AMEIzing 7

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edição 7 ano 2 | 2013

R$12

t e n d ê n c i a | d e s i g n | a r q u i t e t u r a

Lenine osvaLdo




Foto produzida na Petrossian do Shopping Cidade Jardim.


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MĂŞs dos Namorados 2013


SUMÁRIO

EXPEDIENTE

32 46

40

GARIMPO

} Vermelho puro é o tom da seleção de móveis e objetos de decoração deste mês.

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AMEIZING DISHES

} O pasto salgado da região de Saint Michel, na Bretanha, faz o sabor do Agneau du Pré-salé.

18

CAPA

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PROJETO

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PLACE TO BE

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} Encanta a curiosa construção do Museu da Cachaça, erguida em Salinas, Minas Gerais. } No aniversário de 100 anos do Plaza Athénée, descubra 100 bons motivos para visitar o hotel secular.

AMEIZING PICTURES

} Renê de Paula registrou imagens inspiradoras de Joia, mulher de alma brasileira que sofre metamorfoses.

40 44

BOB MUY

46

} Figuras ilustres naturais do estado do Pernambuco inspiraram a crônica de Roberto Muylaert.

TENDÊNCIA

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DETALHE EM FOCO

50

} Conheça o lançamento tecnológico que promete revolucionar o processo de vendas. } Tiras de couro e madeira maciça compõem a

PUBLISHER E EDITORA

Marília Muylaert EDITOR

Gustavo Curcio REDAÇÃO Priscilla Kanda e Roberto Muylaert (texto); Domenico Zecchin, Gisela Berland, Jerome Vonk e Regina Gauer (colaboradores); Dinho Leite (pesquisa fotográfica); Nina Zakarenko (revisão) ARTE Gustavo Curcio (projeto gráfico) Rodney Monti (design) DEPARTAMENTO COMERCIAL Marília Muylaert (diretora) Maria Natália Dias (coordenadora) REPRESENTANTES COMERCIAIS BRASIL Adelino Pajolla Jr. Ribeirão Preto | SP — 16 3931 1555 Charles Marar Brasília | DF — 61 3321 0305 Dídimo Effegen Vila Velha | ES — 27 3229 1986 Lauro J. S. Alves Rio de Janeiro | RJ — 21 2223 3298 Maria Marta Craco Curitiba | PR — 41 3223 0060 Rogério Cavalcanti Álvares Recife | PE — 81 3222 2544 REPRESENTANTES COMERCIAIS EXTERIOR Daniel Coronel Montevidéu | Uruguai — 59 82 9005 775 Conover Brown Nova Iorque | EUA — 1 212 244 5610 ADMINISTRAÇÃO César Luiz Pereira e Daniela Sierra de Paula

LIQUIDIFICADOR SEM TAMPA

} Tea, coffee, vodka and... ...Drugs! Jerome Vonk fala sobre a desleiturização aguda dos cidadãos brasileiros.

Roberto Muylaert DIRETORA

FAZENDO ARTE

} Artista plástica brasileira que mora em Londres usa o próprio corpo como matriz para suas esculturas.

DIRETOR

PUBLISHER & EDITOR

Marília Muylaert

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} Entrevistamos o cantor, compositor, pai, poeta e surpreendente guitarrista Osvaldo Lenine.

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VITRINE

} Sob o atento olhar da fotógrafa Marina de Almeida Prado, insights entre hashtags do Instagram.

10

28

VICTOR ALMEIDA

EDIÇÃO 7 | ANO 2 | 2013 | R$ 12

RMC EDITORA

Rua Deputado Lacerda Franco, 300 18o andar| CEP 05418-000 — São Paulo, SP Telefone (11) 3030 9357 Fax (11) 3030 9370 Impressão: GMA Editora Ltda. AMEIZING 7 é uma publicação mensal da RMC Editora. Não é permitida a reprodução parcial ou total das matérias sem prévia autorização dos editores. AMEIZING não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados. Matérias não solicitadas, fotografias e artes não são devolvidas.

ASSINATURAS | CONTATO

11 3030 9357

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Descubra como impactar 27 milhĂľes de pessoas!

A forma de comunicar tambĂŠm evoluiu!


fotos arquivo pessoal

edItorIAl

A

Isso é só o começo!

ssistimos ao espetáculo Chão na véspera da entrevista com Lenine. Lá de trás do palco, ainda com o Auditório Ibirapuera no escuro, começamos a ouvir uma voz poderosa num sussurro crescente que, ao virar canto, dizia: Isso é só o começo. A voz de Lenine preencheu o teatro, que veio abaixo diante da imagem do cantor. Nesse instante, dominou o grito eufórico de um fã: “Arretado!” Lenine é arretado, sem dúvida. Energia, tem de sobra. Assunto, nem me diga. Fala de tudo, tem opinião sobre tudo e não fica em cima do muro. Assim como a vibração da voz tomou a arquitetura de Niemeyer, Lenine preencheu a vasta coxia da sala de espetáculos — palco, agora, da entrevista exclusiva que nos concedeu — com simpatia e personalidade. Chegou de mansinho e perguntou: — A foto é da cintura pra cima, né? Vim de bermuda e Havaianas, ok? O retrato seria, de fato, da cintura pra cima. Mas, mesmo que não fosse, funcionaria. Lenine é do tipo que domina o ambiente. Seus grandes olhos azuis magnetizam qualquer plateia. Seu sorriso torna tudo tão mais fácil. Ficamos rendidos à inteligência e retórica temperadas desse pernambucano-carioca que contraria até mesmo a lógica de Oscar Wilde. Uma de suas frases célebres diz o seguinte: “Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas só existe”. Lenine, ao contrário, emana vida por todos os poros. Encante-se com esse ameizing people “mais pra Bakunin do que pra Lenin”, como ele próprio diz. ¯

e

questão de proporção

ntre europeus e americanos — sim, somos americanos! —, há uma grande disparidade de visões quando o assunto é o tempo. Certa vez fui perguntado por uma italiana provinciana se no Brasil existiam igrejas de 600, 700 anos. Absurdo?! Não exatamente... Tempo, para mim, é uma questão de proporção. Já ouviu falar que, para as crianças, 1 ano demora uma eternidade? Para um guri de 7 anos, 1 ano representa um sétimo de toda sua vida. Mas para uma pessoa de 80, o que significa a ínfima fração de 1 ano? Pois é. Percepcões à parte, 1 século é sempre redondo, digno de comemoração. Por isso, nossa edição dedicou oito páginas ao centenário do talvez mais haussmaniano dos hotéis de Paris, o Plaza Athénée. A feliz efeméride nos fez levantar 100 motivos para tornar-se hóspede da referência em staff. Sem demagogias, sobram muitos motivos. E é nesse tom festivo que entregamos a você, leitor, a sétima edição da ameizing. Aqui, sal das marés de Saint Michel tempera o cordeiro vivo, corpo humano dá a forma a esculturas e um incrível projeto de museu em Salinas, Minas Gerais, dá um tom futurista à mais tradicional das bebidas brasileiras, a cachaça. O inconfundível vermelho predominante do Plaza tingiu nossa seleção de objetos. Garimpamos criações de Sérgio Rodrigues, Marc Newson e da marca norte-americana Holly Hunt numa coleção de itens “must have”! Posto o menu, escolha o prato e comece já a degustação. Bon courage! ¯

marília muylaert

Gustavo curcio

mariliamuylaert@rmceditora.com.br

curcio@rmceditora.com.br

publisher & editora

editor


76 68 61 57 50 50 39 17 17 06 04

Rádio FM OOH Internet TV Paga Revista Jornal Cinema Rádio AM PDV Teatro

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TV Aberta

3030.4286

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Fonte Ipsos: Estudos Marplan EGM Next Gen 1º Semestre de 2012 – Gde São Paulo

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GARIMpO


VERMELHO MARINHO

| O set de jantar, chá e café de corais, de porcelana de Limoges, tem acabamento impecável. R$ 440 é o preço do jogo de jantar com 3 peças, R$ 395 a dupla de chá e R$ 347 a dupla de serviço para café. Luxo que vale a pena! TANIA BuLHõES

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garimpo

toquE dE vEludo

*preços pesquisados em abril de 2013, sujeitos a alteração | fotos divulgação

rEtícula gEométrica

} A almofada Geométrica, da Celina Dias, esconde sob a procedência norte-americana um quê árabe. O vermelho vibrante destaca o grafismo simétrico branco do modelo que vale r$ 190 e fica lindo sob base lisa. cElina diaS | Site: www.celinadias.com.br | Endereço: alameda gabriel monteiro da Silva, 924, São paulo | telefone: 11 3062 6281

} O veludo que reveste o Cricket Sofa, da americana Holly Hunt, envolve um projeto clássico perfeito para compor ambientes sofisticados. Preço sob consulta. Holly Hunt | Site: www.hollyhunt.com | Endereço: alameda gabriel monteiro da Silva, 663, São paulo

tornEado modular } Criação do Ding 3000, o Toy Vase se adapta ao gosto do freguês. Isso porque a estrutura modulada pode ser montada e desmontada facilmente. Com quase 15 centímetros de altura, assume a forma de vaso ou castiçal. Feito de madeira maciça pintada de vermelho, vale r$ 2.870. a lot of

Site: www.alotof. com.br | Endereço: alameda gabriel monteiro da Silva, 256, São paulo | telefone: 11 3068 8891


obra de um futuro que não foi... } A poltrona Ninrod Small parece recém-saída de um episódio dos Jetsons, animação da HannaBarbera. Projeto do designer Marc Newson, tem estrutura de poliuretano e revestimento de tecido impermeável. r$ 7.560. dbox | site: www.dbox.art.br endereço: alameda lorena, 1974, são paulo telefone: 11 2533 9999

questão de assento } Batizada de La Diva, a poltrona abaixo não nega a origem espanhola, embora o design esteja mais para cenário de história de Lewis Carol. Revestida de couro ou tecido, tem preço sob consulta. montenapoleone

k.tita graciosa ~ A cadeira K.Tita, com design de Sérgio Rodrigues e criada em 1997, é, na verdade, a evolução de projeto análogo do designer, de 1983. A origem das linhas em formato de aspas da poltrona Daav se manteve, mas os pés de aço foram substituídos pela estrutura marcante de madeira da nova peça. Reeditada em 2007, a K.Tita tem 78 centímetros de altura, 67 de largura e 60 de profundidade. dpot

site:

| endereço: alameda gabriel monteiro da silva, 1250, são paulo www.dpot.com.br | telefone: 11 3043 9159

site: www.monte napoleone.com.br | endereço: alameda gabriel monteiro da silva, 1572, são paulo | telefone: 11 3083 2300


vitrine

#instagram imagens e sensações da marina

#copinhos #pinga #jarras #coloridas

#castiçais #lampiões #velas #coloridas

~ #almofadas #flags #england #patchwork #xadrez

~ #geleias #queijos #pimentas #açúcares #deliciosos


Marina de Almeida Prado é taurina legítima, amante do verão e viciada por cliques. Fotógrafa formada pela EPA (Escola Panamericana de Arte e Design), tem trabalho focado em arquitetura e design de interiores.

fotos marina de almeida prado

} #amuletos #proteção #figa #pimenta #crucifixo #olhoturco #chave #chifre #casacosdepele #fake #outono


fazEndo artE

juliana cErquEira lEitE

| Site: www.julianacerqueiraleite.com

fotos acervo da artista

galEria caSa triângulo | Endereço: rua pais de araújo, 77, São paulo | telefone: 11 3167 5621 | Site: www.casatriangulo.com | Email: info@casatriangulo.com.br

} Climb (Escalada), 2012. Gipsita modificada, espuma de poliuretano, aço. Tem 3,65 m de altura.

corpo forma

noções de controle sobre a matéria e tradução física da anatomia, em vontade e desejo, investigam como a forma é produzida com intenção repetida e com o uso do corpo da própria artista

B

Por Gustavo CurCio

rasileira nascida em Chicago, Juliana Cerqueira Leite investiga a história da arte figurativa e revê os conceitos da representação do corpo humano em três dimensões. Mestre em escultura pela Slade School of Fine Art de Londres e em desenho pela Camberwell College of Art, a jovem de 1981 expõe sua obra internacionalmente desde 2007. Venceu em 2006 o Kenneth Armitage Sculpture Prize e a AIR 2010-11 Fellowship de Nova Iorque, cidade onde reside desde 2009. Em 2012 participou da Bienal de Marrakech e teve sua primeira obra instalada ao ar livre em Art Basel Miami Beach (foto acima). Apreciar a arte de Juliana será possível, pela primeira vez em exposição individual no Brasil, a partir do dia 8 de junho na Galeria Casa Triângulo.¯

~ All Around Me (Ao meu redor), 2007. Resina de poliéster, fibra de vidro, goma laca, terracota, pigmento preto.



AMEiZiNG disHEs

o rEi dos cordEiros

Um, dois, três carneirinhos… Para quem duvida da eficácia dos bichinhos contra a insônia, o melhor é apreciá-los na panela! Por Gisela Berland

s

ímbolo de sacrifício e obediência, o cordeiro é uma das carnes mais apreciadas do planeta. Desde 6000 a.C., é fonte de proteína para povos nômades. No Oriente Médio, os ovinos são a base de pratos ricos em temperos e aromas. Na Europa, a carne leve e delicada faz parte do cardápio de toda a pirâmide social, das casas simples à mesa dos grandes chefs. Há no mundo mais de 1 bilhão de ovinos, mas apenas alguns milhares de cabeças do rebanho imenso pertence à quintessência da raça. O Agneau du Pré-salé é uma AOC, marca da união europeia que protege e celebra a origem regional que confere características únicas a um produto. Criados em duas regiões do norte da França, especificamente nas baías do Somme e Mont Saint Michel, a carne tratada como iguaria é ligeiramente salgada e muito refinada. A excepcional particularidade geográfica da abadia, inundada por duas marés diárias que avançam e recuam com velocidade incrível, é a base para a alimentação do rebanho que, entre a relva fértil inundada pelo mar, consome sal e iodo. A maioria dos cordeiros dos campos salgados do Saint Michel nasce no inverno e durante 45 dias alimenta-se exclusivamente do leite também salgado das fêmeas reprodutoras. No início da primavera, quando os primeiros brotos despontam nos pastos, ocorre o desmame natural dos cordeirinhos. O Agneau du Pré-salé é um produto sazonal e sua comercialização é feita entre maio e dezembro, com ápice no solstício de verão. Apesar de o cordeiro ser na França um prato tradicional da Páscoa, a categoria não pode ser comercializada com a etiqueta AOC na ocasião, por estar fora da norma de sazonalidade da marca. Nessa região, poucos criadores e pastores conduzem seus rebanhos. Assim, perpetuam-se tradições que datam do princípio da era cristã, com pequenas produções que transformam o produto em joia gastronômica. Degustá-lo exige a visita a seletos restaurantes franceses, em determinados períodos do ano.¯

cordEiro oU cArNEiro? O cordeiro é o animal com menos de 1 ano de idade e sua carne é classificada segundo o tempo, peso e o tipo alimentação — pasto, leite e forragem. Após os 12 meses de vida, passa-se a chamá-lo de carneiro. O cordeiro é considerado uma carne pura, halal e kasher e é unanimidade no cardápio de festas de muçulmanos, judeus e cristãos.


fotos reprodução

} Tenra e singular, a carne do Agneau du Pré-salé deve ser consumida in loco.

gigot de sete horas Ingredientes ❚ 4 ossobucos de cordeiro de 250 g ❚ 1 cebola ❚ 1 cenoura ❚ Ramos de tomilho ❚ Galhos de salsão ❚ Folhas de louro ❚ 3 tomates ❚ 2 alhos-poró ❚ 2 cabeças de alho ❚ ½ litro de vinho branco seco ❚ Caldo de carne o suficiente para cobrir ❚ 100 ml de óleo de girassol ❚ Sal e pimenta-do-reino

Modo de preparo Corte legumes e temperos em tirinhas finas. Grelhe a carne, já temperada com o sal, a pimenta, o alho, o alho-poró, os ramos de tomilho, a cebola e as folhas de louro e regada com o óleo de girassol. Grelhe a guarnição — cenoura, galhos de salsão e tomates — na mesma frigideira. Ainda sobre a mesma superfície, ferva o vinho e o caldo de carne e, em seguida, cubra o cordeiro com a mistura. Leve a carne ao forno em refratário com tampa ou coberto com papel-alumínio. Deixe cozinhar em forno médio, a 130 °C, por sete horas.


ameizing people


LEnInE

arrEtaDo Lenine nasceu no dia de Iemanjá, seu nome é uma homenagem a um célebre comunista, carrega crucifixo no peito e uma série de anéis de prata tal qual Lampião, é nordestino de olhos azuis. Sincretismo puro de tudo o que há de bom. ameizing foi conferir de perto o que é que o pernambucano mais carioca do Brasil tem para dizer Por marília muylaert e Gustavo curcio | fotos victor almeida

❚ De onde vem esse dom da palavra? Essa cultura toda? Acho que vem de berço. De ter um pai e mãe que cultivaram essa curiosidade de maneira exacerbada com os filhos. Meu pai era diferente. Era um socialista extremamente cristão. É uma dicotomia! Ele foi o cara que, de uma maneira simplista e muito poética, me ensinou o que é ser um genuíno socialista e um genuíno cristão. Um trabalha até a morte pra chegar ao

paraíso e o outro quer o paraíso aqui antes de morrer. Com exceção da morte, é a única coisa que difere. E teve também esse lance do religioso, do divino da minha mãe. ❚Sua mãe é católica? Bem católica! E meu pai respeitava, mas questionava essa questão da religião o tempo todo. ❚Fale um pouco mais sobre o seu nome.


amEizing pEoplE

Rapaz, esse nome é fogo porque eu estudei num colégio de padres salesianos até os 9 anos e nunca fui Lenine, era Osvaldo. Meu nome é composto, Osvaldo Lenine. E eu só era chamado assim quando tinha feito alguma besteira, geralmente para minha mãe. OSVALDO LENINE! Nesse caso, sabia que o bicho tinha pegado! Muita gente achou que meu nome era artístico. E eu estou mais pra Bakunin (anarquista russo do século 19) do que pra Lenin (risos). ❚ Seus pais são vivos? Vivos, os dois! Moram em Recife. E eu vou pedir a bênção todo ano! Final do ano estou lá com eles. Seu Geraldo com 92 e dona Deise com 88. Meu pai sempre nos fazia aprender por associação. Me lembro quando comecei a me interessar por Drummond, antes que pudesse discutir com ele sobre o autor ele dizia: “Para falarmos de Drummond, primeiro você tem de ler João Cabral”. Aí eu lia e, quando voltava ao assunto, ele emendava: “Tem de ler Augusto dos Anjos!” Não tinha fim! O conhecimento não tem fim. ❚ Você nasceu no dia de iemanjá, tem no nome homenagem a um comunista, carrega crucifixo no peito, é nordestino, loiro e de olhos azuis. Quais são suas origens? Minha origem é francesa. Mas, na verdade, sou neguinho! Um mameluco... Sou bem misturado. Papai andou fazendo a árvore genealógica e chegou ao seguinte: para um lado a gente tinha português, francês e índio. Mas teve ali um bisavô, o Pimentel, que eu achava que era cristão novo, mas era judeu. Acredito que deveria ser um corsário ou alguém sendo perseguido. Porque ele se enfiou no interior da Paraíba, casou em Campina Grande, onde já tinha 29 para 30 anos. Um velho para aquela época (risos). E casou com uma indiazinha de 13 anos, levou ela e as duas irmãs mais velhas para a cidade. Fez filhos nas três, foram 16 ou 17 filhos e todos eram Pimentel. ❚ Você tem cidadania francesa? Não, mas me sinto em casa na França. Já tive algumas vezes para ir morar lá. Faltou muito

pouco. Eu tinha no projeto esse desejo de respirar profundamente. ❚ Tem até hoje? Hoje não. Mas também não descarto. Ia dizer que sou muito volúvel, mas, pensando bem (risos), sou mesmo é volátil. ❚ Há alguma cidade específica de lá em que você gostaria de morar? Ah, não. Eu conheço a França profundamente. Então são vários lugares. É tudo muito próximo. Você vê Marseilles que tem muito a ver com o Rio de Janeiro. E eu gosto de Paris. Eu gosto do caos de Paris. Os franceses estão vivenciando uma promiscuidade só agora no pós-guerra, mas eles se reconhecem na gente. ❚ os franceses simpatizam com os brasileiros, não é? Pois é! A gente tem uma predisposição a receber bem e os estrangeiros reconhecem isso. Eu acho que essa é uma condição do brasileiro. A gente quer entender o outro. A diferença do espanhol para o português do Brasil é a mesma. Então por que a gente entende e eles não? Por uma falta de esforço, de desejo. ❚ Como sua música faz tanto sucesso por lá? As pessoas, em geral, têm uma necessidade de rotular o trabalho da gente para poder aglutinar em alguns nichos, não é? Houve um momento em que existiam fisicamente os lugares onde se vendiam discos. Nesses lugares havia prateleiras. Eu acho que no caso da França eu entrei numa prateleira diferente, de música contemporânea. Eu perdi o adjetivo. Por exemplo, hoje para o Brasil é o pernambucano Lenine. Eu tenho muito orgulho disso. Mas é limitador no que diz respeito à minha música. Porque eu percebi muito cedo que o que atraía o público fora do Brasil era o que eles reconheciam no meu trabalho. O que era “não brasileiro”. É lógico. A gente só se identifica com aquilo com que a gente se reconhece. E depende da tua formação e da tua informação. Eu percebi muito cedo com a minha música, que ela brincava com esse dualismo. Mantendo o que é raiz, o que é litorâneo e o que é interiorano.


“Sou volúvel, mas, pensando bem, sou mesmo é volátil.”


amEizing pEoplE

❚ um dos pontos altos da sua música são as letras muito elaboradas, cheias de significado. Como os estrangeiros captam a sua força, se não entendem o idioma? Mesmo sem entender, eles capturam. Uma das minhas preocupações era essa mesma. E percebi logo que tudo o que eu fizesse tinha de ser trilíngue. Então meus discos passaram a sair simultaneamente em todos os lugares e traziam sempre a tradução das letras em espanhol, inglês e francês. Isso, querendo ou não, aproxima muito. Mas eu posso dizer, sem sombra de dúvida, que tinha uma certeza de uma compreensão muito maior em todos os países latinos. ❚ Sua música é muito sonora também. isso ajuda muito, não é? O anzol que fisga o espectador é explicitamente musical nos países anglo-saxões. Depois, quando ele chega em casa e vai pegar o disco, o disco está traduzido. E aí cai a ficha sobre o que eu estava cantando! ❚ Você se sente mais carioca do que pernambucano? Sou um cidadão carioca há 30 e tantos anos. Agora, a formação de alguém se dá até os 17, 18 anos. Eu acho. Não é uma verdade, mas eu gosto de achar que o homem se forma até aí. O resto é uma lapidação de uma protocoisa que se formou ali, até a adolescência. Então é natural que eu tenha sido formado em Recife. Uma cidade portuária... litorânea, aberta a todo tipo de expressão, e eu sou um reflexo disso também. A cultura exerceu sobre mim um fascínio muito grande, e desde muito cedo. Minha música também está impregnada disso. Essa coisa da podridão e a vida de mãos dadas. É no mangue que acontece a grande decomposição e o berço da vida é justamente o mangue. ❚ Uma grande qualidade e um grande defeito da sua terra? Rapaz! Uma grande qualidade: o orgulho. Um grande defeito: o orgulho. Porque tem isso. Tem o sentimento de Pernambuco, uma palavra desse tamanho e nenhuma letra se repete. Recife é onde o Rio Capibaribe e o Rio Beberi-

be se juntam para fazer o Oceano Atlântico (risos). Brincadeiras à parte, realmente é um lugar muito profícuo de expressões. Eu posso dizer isso sem nenhuma sensação de bairrismo. Porque, como eu disse, sou um cidadão carioca. ❚ diz a lenda que é em pernambuco o lugar em que se fala o melhor português do Brasil. Você concorda? Não, não é verdade. Maranhão e o Pará. Maranhão até mais. O emprego do nh. Ninguém emprega como mainha (repete) mainha. Ah, eu acho lindo! E o tu, lindo. A segunda pessoa do singular. Como eles usam! A gente foi ganhando gerúndio em tudo! E o gerúndio é um problema porque ele não significa o significado. Por exemplo. Tô chegando. Não tá! O cara nem saiu (risos). Então o gerúndio é um grande desserviço à língua portuguesa. ❚ Você é um tipo que lê dicionário? Eu sou! Totalmente. Qual é o seu autor preferido? Não tenho um... tenho sempre dois ou três livros a reboque. Um que é gotejado, para você se deliciar a cada parágrafo, como o tratado do Michel Foucault sobre o cachimbo do Matisse. Cada parágrafo exige um grau de atenção enorme. Em contrapartida, tô com um livro do Klester Cavalcanti que eu não consigo parar de ler... Normalmente tenho um livro de poesia. A poesia exerce sobre mim um fascínio mesmo. Porque tem a palavra, e cada palavra às vezes é a própria poesia que você vai ler, a pontuação que você dá, a maneira, o respiro, o silêncio ou a pausa que você usa transformam o código. E vem outro significado. Gosto do Manoel de Barros. Qualquer coisa que venha dele quero ler. Pela síntese, pela poesia, tem João Cabral, que eu leio sempre. Tem Jorge Luis Borges, que eu releio sempre. Acho o maior ficcionista que o latim já chegou... leio sempre e sou bem abrangente. ❚ o que você ouvia? De música brasileira? Praticamente não ouvia nada. Era rock. Do Zeppelin ao progressivo. O prog foi uma coisa muito chata, foi um desserviço muito grande (risos). Mas eu


“Essa coisa da podridão e a vida de mãos dadas. É no mangue que acontece a grande decomposição e o berço da vida é justamente o mangue.”


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gosto do Peter Gabriel por causa dessa época. Gostava também do The Police. ❚ muitas das suas composições vão parar no horário nobre da TV. Como funciona isso, é encomenda? Tem muito da coisa pinçada, porque eu faço meus discos de dois em dois anos. E muitas vezes a canção do momento se encaixa em algum personagem. Mas eu faço muita coisa por encomenda mesmo. O disco já é uma encomenda pra mim! Adoro encomenda, pra mim é estímulo. Eu fiz muitos amigos não só no cinema, teatro, na dança, e faço vários trabalhos por encomenda para eles. Para o Grupo Corpo, por exemplo, já estou fazendo a trilha do espetáculo de 2013 no segundo semestre. E essa coisa de relação humana, não tem outro jeito: você conquista as pessoas através do seu trabalho e vai tendo uma permanência. Uma excelência no fazer, isso é o que perdura. ❚ Você é autocrítico? Aí tem essa coisa de o que eu me sinto capaz de interpretar que é meu. É menos da metade do que eu produzo. Eu como intérprete tenho a parceria com uma senhora que eu chamo de senhora estranheza. Ela me acompanha há muitos anos. Eu a ouço muito. Não falo muito com ela porque é muito egoísta. E é fácil, se você a deixar falar, descolar da realidade. Então você pode ouvir até a página 4 ou 5. Mas ela me garante o desejo e a intenção de levar mais além, sempre, de não me contentar. Sou muito autocrítico. ❚ E a autocrítica atrapalha? Depende do foco. Uso esse critério quando diz respeito à minha capacidade e aptidão de cantar o que eu produzo. Porque quando eu produzo, muitas vezes, eu mal estou pensando em mim. É o exercício mais louco. É como entrar na cabeça da Elba Ramalho, por exemplo. ❚ Elba foi a que primeiro gravou você, não é? Foi a minha grande madrinha e me deu uma cadeira cativa na obra dela. ❚Como você cria? Tem estúdio em casa?

Não, eu não preciso de estúdio, não. Hoje em dia você, embora a tecnologia esteja muito acessível, se tiver um preâmbulo e um bom microfone, grava em qualquer banheiro! ❚ Faz na hora que a inspiração bate? É isso. Essa acessibilidade faz com que você não perca muito tempo. Antigamente tinha toda uma preparação. Você alugava, entrava no estúdio, o cara ia ligando, passando o som e só duas ou três horas depois é que você ia começar a gravar. Hoje não, tem uma urgência! Uma agilidade! Você diz “vou gravar” e já foi! Isso muda também no processo de fazer, de criar. ❚ Você escreve partitura? Nada, minhas partes é tudo mole! (risos). Veja só. Eu ousei pensar num determinado momento de minha vida que o universo acadêmico podia me dar isso. Mas não, foi decepcionante para mim descobrir que o academismo tinha umas regras que eu queria quebrar logo que eu comecei. Tinha alguma coisa errada. Foi benéfico para mim constatar isso, pois preservei muito a intuição como uma mola mestra da minha vida. ❚ É empírico? Totalmente. ❚ Você canta muito. prepara a voz diariamente? Não, eu maltrato demais tudo o que eu faço. Porque é tão intuitivo e eu tenho essa ousadia de achar que me garanto. Eu vou contar a verdade: descobri que não adianta preparar muito não. Não faço nada. Claro que deveria ser mais disciplinado. Ao longo da vida dividi casas com grandes parceiros. Chegamos numa mesma época aqui. E me incomodava muito o quanto para alguns era uma luta diária perseguir a execução, a afinação. E eu me culpava durante muito tempo. Porque eu via aquela abnegação, aquela entrega de acordar às sete horas da manhã para tomar banho, aquecer a voz e ficar até meio-dia, mas aquilo não me acrescentava nada, e eu dizia que não ia perder tempo com aquilo não. Se a música que eu tiver que fazer me exigir isso, aí é outro tempo. Eu gosto de orquídea, de quadrinho, de cine-


ma... então eu acho que foi muito isso. ❚ E a guitarra não foi estudada? Não. Não foi. A história da guitarra foi maluca porque como era muito solitário o fazer e eu já tinha um ouvido grande, na hora que eu tava fazendo alguma coisa eu queria ouvir a bateria, o baixo. Tudo o que estava na minha cabeça e não estava sendo tocado. Eu descobri uma maneira de sujar meu violão a ponto de preencher essas passagens de frequência do que era a bateria, o baixo. Eu sou um percussionista de violão. ❚ A questão corporal sua que também deve ser empírica, intuitiva... Totalmente... ❚ Você dança muito! Mas eu não posso ver. Porque eu acho ridículo! (risos). Não tô fazendo charminho, não. Não decupo o que eu faço. Nada é predeterminado. Descubro um universo sonoro que é mutável. Do dia pro outro eu mudo os arranjos todos. Como é no tempo real, é o groove que eu faço agora que vai ser o loop. De dia para dia muda. Muda tempo, muda intenção, muda tudo. Isso não quer dizer que é tudo improviso. Quer dizer que improvisar é você saber botar o que você estudou. ❚ É se deixar levar, né? Você transmite uma grande felicidade. Realmente se realiza? Me divirto! É até meio egoísta o processo. Tem que ser. Então tem momentos em que eu realmente me esqueço da plateia. A música é capaz de uma catarse em mim que dá vontade de falar: menos! ❚ Fale um pouco sobre os seus filhos. É verdade que você ficava em casa cuidando dos meninos enquanto sua mulher saía para trabalhar? Eu fui “pãe” dos meninos (João, 33, Bruno, 25, e Bernardo, 18). Brinco que inaugurei uma nova fase na psicanálise com a complexidade de Robin! O menino de pinto duro rolando em cima de mim, eu dizendo vai comer tua mãe, rapaz! Eu não! (risos). Tem o Édipo e o Batman e Ro-

bin! Todos eles são pessoas muito especiais. Tem uma coisa de princípio e ética. ❚ Vocês são muito unidos, né? Sim! A gente gosta de se pegar mesmo! Tem uma coisa tátil. A gente se agarra e dá beijo mesmo! Bicho, eu não vivo sem eles! Eu gosto da troca de umidade. ❚ E os netos? Ah, netos é a fase mais bacana. Ainda mais agora que chegou a menininha... Três homens e o primeiro neto (Tom) outro homem! Agora com a linda Luna, eles vão ter de rebolar. Acabou o reinado masculino na casa. ❚ Você é casado até hoje com a mesma mulher. Coisa rara no seu meio, não? Eu não acho não, cara... as pessoas procuram. Raros são aqueles que se encontram. Eu tive a sorte de me encontrar. É preciso que se diga que isso não... NÃO! Amor é coisa que tem que regar. É um pacto que envolve o tesão, a paixão, o amor, mas tem principalmente a delicadeza. Eu acordo de manhã e dou um beijo nela e digo assim “bom-dia!”. Sabe, bom-dia! Aí depois eu posso ficar de bom humor. Se ela não disser bom-dia eu digo “oi minha linda o que é que foi que houve?” Então eu não posso ficar de mau humor! Volto ao meu pai. Até hoje ele agarra a minha mãe, é aquela paixão louca. Quando a gente tava junto, eu e ele como homens, lá pros meus 20 e poucos anos, eu disse: “Bicho, ou tu é um canalha, ou tu é um puta ator. Que merda é essa?” E aí ele disse: “Enquanto você não entender que casar é uma pequena variação de morrer, você não case não.” Eu não queria casar! Não naquela idade... Achava que eu queria morrer p... nenhuma. Queria nascer! Hoje, depois de 30 e tantos anos, ele tava cheio de razão! Você tem que realmente abdicar de algumas coisas. Pelo respeito, pela troca... ❚ E os seus anéis, só nos shows? Não, eu uso sempre. Na hora em que vou tomar banho, eu tiro os anéis. E eu perco todos. A Ana quer me matar! Adoro anéis. ¯


projeto

universo alambique

responsável pela maior concentração de produtores de cachaça de alambique do brasil e núcleo de fabricação de bebidas famosas como seleta, boazinha e saliboa, a cidade de salinas, em minas Gerais, recebe o museu da Cachaça. mais de 1.700 rótulos fazem parte do espaço que tem projeto arrojado e proposta contemporânea Por Priscilla kanda

| Da matéria-prima às mais nobres essências do destilado, a visita ao Museu da Cachaça vale a pena, seja pelo acervo, seja pelo projeto arquitetônico.

plastiCidade na ConCepção O Museu da Cachaça ocupa 13 mil metros quadrados e foi idealizado pela Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais em parceria com a Prefeitura de Salinas e a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Jô Vasconcelos, arquiteta responsável pelo projeto, teve como desafio incluir no programa de necessidade salas de reuniões, cozinha gourmet e sala de aromas com elementos visuais e funcionais que fizessem referência ao universo do destilado. O ambiente ao lado, que lembra um estoque de essências, guarda os mais preciosos buquês produzidos na região. A sequência de ambientes permite aos visitantes a visualização das etapas de produção da cachaça.



fotos wellington pedro

reprodução wikipedia

projeto

sobre a Cidade Salinas é considerada a capital mundial da cachaça e possui clima e geografia perfeitos para a produção da bebida com qualidade. Em 2012, a cidade recebeu o Selo de Indicação Demográfica pelo INPI, o que agrega ainda mais valor para as marcas produzidas na cidade. A cachaça é uma das principais bases econômicas de Salinas, capaz de produzir 5 milhões de litros da bebida por ano e responsável por mais de 50 rótulos comercializados.

~ Os visitantes do museu podem degustar as melhores cachaças do Brasil, além de participar de cursos sobre as etapas de produção da bebida. O espaço conta, ainda, com exposições sobre a história do destilado, plantação, colheita, sociedade do açúcar e antigos e novos engenhos. O Museu da Cachaça ajuda a valorizar os produtores locais, que trabalham com o preparo da bebida desde o início do século passado.

visita MUseU da CaCHaça

endereço: avenida antônio Carlos, 1250, salinas, Minas Gerais | telefone: 38 3841 4778 | Horário: de quarta a domingo, das 9 às 19 horas | entrada Franca


Projeto: Arquitetas Leticia Dias e Flávia Prado

✔ 45 ANOS DE TRADIÇÃO

Excelência na extração e beneficiamento de mármores e granitos tradicionais e exóticos

✔ PRODUTOS INTERNACIONAIS

Parceria com fornecedores dos cinco continentes e escritório em Xiamen, na China

✔ JAZIDAS PRÓPRIAS

Fornecimento contínuo de matéria-prima

✔ RESPONSABILIDADE AMBIENTAL

Cada jazida tem viveiro com espécies nativas

Em nosso mundo a natureza é matéria-prima da arte Parque Industrial Melvin Jones, S/N - Aeroporto - Cachoeiro de Itapemirim - Espírito Santo Telefone: 55 28 2101 5255 | Fax: 55 28 2101 5319 | Email: marbrasa@marbrasa.com.br

www.marbrasa.com.br C O N S U L T E

N O S S O S

R E P R E S E N T A N T E S

E M

T O D O

O

P A Í S


place to be Hotel plaza atHénée

foto Frederic ducout | arquivo plaza athenée

foto philippe derouet | arquivo plaza athénée

endereço: 25 avenue montaigne, 75008, paris telefone: 33 1 5367 6665 | site: www.plaza-athenee-paris.com Reservas: reservations.hpa@dorchestercollection.com ou 0800 8914272

100

anos, motivos

difícil imaginar paris sem o plaza athénée. Há um século, o mais haussmaniano dos hotéis da capital francesa foi inaugurado e, dentre muitas experiências passageiras, o ícone que é referência em staff e serviço permanece entre os mais prestigiados símbolos do savoir-faire

e

Por gustavo curcio

m meados do século 19, precisamente 1852, Napoleão nomeou o Barão de Haussmann para transformar a Paris medieval no modelo urbanístico mais reproduzido de nossa história. Em 1913, inserido na malha viária ortogonal da cidade, a Avenue Montaigne, nascia o Plaza Athénée, poucos metros distante do Teatro Champs Élysées. Instantaneamente o glamour e a posição do hotel conquistaram a preferência de músicos e maestros. Mas o segredo do sucesso perene existe graças à renovação constante. Não se fala aqui

apenas do investimento em reparos de fachada e decoração, com cifras milionárias de injeção de capital, mas da reinvenção de conceitos e serviços. Sede do Spa Dior, o hotel oferece gastronomia de alto requinte com Alain Ducasse e o bicampeão mundial, o pâtissier Christophe Michalak, além de amenities e linha própria de produtos. “Mármore, seda e tafetá escondem o maior tesouro do Plaza, um serviço impecável”, explica François Delahaye, diretor da Dorchester Collection. Reunimos aqui 100 motivos para comemorar os 100 anos do Plaza em uma das incríveis suítes do hotel.¯


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Ficar num hotel de 100 anos!

Ter os sapatos limpos e lustrados por experts do John Lobb.

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Descobrir num tablet detalhes dos drinques servidos no bar.

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Sede do Dorchester Collection Fashion Prize, o hotel nomeou como jurados estilistas e designers como Kenzo Takada e Lorenz Baumer.

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Em 1913, o hotel hospedou Rudolph Valentino.

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Alta gastronomia chega às suítes 24 horas por dia.

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Crianças podem dar um passeio num cabriolet inspirado no mítico Bugatti, em escala.

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Desfrutar o late lunch do Cour Jardin, com menu mediterrâneo criado por Alain Ducasse, com direito a lagosta acompanhada de caponata e vinagrete.

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Refrescar-se com um Fashion Ice.

Relaxar com uma massagem Lifting 3D, no Spa Dior.

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Ficar no mesmo hotel de Ava Gardner e Sharon Stone.

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Para as crianças, há programação virtual por faixa etária.

foto frEdEric ducout | arquivo plaza athénéE

Em 2007, o Bar do Plaza foi eleito o melhor do mundo em Las Vegas.


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Ser recebido pelos concierges mais simpáticos do planeta, antes mesmo de entrar no hotel.

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A capa protetora de passaporte é apenas um dos itens da Red Line, linha de produtos exclusivos.

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O renomado barista Thierry Hernandez assina drinques que misturam sabor e perfumes no bar Plaza.

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Christophe Michalak, duas vezes melhor pâtissier do mundo, oferece no Plaza croissants e folhados.

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Mesinhas da Galerie des Cobelins convidam para degustar um drinque ou salgados leves e perfeitos.

Não há taxas extras para o uso das charmosas bicicletas Plaza, perfeitas para circular pela cidade.

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A tapeçaria que estampa paredes e faz jus ao nome da galeria recebe gente que vê e é vista.

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Harmonies du Soir é deleite de hóspedes e convidados à sala Marie Antoinette, perfeita para pétits comités.

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O Dior Institute, spa instalado no subsolo do hotel em 2008, oferece reconhecido tratamento anti-idade, com reoxigenação da pele e restauração da beleza.

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A metamorfose ao longo do ano marca as estações. Flores e galhos fazem um novo Plaza a cada visita.

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A iluminação high tech do Le Bar, azul, invade todo o salão. Confunde-se o tom do drinque, um kir royal ou rosé, com as próprias paredes. É como estar submerso na própria bebida!

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Ao cruzar a cobertura art nouveau da marquise, abre-se no lobby o logo do hotel, em mosaico.

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Os 191 apartamentos dão ao Plaza o tamanho ideal para a exclusividade. Compacto e entranhado à malha haussmaniana, é grande o suficiente para receber quem importa.

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2,7 é o número de funcionários para cada hóspede recebido no hotel.

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fotos reprodução | arquivo

Rechear o já amanteigado croissant com mel da Córsega é prache no café.

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Chablis fresco acompanha as ostras no Cour Jardin.

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O Plaza está no exato Rond Point, a poucos metros da Champs Élysées.

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A sazonalidade marcada pela paisagem que muda com as estações é reforçada por mimos vindos da confeitaria, comemorativos às efemérides, como ovos de Páscoa e doces de Natal.

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Se o croissant de Michalak é destaque, o millefeuille duplo de baunilha não deixa nada a desejar. A crocância exata graças à manteiga alterna camadas do mais leve dos cremes. Incrível!


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110 filmes pay-perview.

O hotel está preparado para receber animais.

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O hotel controla as emissões de carbono.

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Duas Mercedes (Classe E e Classe S) fazem o transfer dos hóspedes para aeroportos ou estações de trem ou deslocamento pelos bairros da cidade.

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5 suítes estão adaptadas a pessoas com deficiências.

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Serviço de quarto é feito duas vezes ao dia.

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O personal Marc Carpentier acompanha os hóspedes durante exercícios físicos no Fitness Center.

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A moldura entalhada envolve a mais cobiçada das vistas da Cidade Luz. E é da Eiffel Suite que o entardecer parisiense pode ser apreciado em seu mais alto esplendor.

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Audioteca com 5 mil músicas disponível no quarto.

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Todos os quartos têm duas linhas telefônicas.

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Roupa de cama e banho são todas hipoalergênicas.

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Banheira e ducha estão separadas nos banheiros.

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Jornal escolhido pelo hóspede é entregue no quarto.


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Café da manhã até as 11 horas.

Uma butique virtual oferece os produtos da Red Line.

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Estação de metrô a 300 metros da porta do hotel.

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Uma equipe de profissionais controla a quantidade de emissão de carbono do hotel e contribui para o desenvolvimento sustentável da cidade.

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120 canais internacionais estão disponíveis na TV.

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Filhos de até 17 anos não pagam tarifa adicional.

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Monet, Matisse, Grace Kelly, Jackie Kennedy, Woody Allen e Johnny Depp já se hospedaram no hotel.

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Denis Courtiade, maître do Alain Ducasse at Plaza Athénée, recebeu prêmio Top Prize for Hospitality em 2010, pela Academia Internacional de Gastronomia.

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O hotel foi cenário da série Sex in the City.

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Localizado no Triangle d’Or, zona mais luxuosa de Paris.

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Todos os quartos têm isolamento acústico.

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O Terrace Montaigne é ilha verde em meio à cidade.

~ Staff do Plaza Athénée solta balões durante as comemorações do centenário do hotel. À esquerda, em primeiro plano, François Delahaye, diretor geral da Dorchester Collection.


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Serviço de vallet na porta.

Ingredientes orgânicos são a base do menu de Ducasse.

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Ar-condicionado com regulagem por controle remoto.

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35 mil garrafas estão disponíveis na adega administrada por Gérard Margeon, com rótulos produzidos a partir de 1911.

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Dos quartos, é possível ver o bairro de Montmartre.

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Apreciar os telhados de Paris, do sexto andar.

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As últimas quartas-feiras do mês recebem a Swing’in Relais, noite de dança e diversão.

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Degustar um Bouquet Surprise, charmosa cesta de chocolate branco com cheesecake de lima, frutas vermelhas e lascas de amêndoas açucaradas na Galerie des Gobelins.

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Basta um telefonema grátis para fazer a reserva.

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Algumas suítes reproduzem design de casas francesas.

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Leitura de impressão digital dá acesso à suíte.

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Ajuste da luminosidade por controle remoto.


placE to bE

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Degustar os acepipes e comidinhas do Bar Plaza Athénée é um convite ao relaxamento descontraído.

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Tomar um chá em uma das mesas da Galerie des Gobelins, aberta para o pátio interno, é obrigatório.

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Passar uma tarde de verão no Cour Jardin, coração do hotel, entre flores, champanhe e muita paz.

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O brasão bordado sobre a rouparia rubra é a assinatura do algodão macio e irresistível.

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Desfilar com o guarda-chuva vermelho forrado pela imagem da fachada é marca registrada!

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Para os pequenos, mimos exclusivos como as pelúcias com timbre do Plaza Athénée.

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Impecáveis, os adamascados da decoração vintage se misturam à textura do mármore da galeria.

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Apreciar a pâtisserie no Salon Marie Antoinette, em meio a cristais, pedras e veludos.

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Desde 2000, o restaurante Alain Ducasse, decorado por Patrick Jouin, prepara cozinha simples com ingredientes básicos e triplamente estrelada pelo Guia Michelin.

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Deleite aos olhos, a textura bordô do Deluxe Room coordena cortinas, roupa de cama e tapeçaria.

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Clientes do hotel têm à disposição os barcos Riva, que fazem passeios de uma hora e meia pelo Rio Sena, com os serviços de capitão, hostess, champanhe e doces.

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Fazer uma massagem relaxante com direito a amenities Dior e tratamento exclusivo.

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Com design de Bettina Mortemard e Marie Pommereau, o hotel é esperiência arquitetônica que passa pelo estilos franceses art déco, Louis XV e Louis XVI.

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Diversos tipos de lençóis, travesseiros e colchões, a gosto dos clientes.

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fotos reprodução | arquivo

Orquídeas impecáveis decoram todas as suítes do hotel-butique.

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O tradicional macaron ganha aroma de flor de laranjeira.

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Marshmallow e abacaxi fazem o drinque Plaza Colada, com toque de coco.

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Passar diante da fachada do Plaza enfeitada para o Natal. Os arcos plenos da arquitetura tradicional marcados pelas guirlandas e pinheiros repletos de luzes são espetáculo imperdível.

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Caminhar pela Avenue Montaigne e desfrutar das facilitades da maior passarela de butiques de luxo da capital francesa, a menos de 10 metros da porta do hotel, é experiência impagável!


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80 itens no frigobar!

Business center com secretária e assistente disponível.

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O hotel tem estrutura para casamentos e festas.

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O Baccarat Harcourt, mix de frutas vermelhas, conhaque, maracujá e champanhe servido em cristal homônimo, é destaque do Le Bar.

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Serviço de babá e camareira para crianças está disponível.

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11 concierges receberam o prêmio Gold Key.

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Amantes do puro art déco francês podem apreciálo no Relais Plaza, com projeto de 1936.

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É patrimônio do Plaza a maior Suíte Royal de Paris (recém-restaurada), com 450 m2, quatro quartos, quatro banheiros, duas salas, escritório e cozinha.

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A vista de 360o é o destaque da Suíte Terrace Eiffel.

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Janelas voltadas para o jardim garantem o silêncio.

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Doces especiais para crianças estão à disposição.

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No inverno, o Cour Jardin é coberto de gelo e dá lugar a uma pista de patinação exclusiva, com aulas para iniciantes.


AMEiZiNG PiCTURES

JoiA S do RENê

A alma feminina brasileira ganhou, diante das lentes do fotógrafo Renê de Paula, um retrato singular. A sequência de imagens ilustra a história de Joia, representação onírica de roteiro cinematográfico em forma de livro Por DoMENICo ZECCHIN

J

oia estampa o livro de 272 páginas, com imagens sacadas em São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador, através de uma Leica S2. Dão vida à personagem mutante um seleto time de modelos, com as já conhecidas Emanuele de Paula, Juliana Martins, Lóris Kraemerh, Adriana Ramos, Katy Carolla e Marina Nery, as atrizes Renata Jesion, Nanda Lisboa e Renata Fasanella, e mulheres de “beleza real”, como Ivi Mesquita, Paula Pretta, Carol Ubner, Pamela Gomes e Cléo Farias. Um encantamento de candomblé transforma Maria das Graças, a Gracinha, numa QuartaFeira de Cinzas, em Joia, uma mulher fascinante que jamais poderia apaixonar-se. Casada, a jovem passa a viver em Paris, deixa o marido e torna-se estrela do Moulin Rouge, agora chamada Loretta Guérda. No auge da fama engravida e não encontra saída senão abandonar o filho e retornar ao Brasil. De volta à terra tupiniquim, ocupa um grande apartamento em Copacabana, vira jet setter local — cortejada e assediada — até que, esquecida do “encantamento”, se apaixona pelo marinheiro francês Jacques. Depois de perder bens e amor, volta a morar no morro de onde veio, desta vez como costureira. Décadas se passam e, por coincidência do destino, Joia volta ao prédio onde morou e revê lembranças de seu passado. Fantasiada, recém-chegada do morro, a personagem reaparece no cais do porto e, em vez do francês que esperava, se depara com o filho que um dia deixou, negro, lindo, olhos azuis. ¯



fotos renê de paula

AMEiZiNG PiCTURES

~ O livro Joia ganhou vida com patrocínio da Stilgraf e da Leica, além de outros parceiros que possibilitaram a produção de um material refinado no que tange à qualidade gráfica e que ao mesmo tempo representa o Brasil mais desnudado através de seus “personagens reais”. Tem 272 páginas, capa dura e formato 31,5 cm x 41,5 cm. À venda na Livraria da Vila. Preço sugerido: R$ 270 livRARiA dA vilA | Site: www.livrariadavila.com.br | Endereço: Rua Fradique Coutinho, 915, São Paulo | Telefone: 11 3814 5811



liquidificador sem tampa Colunismo social politicamente incorreto

realidade aumentada notĂ­cias atemporais, sem prazo final de validade

tea coffee

vodka

drugs

gravura: reprodução

Jerome Vonk, da editora o fiel Carteiro www.ofielCarteiro.Com.br


O neto de conhecida figura política brasileira, de 2 anos, conta a tentativa de assalto na qual ele, no banco traseiro do veículo, e a mãe, ao volante, foram vítimas. — O cara mau tirou a arma, fez assim e deu dois tiros: pá, pá, pá. A história foi intensamente divulgada pelo avô e publicada com destaque na grande mídia. Ou os jornalistas relataram um “pá” a mais ou contabilizaram um tiro a menos. Ou o menino ainda não aprendeu a contar. Ou o menino já domina o ofício político, ao incluir 50% de taxa na conta final. O livro mais vendido nas últimas semanas é o de Kilgore Trout, intitulado You can run, but you surely can’t hide. O mais intrigante é que o livro é escrito em inglês — a segunda língua menos conhecida pelos leitores brasileiros, depois do português — e que não há nenhuma referência crítica nem resenha sobre a obra ou o autor, por mais que se busque por ela na internet e nos meios literários e acadêmicos. O Senado norte-americano aprovou, por maioria absoluta de votos, a lei marcial supranacional que condena à morte todos os atos terroristas suicidas. Não se chegou ao consenso, porém, sobre a aplicação da pena, nos casos bem-sucedidos dessas ações criminosas. Corre a denúncia de que 60% dos casos de cirurgia de coluna, no período dos últimos dois anos, realizadas em hospitais brasileiros top de linha, não tenham sido necessários. Segundo o vice-presidente de comunicação corporativa da Associação Brasileira de Prolongamento Inútil da Vida a Qualquer Custo (ABPIVQC), a situação é atípica e medidas severas e pontuais estão sendo tomadas para normatizar os procedimentos. A meta, almejada pelo consórcio fármaco-médico-hospitalar, é que 100% dos procedimentos invasivos absolutamente desnecessários sejam realizados.

Conhecida cortesã e arrivista social, que pousa de dublê de modelo e apresentadora, confidencia entre quatro paredes e a plenos pulmões que está virando quarentona e ainda faz sexo com as luzes acesas. Levando em consideração seu corpo cadavérico, no qual as únicas protuberâncias foram plasticamente moldadas, e sua cara de fuinha assustada (boca escancarada com todos os dentes à mostra), só resta oferecer aos seus valorosos parceiros sexuais uma medalha de bravura. A iniciativa é da Associação das Vítimas Inocentes da Publicidade. Cena de um daqueles programas de comentários esportivos, onde todos falam sem parar e ninguém diz nada. Interrompendo a conversa sem pé nem cabeça, o apresentador empunha o microfone e, sem pudor e o mínimo conhecimento, recomenda um remédio para as coronárias, a ser tomado todos os dias, para manter o coração saudável. E acrescenta que nada melhor do que tomar a cápsula diária com um copo cheio do guaraná JesusMeChama (água com muito açúcar), que também tão gentilmente patrocina a atração televisiva. E depois engata na promoção do carro próprio, em parcelas que cabem no bolso dos consumidores, com a promessa de que eles finalmente se livrarão do trânsito diário ao qual são submetidos, ao andar de ônibus! A desleiturização aguda dos cidadãos das metrópoles brasileiras está se agravando. Dezenas de casos de diminuição vocabular — desaparecimento súbito e definitivo de consoantes e vogais — foram registrados nas últimas semanas. A onseq en a p at a e ne asta do ma se ev den a a olhos v stos – e orel as atentas – nas inte a ões es tas e faladas, em todos os n ve s da l ngua portuguesa. Os gove nos ede al, estad al e m n pal a nda não se manifesta am, por não te em entend do o que le am sob e o assunto.


CRÔNICA BOB MUY

PERNAMBUCANOS DE RAÇA

hegou a hora de escrever a coluna para os amigos leitores de ameizing, uma revista que agrada por seu bom gosto e originalidade. Se eu estivesse envolvido no dia a dia da publicação não poderia dizer isso. Lembra-se do ditado: “Elogio em boca própria é vitupério?” A sugestão da Marília e do Gustavo, que tocam a revista, é que eu escrevesse sobre alguém que conheço e respeito em Pernambuco, terra de gente inteligente, como prova a entrevista com Lenine neste número. Logo lembrei do filme exibido há pouco tempo, O Som ao Redor, de um cineasta fera chamado Kleber Mendonça Filho. Procure ver, é um filme original e de mau gosto, no melhor sentido da palavra, onde surge o conflito entre a moderna capital de Pernambuco e o velho coronelismo ainda presente. Preste atenção também em outros diretores de cinema de lá, como Paulo Caldas e Lírio Ferreira, que dirigiram O Baile Perfumado, a história do libanês Benjamin Abrahão, que conseguiu filmar Lampião em pleno sertão, documento único da nossa cinematografia, pelo valor histórico e antropológico representado pelo mais te-

mido e mais respeitado bandoleiro do sertão nordestino. Mostrado em detalhes, Lampião gostou da coisa e começou a dirigir o filme ele mesmo, exibindo até uma placa da Bayer presa a uma árvore, pioneirismo absoluto em merchandising. Dentro do tema, destaco a figura de um importante intelectual de lá, Frederico Pernambucano de Mello, professor e escritor, especialista em Lampião, com invejável nível de profundidade. Seu livro Estrelas de Couro, a Estética do Cangaço, mostra o bom gosto de Lampião — um excelente costureiro na máquina Singer — e de seu bando, ao criar o modelo de vestimenta de “cangaceiro”, que virou padrão para qualquer artista que represente a região, com o indefectível chapéu de couro à Napoleão cheio de joias “desapropriadas”. Outro livro de Pernambucano é Benjamin Abrahão, Entre Anjos e Cangaceiros, com detalhes sobre o libanês a que me referi. Ambos da Escrituras Editora. Do lado feminino destaco Karina Buhr, um talento como cantora e compositora. Na canção Eu Menti pra Você, repare o delicioso jeito pernambucano com que ela pronuncia o “i” da palavra “menti”. ¯

Roberto Muylaert é jornalista, editor e escritor, diretor da RMC Editora. Foi presidente da ANER — Associação Nacional dos Editores de Revistas, presidente da TV Cultura e ministrochefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República.

foto reprodução

C

POR ROBERTO MUYLAERT


Benjamin Abrah達o, Maria Bonita e Lampi達o.


TeNdêNcia

ViTriNes

coNheça os laNçameNTos TecNológicos que PromeTem reNoVar a exPeriêNcia da comPra ToTalmeNTe PersoNalizada

rovavelmente, um dos passatempos mais apreciados pelas mulheres é o de olhar vitrines e fazer compras, para desespero de seus acompanhantes. Já imaginou, então, como seria se as vitrines fossem, além de tudo, interativas e digitais? Essa é uma das grandes novidades tecnológicas que são a aposta das empresas de varejo para atrair os consumidores, cada vez mais ávidos por novas experiências, mas também dispersos com o excessivo bombardeamento de mensagens. A Samsung lançou o Smart Window (foto ao lado), um sistema composto por uma TV de LCD transparente e sensível ao toque, que permite a projeção de um vídeo na tela ao mesmo tempo que se pode visualizar um produto colocado em exposição atrás da mesma. Sapatos, bolsas e roupas agora ganham mais atratividade ao serem expostos na atmosfera quase mágica das projeções de suas campanhas publicitárias, assim como gôndolas de bebidas e congelados passam a interagir com os clientes, gerando interesse e apontando o caminho mais curto para o seu pote de sorvete favorito. Enquanto ainda não vemos ao vivo essas cenas de Minority Report, já podemos sentir um pouco de como será o futuro das compras quando nos deparamos com as paredes cobertas por “prateleiras virtuais” com QR Codes da Tesco, no metrô da Coreia, e, aqui mesmo no

Brasil, como no ano passado na loja virtual do Pão de Açúcar, no Shopping Cidade Jardim. O processo de compra é muito simples. Basta para isso um celular smartphone e um aplicativo que faça a leitura do código. A compra é processada através do cartão de crédito e os produtos magicamente aparecem entregues em sua casa algumas horas depois. Essa tecnologia já existe há anos, mas ainda há muito espaço para crescer. De acordo com os executivos do grupo, é possível que em breve não precisemos mais nos preocupar em sair do trabalho e ainda passar no supermercado para garantir o pãozinho do café da manhã, já que as vitrines virtuais estarão também dispersas nas paredes de grandes empresas e aeroportos. Imagine agora como será quando essas vitrines interativas reconhecerem o dispositivo móvel e passarem a oferecer produtos e serviços específicos para o seu perfil de compra, levando em conta que hoje é seu aniversário de casamento, que você ficou trabalhando até tarde, ou sabendo que, pelo seu histórico, provavelmente deve estar faltando manteiga na sua geladeira. Continuaremos a ser surpreendidos por essas tecnologias ou isso rapidamente se tornará uma invasão à privacidade, uma rotina de compras sem graça que nos priva da satisfação da descoberta de novas coisas? Ou será mais um ruído publicitário contra o qual lutaremos? ¯

Regina Gauer é apaixonada por livros e obstinada por viajar e aprender novas coisas. Arquiteta pela FAU-USP com MBA pela FGV, atua como consultora de tendências para empresas ao redor do mundo, oferecendo insights criativos e inovadores.

divulgação

P

por regina gauer


~ O Smart Window, da Samsung, combina uma TV LCD transparente e sensĂ­vel ao toque que permite visualizar vĂ­deo e produto ao mesmo tempo.


reprodução

dEtalhE Em foco

} Escultura, edifício, obra de arte, objeto de design. A cada edição, lançaremos o desafio aos leitores de, a partir de um recorte da obra, decifrar a origem do nosso Detalhe em Foco. Mande suas sugestões para ameizing@rmceditora.com.br No próximo número revelaremos de onde vêm as retículas brilhantes da foto.

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Na edição passada: As Termas de Caracalla foram construídas entre 212 e 217 d.C. Grande parte da estrutura, erguida durante o governo do imperador de mesmo nome, está preservada. Entretanto, poucos visitantes de Roma passam por lá. Fora do circuito, o complexo termal está localizado na região sul da cidade, cerca de dois quilômetros distante do Coliseu, e tinha capacidade para receber até 1.500 pessoas. As termas tinham como objetivo atender à massa da população, por isso ofereciam grande número de salas e tratamentos.

tacada dE mEStRE

os atributos estéticos do mobiliário são passíveis de crítica. Entretanto, a eficiência ergonômica deste ícone do design de objetos brasileiro é incontestável. Basta avistá-lo para despertar um desejo imenso de atirarse sobre o couro macio. o nome do projeto de 1957 reflete seu conforto


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