HajaSaúde! - Maio/Junho 2017

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Edição nº 4 | Junho 2016 | Distribuição Gratuita

Missão: Medicina

HajaEntrevista! a Doutor Nelson Pita de Olim HajaSexualidade! As Mulheres em Guerra HajaCrónica! Síria: Os efeitos da guerra nos cuidados de saúde


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Índice

Ficha Técnica Contactos Email: hajasaude.ecs@gmail.com | Site: http:// hajasaude.ecs.wixsite.com | Facebook: https:// www.facebook.com/hajasaude.ecs | Instagram: hajasaude.ecs Morada Campus de Gualtar, Universidade do Minho Escola de Medicina da Universidade do Minho, 4710-057 Braga, Portugal Registo na Entidade Reguladora da Comunicação com o número 126906 Impressão e Acabamento Graficamares Rua do Parque Industrial Monte Rabadas, 10 PROZELO 4720-608 AMARES | Telefone: 253 992 735 – 253 995 297 | Fax: 253 995 298 | Email: geral@graficamares.pt Tiragem: 3000 exemplares Diretor: Gonçalo Cunha Editor: Alumni Medicina Editor-chefe: João Lima Co-editores: João Dourado e Gonçalo Cunha Redatores: Ana Sofia Milheiro, António MateusPinheiro, Gonçalo Cunha, Inês Braga, Inês Braga, João Barbosa Martins, João Lima, Jorge Machado, Jorge Silva, Mário Carneiro, Núria Mascarenhas, Pedro Peixoto, Sofia Leal Santos, Tiago Rosa, João Dourado, Sara Leão e Rosélia Lima Revisor linguístico: Jéremy Fontes

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HajaEditorial!

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HajaICVS! “Uma função inesperada dos neurónios D2 na motivação”

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HajaBreves! “300 estudantes tornam-se cientistas por um dia na Escola de Medicina” “A Gata de Quarentena”

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HajaEntrevista! a Doutor Nelson Pita de Olim

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HajaCrónica! “Síria: Os efeitos da guerra nos cuidados de saúde”

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HajaSexualidade! “As mulheres na guerra”

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HajaGula! “Espetada de Salmão com Abacaxi”

Design gráfico: Catarina Fontão

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HajaCinema! “O Herói de Hacksaw Ridge” “Dunkirk”

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HajaLiteratura! “Os Médicos da Morte”

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HajaMúsica! “Medicina na Guerra”

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HajaDesporto!

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HajaPaciência! “Cofre Improvisado” “A Celebração do ‘Grande Ditador’”

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HajaHumor! “Conselhos da Rebecca”


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HajaEditorial por Gonçalo Cunha [3º ano]

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istantes vão os tempos em que o Homem recorria aos seus sentidos para sobreviver…. Distantes vão os tempos em que esses mesmos sentidos eram a única ferramenta que auxiliavam o Homem nas mais diversas tarefas.... Distantes vão os tempos em que existir implicava uma grande necessidade de afirmação gerando um completo estado de tensão e guerra. Será que desde essa época alguma coisa mudou? Certamente mudaram as ferramentas que temos ao nosso serviço para os mais diversos fins, contudo, não mudou o espírito e necessidade de afirmação do Homem nas diversas áreas da ação humana. Mudam-se os tempos mas não as vontades, ao contrário do que Pessoa dizia e, felizmente, que não, pois é graças à ambição e à necessidade de afirmação que contamos, nos dias de hoje, com ‘armas’ importantíssimas na prática da boa Medicina. A história da Medicina é, como todas as histórias, densa, extensa e complexa, mas, apesar disso, não podemos negar a sua importância na história da humanidade que, por sua vez, contribuiu para o desenvolvimento da arte médica e para a forma como olhamos para os doentes e para as doenças. Poderia referir episódios marcantes desta história embora não o vá fazer para não tornar maçuda esta que é uma pequena introdução a esta edição que toda a equipa do HajaSaúde! preparou a pensar nos seus leitores e seguidores. O passado é um importante determinante do presente e do futuro e, como tal, não esqueçamos que o ‘Homem é o Homem e a sua circunstância’ sendo, por isso, fundamental, olhar para trás para perceber de onde vimos para podermos perceber quem somos e para onde vamos.

“A História da Medicina demonstra que o que era inconcebível ontem e dificilmente realizável hoje, frequentemente se torna rotina amanhã.” Thomas Starzl


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HajaICVS! Uma função inesperada dos neurónios D2 na motivação Quais são as principais descobertas deste trabalho? Quando o ser humano executa uma acção que satisfaz uma necessidade ou desejo, sente prazer. Esta percepção de prazer é importante para a sobrevivência pois permite que o individuo procure e se esforce por aquilo que lhe agrada, satisfazendo assim as suas necessidades. Este circuito é constituído por várias áreas cerebrais, entre as quais tem especial importância o nucleus accumbens. O nucleus accumbens possui dois tipos de neurónios principais designados por neurónios D1 e os D2, que se pensa terem funções contrárias no comportamento. Tradicionalmente, os neurónios D1 estão associados ao processamento de estímulos positivos/prazer, enquanto que os neurónios D2 têm um papel preponderante na resposta a estímulos negativos. Neste trabalho testamos roedores num teste comportamental cuja premissa é que quanto mais motivados estamos, mais trabalhamos para receber algo de que gostamos. Em suma, os animais têm que carregar numa alavanca para receber um pellet açucarado que eles apreciam bastante. Ao longo dos dias, aumenta-se o número de vezes que o animal tem que carregar na alavanca para receber esse mesmo pellet, até desistir. Neste trabalho mostramos que tanto os neurónios D1 como os D2 do nucleus accumbens eram activados durante esta tarefa que e quanto maior a motivação do animal, mais neurónios de ambos os tipos estavam activos. Usando optogenética para activar selectivamente cada população neuronal, mostramos que activando tanto os neurónios D1 como os D2 durante a tarefa aumentava drasticamente a motivação dos animais, fazendo com que eles carregassem mais vezes na alavanca para

conseguir o pellet. Ao invés da activação, a inibição dos neurónios D2 diminuía a motivação dos animais. Estes resultados foram surpreendentes porque mostravam que ao contrário do esperado, ambas as populações neuronais tinham um papel promotivação. Este tipo de estudos é importante para perceber melhor como funciona o sistema de recompensa, que se sabe que está disfuncional em patologias como a depressão e a adição. Qual a relevância/impacto que este trabalho pode ter para a sociedade? Este trabalho é importante para compreender melhor o circuito de recompense, que se sabe estar disfuncional em patologias como a depressão e a adição. Quais as perspetivas futuras do trabalho? Vamos continuar a tentar perceber qual é o papel destes neurónios D2 na motivação e recompensa e de que forma é que a sua actividade é controlada quer localmente quer por áreas cerebrais que conectam com o nucleus accumbens. Também estamos a estudar qual é o papel destes neurónios na resposta a drogas de abuso e no contexto da depressão. Link para o trabalho: http://www.nature.com/ncomms/2016/160623/ ncomms11829/full/ncomms11829.html Soares-Cunha C, Coimbra B, David-Pereira A, Borges S, Pinto L, Costa P, Sousa N, Rodrigues AJ. “Activation of D2 dopamine receptorexpressing neurons in the nucleus accumbens increases motivation.” Nat Commun. 2016


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HajaBreves!

João Lima [3º Ano]

300 estudantes tornam-se cientistas por um dia na Escola de Medicina O instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) recebeu, no passado 27 de março, mais de 300 estudantes do distrito de Braga de vários níveis de ensino. No átrio da Escola de Medicina estiveram montadas atividades experimentais, onde os participantes puderam, por exemplo, identificar no microscópio os principais agentes que provocam doenças e que são estudados no ICVS. Estas visitas acontecem no âmbito da Semana da Epidemia de Ciência, promovida pela Escola de Medicina da Universidade do Minho visando dar a conhecer alguma investigação que se desenvolve no ICVS. A Gata de Quarentena O cortejo académico das monumentais festas do enterro da gata debruçou-se sobre o tema “A Gata de quarentena”. Nele participaram 54 carros alegóricos, cada um deles de um curso da Academia Minhota. Carro após carro, cada um dava o melhor de si. Se para uns, a diversão era o mais importante, para outros, ganhar o 1º lugar era um dos objetivos. Com o último carro a passar às 22h30, deuse assim por encerrada mais uma edição do Cortejo Académico das Monumentais Festas do Enterro da Gata ‘17. A noite continuou no Gatódromo e foi Quim Barreiros, que anunciou os três grandes vencedores deste Cortejo Académico: Em primeiro lugar ficou Gestão, em segundo ficou Enfermagem e em terceiro lugar do pódio ficou Medicina. O tema, Gata de Quarentena, exalta os 40 anos de contínua preocupação da Associação Académica da Universidade do Minho com o estado de saúde do Ensino Superior, defendendo uma aposta do país na construção de uma sociedade mais qualificada.


Doutor Nelson Pita de Olim


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HajaEntrevista!

por João Dourado [4º ano]

HajaSaúde! (HS): Boa tarde, Doutor. Antes de mais deixe-me agradecer a sua colaboração; Acredite que enaltece em muito esta edição do nosso HajaSaúde!, uma vez que esta incide sobre “Medicina Humanitária”, nomeadamente em zonas de guerra. Esta realidade que lhe é bastante familiar. Quer falar-nos um pouco da sua experiência passada neste âmbito? (nomeadamente número e missões em que já participou, anos de experiência e com que organizações, etc.)

parte do meu treino, em Israel, em 2002 durante a segunda intifada. Assim que pude comecei a fazer INEM, quase 8 anos de Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) e, mais tarde, helicóptero. A medicina militar era o próximo passo natural e, entrei para a Marinha onde estive cerca de 5 anos. Ao sair da Marinha achei que tinha as competências necessárias para começar a fazer cirurgia de guerra e candidatei-me ao CICR… Portanto, foi um conjunto de opções que me trouxe até aqui.

Doutor Nelson Pita de Olim (Dr. NPO): A primeira missão foi em Banda Aceh em 2005, com o Hospital de Campanha que estava à guarda da Autoridade Nacional de Proteção Civil, alguns dias depois do Tsunami de Dezembro 2004. Mais tarde, em 2008, fiz uma missão em Timor com a Marinha Americana a bordo do maior navio hospital o mundo, o USNS Mercy. Entretanto, estive no Kosovo e depois comecei a fazer missões com o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICR). Comecei no Sudão do Sul, depois Yemen, voltei ao Sudão, depois Paquistão…

HS!: Considera que a especialidade de Cirurgia Geral abre portas nesse sentido? Que outras especialidades considera relevantes e essenciais no terreno?

Entretanto, em 2014, comecei a trabalhar exclusivamente para o CICR. A partir desse momento, as missões passaram a ser uma combinação de cirurgia, diplomacia, avaliação, monitorização… e cobrem uma área muito maior… Nigéria, Iraque, Líbano, Israel, Gaza, Egipto, Afeganistão, Bangladesh, Ucrânia, Arménia, Azerbaijão… HS!: Como surgiu esta vontade de ser membro ativo nos cuidados de saúde, em frentes de guerra? Adicionalmente, o que fez para alcançar esse objetivo? Dr. NPO: Não foi uma decisão. Foi um conjunto de circunstâncias, uma história… Para começar, fui educado no Colégio Militar portanto, de alguma forma, o ambiente militar sempre me foi familiar. Profissionalmente, sempre gostei de trauma. Escolhi Cirurgia Geral… Fez

Dr. NPO: A Cirurgia Geral (na sua versão anos 70, quando era realmente geral) é a especialidade que mais naturalmente se adapta a este tipo de trabalho, mas outras como Vascular, Ortopédica ou Plástica têm também o seu lugar nestes cenários de conflito. Idealmente, e cada vez mais, seria produzir cirurgiões que consigam dominar, pelo menos, as técnicas cirúrgicas de emergência destas várias especialidades e, adicionalmente, algumas técnicas de Neurocirurgia e Obstetrícia. HS!: O trabalho que desempenha baseia-se no sentido de voluntariado ou constitui-se como outra vertente profissional da sua prática médica? Dr. NPO: Hoje em dia é uma outra vertente profissional, o CICR não trabalha com voluntários. HS!: Certamente este tipo de missão não será possível, fisica e mentalmente, a qualquer um. Considera haver alguma limitação para exercer Medicina em contextos bélicos? Ou, por outro lado, consegue delinear um “perfil-tipo” de um médico com aptidões para tal?


8 // HajaEntrevista

Dr. NPO: Saúde física e mental são fundamentais para qualquer tipo de missão fora da nossa zona de conforto. Além da competência profissional, adicionalmente eu diria, disciplina, resiliência, paciência, capacidade de se adaptar a situações complexas, resistência à frustração e sangue frio. HS!: O facto de estar envolvido neste tipo de situação tão extrema acarretará, certamente, alguns riscos a nível pessoal. Como lida com esta realidade? Dr. NPO: Existe, obviamente, um risco a nível pessoal, mas é um risco calculado. Não muito diferente do risco de entrar num avião ou num carro todos os dias para ir trabalhar. HS!: Apesar dessa constante iminência de perigo consegue conciliar a sua vida profissional “de risco” com uma vida pessoal estável? Dr. NPO: A resposta, infelizmente, é não, mas acredito que tal seja possível. HS!: Qual foi a situação mais perigosa em que se encontrou? E a mais fascinante? Dr. NPO: Não tenho experiência em situações perigosas… ou, se calhar, aquilo que eu considero perigoso está uns pontos acima daquilo que a maioria das pessoas considera perigoso. Em termos de fascínio… cada missão é única e, até hoje, foram todas fascinantes, pela experiência que proporcionaram, pelas

pessoas e pelos lugares que conheci, pelo potencial que vi para o futuro. HS!: Sabemos que, por vezes, a sua equipa auxilia povos e tropas que, sob os olhos rápidos do ocidente, podem ser vistos como “terroristas”. As questões morais, religiosas e éticas são muitas vezes postas em causa? Como lida com estas situações? Dr. NPO: Neutralidade, imparcialidade e independência são, a meu ver, fundamentais. Enquanto médicos, tratamos seres humanos feridos que se apresentam despidos da sua religião, ética ou moralidade. Aprendi que o mundo não é preto e branco. Há muito cinzento dependendo da forma como vemos o problema. Tendo, várias vezes, trabalhado em ambos os lados de um conflito, fiquei impressionado como os argumentos que me são apresentados por ambos os lados me pareceram extremamente válidos… Deixei de fazer julgamentos. Tento compreender os factos e, cada vez mais, compreender a história. HS!: Visto que todas estas missões são tidas em locais estrangeiros, muitas vezes em locais onde a população não é fluente em inglês, como é ultrapassada a barreira linguística? E a nível cultural, é difícil? Dr. NPO: Falar várias línguas é uma vantagem. Felizmente, para mim, entre português, espanhol, inglês e francês já consigo um bom leque de interlocutores.


HajaEntrevista //

Ando, a tentar, aprender o árabe mas, o tempo não me permitiu ir além da leitura básica. HS!: Agora, numa perspetiva futura, já sabe qual será a sua próxima missão? Dr. NPO: Em princípio, Republica Democrática do Congo em junho. HS!: Há algum tipo de preparação prévia envolvida (de equipa e a nível pessoal)? Dr. NPO: A nível de equipa, na maioria das situações, trata-se de missões que já estão a decorrer há vários meses ou mesmo anos, pelo que, este é um processo habitual de ir substituindo os vários elementos. A nível pessoal, o processo de preparação passa por recolher o máximo de informação possível sobre o local, o contexto, os problemas, e tentar, da melhor forma possível, estar física (incluindo vacinas e medicações) e psicologicamente apto. HS!: Depois de tantos anos no ativo, consegue imaginar-se a transitar para a rotina hospitalar? Crê que alguma vez terá de o fazer? Dr. NPO: Em inglês, eu diria que essa é a Million Dollar Question… Não tenho uma resposta clara nem para mim mesmo… HS!: Sendo que a maior parte dos nossos leitores são, ainda, estudantes de Medicina, certamente, muitos deles, têm interesse nesta temática e área. Que conselhos lhes pode dar se quiserem seguir uma carreira próxima da sua?

Dr. NPO: Eu diria que o mais importante é ser consistente e persistente na forma como fazemos as nossas opções profissionais. Escolher a nossa área de interesse assim que nos sentirmos confortáveis com as perspetivas, mas tentar ser o mais generalista possível e nunca esquecer que um médico que só sabe de medicina, nem de medicina sabe. HS!: E por enquanto? Para os alunos, há algum tipo de projeto em que possam ser integrados que vá de encontro a este tipo de “aventura”? Dr. NPO: Existem diversas ONG que proporcionam este tipo de experiência do ponto de vista pessoal (o que não deixa de ser interessante), mas, na verdade, a satisfação profissional só virá quando forem autónomos na sua área de interesse. HS!: Há alguma mensagem final com que nos queira deixar? Dr. NPO: A opção pela carreira humanitária tem um preço pessoal muito alto. É preciso ter em conta que, apesar de parecer uma atividade muito “sexy”, trata-se de um trabalho muito duro, com muitas restrições e alguns riscos. A recompensa é essencialmente pessoal e não financeira. HS!: Muito obrigado, novamente, pela sua colaboração. Certamente o seu input será muito útil para todos os nossos leitores! Em nome da equipa do HajaSaúde!: boa sorte para a sua próxima missão!

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HajaCrónica! Pedro Peixoto [MD/PhD Student]

Síria: Os efeitos da guerra nos cuidados de saúde

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esde 2011 que a Síria se encontra numa guerra civil debilitante, que já lavra em sangue por seis anos. Como efeito direto, o sistema de saúde sírio tende a colapsar, com uma capacidade de resposta cada vez mais reduzida. Segundo a revista The Lancet, este é um problema que decorre de duas frentes diretas: por um lado, o aumento da necessidade da disponibilidade de cuidados, por via das vítimas decorrentes dos ataques armados; por outro lado, o facto da própria infraestrutura material e humana serem, eles próprios, alvos militares por excelência, numa guerra que acaba por assegurar aniquilação mútua garantida. Aliase o facto da comunidade internacional ter dado espaço a que este ataque preferencial dado à infraestrutura de saúde se torne cada vez mais atroz. No combate às doenças infeciosas, as condições higieno-sanitárias, nomeadamente o acesso a fontes de água potável e a existência de saneamento, apresentam um papel de enorme importância. Devido à guerra prolongada, nem existe reparação da infraestrutura montada, por um lado, ao mesmo tempo que esta é, ela própria, alvo a atingir. Além do mais, a população civil acaba por se aglutinar em campos de refugiados, tanto no país, como fora, onde a facilidade com que as doenças se propagam é exponencialmente aumentada. Acrescenta-se ainda a falência do programa de vacinação, onde agora toda uma nova geração é privada de proteção contra doenças como a poliomielite, que começa agora a aumentar a proporção entre os nascidos durante a guerra. No entanto, como nos mostra M. Doganay, outras infeções, como o sarampo, leishmaniose, hepatite A, malária e tuberculose multirresistente crescem também a ritmos alarmantes. Mais ainda, o acesso a antibióticos é cada vez

mais fugaz e limitado, reduzindo ainda mais as possibilidades de sobrevivência de um qualquer doente agudo neste país. Em resultado da brutalidade crescente dos ataques, da desumanização que corre no conflito e da cronicidade desta guerra, a gravidade e número de feridos não para de aumentar, aos quais a estrutura remanescente não consegue dar resposta. Mais, e como ilustra um estudo de Ozdogan et al, de 2016, os doentes chegam às urgências com cada vez menos expetativas de vida e força psicológica para ultrapassar os ferimentos que trazem em si pelo que, as baixas esperanças de recuperação acabam goradas em muito pouco. A última rede de segurança para a degradação geral do acesso à saúde por parte da população síria, na impossibilidade crescente da ajuda chegar ao país e na improbabilidade do conflito chegar a um término no curto prazo, acaba por ser o que encontra em países vizinhos. Desde o início do conflito, e com grande premência na Turquia, o número de sírios que procuram ajuda na estrutura de saúde deste país é crescente, sendo que se reportam 7,5 milhões de entradas no país, com o objetivo de procurar acesso à saúde, com cerca de 300.000 hospitalizações por ferimentos de guerra agudos. Deste modo, acaba por se dar também uma falência geral dos recursos disponíveis, na medida em que o sistema turco não estava desenhado para esta afluência enorme. Em conclusão, um conflito militar arrastado no tempo destrói completamente uma sociedade, acabando por dizimar quaisquer expectativas que haja acerca dos cuidados de saúde e levam à falência do sistema de saúde, que acaba por se mostrar absolutamente impotente face a uma tragédia destas dimensões.


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HajaSexualidade!

João Barbosa Martins [6º ano]

As Mulheres em Guerra

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s dias que correm, correm apressados, amedrontados e tensos. Os seus passos parecem sapatear ao som do trautear dos corcéis dos cavaleiros do apocalipse, instado no silvar de bombas nucleares que poderão vir a uivar, ao rasgarem o céu. Vivemos dias tristes. Dias de um passado que a humanidade já tinha esquecido. Confesso que conjugar o tema habitual desta rubrica e a Medicina em Guerra foi desafiante e, caso de um verbo se tratasse, desejo que possa ser o verbo pacificar a ser conjugado num futuro próximo. Assim, inspirado na célebre frase Make love not war, sabiamente proferida pelos movimentos ativistas antiguerra do Vietnam, na década de 60, conspirei, com os meus colaboradores neuronais, escrever um texto sobre a sexualidade e a guerra. As minhas sinápses, cabalisticamente, falharam tal tarefa. De facto, o tema é delicado e de difícil análise. Sugeriu-se-me então, contrariando aqueles que pensam que a guerra é uma coisa d’ homem, falar do papel do sexo feminino na guerra. Não haveria outra forma de começar que não homenageando Florence Nightingale. Esta enfermeira ficou conhecida por ter prestado assistência e cuidados médicos aos feridos durante a guerra da Crimeia, onde salvou inúmeras vidas. Esta mulher instituiu melhores cuidados hospitalares, não só em termos de instalações mais assépticas e limpas, mas também melhor treino aos diversos profissionais. Naquela altura, os hospitais eram locais horrendos, imundos, sem saneamento ou mesmo casas de banho, onde os inúmeros doentes deitados no chão eram aconchegados por ratos e baratas. Os soldados eram alimentados com pão

bolarento e carne estragada. Florence decidiu que era altura de mudar e, nas suas 20 horas de trabalho diário, mandou comprar comida limpa e fresca, contratou cozinheiros e mandou desinfetar e limpar as enfermarias. À noite, caminhava junto às camas, envergando uma lanterna, para garantir que os doentes se encontravam confortáveis, escrevia cartas aos que não o podiam fazer e sentava-se junto aos que estavam prestes a partir. Este profundo altruísmo valeu-lhe a alcunha de “Dama da Lanterna”. Após o seu regresso, reuniu-se com a Rainha, onde lhe foi atribuída a tarefa de reformular os Hospitais Militares e de Campanha, o que veio contribuir para um enorme decréscimo da mortalidade nestes doentes. Faleceu em 1910, tendo sido a primeira mulher até então, a receber a Ordem de Mérito. Outro nome incontornável na história das mulheres na guerra é o de Mary Edwards Walker. Na altura, esta foi a única mulher a receber a Medalha de Honra do Congresso Americano, pelos seus feitos durante a Guerra Civil. Já formada em Medicina, tentou alistar-se no corpo médico do Exército da União em Washington, onde foi recusada a sua admissão. Incansável, voluntariouse gratuitamente para a causa, onde foi admitida como assistente de cirurgia, tendo sido a primeira cirurgiã nos Estados Unidos. Trabalhou na frente de batalha da União como cirurgiã de campo durante quase dois anos. Finalmente, algum tempo depois foi formalmente reconhecida como cirurgiã do exército da 52ª Divisão do Ohio de Infantaria, onde também serviu como espiã. Durante estes tempos, atravessou diversas vezes as linhas inimigas da Confederação para tratar civis, até ter sido capturada e encarcerada. Após a


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sua libertação, passou a exercer numa cadeia feminina e num orfanato, até ao final do conflito, tendo-se depois tornado ativista pelos direitos da mulher até ao fim da sua vida. Outra grande mulher que interveio, positivamente, em conflitos foi Phoebe Chapple, médica durante a Primeira Guerra Mundial. Assim, com o rebentar da Guerra em 1914, Phoebe voluntariou-se, já como médica graduada, para ajudar no exército Australiano, tendo sido rejeitada a sua candidatura por ser mulher. A sua perseverança levou-a a alistar-se no exército Britânico, onde lhe foi atribuído o cargo de cirurgiã no Hospital Militar de Cambridge que recebia inúmeros feridos deste conflito. Apesar da sua patente não lhe ser reconhecida por ser mulher, rapidamente conquistou a confiança e o respeito dos seus pares masculinos, pela competência e capacidade de trabalho. No entanto, já em 1917, a necessidade aguçou os ideais de igualdade e o exército britânico decide enviar, pela primeira vez, mulheres médicas para a frente de batalha, alegando que “5 mulheres

fariam o mesmo que 4 homens” e Phoebe foi uma delas. Foi colocada em França, onde, por entre bombardeamentos constantes e assistindo à morte de algumas colegas, lutou contra a foice do finamento nas trincheiras para salvar vidas. Posteriormente, trabalhou num hospital de campanha em Le Havre até ao fim da guerra, tendo depois sido galardoada com a Medalha Militar pelo governo Australiano. Seguramente, tantas outras existiram que mereceriam uns trechos a preto nesta página branca, por todos os textos salvos que redigiram a sangue, corajosamente, nas suas fardas, sob fogo inimigo. Na impossibilidade de o fazer a todas deixo a minha homenagem e o meu muito obrigado. Desejo que esta lista termine, não pelo género, pela cor ou raça, mas, somente, para que se cessem antes os fuzis, as explosões e os feridos, e que a terra passe fome de carne chamuscada e perfurada, nos próximos séculos.


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HajaGula!

Sara Leão [4º ano]

Espetada de Salmão com Abacaxi

(para 6 pessoas)

Grau de Dificuldade Fácil Tempo Aproximado 30 min Ingredientes 500g de Salmão 1 Limão Sal Pimenta 1 Pepino ½ Abacaxi Pauzinhos de espetadas Modo de Preparação Comece por dividir a posta de salmão em partes uniformes, assim como o pepino e o abacaxi. Tempere com sumo de limão, sal e pimenta. Faça uma espetada com o peixe alternando abacaxi, salmão e pepino. Coloque a espetada no grelhador ou numa frigideira, até ganhar um pouco de cor de cada lado. Repita o processo até gastar todos os ingredientes. Sugestão Acompanhe com batatas assadas. Nota É importante que os pedaços de ananás e pimento não sejam maiores que os o do salmão. Caso contrário, a superfície do peixe em contacto com a frigideira será menor e será mais difícil cozinha-lo. Bom apetite!


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HajaCinema! Jorge Machado [2º Ano]

Na rubrica do HajaCinema! debruçamo-nos, normalmente, sobre dois ou mais filmes para realizar uma crítica cinematográfica e para vos aconselhar, ou não, a ver. Visto que esta edição é sobre a Guerra, escolhi dois filmes cujo tema é mesmo este: O Herói de Hacksaw Ridge e um novo filme que vai sair este ano: Dunkirk

O Herói de Hacksaw Ridge 8,2/10 no IMBD

O Herói de Hacksaw Ridge conta-nos a história, verídica, de um soldado americano que deseja partir para a 2ª Guerra Mundial com nenhuma arma para o auxiliar. O filme dirigido pela estrela de Hollywood Mel Gibson e, com Andrew Garfield no papel principal tem uma classificação de 82% no rottentomatoes e 8.2 no imdb e foi galardoado com seis nomeações e dois óscares (Edição de Imagem e Mixagem Sonora) nos Prémios da Academia de 2017. É uma história arrepiante, contada de uma forma arrebatadora, de um homem corajoso que salvou a vida a mais de 75 homens sem matar uma única pessoa. Um dos primeiros filmes sobre guerra que, de facto, nos mostra o lado ético da guerra e leva-nos a pensar sobre valores morais como: o valor da vida do outro em relação à nossa. Numa altura em que eram obrigados a ir para a Guerra, Desmond Doss, decide seguir a sua profissão de sonho de médico e ir, não para matar, mas para salvar. A imagem deste filme é trabalhada em conjunto com o som para nos criar uma sensação de desconforto e repugna pelas batalhas sangrentas que são mostradas e não para nos criar raiva e vontade de lutar como tantos outros filmes que retratam a guerra o fazem. Aconselho todos a ver este filme se ainda não o viram e, se já viram, voltem a ver porque vale sempre a pena recordar uma grande história de um herói real numa guerra real.

Dunkirk

estreia a 21 de julho Dunkirk é um filme deste ano que vai ser lançado nos cinemas no dia 21 de julho. Promete ser um grande filme que retrata a história da Batalha de Dunquerque onde soldados, aliados da Bélgica, Reino Unido, Canadá e França, são cercados por soldados alemães na cidade francesa de Dunquerque durante a 2ª Grande Guerra. O filme é dirigido por Christopher Nolan que já nos trouxe grandes filmes de ação, como a trilogia Batman, a Origem e Interstellar, e conta com o grande Tom Hardy, Cillian Murphy e Kenneth Branagh nos papéis principais. Com uma banda sonora composta por Hans Zimmer, Dunkirk tem tudo para ser um dos melhores filmes do ano e ser nomeado para muitos, se não mesmo ganhar, Óscares da Academia de 2018. Por isso, dia 21, marquem nas vossas agendas e, até lá, esperemos que esta grande expetativa à volta do filme não acabe por se tornar em desilusão e Dunkirk não se torne em mais um filme de cliché sobre a guerra.


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HajaLiteratura!

Núria Mascarenhas [4º Ano]

Os Médicos da Morte de Philippe Aziz

O médico, enquanto cuidador, é muitas vezes tido como o paradigma de bom cidadão e o defensor dos direitos humanos e ideologias éticas. E, se nem sempre tivesse sido assim? Diga-me, caro leitor, alguma vez se perguntou quais as atrozes experiências médicas terão sido realizadas nos milhares de crianças, deficientes, homossexuais, ciganos, judeus e, até, alemães dissidentes que foram subjugados e mortos pelo Terceiro Reich?

3,5 no Goodreads

Nesta edição, onde abordamos o papel da Medicina na Guerra, trazemos-vos um documentário histórico sobre os horrores da medicina nazi ocorridos durante a 2ª Guerra Mundial. Uma obra baseada em confissões de médicos, testemunhos de sobreviventes e em milhares de documentos que os nazis não conseguiram destruir antes da derrota final.

“Os médicos nazis tinham rédea solta para fazer as experiências que quisessem nos campos de concentração. Incineraram, castraram, congelaram, sufocaram homens, mulheres e crianças sem misericórdia. Retiravam órgãos e membros, transfundiam sangue de uns para outros em experiências macabras…”

Dividido em quatro partes e com mais de 800 páginas, Os Médicos da Morte transporta o leitor num pesadelo de viagem, revelando, de forma clara e assustadoramente real, o pior do ser humano. Seja através de nomes como Eduard Wirths ou Josef Mengele que, ordenaram o envio de milhares de presos dos campos de Auschwitz para, por exemplo, câmaras de baixa pressão onde as vítimas eram testadas com drogas e venenos, esterilizadas e congeladas até à morte. Ou, através do relato de experiências em gémeos para estudar a genética e semelhança biológica, testes com malária, gás mostarda, tifo, venenos, variados vírus e germes para se chegar a antídotos ou curas ou estudar o desenvolvimento das doenças como potenciais armas biológicas. O inferno infindável de inúmeros seres humanos é exposto e divulgado para que possamos tomar conhecimento das barbaridades passadas, evitando repetir a história. A tentativa de extermínio racial ocorrida não foi indolor ou “incólume”, como muitos ainda devem crer. Foram 6 anos de desespero, terror e desumanidade. Foram esterilizadas milhares de pessoas através de radiação para se descobrir o método mais eficaz de inutilizar a capacidade reprodutiva daqueles que eram considerados defectivos em relação ao ideal da raça ariana; procurou-se saber se era possível tornar a água do mar potável, matando centenas de pessoas de desidratação; fizeram-se transfusões e transplantações sem anestesia. Muitos morreram de dores agonizantes ou insanidade. Os Médicos da Morte, originalmente editado na década de 1970, é uma elaborada análise histórica, que não deixará ninguém impávido ou indiferente. Uma leitura a ser feita de uma perspetiva enciclopédica, sobre a máquina científica nazi e a que ponto o Homem pode chegar em prol de uma ideologia cega e grotesca.


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HajaMúsica! Rosélia Lima [4º ano]

Medicina na Guerra

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guerra sempre foi um tema muito disputado nas artes. Quer seja cinema, literatura, pintura ou mesmo a música. E, no entanto, mesmo com inúmeras obras a ilustrar a terrível realidade bélica, é, praticamente, impossível olharmos a guerra com os mesmos olhos de quem é assolado por ela. A rubrica musical desta edição pretende debruçar-se sobre a letra de uma música, na perspetiva de um soldado destruído pela guerra, física e emocionalmente, que se encontra às portas da morte. Coloca-se em discussão o limite de sofrimento a que um ser humano está disposto a submeter-se, quando lhe tiram tudo na vida, exceto a capacidade de respirar. Valerá a pena continuar a lutar pelo dia seguinte ou será um destino mais gentil morrer de vez? Como comunidade médica é imperativo que sejamos capazes de discutir e abraçar esta temática, pois só assim seremos capazes de desenvolver a empatia necessária para apoiar doentes que, para além dos meus males biológicos, sofrem ainda de uma doença que não podemos curar, mas devemos sempre ajudar a tratar, a vivência da guerra.

One Metallica I can’t remember anything Can’t tell if this is true or dream Deep down inside I feel to scream This terrible silence stops me Now that the war is through with me I’m waking up, I cannot see That there’s not much left of me Nothing is real but pain now Hold my breath as I wish for death Oh please, God, wake me Back in the womb it’s much too real In pumps life that I must feel But can’t look forward to reveal Look to the time when I’ll live Fed through the tube that sticks in me Just like a wartime novelty Tied to machines that make me be Cut this life off from me Hold my breath as I wish for death Oh please, God, wake me

Now the world is gone, I’m just one Oh God, help me Hold my breath as I wish for death Oh please, God, help me Darkness Imprisoning me All that I see Absolute horror I cannot live I cannot die Trapped in myself Body my holding cell Landmine Has taken my sight Taken my speech Taken my hearing Taken my arms Taken my legs Taken my soul Left me with life in hell


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HajaDesporto!

Sara Leão [4º ano]

Bem-vindos a mais uma edição do HajaDesporto! Nesta edição decidi apresentar-vos, uma proposta de treino relativamente completa. Por isso para um treino que trabalhe o maior número de músculos e que seja possível realizá-lo em qualquer lugar e sem ter que recorrer a equipamentos específicos, dividi este treino em CARDIO, FORÇA e por fim, ABS+CORE. Sugere-se que cada exercício seja realizado durante cerca de 30 segundos, sem pausas dentro de cada circuito. Entre circuitos aconselha-se uma pausa de cerca de 10 segundos.

Cardio! 1. High Knees Comece de pé, com os pés afastados, paralelos aos ombros; levante o joelho direito o mais alto possível e, simultaneamente, levante o braço oposto; em seguida, mude rapidamente para o joelho esquerdo antes de pousar o pé direito.

2. Burpees com salto Levante-se, em linha reta, com seus braços ao seu lado e os seus pés à largura dos ombros. Faça um squat e coloque as palmas das mãos no chão à sua frente. Chute as suas pernas para trás de modo a ficar na posição de flexões. Faça uma flexão e, de seguida, puxe as pernas para a frente, ficando na posição agachada, mas mantendo as palmas das mãos no chão. Levante-se e salte, trazendo os braços sobre a cabeça para chegar ao teto.

3. Jumping Jacks Salte e, simultaneamente, levante os braços e separe as pernas para os lados. Salte novamente enquanto os braços voltam para baixo e retorne as pernas à linha média.


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Força! 1. Agachamento Dobrar os quadris para trás, permitindo que os joelhos dobrem ligeiramente para a frente, mantendo os joelhos atrás da ponta dos pés e a apontar na mesma direção que estes. Desça até as coxas ficarem paralelas ao chão. Estenda os quadris e os joelhos até as pernas ficarem retas.

2. Flexões Mantendo o corpo reto, dobre os braços, levando o peito perto do chão. Empurre o corpo até os braços estenderem. O corpo superior e inferior deve ser mantido em linha reta ao longo do movimento.

3. Socos Manter os punhos perto do seu queixo e estender os braços alternadamente. Voltar à posição inicial depois de executar cada soco.


HajaDesporto //

ABS+CORE! 1. Flutter Kicks Comece deitado de costas com os braços estendidos ao seu lado e com as palmas para baixo. Estenda as pernas e levante os seus calcanhares a cerca de 6 centímetros do chão. Fazer rápidos e pequenos movimentos com as pernas, para cima e para baixo. A chave é concentrar-se em manter o abdominal constantemente contraído durante todo o exercício.

2. Leg Raises Deitado, de costas e com os braços e as pernas estendidas, levante as suas pernas do chão, mantendo os abdominais contraídos. Levante-as a cerca de 90º. Retorne lentamente à posição inicial. É importante não tocar com os pés no chão e manter as costas planas no chão durante este exercício.

3. Twists Sentado Sente-se, sobre uma superfície plana, com os joelhos ligeiramente dobrados. Incline-se para trás, mantendo a cabeça e os quadris parados. Vire o seu tronco para a direita. Tente ir o mais longe possível. Volte para o centro e repita para o outro lado.

Sugere-se a repetição de cada circuito de 3 a 5 vezes, consoante as vossas capacidades. Bom treino!!!

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HajaPaciência! Tiago Rosa [5º ano]

Warning: A seguinte rubrica pretende despertar sentimentos de espanto e estupefação com a estupidez. Obrigado. Reader discretion is advised (or not). “Capítulo 14: Guerrinhas e Ditadores”

Cofres Improvisados Contrariando as tendências mais modernas de pôr o dinheiro no banco, ou a sabedoria popular de colocá-lo debaixo do colchão, uma Colombiana desenvolveu uma nova alternativa: colocar as notas... no estômago. A jovem de 28 anos descobriu que o marido a andava a trair. Sentindo que a relação já não fazia sentido, começou a vender os bens de ambos para conseguir um pé-de-meia e fugir para o Panamá, onde esperava ter uma vida melhor. O plano corria sobre rodas e contava já com 9.000 dólares em rolinhos de notas de 100, até que um dia o marido lhe descobre a artimanha. Instala-se a confusão na casa, com o marido a exigir metade do dinheiro que lhe tinha custado tanto a arrecadar. No meio de argumentos e contra-argumentos pronunciados em tremenda gritaria, e temendo que o marido ficasse com a metade reclamada,

a jovem tem um momento de inspiração e decide engolir os 9.000 dólares. A confusão cessou de imediato, pois sem o dinheiro, não havia motivo para discutir. No dia seguinte, a jovem deu entrada no hospital com dor abdominal pois, não sendo as notas digeríveis, ficaram retidas e obstruíram o tubo digestivo. Foi levada de emergência ao bloco operatório, sendo a operação bem-sucedida, e tendo-se ainda resgatado 5.700 dólares em ótimo estado. A dúvida que me suscita depois de tudo isto é se o futuro ex-marido ainda quererá a parte dele do dinheiro, e se assim for, como vão dividir a última nota de 100? Será que a vão dividir ao meio ou terá alguém de engolir o sapo de não ficar com ela? Na realidade, destrocariam a nota, para meu desencanto.


HajaPaciência //

Celebrando o “Grande Ditador” Sendo esta uma edição dedicada ao que a guerra tem de melhor, resolvi trazervos uma notícia dedicada a um grande líder. Não me refiro ao Kim III, o Netinho, nem a qualquer outro ditadorzinho deste ou doutro século. Trago-vos, por contraste, um grande líder no combate ao autoritarismo, um visionário que soube ridicularizar até o mais temível dos ditadores do século XX, no seu eterno clássico dos anos 40, “O Grande Ditador”; falo-vos, portanto, do magnânimo Charlie Chaplin, mais conhecido pelos amigos e família como Charles Spencer Chaplin. Esse espirito irreverente continua vivo e, para o celebrar, um grupo de cidadãos suíços reuniu-se no passado dia 16 de abril, no 128º aniversário do seu nascimento, em Corsier-sur-Vevey, local onde continua a residir o (i)mortal da 7ª arte e onde se pode encontrar um museu em sua memória.

O objetivo da reunião era um só: homenageá-lo no seu aniversário, batendo não o autoritarismo, mas o recorde do mundo para o maior número de Charlie Chaplin’s. A esta convocatória compareceu um impressionante grupo de 662 adultos e crianças, vestidos a rigor com a icónica vestimenta que todos imaginamos ao ouvir o nome de Chaplin; bigodinho, bengala e chapéu de coco. Há quem diga que se um Chaplin motiva tanta gente, 662 (pessoas vestidas de) Chaplins motivam 662 vezes mais. Tem a sua lógica, não acham? Me out.

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HajaHumor! Conselhos da Rebecca

Quem vai à guerra… vou-lhe dar uma coça que vai voltar a rastejar para Bisqueque.

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lá, estafermos! Eu sei, estou a começar de uma forma agressiva, mas em tempos de guerra, o melhor é insultar primeiro e julgar depois. Agora que já julguei, desculpem, não mereciam. Muito bem, encetemos. Precisamente, o tema desta edição é “Guerra”! Guerra. Andar à porrada, e assim. É uma coisa que já não faço há algum tempo. Já não tenho costas para isso e da última vez que tentei fiz uma luxação da minha freguesia. O Presidente da Junta ficou deveras aborrecido comigo, e exigiu que voltasse a pôr Frossos no sítio. Um escabeche bem excessivo, visto que por uns dias até esteve um calorzinho tropical agradável lá. Sem dúvida, já participei em muitas Guerras ao longo do tempo, mais do que a minha mãe gostaria. Se desempenhei um papel importante em cada uma? Não diria isso… essencial e absolutamente determinante, sim. A 1ª peleia em que me vi envolvida foi na Guerra do Peloponeso. Corria o ano 440 a. C. (claro, na altura não sabíamos que Cristo ia nascer, por isso contávamos os anos em decrescendo na esperança que fosse acontecer alguma coisa gira quando chegássemos ao zero), e o Brasil era o atual campeão do Mundo. Eu estava a acabar o meu curso na Escola da Vida em Atenas, e eis que um idiota afirma que me conhece como uma profissional

do meretrício. Não gostei, explodi, disse-lhe rais’ parta e rebentei-o todo ali. Pelos vistos era o rai’Spartacus; ele achou que estava a brincar com o nome dele, disse-lhe ‘quem Siracusa é quem siré” e ele ficou obrigado a assinar o tratado de desistência. Rebecca 1, Outros 0. Esta porta para o mundo que era o conflito armado fez com que eu ficasse sedenta de sangue. E Ice Tea. Por isso, não descansei enquanto não me voltasse a ver num confronto. Desta feita, meti-me nas Guerras Púnicas. Eu não estava por ninguém nem nenhuma fação, entrei punicamente pelo nome. Ainda assim, num raio de 50 metros (mais ou menos o perímetro do meu quintal lá nos Alpes), quem se aproximasse levava na boca. No fim, quem menos levou na boca de mim foram os romanos, e por isso ganharam. De nada, Cipião Emiliano. Rebecca 2, Outros 0. Com os estragos que os Cartagenos me fizeram na mobília da sala, tive de me ausentar desta vida de porrada durante algum tempo. Ademais, a garantia do puff tinha expirado mesmo no dia anterior, e na loja não me deixaram devolvê-lo, assegurando assim o dinheiro da caução. Patifes. Rebecca 2, Ikea 1. Depois de pôr tudo em ordem e de ainda ter arrumado uns fabulosos cortinados marrom-grená para o escritório, voltei a pilhar. Aproveitei ainda para comprar


HajaHumor //

um chapéu catita em forma de barco, que os meus amigos logo elogiaram – pudera, se não o fizessem também sabiam que seriam imediatamente degolados. Comecei a pedir-lhes que me chamassem de Napoleão (achei fixe, sei lá). Um dia apanharam-me sem saltos altos e a coçar as costas e começaram a espalhar o boato de que eu era pequenina e maneta. Fula, invadi uma data de países. No fim, muita gente diz que perdi, mas a verdade é que travei uma batalha notável que deu o nome a um tema vencedor da Eurovisão. Rebecca 2, Ikea 1, Cultura 1. Sarei-me, recompus-me emocionalmente e ouvi ABBA até à exaustão. Quando a recuperação estava completada, estávamos já no século XX e toda a gente usava uma bengala ou um bigode engraçado, dependendo de se era homem ou mulher, respetivamente. Em suma – e porque já vejo o fim desta página – desde então foi algo como isto: fui para a borga com uns rapazes das balcãs; um deles disse mal do meu chapéu, então assassinei-o; parece que era o príncipe de Sarajevo, o Mundo não curtiu isso e começou todo à bulha; eu fiquei nas linhas de trás, a fazer caretas e atirar pedras; entretanto a Alemanha perdeu e o clima estabilizou; mas eu queria ver porrada e comecei a dizer ao meu amigo Adolfo que a culpa era dos Judeus; o Mundo não curtiu isso e começou todo à bulha; eu fiquei nas linhas de trás, a mostrar

a língua e lançar mísseis; entretanto a Alemanha perdeu e o clima estabilizou; mas eu queria ver sangue e comecei a dizer ao meu amigo Nikita que os EUA andavam a ejetar cidadãos para a Lua e assim; as coisas andaram frias por uns tempos, mas ao que tudo indica vamos todos começar ao cacete outra vez não tarda nada… graças a Deus. E não é isso que é lindo na vida, meus bonitões?... Não, não é. O que é lindo são as crianças e os seus sorrisos. Nunca se esqueçam disso. Principalmente, sempre que precisarem de um escudo humano para não levarem com um morteiro na testa. E se elas não quiserem, vão na mesma, que quem manda aqui são os crescidos! Ai.

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