Matéria - Jornal Pioneiro de 11 de agosto de 2020

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TERÇA-FEIRA, 11 DE AGOSTO DE 2020

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Procura-se um

GRANDE LAR

Pandemia e home office ampliaram interesse das famílias por imóveis amplos,com pátio ou afastados dos grandes centros FOTOS ARQUIVO PESSOAL, DIVULGAÇÃO

NOELE SCUR

noele.scur@rdgaucha.com.br Especial para o Pioneiro

GUSTAVO MARTINS

Viver num sítio afastado, ter à disposição um apartamento maior ou criar os filhos numa residência com pátio sempre foram desejos de muitas famílias na hora de trocar de imóvel ou comprar a primeira casa própria. A pandemia, porém, fez com esses objetivos ganhassem ampla adesão. Antes do coronavírus, a tendência era o crescimento de imóveis pequenos, já que grande parte da família passava mais tempo fora. Atualmente, o crescimento do home office e das aulas a distância inverteu a procura.O período de isolamento social também despertou um maior interesse pelos lugares onde se mora. Sai de cena o conceito de casa apenas como dormitório e anseia-se por um lar com espaço diferenciado. De acordo com o vice-presidente da Associação de Imobiliárias de Caxias do Sul (Assimob), Gabriel Rocha, os clientes estão buscando espaços físicos com maiores metragens. – A pandemia mudou a necessidade e como as pessoas procuram imóveis hoje. Elas estão buscando mais estrutura porque estão ficando o dia inteiro na casa ou no apartamento. E com as crianças tendo aula em casa também precisam ter um pátio que, mesmo isoladas, não fiquem fechadas.Quem tem possibilidade, está mudando –

afirma Rocha. Os imóveis adaptados têm saído do foco dos consumidores e uma nova dinâmica se desenha no mercado imobiliário. – O novo comportamento é a busca por salas grandes e áreas de lazer. As pessoas passaram a buscar imóveis maiores e chácaras para ter espaço ao ar livre. Não podemos dizer que esse movimento veio para ficar, o que sabemos é que esse é o momento – complementa Fernando Gonçalves, integrante do conselho da Assimob. Nessa nova leva, as pessoas têm procurado residenciais no litoral gaúcho e até mesmo em Gramado ou Canela por serem cidades menos tumultuadas e mais estruturadas. Segundo o vice-presidente da Assimob, a procura por imóveis na praia teve um aumento de 40% e a busca de domicílios na Serra gaúcha cresceu aproximadamente 25%. Outro principal requisito para a aquisição de um imóvel durante a quarentena é a presença de pátios grandes e sacadas mais amplas. Conforme o corretor imobiliário Jones Longui, o novo cenário de convívio tem feito os clientes procurarem espaços de socialização familiar em áreas externas e abertas também. – Tanto em vendas quanto em locações, o pessoal tem buscado casas individuais, com o principal requisito do pátio para os pets e para a privacidade da família. Eles querem que seja um momento de afastamento, mas que não seja entre paredes – esclarece Longui.

Médico Roberto Koehler Ribeiro e os filhos buscaram refúgio em condomínio no Litoral Norte

“Buscamos infraestrutura para nos sentirmos confortáveis” Com o nascimento da filha Olívia e com a implementação do teletrabalho na empresa, o coordenador de importação Guilherme Giordani, 31, percebeu a necessidade de mudar de moradia durante a pandemia. No final do mês, ele e a mulher Veruza deixarão o apartamento do bairro Bela Vista para residir em um maior no Panazzolo. – Quando a gente fica mais em casa, nota os defeitos e as necessidades que vão surgindo. Anteriormente, a gente morava em um apartamento de 50 me-

tros quadrados e a agora praticamente dobrou o tamanho do imóvel.Buscamos também uma infraestrutura melhor para nos sentirmos mais confortáveis dentro de casa, justamente pela experiência que tivemos com a pandemia – conta. O médico anestesiologista caxiense Roberto Koehler Ribeiro, 53, encontrou uma outra forma para amenizar a preocupação que o enfrentamento da pandemia vem ocasionando.A família dos pais de Roberto optou por trocar o apartamento que tinha

em Capão da Canoa por um imóvel num condomínio fechado na praia de Atlântida.Ele e os filhos Enrico, 15, e Marco, 11, viram a residência no litoral como uma forma para não ficarem fechados somente em casa, o que gera muito estresse. – Tanto eu quanto os meus filhos gostamos muito de praia. É uma maneira de desestressar um pouco, uma válvula de escape. O meu hobby é correr na rua, então lá fico bem à vontade, ao ar livre, perto da praia. Muito agradável – descreve Roberto.

SAIBA MAIS ❚ A crise também impactou o mercado imobiliário no início mas, com o tempo, o setor voltou a movimentar mesmo que com um perfil diferente. Conforme a Assimob, nos meses de março e abril deste ano, a queda chegou a 50% na procura por compra de imóveis em relação ao ano anterior.

Guilherme e Veruza trocarão moradia atual por apartamento maior

❚ Passado o pior, o setor estabilizou e atualmente é considerado normalizado,

segundo Fernando Gonçalves, conselheiro da Assimob. ❚ Conforme a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o setor iria crescer 3% neste ano no país. No entanto, com a pandemia, avisos de atrasos em lançamentos de construções já são realidade, conforme o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon),

Rodrigo Postiglione. A estimativa é de que 75% dos lançamentos previstos para meses de pandemia tenham sido adiados para o final do ano. ❚ A procura por espaços comerciais diminuiu. O gerente de vendas em uma imobiliária, Marcos Meletti, diz que o novo formato de trabalho nas empresas vem tirando cada vez mais a importância do escritório tradicional.


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