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VELHOS? São os Trapos!
A população sénior representa uma fatia muito grande da pirâmide etária portuguesa, a sua capacidade de compra é superior à dos mais jovens. Isto são dados fundamentais a ter em conta. Mas não chega. A questão é: quem são os velhos de hoje? E a resposta é: velhos são os trapos!
Em 2015 eram 900 milhões as pessoas acima dos 65 anos a nível mundial. De acordo com a OMS, em 2050 serão 2 bilhões, o equivalente a um quinto da população mundial. Diz o Instituto Nacional de Estatística num estudo que em 2018 analisou a Península Ibérica em números, que Portugal é um dos países mais envelhecidos da União Europeia.
O que é que este retrato sugere?
O velhinho curvado de bengala, aquele ícone muito utilizado nas sinaléticas de lugares prioritários nos transportes públicos, nas filas dos supermercados e noutros locais públicos? É natural que sim. Mas esses não são mais os velhos de hoje!
Se estivermos um bocadinho atentos à paisagem, é comum e bonito de ver, pessoas acima dos 65 anos a correr na praia, a fazer a sua caminhada matinal no parque, a fazer a sua vídeo chamada com o filho que vive em Londres, a atualizar o seu perfil nas redes sociais, a ir buscar os netos à escola, a voltar à faculdade ou aos projetos de voluntariado, etc...
Em suma, permanecem cada vez mais ativos e atuais e em muitos casos não é a idade da reforma que os afasta da sua atividade profissional. Se voltarmos à análise geracional que fizemos no “Generation Gap”, os baby boomers, que ainda há pouco nasceram, são hoje os novos idosos!
Certo é que a classe sénior cultiva alguns interesses comuns, como é exemplo a saúde, a família e o bem-estar. Estes são temas que dominam a tabela de prioridades na terceira idade. Depois, e com mais tempo livre vêm os hobbies e esses, salvo algumas exceções, mantêm-se vivos. Uma senhora que sempre gostou de ir ao cinema, vai continuar a fazê-lo agora possivelmente com mais frequência porque tem mais tempo! O senhor que sempre cultivou o seu gosto pela música, provavelmente hoje não vai perder a possibilidade de ver ao vivo alguns dos seus ídolos e por isso não vai perder um bom concerto! E ambos compram os seus bilhetes online!
Ora, se é verdade que a geração sénior está cada vez mais familiarizada com o digital, também é verdade que podem demorar mais tempo a abandonar alguns meios tradicionais
Os idosos de hoje são pessoas de vigor, cheias de saúde e vitalidade.
Os Novos Velhos
"Os dados de um novo estudo nacional desmistificam a ideia de que os idosos são todos dependentes, dementes e doentes. Entre os portugueses com mais de 65 anos que vivem nas suas casas, mais de 80% não tem défice cognitivo e mais de 70% é independente nas tarefas diárias. A velhice está a mudar. Mas, avisam os especialistas, é preciso acabar com o preconceito que existe na sociedade."
“Os mais velhos de hoje em dia são diferentes dos mais velhos das gerações anteriores”
O crescimento da população com mais de 60 anos representa uma das “maiores transformações sociais” e, ao mesmo tempo, “os mais velhos de hoje em dia são diferentes dos mais velhos das gerações anteriores”. “Há que mudar o paradigma: os mais velhos deixarem de ser um problema para passarem a fazer parte da solução. Não serem vistos e tratados como um peso”, defende Mónica Chaves, fundadora e responsável da agência de comunicação Brandkey e da Idade Maior. Algo que inclui o combate ao idadismo – o preconceito baseado na idade
No futuro, as pessoas “nas idades superiores” serão “muito diferentes das pessoas de hoje que estão nesse escalão etário”, nomeadamente devido a maiores qualificações e à relação com as tecnologias, e a diversidade “vai ser cada vez maior”. “Mas há traços em comum: pertencem ao mesmo grupo etário, estão particularmente dependentes das transferências sociais e encontram-se maioritariamente fora do mercado de trabalho.”, defende a demógrafa Maria João Valente Rosa, professora da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.