAL



Abstract Oliveira , Guilherme Luzente . (2013 ) Batatais Immigration Museum- Dona Mulata's Rehabilitation Palace. Architecture and Urbanism, University Center Moura Lacerda , Ribeir達o Preto. The city of Batatais - SP received a great influence of the immigration process occurred in the countryside of Sao Paulo in the late nineteenth and early twentieth century, arising from the end of slavery and the necessity for workers in the region's coffee plantations. This influence reflected in its history, customs and architecture and, it is observed nowadays. Thus, the purpose of this study is to establish Batatais' Immigration Museum, which will shelter files, photographs, objects and other elements that will tell a little about the immigrants' history in the region, strengthening the cultural city identity. The museum will be deployed in the Dona Mulata's palace, which was proposed a rehabilitation project that suits its new use . KEYWORDS : REHABILITATION - IMMIGRATION BATATAIS - CULTURAL IDENTITY



SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO

...........................................................................02

O PALACETE CONTEXTO HISTÓRICO

...........................................................................05

O PALACETE DONA MULATA

...........................................................................07

INSERÇÃO NO LOTE E RELAÇÃO COM A VIZINHANÇA

...........................................................................09

DISTRIBUIÇÃO

...........................................................................11

PISOS

...........................................................................16

ESQUADRIAS

...........................................................................17

ORNAMENTAÇÃO

...........................................................................18

CORTES E ELEVAÇÕES

...........................................................................19

DIAGNÓSTICOS

...........................................................................22

DADOS URBANOS E FÍSICO DA ÁREA LOCALIZAÇÃO

...........................................................................23

USO DO SOLO

...........................................................................24

GABARITO

...........................................................................25

HIERARQUIA VIÁRIA FUNCIONAL

...........................................................................26

TOPOGRAFIA

...........................................................................27

POPULAÇÃO DO ENTORNO

...........................................................................28

LAZER E CULTURA

...........................................................................29

CARTA SOLAR

...........................................................................30


INTERVENÇÃO EM PATRIMÔNIOS HISTÓRICOS CONCEITOS

...........................................................................32

O ESCRITÓRIO BRASIL ARQUITETURA E SUAS ORIGENS

...........................................................................35

MUSEU DO PÃO

...........................................................................37

MUSEU RODIN

...........................................................................39

CENTRO DE INTERPRETAÇÃO DO PAMPA

...........................................................................41

MUSEU DA IMIGRAÇÃO DE BATATAIS

...........................................................................43

CONCEPÇÃO PROJETUAL

...........................................................................45

PROGRAMA DE NECESSIDADES

...........................................................................46

FLUXOGRAMA

...........................................................................49

PLANO DE MASSAS

...........................................................................50

ESTUDO DE INTERVENÇÕES

...........................................................................51

PROJETO

...........................................................................54

CONCIDERAÇÕES FINAIS

...........................................................................73

BIBLIOGRAFIA

...........................................................................74


Apresentação A proposta do trabalho consiste na elaboração de um projeto de reabilitação do Palacete Dona Mulata transformando o edifício existente no Museu da Imigração de Batatais. O Palacete Dona Mulata está localizado no município de Batatais, interior do Estado de São Paulo, distante 42 km de Ribeirão Preto e 385 km da cidade de São Paulo. Batatais possui uma população com 56,476 habitantes, sendo 49.945 urbana. O município recebeu uma

grande

influência

do

processo

de

imigração ocorrido no interior paulista no final do século XIX e início do século XX,

decorrente do fim

da escravidão e da

necessidade de trabalhadores nas lavouras de café. Esta influência se refletiu em sua história, costumes e arquitetura e é observada até os dias atuais.

2


Vista do Palacete Dona Mulata atravĂŠs da rua Floriano Peixoto, 2013. Fonte: Acervo Pessoal

3


A escolha do Palacete como local para

deste trabalho consiste na elaboração de um

implantação do Museu da Imigração se deu

projeto de reabilitação do Palacete Dona

por seu valor histórico. Sua construção aconteceu no ano de 1926 e é um dos principais exemplares da arquitetura eclética da cidade. Sua história também possui uma

forte ligação com a imigração, sendo o projeto do

edifício

elaborado

por

um

de

seu

no Museu da Imigração de Batatais, propondo uma ligação entre o presente e o passado da

cidade. Sendo assim o trabalho foi dividido em

arquiteto

italiano, Angelo Rossini. Apesar

Mulata, com o intuito de transformar o edifício

quatro capítulos, onde no primeiro capítulo valor

histórico

e

será apresentado um estudo sobre o Palacete

arquitetônico, o edifício não se encontra

Dona Mulata, apresentando dados desde a

tombado por nenhum órgão público e visto

sua construção até os dias atuais, no

seu estado de abandono, deverá passar por

segundo capítulo será apresentada a área de

um processo de reabilitação, termo que é

intervenção e seus dados urbanos e físicos,

conceituado por Gomide, Silva e Braga (2005,

no

p.13) como um conjunto de operações

intervenção em patrimônios históricos e o

destinadas a tornar apto o edifício a novos

quarto capítulo consistirá no projeto de

usos, diferente para o qual foi concebido.

intervenção do edifício.

terceiro

capítulo

será

discutida

a

Desta maneira, o principal objetivo

4


1.1. Contexto Histórico

Queiroz em 1850, ficou suspenso o tráfico de

O palacete “Dona Mulata” foi construído

africanos para trabalhos escravos, diminuindo

nos anos de 1925/1926 por Angelo Rossini,

o número de mão de obra nas lavouras de

construtor italiano que realizou inúmeros

café. A medida adotada para os fazendeiros

projetos em Batatais no início do século XX.

foi trazer famílias de imigrantes que se

A obra foi encomendada por João Ferreira Diniz, marido de Mariana Carvalho Diniz, conhecida por “Dona Mulata”.

Com isso, através do recenseamento realizado no Município de Batatais no ano de

casa aos gosto de sua esposa, porém em

1886, foi possível ter noção das proporções

1927, um ano após a conclusão, veio a

que o processo imigratório iria ter na cidade.

falecer. A casa passou a ser conhecida então

Neste ano, foi constatada uma população de

pelo apelido da viúva, Dona Mulata.

19.915 habitantes, dos quais 1,4 % eram

um período de intensas mudanças que

estavam acontecendo na região e no Brasil como um todo.

5

vida na Europa.

João Ferreira Diniz mandou construir a

A construção do palacete coincide com

Dona Mulata ao lado de filhos e netos. Fonte: DAGHER, 1999

encontravam insatisfeitas com a qualidade de

Com a promulgação da lei Eusébio de

imigrantes. (PEREIRA p.184, 2005)


Dez anos depois, no ano de 1896, outro recenseamento foi realizado, no qual indicava

ESTAÇÃO BATATAIS

uma população de 17.174 habitantes, dos quais 7.470 eram estrangeiros, representando 43,5% da população. Dos estrangeiros, 81,4% tinham origens italianas. (PEREIRA p.184, 2005) Desta

forma,

a

influência

que

LOCALIZAÇÃO DO PALACETE

os

imigrantes, na maioria italianos, iriam ter sobre Batatais percebida

era na

muito

grande.

cultura,

Sendo

gastronomia

ela e

REGIÃO CENTRAL

arquitetura até os dias atuais. Assim como a imigração, outro fator que influenciou na transformação do município de Batatais foi a implantação da Estação Batatais, que após sua inauguração no ano de 1886, o número de construções em Batatais quase

dobrou durante a década seguinte. O principal eixo de crescimento correspondia pela área localizada entre o centro e a Ferrovia. (DUTRA, 1993, p. 66)

6


1.2. O Palacete Dona Mulata A obra se localiza no bairro Castelo, um dos mais antigos bairros da cidade e se destaca

por

sua

volumetria

e

monumentalidade. Os grandes recuos frontais

mestre de obras, pedreiros e toda sorte de material de construção – tudo, absolutamente tudo, vinha da Europa e dos Estados Unidos. Essas construções ecléticas, portanto nada tinham a ver com o nosso elenco de elementos ligados ao conhecimento e à técnica e tampouco com os elementos fornecidos naturalmente pelo meio ambiente.(LEMOS, 1989, p. 51)

e laterais, garantem uma contemplação para o edifício . Pela composição de estilos pode se dizer que se trata de um exemplar eclético, com predominância de Art Nouveau. Segundo Moraes de Sá (2004, p. 28), o ecletismo passa a ser um termo empregado em várias áreas do conhecimento e na arquitetura passa a significar genericamente a composição de estilos do passado, misturando elementos de diferentes períodos e origem. O

estilo nasceu na Europa no século XVIII e no Brasil ele aparece no final do século XIX e vai até a primeira metade do século XX. ...Nessa hora, o nosso patrimônio viu-se invadido: o dinheiro do café, por exemplo, importou arquitetos,

7

As características mais marcantes do prédio são reflexo das mudanças que estavam ocorrendo na cidade e em todo o Estado de

São Paulo. Vendo as cidades cada vez mais insalubres os governantes passaram a buscar medidas que regulamentassem regras de higiene. (LEMOS, 1999, p. 18) Em Batatais, no ano de 1894, foi criado o Código de Posturas com o intuito de

proporcionar um desenvolvimento ordenado no município.

O

Código

estipulava

medidas mínimas a serem seguidas:

algumas


“O pé direito mínimo das casas térreas teria 4 metros e andares superiores, 3,50 m. As portas das frentes seriam de 2.90m de altura e 1,10 m de largura, distando uma das outras pelo menos 0,60 m, porém com igualdade e simetria. O dimensionamento das janelas foi esquecido, mas em novembro de 1897, acrescentava-se ao Código suas especificações: deveriam ter 1,90m de altura e 0,90m de largura mínima. (...) Permitiu-se o rompimento da extensa muralidades que as fachadas apresentavam, pois foi admitida a construção para dentro do alinhamento, caso em que os edifícios deveriam ser cercados na frente. As casas que se edificassem no alinhamento de ruas e praças não poderiam ter portas, meia portas ou venezianas que se abrissem para o exterior em nível inferior a 2,50m e nem ter beira de telhados ou sacadas que ultrapassassem 0,80m do alinhamento.” (DUTRA, 1993, p. 94)

Fachada vista da rua Marechal Deodoro e rua 13 de Maio, 2013. Fonte: Acervo Pessoal

Fachada vista da rua Floriano Peixoto, 2013. Fonte: Acervo Pessoal

Fachada vista da rua Marechal Deodoro e rua Floriano Peixoto, 2013. 8 Fonte: Acervo Pessoal


1.3. Inserção do edifício no lote e relação com a vizinhança. Refletindo as exigências do Código de Postura de 1984 e se aproveitando de sua localização privilegiada, o edifício foi inserido nas divisas com a ruas Treze de Maio e

Vista 01

Vista 04

Vista 02

Vista 05

Vista 03

Vista 06

Marechal Deodoro, deixando –se um generoso recuo com a rua Floriano Peixoto, aonde foi projetado um jardim. O palacete possui ainda um

grande

quintal

que

o

separa

das

construções vizinhas. Em frente da fachada com a rua Marechal Deodoro o edifício se comunica visualmente

com

a

praça

Jorge

Nazar,

garantindo uma continuidade linear do lote. As

construções

vizinhas,

sendo

algumas contemporâneas a construção do Palacete Dona Mulata e que ainda se encontram

conservadas

e

com

poucas

intervenções, proporcionam um cenário que mantêm

viva

a

história

da

cidade

das

primeiras décadas do século XX.

9

Relação do edifício com a vizinhança (indicação de vistas) Fonte: acervo pessoal


Vista 01

Vista 06

Vista 04 Vista 05

Vista 03

Inserção do edifício no lote e relação com a vizinhança (indicação de vistas) Fonte: acervo pessoal

10


1.4. Distribuição

jantar, quartos de hóspedes, quartos de

O Palacete Dona Mulata possui uma

costura e de doces, área de serviço e ao

grande quantidade de cômodos. Segundo

escritório, esse possuindo acesso direto para

Moraes de Sá(2004, p.49), no final do sec.

área externa da casa.

XIX, a privacidade passou a se tornar cada

Observamos também a existência

vez mais importante, cada cômodo passou a

das varandas, uma ligada á sala principal e

ter

outra a sala de jantar. Essas varandas, mais

uma

identidade

elementos

até

então

própria

e

surgiram

inexistentes

como

observadas

construções

rurais

são

banheiros privativos incorporados no corpo

encontradas em alguns palacetes urbanos

principal da casa, assim como cozinhas e

representando uma extensão das fazendas.

outros compartimentos que com o uso da

Elas representavam locais de estar e de

energia

recepção (LEMOS, 1998, p.24) .

elétrica

mudaram

costumes

e

Na distribuição original havia um

horários familiares. O acesso ao palacete é feito pela

grande banheiro que se encontrava próximo a

sala de estar e pela sala de jantar, sendo o

cozinha.

acesso para o porão distinto e não havendo

construções da época que colocavam todos

circulação

os equipamentos do banheiro em um único

interna

entre

o

porão

e

o

cômodo,

pavimento principal O Palacete possui uma sala principal de

onde

são

distribuídos

os

principais

cômodos e um corredor que leva à sala de

11

em

Diferentemente

seguindo

de

uma

outras

configuração

americana, o palacete resgatava o costume francês

de

separar

compartimentos menores.

a

latrina

em


Representação da planta do térreo (nível 2,58) Representação da planta do térreo (nível 2,58)

12


Esta grande quantidade de cômodos e seus respectivos usos também serviram como fator determinante na elaboração da volumetria da casa. Conforme a necessidade de algumas áreas, a construção avança seu

alinhamento, o que acaba criando recortes nas fachadas. Fachada vista da rua Floriano Peixoto, 2013. Fonte: Acervo Pessoal

O porão com pé direito elevado, aproximadamente 2,50 metros também ajuda a compor a volumetria da casa, de forma que eleva

o

gabarito,

destacando-a

das

construções vizinhas. ...nos

palacetes,

onde

se

morava à francesa, porão era peça fundamental, tanto quanto dizia respeito ao programa, quanto a estética da construção; pois não era elegante a Fachada vista da rua 13 de Maio, 2013. Fonte: Acervo Pessoal

13

casa estar no nível do chão, do jardim porque

ficaria

acachapada

ou

amesquinhada; ela deveria sempre estar sobranceira. (LEMOS, 1998, p.77) .


Representação da planta do térreo (nível 2,58)

14


A volumetria recortada, gerada pela distribuição dos cômodos, por sua vez, É determinante no formato do telhado que se faz em

estilo

normando.

Percebemos

uma

cobertura arrojada feita em telha francesa que

diferencia da tipologia encontrada no entorno.

Vista do telhado – Rua 13 de Maio Fonte: Acervo Pessoal

É possível observar saliências no telhado. Elas fazem parte de um projeto de reforma realizado pelo antigo dono, onde foi proposto a criação de um pavimento no sótão. Dessa forma o forro foi removido para dar local a uma laje. O projeto não foi concluído e o edifício permaneceu sem forro. (DAGHER, 1999, não paginado)

15

Vista do telhado – Rua Marechal Deodoro Fonte: Acervo Pessoal

Alterações no telhado Fonte: Acervo Pessoal


1.5. Pisos O piso da casa, no pavimento térreo, é em assoalho tipo macho e fêmea, se Piso sala de piano – assoalho macho e fêmea Fonte: DAGHER (1999)

encontrando conservado em quase todos os cômodos. Na sala de piano e sala de estar o piso é mais elaborado possuindo um desenho

diferente dos outros cômodos. (DAGHER, 1999, não paginado) Na varanda e sala de jantar o piso é em ladrilho hidráulico, e encontra-se em bom estado de conservação, existindo apenas algumas peças quebradas. O piso da cozinha e do banheiro Piso sala de jantar – ladrilho hidráulico Fonte: DAGHER (1999)

social foi removido de forma que não foi possível identificar sua tipologia. (DAGHER, 1999, não paginado)

Banheiro social – piso removido Fonte: DAGHER (1999)

16


1.6. Esquadrias A

legislação

vigente

na

época

obrigava algumas medidas mínimas quanto a iluminação e ventilação do edifício. Dessa forma, o Palacete Dona Mulata vem a refletir estas

exigências,

apresentando

grandes

janelas e portas. Suas grandes portas são feitas de madeira, vidro e ferro. Onde o ferro forjado, é trabalhado de maneira que gera formas mais orgânicas, encontradas em construções do estilo Art Nouveau. As janelas externas são feitas de madeira e possuem uma geometria semelhante as encontradas nas portas . Infelizmente

devido a umidade e a má conservação do edifício a maioria das janelas se encontram deterioradas.

Representação da geometria das portas

17

Janelas de madeira Fonte : Acervo pessoal


1.7. Ornamentação No Palacete Dona Mulata, o estilo Art Nouveau ganha força na ornamentação da

1

casa.

2

3

Assim como as esquadrias, os gradis e parapeitos possuem um trabalho em ferro forjado que garantem uma movimentação em suas formas. Essa movimentação é encontrada até mesmo nos condutores das calhas, que ajudam a marcar o estilo do edifício. Logo a cima das janelas, o palacete ganha uma ornamentação um pouco menos

4

rebuscada, com formas geométricas mais ortogonais.

1 – Ventilação do porão 2 – Gradis de divisa do lote 3 – Condutor da Calha 4 – Detalhes com formas mais ortogonais acima das janelas 5 – Jardineira Fonte: Acervo Pessoal

5

18


1.8. Cortes e Elevações

19


20


21


1.9. Diagnóstico A importância que o edifício possui tanto para história, quanto para arquitetura do Município de Batatais é clara. Sendo um elemento que se destaca na paisagem do entorno e até mesmo urbana. Devido ao mau uso e sua má conservação, o palacete vem se deteriorando com o tempo. As peças em ferro forjado e de madeira são as mais prejudicadas e sofrem com a exposição a umidade. As

reformas

inacabadas

também

deixaram deterioradas algumas áreas internas do

edifício

prejudicando

até

mesmo

a

identificação das características originais. Dessa forma, o edifício como um todo

deve receber uma atenção especial. Seu mau uso e má

conservação podem inutilizá-lo,

deixando-o em condições irreversíveis.

22


2.

Dados urbanos e físico da área 2.1. Localização O Palacete Dona Mulata se localiza no bairro Castelo (UP-02) , na rua Marechal Deodoro, n° 02, na esquina com as ruas Floriano Peixoto e Treze de maio.

23

Foto aérea da área central de Batatais Fonte: Secretaria Municipal de Batatais

Localização da UP 02 – Bairro Castelo Fonte: Secretaria Municipal de Batatais, 2005.


2.2. Uso do solo É possível notar uma predominância residencial no entorno do edifício em questão, onde a medida que a rua Marechal Deodoro cruza

a

Av.

Oswaldo

Scatena,

se

transformando em ladeira Dr. Mesquita, ela começa a receber um caráter mais comercial e de prestação de serviço, deixando claro a distinção entre os bairros Castelo (UP 02) e Centro (UP 01). Com isso, apesar da predominância residencial, é válido dizer que dentro de um raio 300 m é possível ter uma gama de atividades

que

suprem

a

demanda

da

vizinhança.

24


2.3. Gabarito O

gabarito

se

mantêm

quase

homogêneo na cidade toda. No entorno da área de estudo é possível identificar uma predominância de edifícios que possuem de 1 a 2 pavimentos.

25


2.4. Hierarquia viária funcional A área de intervenção se encontra em um dos principais eixos da cidade e próxima a Av. Dr. Oswaldo Scatena garantindo fácil acesso aos munícipes e aos visitantes de outras cidades. É possível observar que as principais

vias coincidem com áreas comerciais e de prestação de serviço Apesar

de

funcionalmente

serem

consideradas vias arteriais, estas vias não comprometem a circulação de pedestres ao local.

26


2.5. Topografia A área de intervenção está distribuída de maneira que aproveita as curvas de nível, se encontrando paralela a elas e dessa forma evita grandes declividades. No raio indicado na figura ao lado é

possível identificar uma declividade média de 5%, caracterizando uma área acessível à pessoas com capacidade motora reduzida. A inclinação longitudinal de calçadas, passeios e vias exclusivas de pedestres deve sempre acompanhar a inclinação das vias lindeiras. Recomenda-se que a inclinação longitudinal das áreas de circulação exclusivas de pedestres seja de no máximo 8,33% (NBR 9050, 2004, p.53)

27


2.6. População do entorno No

mapa

ao

lado

é

possível

identificar, por predominância, aonde estão concentrada a população com mais de 65 anos de idade. Onde as manchas são mais intensas

coincidem Concentração de pessoas com mais de 65 anos de idade, sem escala. Fonte: IBGE – CENSO 2010

com

a

área

de

intervenção,

caracterizando o perfil do entorno.

28


2.7. Lazer e Cultura

O município de Batatais possui uma precariedade em equipamentos de lazer e cultura. Na maioria das vezes as atividades de

lazer

se

restringem

a

centro

comunitários, clubes particulares ou eventos municipais, dos quais destacamos o Festival Gastronômico e Cultural Di San Gennaro, realizado anualmente com a intenção de resgatar a cultura italiana influente no município.

29


2.8. Carta solar

FACHADA NORTE

Área de Intervenção Localização da área de intervenção, sem escala. Fonte: Google Earth

FACHADA SUL

FACHADA LESTE

FACHADA OESTE

30


Interven莽茫o em patrim么nios hist贸ricos 3.

31


(1814–1879)

3.1. Conceitos

defendida A

intervenção

em

patrimônios

históricos é um assunto abordado há muito sobre

preservação

dos

a

necessidade

“bens”

culturais

Jonh

dos

antiintervencionistas,

Ruskin

(1819–1900)

e

posteriormente seguida por William Morris (1834-1896). Choay (2001, p. 15,):

tempo por historiadores e arquitetos que discutem

e

Ruskin, seguido por Morris, defende um antiintervencionismo radical, de que até então não havia exemplo, e que deriva de sua concepção do monumento histórico. O trabalho das gerações passadas confere, aos edifícios que nos deixaram, um caráter sagrado. As marcas que o tempo neles imprimiu fazem parte de sua essência.”

da

para

gerações futuras. Segundo Choay (2001, p.11) o termo patrimônio designará um bem destinado a usufruto da comunidade que se ampliou a dimensões maiores por seu acumulo de objetos e fatos históricos. Onde “bem” é

Para Ruskin, os patrimônios históricos

descrito por ICOMOS (1980) como um

não devem ser restaurados, sendo

edifício, ou conjunto de edificações que

processo de restauração a completa perda de

possuam valor cultural.

sua

Dessa forma, segundo Choay (2001,

p.153), a restauração é dividida por duas linhas

de

pensamentos:

a

essência.

Ele

somente

admite

o a

manutenção do edifício desde que sobre

aspectos imperceptíveis.

dos

intervencionistas, liderada por Violet-le-Duc

Museu do Pão – fotos Nelson Kon Fonte: www.brasilarquitetura.com (12/10/2013)

32


Segundo

ICOMOS

(1980,

não

intervencionista

de

Violet-le-Duc

e

a

antiintenvencionista de Ruskin, Camillo Boito

paginado): “O termo manutenção designará a proteção contínua da substância, do conteúdo e do entorno de um bem e não deve ser confundido com o termo reparação. A reparação implica a restauração e a reconstrução, e assim será considerada. A preservação será a manutenção no estado da substância de um bem e a desaceleração do processo pelo qual ele se degrada.”

(1836-1914)

defende

a

restauração,

entendendo-a como uma prática necessária para manutenção de um bem, mas que deve haver uma diferenciação do original e do

atual,

onde

em

nenhuma

hipótese

a

intervenção possa se passar pelo original. Onde toda a intervenção em um edifício histórico deve ser datada e marcada pelo estilo de sua época. (CHOAY, 2001, p.166)

Em contraposição as idéias de Ruskin,

Viollet-le-Duc,

da

de Boito é seguida pela Carta Atenas (1931),

restauração e acredita que restaurar um

documento que estipulou alguns parâmetros

edifício é restitui-lo a um estado que pode

na manutenção e intervenção em edifícios

nunca ter existido. Sendo assim, em suas

históricos.

restaurações

defende

a

encontram-se

teoria

ornamentos

inexistentes nas construções originais das obras, que ele defende como preenchimentos dos espaços vazios. Conciliando

33

Posteriormente, a linha de pensamento

as

duas

idéias,

a


Segundo

ICOMOS

(1931,

não

No

Brasil,

adotando

a

linha

de

pensamento a intervencionista, destacamos o

paginado): “Os técnicos receberam diversas comunicações relativas ao emprego de materiais modernos para consolidação de edifícios antigos. Eles aprovam o emprego adequado de todos os recursos da técnica moderna especialmente o cimento armado.”

Escritório Brasil Arquitetura.

Seguindo os parâmetros criados pelas cartas patrimoniais, dos quais destacamos a Carta de Atenas (1931) e a Carta de Burra (1980), diversos manuais para elaboração de

projetos em patrimônios históricos foram criados, onde muitos deles buscavam atender necessidades regionais. Nesta pesquisa foi adotado o Manual de elaboração de projetos de preservação do patrimônio cultural , elaborado para Instituto do Programa Monumenta e apoiado pelo Ministério da Cultura. Nele estão definidos os processos

pelo

qual

um

projeto

de

intervenção devem seguir.

34


3.2.

O

Escritório

Brasil

enquanto ainda estava cursando a FAU – USP, buscou estágio no escritório de Lina.

Arquitetura e suas origens

Nesse momento ela estava projetando o O Brasil Arquitetura foi fundado em 1979 pelos arquitetos Francisco de Paiva Fanucci, Marcelo Carvalho Ferraz e Marcelo Susuki. Atualmente é dirigido por Fanucci e Ferraz, ambos formados pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo. (FAU escritório

realiza

projetos

de

arquitetura, urbanismo, desenho industrial, Nesse estudo nos limitaremos a falar dos trabalhos de recuperação e restauração, embasar

teoricamente

a

intervenção proposta.

Primeiramente, seria impossível não citar a ligação dos trabalhos do Brasil Arquitetura com as obras de Lina Bo Bardi. Podemos dizer que o primeiro contato se deu por Marcelo Ferraz, que no ano de 1977,

35

famosos de sua carreira. A partir de então a

ligação entre Brasil Arquitetura e Lina Bo Bardi se fez presente até sua morte em 1992. (FERRAZ E FANUCCI, 2005, p.15) sobre o Brasil Arquitetura vai além da arquitetura propriamente dita. A principal influencia se faz presente nas questões

recuperação e restauro.

buscando

projeto que viria a se tornar um dos mais

A principal influencia que Lina exerceu

– USP). O

centro cultural e esportivo Sesc Pompéia,

sociais e culturais. Ela desperta sobre Ferraz uma necessidade de conhecer primeiro o Brasil e suas diversas culturas, de forma que seja possível criar uma arquitetura que se adapte com seu ambiente e com sua história. (FERRAZ E FANUCCI, 2005, p.18)


Dessa forma, os projetos do escritório Brasil

Arquitetura

possuem

um

caráter

intervencionista, mas que buscam não criar cópias

dos

edifícios

originais.

Suas

intervenções passam então a complementar a arquitetura

original,

de

forma

que

fica

destacado o “antigo e o novo”.

Sesc Pompéia – Projeto de Lina Bo Bardi Fonte: http://www.viagempelomundo.com/2011/04/sesc-pompeia-saopaulo.html (acessado em 13/04/2013)

36


em 2007 e inaugurada em 2008.

3.2.1. Museu do Pão

O Museu do Pão possui oficinas O Museu do Pão esta localizado

para formação e capacitação de jovens,

em Ilopolis – RS, um município pequeno

onde são realizados cursos de panificação e

com

confeitaria. Também existe um memorial

4102

habitantes,

distante

com uma coleção de objetos utilizados pelos

aproximadamente 200 km de Porto Alegre.

foi

imigrantes italianos na região. Além de uma

construído em 1917 e ao longo dos anos

“bodega” destinada a venda e consumo dos

passou por vários donos e sociedades. No

alimentos produzidos pelo curso.

O

Moinho

Colognese

ano de 2004, descontente com o abandono a

referência se deu pela similaridade com a

Associação dos Amigos dos Moinhos do

proposta do trabalho. Se assemelhando no

Vale do Taquari é criada e adquire o imóvel

seu programa e na ligação que o edifício

com recursos doados pela Nestlé.

possui com a cidade e sua história.

dos

prédios

históricos

na

região,

Em 2005 o escritório Brasil Arquitetura

elabora

o

projeto

para

recuperação do moinho integrando o edifício

pré-existente a um novo edifício, criando então o Museu do Pão. A obra foi concluída

37

A escolha como projeto de

Museu do Pão– fotos Nelson Kon Fonte: http//www.brasilarquitetura.com (12/10/2013)


Cada bloco do museu do pão assume uma função distinta onde a união entre eles é feita através de passarelas

sala de culinária / sala de aula café / venda de produtos área expositiva / auditório

Planta – Museu do pão Fonte: www.brasilarquitetura.com (12/10/2013) Museu do Pão – sala de culinária – fotos Nelson Kon Fonte: /www.brasilarquitetura.com (12/10/2013)

38


Dessa forma o térreo fica livre para circulação, enquanto na passarela, existe

3.2.2. Museu Rodin localizado

O

Museu

no

bairro

Rodin da

Graça,

está em

Salvador-BA. Foi projetado em 2002 e sua

No projeto foi proposto a do

antigo

conjunto. Para circulação vertical foi incorporado no palacete um bloco

obra concluída em 2006. restauração

diversos ângulos para contemplação do

palacete

do

de

vidro contrastando com o edifício histórico e evidenciando a intervenção

Comendador Catharino com o intuito de

O terreno onde foi implantado

receber as obras do escultor francês

o Museu Rodin possui características que

Auguste Rodin. Junto ao palacete foi

se assemelham ao local de intervenção

proposto a criação um novo edifício para

proposto nesse trabalho. Talvez a mais

abrigar coleções temporárias, um bar café

marcante seja a linearidade e a inserção

e local para reserva técnica.

do edifício existente no lote.

O museu chama atenção pela perfeita interação que ocorre entre o velho e o novo, agregando a antiga identidade

do edifício a seu novo uso. O novo edifício, por sua vez, se une ao antigo palacete através de uma grande passarela em concreto armado.

39

Museu do Pão– fotos Nelson Kon Fonte: http//www.brasilarquitetura.com (12/10/2013)


Planta – Museu Rodin Fonte: www.brasilarquitetura.com (12/10/2013)

Edifício novo

Edifício novo

Passarela de ligação

Elevação – Museu Rodin Fonte: www.brasilarquitetura.com (12/10/2013)

Palacete Comendador Catharino

40


3.2.3. Centro de Interpretação

abrigar o Museu do Pampa, galerias, espaço

do Pampa

Memorial O Centro de Interpretação do Pampa se localiza em Jaraguão-RS, a aproximadamente

400

km

de

Porto

para da

exposições Enfermaria,

temporárias, auditório,

biblioteca, videoteca e reserva técnica. O projeto chama atenção pelo resgate que o novo edifício faz a sua

história e com a identidade do local.

Alegre. O

projeto

consiste

na

reabilitação da Antiga Enfermaria de Jaraguão,

considerada

patrimônio

histórico do Rio Grande do Sul, para

Enfermaria de Jaraguão Fonte: www.brasilarquitetura.com (12/10/2013)

41

Ilustração – Centro de Interpretação do Pampa Fonte: www.brasilarquitetura.com (12/10/2013)

Perspectiva – Centro de Interpretação do Pampa Fonte: www.brasilarquitetura.com (12/10/2013)


No projeto do Centro de Interpretação dos Pampas, o escritório Brasil Arquitetura mantêm a casca do edifício que se encontra degradada e constrói um centro cultural dentro desta ruína.

Outro bloco contendo

equipamentos de serviço é locado fora do edifício principal e interligado através de um caminho linear. Já o auditório é interligado ao bloco principal por um túnel subterrâneo

Implantação Fonte: Brasil Arquitetura

Equipamentos / serviço auditório área expositiva

Auditório Fonte: Brasil Arquitetura

42


4.

43

Museu da Imigração de Batatais


A criação do Museu da Imigração de Batatais se faz necessária para que se possa criar

um elo que conecte a cultura contemporânea do município

com

sua

história.

Esta

ligação

funcionará como uma ponte em que os visitantes do Museu poderão recordar as histórias de seus antepassados. Histórias essas que vem sendo esquecidas, serão relembradas e eternizadas através dessa ligação. Talvez a palavra ligação seja a mais apropriada para nortear este projeto. Onde a ligação deverá ser expressa não somente na pauta do museu mas também na intervenção que se faz necessária com a reabilitação do Palacete Dona Mulata Dessa forma, a futura utilização será a principal justificativa da intervenção. Onde o passado fará parte do presente e o presente estará ligado com o passado.

44


4.1. Concepção Projetual O Museu da Imigração tem como objetivo

o resgate da memória do município de Batatais. Desta maneira o antigo Palacete “Dona Mulata” será reabilitado acomodando arquivos, imagens e objetos relembrando a história da cidade, da imigração e do cotidiano das famílias do final do século XIX e das

primeiras décadas do século XX. Junto ao palacete será criado um anexo que abrigará espaço

de

armazém,

exposições curso

de

temporárias,

culinária,

além

café, das

atividades administrativas que darão suporte a todo o complexo cultural.

45


Apoio: visto os equipamentos existentes

4.2. Programa de Necessidades

na exposição, será necessário um espaço para Museu da imigração: Exposição de

estocagem de materiais para manutenção. (01

longa duração contendo histórias, depoimentos

funcionário/ 10m²)

e materiais referentes à imigração no Município

Acervo

de Batatais. A exposição acontecerá por meio

técnico:

Armazenamento

de

materiais expositivos. (20 m²)

de imagens, banners, objetos e elementos

Exposições Temporárias: Esta área

multimídia. Esse espaço será dividido em 08

será destinada a eventos temporários que

módulos, sendo eles:

poderão fugir a temática do museu. Ele deverá

01 - Recepção: Apresentação do museu

dar

suporte

a

exposições

multimídias,

pictográficas, e aglomerações de pessoas,

(01 funcionário/20 m²) 02 - História da Imigração no Brasil

onde poderão acontecer pequenos eventos.

03 - A imigração em Batatais

Foyer (25 m²)

04 - As Famílias

Sala de Exposição (70 pessoas/ 100m²)

05 - Trabalho no campo e a vinda para a cidade 06 - O Cotidiano

07 - A influência dos imigrantes na história e na arquitetura da cidade 08

-

Festas

costumes

e

tradições

deixadas pelos imigrantes

46


Sala de culinária: espaço onde serão ministrados

cursos

de

culinária.

Possuirá

diversas turmas e os produtos gerados nessas

museu além dos alimentos feitos pelos alunos do curso de culinária. (01 pessoa/ 80 m²): Cozinha/Balcão (02 funcionários/ 20 m²)

aulas poderão ser vendidos no café. Seu

espaço também irá funcionar como cozinha de

Sanitários

apoio para o complexo. O intuito é proporcionar

09 bacias sanitárias

atividades

09 lavatórios

encontradas

semelhantes no

Festival

às

atividades Cultural

e

03 mictórios

Gastronômico di San Gennaro de Batatais, onde os próprios moradores produzem os

Núcleo de apoio: neste espaço estarão

alimentos e o dinheiro arrecado com a venda é

locados os profissionais que coordenarão o

destinado a manutenção da festa e de

museu e os diversos núcleos. (04 funcionário/

entidades de caridade.

28 m²)

Cozinha (14 alunos, 01 professor, 01 ajudante/ 80 m²) Câmara Fria - Resfriados (07 m²)

Câmara Fria - Congelados (07 m²) Despensa (08 m²) Armazém/ Café: espaço onde serão vendidos produtos referentes à temática do

47

Reunião (10 pessoas/ 20 m²) Sala p/ funcionários (15 m²)


Ambiente

Museu da Imigração

Exposição Temporária

Sala de Culinária

Café

Módulos

Grau de Privacidade

Qualificação

1

Semi-Público

Exposição multimídia

Quantificação

Dimensionamento 20 m²

2

Semi-Público

Exposição multimídia

50 m²

3

Semi-Público

Exposição multimídia

50 m²

4

Semi-Público

Exposição multimídia

5

Semi-Público

Exposição multimídia

6

Semi-Público

Exposição multimídia

90 pessoas

50 m² 50 m² 50 m²

7

Semi-Público

Exposição multimídia

50 m²

8

Semi-Público

Exposição multimídia

50 m²

Apoio

Privado

Armazenamento de materiais

Acervo Técnico

Privado

Foyer

Semi-Público

Sala de Exposição

1 pessoa

10 m²

Armazenamento de materiais

-

20 m²

Recepção/ Espera

30 pessoas

45 m²

Semi-Público

Exposição multimídia

70 pessoas

100m²

Cozinha

Semi-Público

Cursos de culinária/preparo de alimentos

16 pessoas

80 m²

Câmara Fria - Resfriados

Privado

Estocagem de alimentos

-

7 m²

Câmara Fria - Congelados

Privado

Estocagem de alimentos

-

7 m²

Despensa

Privado

Estocagem de alimentos

-

8 m²

Cozinha/Balcão

Privado

Venda de alimentos

2 pessoas

15 m²

Mesas

Semi-Público

Consumo de alimentos

30 pessoas

80 m²

Funcionários/vestiário

Privado

-

400 m²

145 m²

102 m²

95 m²

1 bacias sanitárias 1 lavatórios 8 bacias sanitárias

Sanitários Visitantes

Semi-Público

-

Recepção

Semi-Público

Recepção/ Espera

1 pessoa

15 m²

Nucleo de Apoio

Privado

Escritório

4 pessoas

28 m²

Reunião

Privado

Escritório

10 pessoas

20 m²

Sala Funcionários

Privado

Descanso

5 pessoas

15 m²

DML

-

Privado

Armazenamento de materiais

-

-

6 m²

Depósito de Lixo

-

Privado

Armazenamento de lixo

-

-

6 m²

Depósito de Gases

-

Privado

Armazenamento

-

-

3 m²

8 lavatórios 3 mictórios

Administração

90 m²

48


4.3. Fluxograma

ACERVO TÉCNICO

PATIO CENTRAL

APOIO

ACESSO

MUSEU DA IMIGRAÇÃO

SANITÁRIOS

SALA TÉCNICA

EXPOSIÇÕES TEMPORÁRIAS

DEPÓSITO

ATENDIMENTO REUNIÕES

49

ESPERA

RECEPÇÃO FOYER

ADMISTRAÇÃO

DIRETORIA

DEPÓSITO DE LIXO DML ACESSO/SERVIÇO

CAFÉ ARMAZÉM

BALCÃO

COZINHA

SALA DE CULINÁRIA CÂMARA FRIA

DESPENSA


4.4. Plano de massas

ADMISTRAÇÃO

MUSEU DA IMIGRAÇÃO RECEPÇÃO FOYER

PÁTIO CENTRAL

EXPOSIÇÕES TEMPORÁRIAS

ÁREAS DE SERVIÇO/ SANITÁRIOS SALA DE CULINÁRIA

CAFÉ/ ARMAZÉM

Plano de Massas Fonte: Arquivo Pessoal (2013)

50


4.5. Estudos de intervenção Estudo - 01

Passarela de ligação anexo ao palacete Intervenção no interior do palacete

Edifício anexo em “L”

Gabarito alinhado ao do edifício existente”

Estudo de Intervenção 01 Fonte: Arquivo Pessoal (2013)

51


Estudo - 02

Intervenção no interior do palacete

Gabarito alinhado ao do edifício existente”

Passarela de ligação o anexo ao palacete Estudo de Intervenção 02 Fonte: Arquivo Pessoal (2013)

Dois blocos perpendiculares ao edifício existente

52


Estudo - 03

Intervenção no interior do palacete

Gabarito alinhado ao do edifício existente”

Passarela de ligação o anexo ao palacete Estudo de Intervenção 03 Fonte: Arquivo Pessoal (2013)

Edifício anexo perpendicular ao existente

53


será de intervenção interna e externa ao

conjunto de operações destinadas a restabelecer a unidade da edificação, relativa à concepção original ou de intervenções significativas na sua história

Palacete Dona Mulata.

Visto o fato de não possuir dados que

4.6. O Projeto Utilizando-se do estudo 03, o projeto

Internamente o edifício passará por

indiquem a forma original do forro, será

um processo de reabilitação, com a criação de

implantado um forro perfurado acústico na cor

uma caixa de escada e a instalação de uma

preta, buscando uma neutralidade em relação

caixa de elevador, visto que o palacete

ao palacete.

originalmente não possui circulação vertical

Externamente será criado um novo

interna. Dessa forma, todo o acesso passará a

edifício que abrigará a administração do

ser centralizado onde originalmente existia a

museu, sala de exposição temporária, curso de

sala de jantar.

culinária, café, a reserva técnica, além de

Os

materiais

escolhidos

para

a

intervenção interna foram o aço e o vidro,

equipamentos técnicos de apoio ao complexo. O edifício anexo será implantado

contrastando com a materialidade original e de

perpendicularmente

modo a demarcar a historicidade do edifício.

estruturalmente será executado em concreto

Os pisos, esquadrias e ornamentos

deteriorados deverão passar por processo de

ao

palacete

e

armado e a vedação será feita através de

alvenaria comum e vidro.

restauração, assumindo suas configurações originais. Segundo Gomide, Silva e Braga (2005) a restauração ou restauro consiste em:

54


Será implantada uma segunda caixa

sistemas estruturais se tornariam inviáveis.

de elevador no edifício anexo, possibilitando

Dessa maneira o aço funcionará como um

que os dois blocos possam trabalhar de

conector, uma ponte entre o passado e o

maneira independente.

futuro.

Buscando um maior conforto térmico

O pátio central receberá um tratamento

foram projetados brises, protegendo a sala

paisagístico e funcionará como praça de

de exposição e a cozinha durante a tarde,

alimentação e local de passagem, onde o

período onde os raios solares incidem

formato dos jardins determinarão as rotas e

diretamente nesses ambientes.

acessos do museu. O pátio central também

Também serão criados shafts para

serve de ligação entre a rua Floriano Peixoto

que atendam as necessidades técnicas do

e 13 de Maio, funcionando como uma

edifício.

extensão da praça Jorge Nazar.

O jardim original foi removido, visto A passarela que unirá o Palacete Dona Mulata ao anexo será em aço, assim como a intervenção

realizada

internamente.

A

escolha se deu primeiramente por questões estruturais, onde visto o grande vão entre os Estudos e perspectivas Fonte: Arquivo Pessoal (2013)

55

dois edifícios e o pé direito baixo, outros

estar deteriorado e não existirem informações suficientes para restaura-lo.


Implantação - perspectiva Fonte: Arquivo Pessoal (2013)

56


Implantação

57


Plantas

58


59


60


61


Intervenções

62


Intervenções

Intervenções internas 01 Fonte: Arquivo Pessoal (2013)

63

Intervenções internas 02 Fonte: Arquivo Pessoal (2013)


Cortes

64


Intervenção em aço

Vidro insulado laminado com armação metálica Corte esquemático Fonte: Arquivo Pessoal (2013)

65


vidro insulado laminado com armação metálica

Brises projetados para barrar os raios solares durante o período da tarde

Corte esquemático 02 Fonte: Arquivo Pessoal (2013)

66


o muro alto será substituído por um muro de viro temperado com armação metálica, garantindo uma contemplação de todo o complexo

o pilares e gradis das divisas serão mantidos

67

Detalhe – alinhamento - divisas Fonte: Arquivo Pessoal (2013)


Perspectiva – Rua Floriano Peixoto Fonte: Arquivo Pessoal (2013) Foto: Google Street view (2013)

68


Perspectiva – Rua Marechal Deodoro Fonte: Arquivo Pessoal (2013) Foto: Google Street view (2013)

69


Perspectiva – Rua 13 de Maio Fonte: Arquivo Pessoal (2013) Foto: Google Street view (2013)

70


Perspectiva – Rua Floriano Peixoto Fonte: Arquivo Pessoal (2013) Foto: Google Street view (2013)

71


Perspectivas Fonte: Arquivo Pessoal (2013)

72


Considerações Finais O projeto desenvolvido nesse

foram

apresentados

trabalho buscou um fortalecimento da

conceitos e referências projetuais

identidade cultural do município de

que

Batatais.

reabilitação do palacete.

Este

fortalecimento

se

baseou em dois pontos, sendo eles: o

resgate

de

arquitetônico

da

valorização

da

um cidade herança

símbolo e

Desta

forma,

embasassem

projeto

de

museu de grande importância para arquitetura

cultural

município. Dessa

foram

o

O resultado foi a criação de um

a

deixada pelos imigrantes.

trabalho

e

para

história

forma,

espera-se

com

do

esse

sensibilizar

a

apresentados dados históricos do

população

município de Batatais e da influência

identidade cultural e os patrimônios

que sofreu com o processo de

históricos de suas cidades.

imigração ocorrido no final do século XIX e início do século XX. Foram realizados levantamentos sobre o Palacete Dona Mulata, a fim de justificar sua importância para a cidade e para o presente projeto.

73

Também

para

que

valorize

a


MARCELO

BIBLIOGRAFIA

CARVALHO.

FRANCISCO

FANUCCI, MARCELO FERRAZ: BRASIL GOMIDE,

HILTON

JOSÉ,

SILVA,

PATRICIA REIS, BRAGA, SYLVIA MARIA

ARQUITETURA.

COSAC

NAIFY,

SÃO

PAULO; 1ª EDIÇÃO, 2005.

NELO. MANUAL DE ELABORAÇÃO DE PROJETOS

DE

PATRIMÔNIO

PRESERVAÇÃO

CULTURAL.

DO

BRASÍLIA:

HTTP://WWW.BRASILARQUITETURA.

COM/

MINISTÉRIO DA CULTURA, INSTITUTO DO PROGRAMA MONUMENTA, 2005.

IBGE, CENSO, 2010

CHOAY, FRANÇOISE. A ALEGORIA

PEREIRA,

ROBSON

DO PATRIMÔNIO. SÃO PAULO, EDITORA

MENDONÇA, WASHINGTON LUÍS E A

DA

MODERNIZAÇÃO DE BATATAIS, EDITORA

UNESP, 2001.

ANNABLUME, SÃO PAULO, 2005.

CARTAS PATRIMONIAIS, CARTA DE ATENAS, ICOMOS, 1931

ASSOCIAÇÃO

BRASILEIRA

DE

NORMAS TÉCNICAS (ABNT). ABNT-NBR 9050

CARTAS PATRIMONIAIS, CARTA DE BURRA, ICOMOS, 1980

(2004):

ACESSIBILIDADE

A

EDIFICAÇÕES, MOBILIÁRIO, ESPAÇOS E EQUIPAMENTOS

URBANOS.

RIO

DE

JANEIRO: 2004. FANUCCI,

FRANCISCO;

FERRAZ,

74


SÁ,

MARCOS

MORAES

DE,

A

MANSÃO FIGNER:O ECLETISMO E

A

CASA BURGUESA NO INÍCIO DO SÉCULO XX

,

EDIÇÃO, RIO

DE

JANEIRO,

EDITORA SENAC RIO, 2004.

LEMOS, CARLOS A. C. ALVENARIA BURGUESA. SÃO PAULO, ED. NOBEL, 1989, 2ED LEMOS,

CARLOS

A.

C.

CASA

PAULISTA: HISTÓRIAS DAS MORADIAS ANTERIORES AO ECLETISMO TRAZIDO PELO CAFÉ. SÃO PAULO, EDUSP, 1999. LEMOS, CARLOS A. C. A REPÚBLICA ENSINA

A

MORAR

(MELHOR).

SÃO

PAULO, EDITORA HUCITEC, 1998. DAGHER,

NISEMARA

ABRÂO,

PROJETO DE RESTAURO DO PALACETE

75

DONA MULATA, UNIFRAN, 1999


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.