AMEIzing 3

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DEZEMBRO 2012 EDIÇÃO 3 | ANO 1

R$12

T E N D Ê N C I A | D E S I G N | A R Q U I T E T U R A

B O C U S E P

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L


Houve um tempo em que voar era um privilégio. Ainda bem que algumas coisas nunca mudam na Suíça. Enquanto todos estão ocupados tentando superar uns aos outros, nós continuamos a oferecer algo que por alguma razão saiu de moda: a verdadeira atenção pessoal e viagens de alta qualidade. Voamos diariamente para 50 destinos em toda a Europa. Contate seu agente de viagens preferido, ligue 11 3048-5810 ou visite-nos em swiss.com

Novamente eleita a melhor classe executiva da Europa



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SUMÁRIO

GARIMPO

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FAZENDO ARTE

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 Árvores de Natal de madeira certificada e sugestões para renovar o home-office.  Aprenda como fazer as cúpulas de linha, ideais para enfeitar fruteiras e envolver luzes natalinas.

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AMEIZING DISHES

 Gisela Berland conta a lenda do X-mas Pudding, a iguaria inglesa consumida por decreto do rei.

STORES

 Curiosidade do 5ème em Paris, conheça a pequena butique de guarda-chuvas de Simon.

FORA DE CASA

 O verde exuberante das paredes é a base para fotos monocromáticas do Líbano no restaurante Zaatar.

CAPA

 Uma experiência única: visitamos Paul Bocuse. Aos 86 anos, o chef mostra como ser um bom anfitrião.

AMEIZING PEOPLE

 Conheça a “Doida Disciplina”, de Gabriela Machado, arquiteta e artista plástica.

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FASHION DESIGN

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BOB MUY

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ENSAIO

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LIQUIDIFICADOR SEM TAMPA

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TENDÊNCIA

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 90 anos depois da abertura da Semana de Arte Moderna de 1922, em São Paulo: uma reflexão.  Jerome Vonk fala sobre o espírito de Natal e dá pílulas de energia positiva para a maratona de fim de ano.  Regina Gauer conta como os cursos a distância de escolas de ponta acabam em resultados incomuns.

DETALHE EM FOCO

 Linhas paralelas marcam a fachada de edifício ícone para a arquitetura brasileira. Consegue descobrir qual é?

Roberto Muylaert DIRETORA

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 Direto de Jacarta, na Indonésia, o jeito oriental de organizar uma semana de moda internacional.

DIRETOR

PUBLISHER & EDITOR

Marília Muylaert

AMEIZING PICTURES

 No mês de dezembro, Sinatra completaria 97 anos. Fotos incríveis trazem à tona a memória.

 Indulgência plenária: memórias da infância confrontam o livro A Virada: Poggio Bracciolini.

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EXPEDIENTE DEZEMBRO 2012 | EDIÇÃO 3 | ANO 1 | R$ 12

50

PUBLISHER E EDITORA

Marília Muylaert EDITOR

Gustavo Curcio REDAÇÃO Maíra Roman, Patrícia Rodrigues e Priscilla Kanda (texto); Gisela Berland, Jerome Vonk e Regina Gauer (colaboradores); Rosana Manduca (secretária); Dinho Leite (pesquisa fotográfica); Nina Zakarenko (revisão) ARTE Gustavo Curcio (projeto gráfico) Paula Sperandio e Rodney Monti (design) DEPARTAMENTO COMERCIAL Marília Muylaert (diretora) Maria Natália Dias (coordenadora) REPRESENTANTES COMERCIAIS BRASIL Adelino Pajolla Jr. Ribeirão Preto | SP — 16 3931 1555 Charles Marar Brasília | DF — 61 3321 0305 Dídimo Effegen Vila Velha | ES — 27 3229 1986 Lauro J. S. Alves Rio de Janeiro | RJ — 21 2223 3298 Maria Marta Craco Curitiba | PR — 41 3223 0060 Rogério Cavalcanti Álvares Recife | PE — 81 3222 2544 REPRESENTANTES COMERCIAIS EXTERIOR Daniel Coronel Montevidéu | Uruguai — 59 82 9005 775 Conover Brown Nova Iorque | EUA — 1 212 244 5610 ADMINISTRAÇÃO César Luiz Pereira e Daniela Sierra de Paula

RMC EDITORA

Rua Deputado Lacerda Franco, 300 18o andar| CEP 05418-000 — São Paulo, SP Telefone (11) 3030 9357 Fax (11) 3030 9370 Impressão: Oceano Indústria Gráfica e Editora AMEIZING 3 é uma publicação mensal da RMC Editora. Não é permitida a reprodução parcial ou total das matérias sem prévia autorização dos editores. AMEIZING não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados. Matérias não solicitadas, fotografias e artes não são devolvidas.

ASSINATURAS | CONTATO

11 3030 9357

ameizing@rmceditora.com.br Distribuição Nacional pela Dinap S/A – Distribuidora Nacional de Publicações



isadora cruz

arquivo pessoal

editorial

Q

tudo novo de novo

uando li o editorial do Gustavo, bem aqui ao lado do meu, achei muito divertido, até porque também não sou adepta de histórias do fim do mundo. Final de ano sempre suscita sentimentos ambíguos. Há aqueles que ficam na fossa, relembram tudo o que passaram durante o período de 365 dias, pensam seriamente no fim do mundo e fazem planejamentos futuros com tal detalhamento que daria para montar uma planilha de Excel. Há aqueles, onde me incluo, que vão chegando ao fim do ano meio aos trancos e barrancos, atarantados, sempre cheios de coisas para fazer, e não param muito para pensar na tal virada. Todavia, não se engane, a chegada do dia 31 de dezembro é sempre uma alegria! Somos do tipo que acredita que, de um dia para o outro, tudo vai mudar. Nossa energia será, fatalmente, renovada. E aí, ao começar tudo de novo, vamos querer fazer muitas coisas que não fizemos: conhecer pessoas, viajar, ver coisas lindas e, apesar de saber que a vida não é um mar de rosas, queremos pensar só nas coisas boas. “Mentalizar!”, como é moda hoje em dia. Então, para acabar ou começar bem o ano, ameizing selecionou um punhado de coisas surpreendentes para você curtir. E, assim como eu, quem sabe se mentalizarmos direitinho não consigamos jantar no restaurante do Bocuse em 2013, tal qual o Gustavo? ¯

marília muylaert publisher & editora

é

a ladainha do fim

, os maias estavam errados. Mas será? Talvez errados estejam os que buscam interpretações de origem contestável para propagar o caos. Quantas vezes na história da humanidade anunciou-se o fim do mundo? Pois é, pessoal. Pelo menos até o fechamento desta terceira edição da ameizing, o mundo não acabou. Mas repito a você uma frase que uso sempre na redação: “A revista só existe depois de chegar às mãos do leitor”. Vai saber se entre a liberação dos arquivos para a gráfica e a entrega dos exemplares, o fim dos tempos não chega? Nesse caso, é possível que algum ser do mundo que virá depois deste encontre esta revista e faça previsões sobre o fim da sua própria existência. Pretensões à parte — é um pouco demais achar que justamente o meu texto seria encontrado por um habitante do novo mundo —, cá estamos, à beira de 2013. Para nós, a satisfação de entregar esta terceira edição é imensa. Aqui, contamos experiências, dividimos opiniões. Por isso, trazemos estampado na capa o rosto de Paul Bocuse. Esse sim é anfitrião e mostra que a vida é infinita enquanto dura. E que contagem regressiva, que nada! Nesta revista, tudo é progressivo! Semana de 22, Frank Sinatra e a Jacarta compartilham o mesmo espelho. Até a indulgência plenária — para quem duvida de seu bom comportamento enquanto o apocalipse não chega — é pauta. Aproveite, desfrute, abuse, leia, rasgue! Esta ameizing é sua, enquanto este mundo durar! Feliz 2013!¯

Gustavo Curcio editor



gaRiMpO

natal DEsign áRvOREs EstilOsas DãO O tOM DO natal 2012: tRaDiçãO E OusaDia nO tRaçO Por Gustavo CurCio

vEla cOM EstilO } Fabricado em prata, o castiçal Hercules Premium Silver by Mundial tem 44 cm de altura e é ideal para enfeitar a mesa natalina. A peça esguia tem preço sugerido de R$ 140. hERculEs pREMiuM silvER By MunDial

site: www. mundialsa.com | Email: atendimento @mundial.com | sac: 0800 5412595

paRa O anO tODO } Não é só para o Natal que a Estante Árvore foi criada. Perfeita para expor pequenos objetos, pode receber enfeites de Natal, chocolates ou uma coleção de miniaturas. Tem 1,8 m de altura. Preço sob consulta. nOtalE MóvEis

| site: www.notalemoveis.com.br | Endereço: Rua Deputado lacerda Franco, 180, são paulo-sp | telefone: 11 3624 3682


} Disponível em três tamanhos, os pinheiros da Teakstore são obtidos pela intersecção de dois planos e valem R$ 22, R$ 44 e R$ 65. (32 cm, 46 cm e 64 cm de altura). tEakstORE | site: www.teakstore.com.br | Endereço: Rua amaro cavalheiro, 176, são paulo | telefones: 11 2609 5015 e 11 2609 5016

} Design, sabor e sustentabilidade são a base da árvore de teca certificada com o selo internacional FSC, Forest Stewardship Certification. Com abertura em leque, pode ser moldada a gosto do freguês. R$ 2.450. chOcOlat Du

jOuR site: www. chocolatdujour. com.br | Endereço: Rua haddock lobo, 1672, são paulo | telefone: 11 3168 2720

preços pesquisados em dezembro de 2012, sujeitos a alteração | fotos divulgação

RElEituRa DO aBEtO


gaRiMpO

giRO nO EscRitóRiO

tOquE inDustRial ~ A lâmpada Pudding tem design de Gio Ponti e difusor de alumínio anodizado. O disco de vidro temperado é opcional. Vale R$ 6.897. laMpE BERgER paRis | site: www. lampeberger.com.br | Endereço: Rua comendador Miguel calfat, 59, cj. 93, são paulo | telefone: 11 2129 7106

} Criada pela arquiteta e designer Fernanda Marques, a cadeira Presidente A-046 tem base giratória e revestimento de couro PU ecológico. A peça também possui regulagem de altura e o sistema release, que trava o encosto na posição de trabalho podendo também ficar reclinável. Disponível em preto, branco e marrom. R$ 1.039. sD+FERnanDa MaRquEs

loja virtual: www.sdonline. com.br | telefone: 11 848 4642

laca pREta E wEngé nO EscRitóRiO

~ Projeto de Carlo Mollino lançado em 1949, a escrivaninha Cavour tem estrutura de carvalho natural ou tingido Wengé, com detalhes recobertos de laca preta. O tampo é de cristal. Com 75 cm de altura e 2,47 m de largura cai bem em home-offices ou escritórios tradicionais. FiRMa casa | site: www.firmacasa.com.br | Endereço: alameda gabriel Monteiro da silva, 1487, são paulo | telefone: 11 3385 9595


cOR nO hOME-OFFicE Esguia E ElEgantE

~ Vermelho, azul, verde e preto são os tons da cadeira Carity, desenhada pela BMW para a Riccó. Com base disponível em alumínio ou carbono, vale R$ 1.900. “Limpa, intuitiva e atemporal”, é como define a cadeira o diretor criativo da BMW Group DesignworksUSA, Patrick McEneany.

a chavE DE yOkO OnO

~ Yoko Ono é responsável por um tipo de lapidação inédita da Swarovski Elements, com os cristais moldados em formato de chave. As exclusivas 1.300 peças têm a assinatura da artista japonesa. O novo cristal Xirius 1088 tem brilho semelhante ao do mais puro diamante. Preço sob consulta. swaROvski iguatEMi

| site: www.swarovski.com | Endereço: avenida Brigadeiro Faria lima, 2232, são paulo | telefone: 11 3816 7111

} O abajur Gallery Vermelho da Startec tem base de cerâmica esmaltada e cúpula de tecido. Com 58 cm de altura, é ideal para decorar mesas laterais. Disponível apenas na versão 110V, vale R$ 299. MOBly

loja virtual: www.mobly.com.br | telefones: 11 4005 1045 e 0800 9400326

*preços pesquisados em dezembro de 2012, sujeitos a alteração | fotos divulgação

Riccó | site: www.ricco.com.br | Endereço: avenida Rio Branco, 26, 12º andar, Rio de Janeiro | telefones: 21 2223 2450 (RJ) e 11 3079 9183 (sp)


fazendo arte

esfera de fio

em meio às traboules de lyon — passagens internas entre edifícios no centro antigo da cidade — algo saltou aos olhos: luzinhas de natal, das mais tradicionais, envoltas em pequenas esferas de linha colorida. Veja como fazê-las! Por domenico zecchin


cola, balão e barbante

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Encha um balão de ar até atingir a dimensão desejada para a bola de fio. Em um recipiente, coloque cola branca — da mais tradicional — e mexa com auxílio de um palito de madeira.

Finalize as voltas com a ajuda do pincel e certifique-se de que toda a estrutura de barbante esteja recoberta de cola. Quanto mais fechada a trama, mais opaca será a cúpula criada. Deixe secar.

Escolha um barbante ou linha de algodão e passe os fios pela cola. Se preferir, espalhe com um pincel. Aos poucos, envolva o balão com os fios, fazendo voltas e fechando uma trama uniforme.

Depois de seca a estrutura, estoure o balão (foto) e retire-o do interior da bola. Encaixe as bolinhas, de tamanhos variados, num pisca-pisca de Natal, ou use-as como adorno de fruteira.


AmeIzING dISHeS

x-mas pudding

Generosidade e união são os símbolos do tradicional e natalício bolo inglês. Conheça a lenda da iguaria consumida por decreto por gisela Berland

U

m rei perdido na floresta encontrou abrigo na cabana de uma velha senhora. Faminto, pediu aos súditos que o acompanhavam que juntassem a pouca comida que tinham ao pouco que restava à pobre velhinha. Assim, farinha, maçãs, um punhado de ameixas secas, cerveja, açúcar e conhaque, embrulhados em um pano, foram cozidos no vapor. O resultado foi partilhado — e saboreado — por todos. Essa é a lenda do Christmas Pudding ou Plum Pudding, bolo de frutas inglês que traduz o espírito de união e de generosidade do Natal. Durante a Idade Média, a Igreja Católica Romana determinou que o bolo deveria ser preparado cinco semanas antes do Natal — um domingo antes do advento — e que 13 ingredientes comporiam a rica mistura de origem humilde numa simbologia a Jesus Cristo e seus 12 apóstolos. Tradicionalmente, os ingredientes são misturados por todos os membros da família, do mais velho ao mais moço, e cada pessoa faz um pedido enquanto gira a massa de leste para oeste numa referência à trajetória percorrida pelos Reis Magos em direção à estrebaria. Durante o preparo, esconde-se na mistura uma moeda. Com a possibilidade de contaminação por conta do metal, com o tempo trocou-se a moeda por pequenos amuletos: ossinhos em forma de ‘V’ para dar sorte, um dedal de costureira para trazer dinheiro e uma âncora em sinal de retorno ao porto seguro. Ao partir o bolo, aquele que encontra o amuleto tem seu desejo realizado. A prática de esconder objetos nos bolos é comum na Europa e em antigas colônias inglesas e francesas. Para o 25 de dezembro e o Dia de Reis são fabricadas figurinhas especiais de louça cobiçadas por crianças e colecionadores. No Reino Unido, há outros bolos tradicionais de Natal que são diferentes na forma, mas próximos na composição. São eles: o English Christmas Cake, o Irish e o Scottish Dundee Cake, saboreados em todo o período de festas, tradição que se mantém desde 1714, quando o rei George decretou a exclusividade do Christmas Pudding para o dia de Natal. A origem da lenda torna a receita bastante variável, o que dá a cada família um toque de magia incrementado com confeitos e ingredientes secretos. A mais original das receitas é feita com gordura de rim de boi, laranja cristalizada, especiarias e frutas secas sortidas. Apesar do processo simples, o bolo tem cozimento longo e mais longa ainda é a espera para devorá-lo. Acredita-se que o Christmas Pudding fique melhor com a ação do tempo. A espera para consumi-lo pode variar de cinco semanas a alguns anos. ¯


FrUtAS SeCAS: Símbolo de Fé O conjunto de cores das frutas secas faz referência à roupa de frades e freiras mendicantes de diversas ordens religiosas: avelãs e nozes para os agostinianos, amêndoas para as carmelitas, figos secos para franciscanos e uvas-passas para os dominicanos. Talvez por isso façam parte das receitas de bolos e pães natalinos em todo o mundo. fotos reprodução

englisH CHrisTmas CaKe Ingredientes (massa) ❚ 2 xíc. (chá) de frutas cristalizadas ❚ 2 xíc. (chá) de uvas-passas brancas ❚ 1 ½ xíc. (chá) de uvas-passas pretas ❚ ½ xíc. (chá) de cerejas em calda ❚ ½ col. (chá) de sal ❚ 2 col. (chá) de fermento em pó ❚ 2 xíc. (chá) de farinha de trigo ❚ 1 xíc. (chá) de açúcar mascavo ❚ 1 xíc. (chá) de manteiga ❚ 1 xíc. (chá) de amêndoas picadas ❚ 4 ovos inteiros ❚ ½ xíc. (chá) de conhaque ou rum ❚ Manteiga para untar ❚ Papel-manteiga Glaze ❚ ½ xíc. (chá) de geleia de damasco Cobertura ❚ 3 xíc. (chá) de açucar de confeiteiro ❚ 2 claras ❚ ½ col. (sopa) de suco de limão

modo de preparo Unte a fôrma e forre-a com papel-manteiga. Coloque as frutas em uma vasilha e cubra com conhaque. Misture à parte o sal, o fermento e a farinha. Bata a manteiga e o açúcar até obter uma farofa clara e fofa. Sem parar de bater, junte os ovos, um a um, e as amêndoas. Escorra as frutas e junte o conhaque ao creme de ovos. Misture as frutas com 3 col. (sopa) da farinha e adicione ao creme. Mexa delicadamente. Coloque a massa na fôrma e leve para assar em forno preaquecido (275 oC) por 2 horas. Depois de assado e desenformado, aqueça a geleia de damasco e espalhe sobre o bolo ainda morno. No dia de servir, bata todos os ingredientes da cobertura até formar um creme espesso e branco e jogue por cima do bolo.


stores

parapluies de siMon A lojinha do 5ème, em Paris, encanta pelo tamanho — minúsculo — e a quantidade imensa de modelos de sombrinhas e guarda-chuvas para todos os estilos

o

por Gustavo CurCio

cabo esculpido em madeira é apenas uma das 3 mil opções de guarda-chuvas disponíveis na Simon Parapluies, que vende, segundo os donos, “acessórios indispensáveis”. Aberta desde 1897, a butique disponibiliza modelos a partir de  28. E nada de superstição na hora de testar os produtos. Simon Emmanuel, gerente do negócio familiar, abre quantos forem preciso, e ensina: “Jamais balance o guarda-chuva com as varetas soltas para escorrer a água”. Segundo o expert, o movimento pode danificar costuras e varetas. Um alemão Knirp’s compacto e automático sai por  28. A loja fica aberta das 8 às 19 horas. ¯


os guArdA-chuvAs de cAtherine deneuve Estranho, mas real: há objeto mais musical do que um guarda-chuva? Difícil. A relação nada óbvia tem resposta em diversos musicais que juntaram as varetas à dança. Quem não se lembra do voo de Mary Poppins, no filme de 1964, em que a babá mágica vivida por Julie Andrews aparece em meio à tempestade de vento? Ou do memorável Dançando na Chuva, estrelado por Gene Kelly? Mas, na França, o acessório tornou-se o mais chique dos coadjuvantes nas mãos de Catherine Deneuve. É do mesmo ano de Poppins Guarda-Chuvas do Amor (Les Parapluies de Cherbourg), que tem a francesa como protagonista. O sucesso rendeu a Palma de Ouro no Festival de Cannes. A música de Michel Legrand fez com que, posteriormente, o maestro Michel Legrand assentasse sua reputação em Hollywood. Mudança que lhe rendeu três prêmios da Academia, inclusive, pela trilha do musical Yentl (1983), com Barbra Streisend.

fotos reprodução / divulgação simon parapluies

PArAPluies siMon site: www.parapluiessimon.com | endereço: 56 bouldevard saint Michel, Paris, França | telefone: 33 1 4354 1204


FOra DE CaSa

MEMória

} Além das receitas tradicionais, são servidas algumas novidades como os sanduíches de saj, feitos com pão de massa mais fina, em três variações: Zaatar, Zaatar e queijo e coalhada seca, tomate, pepino e azeitona preta. Há também os sanduíches de manoushe, pão macio originário de Beirute, enrolado em quatro tipos de recheio. Michuis, espetos de carne, carne com berinjela, shish taouk (frango em cubos, tomate, cebola e pimentão, peixe e legumes enriquecem o menu que tem destaque para os kebabs de cordeiro e cordeiro com pistache.

fotos divulgação Zaatar

Comandado pelos jovens empresários Caio e rafael Bueno, o restaurante Zaatar, no itaim Bibi, em São Paulo, encanta não apenas pela múltipla oferta no menu — que inclui até versões vegetarianas para os quitutes libaneses. as paredes exibem imagens históricas e o clima intimista é perfeito para atender jovens e executivos e moradores da região


riquEZa naS ParEDES O verde que lembra a vívida folha da parreira, usada para envolver os charutinhos, é a base para as fotos monocromáticas capturadas pelas lentes do francês Jean-Pierre Taraby. Madeira e luminárias rústicas fazem do ambiente do Zaatar uma fina equação de cores, texturas e memória. O nome da casa, Zaatar, faz referência a um tradicional tempero libanês que, com os pães Manoushe e Saj, é marca registrada do menu. O tempero natural do Oriente Médio composto por gergelim, sumac e folhas de zaatar secas e trituradas tem sabor único e inconfundível. Uma dose de Arak — destilado libanês com toque de anis — é o start para uma feliz visita à casa.

ZaaTar Endereço: rua Bandeira Paulista, 485, itaim Bibi, São Paulo | Telefone: 11 3071 2398 | Horários: Segunda a sexta, das 12 às 15 e das 18 à 0 hora, e sábado e feriados, das 12 à 0 hora. Domingo, das 12 às 17 horas.


CAPA

derrIÈre LeS

rIdeAUX Uma experiência em Collonges au mont d'or, Auberge du Pont. o paraíso onde vive Paul bocuse, chef contemporâneo de maior legado reconhecido, despretensioso e genuinamente francês POR GUSTAVO CURCIO


fotos divulgação paul bocuse | sébastien véronèse

*atrás das cortinas


capa

M

*tradução do francês: "O senhor Bocuse vos aguarda".

onsieur Bocuse vous attend.”* Assim fomos recebidos depois de aberta a porta do carro pelo concierge. Collonges au Mont d'Or, pequena cidade situada quatro quilômetros ao norte de Lyon, é uma pintura. Não uma pintura qualquer. O nome que faz menção a um monte de ouro não veio do acaso. As colinas escalpeladas, quando banhadas pelos primeiros raios da luz da manhã, brilham como o metal precioso. E não há — ou não havia até conhecer o Auberge du Pont de Collonges, a residência e principal restaurante de Paul Bocuse — melhor maneira de desfrutar do Rhône-Alpes do que saborear, com os dedos, coxinhas de rã à beira do Saône. Aos 86 anos, o chef cumpre o ritual de receber diariamente os clientes à porta da simpática casa que abriga o mais tradicional dos restaurantes que levam sua assinatura. Em mais de meio século, acumulou as honras de uma longa linhagem de chefs que se estende ao século 17. Seu legado, sem dúvida, além dos descendentes espalhados pelo mundo, tem sido difundir o conceito da culinária francesa por todos os continentes. Orgulham-se muitos em autointitular-se discípulos de Bocuse. Ex-funcionários transformam-se em empreendedores. Embora não adepto de tietagem — de qualquer gênero que seja —, no caso de Bocuse, foi inevitável o pedido de um retrato conjunto. Mas a imagem do ídolo, a um palmo de distância, chocou no mais positivo dos sensos: cada medalha presa à vestimenta branca, impecável, parecia ser motivo de orgulho. Os 86 anos pareciam 100. Não por conta da idade,

| Soupe aux Truffes Noires V. G. E. O prato criado em 1975, em homenagem a Elysée, faz parte do menu Grande Tradition Classique, € 230 por pessoa.



capa

mas pelo aspecto de vivência. As marcas da pele branca pareciam contar alguma história (dizem os tabloides franceses que o velho Bocuse ostenta, até hoje, três mulheres no mais ativo dos sentidos). Cada passo do anfitrião que acompanhou o trajeto porta-mesa parecia longo, de tão lento. Alto, monsieur Bocuse transmite calma. Difícil pensar, diante da figura caricata, na importância de suas criações. O salão repleto de turistas chineses — sim, eles estão por toda parte quando se fala de restaurantes e hotéis de altíssimo padrão — estava lotado. Cada vez mais, acredito no conceito de luxo defendido por François Delahaye, diretor da Dorchester Collection: a qualidade do mármore do piso não é sinônimo de luxo, mas obrigação de quem se propõe a receber um público exigente. Luxo é o tratamento desprendido ao cliente, a cordialidade na medida. E, nisso, Bocuse e sua equipe são experts. Optei pelo menu degustação, orientação de um amigo habitué da casa. Surpreendeu a quantidade de “prés”. Pré-antepasto, pré-dessert. Mas nada impressiona mais do que o ritual para servir uma simples colherada de sauce choron (espécie de molho rosé que acompanha o peixe). “O chef oferece um aperitivo”, exclamou convidativo e com o sorriso certo o maître (o serviço impecável inclui funcionários simpáticos o suficiente, sem exageros). O pré-antepasto trouxe à mesa a primeira peça da louça personalizada, decorada com ícones da culinária local. Mas, antes que chegasse o antepasto propriamente dito, dodine de canard à l’ancienne pistachée et foie gras de canard maison, veio a maior surpresa da noite: um convite para conhecer a cozinha de Bocuse. Levado aos bastidores, derrière les rideaux (atrás das cortinas), conheci cada engenhoca usada na confecção das esculturas degustadas no nobre salão de Collonges. Chama a atenção a juventude dos profissionais. Sempre soube que a escola de Bocuse é das mais procuradas no mundo. E a quantidade de ex-alunos surpreende. Mas saber que existe um sous-chef responsável

fotos divulgação paul bocuse | sébastien véronèse

A crosta folhada que envolve o peixelobo inteiro é cuidadosamente retirada antes de servir. Colocada à parte, é devolvida à composição depois de disposto o molho.

saucE chOROn ~ Molho choron é uma variação do tradicional béarnaise sem a adição de estragão, com complemento de extrato de tomate. O nome faz referência a Alexandre Étienne Choron.

lE lOup (pEixE-lOBO)



capa

OnDE fica? auBERgE Du pOnt DE cOllOngEs

Endereço: 40, Quai de la plage, collonges au Mont d'Or | telefone : 00 33 4 7242 90 90 | site: www.bocuse.fr | Reservas: reservation@bocuse. fr (pode ser feita direto no site)

fotos divulgação paul Bocuse

“apenas” pelos molhos que acompanham os pratos realmente surpreende. Guias Michelin à parte, a cozinha encanta. Encanta mais saber de onde saem e como são feitas as iguarias. O chef que guiou a visita pela coxia, mais de uma vez falou do critério na seleção dos ingredientes. Fato é que foie gras maison é foie gras maison. De verdade. De volta à mesa, fiz a pergunta de praxe: “Qual prato não posso sair sem degustar?”. Loup en croûte feuilletée, sauce choron. O tal peixe-lobo roubou a cena no salão. Envolto em uma leve crosta de massa folhada, em forma de peixe, é claro, foi cuidadosamente aberto pelo garçom. Meio peixe servido em cada prato impressionou mais do que a própria escultura e o cuidadoso movimento com o qual o jovem espalhou a tal sauce choron ao redor do filé. Difícil eleger o prato campeão da noite. Mas, num crescente, a maior sensação talvez tenha sido a seleção de queijos frescos Mère Richard. Num carrinho, organizados de acordo com a intensidade de paladar, dividiam espaço numa bandeja mais de 80 tipos de queijos. Fiz uma seleção em ordem crescente de impacto, que decididamente apagaram o brilho do humilde Saint-Julien que degustei àquela noite. Depois do pré-dessert, frutas secas confeitadas dispostas elegantemente sobre um plateau trois niveau, não consegui chegar à sobremesa. Embora o ouriço de chocolate tenha chamado todas as atenções, tivesse alguma fome remanescente, teria consumido a îleflotante de sempre. Pedi frutas. Um sacrilégio, mas pedi frutas. Talvez meu encantamento por Bocuse não tivesse tamanha expressão não fossem as tais frutas, vermelhas, biensûr. Geleia e creme de leite formaram, sob o atento olhar dos observadores, um colchão simples e harmônico que recebeu framboesas e amoras dignas de fotografia (que não tirei para manter a pose). Com exceção da tietagem com o próprio Bocuse, na entrada do restaurante, agir com naturalidade diante de grandes maravilhas é um exercício de autocontrole. Difícil é permanecer inerte exposto ao prazer quase psicotrópico das iguarias de Collonges au Mont d’Or. ¯


} Ao lado do ratinho de Ratatouille, animação infantil veiculada em 2009, Paul Bocuse mostra a vivacidade de um chef além do gênero: do fast-food à alta gastronomia, gênio é gênio.


fotos marília muylaert

AMEIZING PEOPLE

DOIDA DISCIPLINA Gabriela Machado é exímia desenhista e pintora, e está presente em importantes coleções brasileiras de arte, como as de Gilberto Chateaubriand, José Mindlin e Instituto Brasileiro de Arte e Cultura. Sua obra é marcante. Instigante. Porém — não se engane pelo olhar —, a aparente abstração é conquista de muita disciplina Por marília muylaert


ONDE ENCONtRAR GABRIELA MAChADO

Site: www.gabrielamachado.com.br

Celma albuquerque Galeria | Endereço: Rua Antônio de Albuquerque, 885, Belo horizonte | telefone: 31 3227 6494 | Site: www.galeriacelmaalbuquerque.art.br 3+1 arte Contemporânea | Endereço: Rua Antônio Maria Cardoso, 31, Lisboa, Portugal | telefone: 35 1 210170 765 | Site: www.3m1arte.com Galeria Laura Marsiaj | Endereço: Rua teixeira de Melo, 31 C, Ipanema, Rio de Janeiro | telefone: 21 2513 2074 | Site: www.lauramarsiaj.com.br

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ara Gabriela, arte é a capacidade de produzir algo que reporte a um outro sentir, que tire do momento presente, seja ele qual for. “Para fazer arte, algo tem de me encantar. Tem de tirar da minha rotina, colocar questões”, revela. “Preciso ficar encantada. Às vezes, passo tempos sem achar graça em nada, e aí não produzo nada”, pondera. “Tudo o que crio vem da minha rotina, do meu olhar, do meu dia a dia. Ando diariamente no Jardim Botânico e é de lá que trago as referências. Ao observá-las, crio um olhar próprio”, diz. Arquiteta de formação, Gabriela é louca por casas. O pai era restaurador e ela mesma, no início de sua carreira, trabalhou na restauração da Fundação Roberto Marinho. Seu ateliê é uma sensação. Não há quem não fique encantado. O sobrado reformado lembra os casarões da cidade colonial de Paraty, também no Rio de Janeiro, onde a tia tem casa de praia. A arrumação, muito pessoal, mistura objetos inusitados que, juntos, tornam o ambiente aconchegante e vibrante. “Tia Celininha é minha inspiração. Minhas casas têm muito dela. Gosto de arrumar, de mudar tudo de tempos em tempos. O resultado é que mal consigo sair daqui”, conta rindo, “e aí acabo criando mais.” ¯

QuAL ARtIStA vOCê ADMIRA? Giorgio Morandi. Meu encantamento pela pintura vem da obra dele. Inclusive há uma exposição do pintor em Porto Alegre acontecendo agora na Fundação Iberê Camargo. Imperdível. E, falando em exposições imperdíveis, indico também a do sul-africano William Kentridge, chamada Fortuna, no Instituto Moreira Salles.


© 2008 Frank Sinatra enterprises LLC | divulgação Warner

AmeIzING PICTUreS


Sofisticação é uma questão de berço, certo? Talvez não. No dia 12, Sinatra completaria 97 anos de glamour despido de pretensão. o alto nível do cantor ítalo-americano, sem dúvida, veio da alma e não da formação Por DoMENICo ZECCHIN

A

estreia desta seção não tem como objetivo explorar a biografia do personagem nela exposto. Mira, na verdade, a contemplação da imagem. Não necessariamente o belo, mas o intrigante, aquilo que faz parar. Não é praxe nessa ameizing abusar das efemérides. Mas coincidências à parte, Frank Sinatra completaria 97 anos no início deste mês. E, quase um século depois de seu nascimento, continua vivo. Beleza não era exatamente seu forte, mas o charme indiscutível rendeu uma vida de sucesso. Francis Albert Sinatra não teve qualquer treinamento formal para aprimorar a voz. Ídolo das bobby boxers — como eram conhecidas as fãs transloucadas do Swing —, o jovem filho de imigrantes italianos consagrou-se ainda na década de 1940, quando assinou seu primeiro contrato com a Columbia Records. Polivalente como todos da raça — outros filhos de italianos são exemplo de sucesso na música e no cinema, Ave, Liza Minelli —, Frank renasceu em 1953 ao receber o Oscar de melhor ator secundário por sua performance em From Here to Eternity. Colocando à parte Charles Aznavour, Frank Sinatra talvez tenha sido o cantor que mais anunciou possíveis aposentadorias. Diante do pífio desempenho de vendas após aparecer em vários filmes mal recebidos pela crítica, "aposentou-se" pela primeira vez em 1971. Pouco tempo depois, explodiu com a mais brilhante interpretação de New York, New York — que lhe rendeu shows e a turné internacional que o sustentou até sua última aposentadoria, com a morte em 1998. A habilidade em sustentar longas e fluentes frases e linhas musicais sem pausas para respiração e a manipulação de frases de forma sui generis fizeram de Sinatra a tradução mais fiel do glamour que nasce da alma. ¯


AmeIzING PICTUreS

o reI dAS TIrAdAS eSPIrITUoSAS "Sou a favor de tudo que ajude a passar a noite, sejam orações, calmantes ou uma garrafa de Jack Daniel's." Mesmo o sarcasmo de Sinatra era carregado de sofisticação. Mas qual o segredo para vestir o tradicional chapéu — com a elegante faixa branca ao redor da circunferência — sem, literalmente, perder o rebolado? Sinatra responde com outra pergunta: "Quando você sabe que um chapéu lhe cai bem? Quando ninguém ri". Fã da simetria em todos os sentidos, dá evidências do gosto estético apurado, mesmo quando o assunto ultrapassava os limites do politicamente correto: "Não gosto de maquiagem em excesso. Sei que as mulheres precisam um pouco disso, mas acho que elas, em geral, têm beleza suficiente para não precisar usar maquiagem de circo". Entusiasmado, sempre, Sinatra fechou as cortinas com a mesma elegância com que abriu: "Só se vive uma vez. E, da maneira que eu vivo, uma vez basta".

© 2008 Frank Sinatra enterprises LLC sdsdsd

Impecável, em ação. À beira do piano, Francis transfigurava-se e tornavase Frank. Raramente longe do intrépido cigarro, jurou, numa véspera de ano novo qualquer, "parar de fumar, pelo menos durante o banho".



FASHION DESIGN

JAKARTA FASHION

O Irvan Arryawan/Feminagroup

} Borboletas foram o tema usado pelo designer coreano Lie Sang Bong na abertura da Jakarta Fashion Week. A base francesa dos modelos com toques futurísticos veste Lady Gaga, Beyoncé e Rihanna. Encanta na proposta de Bong a usabilidade dos modelos num contexto real.

último novembro fez de Jacarta, na Indonésia, o centro do universo. Pelo menos para quem vive o mundo fashion. Organizado pelo Grupo Femina e sob a batuta da jovem CEO Svida Alisjahbana — que esteve recentemente no Brasil para o VI Fórum da Associação Nacional de Editores de Revistas —, o megaevento coloca em evidência o fator étnico na criação dos modelos e a participação de manequins com traços locais nos desfiles. Diferentemente da reconhecida e norte-americanizada São Paulo Fashion Week, Jacarta ensinou ao mundo como valorizar a cultura local. ¯

Budi Harianto/Feminagroup

Sobressaíram, durante a semana de moda da Indonésia, os olhos arredondados nas passarelas. Isso porque quase 100% do casting abusou de modelos orientais



FASHION DESIGN

Budi Harianto/Feminagroup

O encantamento da produção de Lie Sang Bong de acessórios como chapéus e joias teve como resultado, além da paixão unânime entre atrizes e cantoras, a migração do talento como designer para o mundo da tecnologia, com projetos de telefones e computadores, concebidos no escritório-base de Paris.

pREDOmINA O TOquE ORIENTAl Jakarta definitivamente entrou para o circuito internacional da moda. Mais de 170 designers fizeram parte do evento que reuniu criações do próprio arquipélago e de outros países asiáticos, desde a Tailândia até a Coreia do Sul. Marcada pela tendência fashion num contexto muçulmano, a semana teve a presença dos estilistas indonésios Itang Yunasz, Hengky Kawilarang, Ivan Gunawan, Sebastian Gunawan, Mangala Iddhi Chandra e Lulu Lutfi Labibi, além do sul-coreano Lie Sang Bong, cujos modelos ilustram esta matéria, e o tailandês Payapa. Da maquiagem aos acessórios, reinou a autenticidade oriental.



CrôniCa bob muy

indulgênCia Plenária o livro A VirAdA* Conta a história de Poggio braCCiolini, um scriptor de 1417, temPo em que era PreCiso CoPiar os livros à mão. Com um trabalho imPeCável, Chegou à Posição de seCretário aPostóliCo do PaPa bonifáCio iX

o pesquisar os códex, precursores dos livros modernos, o acaso fez com que tivesse nas mãos um poema de dois mil anos, do romano Lucrécio, chamado Da Natureza, com os ensinamentos do filósofo Epicuro, bastante diferentes das pregações com que as religiões pentecostais bombardeiam seus fiéis pela televisão: “O universo não tem um criador; tudo é resultado de um desvio, quando os átomos detonam uma cadeia incessante de colisões; a alma morre junto com o corpo, não pode haver recompensa nem castigos póstumos; a vida terrena é tudo que os seres humanos têm; a morte não é nada para nós, quando as partículas que estavam conectadas para sustentar-nos se desintegram; todas as religiões organizadas são ilusões supersticiosas; as religiões prometem esperança e amor, e fantasias de retribuição, que causam angústia a seus adeptos; o objetivo mais elevado da vida humana é a ampliação do prazer; o desejo insaciável e o medo da morte são os principais obstáculos à felicidade humana”.

Os conceitos de Lucrécio, derivados de Epicuro, explicam por que a Igreja proibiu a divulgação do seu livro Da Natureza. Poggio deve ter exultado ao ter contato com os conceitos de Lucrécio, após ter conhecido os meandros mais obscuros da Igreja: serviu ao papa Bonifácio IX, ao organizar o alucinado mercado de indulgências plenárias, em que os peregrinos se dirigiam às principais igrejas de Roma para a remissão dos pecados, escapando, a peso de ouro, do horrendo sofrimento do inferno. Para este escriba, surge a sensação de ter vivido em 1400, já que no Colégio São Luiz, em 1950, ano de Jubileu, foi proposta aos alunos, pelos padres jesuítas, uma viagem a Roma, para quem pudesse pagar caro, para receber do papa a tal indulgência plenária. Os felizardos colegas que tiveram condição de ir não precisarão pagar, nas labaredas do inferno, os pecados mortais que cometeram. Quanto aos alunos menos abonados, devem se preparar para o sofrimento eterno, se não seguirem os mandamentos! ¯

Roberto Muylaert é jornalista, editor e escritor, diretor da RMC Editora e presidente da ANER- Associação Nacional dos Editores de Revistas. Foi presidente da TV Cultura e ministrochefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República.

*A Virada, de stephen greenblatt, Companhia das letras, 2012, 291 páginas

a

por roberto muylAert


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~Lucretius, De rerum natura (Lucrécio, Da Natureza). O elegante manuscrito do poema filosófico foi copiado por um agostiniano em 1569. Escrito um século antes de Cristo, trata da teoria atômica. Até a Idade Média o texto permaneceu esquecido, até ser resgatado por Poggio Bracciolini.


EnSAIoS

o não-lEGADo DA SEmAnA 90 anos depois da reunião de intelectuais e vanguardistas no Teatro municipal de São Paulo, fica cada vez mais fácil observar que a democratização da arte acessível e de qualidade, no brasil, jamais ocorreu de forma voluntária. Palmas, enfim, para o capitalismo selvagem, que nos rendeu, em pleno século 21, a tão sonhada divisão estética do chamado Design de Qualidade Por gustavo curcio


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| Retrato de Oswald de Andrade, autor de Ode ao Burguês e organizador da Semana de 22.


EnSAIoS

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E

ntre os dias 13 e 17 de fevereiro de 1922, realizou-se o evento reconhecido nacionalmente como a principal manifestação artístico-cultural brasileira de resgate da identidade nacional: a Semana de Arte Moderna de São Paulo. No Teatro Municipal ocorreu o que na época de revolução artística envolveu um grupo de intelectuais recém-chegados da Europa: pintores, músicos, poetas, ficcionistas e críticos. O acontecimento não teria a repercussão que teve se propusesse uma arte convencional. Pelo caráter de ruptura que apresentou, conseguiu obter uma divulgação de enormes proporções, influenciando até hoje as manifestações artísticas. Mas o carro-chefe do evento, o resgate da essência de brasilidade pouco desdobrou para o cidadão comum. Nem mesmo o brado retórico de Oswald de Andrade, em Ode ao Burguês, teve efeitos. Fala-se em rompimento com a vanguarda europeia mas, de fato, isso jamais ocorreu. Principalmente ao considerar o fenômeno nada recente da globalização e divisão internacional do trabalho que, de forma sagaz, unifica padrões estéticos num movimento sem precedentes. A Semana de 22 foi organizada por diversos pensadores que com o capital da burguesia paulista em ascensão da época foram patrocinados, resultando numa exposição realizada no hall principal do Teatro Municipal de São Paulo. Entre os pintores, que com suas obras puristas causaram frisson entre a alta sociedade, estavam Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Vicente do Rego Monteiro, Osvaldo Goeldi, entre outros; participaram também da amostra os escultores Victor Brecheret e Wilhelm Haarberg e os arquitetos Antônio Garcia Moya e Georg Przyrembel; Mário de Andrade e Ronald de Carvalho realizaram conferências sobre artes plásticas durante os trabalhos da Semana. Para Mário de Andrade, o movimento inegavelmente marcou época, significando importante ruptura com a estética predominante até hoje. Deve-se notar, entretanto, o relevante aspecto referente à época e às condições que geraram o movimento moderno. Sabe-se que o caráter deste no Brasil em muito diferiu a respeito do europeu. Num primeiro momento, a ruptura proposta por artistas europeus, como o russo Lazar Segal, tinha como objetivo criticar a produção artística voltada apenas para a aristocracia europeia. No Brasil, o ideal criticado pelos europeus perdeu quase que totalmente seu sentido original. Não é difícil entender os motivos pelos quais o modernismo brasileiro se caracterizou por um fenômeno estritamente elitista. Desta forma um pequeno grupo de pseudointelectuais paulistanos assumiu o papel de idealizador e difusor de um movimento de ruptura com as antigas vanguardas vigentes. Nesse sentido, afirmou Andrade: “... a semana marca uma data, isso é inegável. Mas o certo é que a pré-consciência primeiro, e em seguida a convicção de uma arte nova, de um espírito novo, desde pelo menos seis anos viera se definindo no sentimento de um grupinho de intelectuais paulistas...”. Na arquitetura, a influência da Semana, no início, foi ainda mais elitizada e sem propósito. A chamada Casa Modernista de Gregori Warchavchik pouco inovou em termos conceituais, a não ser pela forma despida de ornamentos e rococós que dobrou fiscalizações com representações que traziam afrescos jamais construídos de fato. A ausência de tecnologia apropriada impediu até mesmo a fundição de lajes, o que forçou o arquiteto a maquiar o tradicional telhado de barro com frontões lisos — recurso que gerou problemas de ordem técnica com o escoamento da água da cobertura. Poucos sabem, mas o apogeu do modernismo no Brasil, em termos arquitetônicos, que se consagrou com a estética de Brasília, mais de 30 anos depois, teve como precedente um dos mais pífios “neos” jamais vistos no país, com releituras do estilo colonial português protagonizadas pelo próprio gênio Lucio Costa. Mas a democratização da estética genuinamente brasileira, seja nas artes, seja na arquitetura, jamais ocorreu. Tentativas bem-sucedidas de construção de unidades habitacionais corbusianas pouco representam num contexto amplo de sanar o déficit de moradias. Fica fácil, assim, entender como o talvez principal objetivo da Semana de 22 fracassou. ¯


O equívoco de Oswald de Andrade, em seu Ode ao Burguês: em vez de pregar a aversão, o vanguardista poderia, talvez, tentar convencer o burguês a efetivamente difundir a arte nacional.

oDE Ao burGuêS Eu insulto o burguês! O burguês-níquel, o burguês-burguês! A digestão bem-feita de São Paulo! O homem-curva! o homem-nádegas! O homem que, sendo francês, brasileiro, italiano, é sempre um cauteloso pouco a pouco! Eu insulto as aristocracias cautelosas! Os barões lampiões! Os condes Joões! Os duques zurros! que vivem dentro de muros sem pulos; e gemem sangues de alguns mil-réis fracos para dizerem que as filhas da senhora falam o francês e tocam os “Printemps” com as unhas! Eu insulto o burguês-funesto! O indigesto feijão com toucinho, dono das tradições! Fora os que algarismam os amanhãs! Olha a vida dos nossos setembros! Fará Sol? Choverá? Arlequinal! Mas à chuva dos rosais o êxtase fará sempre Sol! Morte à gordura! Morte às adiposidades cerebrais! Morte ao burguês-mensal! ao burguês-cinema! ao burguês-tílburi! Padaria Suissa! Morte viva ao Adriano! “–Ai, filha, que te darei pelos teus anos? –Um colar... –Conto e quinhentos!!! Mas nós morremos de fome!” Come! Come-te a ti mesmo, oh, gelatina pasma! Oh! purê de batatas morais! Oh! cabelos nas ventas! oh! carecas! Ódio aos temperamentos regulares! Ódio aos relógios musculares! Morte à infâmia! Ódio à soma! Ódio aos secos e molhados! Ódio aos sem desfalecimentos nem arrependimentos, sempiternamente as mesmices convencionais! De mãos nas costas! Marco eu o compasso! Eia! Dois a dois! Primeira posição! Marcha! Todos para a Central do meu rancor inebriante Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio! Morte ao burguês de giolhos, cheirando religião e que não crê em Deus! Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico! Ódio fundamento, sem perdão! Fora! Fu! Fora o bom burgês!...


EnSAIoS

A Semana de 22 definitivamente não pegou. Pelo menos, se considerarmos o quanto impactou a sociedade brasileira em sua totalidade. Como vanguarda, vingou parcialmente, mesmo diante da forte ligação e dependência cultural brasileira no que diz respeito ao velho continente. Diante da origem do movimento de resgate cultural, tornou-se impossível o não estabelecimento de uma relação artística e arquitetônica vanguardista entre o continente europeu e o Brasil. Para isso, toma-se a expressão vanguarda em sua raiz etimológica, do francês avant-garde, termo militar que é usado para caracterizar o grupo de soldados que, durante as batalhas, vai à frente das tropas. A partir do início do século 20 esse termo passou a ser usado para designar um grupo de indivíduos que, devido a seus conhecimentos ou por uma tendência natural, exercem o papel de precursores ou pioneiros em um determinado movimento cultural, artístico, científico etc. No campo das artes e arquitetura a palavra está associada à ruptura, uma vez que, invariavelmente, se opõe ao estilo vigente em uma época. Vanguardistas, os organizadores da Semana de 22 eram, se considerados os demais brasileiros. Plagiadores, também, se comparados aos europeus. Mas o que se pode afirmar, com certeza, é que jamais conseguiram democratizar o conceito de produção genuinamente brasileira. Sorte de Andrade, o Mário, que jamais viveu em tempos de globalização!

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o rEAl concEITo DE vAnGuArDA

PArTIcIPArAm DA SEmAnA DE 22 ArTES PláSTIcAS Anita Malfatti (pintora) Di Cavalcanti (pintor) Vicente do Rego Monteiro (pintor) Inácio da Costa Ferreira (pintor) John Graz (pintor) Alberto Martins Ribeiro (pintor) Oswaldo Goeldi (pintor) Victor Brecheret (escultor) Hidelgardo Leão Velloso (escultor) Wilhelm Haarberg (escultor) lITErATurA Mário de Andrade (escritor) Oswald de Andrade (escritor) Sérgio Milliet (escritor) Plínio Salgado (escritor) Menotti del Picchia (escritor) Ronald de Carvalho (poeta e político) Álvaro Moreira (escritor) Renato de Almeida (escritor) Guilherme de Almeida (escritor) Ribeiro Couto (escritor) múSIcA Heitor Villa-Lobos (músico) Guiomar Novais (músico) Frutuoso Viana (músico) Ernâni Braga (músico) ArQuITETurA Antônio Garcia Moya (arquiteto) Georg Przyrembel (arquiteto) ouTrAS árEAS Eugênia Álvaro Moreyra (atriz)


FOTO: ALMIR PASTORE

Jテ的AS Tel. (11) 3022-6396 atelier@juliameirelles.com.br juliameirellesjoias.blogspot.com.br


liquiDificaDor sEm tampa C o lunismo s o c i a l p o l it i c a m e n t e i n c o r r e t o

título DE título

a

acho a televisão muito educativa. todas as vezes que alguém liga o aparelho, vou para outra sala e leio um livro. Groucho marx

q

por jerome vonk, da editora o fiel Carteiro — www.ofielCarteiro.net

uando o primeiro panetone aparece nas melhores lojas do ramo, começa a terrível contagem regressiva final. Inaugura-se oficialmente a temporada de festas natalinas e de ano novo, com todos seus maléficos efeitos colaterais. Um dos mais nefastos e injustos é o da caixinha de final de ano. Quem inventou esse golpe deveria receber a distinção máxima em pelo menos duas categorias profissionais: o de papa da publicidade e o de doutor em persuasão psicológica. O conceito básico fundamenta-se na suposta justa gratificação a quem nos serve durante o ano inteiro. Sejamos nós maltratados ou simplesmente ignorados pelo batalhão de atendentes desmotivados ou destreinados, isso não conta. O que vale é o gesto – que não pode ser simbólico – de por exemplo colocar moedas de R$ 1 ou cédulas naquelas caixinhas xexelentas, que invariavelmente ostentam, além dos erros de português, uma insípida mensagem de paz e amor. Não adianta se fingir de cego ou se fazer de morto. A cobrança é feita, na lata, e às vezes de forma muito fina: obrigado, doutor!, obrigando assim o doutor (eufemismo para otário) a se fingir de esquecido, sorrir, sacar da carteira e contribuir para as festividades dos que estão do outro lado do balcão, dentro do caminhão ou na porta e portão. É impressionante! Como na maioria dos hábitos sociais implantados há longa data e reproduzidos pela força do hábito, não nos damos conta da total inversão de valores que fundamenta esse reconhecimento. Pagamos o ano inteiro e, ao fim de 12 meses, devemos acrescentar mais uma parcela? Não seria o oposto? A caixinha de Natal não deveria existir para agradecer aos clientes fiéis e bons pagadores?


Como já estou de mau humor, aproveito para descarregar uma bronca em cima de outro candidato aos prêmios acima citados. Quem é o infeliz (para não dizer filho da *) que cunhou a horrível e degradante expressão “melhor idade” – e suas vertentes “feliz idade” e “terceira idade”? Melhor idade para quê? Para ficar doente, dependente e impotente? Feliz idade, então, é aquele momento de nossa vida específico para sofrer e morrer? O termo terceira idade, então, nada mais é na realidade do que um neologismo e uma classificação disfarçada, muito útil para os marqueteiros de plantão e as autoridades públicas. Equivale à terceira classe. Que é tratada exatamente desta maneira: como terceira classe. Como consumidora, pouco gasta e, portanto, pouco vale para o comércio. Como cidadã, custa caro ao governo, que sempre procura cortar na própria carne — da melhor idade.

pílulas DE EnErGia positiva Como palavras de esperança para os pessimistas e outras pessoas psicologicamente equilibradas, deixo aqui alguma pílulas de energia positiva. (Uma boa utilidade da lista abaixo é usá-la como arsenal prêt-à-porter e descarregar uma ou outra frase, quando for apropriado, nas sempre loquazes e barulhentas aves de bom agouro).

} Disfruta el día antes que un imbécil te lo arruine. } Viva todo dia como se fosse o último. Um dia você acerta. } Diga-me a especialidade de seu médico e eu lhe direi de que doença morrerás. } Não cometa novamente os mesmos erros. Não reencarne. } A primeira metade de nossas vidas é arruinada por nossos

pais, a segunda por nossos filhos (Clarence Darrow). } Não se iluda! O sucesso não é nada mais do que o fracasso postergado. } Não tenham medo da felicidade; ela não existe (Michel Houellebecq). } O álcool não é a resposta. Ele só faz você esquecer a pergunta (perfeito para se brindar!). } We live in an era of smartphones and stupid people.


TeNdêNcia

Nuvem de coNHecimeNTo Nossa coluNisTa TesTou as Novas plaTaFormas de eNsiNo oNliNe e coNTa como é apreNder em uma sala virTual com mais de 80 mil aluNos de Todos os caNTos do muNdo

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por regina gauer

azer faculdade em uma universidade americana renomada, principalmente da Ivy League, não é nada simples. As chances de ser admitido são baixas, há competidores do mundo todo e muitos dos critérios de seleção podem se tornar empecilhos para quem, apesar de ter excelente desempenho escolar, não tem boa desenvoltura social ou não é um superatleta. É tão improvável, que a maior parte das pessoas nem tenta. Do ano passado para cá, contudo, o surgimento dos MOOCs — Massive Open Online Courses — transformou o acesso a esse conteúdo tão rico e ao mesmo tempo elitizado das grandes universidades. Grandes nomes incluindo MIT, Harvard, Princeton, Stanford e Columbia se juntaram para criar cursos online similares aos oferecidos presencialmente, de graça e abertos a qualquer interessado. Os alunos podem seguir o próprio ritmo, assistindo às aulas quando e quantas vezes quiserem, respondendo a testes online e escrevendo pequenas dissertações ou programas de computador. São muitas as disciplinas disponíveis, sendo quase impossível escolher quais cursar. Entre física quântica, inteligência artificial, poesia contemporânea americana, mitologia greco-romana, compiladores, música internacional e redes neurais, decidi-me por uma matéria de introdução à sociologia ministrada por um professor de Princeton. Quão rica é a experiência do contato com co-

legas de outros países apresentando suas visões únicas a respeito do comportamento humano e cada uma de suas culturas! A interação, feita através de fóruns e de videochats em tempo real através do hangout do Google, permite que uma sala global e multidisciplinar com idades e backgrounds diversos, de médicos da Índia, padres da Irlanda, bombeiros americanos e estudantes do Nepal contribuam com sua visão, alargando as perspectivas de um ensino tradicional. Sites como o Coursera, Udacity e edX criaram uma inovação disruptiva ao permitir que alunos de todo o planeta tivessem acesso às aulas dos melhores professores do mundo, sem ter que pagar nada por isso. Essas empresas pretendem criar um modelo de negócio rentável, capaz de gerar receita através da cobrança de pequenas taxas para a emissão de certificados e da indicação de profissionais capacitados para vagas em empresas afiliadas. Este é um grande momento de revolução do ensino. Propor novos formatos à educação é essencial para que, através do acesso às novas tecnologias e da abertura das universidades e de seus conteúdos, se consiga uma maior democratização do acesso à cultura e ao ensino. Segundo a visão do co-fundador da Udacity, Sebastian Thrun, seu principal objetivo é “mudar o modelo educacional por completo, tornando-o mais flexível, para que as pessoas possam manter-se sempre aprendendo, de graça, durante a vida”. O conhecimento está a um clique. Atualize-se! ¯

Regina Gauer é apaixonada por livros e obstinada por viajar e aprender novas coisas. Arquiteta pela FAU-USP com MBA pela FGV, atua como consultora de tendências para empresas ao redor do mundo, oferecendo insights criativos e inovadores.


divulgação google

~Detalhe dos “olhos” do carro do Google — instalado sobre o capô — que não necessita de condutor e se orienta pelas ruas sozinho. Desenvolvido pela equipe de Sebastian Thrun, o projeto foi apresentado no curso de inteligência artificial disponibilizado pela Udacity.


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DETALHE EM FOCO

} Escultura, edifício, obra de arte, objeto de design. A cada edição, lançaremos o desafio aos leitores de, a partir de um recorte da obra, decifrar a origem do nosso Detalhe em Foco. Mande suas sugestões para ameizing@rmceditora.com.br! No próximo número revelaremos de onde vêm as retículas brilhantes da foto. NA EDIÇÃO PASSADA: o telhado que lembra a trama de uma tapeçaria fica na pequena cidade de Beaune, a 200 km de Lyon, na França. Antigo hospital de leprosos, o Hôtel Dieu abriga hoje um museu que reproduz o ambiente original da construção. No interior, obras do pintor de flandres Rogier Van der Weyden.

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HOSPICES DE BEAUNE | Site: www.hospices-de-beaune.com | Endereço: 2 Rue de l’Hôtel Dieu 21200 Beaune, França | Telefone: 33 3 8024 4700

ÍCONE MODERNO

O paralelismo das linhas horizontais marca a fachada. Mas qual seria o diferencial de um simples balcão de um prédio de concreto armado? O edifício em destaque tem, para a história da arquitetura brasileira, importância notória. Como se chama e onde fica?




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