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DOSSIÊ
ESPANHA
Hidrogénio a todo o gás Com um plano para posicionar Espanha como referência tecnológica na produção e utilização de hidrogénio renovável e no âmbito de um desígnio para dotar o país de uma economia descarbonizada, o país vizinho aposta na promoção da cadeia de valor do hidrogénio e na sua integração nos processos de produção. Com projetos a decorrer em praticamente todas as regiões, Espanha espera alcançar uma capacidade de produção de 4 GW até 2030.
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epois de aprovados os Planos Estratégicos para a Recuperação e Transformação Económica (PERTE) do veículo conectado e do setor da saúde, o governo espanhol aprovou recentemente o PERTE para as Energias Renováveis, Hidrogénio verde e armazenamento. Todos os grandes grupos espanhóis estão a posicionarse para participar neste plano que tem como objetivo alcançar uma capacidade de produção de 4 GW até 2030, ou seja, 10% do total da União Europeia. O plano conta mobilizar 16.300 milhões de euros, dos quais 6.900 milhões de euros de investimento público. Para o hidrogénio verde serão canalizados 4.355 milhões de euros de investimento total, dos quais 1.555 milhões de euros são de investimento público. Em relação ao consumo de hidrogénio em Espanha, estima-se que ronde as 500.000 t/ano (o que se traduz em 16,65 TWh-ano), sendo maioritariamente hidrogénio cinzento e utilizado como matéria-prima principalmente nas refinarias (cerca de 70%) e em fabricantes de produtos químicos (25%), sendo o restante consumo residual correspondente a setores como o metalúrgico. Participação social
Num documento de divulgação do PERTE, o governo espanhol refere que o posicionamento energético permite colocar o país numa posição de liderança em torno do hidrogénio renovável, um vetor energético com alto potencial para os setores mais difíceis para descarbonizar, como a indústria ou o transporte pesado. Além disso, outras alavancas como o armazenamento por meio de baterias ou outras tecnologias e gestão inteligente da procura pode contribuir para um sistema elétrico mais flexível e inteligente, necessário para a integração completa de energias renováveis no sistema energético espanhol. Toda a cadeia de valor associada às energias renováveis,
hidrogénio e armazenamento pode gerar dezenas de milhares de empregos diretos em áreas que podem abarcar desde a produção componentes ou trabalhos de engenharia até à construção ou manutenção de instalações. Vislumbra-se também a inovação e a criação de empregos em novos modelos de negócios e nichos em torno da transição energética, que contribuem com um forte efeito impulsionador da economia. O governo espanhol defende que a transição energética e estes novos modelos são também uma oportunidade de participação social: os cidadãos, as PME e as administrações deixaram de ser apenas consumidores para poderem também gerar, armazenar, gerir ou partilhar a sua própria energia, com a promoção de soluções como o autoconsumo ou comunidades energéticas. Além de uma maior capacidade de decisão e um desenvolvimento energético mais alinhado com as necessidades do território, esta participação social permite também um maior retorno social e económico da transição energética para os cidadãos. O documento realça que Espanha não está a começar do zero e tem um Quadro Estratégico de Energia e Clima que desenvolve as oportunidades, políticas e medidas da transição energética para as próximas décadas.