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HajaCiência!
Haja Livro!
O que é afinal a memória?
“O sofrimento não nos muda, Hazel, Revela-nos.”
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HajaPaciência! A Dama e o Vagabundo: Pupcake, madame?
HajaEditorial!
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HajaBreves!
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HajaEntrevista!
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HajaCiência!
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HajaMemória!
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HajaBraga!
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HajaMúsica!
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HajaCinema!
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HajaLivro!
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HajaExercício!
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HajaExplicação!
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HajaSexualidade!
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HajaGula!
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HajaPaciência!
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HajaHumor!
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Gonçalo Cunha, 3º Ano
Quando se fala em doenças oncológicas, fala-se, decerto, em doenças que trazem muitas implicações não só à vida dos doentes mas também dos seus familiares, amigos e cuidadores. Por outro lado, estas doenças têm também a si associados elevados custos que geralmente costumam ser suportados, em Portugal, pelo Estado.
Esta edição aborda, assim, a oncologia e a doença oncológica sobre os mais variados pontos de vista. Atreve-te a ler as nossas rubricas e fica a conhecer as novidades, algumas mais recente que outras, sobre este tema.
“Quando se fala em doenças oncológicas, fala-se, decerto, em doenças que trazem muitas implicações não só à vida dos doentes mas também dos seus familiares, amigos e cuidadores.”
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O universo da oncologia é, sem dúvida, bastante complexo e simultaneamente sensível tendo em conta não só à elevada taxada de letalidade associada a neoplasias, mas também devido às implicações físicas e emocionais antes, durante e após tratamento.
HajaEditorial!
Vivemos num mundo onde os avanços tecnológicos são de extrema importância nas mais diversas áreas. Posto isto, e graças a eles, é possível, hoje em dia, ter armas de diagnóstico bastante sensíveis e específicas, o que faz aumentar os números de incidência e de prevalência de certas patologias. Exemplo disso são as diversas doenças oncológicas que servem de tema para esta edição.
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HajaBreves!
João Lima, 2º Ano
Serviço de Cirurgia Geral do Hospital de Braga é reconhecido como Centro de Referência na área do cancro do reto
“Estamos muito satisfeitos com este reconhecimento público e acreditamos que este é o primeiro Centro de Referência de outros que certamente serão reconhecidos ao Hospital de Braga num futuro próximo”, refere João Ferreira, presidente da Comissão Executiva do Hospital de Braga.
O Serviço de Cirurgia Geral do Hospital de Braga conta com uma equipa
multidisciplinar, composta por cirurgiões, gastrenterologistas, anestesiologistas, oncologistas, anatomopatologistas, entre outros. Tem experiência no tratamento do cancro do reto desde outubro de 2006 e foi reconhecido pelo Ministério da Saúde como Centro de Referência na área de Oncologia de adultos para o cancro do reto.
A Liga Portuguesa Contra o Cancro não precisa de mais cabelo e portugueses doam para instituições Internacionais
Francisco Cavaleiro Ferreira, presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro, fez um apelo para que não fossem feitas mais doações de cabelo, explicando que a instituição já não precisa de mais cabelo natural, uma vez que as cerca de 50 cabeleiras "são suficientes para colmatar as necessidades dos doentes oncológicos"
Como já não estão a ser aceites doações em Portugal, os portugueses estão a doar o cabelo para instituições internacionais como Little Princess Trust, no Reino Unido, e Locks of Love, nos Estados Unidos da América.
Touca gelada diminui queda de cabelo durante a Quimioterapia
Um estudo divulgado por uma equipa do Centro Avançado de Oncologia do Hospital São José, em São Paulo, mostra que a utilização de uma touca hipotérmica pode reduzir a queda de cabelo em doentes a fazer quimioterapia. Segundo a pesquisa houve uma redução significativa da queda de cabelo no grupo de pacientes que usou a touca.
A touca é usada 15 minutos antes do início da sessão de quimioterapia e durante todo o procedimento sendo alterada a fim de manter o couro cabeludo frio. Ela pode ser utilizada em quase todos os tipos de cancro e tratamentos. Quem utiliza a touca deve evitar de escovar o cabelo, lavá-lo menos vezes e evitar tintas.
João Barbosa Martins, 5.º ano e Pedro Peixoto, 5.º ano
Dr. Mesquita Rodrigues,diretor do Serviço de Cirurgia Geral do Hospital de Braga e coordenador da Unidade Funcional de Coloproctologia tempo. As unidades funcionais não podem ser criadas em todos os hospitais, só podem surgir naqueles que têm determinadas funções e objetivos. HS! Afinal, o que é um centro de referência e o que é preciso para se ser um?
Quando foi criada esta unidade e quais as motivações encontradas para a criação da mesma? Dr. Mesquita Rodrigues (MR) - No nosso hospital, a criação das unidades funcionais e desta em particular começou, efetivamente, em 2006 e o objetivo, sendo nós um hospital altamente diferenciado e sendo a cirurgia geral uma especialidade muito vasta, foi haver profissionais treinados que se dedicassem, particularmente, à área da Coloproctologia. A motivação principal era que todos os doentes, mesmo aqueles que apresentassem situações mais diferenciadas e raras, pudessem ser tratados com mais qualidade. Todo este processo não foi imediato, não foi no dia seguinte. Estes profissionais passaram a dedicar-se particularmente a este tipo de cirurgia e tornaram-se diferenciados com o
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HajaSaúde! (HS) - Boa tarde Dr. M e s q u i t a e m p r i m e i r o l u g a r, gostaríamos de o parabenizar pelo recente reconhecimento da Unidade que coordena, como Centro de Referência na área de Oncologia de Adultos para o Cancro do Reto.
MR - A questão dos centros de referência já é falada em Portugal há muitos anos, mas tardava em ser implementada, por vários motivos. Com a definitiva criação desses centros, uma instituição não é, por exemplo, centro de referência em cirurgia geral, mas sim numa determinada patologia. As instituições são recomendadas pelo Ministério da Saúde que considera lá existirem condições técnicas e profissionais, para tratar, com mais qualidade, essas patologias. Este título é atribuído num processo de candidatura dos hospitais, em função de determinadas doenças, em que são apresentados diversos dados, tais como estatísticas, resultados, condições, entre outros. No nosso hospital, a candidatura foi apresentada em 2014 e houve uma comissão ministerial nomeada, que agora nos reconheceu como Centro de Referência. No caso do cancro do reto, deve ser efetuada uma abordagem multidisciplinar a estes doentes, pelo que é necessária a colaboração da radioterapia, da oncologia médica, da imagiologia e da gastroenterologia. Portanto, há uma série de especialidades integradas, que o hospital possuía. Assim, qualquer doente, mesmo não sendo da área de residência, pode escolher ser tratado num destes centros de referência.
HajaEntrevista!
ENTREVISTA
HajaEntrevista! 6
HS! - Com o surgimento da recente classificação haverá alguma alteração na atuação da Unidade de Coloproctologia? MR - Para já, é para nós um enorme contentamento ter o reconhecimento de que se estava a trabalhar bem e que se tem condições para poder tratar integralmente estes doentes. Obviamente, esta classificação tem direitos e tem deveres associados. Esta escolha não é definitiva no tempo; tem de ser mantida, pois vão existir auditorias frequentes e haverá publicitação dos resultados, pelo que ser centro de referência agora, não significa que daqui a um ano o sejamos. Esta nomeação é um motivo de orgulho, mas dá-nos uma enorme responsabilidade. Em primeiro lugar, perante os doentes, que ficam convictos que isto é um local onde eles são bem tratados. Em segundo lugar, temos a responsabilidade de nos organizarmos e funcionarmos melhor, para mantermos esta qualificação. Este é um processo de melhoria contínua, porque, efetivamente, as exigências passam a ser outras. Não é que não nos fosse já exigido tratar bem os doentes; claro que sim. Mas agora teremos outras exigências que nos obrigarão a melhor organização interna, até porque h á p r a z o s a c u m p r i r. N ó s comprometemo-nos, e temos que o fazer, a não demorar mais de 15 dias entre chegar o doente e fazer o seu estadiamento; condição para continuarmos a ser centro de referência. Isto, claro, vai implicar uma certa revisão e algumas alterações, o que é bom e estimulante. HS! - Quais são os objetivos a que o centro se propõe? MR - O principal objetivo é, e sempre será, tratar bem os doentes. Aliás, não
só isso, como também podermos demonstrar, com registos fiéis e completos, que eles estão a ser bem tratados e que os resultados são satisfatórios. Aliás, para nós, tratar um doente não é só curá-lo da sua situação, mas também fazê-lo sentir-se bem. Isso, claro, é para nós decisivo, sobretudo numa patologia como esta, que pode trazer consequências funcionais complicadas. Também por este motivo, é preciso ter uma abordagem individualizada com o doente. Nesta, deve existir uma boa explicação e acompanhamento; não é só fazer a operação certa e medicar com a quimioterapia certa. Queremos que, quando ele saia do Hospital, sinta que foi bem tratado e se sinta satisfeito. É importante esclarecer que a nossa responsabilidade não é só para com os doentes que são operados por esta patologia, mas sim com todos. HS! - Existem no País outros centros como este? MR - Existem outros centros de referência em diversas patologias no país, no entanto eles encontram-se maioritariamente na área do Porto, Lisboa e Coimbra. Existem apenas duas exceções, justamente, para o cancro do reto, nomeadamente em Braga e no Algarve. Isto não significa que nós, individualmente, sejamos os melhores; significa que estamos a cumprir e a trabalhar bem e que temos as condições para poder tratar eficazmente e com qualidade os doentes com cancro do reto. HS! - Quantos membros tem a equipa e que especialidades a compõe? MR - É uma equipa multidisciplinar e vasta em que a cirurgia é apenas uma parte. Eu sou o coordenador de toda a equipa, particularmente da componente de cirurgia, composta por
HS! - Quantos doentes são intervencionados por ano? MR - Em 2015 foram intervencionados cerca de 50 doentes. HS! - Que participação tem o serviço em projetos de investigação com a Escola de Ciências da Saúde?
MR - O projeto mais imediato, nas próximas semanas, consiste em fazer uma análise a todos os nossos procedimentos e ver o que é preciso fazer e mudar. É necessário reelaborar todos os protocolos de estadiamento e tratamento destes doentes, e definir todo o percurso e processo, a que os doentes são sujeitos, e ver onde se pode intervir e melhorar. Esta é a parte mais urgente, que pretendemos ter concluída até ao fim do verão. Quando isto estiver feito, podemos libertar a nossa criatividade para outros projetos. HS! - Qual o seu conselho para os estudantes de medicina que pretendam seguir cirurgia? MR - A minha recomendação é que não se deve ir para Cirurgia Geral se não se gostar, pensando que é uma questão de jeito, pois jeito todos adquirem com o treino e trabalho. É uma especialidade muito exigente, até sob o ponto de vista físico, sobretudo na fase da formação. É uma fase complicada, mas essencial. Toda a minha geração e as gerações que vieram a seguir passaram por isso e, apesar de todo o trabalho despendido, entendemos que foi bastante enriquecedor, porque é nessa fase que se aprende e se vê mais coisas. Resumindo, cirurgia geral é uma especialidade ótima para quem gosta, posso mesmo adiantar que, no meu caso, durante os períodos de férias fico um pouco nervoso por não estar a fazer isto. É um vício saudável. Para quem não gosta vai ser um sacrifício que faz, e não vai fazer bem. H S ! - D r. M e s q u i t a q u e r e m o s agradecer-lhe pelo seu tempo e mais uma vez felicitá-lo, desejando os maiores sucessos profissionais para esta unidade.
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MR - Um dos aspetos que faz parte da candidatura como centros de referência, que como devem imaginar são muitos, são os projetos de investigação. Ai, penso que também fomos beneficiados por estarmos próximos de um centro académico, o que nos concedeu a facilidade e o estímulo. O Dr. Pedro Leão e a Dra. Sandra Martins estão ligados à universidade e têm integrado projetos de investigação e outras colaborações que foram, sem dúvida, importantes na aceitação desta candidatura. Esta saudável relação com a Escola de Ciências da Saúde é boa, tanto para a escola, como para o hospital, porque trabalhamos em conjunto e há muitas coisas importantes a serem investigadas e tratadas. A mudança é constante e tudo está em grande evolução, particularmente no cancro do reto, de onde podem surgir projetos de investigação importantes, até a nível molecular. Fico satisfeito por, também, poder conceder aos alunos que aqui queiram fazer estágios, a garantia que veem para um lugar reconhecido e com garantia de qualidade.
HS! - Que projetos tem o serviço num futuro próximo?
HajaEntrevista!
mais dois elementos, brevemente mais um, portanto, ao todo, quatro cirurgiões. Na equipa, integram-se também especialistas de oncologia médica, gastroenterologia, radioterapia, imagiologia e ainda enfermeiros, encarregues da estomoterapia.
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HajaCiência!
António Mateus-Pinheiro, 5º Ano
Como se guardam novas memórias no cérebro?
Figura 1 – Conceitos associados às memórias
Talvez uma das mais fascinantes áreas de estudo das neurociências modernas é aquela que se dedica ao estudo da memória. Antes de nos debruçarmos sobre um estudo recente que aqui vos trago, falemos um pouco sobre este “processo cognitivo” (designação minimalista e evidentemente redutora) tão evolutivamente estruturante para o ser humano. O que é afinal a memória? Esta pergunta encerra em si a primeira barreira concetual que torna difícil abordar este assunto de um modo “sobre-simplificado”. Talvez todos estejamos familiarizados com a noção daquilo que são as nossas “memórias”, que não mais são do que representações internas que construímos do ambiente externo e que, nesta medida, dependem da experiência e vivências de cada um. A compreensão daquilo que é a “memória” enquanto mecanismo que nos permite construir e armazenar internamente estes traços do mundo que nos rodeia será, porventura, mais
exigente. Se, sob uma perspetiva psicológica, a memória, ou função mnésica (designação pomposa, de timbre mais técnico que é frequentemente usada), é tida primariamente como uma função cognitiva, sob o ponto de vista neurobiológico a memória é antes uma função cerebral determinante para o desenvolvimento de múltiplas atividades, assim como para a síntese e análise de nova informação, que será depois aplicada em novos contextos. Assim, a memória determina em larga escala aquilo que somos na medida em que influencia o nosso modo de agir, a forma como tomamos decisões ou até mesmo aquilo que sentimos. Embora, por mera conveniência, nos refiramos de modo abrangente à memória, esta não deve ser considerada como uma entidade única, mas antes como uma complexa função cerebral que se desdobra em vários tipos/categorias de memória que, por sua vez dependem de múltiplas regiões e circuitos neuronais. O estudo dos mecanismos neurais que subjazem à função mnésica
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hipocampo, região do cérebro fundamental na criação de novas memórias, assim como a resposta das grid cells no córtex entorrinal, para onde se descobriu que estas novas memórias eram transferidas após serem formadas (Figura 1). A resposta das place cells não só permitiu demonstrar que os ratos repetiam o percurso efetuado na sua mente enquanto estavam em repouso, mas também que o faziam a uma velocidade 10 a 20 vezes superior à velocidade com que efetuaram o percurso na realidade. Esta mesma “repetição mental” acontecia quase simultaneamente (com uma diferença de aproximadamente 10 milissegundos) nas grid cells do córtex entorrinal, sugerindo que a nova informação (ou antes, as “novas memórias”, se assim preferirmos) eram não só revividas no hipocampo, mas também praticamente transferidas em simultâneo para a região aquela região do córtex. A líder da equipa de investigação, Dra. Caswell Barry, comentou a importância desta descoberta: “Esta é a primeira vez que vimos o “reviver” coordenado de memórias recém-adquiridas entre duas áreas do cérebro que sabemos serem importantes para a função mnésica, sugerindo uma transferência de informação de uma região para a outra. Parece assim que o hipocampo absorve constantemente informação, mas que por não conseguir armazenar toda a informação, faz o replay das memórias importantes para as preservar a longo prazo, transferindoas depois para o córtex entorrinal, e
HajaCiência!
é, neste prisma, um dos grandes desafios na área das neurociências. Um estudo recente, publicado na reputada revista Nature Neuroscience, por um grupo de investigação da University College London (UCL), veio sugerir que a repetição mental de experiências prévias durante fases de repouso é determinante para a consolidação de memórias, sendo um processo importante através do qual o cérebro parece estabilizar e preservar memórias, de modo a que estas sejam rapidamente acedidas em ocasiões futuras. O autor principal, Dr. Freyja Ólafsdóttir explicou: “Queremos perceber como é que o cérebro saudável armazena e acede a memórias, uma vez que isto nos permitirá compreender o modo como doenças, como a doença de Alzheimer, comprometem o processo mnésico. Sabemos que doentes com Alzheimer exibem dificuldades significativas em reproduzirem memórias recentes, embora mantenham a memória a longo prazo preservada (p.e., memórias de infância), que parece ser mais resiliente à evolução da doença. As regiões do cérebro que estudámos pertencem ao grupo de regiões cerebrais que mais precocemente são afetadas nesta doença, e que sabemos serem também determinantes para a consolidação de novas memórias”. Assim, neste estudo, os investigadores colocaram ratos a correr numa pista com 6 m de comprimento durante 30 minutos, após o que foram deixados em repouso durante 90 minutos. Durante o repouso, a equipa de investigação estudou a resposta das place cells do
HajaCiência! 10
Figura 2 – Esquema conceptual do armazenamento das memórias
possivelmente para outras áreas do cérebro, para que fiquem gravadas e para que possam ser de fácil acesso posteriormente.” Os cientistas têm como planos futuros desvendar como é que este mecanismo é afetado na doença de
A l z h e i m e r, d e m o d o a m e l h o r compreenderem como é que os mecanismos patofisiológicos desta doença comprometem a consolidação de novos traços mnésicos e como podem ser travados.
Se quiserem saber mais, fica a referência do artigo: Olafsdottir, H. F., Carpenter, F., & Barry, C. (2016). Coordinated grid and place cell replay during rest. Nature Neuroscience, advance online publication. http://doi.org/10.1038/nn.4291
Fonte das declarações: UCL News
Inês Candeias, 2º Ano
Figura 3 – Sessão de Quimioterapia
Quimioterapia, muitas vezes abreviada e referida como quimio, representa um determinado tipo de tratamento de cancro com base em agentes químicos, mais especificamente medicamentos anticancro. A quimioterapia pode ser utilizada com a esperança de curar efetivamente o doente ou, em certos casos, com o objetivo de prolongar a vida do paciente ou até mesmo reduzir os sintomas e as dores (quimioterapia paliativa). O uso destes medicamentos constitui uma terapia sistémica na medida em que há introdução de agentes exógenos na corrente sanguínea e que é direcionado para uma certa zona do nosso organismo. Esta terapia é, maioritariamente, acompanhada de uma abordagem mais localizada, através de cirurgias e radioterapia, por exemplo. Figura 4 – Esquema terapêutico antigo
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A primeira tentativa de utilização de medicamentos para tratar o cancro foi introduzida no início do século XX, apesar de inicialmente não haver a intenção desse propósito. Denominouse gás mostarda que foi, mais tarde, utilizado como um agente químico militar durante a Primeira Guerra Mundial. A sua descoberta baseou-se nas suas capacidades enquanto supressor da hematopoiese (formação das células sanguíneas). A Escola de M e d i c i n a d e Ya l e d e d i c o u - s e à descoberta de análogos deste gás no decorrer da Segunda Guerra Mundial, de forma a diminuir as perdas de vidas humanas.
HajaMemória!
Evolução da quimioterapia
HajaMemória! 12
Com base nestes avanços medicinais, pensou-se que um agente semelhante a este gás pudesse ter um efeito vantajoso na luta contra o cancro, uma vez que provocava danos nos glóbulos brancos do sangue que, infelizmente, se multiplicam muito rápida e descontroladamente. Assim, propôs-se desenvolver um fármaco que retardasse esse crescimento ou que o controlasse. Consequentemente, em dezembro de 1942, vários pacientes com linfomas a va n ç a d os, re c e b e ra m e st e t ã o aguardado “antídoto”, endovenosamente, em vez de respirarem o gás que tinha propriedades irritativas. Foi registado uma melhoria satisfatória, apesar de temporária e de curta duração. Durante a Segunda Guerra Mundial, as forças aliadas transportaram o gás mostarda, de forma a preparar uma possível retaliação caso se iniciasse uma guerra química por parte dos alemães. Houve, no entanto, uma exposição de centenas de pessoas a este gás acidentalmente. Aqueles que sobreviveram tinham, curiosamente, uma contagem de leucócitos baixa. Começou assim, apesar de só depois do fim da guerra, uma procura incessante dum produto que tivesse efeitos similares aos deste gás, numa tentativa de desenvolver algo que conseguisse travar o cancro. A primeira droga a ser desenvolvida segundo esta linha de pesquisa foi a mustine. A partir daí, começaram a surgir novos medicamentos que tinham sido desenvolvidos como tratamento para o cancro. Iniciou-se assim uma indústria multibilionária que revolucionou a medicina da época.
O termo quimioterapia refere-se ao tratamento do cancro, apesar de antigamente ter um significado mais alargado e amplo. Por volta de 1900, Paul Ehrlich atribuiu a definição de qualquer uso de agentes químicos com o intuito de tratar alguma doença à palavra em causa. Esta definição abrangia, por exemplo, o uso de antibióticos no combate a infeções. Ehrlich não acreditava que seria desenvolvido um fármaco que possibilitasse o verdadeiro tratamento para o cancro. O primeiro agente relacionado com a quimioterapia moderna foi o asphenamine, um composto arsénico descoberto em 1907 e usado para tratar a sífilis. Foi seguido por sulfonamidas e pela tão conhecida penicilina. Hoje em dia, a ideia de tratar qualquer doença com medicamentos tem outro nome, farmacologia.
“…pode ser utilizada com a esperança de curar efetivamente o doente ou, em certos casos, com o objetivo de prolongar a vida do paciente ou até mesmo reduzir os sintomas e as dores…”
Joana Silva, 4º Ano
sido mantido em segredo até que Pereira Júnior, diretor do Magistério Primário Feminino de Braga (no antigo Convento dos Congregados), pediu ao abade receitas para ensinar no magistério. A verdade é que este pudim, apesar de ser de fácil confeção, é uma iguaria desta região minhota e chegou mesmo a ser considerado um dos candidatos finalistas às 7 maravilhas da gastronomia portuguesa.
Figura 5 – Retrato do Abade Priscos
Certo é que estamos numa época de restrição calórica porque o verão está quase aí… No entanto, e como ler acerca de gastronomia não nos faz engordar, neste HajaBraga! decidi falar-vos acerca de uma famosa receita de Braga: o Pudim (do) Abade de Priscos, o pudim de toucinho. Na verdade, infelizmente, pouco se sabe acerca deste abade e da origem desta receita. Sabe-se que o famoso Abade de Priscos, de seu nome Manuel Joaquim Machado Rebelo, nasceu em Santa Maria de Turiz, Vila Verde, em 1834 e que era um homem com um tremendo talento para a cozinha. Das suas mãos surgiu a receita do célere Pudim (do) Abade de Priscos, que tinha
O episódio ex-libris que se conta, ocorreu no dia 3 de outubro de 1887, quando o Rei D. Luís I e a sua família visitavam o norte de Portugal e o abade ficou responsável pelo banquete. O banquete foi tal pitéu que o Rei mandou chamar o abade para o conhecer pessoalmente; quando ele chegou, D. Luís perguntou qual a composição de uma deleitosa e única comida que tinha sido servida. O abade, com um ar jovial, afirmou: “Era palha, real Senhor!”. “Palha?!?” perguntou o monarca espantado “então dá palha ao seu Rei!?”. O abade, sorridente, elucidou dizendo “Majestade… Todos comem palha, a questão é sabê-la dar!”. Outro episódio que se conta é um que envolve o Arcebispo D. Manuel Baptista da Cunha (arcebispo de Braga de 1889
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No entanto, pouco mais se sabe acerca do pudim ou abade, mas, de toda esta incerteza e desconhecimento acerca da sua vida, surgem então vários mistérios e, como a alma portuguesa sonhadora e poética desde sempre o permitiu, surgiram então mitos e estórias, que passo a contar...
HajaBraga!
O tão célebre pudim e o tão misterioso Abade
HajaBraga! 14
a 1913) e o secretário da Câmara Eclesiástica, Mgr. Manuel Pereira Júnior. Encontravam-se ambos em Vizela quando chega às mãos do secretário um telegrama a informar que, no dia seguinte, em Braga, se iria realizar um almoço com onze pessoas de distinção. Perante este panorama, Mgr. Manuel Pereira Júnior apela ao Abade de Priscos para que este o ajudasse. O abade, pegando na sua maleta dos segredos (uma mala com a qual ele sempre andava – correm boatos que era uma mala com utensílios e com especiarias), acorreu ao pedido. Chegados a Braga, já no Paço Arquiepiscopal, o abade pediu apenas a ajuda do cozinheiro da casa e de um ajudante às ordens dele e saiu para fazer algumas compras. No dia seguinte, pela hora de almoço, o Prelado e os ilustres convidados sentavam-se à mesa, esperando o banquete com o qual iriam ser presenteados. Na cozinha, o Abade de Priscos fez uma última prova de uma iguaria que deveria seguir para a mesa, mas, desastrosamente, a confeção tinha queimado… Quando tudo parecia correr mal, o abade, com um sorriso, tirou da maleta um frasquinho e respingou a comida queimada, levou-a de novo ao lume, provou e mandou servir, dizendo “Vão saborear, porque está ótimo!”. E estava! O último episódio é referente ao tão afamado Pudim (do) Abade de Priscos. Mgr. Pereira Júnior, responsável pela Associação Escolar Feminina, pediu ao Abade de Priscos que lhe cedesse um conjunto de receitas próprias para desenvolvimento das meninas. O abade, com um ar benevolente, responde-lhe “Da melhor vontade, creia, acederia aos seus desejos, mas obsta um impossível.”. “Qual é?”, pergunta o secretário, “É o impossível
de lhe dar com as receitas os dedos das minhas mãos e o meu paladar. A culinária é uma arte muito bela, mas depende inteiramente do artista que a pratica. Quer uma prova do que digo? Vai ver como tenho razão.”. Entrando na cozinha, o abade propôs que ele e o cozinheiro da casa fizessem um pudim exatamente igual, com precisamente a mesma composição, mas cada um faria o seu. Era este pudim o seu famoso pudim de toucinho, uma receita supostamente simples mas que ninguém a conseguia cozinhar como ele. Após ambos terem confecionado os pudins, Mgr. Pereira Júnior provou as duas iguarias e eram os dois completamente diferentes, sendo o do Abade de Priscos de qualidade superior. Nesta aura de mistério e misticismo que envolve o Abade de Priscos, me despeço desafiando os leitores desta crónica a atreverem-se nessa aventura que é a culinária, desejando que, mais do que as receitas, sigam a vossa intuição e instinto pois, citando o próprio abade: “a receita é só o princípio… As mãos, o olfato e o paladar do verdadeiro cozinheiro fazem o principal”.
Rita Neves, 4º Ano
Tudo começou numa roadtrip em que o rácio portugueses-espanhóis no carro estava claramente diminuído para o nosso lado, dando privilégios radiofónicos aos nuestros hermanos, e Amaral, uma das aparentemente clássicas bandas espanholas de folk rock começou a tocar e com isto se estabeleceu o pano de fundo para a aula de espanhóis musicais e alternativos. Vamos admitir que, para além da Macarena, das Las Ketchup ou qualquer clássico espanhol que os nossos pais nos impingiam na infância, o que nos chega aos ouvidos nesta língua irmã é só a tralha comercial e dançável de letras fáceis de Nicky Jam ou Enrique Iglesias que a rádio ou as explorações noturnas académicas nos fornecem. E foi desta ausência de alimento intelectual e musical espanhol que começou a minha demanda. Mas o meu maior erro foi começar por estes meninos. Vetusta Morla. O nome de si, um espanhol que eu desconhecia, contribuindo para todo o mistério. Na minha descoberta para além da música achei o significado: Morla é o nome da tartaruga anciã,
Eu não sou uma crítica musical, não tenho formação específica nem posso tecer comentários detalhados sobre cada álbum, mas posso afirmar o seguinte: esta banda cativou-me, tanto que decidi usar este espaço para partilhar a minha devoção e é isto que vos trago, estes génios a quem eu tiro o chapéu e que levo comigo para a posteridade. Porque as letras elaboradas e extraordinárias, a energia do puro rock que nos trazem e a preocupação em lançar um single Puntos Suspensivos/Profetas de La Mañana - como prelúdio de todo um álbum - La Deriva - são detalhes que me conquistaram e que fazem com que a música ganhe uma emoção e intensidade incomensuráveis. Partilho convosco a minha nova banda sonora de tudo. Aproveitem (e melhorem o espanhol).
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Figura 6- Banda Musical Vetusta Morla
personagem do livro de Michael Ende, a História Interminável. Vetusta significa velha. E apesar desta banda ter apenas 9 anos de “andadura musical”, o seu conteúdo lírico indicia uma sabedoria que faz justiça à idade da tartaruga que os batizou. Em fevereiro de 2008 publicaram o seu primeiro álbum, Un día en el mundo, que foi extremamente bem acolhido tanto pelo público como pela crítica especializada. Três anos mais tarde, publicaram Mapas e depois de anos em tour pelo seu país de origem (entre outros) publicam La deriva. Vetusta Morla descrevem o seu trabalho como um clássico rock alternativo mas que na verdade não soa como tal, musicalidade que se deixe a si e às letras que a vestem algo por descobrir. Que a emoção seja intensa mas que não seja óbvia e que as letras em castelhano se enquadrem no estilo popular anglo-saxão.
HajaMúsica!
As reticências de Vetusta Morla e uma carta de amor
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HajaCinema!
Gonçalo Cunha, 3º Ano
fizeram para salvar Kate? Será que percebem a forma como influencia a vida de Anna?
Figura 7- Cartaz do Filme “Para a minha Irmã”
Nos dias de hoje, o cancro é considerado uma das principias causas de mortalidade no mundo sendo uma doença que tem como alvo todas as faixas etárias. Assim, este é um tema que tem sido abordado pelos mais diversos autores no sentido de dar a conhecer a doença. Exemplo disso é o caso de Para a Minha Irmã, obra de Jodi Picoult que foi adaptada ao grande ecrã sob a direção de Nick Cassavetes no ano de 2009. O drama, muito atual, conta-nos a história de uma família cuja filha mais velha, Kate, tem leucemia promielocítica aguda, desenrolando-se toda a ação à sua volta bem como da sua irmã Anna, um ‘bebé proveta’, que foi gerado com o único objetivo de salvar Kate. Muito bem adaptado, este é um filme que nos dá a conhecer os diferentes pontos de vista de uma doença oncológica, desde o ponto de vista do próprio doente ao dos diferentes familiares. Deste modo, este filme permite o adquirimento de conhecimento em relação à doença ao mesmo tempo que aborda do ponto de vista íntimo de todos aqueles que com ela lidam. Será que Kate, protagonista, se sente bem pelo facto de estar, de um certo modo, a usar a sua irmã Anna? Quais serão os pensamentos dos pais de ambas? Será que se arrependem de tudo aquilo que
Contando com um elenco de luxo, neste filme podemos ver a profunda e sentida interpretação levada a cabo por Cameron Diaz que, embora não tenha muito protagonismo, consegue revelar as suas excelentes qualidades enquanto atriz. Cameron interpreta Sara Fitzgerald, mãe de Kate e Anna que, vive num dilema uma vez que vê a vida de uma filha dependente da outra a qual tem de sujeitar a procedimentos médicos que em muito podem condicionar a sua qualidade de vida. Neste drama, podemos ainda contar com a participação de Alec Baldwin, que nos dá a conhecer o ponto de vista de Anna enquanto seu advogado. Alec consegue, uma vez mais, deixar o seu cunho pessoal na medida em que atribui ao seu personagem, um enorme carisma e uma grande facilidade em lidar com esta situação ao mesmo tempo que lida com uma criança. São vários os momentos marcantes deste que foi considerado um dos filmes mais comoventes do ano de 2009, sendo talvez o final um deles pois é revelado ao espectador um facto importante que faz com que todo o filme passe a ser analisado de uma forma completamente diferente daquela que tinha sido até esse momento. Para a minha Irmã, é, deste modo, um filme excecional ao qual é impossível ficar indiferente tendo em consideração o modo extremamente realista e humano em que tudo foi idealizado, realizado e representado. Talvez por isto, este seja considerado por muitos um filme que apela muito ao lado emocional de cada um de nós. Um filme a não perder!
Núria Mascarenhas, 4º Ano
Esta edição teve como tema Oncologia. E,
nesse sentido, elaborei uma crítica sobre um irreverente, ousado e comovente romance. Senhoras e senhores apresento-vos: A culpa é das estrelas!
Figura 8- Livro “A Culpa é das Estrelas”
(in A culpa é das estrelas)
Hazel não sabe como agir perante a certeza de que irá morrer devido à sua doença, não querendo magoar as pessoas que lhe são mais próximas, quando isso acontecer. Para tentar ajudar a filha a sair desse estado depressivo, os pais de Hazel obrigam-na a frequentar um grupo de apoio de adolescentes com Cancro. Através deste, conhece Augustus Waters, um rapaz encantador com osteossarcoma em remissão. A partir de então, a vida de Hazel Grace sofre uma reviravolta ao ver-se embrenhada num amor puro e verdadeiro. Completamente apaixonada, aprende finalmente a viver para além da sua existência e condição patológica.
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"(...) Não consigo falar da nossa história de amor, então vou falar de matemática. Não sou formada em matemática, mas sei de uma coisa: existe uma quantidade infinita de números entre 0 e 1. Há o 0,1 e o 0,12 e o 0,112 e uma infinidade de outros. Obviamente, existe um conjunto ainda maior entre o 0 e o 2, ou entre o 0 e o 1 milhão. Alguns infinitos são maiores que outros. Um escritor de quem costumávamos gostar nos ensinou isso. Há dias, muitos deles, em que fico zangada com o tamanho do meu conjunto ilimitado. Queria mais números do que provavelmente vou ter, e, por Deus, queria mais números para o Augustus Waters do que os que ele teve. Mas, Gus, meu amor, não imaginas o tamanho da minha gratidão pelo nosso pequeno infinito. Eu não o trocaria por nada neste mundo. Tu deste-me uma eternidade dentro dos nossos dias numerados, e sou muito grata por isso."
Publicado em janeiro de 2012 e considerado a Melhor Ficção Young Adult pelo Goodreads1, o romance de John Green baseia-se na narração nua e crua de Hazel Grace, uma adolescente a quem foi diagnosticada, aos 13 anos, um cancro na tiróide com metástases para o pulmão. Por causa desta condição, apesar do incondicional amor e apoio dos pais e de uma equipa de saúde maravilhosa que a trata, ela isola-se completamente do mundo, parando de estudar e, evitando, ao máximo, desenvolver relações com pessoas novas.
HajaLivro!
Crítica a “A Culpa é das Estrelas” de John Green
HajaLivro! 18
Uma adolescente com o destino aparentemente traçado vê a sua história completamente reescrita.
uma fábrica de conceder desejos” (in A culpa é das estrelas) e, por vezes, coisas más acontecem a pessoas boas…
Confesso que esta foi uma das críticas que mais me custou escrever. Isto porque, sinto que, por mais que tente, nunca farei jus à qualidade da escrita, à mestria do enredo e ao requinte da caracterização das personagens de John Green.
Uma travessia de dor. À descoberta de uma luta contra o tempo. Aprender a aproveitar cada segundo como se fosse o último e dedicar-nos verdadeiramente aos que amamos. Um ensinamento vital que aprendemos com este livro. Quer esteja de perfeita saúde ou na iminência de partir, não desperdice os momentos preciosos da sua vida!
Quando comecei a ler A culpa é das estrelas pensei, claramente, ter antecipado o seu desfecho. Por ser um livro sobre cancro nunca poderia ser uma história feliz, certo? Errado! Através do humor negro e sarcasmo de Hazel Grace, o leitor embarca numa viagem onde aprende a valorizar aspectos fundamentais da vida, apercebendo-se que o cancro é apenas uma consequência de se estar a morrer… Por serem doentes terminais, os adolescentes deste romance são personagens muito adultas (talvez mais adultas do que eu ou você, caro leitor), com personalidades e princípios muito fortes. Um livro de adolescentes, não só para adolescentes, que descreve miúdos que só queriam ter uma vida normal, sem quimioterapia ou radioterapia, sem cateteres ou agulhas, sem cirurgias ou amputações. A culpa é das estrelas é um marco literário por ser uma metáfora da nossa vida, enquanto seres errantes, de simples passagem por este mundo. Tememos ser esquecidos, queremos deixar a nossa pegada permanentemente marcada nas areias do tempo, queremos ser amados, queremos ser felizes, queremos viver… Porém, histórias felizes não pressupõem finais igualmente felizes. “A vida não é
“O sofrimento não nos muda, Hazel, Revela-nos.” (in A culpa é das estrelas)
Por favor leiam este livro. É lindo, arrebatador e vai arrasar completamente os vossos corações! Ok? OK!
Inês Braga, 5º Ano
Tabata Training
FAZ AS CONTAS! Em 4 min podes queimar até 350 calorias! Pois não só se queima calorias no momento do exercício mas, como se trata de um exercício tão exaustivo, o teu metabolismo vai estar acelerado durante cerca de 24 horas, queimando assim muitas mais calorias durante o pós-exercício. 4 minutos de treino TABATA = queima até 350 calorias 4 minutos na passadeira a 8 km/h = queima até 40 calorias
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intervalados mais conhecidos é o TABATA, e é disto que vos vou falar hoje. O TABATA foi criado pelo professor Izumi Tabata em 1996, que estava envolvido na patinagem de velocidade no gelo olímpica. O TABATA consiste em 20 segundos de exercício ultra-intenso seguido de 10 segundos de descanso, repetidos ao longo de 4 minutos (8 ciclos). A nível cardiovascular, verificou-se n u m a m e t a - a n á l i se d e 2 0 1 5 , q u e exercícios como o TABATA aumentava significativamente a capacidade aeróbica (definido como VO2 máx). Outros estudos de revisão revelaram que 4 ciclos deste treino são mais eficientes a melhorar a função cardiovascular que treinos contínuos de intensidade moderada. Em relação aos efeitos no metabolismo, treinos como o TABATA baixam significativamente a resistência à insulina, comparando-os com treinos contínuos ou condições controlo. Mas lembra-te este tipo de treino é de alta intensidade, por isso naqueles 20 segundos de treino tens que dar o teu máximo! Como já sabes tudo sobre o TABATA aqui vão alguns exercícios que podes incluir neste treino. Tenta repeti-los o maior número de vezes e o mais rápido possível naqueles 20 segundos.
HajaExercício!
Para ti que não és nada fã de ginásios mas querias parecer mais atlético, ou para ti que adoras um bom desafio, esta é edição ideal! Do que vamos falar aqui é de treino cardiovascular, mas que vai mudar completamente a maneira como vês o exercício. Quando falamos em treino cardiovascular pensamos em correr, correr e correr. Bom há quem adore correr sem destino, mas também há quem ache uma valente seca! Já ouviste falar dos treinos de alta intensidade? No treino do tipo cardiovascular quem manda és tu, no entanto podes seguir certos padrões. Podes realizar exercícios de intensidade estacionária, que são aqueles em que, por exemplo corres ou andas de bicicleta a uma velocidade e dificuldade constante, ou então podes realizar exercícios de alta intensidade intervalados. Com este último consegues acelerar o teu metabolismo durante muito mais tempo e queimar muitas mais calorias! E não precisas de horas infinitas de treino! Aliás são só 4 minutos do teu dia! O treino de alta intensidade intervalado consiste em picos de esforço de alta intensidade de exercício aeróbio, intervalado com períodos de recuperação menos intensos. Um dos exercícios
HajaExercício! Jumping Jacks
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1. Iniciar o exercício de pé, com as mãos lado a lado ao tronco.
2. Num único movimento, saltar, afastando as pernas, com os pés ligeiramente virados para fora, elevando os braços acima da cabeça.
3. Imediatamente voltar à posição inicial.
Joelhos altos 1. Iniciar o exercício de pé, com os pés à largura da anca e os braços pendendo.
2. Pular de um pé para o outro, ao mesmo tempo levantando os joelhos tão alto quanto possível.
(Os braços devem seguir o movimento. E Tocar no chão apenas com as pontas dos pés.)
1. Colocar as mãos nos quadris, puxar os ombros para trás e olhar para a frente.
2. Dar um passo em frente com a perna direita.
HajaExercício!
Lunges
3. Descer lentamente o corpo até o joelho da frente estar dobrado a 90 graus (certifique-se de que o joelho não passa a linha do pé).
5.
Repetir para a perna esquerda.
(fazer isto lentamente ou a saltar)
Agachamento 1. Em pé com os pés à largura dos quadris ou ligeiramente mais afastados.
2. Descer o corpo para trás, tanto quanto possível, empurrando os quadris para trás. Dobrar os joelhos até os 90 graus e empurrando o peso corporal para os calcanhares.
3. Manter a coluna neutra em todos os momentos e nunca deixar os joelhos passar a linha do pé.
4. O peito deve estar levantado em todos os momentos, e não dobrado.
5. Voltar de novo à posição inicial.
(fazer isto lentamente ou a saltar)
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4. Voltar à posição inicial o mais rápido possível, com segurança.
Flexões 1. Deitar no chão e colocar as mãos no chão ligeiramente afastadas do tronco em linha com os ombros.
2. Fazer a extensão dos membros superiores. O corpo deve formar uma linha reta desde os ombros até aos tornozelos. (Posição de Prancha)
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HajaExercício!
3. Não esquecer de contrair os abdominais.
4. Descer o corpo até que o peito quase toque no chão, certificando--se de que os cotovelos são dobrados perto do tronco.
Mountain Climber 1. Começar na posição inicial das flexões: braços estendidos com as mãos afastadas à linha dos ombros, e corpo a formar uma linha reta desde os ombros aos tornozelos. (Posição de Prancha)
2. Levar o joelho direito do chão até ao peito.
3. Retornar à posição inicial e repetir com a perna esquerda.
4. Continuar a alternar o mais rápido possível.
Abdominais em V 1. Deitar no chão com a parte inferior das costas pressionado no chão. Os braços e as pernas devem estar estendidos.
HajaExercício!
2. Os ombros devem tocar o chão e as palmas das mãos viradas para cima.
3. Mantenha os pés juntos e os dedos apontados para cima.
5. Contrair bem os músculos abdominais durante a subida.
6. Lentamente, voltar à posição inicial.
Burpees 1. Iniciar em pé com os pés à largura dos quadris e braços ao lado do tronco.
2. Descer o tronco, inferior à posição de agachamento, com as mãos no chão à largura dos ombros.
6. Num movimento, chutar as pernas para trás. De modo a ficar em Posição de Prancha.
3. Realizar movimento de flexão, tocando com o peito no chão.
4. Voltar à posição de prancha.
5. Empurrar ambos os pés para a frente, de modo a voltar à posição semelhante à do agachamento.
6. Saltar na vertical, com os braços acima da cabeça, de modo a voltar à posição inicial.
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4. Num movimento, elevar as pernas, mantendo-as em linha reta. Ao mesmo tempo, elevar a parte superior do corpo do chão, tentando tocar com as mãos nas pontas dos pés.
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HajaExplicação!
Kelly Pires, 2º Ano
O sistema bancário internacional é um enigma. Existem mais de 30 mil bancos diferentes espalhados pelo mundo que possuem uma quantidade inacreditável de ativos. Os 10 maiores bancos apenas são responsáveis por cerca de 25 triliões de dólares. Mas afinal como funciona o comércio bancário? Nesta edição do HajaSaúde! tens uma explicação muito simplificada de um tema muito complicado, mas esperamos resolver algumas dúvidas. Hoje em dia, o sistema bancário pode parecer muito complexo, mas originalmente a ideia era facilitar o quotidiano. A Itália do século XI foi o centro do comércio europeu onde comerciantes de todo o continente se reuniam para negociar os seus bens, mas havia um problema - demasiadas unidades monetárias em circulação. Na cidade de Pisa, negociava-se com 7 moedas diferentes o que exigia a sua troca constantemente. Esta troca ocorria, normalmente, ao ar livre em bancos de jardim, nascendo assim o conceito atual de banco (instituição). Os perigos da viagem, dinheiro falso e a dificuldade na obtenção de um empréstimo fizeram a sociedade pensar que era hora de um novo modelo de negócio. Corretores começaram a dar crédito aos empresários, enquanto genoveses desenvolveram pagamentos em moeda escrita. Redes de bancos por toda a Europa distribuíam crédito até mesmo para a igreja e monarquia. Atualmente, os bancos estão nos negócios de gestão de riscos. De uma forma simplificada, as pessoas mantêm o seu dinheiro nos bancos e recebem uma pequena quantia de interesse, o banco pega nesse dinheiro e cria empréstimos a
taxas de juro muito mais elevadas. É um risco calculado, pois alguns credores irão descuidar os seus créditos. Este processo é essencial para o nosso sistema económico porque fornece recursos para, por exemplo, singulares comprarem casas ou indústrias, expandir os seus negócios e crescer. Deste modo, bancos tomam fundos não utilizados pelos seus clientes e transformam-nos em fundos que a sociedade pode utilizar de várias formas. Outras fontes de renda para os bancos incluem depósitos de poupança, negócios de cartões de créditos, compra e venda de unidades monetárias, custódia de negócios e serviços de gestão de caixa. O maior problema hoje em dia é o facto de que muitos deles abandonam o seu papel tradicional de fornecedores de produtos financeiros de longo prazo por investimentos a curto prazo que acarretam riscos muito mais elevados. Durante a explosão financeira, a maioria dos grandes bancos adotaram construções financeiras de difícil compreensão e fizeram as suas próprias atividades comerciais numa tentativa de fazerem lucros rápidos, oferecendo bónus na ordem dos milhões aos chefes executivos. Tratou-se de um grande jogo de apostas que danificou economias e sociedades completas. Como em 2008 quando bancos como o Lehman Brothers deram crédito a basicamente qualquer pessoa que quisesse comprar casa e colocaram, assim, o banco numa posição de risco extremamente perigosa. Isso levou ao colapso do mercado imobiliário nos EUA e em partes da Europa, fazendo com que os preços das ações descessem drasticamente o que levou, eventualmente, a uma crise bancária
Hoje, outros modelos de concessão de financiamento estão a ganhar terreno rapidamente. Como novos bancos de investimento que cobram uma taxa anual e não recebem comissões sobre as vendas, proporcionando assim motivação para agir no melhor interesse dos seus clientes, ou cooperativas de crédito que contornam agiotagens, fornecendo os mesmos serviços financeiros que um banco, mas focados em valor compartilhado em vez de maximização de lucros, com o objetivo de ajudar os clientes a criar oportunidades como expandir quintas ou construir casas de habitação. Estas cooperativas são controladas pelos seus clientes que elegem democraticamente o conselho de administração, assim o foco no benefício dos próprios impacta o risco que estão dispostos a assumir e explica como sobreviveram à última crise
Não esquecendo as explosões de Crowdfunding que nos últimos anos têm possibilitado as pessoas a obterem empréstimos de grandes grupos de pequenos investidores, contornando o banco como um intermediário. Várias das novas empresas de tecnologia começaram no Kickstarter ou Indiegogo. O financiador individual fica satisfeito ao fazer parte do grande projeto e ao investir em ideias que acredita, enquanto distribui o risco tão amplamente que caso o projeto falhar o dano é limitado. E por último, mas não menos importante - Micro Crédito. Inicialmente consistia em vários pequenos empréstimos, maioria realizados em países em desenvolvimento que ajudam as comunidades, previamente consideradas sem valor e incapazes de obter acesso ao dinheiro necessário para iniciar um negócio, a escaparem à pobreza. Hoje em dia, a concessão de micro créditos evoluiu para um negócio de biliões de dólares. Assim, o sistema bancário pode não ser perfeito mas, o papel dos bancos em prover recursos para pessoas e empresas é crucial para a nossa sociedade. Quem o irá fazer e como será feito no futuro cabe a nós decidir, todavia.
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Os governos dos Estados Unidos e da União Europeia tiveram de criar um enorme pacote de resgate para comprar ativos desvalorizados e impedir que os bancos fossem à falência. Novas regulamentações foram postas em vigor e fundos compulsórios de emergência foram aplicados para absorver os choques no caso de outra crise financeira, embora partes da nova e rígida legislação não foram aceites pelo lobby bancário.
financeira melhor que os bancos tradicionais.
HajaExplicação!
global e umas das maiores crises financeiras da história. Centenas de milhões de dólares simplesmente evaporaram-se. Milhões de pessoas perderam os seus empregos e poupanças. A maioria dos principais bancos do mundo tiveram de pagar multas enormes e os banqueiros tornaram-se dos profissionais menos dignos de confiança.
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HajaSexualidade!
João Barbosa, 5º Ano
A sexualidade no doente oncológico Sendo esta a minha terceira intervenção no HajaSaúde!, permitam-me o atrevimento e o discernimento de, brevemente galhofar com o perliquitante e simbólico número. Se por um lado, é verdade que foi a conta que Deus fez, por outro, também dizendo lá outra vez, é parte integrante de uma anosa e cochichada expressão, cuja perda se correlaciona com a índole e âmbito desta rubrica. Ora, agora mais a sério, a sexualidade é parte importante da vida quotidiana, não só perpetrada no ato sexual, mas também na forma como o homem e a mulher se veem e se sentem, nos seus recendidos mais íntimos. A sexualidade deve ser pressentida e vivida, satisfazendo a necessidade inerente que todo o ser tem de tocar ou ser tocado. Porém, no ápice em que se é diagnosticado com um cancro, o primordial objetivo, orientado p e l o i n s t i n t o, é s ob r e v i v e r. A p ós tratamento, outras questões surgem no pensamento de quem sofre, relacionadas com qual o grau de normalidade que a vida irá ou não retomar. Algumas dessas poderão relacionar-se com a sexualidade. Poderá o enfermo, experimentar um turbilhão de emoções que agitem a imagem que tem de si mesmo, a sua autoestima ou a relação que tem com os outros? E que impacto terão os tratamentos neste decurso? Basta relembrar que um dos procedimentos potencialmente curativos para alguns tipos de cancros encontra-se no cume da faca de um cirurgião e, geralmente carregam o sufixo “ectomia”. Também
nas terapêuticas desta patologia se inclui a radioterapia que pode, igualmente, originar lesão irreversível. Ainda, alguns quimioterápicos podem afetar seriamente a vida sexual dos pacientes por provocar alopecia, mucosite, disfunção eréctil ou mesmo perda de libido. Já para não mencionar o depresso estado de espírito, ilustrado na perda da autoestima ou nos receios e ansiedades que se vão acumulando. Todavia, não há faca que corte o desejo ou medicamento que turve completamente a básica carência. Tema tabu para muitos, também aqui se escusam, frequentemente os pacientes, de buscar ajuda ou de simplesmente dialogar com os seus parceiros. É importante conservar que a sexualidade e a sensualidade são sempre possíveis entre os membros do casal. Para muitos, estas implicam um ato sexual, ou no limite, uma penetração, mas, há algo mais, já que se mantêm a capacidade de sentir prazer com um simples e carinhoso toque humano. Obviamente, que isto se diferencia de casal para casal, pois as atitudes, as práticas e a frequência com que são mantidas, podem variar. O que se recomenda, em primeiro lugar é uma honesta e paciente conversa entre pares, refletindo preferências e discutindo limitações, acordando e delineando estratégias. O ultrapassar do desgostoso impacto e o regresso à normalidade quotidiana, encarregar-se-ão do resto. Porém, por vezes, é preciso que nós, futuros clínicos, agitemos a mágica vareta conselheira e farmacológica, em auxílios destes demais.
No homem, pode haver lesão nervosa ou vascular de estruturas abdominopélvicas, responsáveis pela ereção ou pela ejaculação, em diversos procedimentos, tais como prostatectomia ou cistectomia radical ou recessão abdomino-perineal nas neoplasias da próstata, bexiga ou reto, respetivamente. Imagine-se o encéfalo, entusiasmadíssimo, pretendendo telefonar, relatando à genitália, o que na sua retina se espelha mas a linha estar cortada. É complicado, mas pode ser reversível. Assim, podem ser realizadas terapêuticas de reabilitação com ereções provocadas, farmacologicamente ou por vácuo, visando manter a boa saúde peniana. De salientar, outras neoplasias com tratamentos potencialmente mutilantes ou que provoquem disfunção, como as testiculares, penianas ou as que obriguem a amputação de membro. No caso da mulher, além da bexiga e do reto, diferentes órgãos podem ser afetados nas cirurgias pélvicas. Neles incluem-se a genitália, o útero, o cérvix, as trompas de Falópio ou os ovários. Pela remoção ovárica, o corpo feminino pode ser compelido a uma menopausa precoce e pela remoção dos demais a uma incapacidade de engravidar. Pode ainda surgir a sensação de vazio, impactada pela destituição cirúrgica destes órgãos
internos, o que não impede a obtenção de prazer. Pode surgir dispareunia, particularmente na cistectomia, em que parte da vagina é removida e, por isso, a cavidade terá de ser reconstruida. No que respeita à cirurgia genital ou mamária, esta poderá ter um impacto mais significativo na autoestima, na estimulação sexual, facto considerado pelas equipas cirúrgicas, não só na remoção, mas também na reconstrução. Na patologia da mama o embate é diariamente exibido num espelho em cada manhã, refletindo a tristeza e o desalento. Assim, deve ser procurada ajuda psicológica diferenciada e prescritos dispositivos médicos ou fármacos que auxiliem ou, simplesmente e estrategicamente, procurar a posição mais adequada para uma prazenteira c ó p u l a . Po r v e z e s , a l u z p o d e atrapalhar e não há nada como esquecer os bordos corpóreos e os preconceitos e deixar que o casal se perca nos limites da luxúria um do outro. Em ambos os sexos deve-se recorrer, sem qualquer tipo de pudor ou vergonha, pois, neste caso particular, os fins justificam os meios, a aparelhos, estratégias ou quaisquer outras fantasias que apimentem e auxiliem a indagação por prazer. Despeço-me desejando que Hajasaúde! mas também que Hajasexualiadade!, neste caso honesta, sincera e envolta em diálogo e compreensão, já que, felizmente não está descrito que as células neoplásicas metastizem para aquele material amorfo e incógnito, esquivo de descrição nos livros de anatomia – a alma humana.
HajaSexualidade! 27
Esta pode ser uma situação complicada para ambos os sexos. É frequente que o doente se focalize na área do corpo afetada, o que lhe trará invariavelmente sofrimento, como é o caso da voz nas neoplasias da cabeça e pescoço, nos sacos de ostomia na neoplasia cólon retal ou na cicatriz na neoplasia da mama.
Joana Silva, 4º Ano
HajaGula!
Fidalguinhos de Braga
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Caros aventureiros gulosos, hoje tragovos a receita de uns famosos biscoitos de Braga: os biscoitos fidalguinhos. Estes biscoitos tradicionais bracarenses, de massa fina, têm origem na doçaria conventual do Convento da Nossa Senhora dos Remédios e a sua forma aparenta-se com duas pernas cruzadas, uma crítica aos fidalgos e ao seu estilo de vida pois estes não tinham de se esforçar para conseguir o que almejavam.
Figura 9- Fidalguinhos de Braga
INGREDIENTES: - 200g de farinha - 20g de manteiga - 90g de açúcar - 2 ovos
PREPARAÇÃO: 1. Amassa-se a farinha com a manteiga amolecida, o açúcar e os ovos.
2. Trabalha-se bem a massa e estende-se, formando fios de largura do comprimento de vinte centímetros.
3. Dobra-se a massa ao meio e torce-se.
4. Colocam-se em tabuleiros untados com manteiga e cozem em forno médio.
(receita in “Cozinha de Portugal – Entre Douro e Minho”, Maria Odette Cortes Valente, Círculo de Leitores)
Tiago Rosa, 4º Ano
Warning: A seguinte rubrica pretende despertar sentimentos de espanto e estupefação com a estupidez. Obrigado. Reader discretion is advised (or not).
A Dama e o Vagabundo: Pupcake, madame?
podemos alimentá-los com comida de qualidade, porque não o fazemos?” Entre os pratos com mais sucesso, destacam-se: pé-de-galinha frito, pescoço de pato, pupcakes (cupcakes com bacon), mini-donuts de queijo, pretzels de abóbora e bolachas de banana e manteiga de amendoim.
To d o s c o n h e c e m o s A D a m a e o Vagabundo, o clássico em que a Disney ensina às crianças os melhores (e piores) momentos pelos quais um cão ou cadela podem passar. Uma das situações mais memoráveis é a cena do jantar de esparguete, em que o dono do restaurante lhes prepara um belo jantar ao luar, com direito a música ao vivo. A fantasia que a Disney lançou ao mundo em 1955 (sim, este é um verdadeiro clássico Disney) está agora mais perto de se tornar realidade. Um casal americano abriu a Seattle Barkery - nome inspirado nas palavras bark (ladrar) e bakery (padaria) - uma carrinha de venda ambulante que se especializa em fazer comida para animais (cães, gatos e também humanos, mas principalmente para os primeiros dois). Para fazer este negócio inovador crescer, os donos estão presentes nos parques caninos, feiras agrícolas e outros eventos da região. A dona e cozinheira, Dawn Ford, acredita que “o que damos aos nossos animais reflete-se na sua saúde, por isso, se
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Figura 10- Fotografia da Seattle Barkery
HajaPaciência!
Capítulo 9: Refeições e Deformações
Figura 11- Fotografia de cão e cupcake
Por agora, a cozinheira não é tão perspicaz a perceber os pedidos dos seus clientes como o cozinheiro do filme. Pode ser que, em breve, alguém consiga tornar real um outro filme da Disney e recriar a coleira do Dug do filme Up.
francesa contra a invasão e ocupação nazi.
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HajaPaciência!
Desde então, a efígie de 3,10m tem sido sistematicamente alvo de vandalismo, mutilação e, já por duas ocasiões, amputações penianas, obrigando o escultor a refazê-lo de ambas as vezes. Para prevenir futuras situações, o município optou desta vez por um pénis desmontável, que apenas será colocado no seu devido lugar em cerimónias oficiais, eliminando assim gastos e preocupações desnecessárias com a “vigilância da anatomia do Hércules”, disse a um jornal local o responsável pela preservação do património. Figura 12- Estátua de Hércules
Hércules ganha… pénis… removível? No município de Arcachon, no sudoeste francês, foi inaugurada em 1948, uma estátua do semideus grego Hércules, como celebração da hercúlea resistência
No entanto, e dada a longa tradição local de vandalismo para com esta obra de arte, não seria de estranhar se, qualquer dia, a estátua acordasse com um novo implante, colocado oficiosamente pela calada da noite… Me out.
HajaHumor!
Conselhos da Rebecca Sejam boas pessoas. Ou, alternativamente, simplesmente não me irritem. Estou farta disto. Esta vida mata-me. Ainda por cima tratam-me como um cão! Custa assim tanto arranjar-me o raio de um copo de limonada de côco acabado de espremer?!... Como assim, já estamos em direto?... Opá. Olá! Sejam bem-vindos a mais uma excelente crónica das minhas, as únicas em que se chega ao fim mais burro do que à partida! Nos próximos parágrafos, dissertarei sobre um tema em voga que penso ainda não ter sido abordado nesta edição da Revista: Oncologia. Depois, algures perto do fim, vou inserir uma frase relativa à Compra do Louisiana, retomando a temática anterior como se nada tivesse acontecido.
Oncologia: derivada das palavras gregas “onkos” (que significa “massa”) e “logia” (que significa “logia”). Percebemos, assim, que se trata da ciência que estuda e propõe as melhores opções, atualmente, no que toca a pesto, carbonara e – mais recentemente – alguns tipos de fusilli. Eu nunca gostei muito de massa. Mas se há coisa de que gosto ainda menos, é do cancro. Detesto isso. Mas chega de conversa médica. Se o cancro é uma chatice quando está dentro de nós, todos os dias lidamos com pessoas ou situações que de certa forma representam, também elas, um cancro. “Oh, lá vem
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complicar a nossa mensagem, menos pessoas a perceberão (ou sequer a conseguirão acompanhar até ao fim sem, vá, dar um tiro nos cornos). Isso é só f a n f a r r o n i c e . “ Tr a s l a d o - m e presentemente para o dejetório, almejando nessa enodoada localidade alforriar um incomensurável excrementício”. Isto é, “vou defecar”. Alguém percebeu? Idiota. #5 – Pessoas que se ofendem com tudo. A verdadeira epidemia do século XXI. São, provavelmente, as pessoas que já se ofenderam com tudo o que disse até agora: têm miúdos que mandam neles mas é uma opção pedagógica; escrevem mal mas tentam compensar escrevendo incrivelmente bem e acaba por compensar; mas não se ofendem com tudo!, só com aquelas coisas que magoam, como se chamam… palavras. E até se indignariam e fariam um protesto, mas… para já vão deixar passar. Abordados que estão os cancros da sociedade, falta-nos ainda falar de uma ou t ra p a t ologi a : a a p e n d i ci t e d a sociedade. A apendicite da sociedade é aquele processo inflamatório ambulante (leia-se: um gajo qualquer todo inchado) que nos ultrapassa no trânsito e nos obriga a travar para não lhe bater, faz as rotundas por fora para sair na última saída e exibe-nos a beleza do seu dedo central quando lhe mandamos uma minibuzinadela de descontentamento. Causa grande aflição momentânea, mas, tal como na apendicite, nada que uma cirurgia não resolva. Neste caso, uma lobectomia. Por isso vos peço, enternecidamente – e para que não tenha de sacar da minha carabina da próxima vez que nos encontrarmos –, não sejam nenhuma destas pessoas. Sejam amor, paz e interlúdios tremeluzentes de cólera e jubilação. Sim, eu estava a ser “aquela gaja” outra vez.
HajaHumor!
aquele adenocarcinoma peritoneal de alto grau displásico” – dizemos nós amiúde daquele garoto que nos vem pregar sobre a Igreja dos Tupperwares. Com efeito, de seguida apresento-vos uma lista do que são os verdadeiros cancros da sociedade: #1 – Procrastinação. …Mas falo-vos deste mais tarde. #2 – Miúdos que mandam nos pais. Se um fedelho se põe a fazer uma birra no meio de um centro comercial porque quer o novo Action-X-SuperWoman-He-Man e ouvimos algo do género “vá, Martim, vai parar de chorar porque a mamã vai-lhe oferecer o seu boneco, sim?”, sabemos que está ali o próximo Hitler ou Ministro das Finanças. Caros Rebecckers, se há alturas em que não está errado bater em estranhos, esta é a primeira delas. Aliás, segundo o Código Penal, é inclusive considerado crime se não o fizerem. E vocês não querem ser criminosos, pois não?... Encham aqueles pais de porrada da velha. E o puto também, para ver se para de chorar. #3 – Pessoas que não sabem e s c r e v e r. N ã o s e c o n f u n d a c o m analfabetos, já que estes resultam de um infortúnio da vida; refiro-me, sim, a quem teve a oportunidade de aprender, até o fez e decidiu, por vontade própria, começar a escrever mal. Talvez pelo mesmo motivo pelo qual muitos começam a fumar: “epah, isto é fixe”. Resultado? Ambos resultam em cancro. “Os teos agormemtus pasam-m ao ladu, tives-te asar com a pesoa k escolhes-te loooool” Olha, esfrega Nívea que isso passa. Idiota. #4 – Pessoas que escrevem demasiado bem. Se o contrário é incomodativo, isto é só desconcertante. O objetivo da linguagem é comunicar, e para o alcançar não é preciso ir muito além no palavreado que se usa; além disso, quanto mais recorrermos ao dicionário de sinónimos de Word para
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Jornal HajaSaúde! Edição: Ana Sofia Milheiro, Joana Silva e Gonçalo Cunha Colaboradores: Ana Sofia Milheiro; António MateusPinheiro; Catarina Pestana; Gonçalo Cunha; Joana Silva; João Barbosa Martins; João Lima; Jorge Silva; Kelly Pires; Mário Carneiro; Núria Mascarenhas; Pedro Peixoto; Rafael de Vasconcelos; Rita Neves; Sofia Leal Santos; Tiago Rosa. Revisão linguística: Jéremy Fontes Paginação & Grafismo: Catarina Fontão
NEMUM - Núcleo de Estudantes de Medicina da Universidade do Minho Escola de Ciências da Saúde da Universidade do Minho Campus de Gualtar, 4710 - 057 BRAGA Correio eletrónico: hajasaude.ecs@gmail.com