AMEIzing 5

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EDIÇÃO 5 ANO 2 | 2013

R$12

T E N D Ê N C I A | D E S I G N | A R Q U I T E T U R A

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SUMÁRIO

EXPEDIENTE EDIÇÃO 5 | ANO 2 | 2013 | R$ 12

48 10

GARIMPO

} Inspirados na natureza, os objetos desta edição têm, em comum, o verde predominante.

10 18

JOIA DA CAPA

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} A trajetória da Montblanc, que há mais de um século combina tradição e modernidade.

FAZENDO ARTE

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AMEIZING PEOPLE

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ESPECIAL PÁSCOA

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PROJETO

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} A história do jovem rebelde holandês que, revoltado com a escola, transformou-se num artista reconhecido. } Sugestões de compra que fogem ao trivial: coelhos e chocolates com toque de design. } Premiada pela mídia especializada norte-americana, a loja da Mistral ganha destaque nas mãos de Arthur Casas.

AMEIZING SERIES

} Globos de ouro à parte, Homeland é o foco desta seção estreante. Palmas para a favorita de Obama!

42 44

LIQUIDIFICADOR SEM TAMPA

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} Buy or die: Jerome Vonk discute como viver num “grande shopping center globalizado”.

TENDÊNCIA

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DETALHE EM FOCO

50

} Em meio à indústria alimentícia que evolui a passos largos, qual é o ingrediente da receita? } Cristais alemães e mármore italiano estão dispostos na construção suntuosa erguida entre oásis e areia.

Marília Muylaert

PUBLISHER E EDITORA

Marília Muylaert EDITOR

Gustavo Curcio REDAÇÃO Maíra Roman, Priscilla Kanda e Roberto Muylaert (texto); Domenico Zecchin, Gisela Berland, Jerome Vonk e Regina Gauer (colaboradores); Rosana Manduca (secretária); Dinho Leite (pesquisa fotográfica); Nina Zakarenko (revisão) ARTE Gustavo Curcio (projeto gráfico) Paula Sperandio e Rodney Monti (design) DEPARTAMENTO COMERCIAL Marília Muylaert (diretora) Maria Natália Dias (coordenadora) REPRESENTANTES COMERCIAIS BRASIL Adelino Pajolla Jr. Ribeirão Preto | SP — 16 3931 1555 Charles Marar Brasília | DF — 61 3321 0305 Dídimo Effegen Vila Velha | ES — 27 3229 1986 Lauro J. S. Alves Rio de Janeiro | RJ — 21 2223 3298 Maria Marta Craco Curitiba | PR — 41 3223 0060 Rogério Cavalcanti Álvares Recife | PE — 81 3222 2544 REPRESENTANTES COMERCIAIS EXTERIOR Daniel Coronel Montevidéu | Uruguai — 59 82 9005 775 Conover Brown Nova Iorque | EUA — 1 212 244 5610 ADMINISTRAÇÃO César Luiz Pereira e Daniela Sierra de Paula

BOB MUY

} Roberto Muylaert, bem-humorado, afirma: “Tu nunca mais volta pra Miami!” Descubra por quê.

DIRETOR

PUBLISHER & EDITOR

Roberto Muylaert DIRETORA

AMEIZING DISHES

} Origens e variações do crepe, iguaria apreciada pelos antigos com influências além da Bretanha.

} Os segredos do grafite, arte de rua que ganha cada vez mais espaço em importantes museus.

20

MONTBLANC®

18

34

RMC EDITORA

Rua Deputado Lacerda Franco, 300 o 18 andar| CEP 05418-000 — São Paulo, SP Telefone (11) 3030 9357 Fax (11) 3030 9370 Pré-impressão: Trade Comunicação Impressão: W Gráfica e Editora AMEIZING 5 é uma publicação mensal da RMC Editora. Não é permitida a reprodução parcial ou total das matérias sem prévia autorização dos editores. AMEIZING não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados. Matérias não solicitadas, fotografias e artes não são devolvidas.

ASSINATURAS | CONTATO

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ameizing@rmceditora.com.br Distribuição Mailing VIP e assinaturas


Você mais perto das pequenas e seletas vinícolas do mundo JARDINS Avenida Europa, 580 — São Paulo 00 55 11 3087 8300 CENTRO Rua Aurora, 872 — São Paulo 00 55 11 3337 5150

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fotos arquivo pessoal

EDITORIAL

H

MEISTERSTÜCK NA CABEÇA

á apenas dois tipos de pessoas que são realmente fascinantes — aquelas que sabem absolutamente tudo e aquelas que não sabem absolutamente nada.” Sempre que leio esta frase de Oscar Wilde, tenho de concordar com ele. Ao longo de minha carreira tive o privilégio de participar de vários encontros com pessoas interessantíssimas, como, por exemplo, Antonio Carlos Jobim e Benjamim Steinbruch. Pode parecer estranho colocar lado a lado duas personalidades tão diferentes, mas não é. Os dois, “cada um no seu cada um” (como diria Zeca Pagodinho), falavam com tamanha convicção sobre suas paixões, que, mesmo que eu não entendesse do assunto, era impossível não me encantar pelo tema. Mas o que tudo isso tem a ver com a ameizing? Recentemente estivemos na Montblanc, do Shopping Cidade Jardim, conversando com Juliana Pereira, a diretora de marketing aqui no Brasil, e, mais uma vez, me encantei com a propriedade com que falava de seus produtos. Canetas para nós, pobre mortais, tornaram-se instrumentos de escrita no linguajar montblanquês, assim como, mesmo sem eu saber falar alemão, a forma como Juliana pronunciava a palavra Meisterstück (obra-prima em português, pronuncia-se maixterstuq) não saíram da minha cabeça desde então. Valorizar o bom gosto e o conhecimento de geração em geração é o ponto alto de marcas consagradas de luxo, como a Montblanc.¯

HIPERMODERNIDADE QUE TOMA CONTA

A

rte subjetiva. Provoca reação. O expectador, inerte e sensibilizado, tem pela obra o toque desejado. Chapéus ao alto em referência ao mestre Marcel Duchamp, que três anos antes de sua morte, em 1968, ponderou: “O que quero dizer é que a arte pode ser ruim, boa ou indiferente, mas, seja qual for o adjetivo empregado, devemos chamála de arte, e arte ruim, ainda assim, é arte, da mesma forma que a emoção ruim é ainda emoção”. Foi essa emoção, resultado da exposição à arte, que fez o grafite, manifestação artística que das ruas tomou paredes de museu, ganhar oito páginas desta edição. Intrigante é a história de vida do “rebelde holandês” Roy Valk, que falou exclusivamente à ameizing durante sua última visita a São Paulo. Com trabalhos no Zimbábue, Europa e América Latina, fez-se artista ainda menino ao abandonar a carteira escolar e pintar paredes por uns trocados. Acredito numa história que, caso fosse traduzida num gráfico de curvas, seria formada por parábolas de funções do segundo grau com coeficientes alternados, ou seja, côncavas e convexas sucessivamente. Assim, o vaivém teocêntrico e antropocêntrico se repete nas artes, na indústria, nos ânimos, na ameizing. No caos hipermoderno de Gilles Lipovetsky, filósofo francês, nem os alimentos escapam do resgate à memória: conservas estão na moda! E, para coroar a miscelânea com pitadas de devaneios, revisitamos um clássico: da Suzette, o crepe. Bon appétit! ¯

Marília Muylaert

Gustavo Curcio

mariliamuylaert@rmceditora.com.br

curcio@rmceditora.com.br

publisher & editora

editor



GARIMPO

INSPIRADO NA NATUREZA

} A trama inusitada faz da Vegetal Chair um ícone de charme e inovação. Ideal para ambientes externos e internos, é obra dos designers Ronan & Erwan Bouroullec e foi projetada em 2008. Composta de poliamida tingida em diversos tons, vale R$ 2.038 na Vitra by Riccó. Ótima para espaços jovens! VITRA BY RICCÓ | Site: www.ricco.com.br | Endereço: Avenida Brasil, 1306, São Paulo | Telefone: 11 3081 6100



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AMEIZING DISHES

ORIGAMI DA GULA

Triângulo, retângulo, círculo... Não importa o formato, o crepe é iguaria e tem sido difundido cada vez mais no Brasil. Bacana é conhecer a origem da massa fina cozida sobre a pedra, superstições e receitas. Bon appétit! POR GISELA BERLAND

O

tamanho pode variar, mas a forma é sempre a mesma: um finíssimo círculo bem redondo. Resultado de uma receita simples e feito com ingredientes básicos de qualquer despensa, esse prato tão banal, graças à sua versatilidade, desfila nas ruas e frequenta as mesas dos melhores restaurantes. A deliciosa mistura de ovos e farinha acompanha fome e gula do café da manhã ao jantar e permite até assaltos noturnos à geladeira. Em sua versão anglo-saxã, a massinha tem até o seu próprio dia: o dia da panqueca. Panqueca no Brasil, pancake nos países de origem inglesa e crepe nos demais, a iguaria considerada símbolo de pobreza sobreviveu graças à simplicidade que carrega desde a origem, 7000 a.C. Era comum nas primeiras culturas cerealistas esmagar grãos para o preparo de uma espécie de sopa fina e fria. Com a incorporação do fogo nos processos de cocção, o homem passou a cozinhar a massa rala. Ancestral do crepe, em pouco tempo o mingau já não atendia aos desejos inovadores do homem, que decidiu cozinhá-lo sobre uma pedra quente e... voilà! Feito de trigo, arroz, cevada, milho ou mandioca, a panqueca se firmou como prato típico de várias culturas gastronômicas. Alguns exemplos variantes são os pães do tipo pita no Oriente Médio — chamados de pão sírio no Brasil —, os blinis russos, o naan indiano, os tacos mexicanos e a nossa tapioca. Mas nenhum dos "concorrentes" soube colocar o disco de massa fina num lugar tão ímpar quanto os franceses. Disposta à borda da Mancha, a Bretanha, no noroeste da França, é o mais tradicional celeiro da iguaria. A origem celta, repleta de superstições, tem entre druidas e korriganes a imagem do crepe sempre doce e sua versão salgada e rústica a galette de trigo negro. A relação do crepe com a origem bárbara é, além de histórica, visual: a face lisa e dourada que cozinha em contato com a pedra representa o sol, símbolo cósmico dos celtas. A outra face, pálida e irregular com relevos pequeninos, traz à mente a imagem da superfície lunar. A forma circular, para os bretões, lembra a Terra e define-se por não ter começo nem fim, símbolo do infinito. Por isso, para a gente da Bretanha, chamar crepe de panqueca é heresia! Muito além da simbologia pagã que envolve o crepe, a receita básica faz parte dos rituais católicos desde o princípio da fé cristã. Por volta do século 5 d.C., peregrinos que chegavam a Roma para a festa das velas — que comemorava a apresentação do menino Jesus no Templo de Jerusalém e a purificação da Virgem Maria — recebiam pequenos crepes no lugar de hóstias. A festa da Chandeleur é até hoje comemorada no dia 2 de fevereiro. Com o tempo, a tradição religiosa se perdeu e o grande homenageado passou a ser a grande hóstia. Assim, nasceu o dia do crepe.


fotos reprodução

Nesse dia, a tradição manda cozinhar a massa segurando, ao mesmo tempo, a frigideira e uma moeda ou peça de ouro com a mão direita. Para cumprir o ritual, deve-se fazer saltar o crepe no ar de forma a dar uma volta completa e aterrizar magistralmente na frigideira. Assim, a fortuna no ano que segue estará garantida. A data, com ou sem simpatias, também é comemorada em outros países europeus, no México, nos Estados Unidos e no Canadá. Os crepes podem ser simples ou recheados, doces ou salgados. Além da infinidade de recheios que podem acompanhá-los, existem várias maneiras de dobrá-los, o que transforma esse prato em origami do guloso. Dobre ao meio ou enrole, vire as pontas para o centro formando um quadrado, ou dobre ao meio duas vezes para obter um triângulo, ou em 3 partes um retângulo. Para variar, faça uma trouxinha amarrada em torno do recheio. Para o clássico, recomenda-se seguir o modelo de Henri Charpentier, pupilo de Escoffier, que serviu para o futuro rei da Inglaterra, Eduardo VII, um acidente culinário: um crepe perfumado com Grand Marnier, laranja e manteiga, flambado por acaso e chamado Suzette. ¯

CREPE SUZETTE Ingredientes (massa) ❚ 2 ovos ❚ 100 g de farinha de trigo ❚ Essência de baunilha ❚ 1 pitada de sal ❚ 250 ml de leite ❚ 2 col. (sopa) de óleo de girassol ❚ 300 ml de água gelada ❚ 1 col. (sopa) de licor Grand Marnier ❚ 1 col. (chá) de raspas de laranja ❚ Suco de 1/2 laranja Ingredientes (calda) ❚ Suco e raspas de 1 laranja ❚ 1 col. (sopa) de licor Grand Marnier ❚ 50 g de açúcar ❚ 50 g de manteiga Para fritar ❚ 20 g de manteiga ❚ Tiras de laranja confit ❚ Grand Marnier para flambar

Modo de preparo Bata todos os ingredientes da massa no liquidificador. Deixe descansar por 20 minutos. Aqueça uma frigideira média com revestimento antiaderente. Com papel absorvente ou pincel culinário, unte a frigideira com a manteiga. Despeje uma quantidade de massa suficiente para cobrir o fundo da frigideira numa camada bem fina. Deixe cozinhar até as bordas começarem a dourar. Vire o crepe, cozinhe rapidamente o outro lado e retire do fogo. Unte de novo a frigideira antes de fritar o crepe seguinte. Cubra os crepes com um pano para não ressecarem. Misture os ingredientes da calda em temperatura ambiente. Passe a mistura no centro de cada crepe e dobre em 4 (em forma de leque). Despeje um pouco da calda no fundo de uma frigideira pré-untada com a manteiga, aqueça os crepes e junte tirinhas de laranja confit. À parte, aqueça o Grand Marnier, regue e flambe.


JOIA DA CAPA

TECNOLOGIA &

TRADIÇÃO As quase 500 butiques Montblanc espalhadas pelo mundo são uma das evidências da estratégia de difusão da marca, que subsidia a distribuição dos produtos e se distancia do varejo multimarcas. A pioneira das américas, aberta em São Paulo em 1996, é evidência da aposta alemã no mercado de luxo do brasil POR GUSTAVO CURCIO


fotos Montblanc® | arquivo

Artesão do ateliê de instrumentos de escrita da Montblanc em Hamburgo, na Alemanha. Cada componente é produzido num campo específico, de acordo com o expertise da cada região da Europa.


JOIA DA CAPA

O

A revolução tecnológica do êmbolo eliminou a necessidade das cargas tinteiro. Mas são as penas que encantam a manufatura na fábrica, em Hamburgo, na Alemanha. A ponta de ouro 18 K recebe o cuidado individual e dá à power pen (como é chamada por executivos em Nova Iorque) o toque tradicional.

fotos Montblanc | arquivo

desenho não mudou, desde 1924, quando foi criado o primeiro objeto da distinta linhagem das Meisterstück, mais clássico instrumento de escrita da Montblanc. O binômio tradição-tecnologia, quando se trata da grife alemã fundada em 1906 é o mesmo, mais de um século depois. “A Meisterstück é o exemplo perfeito de fusão tecnológica e artesanal numa peça de design atemporal que é companheira para a vida. De tempos em tempos, a marca revisita esse projeto e dá um toque contemporâneo a novas versões”, explica a diretora de marketing da Montblanc do Brasil, Juliana Pereira. Pois o nome da mais clássica das canetas faz jus à grandeza do projeto: meisterstück, em alemão, significa obra-prima. A experiência extrapremium do projeto de reinvenção da mais tradicional das penas, que valoriza trabalhos artesanais europeus, ousa chamar-se Meister of Meisterstück, num superlativo proporcional à qualidade da prata ou porcelana usadas como matéria-prima para as experiências de luxo. A notável conquistou tal prestígio como projeto, que faz parte do acervo do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, que mantém a Meisterstück 149 em sua exposição permanente. E luxo é o que a marca sabe explorar. Desde 1924 abandonou o varejo comum. As simples tabacarias deram lugar às vitrines de requintadas joalherias com a extinção das linhas mais básicas. No Brasil, segundo Pereira, uma empresa familiar dedicou gerações na distribuição de produtos Montblanc. Mas a pulverização dos itens pelo mundo deixou de ser o foco da empresa germânica, que em 1992 abriu sua butique pioneira em Hong Kong e teve no Brasil, à esquina das ruas Oscar Freire e Haddock Lobo, sua primeira loja subsidiária das Américas. Com a série de butiques, quase cinco centenas espalhadas pelo globo, dez delas no Brasil — a última será inaugurada no Village Mall, no Rio de Janeiro —, veio a diversificação de portfólio. A Montblanc comprou, também em 1992, uma tradicional fábrica de couro, a Karl Seeger Lederwarenfabrik, em Offenbach, na Alemanha, e iniciou a fabricação de agendas, pastas executivas, carteiras, blocos de anotações e cintos de altíssimo grau de refinamento. A preocupação com a qualidade do couro é tal que os carneiros são confinados em pastos onde não haja arames farpados que possam danificar a pele do animal. Cinco anos depois, em 1997, foi fundada a Montblanc Montre S/A, na cidade suíça de Le Locle, curiosamente sediada num castelo construído em 1906, ano de fundacão da marca, e ingressou no restrito mercado de relógios de luxo. A diretora de marketing da empresa no Brasil afirma que o segmento é o mais promissor dentro do share de produtos da fábrica alemã. Em 2006, pela primeira vez em sua história, a Montblanc escolheu celebridades para representá-la e as chamou embaixadores da marca. Nicolas Cage e a cantora lírica britânica Katherine Jenkins foram os pioneiros no cargo. Recentemente, num esforço de aproximação com clientes brasileiros, a grife investiu em tabelas de preços compatíveis com as praticadas no exterior. “A ideia é atender o consumidor brasileiro no Brasil. Hoje, como subsidiária, a marca padronizou os itens disponíveis em todas as butiques do mundo. Ou seja, chega por aqui tudo o que esta à venda no exterior, com raras exceções de peças únicas”, garante Juliana. ¯



JOIA DA CAPA

HÁ DÉCADAS, DE OLHO NO BRASIL

Juliana Pereira, há dois anos diretora de marketing da Montblanc Brasil

QUAIS VALORES OU MÉTODOS DE PRODUÇÃO A MONTBLANC PRESERVA DESDE A SUA FUNDAÇÃO, EM 1906? COMO COMBINAR ARTESANAL E TECNOLÓGICO? Eu vou dar um exemplo concreto para ilustrar: essa é a nossa caneta ícone, da linha Meisterstück. Trata-se de uma versão atualizada, chamada Diamond, que exibe um diamante Montblanc no topo. Sendo criação de uma empresa alemã, o mecanismo interno do instrumento é resultado de um projeto de engenharia. O êmbolo de carga foi o que revolucionou, na época, a história da caneta-tinteiro. Esse foi o breakthrough, isso é tecnologia. Ao mesmo tempo, a peça tem como destaque a pena. Dentro da linha de fabricação, esse é o principal item artesanal, produzido através de mais de 150 processos manuais que envolvem um conhecimento técnico de ourives. A Meisterstück é o exemplo perfeito de fusão tecnológica e artesanal numa peça de design atemporal que é companheira para a vida. De tempos em tempos, a marca revisita esse projeto e dá um toque contemporâneo a novas versões. Existe uma linha dedicada a determinadas técnicas, chamada Meister of Meisterstück. Assim, associada a produtores especializados em determinadas matériasprimas, como porcelana, prata ou madeira, a Montblanc redesenha o mais tradicional dos instrumentos de escrita em versões especiais. Desde o início, a marca preserva 100% da produção na Europa, espalhada de acordo com o expertise de cada região: canetas na Alemanha, relógios na Suíça, joias em Paris, prata e couro na Itália, que é o berço da conceria (tradicional manufatura do couro). A Montblanc nasceu com vocação internacional, mas preserva claramente a raiz europeia. Por isso, os fundadores escolheram como símbolo da marca o ponto mais alto do continente, como referência da exímia qualidade de manufatura na Europa. COMO A MARCA VÊ O MERCADO BRASILEIRO? Nos últimos meses nós assistimos a materialização do Brasil como mercado para as grifes de luxo. São 30 marcas que em 12 meses investiram pesado aqui, com lojas próprias, com showroom, planos de mídia ousados. Com a Montblanc, a relação com o Brasil sempre foi diferente. Nós fomos a primeira loja do segmento de alto luxo a se instalar no país, através da distribuição feita por uma empresa familiar que dedicou duas gerações para a marca e fez esse trabalho brilhantemente, com uma

estratégia de varejo. Hoje estamos inaugurando nossa décima loja no país, no Village Mall, no Rio de Janeiro, mas esse sucesso é resultado de um trabalho de mais de 30 anos por aqui. A Montblanc, presente através do distribuidor e hoje como subsidiária direta, percebeu de forma pioneira no Brasil um potencial de mercado importante. Não é um brilho no olho, um flash. A marca sempre acreditou na grandeza do Brasil. A butique da Oscar Freire com a Haddock Lobo, nos Jardins, em São Paulo, foi a primeira da marca nas Américas, antes mesmo da filial em Nova Iorque. Isso aconteceu em 1997, apenas cinco anos depois da abertura da primeira butique Montblanc no mundo, em 1992, em Hong Kong. A relevância do Brasil para a Montblanc não é uma história recente. O público brasileiro pode esperar mais novidades e investimentos. A companhia das outras marcas do segmento ao nosso lado só reforça o ideal que trouxemos há décadas. FALANDO COMO CONSUMIDOR: HÁ ALGUM TEMPO, A TABELA DE PREÇOS DA MONTBLANC FOI AJUSTADA NO BRASIL E TORNOU-SE MAIS COMPETITIVA SE COMPARADA A DE OUTROS PAÍSES. ISSO REALMENTE OCORREU? POR QUÊ? Sim, isso realmente ocorreu e faz parte de um movimento em prol do mercado brasileiro. Conhecendo a realidade fiscal do Brasil, fica claro que a tributação sobre produtos importados é abusiva. Para chegar a tabelas equivalentes, houve um esforço da marca para se aproximar ainda mais desse consumidor. A ideia é atender o cliente brasileiro no Brasil. Hoje, como subsidiária, a marca padronizou os itens disponíveis em todas as butiques do mundo. Ou seja, chega por aqui tudo o que esta à venda no exterior, com raras exceções de peças únicas. QUAL O TAMANHO DA MONTBLANC NO MUNDO? Hoje são quase 500 butiques espalhadas pelo mundo. A grande sacada foi criar a rede de distribuição própria, não pulverizada pelo varejo multimarca. COMO A MONTBLANC EXPLORA SEU PORTFÓLIO? CANETAS AINDA SÃO O CARRO-CHEFE? É inegável que os instrumentos de escrita, como nós chamamos internamente as canetas, são a categoria que representa o maior share dentro do resultado da marca. Mas, paralelamente, a categoria de relógios é a que mais tem crescido e a que mais tem potencial de crescimento. Mesmo sendo relativamente recente a inclusão da relojoaria no portfólio, há 17 anos, posso dizer que estamos entre as principais marcas do segmento em competência e manufatura do próprio movimento e investimento em pesquisa e tecnologia. Fica claro que tradição, conhecimento e preocupação com o artesanal reconhecidos na elaboração dos instrumentos de escrita estão sendo repassados para a fabricação dos relógios. EM POUCAS PALAVRAS, COMO VOCÊ DEFINE O ESTILO MONTBLANC? O QUE REPRESENTA? Montblanc é a valorização ao bom gosto, um brinde às coisas boas da vida. É cultivar arte e cultura e prestígio ao artesão. É conhecimento passado de geração a geração. É o equilíbrio entre tecnologia e tradição.

ONDE ENCONTRAR? SÃO PAULO CIDADE JARDIM

Endereço: Avenida Magalhães de Castro, 12000 | Telefone: 11 3552 8000

OSCAR FREIRE

Endereço: Rua Oscar Freire, 740 | Telefone: 11 3068 8811

RIO DE JANEIRO BARRA SHOPPING

Endereço: Avenida das Américas, 140 | Telefone: 21 2408 0501

} A tradição da lendária marca alemã transpôsse aos demais segmentos explorados pelo portfólio de produtos, como a manufatura de joias, relógios e couro.



JOIA DA CAPA

LINHA DO TEMPO 1906

1909

| A Simplo Filler Pen Company foi fundada em Berlim pelo engenheiro August Eberstein e pelo banqueiro Alfred Nehemias.

2011

fotos reprodução | arquivo

~ Lançamento da Meisterstück branca, juntamente com uma linha de joias finas, relógios e peças de couro, influenciadas pela neve do Mont Blanc. Inauguração na China de uma loja 57 m² maior que sua loja em Paris, a maior da Europa. Com 557 m², a butique está localizada no shopping Tai Koo Hui, em Guangzhou, um centro de compras de luxo.

~ Lançamento da Montblanc 100 years Solitaire Mountain Skeleton, em comemoração ao centenário da empresa. Moldada em ouro 18 K, com 123 diamantes azuis ao longo de seu corpo, o mais brilhante com 43 facetas, incrustados no topo. O valor, “apenas” US$ 175 mil. À venda, só sob encomenda. Menos de 24 horas depois do lançamento a empresa tinha 60 interessados na lista de espera.

2006 ~ Lançamento do Diamante Montblanc, uma lapidação da estrela de seis pontas com 43 facetas que levou oito anos para ser produzido e introduziu a grife na alta joalheria.

~ Introdução da caneta-tinteiro Rouge et Noir. No ano seguinte, a empresa adota o nome Montblanc.

1910 ~ Ao lado do dono da papelaria Claus-Johannes Voss, começaram a produzir outras canetas. Pouco depois, Nehemias faleceu e Eberstein desfez a sociedade para buscar novos sócios (Christian Lausen e Wilhelm Dziambor). O objetivo era desenvolver a melhor caneta do mundo, que não vazasse.

2005 - 2004 ~ Lançamento da caneta J.P. Morgan. Com tiragem limitada a 4.810 unidades, o modelo fazia parte da coleção Patrono das Artes. Chega às lojas o perfume feminino Fèmme de Montblanc. Lançamento de uma coleção de joias femininas, dividida em três linhas: Star Collection, Profille Collection e Bohème Collection, compostas por pingentes, colares, pulseiras, brincos e anéis inspirados com design clássico e movimento, pedras preciosas e a característica resina preta da marca.

1924 Lançamento de uma das vedetes da marca, a caneta Meisterstück, que até os dias de hoje mantém o mesmo design, sendo um ícone da escrita no mundo inteiro.

2000 Lançamento da coleção Bohème, com design mais arrojado, inspirado nos ideais hedonistas, e nas canetas de aço e fibra de carbono, numa demonstração inequívoca da maestria da Montblanc em manejar os mais diversos materiais e acompanhar as tendências do design, transformando tudo o que faz em objeto de desejo. Lançamento da caneta de edição limitada Montblanc Precious Dragon. Essa coleção também incluía instrumentos de escrita e acessórios de joalheria feitos à mão pelo ateliê Montblanc.

2002 Inauguração de loja-âncora na Avenida ChampsElysées em Paris, introduzindo um novo conceito de decoração de butique, desenvolvido pelo arquiteto francês J. M. Wilmotte.

2001 ~ Lançamento de seu primeiro perfume, Presence, além de introduzir uma linha de bolsas e pastas para mulheres feitas à mão chamada Ladies Business Bags Collection.


Lançamento da Meisterstück Solitaire Collection, a preciosa versão em ouro maciço, prata de lei e prata banhada a ouro.

1992

1983

Lançamento no mercado internacional da primeira Edição Limitada Patrono das Artes: a caneta-tinteiro dedicada a Lorenzo de Medici — uma réplica da Montblanc dos anos 20 e que prestava homenagem ao grande patrono das artes do passado. Foram fabricadas somente 4.810 unidades. A cada ano uma nova edição desse tipo é acrescentada à coleção. Lançamento da Edição Limitada dedicada aos escritores, com uma homenagem a Ernest Hemingway.

1995 ~ Lançamento da coleção própria de relógios denominada Meisterstück Collection. Hoje em dia, a coleção possui 11 linhas e 269 variações de modelos, além de cinco edições limitadas e nove tipos de relógios de mesa. Lançamento da primeira coleção de óculos.

1996 Ingressou no segmento de joias com o lançamento da linha Meisterstück Jewellery, composta por abotoaduras, pulseiras e outros acessórios para homens.

} Lançamento da coleção de acessórios de couro (pastas, bolsas e agendas) para trabalho e viagens.

1994 ~ A Montblanc Solitaire, canetatinteiro coberta de 4.810 brilhantes, entrou para o Guinness Book como a caneta mais cara do mundo.

1993 ~ Lançamento da Montblanc Imperial Dragon 888, desenvolvida exclusivamente para o mercado asiático. A caneta tinha um clipe e detalhes de ouro maciço 18 K, tendo sido produzidas apenas 888 unidades. O oito é o número da sorte no Oriente, simboliza a fartura e a riqueza e o símbolo deitado representa o infinito.


FAZENDO ARTE


ARTE EM SPRAY

A 2ª Bienal Internacional Graffiti Fine Art, no MuBE, reuniu grafiteiros nacionais e internacionais e traçou um panorama dessa manifestação urbana a partir de diferentes instalações e interpretações POR PRISCILLA KANDA


FAZENDO ARTE

S

urgido na década de 1970 e ligado ao movimento cultural do Hip Hop — que envolve arte, dança e música — o grafite é uma manifestação artística que conta com desenhos e técnicas de alta qualidade. Essa arte, cada vez mais popular, estampa espaços públicos como uma maneira de expressar pensamentos e a realidade das ruas. Uma das provas desse crescimento é a 2a Bienal Internacional Graffiti Fine Art, do MuBe — Museu Brasileiro de Escultura, em São Paulo, que reúne artistas de todo o mundo. O grafite chegou ao Brasil no fim dos anos 1970, em São Paulo, e com ele muitas polêmicas em torno de seu conceito. Ao passo que alguns enxergam o movimento como arte, outros acreditam que é semelhante à pichação e, portanto, ato de vandalismo. Ambos utilizam os mesmos materiais, como tinta spray e látex. Por outro lado, o grafite tem desenhos elaborados, técnicas mais expressivas e faz uso de cores que a pichação não assume em sua manifestação. Os grafiteiros brasileiros são reconhecidos entre os melhores, uma vez que incrementam arte com toque particular. Tão difundido foi esse movimento no Brasil e em outros países que conquistou um espaço especial no MuBE. A Bienal Internacional Graffiti Fine Art — viabilizada pela Lei Rouanet, patrocinada pelo Banco PSA Finance Brasil e com apoio da Construtora Azevedo Travassos — é o principal projeto autoral do museu e teve sua segunda edição entre os dias 22 de janeiro e 17 de fevereiro deste ano. O principal objetivo da instalação era montar um cenário com os diferentes estilos, técnicas e conceitos do grafite, unindo em um mesmo espaço importantes artistas da arte urbana de todo o planeta.¯


Obra do alemão Hendrik Beikirch, o mais alto mural da Ásia foi executado em agosto de 2012 na maior cidade da Coreia do Sul, Busan, e foi instalado a 70 metros de altura. A pintura mostra a face de um pescador, que contrasta a paisagem repleta de arranha-céus do Haeundae I’Park. Impressionam as rugas na face do personagem, que exibe longas luvas de plástico, segundo o autor um sinal de que trabalhadores idosos continuam a desempenhar suas funções para sobreviver. Sob a obra, Beikirch escreveu, em coreano, a seguinte frase: “Onde não há luta, não há força”.


FAZENDO ARTE

DEMOCRATIZAÇÃO DA ARTE “Este projeto acompanha as tendências mundiais do grafite e coloca os artistas nacionais em contato com grandes nomes do cenário mundial. É uma oportunidade não apenas para esses grafiteiros, mas também para o público apreciar essa arte”, explica Renata Junqueira, diretora de Relações Internacionais do MuBE e idealizadora da Bienal. Segundo Binho Ribeiro, curador da mostra, a exposição deste ano teve 50 artistas que apresentaram obras inéditas em forma de painéis, instalações, telas, fotografias, pinturas e esculturas. Importantes nomes nacionais e internacionais mostraram suas obras, como Karski, Kongo, Daze, Wernz, Speto, Finok e Minhau, Lab, em Mallorca, Espanha.


Mural do artista português Daniel Melim em São Paulo. Desenhista e pintor reconhecido por trabalhos de diferentes naturezas e técnicas, o artista venceu, em 2011, o Prêmio Fidelidade Mundial Jovens Pintores — levado a cabo pela seguradora do Grupo Caixa Geral de Depósitos com o objetivo de estimular a produção artística portuguesa na área da pintura e contribuir para o reconhecimento de jovens talentos — e desde 2006 já organizou pelo menos 5 exposições individuais.


AMEIZING PEOPLE

ROY VALK — KARSKI

Site: www.mooiemuur.nl Email: info@mooiemuur.nl

REBELDE HOLANDÊS

A avalanche de cores é a principal marca do grafiteiro holandês Karski, um amante do Brasil. O artista cursou design gráfico e fez um estudo sobre cores por mais de um ano na Academy of Fine Art. Apaixonado pela arte desde criança, Karski acredita que o grafite é uma das maneiras de ver o mundo e, em seus retratos ou arte abstrata, as cores e as formas contam suas próprias histórias POR PRISCILLA KANDA


fotos divulgação MuBe e arquivo pessoal

É

COMO É FAZER GRAFITE NA HOLANDA? Não há liberdade. Há muito mais liberdade aqui no Brasil. Eu tenho um filho na Holanda, caso contrário, com certeza, moraria em algum lugar da América do Sul. Aqui, existe muito mais respeito pela nossa arte.

GUSTAVO CURCIO

uma arte direta. As ruas são o meu estúdio”, explica Karski sobre os motivos de ser grafiteiro. O holandês conta que escolheu o grafite por ser uma maneira rápida de pintar e por conseguir um retorno direto do público, instantâneo. “A obra pode ser boa ou ruim, mas você fica sabendo na hora. É uma expressão artística muito honesta”, reflete. A trajetória de Karski com o movimento começou aos 10 anos, quando pulava as janelas da casa de seus pais, em Amsterdã, e pichava seu nome pelos muros da cidade. Não demorou muito para que fosse abordado pela polícia. O resultado? Repreensão dos pais enérgicos e uma multa considerável. Como era muito novo para arranjar um trabalho, teve de pensar em maneiras de contornar a situação. “Meu pai sugeriu que eu lavasse os carros dos vizinhos, mas eu pensei que esse não era o caminho. Lembrei de muitos amigos da escola que me pediam para pintar seus quartos e decidi fazer isso em troca de uns tostões”, lembra. Anos depois, chegou a abrir a própria agência de publicidade, que durou apenas quatro anos: “Minha paixão é a pintura, não o design”. Durante sua carreira, o grafiteiro desenhou capas de discos, camisetas, expôs em diferentes eventos, participou de um projeto no Zimbábue — que continuará neste ano —, entre outros diversos trabalhos. Karski foi um dos expositores da 2a Bienal Internacional Graffiti Fine Art, do MuBE. “É a nona vez que venho ao Brasil. Amo este país”, confessa.¯

COMO VOCÊ GANHA DINHEIRO COM ESSA ARTE? Eu participo de muitas exposições e recebo muitas encomendas de murais. E também ensino crianças a alimentar

a criatividade de uma maneira positiva, com palestras e workshops. UM CONSELHO PARA QUEM ESTÁ COMEÇANDO NO GRAFITE Olhe a sua volta, encontre os lados positivos do que vê e reproduza. Crie sua arte! Observe bastante, faça rascunhos e pinte. Existem muitas maneiras de se desenvolver e muitos profissionais que podem ajudar. Na minha época, tínhamos que ir atrás de tudo, agora existe informação na internet e tudo mais! É só começar.


ESPECIAL PÁSCOA

ALÉM DO OVO

Na data máxima para cristãos e judeus, o melhor é compartilhar amor, vida e, é claro, chocolate. O coelho, nas mais variadas versões, marca a presença e simboliza a vida. Boa Páscoa! POR GUSTAVO CURCIO

N

a época em que os corredores dos supermercados estão tomados pelos túneis de ovos de chocolate o melhor é fugir do varejo em massa. E o que não falta são versões inusitadas e cheias de charme dos tradicionais símbolos da Páscoa: ovos e coelhos. Numa parceria inédita, a Chocolat du Jour se juntou à estilista Fernanda Yamamoto e redesenhou o tradicional Coelhinho Estojo. "Estávamos em busca de uma releitura para o produto” conta Patricia Landmann, diretora de marketing da chocolateria fundada em 1987. Para essa minicoleção, Fernanda fez uma releitura do vestido transpassado para as coelhas — uma espécie de kimono —, enquanto os coelhos ganharam uma camisa de corte moderno e gravatas de feltro. As roupas foram confeccionadas em tricoline maquinetada de algodão, em quatro opções de cores. O Coelhinho Estojo vem recheado com ovinhos de chocolate ao leite. ¯

~ Coelhinho Estojo recheado com ovinhos. Preço sob consulta, Chocolat du Jour. Na foto, a estilista Fernanda Yamamoto e Patricia Landmann, diretora de marketing.


Importado da Indonésia, o coelho Balines é feito de lascas de madeira e tem 78 cm do focinho à cauda. Preço sob consulta, na Espaço Til.

Caixa com quatro ovos trufados de chocolate belga. Com 210 g, vale R$ 58 na Gallette Chocolates. Porta-guardanapo de porcelana em forma de coelho. R$ 49,99, na Blauss Maison, Shopping Cidade Jardim.

| Abajur Chocolite Brown. Com base de resina e difusor metálico, é projeto do escritório Toshitaka Nakamura & Kohei. Ideal para lâmpada de 60 W. Tem 20 cm de diâmetro e vale R$ 997 na Domicini.

} Coelhinhos de chocolate maciço ao leite ou branco, 90 g, R$ 19,50, na Nina Veloso Pâtisserie.

~ Seis bombons decorados com coelhinhos nos sabores ao leite, amargo 70%, branco e caramelo enchem a caixa da Gallette, que vale R$ 26 (65 g).

onde encontrar BLAUSS MAISON | Shopping cidade jardim | Telefone: 11 3552 1010 | Site: www.blaussmaison.com.br CHOCOLAT DU JOUR | Endereço: Rua Haddock Lobo, 1421, São Paulo | Telefone: 11 3168 2720 | Site: www.chocolatdujour.com.br DOMINICI | Endereço: Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 1768, São Paulo | Telefone: 11 3087 7788 | Site: www.dominici.com.br ESPAÇO TIL | Endereço: Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 689, São Paulo | Telefone: 11 3063 5603 GALLETTE CHOCOLATES | À venda no Empório Santa Maria | Endereço: Av. Cidade Jardim, 790, São Paulo | Telefone: 11 3706 5211 NINA VELOSO PÂTISSERIE | Endereço: Rua Costa Carvalho, 195, São Paulo | Site: www.ninaveloso.com.br | Telefone: 11 3032 6453


PROJETO

VALE DEGUSTAR

Visitar a loja da Mistral, em São Paulo, é um convite às sensações. Paladar, obviamente, é o foco. Mas a plasticidade única do projeto do estúdio Arthur Casas rendeu prêmio internacional POR MAÍRA ROMAN


LOJA-CONCEITO MISTRAL JK

Site: www.mistral.com.br | Telefone: 11 3152 6050| Endereรงo: Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, 2041, Sรฃo Paulo


A

} Classe e minimalismo são as principais características da primeira loja conceito da Mistral. Espanta o investimento tecnológico: a mesa multimídia interativa, com câmeras embutidas, reconhece 24 garrafas selecionadas sobre ela e traz informações sobre a vinícola e as uvas, além de dicas de harmonização.

fotos tadeu brunelli

PROJETO

escolha do vinho ideal é, sem dúvida, algo bastante pessoal. Entretanto, harmonização com os alimentos, origem das vinhas, processos de beneficiamento da uva e safras variadas dão pistas certeiras aos enólogos para a orientação e forma de degustação. Mas desfrutar o máximo de cada garrafa depende, também, de detalhes puristas como o formato adequado da taça e a oxigenação do produto antes da ingestão. É justamente essa a complexidade que encanta os amantes da bebida. Pensando nesse ritual digno de Bacos tupiniquins é que a importadora Mistral decidiu oferecer uma experiência lúdica aos seus clientes. A nova loja, no segundo piso do Shopping JK Iguatemi, esbanja ousadia num projeto classudo e minimalista. O resultado? Satisfação geral de público e crítica que rendeu à loja o prêmio Best Of Year Awards, realizado pela revista americana Interior Design. Primeiro lugar da categoria varejo (retail), a loja é um exemplo de como a estética pode estar ligada à funcionalidade e à badalada experiência sensorial do cliente. Em uma espécie de espaço conceito, o prêmio só confirma o que os visitantes já sabiam: basta uma arquitetura articulada ao espírito do cliente para que a harmonia do produto esteja aliada ao bem-estar e corresponda, é claro, ao aumento de vendas e ao lucro do investidor. Desenvolvido pelo estúdio Arthur Casas sob a coordenação da arquiteta Cristiane Trolesi, a loja apresenta uma mistura de horizontalidade nas formas predominantes e elementos verticais que formam texturas superior e inferior, com a sequência de sarrafos de madeira e o reticulado formado pelo bulbo das garrafas encaixadas na vitrine — que facilita a visibilidade dos produtos para o consumidor e elimina o uso de prateleiras tradicionais. A disposição circular da loja, segundo o próprio estúdio, evoca o processo de degustação do vinho. A curva revela, aos poucos, os 100 m² que abrigam adega, estoque, galeria interativa, espaço de vendas e degustação e até um cantinho de leitura, com o que há de melhor sobre rótulos e vinícolas. Uma tela interativa revela ao cliente informações de harmonização e detalhes das bebidas, como terroir, entrevistas com produtores e notação da safra. A base da garrafa faz as vezes de um mouse e possibilita uma descoberta individual sobre cada vinho exposto. Para os visitantes, escolher a garrafa na Mistral é parte do processo de degustação. ¯

O PRÊMIO O prêmio Best of Year Awards acontece desde 2007 e classifica projetos em diversas categorias, incluindo lojas, hotéis e residências. A edição de 2012 ocorreu em 29 de novembro, em Nova Iorque, e reverteu parte dos fundos arrecadados na cerimônia para reparos do furacão Sandy, que em outubro do mesmo ano assolou a cidade. A Mistral JK venceu o prêmio de melhor projeto de arquitetura na categoria varejo retail da revista norte-americana Interior Design. No nicho em que a Mistral se destacou com o projeto Arthur Casas, receberam menções honrosas outras lojas reconhecidas mundialmente: a Xocolatti Store em Nova Iorque; a Livraria da Vila, com o projeto de Isay Weinfeld, em São Paulo, e a Relojoaria Alemana, com projeto de Oliver Hernaiz Architecture Lab, em Mallorca, Espanha.



AMEIZING SERIES

HERÓI OU TRAIDOR? Homeland, a série de TV preferida de Barack Obama, já está disponível em DVD no Brasil. Instigante, bem produzida e com um roteiro irrepreensível, abocanhou 3 Globos de Ouro e 3 Emmys. É, de fato, imperdível!

o ser perguntado sobre seus próximos desafios, Fernando Meirelles, o diretor brasileiro que, entre outros atores fabulosos, já dirigiu Anthony Hopkins (em 360), respondeu: “Quero dirigir séries para televisão”. Segundo ele, esse formato cada vez mais bem-feito é muito atraente para um diretor porque permite explorar muito melhor os personagens e seus matizes, o que os torna bem mais críveis. “Em duas horas de filme não dá. Tudo tem de ser muito compacto”, disse ele. Fernando não está sozinho ao valorizar as séries de televisão produzidas nos Estados Unidos nos últimos anos. Obama, por exemplo, declarou em rede nacional ter loucura por Homeland, a série que abocanhou três Globos de Ouro em 2013: melhor série drama, melhor ator (Damian Lewis) e melhor atriz (Claire Danes). Herói ou traidor? Esse é o tema do thriller psicológico como os produtores gostam de classificar a série que conta a história do sargento Nicolas Brody que, após passar oito anos preso no Afeganistão e sofrer torturas impensáveis nas mãos da Al-Qaeda, está voltando para casa. Na opinião de Carrie, agente da CIA, Brody passou para o lado do inimigo e é peça-chave de um complô contra os Estados Unidos. Tanto no Brasil, como no exterior, a segunda temporada de Homeland já acabou. A terceira temporada é aguardada para setembro de 2013 (no canal a cabo FX). Mas, para quem não viu, uma boa notícia: já é possível comprar a primeira temporada nas videolocadoras. A segunda, por enquanto, só baixando da internet. ¯

fotos divulgação homeland

A

POR MARÍLIA MUYLAERT

~} Acima, Claire Danes, melhor atriz no Globo de Ouro e Emmy, e Mandy Patinkin. À direita, a jovem contracena com Damian Lewis, melhor ator do Globo de Ouro 2013.



CRÔNICA BOB MUY

“TU NUNCA MAIS VOLTA PRA MIAMI”

alor começa a pinicar por baixo da camisa, quente o verão, sapato com meia é aquecedor, cueca supérflua, piscina morna, banho frio, rua sempre, gente paca, decote com marca branquinha do biquíni, tapa as vergonhinhas dela, topless, jamais, bunda de fora, sim, “fio dental no verão...”, sonham as gordinhas de academia, chope estupidamente gelado, gole um, paradisíaco, mar do Rio a 10 graus, corpo a 37, dedos dormentes, choque térmico, aço temperado, Guarujá, cinco horas na estrada, “Sistema AnchietaImigrantes”, se dirigir não beba, crianças inquietas a partir da av. dos Bandeirantes, “pai, está chegando?”, mar puxa, será que os caras do surfe, lá longe, não têm medo?, água e areia, coisa de Deus pros pequenos, castelo de areia custa a fazer, pai relaxa, sol até 10 horas, menina queimada vai descascar, passa creme como manteiga no pão, ruim pro colesterol, a manteiga, não o protetor, bom é litoral em abril, mês lindo, sem chuva, nem mosquito, terceira idade, água até pro banho,

lugar pra sentar no bar e no mar, ninguém vai, só no verão, hora de acontecer, paquera, musa, balada, lancha nova, (quem conserta na alta temporada?), jet ski não é moto, não tem freio, cuidado!, tira areia do pé antes de entrar em casa, pode perigar convite pro próximo verão, chuva refresca, melhor alugar que comprar, senão todo ano a mesma praia, segurança, pobre vigilante, ganha pouco pra responsa, aluguel na praia pela hora da morte, melhor comprar que alugar, Miami sim, em 30 anos você é proprietário, compra roupa por um terço, lá não tem “Custo Brasil”, esse monte de vagabundo que a gente sustenta, cucarachos são chatos, cubanos. americanos, idem, nós não, os brasileiros interessantes invadem a gringolândia, verão daqui chegando lá, alegria, animação, samba no pé, democracia racial, árabes e judeus brasileiros confraternizam em verde-amarelo, gostou do nosso verão?, vai além do Carnaval, alta estação, mais quente, você vai ver o que é samba no pé, alucinar com o rebolado, “tu nunca mais volta pra Miami”! ¯

Roberto Muylaert é jornalista, editor e escritor, diretor da RMC Editora. Foi presidente da ANER- Associação Nacional dos Editores de Revistas, presidente da TV Cultura e ministrochefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República.

foto reprodução

C

POR ROBERTO MUYLAERT



LIQUIDIFICADOR SEM TAMPA Colunismo social politicamente incorreto

gravura: reprodução

BUYOR DIE Um dos instrumentos mais eficazes, para a propagação da ignorância, é o fato de as pessoas saberem ler e escrever. Outro, complementar, é elas não cultivarem o hábito de raciocinar. Utilizem-se os dois ao mesmo tempo e fica claro o teatro do absurdo, com o qual convivemos diariamente JEROME VONK, DA EDITORA O FIEL CARTEIRO WWW.OFIELCARTEIRO.COM.BR


Dizem que a democracia é o regime político menos imperfeito possível, e não sou eu a discordar, embora tenha diversas sugestões para torná-la mais humana. Por exemplo, se poderia estabelecer a seguinte ordem de prioridade hierárquica: } O ser humano } O cidadão (membro de grupo ou sociedade organizada) } O grupo ou a sociedade } Os governos } O consumidor } As corporações Sonhos de hippie velho à parte, o muro de Berlim destruído, a eterna luta do Bem versus o Mal tendo terminado e encarando a realidade de frente, a conclusão a que chego é que vivemos em um imenso shopping center globalizado. Buy or die! é o lema da atualidade. Todos viraram consumidores (ser cidadão não é um assunto primordial) e se democratizou o acesso a um vasto cardápio cultural, moral e social. Unificado e prêt-à-porter. Bacana, não é? Os efeitos colaterais negativos da democracia (eles existem, sim!) também foram democratizados: o desconhecimento, o mau gosto, a incompetência, a incivilidade, a inurbanidade, a ingenuidade, a credulidade e obscurantismo imperam. É o preço do progresso, provavelmente. Como a pressão alta — que atinge boa parte da população adulta mundial — há também uma doença democrática, familiar, cultural e socialmente transmissível que se alastra como uma epidemia global. O terrível mal atende pelo nome de politicamente correto (o contrassenso começa aqui: se é político, não pode ser correto). Enfim. Democratizaram-se também as visões de mundo, algumas individualidades viraram

expressões coletivas e definiu-se o que é socialmente aceitável. Em termos práticos, bebem-se, comem-se, discutem-se, amamse, odeiam-se, respiram-se e consomem-se as mesmas iguarias/porcarias em qualquer país do mundo. O resultado é um eterno desfile midiático e pseudomoralista de insossas atitudes e platitudes. Patrulheiros de plantão pululam os meios de comunicação, com a honrosa missão de não deixar passar nada em branco. E, pelo que se lê nas entrelinhas, não será tolerada qualquer intolerância, e a força poderá ser utilizada para se alcançar a pacífica unanimidade. Em resumo, todos estamos munidos com as apropriadas cartilhas de como e o que pensar, quando e o que consumir, sem termos que nos preocupar com o porquê. Apenas 3 coisas me incomodam: } Agora todos fazem parte do sistema de cotas e medidas protecionistas que produzem exatamente o efeito contrário: colocam em destaque maior as diferenças que pretendem abolir. } Como em comercial televisivo do pior pesadelo possível, lavou-se o mundo com o mais possante detergente branqueador existente, dissolvendo as coloridas diferenças que sempre nos caracterizaram. } Uma pessoa politicamente correta, para mim, é alguém sem um pingo de personalidade. — O senhor poderia me dizer, por favor, qual o caminho que devo tomar para sair daqui? — Isso depende muito de para onde você quer ir, respondeu o Gato. — Não me importo muito para onde..., retrucou Alice. — Então não importa o caminho que você escolha, disse o Gato... Lewis Carroll, Alice no País das Maravilhas.

O COLUNISTA ADVERTE: USE A INTELIGÊNCIA A SEU FAVOR, SOB RISCO DE EMPREGAREM A SUA CONTRA VOCÊ!


TENDÊNCIA

BORBULHANTE! POR REGINA GAUER

uem nunca se perguntou como eram feitas as coisas antes das gigantescas indústrias? Há um grande movimento global que tem valorizado a arte dos conhecimentos tradicionais, a riqueza e importância cultural do artesanato e o valor imaterial das culinárias regionais. Milhares de grupos espalhados pelo mundo têm se encontrado física e também virtualmente graças a seus interesses comuns em aprender e reviver essas artes. Os temas vão de crochê, tricô e marcenaria, passam por cerâmicas, vitrais e mosaicos e culminam em técnicas culinárias, como conservas, picles e fermentação de cervejas e vinhos. Apaixonados por gastronomia e ratos de livraria que somos, eu e meu marido recentemente nos aventuramos pelas páginas de um livro chamado The Art of Fermentation (A arte da fermentação), de Sandor Katz, e estamos tentando reproduzir em casa suas receitas. Isso significa grandes bacias de repolho cortado sobre a mesa, vidros com pimentas curtindo do lado de fora da geladeira e diversas garrafas com líquidos suspeitos de diferentes colorações sendo sacudidas pelo menos duas vezes por dia. E isso é só o começo, sendo que ainda não chegamos ao capítulo de cervejas e vinhos, que prometem uma diversão à parte com seus borbulhares e espumas. No mundo das conservas salgadas, uma das grandes apostas dos adeptos da fermentação é a tradicional conserva alemã feita de repolho, o chucrute ou sauerkraut. A outra é uma receita

coreana de acelga picante, o kimchi, aclamado por diversos chefs, incluindo Alex Atala, como um prato de potencial internacional, porém ainda desconhecido pelo público em geral. Ambos são tradicionais, saborosos e fáceis de fazer, o que os torna ainda mais interessantes para os novatos na área. O chucrute, por exemplo, se forma sozinho depois de se amassar as folhas cortadas e colocá-las em água e sal. Conservar alimentos é uma tradição para se preservar o que provém das colheitas abundantes e as tornar disponíveis em períodos de escassez. Na fartura dos que vivem em um país tropical, muitas vezes nos esquecemos como no passado as conservas eram essenciais para a sobrevivência. Hoje não mais dependentes delas para subsistência, temos nos interessado pelos benefícios que prometem à saúde e pelo prazer gratificante de fabricar o próprio alimento, único, e que traz nossa identidade e tempero em cada jarra. Este orgulho de sentirmo-nos criadores e a vontade de querer cada vez mais experiências e produtos especiais é uma das grandes tendências contemporâneas, explicando o sucesso de empresas que criam kits para que seus clientes possam fazer a própria cerveja em casa e outras que vendem parafernálias para defumar linguiças e salsichas artesanais. Muito ainda nos espera neste curioso mundo dos saberes e sabores tradicionais. Que tal embarcar nesta jornada de líquidos borbulhantes, queijos artesanais e bebidas gaseificadas naturalmente? ¯

Regina Gauer é apaixonada por livros e obstinada por viajar e aprender novas coisas. Arquiteta pela FAU-USP com MBA pela FGV, atua como consultora de tendências para empresas ao redor do mundo, oferecendo insights criativos e inovadores.

divulgação google

Q

DESCUBRA A GRATIFICANTE SENSAÇÃO DE SER O CRIADOR DE SEU PRÓPRIO ALIMENTO!


~ Da matĂŠria-prima ao prato final, cada um expressa sua individualidade na escolha de sabores.


reprodução

DETALHE EM FOCO

} Escultura, edifício, obra de arte, objeto de design. A cada edição, lançaremos o desafio aos leitores de, a partir de um recorte da obra, decifrar a origem do nosso Detalhe em Foco. Mande suas sugestões para ameizing@rmceditora.com.br No próximo número revelaremos de onde vêm as retículas brilhantes da foto.

© Vladimir Melnik

NA EDIÇÃO PASSADA: entre os anos de 1930 e 1931 o Chrysler Building, no coração de Manhattan, na Lexington Avenue, foi a mais alta estrutura do mundo. O projeto original de Van Alen foi chamado de “joia decorativa com coroa de vidro”. A caixilharia no topo do prédio simula uma lanterna flutuante no centro de Nova Iorque. Associado a Walter P. Chrysler, o arquiteto que previu uma construção de 246 metros de altura rendeu-se à ambição do empresário e concebeu a estrutura de 282 metros, símbolo da Big Apple.

CRISTAIS ALEMÃES

A esfera reluzente é feita do mais puro cristal alemão. Encomendada sob medida, está num espaço sagrado. Impressiona a maneira como reflete os raios de sol e banha o espaço com infinitos flashes de cores. No mesmo local, outras maravilhas encantam pelo valor e beleza singulares



O alto padrão da qualidade suíça à disposição de nossos hóspedes Um cardápio premiado para escolher o que quer comer e beber, programação individual on-demand para escolher o que quer assistir, uma cama absolutamente horizontal em que pode escolher até a maciez de seu colchão. Sua viagem do Brasil à Europa será tão agradável que parecerá até rápida demais. Voamos diariamente para 48 destinos em toda a Europa. Contate seu agente de viagens preferido, ligue 11 4700-1543 ou visite-nos em swiss.com

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