Dia do Médico

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Caderno Especial do Jornal do Comércio | Porto Alegre, quarta-feira, 18 de outubro de 2017

DIADOMÉDICO

MARCELO G. RIBEIRO/JC

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Caderno Especial do Jornal do Comércio | Porto Alegre, quarta-feira, 18 de outubro de 2017

D I A D O M É D I CO MÃE DE DEUS/DIVULGAÇÃO/JC

TECNOLOGIA

Inteligência artiicial na luta contra o câncer Estima-se que em 2020 o conhecimento médico se duplique a cada dois meses. Com um volume de informações gigantesco, será humanamente impossível uma única pessoa deter todo esse conhecimento. Conectado às inovações e aos principais avanços da oncologia, o Hospital do Câncer Mãe de Deus está há três meses trabalhando com uma tecnologia de vanguarda que abrevia a busca pelo melhor tratamento possível. A instituição gaúcha é a primeira da América do Sul a utilizar a plataforma de inteligência artiicial Watson for Oncology, desenvolvida pela IBM. “O Watson é um computador que sabe ler e acompanha tudo que está acontecendo

e sendo publicado na área de oncologia. Ele é inteligente e tem algoritmos que fazem com que uma decisão seja considerada sempre à luz do conhecimento atualizado”, diz o diretor do Hospital do Câncer Mãe de Deus, Carlos Barrios. O médico explica que é possível colocar na plataforma todas as informações clínicas, histórico e resultados de exames do paciente e, em poucos segundos, receber uma série de recomendações importantes como medicamentos e possíveis efeitos colaterais. Barrios airma que o computador não diz o que fazer, mas prioriza alternativas que serão discutidas entre a equipe médica e o paciente.

“Essa recomendação é feita com base em todo conhecimento que existe naquele momento para aquela situação. O sistema diicilmente vai dizer algo que o médico não sabe, mas dará garantia e tranquilidade que absolutamente tudo que tem na literatura naquela área foi considerado na decisão”, destaca. Por enquanto, os médicos do hospital poderão utilizar a solução para obter informações sobre tratamentos de sete tipos de câncer: colo do útero, pulmão, mama, intestino, reto, estômago e ovário. Segundo Barrios, a expectativa é que, até o im do ano, a plataforma deve contar com 18 categorias da doença catalogadas.

Barrios airma que o computador não diz o que fazer, mas dá alternaivas para apreciação

Nova técnica para redução de estômago chega ao Rio Grande do Sul Chegam a Porto Alegre neste mês os equipamentos para um novo procedimento na luta contra a obesidade. Chamada de gastroplastia redutora endoscópica primária, a técnica promete a redução de estômago de uma forma bem menos invasiva. O Hospital Ernesto Dornelles fez um investimento inicial de R$ 100 mil e será pioneiro na tecnologia no Estado. A previsão do chefe da Unidade da Endoscopia Bariátrica da instituição, o gastroenterologista Guilherme Becker Sander, é que os primeiros

pacientes sejam operados ainda neste ano. Por enquanto, o procedimento é apenas particular, e os interessados podem agendar uma avaliação na unidade. Aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no inal do ano passado, a gastroplastia endoscópica diminui entre 50% e 60% o tamanho do estômago, gerando saciedade. Mais de 3 mil pacientes já foram submetidos ao procedimento, em diversos países, em 2016. Sander explica que não há cortes CLAITON DORNELLES/JC

Sistema é capaz de detectar doenças com amostras pequenas

e que o procedimento pode ser revertido. “O procedimento é semelhante ao balão intragástrico”, diz ele. A sutura endoscópica é feita com um endoscópio lexível, uma câmera de alta resolução e uma agulha. O estômago é grampeado e reduzido por suturas. Outras vantagens são a recuperação mais rápida e a baixa taxa de complicações pós-operatórias. O paciente recebe alta no mesmo dia e pode retomar as atividades em até uma semana. Assim como em todos os tratamentos de obesidade, o paciente

deve ter acompanhamento multidisciplinar, com nutricionista e psicólogo, e com visitas regulares ao médico, por pelo menos dois anos. Para se submeter ao procedimento, o paciente não precisa apresentar obesidade mórbida. Obesos leves e moderados, com Índice de Massa Corporal (IMC) de 30, também podem fazê-lo. Segundo estudos iniciais, o índice de perda média nos mais de 500 pacientes que já realizaram o procedimento é de 20% a 30% do peso total inicial.

Atualmente, 10 pacientes já estão sendo tratados com as orientações do Watson no Mãe de Deus. “O sistema não substitui o médico, pois não é humano, não percebe a dor, a angústia do paciente e seus familiares. Ele pode ser encarado com uma segunda opinião, e nos ajuda a qualiicar o atendimento e economizar tempo”, observa o diretor. O Watson for Oncology foi inicialmente treinado pelo Memorial Sloan Kettering Center (MSK) – um dos mais importantes centros de estudos sobre a doença no mundo. É beneiciado por um processo colaborativo com centenas de médicos oncologistas. O sistema utiliza como base evidências cientíicas mensalmente atualizadas e classiicadas por ordem de relevância por proissionais usuários de diversos países. A solução colaborativa possui mais de 15 milhões de conteúdos cientíicos, incluindo cerca de 200 textos médicos e 300 artigos.

Índice D I A D O M É D I CO REPORTAGENS Tecnologia........................... 2 e 3 Doenças raras ..................... 4 e 6 Doenças autoimunes ........ 8 e 10 Longevidade .................... 12 e13 Doenças da vida moderna .................. 14 e 16 Diabetes.......................... 17 e 18

Exames mais rápidos e precisos

OPINIÃO

Há um ano e meio, o Laboratório Endocrimeta utiliza um sistema integrado da Roche que faz a análise dos exames de laboratório de uma maneira totalmente automatizada, com rapidez e exatidão. Hoje, os resultados são obtidos no mesmo dia da coleta do paciente. A tecnologia está envolvida desde a coleta de material do paciente – que utiliza o mesmo tubo que é coletado, etiquetado com código de barras no momento da coleta e colocado nos equipamentos da plataforma Roche que realizam o processamento das amostras e a liberação dos resultado com revisão dos proissionais habilitados.

Moinhos de Vento ................. 10

“Como o tubo é etiquetado no ato da coleta, o risco de problemas pré-analíticos é zero”, airma um dos sócios do laboratório, Ricardo Xavier. O médico explica que essa fase inicial, chamada de pré-analítica, era feita de forma manual e, algumas vezes, se fazia necessário manipular a amostra. A partir desse sistema da Roche, um braço mecânico lê o código de barras, veriica que tipo de exame tem que ser feito e qual a ordem dos equipamentos. Isso otimiza e dá mais rapidez ao processo. Outra vantagem é a sensibilidade, já que o sistema é capaz de detectar doenças com amostras pequenas de materiais coletados.

Federação Unimed ....................7 Simers ................................... 11 Sindihospa............................ 16 Cremers ..................................18

HOSPITAIS Moinhos de Vento ........... 19 a 21 Grupo Hospitalar Conceição ....22 Hospital de Clínicas.................22 Hospital São Lucas..................22 Hospital Ernesto Dornelles.......22

Hospitais do Interior ................23

expediente  Editor-Chefe: Pedro Maciel (maciel@jornaldocomercio.com.br)  Editora de Cadernos Especiais: Ana Fritsch (anafritsch@jornaldocomercio.com.br)  Reportagem: Liège Alves  Produção: Fernanda Crancio  Projeto gráfico e diagramação: Luís Gustavo S. Van Ondheusden  Revisão: André Fuzer, Rafaela Milara e Thiago Nestor


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D I A D O M É D I CO TECNOLOGIA MARCELO G. RIBEIRO/JC

Aerts (e) explica que, a parir da realidade virtual, é possível treinar videocirurgias, exames e suturas

Referência em Simulação O Centro de Simulação Realística Clínica e Cirúrgica, parceria entre a Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre e a Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (Ufcspa), é considerado um dos melhores do País. No espaço, localizado no complexo da Santa Casa, alunos, professores e proissionais têm à disposição os mais modernos equipamentos para simulação de procedimentos clínicos e cirúrgicos, e uma infraestrutura projetada para oferecer as melhores práticas de ensino de graduação e pós-graduação. Consultas, cirurgias e ataques cardíacos são simulados nas salas, adaptadas com manequins capazes de imitar os mesmos sintomas e sinais vitais de uma pessoa, envolvendo o aluno em uma atmosfera realista de uma emergência ou UTI. Estudantes de Medicina a partir do segundo ano têm aula no local. Enquanto uma turma faz atendimento na sala, colegas e professores observam do outro lado de um vidro. Depois, analisam o comportamento e discutem as práticas adotadas. O médico e coordenador do Centro, Newton Aerts, explica que, a partir da realidade virtual, é possível treinar diversos tipos de videocirurgias, exames de próstata, mama e suturas, por exemplo. A próxima etapa é adquirir os equipamentos para simular partos. “A integração entre hospital e aluno é muito importante, e esse centro foi feito para o aluno. Mas também estamos usando a estrutura para qualiicar as

equipes de todo o complexo da Santa Casa”, diz ele. Além dos estudantes de Medicina, alunos de Enfermagem, Fonoaudiologia, Informática Biomédica e Psicologia da Ufcspa estão tendo aulas no espaço. Segundo Aerts, o centro leva o proissional a praticar, corrigir falhas e resolver dúvidas de forma segura e eiciente, qualiicando o atendimento aos pacientes reais. A tecnologia também é uma aliada no Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM). Graças a um protocolo desenvolvido por proissionais da instituição, médicos e dentistas conseguem entrar no bloco cirúrgico com o passo a passo do procedimento já deinido. O processo envolve também residentes e doutorandos, contribuindo para o ensino-aprendizagem dentro do hospital-escola.

O cirurgião traumatologista César Acosta utilizou o sistema para simular com alunos a colocação de uma placa no osso da bacia de uma menina de 7 anos. O “osso” era um biomodelo feito na impressora 3D do próprio HUSM, com medidas exatas da criança. O uso do biomodelo – que, nesse caso, teve custo de impressão de R$ 35,00 – tem gerado economia para o hospital, pois o tempo de bloco cirúrgico diminui, assim como o desgaste da equipe e o material consumido. Em junho, o hospital de Santa Maria realizou uma cirurgia inédita com uso de biomodelo e endoscopia para remoção de tumor benigno. “O biomodelo auxiliou no planejamento. Usamos para desenhar as linhas da osteotomia, antes da cirurgia, para decidir por onde remover o tumor. Também usamos o protótipo na conformação da placa. Se não tivesse o biomodelo, a conformação da placa teria que acontecer em tempo real, dentro do bloco”, airmou a cirurgiã bucomaxilofacial, Waneza Borges Hirsch. MARIANGELA RECCHIA/DIVULGAÇÃO/JC

Acosta uilizou o sistema para simular colocação de placa na bacia

Ideias criativas permitem reduzir custos e melhorar atendimento à população Melhorar o atendimento e reduzir custos. Esses são os dois principais objetivos de qualquer hospital, seja público ou privado. Pensando nisso, a Gerência de Ensino e Pesquisa (GEP) do Grupo Hospitalar Conceição (GHC) fez uma parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), e reuniu 18 startups de tecnologia para troca de ideias e busca de soluções para problemas difíceis de resolver na gestão hospitalar. Batizado de Brainstorming Health em Saúde, o evento foi realizado em setembro, no Hospital Conceição, em Porto Alegre. O gerente de Ensino e Pesquisa do GHC, Geraldo Jotz, diz que entre os principais desaios da instituição estão o Centro de Material e Esterilização, o monitoramento do atendimento domiciliar de pacientes, o controle de enxovais e roupas, o rastreamento de materiais cirúrgicos e a melhor otimização do bloco cirúrgico. Jotz acredita que, com um software de sensores nas roupas, seria possível ter maior

controle e evitar desperdícios. Ele cita também a importância da rastreabilidade de materiais no bloco cirúrgico. “Hoje, não temos código de barras nos materiais. Se entrega uma caixa para cirurgia com 45 materiais e é preciso fazer uma contagem manual. Se tivesse um software em que cada uma das pinças fosse catalogada no momento em que se entrega a caixa para esterilização, seria muito mais prático e seguro”, airma. Segundo Jotz, uma licitação que está aberta no Conceição trata sobre os dispositivos de medicação e horário. O hospital já conta com tecnologia para o recebimento e a distribuição dos medicamentos, mas falta a última etapa, que é a medicação com código de barras cruzar com a ita do paciente. “Hoje, esse processo é manual, e queremos que seja digital. Não é apenas investir em mais tecnologia, mas em mais segurança. O GHC tem que estar na vanguarda neste tipo de tecnologia e controle de processos”, airma. OCIMAR PEREIRA/DIVULGAÇÃO/JC

Para Jotz, Centro de Material e Esterilização é um dos desaios

Clínicas desenvolve órtese, e paciente volta a participar de maratonas Por 11 anos, a aposentada Sônia Castro de Lima , paciente do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, utilizou uma prótese de quadril, mas teve que retirá-la devido a complicações. O procedimento a deixou com a sensação de que a perna direita estava “solta”, o que limitava os movimentos e causava dor. Com o desenvolvimento de um protótipo de órtese pela isioterapeuta Livia Lobel da Luz, pelo engenheiro Paulo Roberto Sanches e pelo médico isiatra Vinicius Atrib Amantea, a paciente teve a possibilidade de voltar até

a participar de eventos esportivos, como meia-maratonas. O modelo foi baseado na biomecânica da lesão gerada pela retirada da prótese e em modelos comerciais internacionais, pois não existe o dispositivo no País. Confeccionada em neoprene e faixas elásticas, a órtese auxilia no alinhamento do membro e facilita o movimento. “A proposta foi melhorar a funcionalidade, visando à autonomia e qualidade de vida da Sônia”, conta a isioterapeuta.


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D I A D O M É D I CO

DOENÇAS RARAS

Isadora e sua real fada-madrinha

Síndrome afeta uma em cada 500 mil pessoas O Ministério da Saúde brasileiro classiica como doença rara aquela que afeta até 65 pessoas em cada 100 mil indivíduos. A estatística indica que cerca de 6% a 8% da população pode ser portadora de alguma síndrome desse tipo. Famílias que enfrentam esses problemas conhecem de perto as diiculdades de acesso a diagnóstico, tratamento e falta de remédios, normalmente importados e muito caros. A Síndrome de Wolfram (SW) faz parte deste universo e está associada a uma alteração genética que interfere no funcionamento do ribossomo da célula. Essa doença afeta aproximadamente uma em cada 500 mil pessoas. Os sintomas clínicos aparecem gradativamente. Até 10 anos, é comum o paciente apresentar diabetes do tipo 1. Também surgem outras complicações, como a perda da visão e de audição, e algumas manifestações neurológicas. Além disso, a doença também pode causar perda no sentido do olfato, problemas de equilíbrio e coordenação, espasmos musculares e convulsões, problemas no trato urinário e respiração irregular. No Brasil estima-se que há 10 pessoas portadoras dessa síndrome. O diagnóstico é baseado nos sintomas clínicos, e ainda não há medicação especíica para a cura. Os tratamentos são voltados para a tentativa de controle dos sintomas associados da diabetes, dos problemas renais e neurológicos, incluindo as alterações visuais. “Só vai ser diagnosticada se houver algum tipo de conhecimento do que pode ser um quadro clínico atípico de uma alteração oftalmológica, por exemplo. A conirmação do diagnóstico é feita através da análise genética”, detalha Carolina Fischinger Moura de Souza, geneticista do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e presidente da Associação Brasileira de Genética Médica. Em 2011, a família de Rafaela Ungaretti ouviu falar pela primeira vez sobre a Síndrome de Wolfram, por conta de um alerta dado por uma médica brasileira que morava nos Estados Unidos (EUA). No mesmo ano, um teste genético conirmou a suspeita. Na época, Rafaela tinha 13 anos. Por

ARQUIVO PESSOAL/DIVULGAÇÃO/JC

Quando se escolhe uma madrinha para o ilho, se pensa em alguém especial, que vai dar atenção, mimar e levar para passear. Mas no caso da pequena Isadora Bender Prateleira, 4 anos, a dinda é bem mais do que uma segunda mãe. Desde que a menina foi diagnosticada com Niemann-Pick, em 2014, a tia e madrinha, a dentista Cláubia Viegas Bender, não mede esforços para correr atrás de pesquisa, tratamento e direitos da Isadora e outras pessoas com doenças raras. A menina estava com 10 meses quando começou a ter diarreia e febre, tratadas como viroses. O que chamou atenção foi a região abdominal maior que o normal. A notícia que mudou a vida e a rotina da família de São Leopoldo veio com o diagnóstico da doença raríssima, que causa acúmulo de gordura no fígado, baço, pulmões e olhos, o que pode levar à morte. Com poucas informações sobre a doença no Brasil, Cláubia passou três meses em Londres, onde procurou a principal fundação sobre Niemann-Pick do mundo. Durante a viagem, ela icou sabendo que Porto Alegre era referência sobre o assunto. Também descobriu que havia um protocolo de pesquisa parado há anos, pois não havia legislação no Brasil. Mais uma vez, Cláubia fez as malas, e foi parar em Brasília, para conseguir apoio da Agência

Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep). O esforço deu certo, e o estudo foi aprovado no País em outubro de 2016. Em todo o mundo, são apenas 18 vagas para pesquisa, e os pacientes precisam se enquadrar em uma série de requisitos. E, atualmente, 12 pessoas estão recebendo o medicamento pesquisado. A primeira infusão de Terapia de Reposição Enzimática de Isadora foi em janeiro e, desde então, ela está bem melhor. Vai à escola, brinca, toma pouca medicação e não se cansa como antes. Além de Isadora, um menino de 8 anos participa da pesquisa clínica no Estado, segundo o geneticista e referência no Brasil sobre o assunto Roberto Giugliani. “Isadora foi a primeira paciente de 3 anos do mundo a participar do estudo. Ela está respondendo muito bem. O abdômen se reduziu, e outros parâmetros de laboratório estão satisfatórios”, diz o médico do Serviço de Genética Médica no Hospital de Clínicas. Por enquanto, a doença não tem cura, e a estimativa é que um em cada 150 mil bebês nasçam com o problema. O que causa a Niemann-Pick é a deiciência da enzima esingomielinase, proteína que leva ao acúmulo de substâncias que deveriam ser degradadas e recicladas pelo organismo. ARQUIVO PESSOAL/DIVULGAÇÃO/JC

Rafaela (c) divulga informações sobre a doença através de um site

conta da raridade do caso, a saída encontrada pelos pais foi buscar tratamento fora do Brasil, com um médico de St. Louis, nos Estados Unidos, que havia iniciado uma pesquisa com a Wolfram. No inal de 2015, pais e médicos concordaram que era a hora de Rafaela saber o que se passava. “Desde então, novos desaios foram abertos na minha vida, muitas decisões e momentos difíceis. Mas, agora, eu posso dizer que tenho mais autoconhecimento, posso me controlar, me informar e conhecer outros pacientes que passam por uma trajetória semelhante à minha”, diz ela. O que muita gente encararia como um problema insuperável se tornou um propósito de vida para essa gaúcha, que agora tem 19 anos. Rafaela tem como missão divulgar para um número maior possível de pessoas informações sobre a SW. A ideia é tornar mais

fácil o caminho de outros portadores da doença. Por isso, criou o site http://wolframinside.org, no qual relata toda a sua história, e que abastece com novidades sobre o tema. Outra boa surpresa no seu caminho foi conhecer a Snow Foundation, criada pelos pais de uma menina norte-americana que tem a síndrome. A instituição se dedica a arrecadar fundos para a pesquisa médica e também cumpre a função de agregar os pacientes de todo o mundo. “Não é apenas uma fundação, mas uma família. Foi onde eu descobri que não preciso ter medo de quem eu sou e que, sim, há saúde, felicidade e amor que caminham ao lado de toda essa luta”, garante. Rafaela mora em Los Angeles (EUA) há três meses, onde recebe um tratamento experimental que ajuda a estabilizar a perda de visão em pacientes com atroia no nervo óptico.

Cláubia não mede esforços para beneiciar a ailhada Isadora


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D I A D O M É D I CO ANA PAULA MONJELÓ/DIVULGAÇÃO/JC

DOENÇAS RARAS

Cardiopatias congênitas trazem riscos a bebês Segundo o Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (SUS), o Datasus, em 2015, nasceram 3 milhões de bebês vivos no Brasil. Deste número, 240 mil – ou seja, 8% – apresentaram alguma má-formação, sendo aproximadamente 30 mil cardíacas. No Rio Grande do Sul, foram 12 mil crianças com más-formações, e 1,5 mil bebês com cardiopatias congênitas. Marcelo Brandão da Silva, cardiologista e um dos coordenadores do Centro de Medicina Fetal e Anomalias Congênitas da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, explica que as cardiopatias congênitas estão entre as más-formações mais graves, sendo a segunda maior causa de morte no período neonatal (a primeira é a prematuridade). Entre as cardiopatias congênitas mais graves estão a transposição dos grandes vasos (quando o bebê nasce com as artérias do coração invertidas), a atresia pulmonar

(obstrução total da artéria pulmonar) e a coartação da aorta (obstrução da artéria aorta). “As cardiopatias congênitas são as más-formações que mais se beneiciam do diagnóstico pré-natal, pois ele permite que o bebê receba um atendimento especializado desde o momento do nascimento e possa ser submetido ao tratamento (geralmente cirurgia) nos primeiros dias de vida. Isso tem um forte impacto positivo nos resultados”, destaca ele. O cardiologista airma que o acompanhamento multidisciplinar da mãe e do bebê durante a gestação permite estabelecer as condutas que tragam menor risco aos dois, pois algumas cardiopatias congênitas podem se agravar ao longo da gestação. O diagnóstico precoce também é fundamental para o sucesso do tratamento. De acordo com Silva, algumas patologias têm indicação de intervenção intrauterina, mas esses

Silva airma que o diagnósico precoce também é fundamental para o sucesso do tratamento

procedimentos só são possíveis de realizar até determinada idade gestacional. “Diagnóstico tardio inviabiliza esses procedimentos. Além disso, o diagnóstico precoce permite um acompanhamento da evolução das doenças na fase intrauterina e uma melhor compreensão e aceitação por parte dos familiares”, diz. O médico destaca que as intervenções intrauterinas estão deixando de ser atividades experimentais para se tornarem ferramentas úteis e com comprovado impacto positivo no tratamento de algumas patologias.

O Centro de Medicina Fetal e Anomalias Congênitas da Santa Casa está preparado para atender a todos os tipos de más-formações, pois conta com um corpo clínico que contempla todas as especialidades pediátricas. As principais atendidas, além das cardiopatias, são gastrointestinais, geniturinárias e neurocirúrgicas. Silva ressalta que o setor oferece um atendimento integral à gestante e ao feto com más-formações. “O atendimento se inicia com o diagnóstico pré-natal correto, através de exames de ultrassonograia,

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Amor para enfrentar síndrome rara e preconceito “Sinto muito, mas a tua ilha vai nascer sem os braços e as pernas.” Foi assim que Daniela Marmitt, 36 anos, recebeu sozinha, durante a ecograia de translucência nucal, a notícia de que o bebê que ela estava esperando tinha uma má-formação rara conhecida pelo nome de tetra-amelia. “A primeira coisa que pensei era como seria a vida da minha ilha quando eu não estivesse mais aqui. Quem iria cuidar? Seria um fardo para o irmão mais velho ou não?”, lembra Daniela, que é mãe de Henrique, 4 anos. Além das limitações físicas, a síndrome acarreta uma série de complicações na saúde do portador, e muitos bebês morrem ainda no útero. Daniela lembra que a possibilidade de interromper a gravidez chegou a ser cogitada, mas mudou de ideia ao saber que o bebê era clinicamente saudável. “Eu e o pai da Milena decidimos levar a gestação adiante, cuidar e amar ela pelo tempo em que

icasse conosco”, conta. Milena nasceu no dia 11 de janeiro de 2016, com 29 centímetros e 1,7 quilo. Passou por muitas internações hospitalares e intervenções dolorosas. Resistiu por 1 ano e 4 meses até que um quadro generalizado de infecção a levou à morte, em junho deste ano. Com um narizinho arrebitado e olhos grandes e espertos, a menina de Novo Hamburgo mobilizou a comunidade do Vale do Sinos, que se uniu para ajudar a família na compra de fraldas, leite especial e outros equipamentos para que ela tivesse mais conforto nos momentos em que estava em casa. Daniela airma que a experiência de ser mãe de uma criança especial a fez conhecer outras famílias em situações parecidas e fazer amizades verdadeiras. Por outro lado, lembra dos comentários e olhares que recebia ao sair na rua. “A gente escuta de tudo, é inacreditável. Saía muito com ela no canguru e, em um desses passeios,

ressonância nuclear magnética (nos casos onde é indicado) e exames laboratoriais”, explica. Após a identiicação de algum problema, a gestante pode seguir o acompanhamento pré-natal com a equipe de obstetras que irá cuidar dela e programar o parto em condições adequadas. Para o dia do nascimento do bebê, a equipe procura reservar um leito na UTI especializada e mobilizar os proissionais necessários para o atendimento imediato. Em casos em que se prevê a necessidade imediata de cirurgia, as equipes cirúrgicas também icam de sobreaviso.

Vujicic viaja o mundo fazendo palestras sobre síndrome que acarreta ausência dos quatro membros

uma senhora me perguntou onde eu tinha colocado as pernas dela. Outra vez disseram que achavam que era um cachorrinho”, diz Daniela. Para evitar situações como essas e inspirar as pessoas com sua história de superação, o australiano

Nick Vujicic, 35 anos, viaja o mundo fazendo palestras. Com a mesma síndrome de Milena, no ano passado, ele esteve no Brasil. A tetra-amelia é uma síndrome rara, caracterizada por uma falha na formação embrionária, que acarreta

a ausência dos quatro membros. Más-formações em outras partes do corpo, como cabeça, coração, esqueleto, genitália e pulmões, podem ocorrer também, fazendo com que a maioria dos portadores não sobreviva após o nascimento.


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D I A D O M É D I CO OPINIÃO

45 anos de trabalho, dedicação e crescimento Gerson Reis

Por ocasião do mês dos 45 anos da Federação Unimed-RS, em junho deste ano, reunimos nossos colaboradores em nosso auditório. No encontro, airmei algo que sempre digo e que repetirei aqui: a Federação, sem os colaboradores, sem o trabalho e a dedicação de cada um, é apenas uma construção, resume-se a paredes, papéis e mobília. Somos nós e o resultado do nosso trabalho o que dá vida à instituição. Da mesma forma, sem nossas Singulares, sem Uniair, Instituto, Unicoopmed e Central-RS, sem a parceria das lideranças do Sistema e sem nossos médicos cooperados, não teríamos razão de ser. Não por acaso, o mote da campanha dos nossos 45 anos, com base na ideia de gestão e inovação, é “Inovar juntos, cooperar sempre”. Ao longo de nossa trajetória,

entendemos que uma boa gestão é fundamental para a sustentabilidade do negócio. Mas não apenas isto. Especialmente no setor de saúde, a inovação é peça-chave para a longevidade das iniciativas e para sua adequação às demandas do mercado. Por im, nada do que se faz tem sentido, ainda mais num sistema cooperativo, se não houver união, se o resultado da energia investida em cada projeto não vier do esforço conjunto e das crenças comuns. A propósito de resultados, comemoro e compartilho duas recentes e signiicativas conquistas. A Federação atendeu, mais uma vez, os pré-requisitos do Selo Unimed de Governança e Sustentabilidade – Categoria Prata, concedido pela Unimed do Brasil. O processo de certiicação do Selo tem como objetivo principal estimular o Sistema Unimed à prática da governança cooperativa e à gestão para

a sustentabilidade como um diferencial. Além disso, nossa casa, certiicada na ISO desde 2004, foi recomenda para a transição da ISO 9001 versão 2008 para a versão 2015. A indicação ocorreu após processo de Auditoria Externa de transição da NBR ISO 9001:2008 para a NBR ISO 9001:2015, sendo que o auditor designado parabenizou nossa cooperativa pelas práticas implementadas e pela demonstração de maturidade na sua gestão. Temos muito a aprender, sim, mas temos muito a comemorar também. Que sigamos na rota do crescimento, o que tem nos permitido, com prudência, dedicação e disciplina, andar na contramão da crise. Vamos em frente, e que venham mais 45 anos! Diretor Administrativo-Financeiro da Federação Unimed-RS

SOBRE A FEDERAÇÃO UNIMED-RS Com 45 anos de história, a Federação Unimed-RS lidera o Sistema Cooperativo Empresarial Unimed-RS, que cobre 100% do território gaúcho e é composto por 26 Unimeds Singulares, pela Central de Serviços-RS, pela Uniair Serviços Aéreos (transporte aeromédico e táxi aéreo), pela Unicoopmed e pelo Instituto Unimed-RS. Além disso, integra a Unimed do Brasil e constitui, com as Federações das Unimeds de Santa Catarina e do Paraná, a Unimed Mercosul. Atuando em duas frentes de trabalho, ente institucional e ente

Rio Grande do Sul

operadora, tem como missão promover o aperfeiçoamento da gestão das suas filiadas, com representatividade políticoinstitucional. Suas ações são norteadas pelos valores do cooperativismo, com base na ética, no comprometimento e na sustentabilidade. Desenvolve seu negócio com foco na saúde de seus beneficiários, por meio da promoção da saúde, na geração de renda para seus cooperados e no crescimento profissional de seus colaboradores.


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DOENÇAS AUTOIMUNES

Cerca de 65 mil pessoas têm lúpus no Brasil O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES ou apenas lúpus) pode ocorrer em pessoas de qualquer idade, raça e sexo, porém atinge nove vezes mais mulheres que homens. Estima-se que cerca de 65 mil pessoas tenham a doença no Brasil. As principais vítimas são adultos jovens, entre 20 e 45 anos, sendo um pouco mais frequente em pessoas mestiças e afro-descendentes. O reumatologista Claiton Brenol, chefe do serviço de reumatologia do Hospital de Clínicas e coordenador do Serviço de Reumatologia do Mãe de Deus, diz que a enfermidade causa um grande impacto nos pacientes e familiares, pois grande parte é de mulheres jovens que estão em fases muito produtivas na sociedade, e que acabam tendo uma piora na qualidade de vida, tendo que conviver com uma doença que pode trazer dor, limitações nas suas atividades diárias e uso de medicamentos. “O apoio da família, do médico e de proissionais variados da saúde é fundamental”, diz ele. O lúpus não tem cura, mas existem tratamentos que controlam bem a doença. Ele é uma doença inlamatória crônica, de origem autoimune, e os

sintomas podem surgir em diversos órgãos, de forma lenta e progressiva (em meses) ou mais rapidamente (em semanas). São reconhecidos dois tipos principais de lúpus: o cutâneo, que se manifesta apenas com manchas na pele, e o sistêmico, no qual um ou mais órgãos internos são acometidos. Ainda não se sabe a causa da doença, mas fatores genéticos, hormonais e ambientais têm participação. Por isso, pessoas que nascem com susceptibilidade genética para desenvolver a doença, em algum momento, após uma interação com fatores ambientais (irradiação solar, infecções virais ou por outros micro-organismos), passam a apresentar alterações imunológicas. Segundo Brenol, os sintomas podem se apresentar de diversas formas, como cansaço, perda de apetite, desânimo, febre baixa, dor articular e manifestações de pele. Em situações mais graves, outros órgãos podem ser acometidos: rins, cérebro e pulmão, por exemplo. O reumatologista explica que o diagnóstico é conirmado por meio de exames de sangue e urina. Quando o exame fator antinuclear dá positivo, o diagnóstico é quase 100% especíico. MARIANA CARLESSO/JC

Maioria dos registros de autoimunes está entre pacientes femininas

CUIDADOS PARA AS PESSOAS COM A DOENÇA FONTE: SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA

▪ Tratamento com remédios e acompanhamento médico ▪ Evitar alimentos ricos em gorduras e o álcool (mas o uso de bebidas alcoólicas em pequena quantidade não interfere especificamente com a doença) ▪ Repouso adequado ▪ Evitar estresse ▪ Atenção rigorosa com medidas de higiene (pelo risco potencial de infecções) ▪ Pessoas com hipertensão ou problemas nos rins devem diminuir a quantidade de sal na dieta; e as com glicose elevada no sangue devem restringir o consumo de açúcar e alimentos ricos em carboidratos ▪ Suspender o tabagismo ▪ Medidas de proteção contra a irradiação solar ▪ Fazer atividade física

Brenol diz que doença causa grande impacto em pacientes e familiares

Mulheres são as que mais sofrem com as enfermidades A maioria das doenças autoimunes afeta mais as mulheres que os homens, e ainda não há uma explicação clara dos motivos. O reumatologista e presidente da Sociedade Brasileira de Autoimunidade, Carlos Alberto von Mühlen, acredita que a parte hormonal seja preponderante, com o hormônio feminino estrógeno atuando como facilitador do surgimento de imunidade contra o próprio corpo. Segundo ele, na artrite reumatoide, a proporção é de três mulheres doentes para um homem. No lúpus, sobe de nove para um. Nas crianças, aparecem a febre reumática, reumatismo associado às infecções por estreptococo da garganta, e as artrites juvenis. A febre reumática causa sopro no coração, lesões na pele, artrite, nódulos abaixo da pele, coreia (movimentos involuntários das extremidades) e febre elevada. Já as artrites juvenis podem se manifestar de várias formas, com inchaço das juntas

e febre vespertina, manchas que vão e vêm na pele, ínguas pelo corpo, prostração, fraqueza e inlamações nos olhos. As doenças autoimunes são aquelas em que o sistema imunológico ataca e destrói tecidos saudáveis do próprio corpo. Como as causas dessas doenças ainda são desconhecidas, os pesquisadores tentam estabelecer os mecanismos imunológicos básicos e a cascata de eventos que levam à inlamação, formação de anticorpos que erram o alvo (autoanticorpos) e que lesam os vários tecidos do corpo. O reumatologista diz que há muita investigação sobre as bases genéticas, quais os genes envolvidos nas doenças e quais os que conferem maior suscetibilidade. “A epigenética também tem merecido atenção, ou seja, como o meio ambiente altera os genes de suscetibilidade, facilitando assim a autoimunidade”, airma ele, citando como exemplo a radiação ultravioleta do sol ou de

lâmpadas luorescentes, o cigarro e certos alimentos. A boa notícia são os avanços no tratamento. Nos últimos anos, houve uma revolução com a introdução das drogas biológicas, consideradas verdadeiras balas mágicas que têm como alvo as moléculas envolvidas nas inlamações. “Isto fez com que houvesse menor necessidade de uso de corticoides e de remédios imunossupressores, imunomoduladores e quimioterápicos, com grandes vantagens para o sucesso dos tratamentos e, claro, com menos para-efeitos”, airma Mühlen. Entre as doenças reumáticas mais comuns estão artrite reumatoide, psoríase, artrite psoriásica, lúpus eritematoso sistêmico, tireoidites crônicas com hipotireoidismo, diabetes mellitus tipo I (dependente de insulina), doença celíaca (intolerância imunológica ao glúten), esclerose múltipla, uveítes (inlamação interna dos olhos) e espondilite anquilosante.


Jornal do Comércio

ADEMAR ADALBERTO

Quarta-feira, 18 de outubro de 2017

ADRIANA ADRIANE ADRIENE AIRTON ALBERTO ALDEMIR ALDUINO ALESSANDRO ALETEIA ALEX

A L E X A N D R A A L E X A N D R E A L E X E I A L F E U A L F R E D O A L I C E A L I N E A L L A N A A L N E T E A LV A R O A M A N D A A N A A N A L U I Z A A N D R E ANDREA ANDREI ANDRESSA ANE ANELISE ANGELA ANGELICA ANGELO ANIBAL ANNA ANTHONY ANTONIO ARIANE ARIETE A R N A L D O A R N O A R T U R A R U Z A A U R E A A U R I B A R B A R A B E AT R I Z B E B E T Y B E R E N I C E B E R N A R D O B E TA N I A B I A N C A B I B I A N A BRUNA BRUNO CAIO CAMILA CANDICE CAREN CARINA CARLA CARLO CARLOS CARMEN CAROLINA CAROLINE CASSIANA CASSIANO CELIA CELSO CESAR CEZAR CHARLENNE CHARLES CHENIA CHRISTIAN CHRISTINA CHRISTINE CINARA CINTIA CLARIANA CLARICE CLARISSA CLAUDEMIR CLAUDIA CLAUDINE CLAUDIO CLEITON CLOTILDE CLOVIS CRISTIANE CRISTIANO C R I S T I N A C R I S T I N E D A I A N E D A I S Y D A M I E D A N I E L D A N I E L A D A N I E L E D A N I E L L E D A N T E D A R C Y D A R W I N D AV I D AY S E D E B O R A D E L A N O D E L U A N A D E N I S E D I A N A D I E G O D I E S A D I LT O N D I M A S D O U G L A S E D E L A E D G A R E D I L M O E D I S O N E D U A R D O EIJI ELIANA ELIDA ELIETE ELISA ELISABETE ELIZANDRA ELIZETE ELLEN ELNORA ELUANA ELZA EMANUELLA EMERSON E M I L E N E E R A L D O E R I C A E R M A N I E R N E S T O E S T E V A N E U G E N I O E U R I C O E V A N D R O E V E LY N F A B I A N A F A B I A N E F A B I A N O FA B I O FA B I O L A FA B R I C I O FA B R I Z I O F E L I P E F E R N A N DA F E R N A N D O F I L I P E F L AV I A F R A N C I A N E F R A N C I E L E F R A N C I S CO FREDERICO GABRIEL GABRIELA GABRIELE GEORGIA GERALDO GERSON GIANI GIBRAN GILBERTO GIOVANA GIOVANI GIOVANNA G I S A G I S E L E G L A U B E R G L A U C I A G R A Z I E L A G R O V E R G U A R D I A N O G U I D O G U I LT H E R M E G U N T H E R G U S T A V O H E I T O R H E L E N HELENA HELIO HENRIQUE HOSANA HUMBERTO ILANA INEZ INGRID IVAN IVO IZADORA JAE JAIME JAMILE JANETE JANICE J A Q U E L I N E J A Q U E L I N I J A R B A S J E A N J E A N C A R LO J E F F E R S O N J I H A D J O A N A J O Ã O J O E L J O H A N N A J O I C E J O N ATA S J O R D A N A J O R G E J O S É J O S E M A R J U L I A J Ú L I A J U L I A N A J U L I A N E J U L I A N O J U L I O J U L LY A N A J U S S A R A K A I L E N E K A L I N A K A M I L A K A M I L L E K A R E N K A R I N K A R I N A K A R I N E K A R L A K A R L O K E L LY K I A R A K L E B E R L A R I S S A L A U R A L A U R E N L A U R I C I O L A U R O L E A N D R O LEILA LENARA LEO LEONARDO LEONIDAS LETICIA LETÍCIA LIA LIANA LIGIA LILIAM LILIAN LILIANE LISANDRA LISELOTTE LISIANE LIVIA LORENA LOURENCO LUCAS LUCELI LUCIA LUCIANA LUCIANE LUCIANO LUCIO LUIS LUÍS LUIZ LUIZA LUZIA MAGALI MAGDA MAIRA MAITE MALBA MANOELA MANUEL MARA MARCELA MARCELO MARCIA MARCIO MARCO MARCOS MARCUS MARGARET MARI MARIA MARIANA MARIANE MARINA MARINEZ MARISA MARISSANDRA MARLENE MARSELE M A R TA M A R T I N A M A R Y M AT E U S M AT H E U S M AT I A S M A U R A M A U R I C I O M A U R O M AV I S M AYA R A M AY R A M E L I N A M E L I S S A M I C H E L M I G U E L M I K A M I L A M I LT O N M I R A N D O L I N O M I R I A N N A D I A N A N A T A L I A N A T A L I N O N A T A S H A N E I N E I R O N E L I A N E L LY N E L S O N N E O M I R N E S T O R N E U R I N E U S A N E W T O N N E Y L A N I C O L E N I L O N N I LT O N N O A D J A O L A V O O S C A R P A B L O PAT R I C I A PAT R Y C K PA U L A PA U LO P E D R O P R I S C I L A R A FA E L R A FA E L A R A I S A R A L P H R A N G E L R A Q U E L R E B E C A R E G I N A R E G I S R E N A N R E N ATA R E N AT E R E N ATO R E N E R I C A R D O R O B E R TA R O B E R TO R O D O L F O R O D R I G O R O G E R R O G E R I O R O N A L D R O N N I E R O Q U E R O S E L A I N E R O V A N A R U I R U T H R U Y S A B R I N A S A D I S A LV A D O R S A M A N T H A S A M I R A S A M U E L S A M Y S A N D R A S A N D R O S A N I S A N T O S A R A S A U S A N S A V I O S E R G I O S H E L E N S I B E L E S I LV I A S I LV I O S I M O N E S I R L E I S O N I A S O R AYA S P E N C E R S T E FA N O S T E L A S U S A N A S U S A N E S U Z A N A TA H I A N E TA I A N E TA I A N I TA I S TA L I TA TA M E N TA M I R E S TA N I A TAT I A N A TAYA N E TAYA R A T E R C I O T H A I S T H A L E S T H E M I S T H I A G O T H O M A S T I A G O TO M A S T R A J A N O VA L E R I A VALFREDO VANESSA VANI VANIA VANISE VASCO VERA VERENA VERONICA VICENTE VICTORIA V I N I C I U S V I R G I L I O V I R G I N I A V I V I A N V I V I A N E V I V I E N W A L E S K A W A LT E R W I L L I A M W I L L I A N Y G O R

18 DE OUTUBRO, DIA DO MÉDI CO.

ANTES DE TUDO, AMOR PELA VIDA.

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Caderno Especial do Jornal do Comércio | Porto Alegre, quarta-feira, 18 de outubro de 2017

D I A D O M É D I CO ALUREU SINOS/DIVULGAÇÃO/JC

DOENÇAS AUTOIMUNES

Eles transformam a dor em dedicação ao próximo Impossível não se abalar diante do diagnóstico de uma doença grave. Há quem se desespere, se esconda, e há aqueles que se envolvem em uma causa maior. Foi isso que fez Izabel Teresinha de Souza de Oliveira, de São Leopoldo. Diagnosticada com Lúpus e Síndrome do Anticorpo Antifosfolipídeo, ela enfrentou as dores nas pernas e as diiculdades de circulação para fundar e presidir a Associação de Lúpus e Outras Doenças Reumáticas do Vale do Sinos (Alureu-Sinos). A entidade, localizada na rua Brasil, 725 – Antiga Sede da Unisinos, em São Leopoldo, atende mais de 600 pacientes da região e é uma referência no Estado. Com atendimentos gratuitos de segunda a sexta-feira, das 8h às 11h30min e das 13h30min às 17h30min, a associação envolve os pacientes, a maioria mulheres, em grupos de convivência e terapia de grupo. Também oferece descontos com médicos e proissionais da

saúde conveniados. “A maior diiculdade é a falta de informação. Por isso, nos dedicamos a educar e conscientizar a sociedade. Trabalhamos com agentes de saúde, que são os primeiros a ter contato com pacientes”, airma Izabel. Entre as conquistas da Alureu está a Lei nº 14.784/2015 que instituiu, no Rio Grande do Sul, a Política Estadual de Conscientização e Orientação sobre o Lupus Eritematoso Sistêmico (LES) e o Lúpus Eritematoso Discoide (LED). Quem também dedica seu tempo para pessoas com as mesmas dores que ele é Carlos Eduardo Tenório, coordenador-geral da Associação Brasileira Superando o Lúpus. Os sintomas apareceram em 1986, quando ele tinha 13 anos. Doença rara entre homens – 90% dos casos são em mulheres – a conirmação do lúpus veio 19 anos depois. O diagnóstico tardio fez com que Tenório icasse com sequelas graves e se tornasse um deiciente físico. “Tive infartos

Izabel (e) fundou e preside a Alureu-Sinos, dedicada a conscienizar a sociedade sobre enfermidades

ósseos, senti muitas dores e hoje sou aposentado por invalidez”, conta ele. As dores sentidas no corpo izeram com que ele resolvesse dedicar seu tempo e o estudo sobre a doença para outras pessoas na mesma situação. A entidade, com sede em São Paulo, acolhe pacientes e familiares pessoalmente, por

telefone ou e-mail. Também promove palestras pelo Brasil e busca resgatar a autoestima e a qualidade de vida. “No desespero, as pessoas vão para a internet e encontram muitas informações falsas, que têm pouco tempo de vida, entre outras mentiras. Mas quando se tem um diagnóstico precoce existe

tratamento e é possível levar uma vida quase normal”, airma o coordenador. Ele ressalta também a necessidade de conscientização da sociedade e dos empregadores sobre a importância do tratamento. “Sabemos de portadores que deixam de fazer o tratamento com medo de faltar ao trabalho e ser demitido”, completa.

prevalência de uma tese que marcou a história da ciência: de que a doença é o prenúncio da morte. Com a hegemonia do discurso cientíico, novas perspectivas se abriram e, aos poucos, a salvação de uma alma enferma foi sendo substituída pelas possibilidades de manutenção de um corpo saudável. Conceitos como “qualidade de vida”, hoje prevalente na Medicina preventiva, ganharam espaço. O paciente passou a ser o centro do cuidado; e o médico, o responsável pela condução do modo saudável de se viver. Ao investigar a evolução e a consolidação da Medicina na modernidade em “O Nascimento da Clínica”, Michel Foucault já antecipava práticas que são hoje amplamente difundidas em instituições de referência. “A Medicina não deve ser mais apenas o corpus de técnica da cura e do saber; envolverá, também, um conhecimento

do homem saudável, isto é, ao mesmo tempo uma experiência do homem não doente e uma deinição do homem modelo”, sublinhou o ilósofo francês. O sucesso do Hospital Moinhos de Vento ao longo destes 90 anos consiste na compreensão e aceitação das mudanças que marcam a história da ciência moderna e as transformações da sociedade. Na base de sua ilosoia institucional estão o trabalho e o cuidado de milhares de médicos. Homens e mulheres, precursores em diversas especialidades e procedimentos, grandes nomes da Medicina no Rio Grande do Sul e no Brasil – como Aloyzio Cechella Achutti, Edgar Diefenthaeler, Felisberto Carlos Ferreira, Guenther Von Eye, Henrique Sarmento Barata, João Mussnich, Loreno Brentano, Ney Maahs Ferreira, entre tantos outros. Se somos reconhecidos hoje como um dos melhores hospitais do

País, muito devemos aos proissionais do passado e do presente, brilhantes e incansáveis em suas missões de salvar vidas. Mas não é apenas a cura que deine essa trajetória. Também a experiência que acumulamos pesa, e nos mostra os próximos passos dessa jornada cada vez mais instigante entre os desaios do corpo humano, as inovações na área médico hospitalar e os anseios e angústias da sociedade. A Medicina e a ciência não têm mais fronteiras. E Popper já diria que não deve mesmo ter. À nossa frente, um universo de possibilidades se estende, a reboque da inteligência artiicial e de outras descobertas. Mas seguirá sendo o médico o elo capaz de converter em esperança o sofrimento humano. Essa, para nós, ainda é a maior revolução.

OPINIÃO

O triunfo do conhecimento Mohamed Parrini

A história do Hospital Moinhos de Vento se conjuga com a história da Medicina do Rio Grande do Sul nesses últimos 90 anos. E o fato incontestável é: o proissional médico não faz apenas parte da nossa instituição, ele é a instituição. Juntos somos um único organismo, que busca o mesmo propósito: curar e cuidar do ser humano. Todo médico sabe que cada descoberta traz um novo desaio. O ilósofo Karl Popper nos ensinou que as teorias cientíicas são provisórias e nunca totalmente justiicáveis. Por isso, devem ser continuamente questionadas e submetidas à prova, remetendo à ideia de “reconstrução racional” dos processos mentais. Segundo ele, uma hipótese não deve ser testada para procurar evidências de sua veracidade, mas pelo contrário, para provar que está

errada. Ou seja, é a negação (no sentido da Lógica, não da Psicologia) que indica o caminho da verdade. A investigação contínua e pertinaz é característica essencial da atividade médica – do proissional que acolhe e dialoga, que investiga os sintomas, que estabelece o diagnóstico e indica soluções. Por natureza, um ser instigado, movido por sua curiosidade ou pelo desejo de descobrir e solucionar. Mas atrás do caráter técnico que a função exige, carrega talvez as intenções mais altruístas, de proteger, curar e cuidar do próximo. O prestígio – marca do triunfo do conhecimento – é consequência natural e merecida. Essa obstinação pela reversão de resultados negativos é o que marca a Medicina. Na busca pela cura, a colaboração, o tratamento e a pesquisa são as suas armas em uma batalha contra a

Superintendente executivo do Hospital Moinhos de Vento


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D I A D O M É D I CO OPINIÃO

A luta pela vida Paulo de Argollo Mendes

A vida não dá trégua. E este talvez seja um dos sentidos mais sublimes de quem escolheu se dedicar à Medicina. Os médicos e as médicas são lutadores por princípio, lutam pela vida. Sua ética e seu papel na sociedade moldam um ofício cuja missão é acompanhar o outro em momentos em que a saúde se encontra em desequilíbrio. Ou mesmo, o que é cada vez mais crescente, nas orientações sobre prevenção, mais ainda na relação com pacientes com fragilidades que exigem uma conduta expectante. Esta, aliás, é uma das atitudes mais valiosas e que elucida muito da prontidão e da necessidade de se ter a assistência mesmo onde parece que não há uma razão imediata desse cuidado. As pessoas esperam isso da gente. Mas não basta ser médico, com todo o arsenal de conhecimento

forjado em quase 10 mil horas de formação até alcançar o diploma, além de, no mínimo, três anos de residência ou mais de cinco em algumas especialidades. É importante registrar que, a cada segundo dedicado a dar atenção a doentes, lidamos com fatores que concorrem, e conspiram, não é raro, para exercer dignamente a Medicina, considerando seus ritos, exigências e comprometimento. Passamos a conviver com situações adversas de maneira dramática, como algo que parece aceitável, mas não é! São exemplos as emergências que empilham doentes porque quem (gestores e até mesmo autoridades) deveria proporcionar uma condição minimamente adequada ao paciente e aos proissionais não cumpre seu papel. Em nossos hospitais, postos e em outros tantos serviços, os proissionais se deparam a todo tempo com contingências que

lembram uma guerra, mas que são inadmissíveis - falta luva cirúrgica, io de sutura, medicamentos, equipamentos para exames de urgência, e leitos! Falta segurança! Por isso, mobilizamos cada vez mais esforços, por meio de entidades como o Simers, para repor o ambiente favorável à prática médica, e apontamos problemas e as soluções também! Dia a dia ouvimos de colegas a apreensão, a preocupação, a indignação. Mas eles não desistem não! Muitas vezes quando já não é mais possível alcançar o mínimo, pois esta situação pode colocar em risco seus pacientes, levantamos e dizemos em alto e bom tom: “não dá, estamos colocando em risco estas vidas!” Já as saídas vão da urgência de aplicar mais verbas públicas – não há como prescindir de um sistema que seja eiciente em proporcionar as condições adequadas

ao trabalho dos médicos e dos demais proissionais, ao respeito e o reconhecimento da ação de quem cuida da saúde. Até porque precisamos dar conta de um presente e de um futuro que combina expectativa de vida ascendente e ainda uma oferta exponencial de tratamentos e novas formas de lidar e interagir com as pessoas. Neste aspecto e sem poder aprofundar aqui, vale um alerta: tecnologias, internet das coisas e que tais, não substituem o olhar no olhar, a atenção, o tempo para poder estabelecer a relação essencial entre médico e paciente. Os médicos querem e são vocacionados a assistir. E talvez seja por isso que, em meio a muitas contingências, seguimos em frente. A recente série de televisão Sob Pressão ajudou a mostrar o que acontece em um hospital com recursos limitados e demandas ininitas. Onde as histórias dos

doutores Andrade e Carolina reletem, com uma dose inusitada de realismo, a vida médica como ela é, desde a técnica, a relação com os pacientes, a pressão permanente, a tecnologia, até à falta de tudo; quando só resta improvisar. E tudo compõe a luta pela vida. Praticar a Medicina é fazer do cansaço, ânimo. É transmitir coragem superando os próprios medos. É enfrentar o sofrimento resistindo à dor. O tempo não respeita o relógio. Nessa luta, às vezes, é preciso ter as respostas muito antes de saber as perguntas. E quando a pressão cai, a pressão aumenta. O sono, nessas horas, é um sonho distante. Mas nos dois lados dessa história, uma coisa é certa: enquanto houver vida, vai haver luta. Médico e presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers)

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D I A D O M É D I CO MARCO QUINTANA/JC

LONGEVIDADE

Gerontolescência, uma forma de envelhecer O termo adolescência, usado pela primeira vez no inal do século XIX, surgiu para descrever a fase de transição entre a infância e vida adulta. Hoje, uma nova fase surgiu: a gerontolescência. A diferença entre esses dois períodos é que a adolescência dura de quatro a cinco anos e a gerontolescência, de 20 a 30. “Esta geração que está vivendo a gerontolescência, período mais longo entre vida adulta e velhice, é uma geração que se sente confortável em se fazer ouvir e que está reinventando a forma como se vive e se percebe a velhice. Nunca se havia visto um grupo de pessoas perto dos 65 anos que fosse tão bem informado, tão rico e em tão boa saúde. Assim, sabemos que esta geração viverá uma velhice de forma diferente

dos que a antecederam”, airma o geriatra João Senger. Segundo o médico, envelhecer é, cada vez mais, um processo individual, com múltiplas oportunidades de desenvolvimento pessoal e de prolongamento da jovialidade, seja por meio do autocuidado ou por produtos e serviços de tratamentos estéticos. “Os gerontolescentes estão à frente da tendência de desaposentadoria, que está mudando a forma como entendemos o trabalho e a aposentadoria. Ter como im a aposentadoria, como início da parada de atividades, é decretar o im da vida”, observa. Para a psicopedagoga Tanani Ledur, a autoestima é fundamental para viver mais e melhor. “Quem gosta de si sente-se confortável na presença de outras

Prolongamento da jovialidade ganha força com tratamentos, autocuidado, aividade ísica e boa alimentação

pessoas e interage em diversas ocasiões sociais”, explica, comentando que os familiares devem estar atentos a mudanças de comportamento dos idosos, oferecendo ajuda e alternativas de diversão e cuidados básicos. Mas, para chegar a essa fase

Música para estimular o bem-estar Não importa o estilo, ritmo ou gosto, a música, além de promover relaxamento e bemestar, é capaz de auxiliar no tratamento de algumas doenças e estimular a memória e o convívio social. Quando trabalhada em idosos, a musicoterapia proporciona melhora no humor e aumento da autoestima, airma a bacharel em Regência Coral e

musicoterapeuta do Sinfonia Hotel Residência, Liris Neumann. De acordo com Liris, a técnica que utiliza a música como ferramenta terapêutica pode auxiliar na prevenção das mudanças psicológicas que ocorrem com a idade. “Nossos encontros são prazerosos, aproveitamos para cantar, brincar e utilizar a criatividade para improvisar”, airma.

da vida bem de saúde e mente, é preciso estar atento ao tripé: exercício físico, cuidados nutricionais e equilíbrio emocional. Manter-se ativo ajuda na prevenção e tratamento de várias patologias, como infarto, diabetes, depressão, entre outras. Outro segredo para se viver

mais e melhor é manter uma dieta longe das gorduras saturadas e colesterol (frituras, carne gorda, leite integral, bolachas industrializadas, sorvete, manteiga e nata), pouco sal e açúcar. Por outro lado, devem ser ingeridos legumes, verduras, frutas, cálcio e peixes.

O brasileiro está icando mais velho Na musicoterapia, são utilizados os efeitos que a música pode produzir nos seres humanos, atuando como uma facilitadora da expressão humana, dos movimentos e dos sentimentos. “É a música sendo utilizada como aliada na preservação da memória e na melhora da qualidade de vida de idosos”, observa. CRISTINE FOERNGES/DIVULGAÇÃO/JC

Ferramenta terapêuica auxilia no tratamento de doenças e esimula a memória e o convívio social

O brasileiro está vivendo mais, tanto que o País já tem a quinta maior população idosa do mundo, com cerca de 28 milhões de pessoas com 60 anos ou mais. A expectativa de vida dos nascidos em 2015 aumentou e passou a ser de 75,5 anos. Em 2014, era de 75,2 anos, segundo o Instituto Brasileiro de Geograia e Estatística (IBGE). De acordo com as estimativas, em 2030, o número de brasileiros com 60 anos ou mais ultrapassará o de crianças de 0 a 14 anos de idade. Em 2015, o estado com maior expectativa de vida foi Santa Catarina (78,7 anos). Logo em seguida aparecem Espírito Santo, Distrito Federal, São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, com valores acima de 77 anos. No outro extremo está o Maranhão, com a menor expectativa de vida ao nascer (70,3 anos). As doenças crônicas não transmissíveis – como são chamados, por exemplo, infarto, AVC, diabetes e hipertensão – respondem por 72% das mortes no Brasil. A má alimentação, o sedentarismo e o consumo de cigarro e álcool colaboram para o aparecimento destas enfermidades, e exigem formas de organização do sistema para promover o cuidado e a prevenção. Uma análise realizada pela Fundação Oswaldo Cruz, com dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS

2013), mostra que um em cada três idosos brasileiros apresentava alguma limitação funcional. Destes, 80%, cerca de 6,5 milhões de idosos, conta com ajuda de familiares para realizar alguma atividade do cotidiano, como fazer compras e vestir-se, mas 360 mil não possuem esse apoio. Com a população mais velha, um segmento que cresce é o de casas geriátricas. O Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre (Sindihospa) conta com o Departamento de Residenciais Geriátricos, que reúne 17 proprietários de empresas. O coordenador hiago Lopes airma que o objetivo do trabalho é fortalecer os laços, desmistiicar o segmento e melhorar a qualidade dos serviços. Para os familiares que buscam um lugar seguro para o idoso, Lopes orienta que observem bem o local antes de contratar o serviço. Entre os aspectos que devem ser levados em conta estão a estrutura física, acessibilidade, capacitação e quantidade de proissionais de saúde que fazem o atendimento, alvará do órgão responsável, área externa para pegar sol e como estão as pessoas que vivem na casa. “É importante agendar uma visita para conhecer o ambiente, mas também fazer uma visita surpresa”, indica o coordenador.


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D I A D O M É D I CO CRISTINE FOERNGES/DIVULGAÇÃO/JC

LONGEVIDADE

Santa Clara se prepara para ser hospital amigo do idoso O Hospital Santa Clara é o maior e mais antigo hospital do Complexo Hospitalar da Santa Casa e uma referência no Sistema Único de Saúde (SUS). “É a unidade hospitalar que melhor traduz a vocação histórica da Santa Casa. No entanto precisa de reformas para modernizar a sua estrutura e oferecer melhores condições de atendimento aos seus pacientes”, airma o diretor médico Roberto Pelegrini Coral. De acordo com o médico, o objetivo é transformar o Santa Clara em um Hospital Amigo do Idoso, oferecendo desde o acolhimento, orientação na prevenção, diagnóstico precoce, tratamento e reabilitação do paciente. “A população idosa é a que mais cresce e a que mais vai precisar de atendimento hospitalar. Nosso objetivo é ter uma estrutura toda voltada para o paciente idoso”, diz ele. A ideia de Amigo do Idoso já existe no sistema de saúde de São Paulo. A modernização do Santa Clara se divide em quatro fases. A primeira modernizou o Pavilhão Cristo Redentor, onde icam os leitos clínicos do SUS. A segunda etapa, em andamento, contempla a reforma da Maternidade Mário Totta, o Centro de Neonatologia, Unidades de Internação Cirúrgica e a construção de duas torres de elevadores, fundamental para resolver as deiciências de acessibilidade de pacientes, familiares, proissionais e organizar luxos de serviços e abastecimento. A terceira e quarta fases incluem a reforma dos pavilhões Daltro

MARCELO G. RIBEIRO/JC

Therezinha e Virgínia priorizam cuidados com aparência e saúde

Exemplos de disposição e alegria de viver

Serviços estratégicos para os mais velhos serão oferecidos, diz Coral

Filho e Centenário e a construção de um novo pavilhão. No projeto da direção do hospital estão adequação de piso, iluminação, temperatura, trabalho voluntário e novos leitos. Também está prevista uma estrutura completa para que os exames sejam feitos dentro do Santa Clara, sem precisar deslocar o paciente para outras unidades da Santa

Casa. Além de serviços estratégicos para a população mais velha, o hospital quer ampliar o modelo para a saúde da mulher, do homem, ortopedia/traumatologia e oftalmologia. A verba para as obras veio da união da bancada gaúcha no Congresso. Cerca de R$ 150 milhões já estão garantidos, mas todo projeto deve custar em torno de R$ 250 milhões.

OS 10 MAIORES INIMIGOS DA LONGEVIDADE FONTE: DR. MICHAEL ROIZEN - UNIVERSIDADE DE CHICAGO

1. Cigarro 2. Estresse (em casos extremos) 3. Dieta desequilibrada 4. Sedentarismo 5. Pressão alta

6. Excesso de sol 7. Álcool 8. Colesterol 9. Sexo inseguro 10. Deficiência de vitaminas

Se eu pudesse definir eSSA CLASSE EM uma só palavra, seria: CONFIANÇA. Homenagem de Carolina Nunes Paciente da Drª Cíntia Morel

Confira as homenagens nas nossas redes sociais:

Enquanto muita gente se apavora com a ideia de trabalhar até os 70 anos, devido às mudanças da reforma da Previdência, a advogada Maria Helena de Moraes Gonçalves, 81 anos, está na ativa e feliz da vida. Apaixonada pelo Direito, conta que só foi para a universidade quando já tinha quatro dos cinco ilhos. Moradora de Dom Pedrito, enfrentou as estradas de chão batido para frequentar as aulas em Bagé. “Amo meu trabalho”, diz, enquanto fala ao telefone e dá orientações para o motorista de aplicativo que a leva até uma clínica em Porto Alegre para visitar o namorado, que está com problemas de saúde. “Hoje, é em clima de despedida, porque já estou voltando para Campanha”, comenta. Com 13 netos e um bisneto, Maria Helena airma que o aconchego da família, a convivência e a alegria de estar entre os seus a mantém alegre e disposta. “Nunca parei para pensar qual o segredo da longevidade, mas acredito que pensar positivo e ser solidário tornam as pessoas mais felizes”, comenta. A advogada cuida da saúde frequentando a academia e, quando está em Porto Alegre, aproveita para caminhar no Parque Marinha do Brasil. Ela conta que adora estar na Capital para ir a teatros e exposições de arte. “Porto Alegre tem tudo que eu

gosto”, comenta, lembrando que está sempre acompanhada de um bom livro. Com boa saúde, Maria Helena passou por diiculdades em 1984, quando enfrentou um câncer de mama. Hoje, só lamenta não poder mais andar a cavalo, pois lesionou o tornozelo. “Sempre me exercitei, gostava muito de bicicleta. Tenho alegria em viver”, completa. Disposição e autoestima também não faltam a duas moradoras de um residencial geriátrico de Novo Hamburgo. A professora aposentada herezinha Ronnau, 78 anos, mantém a cabeça erguida mesmo após o diagnóstico de câncer na coluna vertebral “Sempre fui muito positiva, gosto de ser independente e cuidar da minha aparência e saúde”, airma. Quem também não mede esforços para se cuidar é Virgínia Weissheimer, 88 anos. O bom gosto e o glamour foram seus companheiros desde a mocidade, tanto que, quando jovem, foi eleita pela sociedade hamburguense como uma das 10 mais elegantes da cidade, título que a enche de orgulho, pois ela mesma desenhava e produzia suas roupas. “Nunca iz nenhum curso de costura; mas, por quatro décadas, produzi minhas roupas, inclusive os vestidos de festa e o vestido de noiva da minha ilha”, recorda.


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Caderno Especial do Jornal do Comércio | Porto Alegre, quarta-feira, 18 de outubro de 2017

D I A D O M É D I CO

DOENÇAS DA VIDA MODERNA

Crescem os casos de suicídio no Brasil Uma pesquisa feita pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs) revela que 36% dos adolescentes da Zona Norte de Porto Alegre disseram que estão sem esperança. Nas escolas do Centro da cidade, 8,5% dos jovens responderam que têm vontade de se matar. Portanto, não é uma surpresa o fato de que Porto Alegre, junto com Curitiba, apresenta os maiores índices de suicídio entre adolescentes nas capitais brasileiras. Essa já é a principal causa de mortes entre meninas na faixa dos 12 a 19 anos no Rio Grande do Sul. Entre os meninos é a terceira. O povo brasileiro, que muitos consideram feliz e otimista, é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) o campeão mundial de ansiedade. Os dados foram divulgados há dois meses. A organização também coloca o Brasil em quinto lugar no ranking da depressão. Segundo a entidade, 6% da

população sofre deste mal. Em termos de América Latina o País está no topo da lista, superando Argentina, Chile e o Uruguai. Neste grupo o Brasil também aparece em primeiro lugar no uso de drogas e álcool. “Nunca houve isso. Na última década o Brasil aumentou de 9% para 19% o número de alcoolistas”, relata Ricardo Nogueira, psiquiatra que coordena o Centro de Promoção da Vida e Prevenção ao Suicídio do Sistema Mãe de Deus. Ele explica que, como resultado de todos estes números acima, o País ocupa atualmente a oitava posição em suicídios no mundo. “Tínhamos 9 mil suicídios por ano e a partir de agora temos 12 mil. Mil suicídios por mês, 32,3 por dia. São três boeings lotados que caíram. O Rio Grande do Sul representa 10% deste total com 1.200 suicídios anuais”, detalha o psiquiatra. Entre as principais causas que

levam as pessoas a tirarem sua vida estão o uso e abuso de álcool e drogas, depressão e perda de emprego recente. “No último ano, as estatísticas mostram que 14 milhões de pessoas perderam o emprego. Deste total, cerca de 12 milhões estão deprimidos”, diz Nogueira. Atualmente, aumentou o número de suicídios entre jovens e nas crianças. “Isso não existia antes e agora vemos crianças de oito a 11 anos tirando a própria vida. Nos últimos 30 anos este índice aumentou em 60% no Brasil. Nos Estados Unidos cresceram 50%”, explica o coordenador. Entre os adolescentes 44,24% das tentativas de suicídio são por intoxicações medicamentosas, conforme os dados do Centro de Informações Toxicológicas do Rio Grande do Sul (CIT). “E o que está sendo feito a respeito disso? Diminuíram os leitos psiquiátricos. Não se tem prioridade. Se uma criança hoje tenta se matar, qualquer posto de saúde ou centro de atenção psicossocial que vá procurar ajuda só vai conseguir uma consulta para daqui dois ou três meses. Neste período já tentará tirar a vida pelo menos mais duas vezes”, alerta Nogueira.

HMD/DIVULGAÇÃO/JC

Nogueira alerta que País ocupa oitava posição no mundo

O zen como um caminho de autoconhecimento MARCELO G. RIBEIRO/JC

Monja Coen usa a experiência própria para ensinar

Os números impressionam. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), atualmente mais de 320 milhões de pessoas sofrem de depressão. Até 2020 será a enfermidade mais incapacitante do mundo. A Monja Coen, considerada uma das líderes atuais do Budismo no Brasil, acredita que os princípios básicos deixados como herança por Buda podem ser um caminho para quem sofre deste mal. No livro lançado em setembro em Porto Alegre - O sofrimento é opcional - como o zen budismo pode ajudar a lidar com a depressão - ela detalha como enfrentou esta doença que a levou a tentar o suicídio.

Um dos seus primeiros alertas é que a depressão é uma doença e deve ser tratada como tal. “Para isso, existem os médicos, psicólogos, terapeutas. A prática do zen ajuda a perceber onde estamos. Ao nos conhecermos ica mais fácil saber como podemos sobreviver. A quem devemos procurar para pedir ajuda”, comenta. Para ela, ao contrário do que muitos pensam, estar doente não é um carma. O que pode emaranhar o ser humano vem depois. São as escolhas a partir disso. Para expandir a percepção ela ensina algo simples: prestar atenção à respiração, ao ar que entra e

sai das narinas. Perceber de onde este ar vem. Observar a mente, os pensamentos. Ouvir os sons do entorno. Em resumo: estar atento a si ao mesmo tempo em que se sente parte de um todo. Uma prática como essa, ao alcance de todos, pode trazer bons resultados. “Ao me conhecer ico livre dos incômodos. Tenho mais liberdade. Se não me conheço, sou puxada pelos meus sentimentos e emoções e vamos afundando. Uns conseguem dar um impulso e sair. Outros precisam de uma boia”, diz a líder espiritual, que acredita que os ensinamentos de Buda podem fazer parte do processo de resgate.

coração dispara, falta o ar e ela não sabe o que está acontecendo, pensa que está tendo um enfarto e que vai morrer”, explica o psiquiatra. Geralmente, as crises duram entre cinco e 30 minutos. O problema é que quem teve uma vez corre o risco de ter novamente, principalmente se não buscar ajuda especializada e não mudar os hábitos de vida. Pacheco conta que após uma crise de pânico, alguns pacientes desenvolvem a agorafobia, que é o medo de ter novamente um ataque. Elas passam a evitar os locais em que tiveram a crise, como ônibus

ou elevador, por exemplo. Em casos mais graves, evitam até sair de casa. Além do estresse, o estímulo das luzes dos aparelhos eletrônicos também contribuem para a ansiedade. Com mais luz, dormimos menos. Isso sem falar do abuso da cafeína na dieta. “A ansiedade causa reações químicas no organismo. O corpo acha que estamos prontos para lutar, como nos tempos das cavernas. Quando estamos tensos, os músculos se contraem causando lesões na coluna e dores de cabeça”, observa o médico. Embora seja uma doença ligada

à vida moderna e ao estresse, ainda há preconceito na hora de buscar ajuda de um psiquiatra. Estudos mostram que, em média, a pessoa passa por 14 médicos antes de ter o diagnóstico correto. “Existe tratamento com remédios e psicoterapia”, diz o médico, lembrando que atividade física, meditação e ioga são grandes aliados para se ter uma mente e corpo mais saudáveis. Ele alerta ainda para o cuidado especial com crianças e adolescentes que têm diversas tarefas na semana e estão cada vez mais ligados aos jogos e estímulos visuais.

Ansiedade em excesso faz mal à saúde A vida moderna trouxe muitas facilidades e ininitas possibilidade de viver e experimentar novas emoções. Mas diante de tantos estímulos, prazos e cobranças para se alcançar o sucesso e atender as demandas do dia a dia, estamos icando ansiosos demais e até doentes. Ansiedade diante de uma entrevista de emprego ou de uma viagem é normal. O que se deve é icar atento quando essa sensação vira uma companhia diária. Viver em constante tensão é um perigo para a mente e o corpo. O chefe do serviço de psiquiatria do Hospital São Lucas e professor de

Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs), Marco Antônio Pacheco, explica que ansiedade e depressão são diferentes. Segundo ele, ansiosa é aquela pessoa que tem medo do futuro. Já o deprimido é aquele que acha que tudo está ruim na vida dele e não vê possibilidades de melhorar. Quando a pessoa ica tensa durante grande parte do dia e apreensiva com os acontecimentos futuros, a ansiedade se generaliza e pode desencadear um ataque de pânico. “A pessoa pode estar em qualquer lugar e, de repente, entrar em pânico. O


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D I A D O M É D I CO DOENÇAS DA VIDA MODERNA

OPINIÃO

Uma em cada três pessoas é alérgica

Construindo a Porto Alegre que queremos

Alergias a pólen, ácaros e alimentos como peixe e camarão são mais conhecidas do público, mas uma reação à capa de celular ainda soa estranho. Porém os números comprovam o aumento da sensibilidade a objetos e alimentos de uso cotidiano, assim como a alergia às proteínas do leite de vaca e a intolerância ao glúten, que seguem crescendo. A alergia é considerada uma doença moderna, porque vem se expandindo e está relacionada ao estilo de vida urbano. Atualmente, uma em cada três pessoas é alérgica. No mundo, em torno de 1 bilhão sofre deste mal. A perspectiva é de que, em 2050, este índice alcance 4 bilhões de alérgicos. Na próxima década, esse número poderá dobrar e alcançar 50% da população mundial. Em todos os casos, quem está mais suscetível são pessoas que apresentam predisposição genética e têm a exposição ambiental a fatores desencadeadores de alergias. “O desenvolvimento da alergia, em geral, é uma reação exagerada das defesas do organismo contra agentes que, em princípio, são inofensivos, um desequilíbrio entre fatores protetores e agravantes. Exemplos de prevenção contra as alergias são parto natural, aleitamento materno e não utilização de antibióticos. Sempre levando em consideração o terreno fértil da genética”, explica o presidente do Comitê de Alergia e Imunologia da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul, Hélio Miguel Simão. A expansão também é explicada como uma consequência da mudança nas expressões dos genes, que ocorre através da epigenética, que nada mais é que o estilo de vida. Estudos comprovam que alguns genes atuam de forma a proteger ou a predispor maior sensibilidade. A tecnologia utilizada nos novos exames moleculares também contribui para que sejam realizados diagnósticos com mais precisão, o que acaba impactando as estatísticas. Em relação à alergia respiratória, rinite, por exemplo, há indicações de que, em algumas regiões do Brasil, como no Sul, atinja 30% da população, dado que varia conforme a faixa etária. O principal fator desencadeante

Henri Siegert Chazan FREDY VIEIRA/JC

Simão destaca parto natural e aleitamento materno como prevenção

para rinite alérgica, em geral, são os ácaros da poeira doméstica. O clima e a poluição também contribuem dentro dos fatores ambientais causando as chamadas rinites não alérgicas. “Em nosso Estado, a alergia a pólen é frequente, principalmente pólen de gramíneas. Estes pacientes pioram muito na primavera, alguns com conjuntivite ou asma associada”, comenta o médico. Cerca de 95% das alergias alimentares estão associadas ao consumo de leite, ovo, trigo, soja, peixe, frutos do mar, castanha e amendoim. Uma confusão atual bem comum é a generalização das chamadas “intolerâncias”. Em relação ao leite, o especialista esclarece que podem acontecer três reações: primeiro, a intolerância ao açúcar do leite, à lactose,

doença rara que acontece geralmente nos extremos da vida. Dentro das alergias às proteínas do leite de vaca existe ainda a mediada por anticorpos tipo IgE, que provocam reações na pele, sintomas respiratórios e digestivos, podendo evoluir para a anailaxia. E também as alergias não mediadas por anticorpos, cujo diagnóstico é realizado com base nos sintomas gastrointestinais, terceira reação. Nos últimos cinco anos, tem crescido o número de casos de alergia ao glúten não celíaca. São pessoas que passam a ter sintomas gastrointestinais com ingestão de alimentos que contêm glúten. Como não existem exames especíicos, o diagnóstico é feito pelos sintomas clínicos e pela retirada do glúten da dieta por quatro semanas.

Os desaios na área da saúde no Brasil vão muito além da criação de leitos ou da ampliação do atendimento público. Há questões estruturais de operação que precisam ser resolvidas dentro das próprias instituições, para que os serviços sejam cada vez mais eicientes. Como representante dos hospitais e clínicas de Porto Alegre, o Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre (Sindihospa) tem procurado fazer a sua parte. Ao lado de entidades parceiras, associados e iliados, estamos atacando entraves históricos e promovendo debates necessários para a qualiicação proissional no setor. Uma das principais cruzadas que travamos nos últimos tempos foi pela regulamentação das jornadas compensatórias, sendo a principal a chamada 12x36 (12 horas de trabalho por 36 horas de descanso). A escala foi aprovada na Capital pelo Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT4), após um intenso trabalho de convencimento que realizamos ao lado das próprias categorias proissionais. Patronal e trabalhista estiveram lado a lado, defendendo a qualidade na prestação dos serviços e a sustentabilidade inanceira das instituições. Sabemos todos que uma depende da outra, por isso foi preciso colocar diferenças de lado e – com maturidade – encontrar um ponto de equilíbrio para a questão. Através dessa convergência de ideias é que podemos encontrar as melhores soluções para os problemas da atualidade. Neste momento de penúria das contas públicas e de consequente redeinição das funções do Estado, procuramos também nos aproximar ainda mais do poder público, para trabalhar para construir alternativas. Estamos, por exemplo, fortalecendo a segurança das instituições de saúde, num trabalho conjunto com lideranças da área hospitalar, Secretaria Municipal de Segurança e Comando de Policiamento da Capital (CPC). A parceria, iniciada em junho deste ano, prevê desde capacitações a investimentos privados para a aquisição e manutenção de equipamentos de vigilância. Estamos unidos para reforçar um objetivo em comum: o cuidado à vida.

Com 33 hospitais, Porto Alegre é hoje um dos principais polos de saúde do País. Esse é um patrimônio que procuramos potencializar promovendo uma série de encontros e debates sobre as melhores práticas em diferentes áreas. As três edições que realizamos no último ano do Seminário de Gestão – a partir de nossa parceria com a Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do Rio Grande do Sul (Fehosul) – foram um sucesso. A grande adesão de proissionais de referência do setor ajuda a consolidar a capital gaúcha também como um dos principais espaços para a troca de experiências sobre excelência operacional, produtividade, formação de lideranças, melhoria dos processos, inovação e outros temas. Outro aspecto muito caro à nossa atual administração é a promoção econômica das empresas de pequeno e médio portes. A partir do Eko Grupo Saúde, em maio, evoluímos e irmamos com o Sebrae um acordo que está beneiciando 16 residenciais geriátricos da cidade: o Conexão Healthcare. Usando sua expertise em consultoria e capacitação, a entidade está traçando um raio X dos negócios para aperfeiçoá-los dentro de suas propostas de atendimento e posicionamento de mercado. Ao fortalecer todas as pontas do sistema, amplia-se a oferta de serviços de qualidade ao público e cria-se um círculo virtuoso que repercute na sustentabilidade de todo o setor. Com o envelhecimento da população e o aumento da expectativa de vida, são ações como essas que, em médio e longo prazo, ajudarão a evitar um colapso do sistema de saúde. E não adianta apenas ter o título de “Capital Amiga do Idoso”, temos de honrá-lo de fato. E isso nós estamos fazendo. Trabalhamos para construir, na área da saúde, a Porto Alegre que queremos. Mas essa não pode ser apenas uma missão institucional ou setorial. Tem de ser uma construção de todos, de cada proissional e cada usuário. Os desaios que se põem à nossa frente podem ser superados com conhecimento, iniciativa e cooperação. Valorizando o capital humano, a força das nossas instituições e o empreendedorismo. Presidente do Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre (Sindihospa)


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D I A D O M É D I CO DIABETES

FREEPICK/DIVULGAÇÃO/JC

Aumentam os casos da doença entre crianças e jovens A obesidade está provocando o surgimento cada vez mais precoce do diabetes tipo 2 em adolescentes e crianças. Os casos, que antes eram raros nestas fases da vida, vêm crescendo nos últimos anos. Atualmente, o Instituto da Criança com Diabetes, do Hospital Conceição, atende a 80 casos com pacientes diagnosticados abaixo dos 18 anos. Esse número é considerado alto em proporção a outros hospitais que não têm ambulatório especíico nesta especialidade. Já do diabetes tipo 1 são 3 mil pacientes tratados no instituto, e os casos estão se expandindo em menores de cinco anos. Os motivos ainda estão sendo estudados, e há suspeitas de que possam ter conexão com fatores ambientais. Há pesquisas em andamento, mas os motivos que desencadeiam a doença são muito diferentes em cada país. O diagnóstico precoce é uma das chaves para que o paciente não comece o tratamento em um quadro mais

agudo. Emagrecimento, muita sede, aumento da urina são alguns dos sintomas apresentados pela doença. Se o nome é o mesmo, diabetes, o tratamento é distinto. Enquanto no tipo 1 é uma doença autoimune, ligada à herança genética, em que os anticorpos do sistema de defesa destroem células do corpo que produzem insulina, o tipo 2 surge como consequência da obesidade. Conforme a endocrinologista do Instituto da Criança com Diabetes Suzana Lavigne, é bem mais complexo o tratamento de quem desenvolveu a diabetes na infância, porque existem mais erros metabólicos e alimentares. “No caso de crianças com o diabetes tipo 2, os prognósticos são assustadores, porque evolui muito mais rápido. Além disso, elas têm diiculdade de manter e atingir as metas que estabelecemos. Elas são mais hipertensas e dislipidêmicas, e deterioram o controle de forma rápida”, relata

a médica. Por todas estas razões, é um grupo que chama a atenção pela diiculdade de adesão ao tratamento, segundo a médica. Enquanto a cura não chega, para agravar o quadro do tipo 2, as ferramentas utilizadas são restritas, pois as medicações existentes são aprovadas apenas para adultos. “Fazer estudo de medicação em crianças é complexo. Isso não é permitido pelos órgãos de iscalização. É necessário, primeiro, testar em adultos para, depois, usar em crianças”, lembra a endocrinologista. Por isso, a recomendação aos pacientes passa a ser insulina, dieta e exercício. Suzana conta que o desaio nos casos do diabetes tipo 2 infantil passa pela mudança de hábitos de toda a família. Na sua experiência este processo vai além da dieta alimentar, pois é preciso incluir a atividade física também. “Se não gerenciar, a família não consegue nem tentar minimizar o impacto da doença”, alerta. CLAITON DORNELLES /JC

Suzana diz que tratamento de quem desenvolveu diabetes na infância é mais complexo

FIQUE ATENTO SE VOCÊ TEM

▪ Diagnóstico de pré-diabetes – diminuição da tolerância à glicose ou glicose de jejum alterada ▪ Pressão alta ▪ Colesterol alto ou alterações na taxa de triglicérides no sangue

▪ Sobrepeso e, principalmente, se a gordura estiver concentrada em volta da cintura ▪ Pai ou irmão com diabetes ▪ Alguma outra condição de saúde que pode estar associada ao diabetes, como a doença renal crônica

Exercícios e alimentação correta ajudam a baixar taxas de glicemia

Uma patologia crônica e silenciosa A piora na qualidade de vida, principalmente o trio má alimentação, sedentarismo e obesidade, está fazendo com que pessoas jovens desenvolvam a diabetes precocemente. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a doença será a sétima causa de morte até 2030. Segundo a instituição, o número de adultos diabéticos no mundo quadruplicou desde 1980. No Brasil, a estimativa é que existam mais de 13 milhões de pessoas com o problema, o que representa 6,9% da população. Crônica e silenciosa, a diabete inicial não apresenta sintomas, e pelo menos metade dos pacientes diagnosticados não sabe que tem a doença. Os sinais aparecem quando o quadro já está mais avançado e podem ser sede excessiva, fraqueza e vontade constante de urinar. A orientação dos médicos é que, a partir dos 40 anos, as pessoas façam exames de rotina para detectar esse e outros problemas de saúde. A diabetes é uma doença no qual o corpo não produz insulina ou não consegue empregar adequadamente a insulina que produz. A endocrinologista e chefe do Serviço de Endocrinologia do Hospital Mãe de Deus, Melissa Barcellos Azevedo, explica que o fator genético também é um grande risco para desenvolver a diabetes. No entanto, já é possível perceber

▪ Teve bebê com peso superior a quatro quilos ou diabetes gestacional ▪ Síndrome de ovários policísticos ▪ Diagnóstico de alguns distúrbios psiquiátricos, como esquizofrenia, depressão ou transtorno bipolar

gerações de famílias apresentando a doença cada vez mais cedo. “Antigamente, as pessoas se tornavam diabéticas em função da idade e do fator genético. Porém o que realmente determina é como, ao longo da vida, se administram os hábitos alimentares e a questão do peso”, airma. Assim como outras doenças, a prevenção ainda é o melhor remédio. Melissa diz que é fundamental manter o peso o mais próximo do ideal possível, sempre respeitando as características físicas e clínicas de cada um. “Não se deve exceder em alimentos ricos em carboidratos, açúcar e gordura, pois eles aumentam a produção de glicose e diicultam a ação da insulina”, explica. Exercícios físicos regulares ajudam a baixar as taxas de glicemia. Quando se gasta mais energia, o organismo usa o açúcar do sangue em velocidade maior. A endocrinologista alerta ainda para a diabetes gestacional. Segundo Melissa, a mulher que apresenta a doença durante a gravidez ica com uma predisposição elevada para se tornar diabética para o resto da vida. “A gestante está em um período em que ocorrem várias transformações hormonais, e uma das principais envolve a circulação de insulina. Se a mulher está acima do peso e tem um histórico familiar, é mais suscetível a desenvolver o problema”, diz.

▪ Apneia do sono ▪ Recebeu prescrição de medicamentos da classe dos glicocorticoides FONTE: SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES


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D I A D O M É D I CO OPINIÃO

DIABETES

Valorização e reconhecimento do trabalho médico

Mudança de estilo de vida ajuda no controle da doença

Fernando Weber Matos

A população, sofrida e angustiada diante da desassistência de saúde, que se agrava cada vez mais, e da desinformação que impera no setor, muitas vezes vê na igura do médico um dos principais responsáveis pela crise no setor. Poucos se dão conta que todo o sistema de saúde depende de decisões oriundas dos gabinetes climatizados de Brasília. Mas quem está mais próximo, mais acessível, acaba sendo responsabilizado, o que é compreensível. Ainal, é o médico quem está na linha de frente, olho no olho com o paciente, muitas vezes sem as mínimas condições de trabalho, a começar pela falta de material, equipamentos, estrutura física e, o que também é muito importante e pouco considerado pelos gestores: segurança ausente ou insuiciente. O que a população não sabe, talvez nem suspeite, é que o médico, assim como os outros trabalhadores da saúde pública e o próprio paciente, também é vítima desse descaso permanente com a saúde, prioridade somente nas eleições. Os governos não destinam os recursos necessários para atender a uma demanda crescente no SUS – o aumento do desemprego fez com que milhares de pessoas abandonassem seus planos privados de saúde – e, para piorar, há sérios problemas de gestão. Então, para desviar o foco da verdadeira causa dessa crise na saúde, os governos usam de artifícios e medidas paliativas, como a criação do programa Mais Médicos, que, até o começo deste ano, havia tragado mais de R$ 5,7 bilhões, segundo dados do Ministério da Saúde. Dentro dessa mesma linha eleitoreira, o governo anterior criou as UPAs, verdadeiros elefantes brancos que os municípios receberam e que não conseguem manter. Por isso, a maior parte das unidades permanece fechada ou sequer saiu do papel. Já o governo atual, através do ministro Ricardo Barros, direcionou seus ataques aos médicos, diante da incapacidade para dar uma resposta aos anseios da sociedade, que há anos clama por um atendimento digno de saúde, mas só encontra como resposta discursos e promessas. Em julho deste ano, o ministro da Saúde

pegou pesado ao airmar que os médicos da saúde pública “ingem que trabalham”, uma acusação tão desprovida de realidade que, uma semana depois, ele a retirou, também em função da reação forte dos Conselhos de Medicina. O que o ministro não diz, não reconhece, é que, se dependesse dos médicos, não haveria pacientes amontados nos corredores das emergências ou até mesmo jogados no chão, enquanto esperam por um leito. E o ministro, que tem plena consciência da realidade, ainda vem a público declarar que não faltam hospitais e leitos no Brasil. Mais uma declaração infeliz. Afrontados e angustiados, os médicos se redobram para prestar atendimento, que está longe de ser o ideal num quadro de dor e desespero como esse, infelizmente cada vez mais comum. Contribui, e muito, para esse drama que parece não ter im o desvio das verbas que deveriam ser destinadas à saúde, e que acabaram tendo outro im. Recentemente, a senadora Ana Amélia Lemos (PP) destacou que a Controladoria-Geral da União constatou desvios superiores a R$ 5 bilhões na saúde pública no período de 2012 a 2015 (27,3% do total de irregularidades em toda a administração federal). Quantas vidas poderiam ser salvas se essa cifra chegasse ao seu verdadeiro e legítimo destinatário? Assim, esse caos na saúde não passa pelos médicos. Se ainda existe assistência de saúde nos postos, nas unidades básicas e nos hospitais públicos, deve-se muito aos médicos. Sem condições adequadas de trabalho, remuneração atrasada e contratos precários, os médicos brasileiros buscam fazer a sua parte com ética e abnegação sempre, como neste 18 de outubro. Foi pensando nisso que o Cremers delagrou forte campanha publicitária com o objetivo de neutralizar a imagem negativa do médico, construída nos últimos tempos, buscando valorizar e destacar a relevância de sua atividade e sua importância para a sociedade. Feliz Dia do Médico! É o que deseja o Conselho de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul a todos os médicos que honram e digniicam esta nobre proissão. Presidente do Cremers

A prevenção ao diabetes deve acontecer ao longo da vida. O diabete tipo 2, mais comum atualmente, acontece quando o pâncreas para ou diminui a capacidade de produzir insulina. Como a nutrição pode ajudar neste caso? A dica básica da nutricionista Maribel Melos é “economizar” o pâncreas, ou seja, utilizando menos insulina ao longo da vida. Na prática, isso requer uma mudança alimentar que faça com que o organismo libere menos insulina, fazendo refeições com cargas glicêmicas mais baixas. “Quando se ingere batatas, arroz ou massa, se associar vegetais, por exemplo, que são ricos em ibras, a pessoa consegue modular a carga glicêmica da refeição. O impacto é menor”, ensina Maribel. A nutricionista explica que jejuns prolongados também podem ser prejudiciais, caso não sejam orientados por algum proissional da área médica. O mesmo vale para refeições muito frequentes.

PIXABAY/DIVULGAÇÃO/JC

Carga glicêmica mais baixa auxilia a liberar menos insulina

“Comer de forma espaçada, beliscar muito ou ainda tomar um cafezinho com açúcar a toda hora podem liberar mais rápido a insulina. Isso tudo pode adiantar um diabetes do tipo 2. Existe uma propensão genética, mas mudar os hábitos alimentares pode auxiliar e muito este processo”, frisa a nutricionista. Tanto vegetais como frutas,

castanhas e amendoim deixam a refeição com menor índice glicêmico. Sobrepeso é outro fator que pode contribuir para o aparecimento do diabetes tipo 2. “Excesso de peso, sedentarismo, alimentação rica em gorduras saturadas, de má qualidade, podem desencadear a diabetes no futuro”, garante a nutricionista.

Oxigenoterapia Hiperbárica auxilia no tratamento do pé diabético A oxigenoterapia hiperbárica é um tratamento médico que consiste na inalação de oxigênio puro (100%) dentro de um equipamento denominado câmara hiperbárica, no qual a pressão é duas a três vezes maior do que a pressão atmosférica ao nível do mar. Este tratamento é recomendado para pacientes com doenças de origem isquêmica, infecciosa, traumática e inlamatória. Feridas ocasionadas pela radioterapia e o chamado pé diabético, que ocorre quando o

grau da doença é muito elevado chegando ao nível de um risco de amputação de um dos membros, também são tratados. O método de tratamento vem sendo utilizado no mundo todo. No Brasil, a oxigenoterapia hiperbárica é regulamentada pelo Conselho Federal de Medicina desde 1995 e está presente em diversos hospitais, principalmente no estado de São Paulo. O tratamento é realizado diariamente e tem duração aproximada de duas horas. O MARCELO G. RIBEIRO/JC

Vanessa explica que tratamento melhora funções celulares locais

número total de sessões depende do grau da lesão e da forma como o paciente está realizando os demais tratamentos necessários. A diretora clínica do Instituto de Oxigenoterapia Hiperbárica do Brasil, Vanessa Brendler, esclarece como funciona o processo. “As sessões de Oxigenoterapia Hiperbárica promovem o aumento da concentração de oxigênio dissolvido no plasma sanguíneo e, consecutivamente, nos tecidos acometidos, melhorando as funções celulares locais. Vale ressaltar que a técnica faz parte de uma soma de recursos terapêuticos, como o controle adequado do diabetes, o repouso, o uso de curativos apropriados e a realização de procedimentos cirúrgicos quando necessário”, explica. Em Porto Alegre, o tratamento, embora já coberto pelos planos de saúde, ainda não está disponível dentro dos hospitais. O Instituto de Oxigenoterapia Hiperbárica do Brasil tem 13 anos de atuação na capital gaúcha, já atendeu mais de 4 mil pacientes e, desde 2014, conta com uma unidade no Hospital de Caridade Dr. Astrogildo de Azevedo, em Santa Maria.


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D I A D O M É D I CO MOINHOS DE VENTO FREDY VIEIRA/JC

Centro de Cardiologia do hospital é remodelado Teixeira relata que ambiente mais acolhedor diminuiu em um dia o tempo de internação, além de reduzir pela metade os delírios dos pacientes

Tecnologia aliada ao atendimento humanizado O investimento em tecnologia, equipamentos e processos é constante no Centro de Terapia Intensiva de Adultos (CTI-A) do Hospital Moinhos de Vento. Além de uma equipe médica e de enfermagem atualizada para tratar da complexidade de cada caso, a instituição aposta em estruturas mais confortáveis e em uma atenção especial aos familiares. Quem já passou por uma experiência de UTI sabe da angústia que é ver uma pessoa querida submetida a tubos, agulhas e intervenções constantes. E é justamente para amenizar esse sofrimento e ajudar na reabilitação do paciente que o hospital oferece treinamento ao familiar acompanhante. Ao contrário de muitos hospitais, em que as visitas são de apenas alguns minutos diários, no Moinhos, elas podem chegar a 12 horas. Os familiares recebem orientação de como é o funcionamento e a rotina da unidade, e de quem são os médicos, enfermeiros, técnicos e outros proissionais que circulam pelo espaço. Também aprendem sobre os alertas e sons dos aparelhos, como funcionam os monitores, ventiladores, bombas de infusão e medidas de prevenção para evitar a transmissão de infecções. “Orientamos em quais momentos elas devem sair, quando é preciso fazer alguma intervenção ou ocorre uma emergência”, explica o chefe do serviço, o médico Cassiano Teixeira. As visitas mais longas foram abertas há dois anos e, desde então, os resultados na recuperação dos doentes têm sido satisfatórios. Referência no processo, o Moinhos de Vento coordena o projeto UTI Visitas em parceira com o Programa de Apoio

ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS), do Ministério da Saúde. Segundo Teixeira, esse ambiente mais acolhedor diminuiu em um dia o tempo de internação e reduziu pela metade os delírios dos pacientes – ocorrência presente em quase 80% dos internados de uma unidade intensiva e considerado marcador de piora da evolução clínica. O delírio é uma forma de disfunção cerebral aguda, caracterizada por distúrbio de consciência, atenção, cognição e percepção, que se manifesta por meio de confusão mental. Estudos demonstram que a presença de um familiar junto ao paciente internado na UTI tem o potencial de auxiliar na prevenção, contribuindo para reorientação temporal e espacial, adesão ao tratamento, revisão de medicamentos de uso crônico, controle da dor e minimização do desgaste emocional causado pela internação. Outro diferencial são os leitos. Na nova CTI de reabilitação do hospital, a estrutura dos box individuais dos pacientes possibilita que eles tenham uma visão de 360 graus do ambiente, além de janelas maiores e de uma plataforma que dá acesso a um jardim onde podem pegar sol e ver a rua, junto à natureza e com total monitorização de seus sinais vitais. “O projeto foi feito para termos uma recuperação cognitiva, motora e psicológica mais rápida”, airma o médico. Neste novo espaço, com 17 leitos, também foram instalados equipamentos mais modernos para reabilitação dos pacientes. O médico explica que são encaminhados para essa UTI pacientes que necessitam permanecer mais de uma semana na CTI maior e mais antiga (com

31 leitos) e que estão em uma fase menos aguda da sua doença. O Moinhos conta ainda com uma terceira unidade intensiva, chamada de UTI de curta permanência, com oito leitos. Neste local icam, por exemplo, pacientes que sofreram infarto agudo e isquemia cerebral, e que deverão ser transferidos para um quarto em no máximo três dias. Mesmo após a alta hospitalar, o paciente segue sendo acompanhado por uma equipe multidisciplinar durante o primeiro ano da alta. O ambulatório pós-alta da UTI é formado por uma equipe com proissionais de várias especialidades, que agenda consultas ambulatoriais e faz acompanhamento telefônico. Cerca de 1,5 mil pessoas já receberam esse atendimento, que segue uma metodologia especíica; e os resultados são usados em educação e pesquisa. “Nosso trabalho não termina na UTI. Os pacientes permanecem com muitas doenças e sequelas após a alta, e precisamos continuar cuidando deles”, completa o médico. O esforço do trabalho coordenado pelo hospital foi reconhecido em março deste ano durante o 37º Simpósio de Cuidados Intensivos e Medicina de Emergência, ocorrido em Bruxelas, na Bélgica. O estudo foi escolhido como o melhor trabalho cientíico, por sua originalidade e relevância, entre os mais de 500 apresentados durante a conferência. O projeto também foi referência em um editorial na revista norte-americana Critical Care Medicine, escrito pelo editor da publicação, o médico italiano Alberto Giannini. No texto, ele recomenda a iniciativa como um cuidado assistencial que deve ser seguido em todo mundo.

O Hospital Moinhos de Vento reinaugurou o seu Centro de Cardiologia no dia 28 de setembro, véspera do Dia Mundial do Coração. Com investimento de R$ 2,2 milhões, a unidade, localizada no terceiro andar da instituição, foi totalmente remodelada. Consultórios e leitos foram ampliados; setores, modernizados; e adaptações na estrutura interna proporcionam maior comodidade e privacidade de pacientes, familiares, médicos e colaboradores. Diariamente, mais de 250 pessoas são atendidas no setor. Por mês, são 2,2 mil consultas. Também foi redesenhado o atendimento de enfermagem na angiograia, para garantir maior segurança e qualidade ao atendimento. A sala de recuperação de angiograia passou de cinco para nove leitos. Uma área especíica para controle de equipamentos médicos, órteses e próteses foi implementada para acompanhamento pleno do processo. A otimização dos laboratórios para laudos de exames cardiológicos também faz parte da mudança. A superintendente médica adjunta e chefe do Serviço Médico de Cardiologia do Hospital Moinhos de Vento, Carisi Polanczyk, airma que a instituição também está ampliando a capacidade de realização de exames, que hoje ocorrem diariamente. “Já realizamos muitos exames, cerca de 5 mil por mês, mas vamos tentar dar mais opções para os pacientes”, diz ela. Outra novidade é que já está prevista a aquisição de um novo angiógrafo para substituir o antigo. Segundo Carisi, o projeto foi pensado para gerar melhorias no atendimento, com locais de maior conforto e privacidade para conversar com a família,

por exemplo. “Esta etapa marca um compromisso do hospital em oferecer um diferencial no atendimento ao paciente com condição cardiovascular. Buscamos o que for possível para prevenir, diagnosticar e prontamente tratar os nossos pacientes”, airma a médica, lembrando que o setor, em funcionamento há mais de 10 anos, era o mais antigo da rua Tiradentes. E os investimentos na cardiologia não devem parar por aí. Carisi diz que a próxima etapa é oferecer uma emergência cardiológica para se somar à unidade de internação cardiorrespiratória, que já existe. “No futuro, queremos olhar o paciente cardiopata desde a sua chegada e atender a todas as necessidades”, completa. “Como hospital de referência no País, temos trabalhado de forma estratégica e continua em inovação e tecnologia de ponta. Este investimento signiicativo que realizamos na nova Cardiologia relete o posicionamento de nossa instituição na alta complexidade e medicina de excelência. Tudo isso sem deixar de valorizar o acolhimento e a humanização da assistência, princípios que sustentam a nossa missão”, ressalta o superintendente executivo do Hospital Moinhos de Vento, Mohamed Parrini. O novo Centro de Cardiologia receberá ainda a contribuição de uma escultura de Paulo Favalli, cirurgião plástico do hospital. Escultor, ele irá ceder a peça Cybercor-1, um coração de bronze composto por engrenagens mecânicas, que representa a anatomia do órgão e sua permanente relação com os avanços tecnológicos. Autodidata, o médico venceu o Prêmio Figwal de Escultura. MARCELO G. RIBEIRO/JC

Equipe da nova Cardiologia do Moinhos com Carisi Polanczyk


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Ultrassom, um grande aliado da Medicina de Emergência A cultura da Medicina de Emergência é nova no Brasil. Enquanto em outros países, como os Estados Unidos, já é uma prática consolidada há décadas, essa especialidade médica foi reconhecida aqui apenas em 2015. A boa notícia é que Porto Alegre é uma referência nacional para a formação de médicos emergencistas. E um grande aliado das equipes dentro de uma emergência é a ultrassonograia à beira do leito. O médico emergencista e rotineiro do Hospital Moinhos de Vento, Luiz Fernando Varela, diz que o uso do equipamento é capaz de salvar vidas, pois oferece respostas rápidas e precisas na avaliação de um paciente crítico. “Não se faz Medicina de Emergência sem ultrassom. Hoje, em Porto Alegre, temos o uso dessa tecnologia muito mais disseminada do que em qualquer outra cidade brasileira”, airma. Varela explica que o aparelho adaptado às condições de uma emergência – portátil, menor e mais resistente – é uma ótima ferramenta para obter informações importantes de maneira rápida e

segura assim que o paciente chega ao hospital. “Podemos olhar dentro do paciente, em tempo real, sem causar nenhum dano à sua saúde, pois não é invasivo nem emite radiação. É um exame simples e rápido, que viabiliza a tomada de decisões, muitas vezes salvadoras de vida”, explica ele, lembrando que o exame à beira do leito pelo emergencista não substituiu o procedimento realizado pelo radiologista. “São inalidades diferentes”, destaca. A tecnologia é bastante utilizada em pacientes críticos também nos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Varela ressalta a versatilidade da técnica, que permite avaliar diversos órgãos, como coração, pulmões, bexiga e vasos, importantes do corpo humano. “Nem todo paciente que entra em uma emergência vai passar por esse exame à beira do leito. Ele faz a diferença quando utilizado em casos em que o doente não tem condições clínicas de aguardar ou de o paciente ser encaminhado para outra sala ou setor para fazer radiograia ou tomograia”, esclarece.

O equipamento também permite que vários procedimentos possam ser feitos de maneira mais segura para o paciente quando guiados pela ecograia, como a punção de vasos profundos. Além de detectar a presença de líquido livre intra-abdominal, avaliar estados de hipotensão e choque, veriicar a presença de diurese, determinar condutas em casos de dispneia e insuiciência respiratória aguda, entre outros. Segundo o médico, o ultrassom complementa de forma mais eicaz o exame clínico feito com o estetoscópio, já que proporciona informações com maior riqueza de detalhes. “O ultrassom permite converter todas as informações subjetivas de um exame físico convencional em dados objetivos que podem ser mensurados e compartilhados com maior precisão, independentemente do examinador”, destaca. Com um potencial ainda muito pouco explorado, essa tecnologia – que aumenta a precisão do diagnóstico e a eicácia do tratamento, oferecendo mais segurança ao paciente – certamente se tornará cada vez mais comum nos serviços de emergência.

Equipamento oferece respostas rápidas e precisas, diz Varela

Faixa dos 50 a 70 anos é a de maior risco para o câncer de próstata O câncer de próstata é silencioso. Os sintomas aparecem quando a doença já está em uma fase mais avançada, muitas vezes quando já há metástase. Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) mostram que, em 2016, mais de 61 mil brasileiros foram diagnosticados com a doença. Este é o tumor maligno mais diagnosticado em homens, no Brasil

e o no mundo. O risco para a doença aumenta com a idade, com a maioria dos casos ocorrendo após os 60 anos. A cada ano, segundo o Inca, há 50 mil novos casos. No Rio Grande do Sul, conforme o chefe do Serviço de Urologia do Hospital Moinhos de Vento, Eduardo Carvalhal, este índice deve ser semelhante ou até maior. Como medida de detecção MARCELO G. RIBEIRO/JC

Carvalhal (e) e Menezes apontam avanços na precisão ao diagnósico

precoce, são indicados, a partir dos 50 anos, os exames de toque retal e de Antígeno Prostático Especíico (PSA) uma vez por ano. Se há outros casos na família, a indicação é que estes cuidados sejam antecipados para depois dos 40 anos. Segundo Carvalhal, a predisposição genética pode aumentar em até três vezes o risco de desenvolver a doença. “Para estes pacientes indicamos uma atenção especial, com rastreamento do câncer a partir dos 40 anos. Pessoas da raça negra também são mais suscetíveis”, ressalta. Os casos que acontecem dos 50 a 70 anos são de maior risco, porque, geralmente, tratam-se de tumores mais agressivos. “Normalmente, após os 70 anos, a doença não costuma ter grande impacto na sobrevida”, frisa Carvalhal. O tratamento depende de uma avaliação individual na qual são analisadas a faixa etária do paciente, suas condições clínicas e o risco da doença, a partir dos dados coletados na biópsia e no exame de PSA. “A partir disso, indicamos tratamentos, que

podem ser desde a cirurgia ou radioterapia até acompanhamentos monitorados”, detalha o médico. Na prática, a chamada vigilância ativa é feita em casos de menor agressividade e volume. “Essa conduta vem crescendo. É mais um acompanhamento no qual o paciente é incluído em um protocolo de seguimento que inclui exames periódicos e repetição de biópsia prostática dentro de 1 a 2 anos para avaliar se a doença não está progredindo”, diz. Em 10 anos, em torno de 50% dos casos seguem estáveis e permanecem neste padrão de acompanhamento, enquanto os outros 50% evoluem e requerem outros tratamentos. O câncer de próstata era tradicionalmente detectado por meio de biópsias aleatórias retiradas de todo o órgão, ao contrário de muitos outros tipos de câncer, em que a biópsia é direcionada para a lesão suspeita já identiicada em exames de imagem. No entanto, com a introdução da Ressonância Magnética Multiparamétrica (RNM-MP), a identiicação de áreas suspeitas de câncer de próstata tornou-se mais precisa e segura,

especialmente para tumores de maior risco. Atualmente, a biópsia prostática guiada por fusão de imagens da ultrassonograia com a RNM-MP consiste na superposição das imagens da RNM-MP e da Ultrassonograia Transretal (US-TR). Com isso, durante a biópsia, o médico consegue identiicar com grande precisão os locais em que há lesões suspeitas de câncer e, assim, realizar a biópsia de forma direcionada e segura. “Por exemplo, na ressonância multiparamétrica, foi identiicada uma lesão no lado direito da próstata. Eu transiro as imagens da ressonância para o aparelho, que reconhece estas imagens e, a partir daí, faço todo o procedimento como se fosse a ressonância magnética em tempo real. Com isso, tenho o detalhamento da área suspeita”, explica o coordenador do Serviço de Ultrassonograia do Hospital Moinhos de Vento, Roger Menezes. Ele informa que a técnica permite identiicar mais tumores clinicamente signiicativos que necessitam de tratamento e fazer o diagnóstico com menos fragmentos coletados do órgão.


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CLAITON DORNELLES /JC

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O diagnóstico de alterações da memória cada vez mais preciso O Serviço de Radiologia do Hospital Moinhos de Vento oferece tecnologia de ponta para diagnósticos das alterações de memória. Exames radiológicos, como tomograia computadorizada e ressonância magnética, através de técnicas convencionais e avançadas de neurorradiologia, são realizados pela equipe liderada pelo neurorradiologista Jader Müller. Entre os procedimentos de última geração oferecidos na unidade estão a ressonância magnética de alto campo (3,0 Tesla), incluindo técnica de perfusão cerebral (ASL – Arterial Spin Labeling), Imagem por Tensor de Difusão (DTI), ressonância magnética funcional e Tomograia Computadorizada com Emissão de Pósitrons (PET-CT). Müller explica que a alteração de memória é um comprometimento da capacidade de aprender novas informações ou recordar antigas, e que pode ou não estar associada ao prejuízo das funções cognitivas, neste último caso

conhecida como demência. Estudos mostram que a prevalência de demência varia de aproximadamente 1% em pessoas entre 65 a 70 anos, aumentando conforme o envelhecimento e alcançando até 50% em idosos com mais de 95 anos. “Quanto mais idoso, maior a chance de o paciente ter alteração de memória. No entanto é preciso icar claro que a alteração subjetiva da memória não signiica demência. E nem toda pessoa que apresenta demência tem Alzheimer”, airma Müller. Segundo o médico, uma queixa subjetiva de memória em idoso tem uma baixa acurácia para o diagnóstico de Alzheimer. “Não signiica que a pessoa vai ter a doença, pode ser apenas um transtorno de humor, como depressão, ou de personalidade”, completa. Segundo a Organização Mundial da Saúde, há cerca de 47 milhões de pessoas que sofrem de demência no mundo, das quais cerca de 2/3 têm Alzheimer.

Müller ressalta que nem toda pessoa que apresenta demência tem Alzheimer

Embora já se saiba que é possível envelhecer bem e saudável, é indicado icar atento aos sinais dos familiares com idade avançada e buscar ajuda médica para investigar casos suspeitos. Müller recomenda a consulta com um médico neurologista especialista em distúrbios cognitivos. A partir de um exame clínico, o médico irá avaliar a necessidade ou não de um exame complementar, como a tomograia ou ressonância magnética. O objetivo desses estudos radiológicos, especialmente da ressonância, é fazer o diagnóstico diferencial das patologias que causam demência, como as de natureza cérebro-vascular, hidrocefalia, tumor

cerebral e doenças parkinsonianas, por exemplo. A tecnologia é uma aliada na busca de diagnósticos mais precisos. No Moinhos de Vento, o paciente encontra métodos avançados na ressonância magnética 3,0 Tesla, na qual é possível fazer uma análise morfológica do encéfalo, incluindo a quantiicação com volumetria cerebral, especialmente dos hipocampos. Müller destaca ainda a aplicação cada vez mais preconizada pelas sociedades norte-americana e europeia de neurorradiologia da nova técnica de perfusão cerebral ASL, que faz o análise do luxo sanguíneo cerebral sem a utilização de contraste. “Também oferecemos

outras técnicas já evidenciadas em pesquisas clínicas, como DTI e ressonância magnética funcional”, airma. Outro método disponibilizado pela instituição é o PET-CT neurológico, que avalia a função cerebral através da identiicação de áreas cerebrais com baixo metabolismo (hipometabólicas). O PET-CT é um equipamento híbrido que permite avaliar com precisão o metabolismo dos tecidos através da união de duas tecnologias: a Tomograia por Emissão de Pósitrons (PET), com a Tomograia Computadorizada (CT). Juntas, essas técnicas oferecem uma avaliação muito mais completa e detalhada.

Novo diagnóstico da ibrose hepática pretende substituir a biópsia O Hospital Moinhos de Vento é pioneiro no Sul do Brasil na realização da Elastograia por Ressonância Magnética (ERM), um exame para detectar e quantiicar a ibrose hepática. O hardware foi adquirido pela instituição junto com a compra da última ressonância magnética, em dezembro do ano passado. “Já adquirimos grande experiência, que é demonstrada com exames de excelente qualidade”, airma a médica radiologista e coordenadora da equipe de Radiologia Abdominal do hospital, Alice Schuch. O exame é realizado com um dispositivo colocado adjacente à parede abdominal, na altura do fígado, que transmite ondas mecânicas por vibração. “O equipamento detecta como essas ondas se comportam no fígado, avaliando a sua rigidez. Quanto mais rígido é o fígado, maior é o comprimento da onda e o grau de ibrose”, explica a médica. Segundo Alice, a elastograia por ressonância magnética tem maior precisão para identiicar e estratiicar os estágios iniciais de ibrose em relação aos outros métodos já utilizados, como ibroscan ou ultrassonograia. “Hoje, sabemos que a ibrose é reversível, podendo ser tratada antes que o paciente evolua para cirrose. É importante ser

detectada e estagiada”, observa. De acordo com a médica radiologista, com o software utilizado na elastograia, também é possível identiicar se há acúmulo de ferro ou gordura no fígado e quantiicar de forma objetiva. Atualmente, cerca de 30% da população mundial apresenta esteatose, e há uma epidemia de ferritina elevada. Este método auxilia o clínico a ter parâmetros objetivos para avaliar a resposta ao tratamento. Outros fatores de risco, como hepatites virais, consumo de álcool em excesso e colestase biliar, causam dano ao fígado, podendo determinar inlamação e ibrose – que, se não for tratada adequadamente, pode evoluir para cirrose, que é uma doença crônica. A cirrose é o estágio inal comum às doenças hepáticas crônicas, sendo a 14ª maior causa de mortalidade em todo o mundo. O único tratamento deinitivo é o transplante de fígado. Além da elastograia, o Serviço de Radiologia oferece uma lista completa de exames convencionais e avançados de imagem, sendo uma referência nacional nessa área de atuação. O atendimento ocorre de segunda à sexta-feira e aos sábados.

FREDY VIEIRA/JC

Alice reforça que experiência é demonstrada com exames de excelente qualidade


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GRUPO HOSPITALAR CONCEIÇÃO

Começam testes de novo tratamento para câncer de mama O Hospital Conceição está recrutando pacientes com câncer de mama triplo negativo, com doença avançada ou localizada, para uma pesquisa clínica com o medicamento Atezolizumabe. Essa é a primeira vez em que o Brasil iniciará o estudo de uma nova droga antes dos demais países. Por enquanto, sete pacientes estão em tratamento na instituição gaúcha, e há vagas para mais interessados, desde que se enquadrem nos requisitos exigidos. Não há limitação de cidade, estado ou plano de saúde, segundo o médico José Luiz Pedrini, chefe do Serviço de Mastologista do Hospital Conceição. “O Atezolizumabe tem o potencial de atingir diretamente as

células cancerosas e de ser pouco agressivo ao organismo das pacientes. É uma substância produzida a partir de anticorpos, é segura e passou pelas etapas de testes antes de ser liberada para uso em humanos”, airma o médico. Pedrini diz que o medicamento é um anticorpo, uma espécie de vacina, que vai atuar na célula com o câncer. O Atezolizumabe pode ser administrado em qualquer fase do tratamento do câncer triplo negativo. As pacientes recrutadas neste estudo continuarão recebendo a quimioterapia, que é o tratamento padrão nos casos de câncer. Porém uma parte delas receberá também a nova substância. A aplicação do medicamento é

feita por meio de duas injeções a cada duas semanas. Além do Brasil, outros 27 países estão envolvidos na pesquisa. Os resultados serão comparados entre aquelas pessoas que só izeram o tratamento convencional e aquelas que, além do convencional, administraram essa nova substância de anticorpo. “Se esse braço que usou o anticorpo for bem melhor, aí ele é incorporado ao tratamento. Uma fase seguinte é começar a substituir a quimioterapia só pela medicação”, comenta Pedrini, ressaltando que a eliminação da quimioterapia só seria possível considerando o sucesso do Atezolizumabe, pelo menos após cinco anos de testes.

HOSPITAL ERNESTO DORNELLES

Nova unidade de neurologia e neurocirurgia O Hospital Ernesto Dornelles inaugurou, no inal de agosto, a sua nova Unidade de Neurologia e Neurocirurgia. Tumores cerebrais e da base do crânio, aneurismas cerebrais, patologias complexas da coluna vertebral e distúrbios clínicos cognitivos e de memória serão atendidos no espaço interdisciplinar, formado por neurologistas, isioterapeutas, fonoaudiólogos, nutrólogos, nutricionistas, psicólogos e enfermeiros e, também, pelo Mentes Abertas, grupo terapêutico para pacientes em reabilitação pós-neurocirurgia. Segundo o neurocirurgião Carlos Eduardo da Silva, coordenador da unidade, o investimento irá reduzir o tempo de permanência hospitalar e acelerar o retorno do paciente para casa, minimizando os riscos de

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO E MARKETING/HOSPITAL ERNESTO DORNELLES/DIVULGAÇÃO/JC

HOSPITAL DE CLÍNICAS

Avanço no tratamento da leucemia Uma pesquisa desenvolvida no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), em parceria com o M.D. Anderson Cancer Center, do Texas (Estados Unidos), traz boas notícias e esperança para pacientes com leucemia mieloide aguda que não tiveram sucesso com outros tratamentos, inclusive transplantes de medula. Dois pacientes do hospital gaúcho, que estavam em estado grave, passaram pelo tratamento inovador e estão em remissão (sem manifestação da doença). Chamada de imunoterapia adotiva com células NK (Natural Killer), a técnica desenvolvida no Centro de Terapia e Tecnologia Celular do HCPA consiste na expansão in vitro de células do sistema imunológico, que vão destruir apenas o tumor, sem causar qualquer dano a outros tecidos do organismo. Segundo a coordenadora do projeto, professora Lúcia Silla, esta é uma técnica

pioneira, aplicada apenas no HCPA e no centro norte-americano parceiro. “Parte dos estudos pré-clínicos foi realizada durante doutorado fora do País, contribuindo para esta descoberta, que hoje é aplicada nessas duas instituições”, explica. O projeto vem sendo desenvolvido com apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientíico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul (Fapergs); e também envolve investimentos signiicativos do Clínicas em instalações e pessoal. De acordo com a coordenadora do Grupo de Pesquisa do HCPA, Patrícia Prolla, a iniciativa é um exemplo de transposição de conhecimentos desenvolvidos na pesquisa em saúde para efetiva assistência a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). CLÓVIS PRATES/DIVULGAÇÃO/JC

Equipe interdisciplinar atua no novo espaço, inaugurado em agosto

complicações associadas à internação hospitalar. A nova área contará com as tecnologias mais avanças de atendimento integrado ao paciente neurológico, atuando em disfunções de alta complexidade e difícil acesso.

O Serviço de Neurocirurgia e Cirurgia da Base do Crânio do hospital é referência no tratamento dos tumores complexos que atacam as estruturas nervosas e vasculares da base do crânio.

Lúcia (d) coordena o projeto do Clínicas

HOSPITAL SÃO LUCAS

Hospital da PUC conquista mais alto nível da Organização Nacional de Acreditação O Hospital São Lucas, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs), é um dos poucos hospitais universitários do País a obter a certiicação em Nível 3 da Organização Nacional de Acreditação (ONA), que signiica Acreditado com Excelência. O reconhecimento, vindo em agosto deste ano, demonstra o comprometimento de todas as áreas da instituição com a excelência no atendimento, garantindo alto padrão de qualidade e segurança

para o paciente. “Essa conquista é fruto do trabalho desenvolvido por toda a nossa equipe e uma prova do alto nível dos serviços oferecidos. Isso demonstra nossa capacidade de atingir a excelência em gestão e processos dentro de um ambiente diferenciado, que agrega a busca pelo conhecimento com o desejo de oferecer a melhor assistência”, diz o superintendente do hospital, Matteo Baldisserotto.

Com mais de quatro décadas de serviços à comunidade, o São Lucas desenvolve assistência, ensino e pesquisa em saúde de forma interligada, buscando permanecer atualizado com o que há de mais moderno e eiciente em equipamentos, tecnologia e gestão. O vínculo da Escola de Medicina com os demais cursos da área da Saúde da Pucrs e o Tecnopuc proporciona a integração de professores, especialistas, alunos e empresas, estimulando permanente

aperfeiçoamento e atualização das práticas em saúde. A instituição conta ainda com o Centro de Pesquisa Clínica, que é referência nacional na realização de estudos junto à indústria farmacêutica, além de estimular o desenvolvimento de produção cientíica. Em 2016, 61,94% do total de atendimentos do hospital foi dedicado a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), enquanto 38,06% foi destinado a pacientes particulares e de convênios.


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D I A D O M É D I CO HOSPITAL SÃO CAMILO

HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE SANTA MARIA CAMILA MORAES/DIVULGAÇÃO/JC

Estudos comprovam que, ao abraçar o brinquedo, os recém-nascidos se sentem mais calmos e protegidos

Polvos de crochê ajudam no tratamento de bebês prematuros Bebês prematuros que nasceram na Fundação de Saúde Pública São Camilo de Esteio (Fspsce) receberam um presente especial: polvos de crochê confeccionados por voluntárias do Lions Clube, de Sapucaia do Sul. Os bonecos foram entregues à coordenação da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) Neonatal do hospital, que fez a esterilização dos bichinhos para que as crianças pudessem utilizá-los no projeto Terapia do Octo. A prática surgiu na Dinamarca, foi difundida em outros países da Europa e, há algum tempo, foi adotada em hospitais brasileiros. Voluntárias da instituição doaram 23 bonecos para a casa

de saúde esteiense. “Nos reunimos, entre 10 mulheres, todas as segundas-feiras, para confeccionar os bichinhos de crochê. É um prazer poder ajudar. Somos voluntárias para fazer o bem”, diz Jeanete Reckziegel, moradora de Sapucaia do Sul. “Ao abraçar o brinquedo feito de crochê, os recém-nascidos se sentem mais calmos e protegidos, pois os tentáculos, conforme estudos já desenvolvidos, remetem ao cordão umbilical e dão segurança semelhante à do útero materno, proporcionando um aconchego maior e também melhorando a frequência cardíaca. Cada paciente utiliza um único polvo e, assim que recebe alta,

leva o seu bichinho para casa”, explica o coordenador da UTI Neonatal do São Camilo, Gadiel Oliveira do Canto. Além dos projetos do Lions Clube, o Hospital São Camilo tem outros parceiros que atuam de forma voluntária. O Espaço da Leitura São Camilo é um exemplo. Organizado pela bibliotecária Zilmar Sampaio, o lugar, reservado para aqueles que querem ler, ica no saguão do hospital. Servidora da rede municipal de educação, Zilmar cuida da biblioteca do Centro Municipal de Educação Básica Edwiges Fogaça. No São Camilo, dedica seu tempo livre com contação de histórias para pacientes internados.

HOSPITAL DE CARIDADE DE IJUÍ

Obras da nova radioterapia estão em fase inal Apesar de todas as diiculdades de inanciamento para a saúde, o Hospital de Caridade de Ijuí (HCI) tem buscado alternativas para reverter a crise inanceira que atinge os hospitais ilantrópicos. Uma das metas para este ano é a ampliação do serviço de radioterapia, que promete qualiicar o atendimento aos pacientes, principalmente do Sistema Único de Saúde (SUS) e outros convênios.

Segundo a arquiteta Raquel Radaelli, com a inalização da obra de infraestrutura, que teve investimento de R$ 1,5 milhão, o próximo passo é a última iscalização, prevista para outubro, da equipe de engenharia da Elekta, fabricante do equipamento chamado acelerador linear. “A partir da vistoria, o engenheiro da multinacional irá autorizar o início da instalação

do equipamento, com técnicos vindos dos Estados Unidos ou da Europa. O tempo estimado para instalação do equipamento é de um mês”, disse a arquiteta. A radioterapia do Centro de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon), que é referência para mais de 120 municípios da macrorregião, atualmente compreende uma área física de 384,57 m2 e, com a ampliação, resultará em 667,42 m2.

Jovens e crianças recebem orientação sobre atividade física De acordo com o Ministério da Saúde, um a cada cinco brasileiros está com sobrepeso. Entre as principais causas estão o aumento do consumo de produtos industrializados e o sedentarismo. Atento a essa realidade, o Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM) criou um Grupo Multidisciplinar de Cuidados com Obesidade e Diabetes. Familiares e pacientes atendidos nos ambulatórios de Endocrinologia e Pediatria que estão acima do peso são convidados a participar dos encontros mensais e acompanhados durante um ano. Eles recebem informações para promover a reeducação alimentar e melhorar a qualidade de vida. “Abordamos a prevenção das doenças crônicas na idade adulta, como diabetes e hipertensão. Orientamos sobre o que é mais adequado comer, que a atividade física é prazerosa. Se não houver

a colaboração da família, não dá certo”, airma a pediatra Heloísa Ataíde Isaia. A cada encontro do grupo também é feita a veriicação de peso, altura, circunferência abdominal e frequência cardíaca da turma, que tem idades entre 8 e 14 anos. Atualmente, o sobrepeso ou a obesidade em crianças de 5 a 11 anos variam de 18,9% a 36,9%,respectivamente, e de 16,6% a 35,8% em adolescentes de 12 a 19 anos. Segundo Heloísa, tem se tornado cada vez maior a incidência de crianças obesas, principalmente pelos hábitos de vida, como má alimentação e o sedentarismo. “Hoje, o entretenimento ocorre em frente à tela do celular, do tablet e do computador. O espaço físico para correr, andar de bicicleta e jogar bola está cada vez mais restrito. Por isso, é preciso estimulá-los”, observa. MARIANGELA RECCHIA/DIVULGAÇÃO/JC

Grupo Mulidisciplinar inceniva práica de duas horas diárias

HOSPITAL VIRVI RAMOS

Instituição completa 60 anos O Hospital Virvi Ramos chegou aos 60 anos. Referência em pioneirismo, foi a primeira instituição do interior do Estado a realizar transplante renal, em 1984. Também foi o primeiro de Caxias do Sul a constituir um serviço de home care, criado em 1998, com o qual o paciente é atendido em casa. O serviço, que está em funcionamento até hoje, envolve uma equipe formada por enfermeiros, técnicos de enfermagem, médicos, isioterapeutas, nutricionistas e fonoaudiólogos. O hospital também foi o primeiro do Interior a conquistar o título de Acreditação Hospitalar

Plena, que atesta a qualidade de todos os procedimentos, considerando níveis internacionais de excelência em atendimento e proteção ao paciente. Para comemorar o aniversário, está em construção o Complexo de Saúde e Educação Virvi Ramos, concentrado em três pilares: tecnologia, estrutura física privilegiada e desenvolvimento de pessoas. Fruto de dois anos de pesquisa sobre as necessidades de Caxias do Sul e região nos setores de saúde e educação, o novo espaço estará localizado na mesma área que abriga hoje o hospital e a Faculdade Fátima.


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Quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Jornal do ComĂŠrcio


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