PRECONCEITOS
ENTREVISTA Pedro Morgado , Pรกg. 5
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Sofia Milheiro, 4º Ano
CHIMAMANDA ADICHIE
estereótipos representam um componente
uma forma mais obsessiva que outros, demonstra uma marcada necessidade de
mais cognitivo, os preconceitos têm um carácter mais afetivo. Trata-se, então, de
organização. Somos animais que gostam de
termos uma perceção e uma resposta
ter tudo ordenado e guardado naqueles que
emocional pré-concebidas, que são
consideramos ser os locais mais adequados
independentes da nossa experiência e
e fazemos isto não só com a tralha que se
contacto com o grupo-alvo. Facilmente isto
acumula em casa, mas também com os
pode ser transposto para uma vertente
conhecimentos e conceitos que adquirimos
comportamental, como, infelizmente, ainda
do mundo exterior. Como estudantes de
acontece – a discriminação.
medicina sabemos quão fundamental é esta
catalogação de ideias e saberes para o nosso raciocínio clínico. É desta
a sua génese é, simultaneamente, tão própria e natural ao ser humano, pelo que
necessidade tão humana que surgem os
nunca será demais focá-los. O primeiro
estereótipos, que nada mais são do que a
passo para contrariar este processo
categorização dos seres humanos em
passa por estarmos conscientes da sua
diferentes grupos, tendo por base as suas
existência e, como tal, decidimos trazê-los
diferentes características e/ou
à ribalta nesta edição do HajaSaúde!. Como
comportamentos. Um estereótipo social é,
só “uma história” não é suficiente, a
pois, o conjunto de características e
temática será abordada sobre diferentes
comportamentos que atribuímos a um
perspetivas ao longo das rubricas que já vos
determinado grupo de pessoas. São,
têm vindo a acompanhar, intercaladas com
portanto, formas simplistas de representação do mundo; resultados de um
outras relativas à primavera ou ao café. Espero que isto vos tenha aberto o apetite
processo de generalização, que ignora
literário…
Estes são temas tão relevantes mas
demais informações, dadas como acessórias. Não são intrinsecamente negativos e são até importantes na nossa orientação na vida social. No entanto, convertem-se muitas vezes em rótulos pejorativos e dão origem a preconceitos. Os preconceitos são mais do que esta mera catalogação, uma vez que envolvem uma avaliação, geralmente negativa. Enquanto os
... Boas leituras!
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Todo o ser humano, uns talvez de
HajaEditorial!
“A história única cria estereótipos. E o problema com os estereótipos não é serem mentira, mas serem incompletos. Eles fazem uma história tornar-se a única história.”
João Lima, 1º Ano
HajaBreves!
Estudante de medicina salva passageiro durante o Voo
Craig MacLean, estudante de medicina da Universidade Dundee, com 22 anos, estava a viajar na companhia KLM, num voo da Escócia para Abu Dhabi quando foi pedida a ajuda de um médico. MacLean não conseguiu deixar o homem sem assistência, apesar de não estar ainda qualificado para tratar os pacientes. O estudante da Universidade Dundee começou as manobras de reanimação e de seguida ainda pediu o desfibrilador. O voo foi desviado para a Turquia e foi feita uma aterragem de emergência, mas felizmente, o passageiro já 5nha reagido.
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Dia do Centro Clínico Académico dedicado à inves5gação clínica O Dia do Centro Clínico Académico (2CA-‐Braga) celebrou-‐se no dia 20 de março de 2015 com início às 8h30m, no Auditório Professor Doutor Pinto Machado do Hospital de Braga. A sessão permi5u fazer um balanço do trabalho efetuado ao longo dos três anos de existência do centro. Na cerimónia foram apresentados resultados do trabalho desenvolvido no âmbito das bolsas de inves5gação atribuídas no ano de 2013 e entregues os prémios rela5vos às três bolsas de inves5gação concedidas no ano de 2014. O Centro Clínico Académico (2CA-‐Braga) é uma parceria, sem fins lucra5vos, celebrada entre a Universidade do Minho (UM), através da Escola de Ciências da Saúde (ECS) e o Ins5tuto de Inves5gação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS), a José de Mello Saúde, representada pelos Hospitais de Braga e CUF-‐Porto, e a ReferenceProfile, Lda. Encontra-‐se sediado no Hospital de Braga, possuindo para o desenvolvimento da sua a5vidade uma ala composta por diversos espaços adaptáveis ao desenvolvimento de projetos de inves5gação de diferentes desenhos.
Escolas de Medicina Privadas Têm surgido nos úl5mos tempos algumas noecias em torno da possibilidade de abertura do curso de Medicina em escolas privadas, sendo um tema que não é novo e que desde sempre tem levantado muitas questões. Várias ins5tuições de ensino superior privado têm apresentado projetos de criação de cursos de medicina ao longo dos anos que têm sempre sido recusados; os projetos não têm demonstrado robustez e solidez pedagógica que merecessem o aval posi5vo da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior-‐ “Não há problema nenhum em haver faculdades de Medicina privadas. Têm é que ter qualidade”-‐ explica Alberto Amaral. Desta forma, o presidente da en5dade fiscalizadora, deixa claro que “as propostas das privadas não têm qualidade”. Contudo, a abertura de um novo curso de Medicina -‐ independentemente da natureza da sua ins5tuição -‐ levanta também a problemá5ca do numerus clausus em Medicina. Com a criação de um novo curso estamos a potenciar de imediato a falta de planeamento integrado da formação médica pré e pós-‐graduada, pois iríamos diminuir ainda mais as oportunidades de formação específica para os recém-‐graduados, essencial para a qualidade da saúde em Portugal.
João Dourado, 2º Ano | Núria Mascarenhas, 2º Ano
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ENTREVISTA Pedro Morgado
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HS -‐ O que é o preconceito? PM -‐ O preconceito corresponde a uma a5tude, posi5va ou nega5va, em relação a uma pessoa baseada no grupo a que pertence. HS -‐ Então um preconceito pode ser posi?vo? PM -‐ Sim, pode ser por posi5vo. Por exemplo, ouvimos muitas vezes as pessoas dizerem: “gosto muito dos italianos”, quando, na verdade, é impossível abarcar todos os italianos nesta definição. É um preconceito posi5vo. HS – E o que seria um estereó?po? PM -‐ O estereó5po é precisamente o que está muitas vezes na base do preconceito. Consiste em
classificar uma pessoa pelo grupo a que ela pertence. É uma ideia em que se toma a parte pelo todo. O preconceito, por sua vez, é a a5tude que se tem em consequência dessa ideia. Na verdade, a maioria dos preconceitos baseiam-‐ se em estereó5pos, estando por isso relacionados. Claro que, quando falamos de preconceito, aquilo que nos preocupa, são os preconceitos nega5vos porque são aqueles que têm graves consequências na vida das pessoas. Portanto, preconceito é assumir que um indivíduo se comporta de acordo com o grupo em que nós o englobamos. Esta situação conduz naturalmente a erros de análise e, ainda por cima, cada pessoa pertence a mais do que um grupo, o que demonstra bem a irracionalidade do preconceito. Por exemplo, um mesmo indivíduo pode pertencer ao grupo dos
HajaEntrevista! 6
adeptos de um clube e pode pertencer ao grupo de pessoas com uma determinada orientação sexual ou de um género, o que faz com que uma pessoa até possa ser ví5ma de mais do que um preconceito. HS – Sendo assim, quais os ?pos de preconceito que existem? PM -‐ Desde que haja um grupo a que nós possamos associar uma pessoa, pode exis5r um preconceito. Os preconceitos são de variadíssima ordem mas talvez seja importante destacar: as questões raciais (ainda mais, quando se sabe que não existem raças na espécie humana) que são sobretudo baseados na cor da pele; os preconceitos de género, como tratar as mulheres como se todas fossem todas iguais ou os homens como se fossem todos iguais; os preconceitos relacionados com a orientação sexual; os preconceitos relacionados com a origem étnica ou a nacionalidade que também são muito frequentes e os preconceitos relacionados com a religião. Atualmente há uma série de preconceitos relacionados com o Islamismo, sobretudo nos países do Ocidente. Tendemos a qualificar as pessoas que professam o Islamismo todas da mesma maneira porque os associamos aos atos terroristas que têm sucedido na Europa e nos Estados Unidos. Mas a verdade é que este preconceito é tão errado como um preconceito étnico relacionado com a proveniência das pessoas ou outro qualquer preconceito. HS -‐ Como é que surge o preconceito ou de onde é que vem? PM – Sinceramente, não sei. Mas acredito que o preconceito tenha nascido ao mesmo tempo que a humanidade. Ou seja, acompanhou sempre os homens porque está relacionado com sen5mentos de segurança.. Nós, para nos sen5rmos mais seguros e mais integrados temos que pertencer a grupos. E pertencer a um grupo implica também dis5nguirmo-‐nos dos outros grupos. É neste processo de dis5nção dos outros grupos que nasce o preconceito, pois tendemos a estereo5par todos os outros. A segunda causa do preconceito é o desconhecimento. Quando somos ignorantes
sobre um assunto, tendemos a ter mais ideias erradas acerca dele. Do mesmo modo, quando não conhecemos nem interagimos com as pessoas que integram os tais grupos que são alvo dos nossos preconceitos, somos mais preconceituosos em relação a essas pessoas, porque assumimos, para cada pessoa, caracterís5cas que julgamos epicas desse grupo. HJ -‐ Isso leva-‐nos à próxima pergunta: de que forma é que os media promovem ou influenciam o racismo ou a intolerância religiosa? PM -‐ Promovem as duas coisas. Os media promovem todos os 5pos de preconceito também têm sido um dos veículos mais importantes das campanhas contra o preconceito. Por exemplo, alguns preconceitos contra os médicos ou contra os estudantes são ins5gados pelos media. Se um médico 5ver um acidente de viação, aparece: “Médico teve acidente de viação”. Se um de vós es5ver envolvido numa situação nega5va aparece “Estudante de Medicina fez determinada coisa muito má”. De igual forma, quando há crimes que são come5dos por cidadãos estrangeiros ou por ciganos isso é referido na noecia. Enquanto que, quando um crime é come5do por uma pessoa que nasceu em Bragança, não dizem “Cidadão branco nascido em Bragança cometeu um crime”. Com a religião passa-‐se a mesma coisa: o islamismo é sistema5camente acusado de comportamentos que, muitas vezes, os católicos também adoptam. O preconceito está muito relacionado com sen5mentos de segurança e é por isso que há quem trate todos os islâmicos como inimigos. No entanto, só nos deveríamos defender dos terroristas islâmicos que são exatamente iguais aos terroristas católicos. Quando as noecias são dadas de uma forma muito sensacionalista e quando são feitas generalizações acerca das pessoas que estão envolvidas em determinado crime ou em determinado ato terrorista favorece-‐se o preconceito. A sobre-‐exposição a estas associações nega5vas alimenta preconceito. HS -‐ Também agora um bocado em relação à nossa comunidade académica, acha que os
HS -‐ Quais as consequências psiquiátricas ou psicológicas, se é que há algumas, para as ví?mas de preconceito? PM -‐ Uma pessoa que é alvo de preconceito é sempre uma pessoa mais vulnerável e que, portanto, está em risco de sofrer aquelas doenças psiquiátricas que nós sabemos que são consequência do stress crónico e de situações de vida nega5vas. Basicamente estamos a falar da depressão, das perturbações de ansiedade e de uma maior vulnerabilidade a adições. É importante salientar que as pessoas que integram grupos alvo de preconceitos nega5vos na nossa sociedade também têm maior risco de suicídio. Estas são consequências diretas da a5tude da sociedade, daquilo que todos nós dizemos e, sobretudo, o que as pessoas que têm responsabilidade polí5ca dizem. Felizmente, em Portugal, temos 5do uma força social de grande bloqueio às a5tudes racistas, homofóbicas, xenófobas e de discriminação de género. Felizmente, em Portugal, não é poli5camente correto promover tais a5tudes. HS -‐ É crime? Não tenho bem a noção. Sei que no Brasil é crime, mas em Portugal também o é?
HS -‐ Portanto, será que estamos num mundo que não sabe lidar com a diferença ou será que a própria diferença pode por em causa a existência do mundo tal como o conhecemos? Isto é, será que o preconceito serve para estabelecer determinados limites ou determinadas regras pelas quais a nossa sociedade se rege, ou está a impedir essa mesma sociedade de avançar? PM -‐ São dois aspectos diferentes. O preconceito baseia-‐se no estereó5po que é um conceito que está no campo das ideias; o estereó5po não existe do ponto de vista material. A diversidade existe do ponto de vista material. O preconceito é consequência de uma espécie de distorção cogni5va, é sempre um erro de avaliação da realidade que se traduz numa leitura distorcida do individuo que está à nossa frente. Portanto, ele existe, temos de lidar com ele, mas era sempre melhor que ele não exis5sse. Não vejo vantagem no preconceito.
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PM -‐ Não posso dizer isso nem tenho nenhuma informação obje5va que me leve a dizer isso. O que eu gostaria era que os estudantes de medicina fossem muito menos preconceituosos que os outros. Eu não consigo conceptualizar que possa haver um médico com muitos preconceitos. Mas se é verdade que todos temos alguns preconceitos então é muito importante que aprendamos a geri-‐los e que atuemos de forma proac5va para os eliminar. Infelizmente, alguns médicos têm preconceitos demasiado fortes para se poderem coadunar com o exercício da prá5ca médica. Infelizmente isso acontece. Não sei se há mais ou menos em Medicina do que nos outros cursos. Mas temos obrigação de que seja muito menos.
P M -‐ O s c r i m e s c o m e 5 d o s p o r ó d i o preconceituoso têm uma pena agravada. Agora difundir informação racista, homofóbica, xenófoba não é um crime punido na prá5ca. As pessoas podem emi5r a sua opinião, embora, em Portugal, seja socialmente censurável que isso aconteça. Felizmente existe alguma censura social. Daqui se d e p r e e n d e a i m p o r t â n c i a d e t o d o s s e manifestarem nega5vamente quando se verificam este 5po de comentários e a5tudes, porque isso faz com que as pessoas reflitam e moderem os seus discursos. Quando um polí5co faz uma d e c l a r a ç ã o q u e t e m u m c o n t e ú d o d e discriminação, isso tem uma consequência nas v i d a s d a s p e s s o a s q u e s ã o a l v o d e s s a discriminação e desses preconceito. Temos assis5do a alguns casos mediá5cos de suicídio que es5veram relacionados com bullying, preconceito e discriminação relacionados com os temas de que temos vindo a falar. E isso também acontece, infelizmente, no meio académico onde todos temos obrigação de fazer diferente e de adoptarmos a5tudes proac5vas no sen5do de r e d u z i r o s e s t e r e ó 5 p o s e c o m b a t e r o s preconceitos nega5vos.
HajaEntrevista!
estudantes de Medicina têm mais propensão para serem preconceituosos em relação aos estudantes dos outros cursos?
HajaEntrevista! 8
Pelo contrário, a diversidade é sempre posi5va: tanto do ponto de vista social como biológico. Em primeiro porque a diversidade funciona como fundo de reserva para a evolução da espécie. Em segundo porque é da diversidade social que podem surgir os grandes avanços cieneficos e culturais e a maior capacidade de vivermos em harmonia. Na verdade somos todos diferentes e é importante sermos capazes de aceitar as nossas diferenças naquilo que são os limites da conduta definida como não criminosa. Mas esses limites não têm nada a ver com os grupos a que as pessoas pertencem porque são as regras da sociedade na sua globalidade. Apesar da diferença ser sempre posi5va, há pessoas que a sentem como uma ameaça e, por isso, tendem a d i s c r i m i n a r e a t e r c o m p o r t a m e n t o s preconceituosos. Aliás, penso que a nossa vida é tão mais interessante quanto mais pessoas diferentes conhecermos. Se fossemos todos iguais, a vida e o mundo não 5nham interesse absolutamente nenhum. As pessoas mais cultas que conheço têm a capacidade de se integrar e de conviver com vários grupos, porque essa é a maior fonte de conhecimento humano. HS -‐ Pegando na questão da homossexualidade, qual é que acha que é a influência de algumas ins?tuições, como, por exemplo, a Igreja e o Governo, em relação à homofobia? Até pego no exemplo de os homossexuais não poderem doar sangue… PM -‐ A Igreja Católica foi ao longo dos séculos uma das ins5tuições que mais promoveu a homofobia. Isto não significa que não haja muitas pessoas dentro da Igreja que não se iden5ficam com esta posição da igreja e que têm, nas suas vidas, a 5 t u d e s n ã o h o m o f ó b i c a s , d e g r a n d e compreensão e de grande aceitação da homossexualidade. Mas, historicamente, a Igreja Católica é um dos grandes motores da homofobia e m t o d o o m u n d o . S a b e m o s q u e a homossexualidade esteve presente em todas as culturas e em todos os tempos históricos, exis5ndo relatos de períodos prévios à influência dominante do pensamento filosófico do
cris5anismo em que a homossexualidade era bem tolerada socialmente. Enquanto a Igreja é uma en5dade privada, o Governo, representado todos os cidadãos pelo que tem obrigações muito dis5ntas nesta matéria. É verdade que, historicamente, os governos par5ram de uma posição que favorecia a homofobia, baseando o edipcio legisla5vo no pensamento judaico-‐cristão. Na úl5ma década têm surgido medidas importantes e muito posi5vas para diminuir todas as formas de discriminação, embora ainda estejam muitos passos por dar no que respeita à discriminação da homossexualidade. A questão da doação de sangue tem sido muito polémica. Não há nenhuma evidência que jus5fique uma discriminação de grupo, sendo portanto uma medida preconceituosa. O preconceito consiste em considerar que ser homossexual cons5tui per se risco para a contração de doenças infecto-‐contagiosas quando, na verdade, são alguns comportamentos (tanto de homossexuais como de heterossexuais) que cons5tuem esse risco. É preciso termos muito claro que há homossexuais que nunca 5veram um comportamento de risco (e em alguns casos nunca 5veram sequer uma relação homossexual) e q u e h á h e t e r o s s e x u a i s q u e t ê m comportamentos de risco muito superiores aos homossexuais. Não temos qualquer dúvida de que, sob todos os pontos de vista, é um preconceito que, em úl5ma análise, acaba por desproteger os receptores de sangue. É preciso dizer que já foi tentado re5rar esta norma do processo de doação de sangue mas, infelizmente, isso foi rejeitado pelos par5dos mais à direita. HS -‐ E agora uma pergunta feita pela leitora Lénia Silva: será possível erradicar o preconceito? PM -‐ Não, acho que não é possível erradicar completamente o preconceito da sociedade. É por isso que penso que vale a pena discriminar o preconceito. No fundo, a única coisa que merece ser discriminada é o preconceito e os preconceituosos. Se a sociedade for exigente e não tolerar a5tudes discriminatórias nem
HS -‐ Também há muitos preconceitos em relação aos estudantes de Medicina. PM -‐ Preconceitos em relação aos estudantes de Medicina, exatamente. E depois, quando conhecem, dizem-‐nos assim: “Ah, tu és diferentes dos outros estudantes de Medicina. Tu não estás sempre a estudar!”. O que difere aqui é contactar, embora às vezes os preconceitos estão tão enraizados, que o que se faz não é reduzir o preconceito mas sim destacar aquela pessoa do grupo. Que é o que muitas vezes acontece em relação aos outros preconceitos que temos. “Ah, mas tu não és uma pessoa negra igual às outras, ou tu não és um gay igual aos outros”. Na verdade, somos todos diferentes enquanto pessoas únicas que somos. HS -‐ Agora mudando um pouco de assunto, mas não tanto, o que é para si um tabu? PM -‐ É um assunto sobre o qual as pessoas têm algum receio de falar ou que se trata mais no domínio daquilo que é a moralidade… é também um tema sobre o qual as pessoas não têm facilidade em falar.
P M -‐ H á r a z õ e s m u i t o v a r i a d a s n e s s a consideração; razões psicológicas que têm a ver com a própria integridade do indivíduo uma vez que o sexo é importante para o desenvolvimento de cada um; e razões do domínio social, ou seja, relacionadas com a forma como a sociedade vê o sexo. A transformação do sexo num tabu teve sobretudo a ver com fatores de moralização da sociedade, com fatores da leitura que a sociedade fazia do sexo e da nudez. Reparem que a nudez também é um tabu. E isto tem a ver com as normas que a sociedade se foi impondo. Mas os princípios que levaram a que isto acontecesse nem sempre foram incorretos: por exemplo, a questão da monogamia esteve muito relacionada com a proteção dos filhos. Só se poderia obrigar um pai a proteger uma criança se ele 5vesse a certeza absoluta que seu filho. Não havia testes de DNA, e 5nha que se promover a monogamia (sobretudo entre as mulheres, outro preconceito) para garan5r isso aos pais. Não estou a dizer que os homens são menos monogâmicos do que as mulheres. Mas isto tem muito a ver com um forte controlo social que se verificou em termos da sexualidade. HS -‐ Mas, por exemplo, mesmo falando do incesto e também o sexo entre crianças, portanto, quando digo crianças, direi com menos de, por exemplo, 10 anos. São fortes tabus na nossa sociedade? PM -‐ Primeiro, o incesto. A condenação do incesto é um bom exemplo que surge por duas razões que são muito atendíveis: primeiro, pela proteção dos menores que poderiam ser ví5mas de incesto; segundo, pela questão da consanguinidade uma vez que há uma muito maior probabilidade de complicações graves na descendência. Penso que foi a observação deste factos que esteve na base da condenação social do incesto e é um bom exemplo da influência moderadora da sociedade no comportamento.
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Podíamos citar tantos grupos... Por exemplo, os presos. Todos temos algumas más ideias dos presos e a melhor maneira de se perceber que cada preso é um indivíduo, que não há o “grupo dos presos” mas sim cada indivíduo que está preso, é contactando com eles e refle5ndo sobre isso. Preconceitos em relação aos pobres, preconceitos em relação aos ricos… Há muitos preconceitos… Em relação às pessoas muito religiosas… Nós pomo-‐las todas no mesmo saco. São tudo preconceitos que nós podemos gerir, conhecendo, contactando.
HS -‐ Um dos maiores tabus que já houve, pelo menos na nossa opinião, é o “sexo”. Porque é que será?
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preconceituosas então podemos reduzir significa5vamente os preconceitos nega5vos. Portanto, é impossível impedir que as pessoas façam leituras erradas e tenham distorções cogni5vas acerca de uma pessoa mas podemos diminuir as ações que são discriminatórias se pusermos as pessoas a refle5r sobre isso.
HajaEntrevista! 10
A questão do sexo entre crianças: não é crime. Se existe? Existe. O que é que significa? Terá que ser lido caso a caso. A questão dos quais possíveis problemas que podem advir é que podemos estar a falar de crianças em níveis de desenvolvimento psicológico e sexual diferente e podemos estar a falar de pessoas que ainda não têm uma consciência completa daquilo que são as consequências dos atos que estão a pra5car. E é por isso que nos tendemos a proteger as crianças desta situação. Como é que se protege? Com informação e, sobretudo, formação. HS -‐ Isso vai muito de encontro à próxima pergunta. Acha que a informação sobre sexo não promove a promiscuidade? PM -‐ De todo, de todo. Pelo contrário. A informação promove sempre comportamentos informados; à par5da, os comportamentos informados tendem a ser mais responsáveis, embora a informação não seja o único determinante para a adoção de comportamentos responsáveis. Há muitos outros determinantes. Mas, sobre isso, deixem-‐me dizer com muita clareza: não se pode pedir às pessoas para serem responsáveis se elas não es5verem bem informadas. Portanto, há um contrassenso entre ser a favor da limitação das liberdades sexuais e contra a educação sexual. O Estado tem a obrigação de garan5r a todas as crianças e jovens do nosso país uma formação sexual adequada. Q u a n d o o E s t a d o e n t r e g a e s s a f u n ç ã o exclusivamente aos pais está a abandonar as crianças num aspeto fundamental das suas vidas. HS -‐ Nós enquanto médicos, imaginemos que um médico de família, chega-‐nos ao nosso consultório uma criança de 7 anos. Será já adequado falarmos sobre sexo com esta criança, até se calhar distribuir alguns métodos contrace?vos, nomeadamente preserva?vos? PM -‐ Os médicos devem par5cipar na educação s e x u a l , m a s a e d u c a ç ã o s e x u a l é u m a responsabilidade das escolas e não dos médicos. Os médicos sobretudo os médicos de família, devem abordar os aspetos relacionados com a sexualidade com cada um dos seus jovens na
consulta. Mas devem fazê-‐lo de forma individualizada pelo que em casos específicos poderá ser adequado abordar esse assunto com uma criança de 7 anos e noutros não. A educação sexual é uma missão do Ministério da Educação e não do Ministério da Saúde. Claro que deve haver uma colaboração das duas partes. O que não pode acontecer é serem dadas informações erradas ou preconceituosas por parte dos agentes de saúde. Um médico não pode sugerir métodos naturais a uma mulher que procura uma contraceção eficaz; o médico deve informar sobre os métodos que existem mas não pode influenciar a escolha no sen5do do método que nós sabemos que não é eficaz. Os médicos não podem informar em função das suas próprias crenças mas sim em função da evidência. HS -‐ É assim, atualmente será que a bissexualidade é um tabu maior do que a homossexualidade? PM -‐ Tabu em que sen5do? HS -‐ Lá está, não se fala sobre, e também há uma certa propensão para as pessoas ficarem um bocado acanhadas, quando o assunto é bissexualidade; a homossexualidade já é mais deba?da. Mas o que é que o professor acha? PM -‐ Ora bem, a questão da orientação sexual é uma questão muito complexa sobre a qual há muitos conceitos errados. A orientação sexual diz respeito à preferência sexual por indivíduos do mesmo sexo, do sexo oposto ou de ambos os sexos de igual forma. Ou seja, não é algo visível mas que cada indivíduo sabe acerca de si. É errado achar que se pode observar a orientação sexual através de comportamentos, discursos, 5ques ou o que quer que seja. O que se observa são os comportamentos e esses podem ser homossexuais, bissexuais ou heterossexuais, independentemente da orientação sexual. Há heterossexuais que têm comportamentos homossexuais e vice-‐versa, o que baralha um pouco o conceito de bissexualidade. A bissexualidade, em estrito rigor, existe quando o indivíduo tem preferência sexual idên5ca por pessoas de ambos os sexos. Se eu acho que a
HS -‐ Para finalizar, uma úl?ma pergunta. Agora, tem estado a haver o boom tanto a nível literário, como cinematográfico, em relação ao ero?smo. Porque será que esse boom se está a dar agora?
HS -‐ Há alguma mensagem que queira dirigir aos nossos leitores em especial?
HS – Muito obrigado pela atenção dispensada! PM – De nada!
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PM -‐ Isso se calhar é uma distorção cogni5va vossa, apenas estão mais atentos agora, por algum mo5vo que nós não sabemos (risos). A verdade é que o sexo sempre foi uma indústria muito grande com um volume de negócios brutal. Sempre foi um assunto do qual as pessoas gostam muito de falar e é um tema tão importante que, reparem, em quem é que dominou o sexo durante séculos... Foi a ins5tuição mais importante da nossa sociedade que era a Igreja. Portanto, o sexo é, de facto, um tema fundamental que está no centro da sociedade. Não é o único, mas é um tema central da organização das sociedades. E claro que, tendo ele estado aprisionado na Igreja durante tanto tempo, quando surgiu a liberdade, quando as mulheres e os homens descobriram que o seu des5no pode não estar na mão de uma en5dade superior, passo determinante para as revoluções que nos conduziram à democracia e à liberdade, a revolução sexual aconteceu e libertámos o sexo. E reparem que o sexo é tão importante que o fator mais relevante para a mudança social do século XX foi a introdução da pílula. Foi o que mais mudou a sociedade: porque deu à mulher a liberdade de comandar o sexo. É a grande diferença dos tempos pré-‐anos 60 para o pós-‐anos 60 e reconfigurou toda a organização social. Portanto, eu não concordo que seja agora que o sexo está a sofrer um boom. Agora talvez seja mais explícito, mas sempre foi uma peça fundamental na organização da sociedade.
PM -‐ Uma mensagem… Um, que leiam. Dois, que pensem duas vezes antes de dizer aquelas frases fáceis sobre os outros. E três, que descubram como é absolutamente maravilhoso conhecer pessoas diferentes e conviver com pessoas diferentes, que a vida com pessoas muito parecidas connosco acaba por ser muito entediante. That’s it.
HajaEntrevista!
b i s s e x u a l i d a d e é m a i s t a b u d o q u e a homossexualidade? A resposta é não. Creio até que os homossexuais são mais vulneráveis que os bissexuais e penso que essa ideia [de que a bissexualidade é um tabu maior] revela também u m c e r t o p r e c o n c e i t o e m r e l a ç ã o à homossexualidade.
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Pedro Peixoto, 4º Ano
April Ashley no inicio dos anos 60
Contrariar preconceitos instalados numa sociedade passa, muitas vezes, pela mensagem e pelo exemplo de figuras de referência. Estas são pessoas que se destacam na luta pelos direitos de grupos discriminados, social e legalmente, e que servem de inspiração a uns e de lição a outros. Há, contudo, lutas e movimentos sociais nos quais não é dado destaque claro a protagonistas. A defesa dos direitos dos/as transsexuais é um desses casos. Talvez pela dificuldade na aceitação social destas pessoas, poucas sejam as que publicamente assumem essa condição, e pouca seja a atenção que lhes é dada. Aqui exploramos as histórias de algumas pessoas que par5lharam o seu percurso pessoal, como testemunho de coragem: coragem em assumir a sua iden?dade, contra as expecta5vas e medos de terceiros e delas próprias, e de facilitar um caminho dipcil a outros. Já vão quase 50 anos desde a cirurgia de April Ashley, a primeira transgénero britânica. À época,
o es5gma social face a tal mudança, num país t r a d i c i o n a l m e n t e t ã o c o n s e r v a d o r , f o i , obviamente, imenso. Para evitar tal, Ashley tentou mesmo abraçar por completo a sua masculinidade, embarcando na marinha mercante britânica. Acrescida de várias tenta5vas de suicídio e uma boa dose de electroconvulsivoterapia, claramente esta não seria a melhor hipótese de Ashley. Assim, acabou por juntar o equivalente a 82000 euros em moeda atual e par5u para Casablanca, onde foi subme5da a uma cirurgia de reconversão sexual, pelo ginecologista francês Dr. Georges Buron. Foi tudo menos seguro, pois a ciência da mesma estava ainda nos primeiros passos, mas, segundo Ashley, compensou. Em breve, seria a modelo de roupa interior mais cobiçada da revista Vogue, a meio dos 30 dourados ... até ao momento em que o seu "segredo" foi desvendado por um amigo. Só em 2005, com a aprovação do Gender Recogni<on Act foi reconhecida como sendo mulher.
Hoje em dia, desde 2011 que é mais fácil mudar de sexo e nome, em Portugal. Desde que o requerente seja maior de idade, sem anomalia psíquica mas com diagnós?co de perturbação de iden?dade de género, podem-‐no fazer em qualquer conservatória do registo civil. Foi um passo grande, sim, mas sobre o es5gma social e apoio clínico-‐cirúrgico, resta muito a fazer.
Referências bibliográficas: hip://www.ilga-‐portugal.pt/no?cias/55.php hip://lifestyle.sapo.pt/fama/no?cias-‐fama/ ar?gos/ela-‐ja-‐foi-‐homem?ar?go-‐completo=sim hip://pt.wikipedia.org/wiki/Filipa_Gon %C3%A7alves hip://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx? content_id=1806503 Filipa Gonçalves
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Marci Lee Bowers, nascida a 18 de Janeiro de 1958, é uma médica especialista em cirurgia ginecológica e pélvica. Ba5zada como Mark, esta mulher tentou a sua transição pela primeira vez aos 19 anos, mas não teve apoio familiar nem recurso económicos que a possibilitassem. Só 20 anos mais tarde conseguiu consumá-‐la. Foi discípula do cirurgião Stanley Barber, que a operara, e subs5tuiu-‐o no hospital de San Rafael em Trinidade, Colorado, após a reforma deste. Foi a primeira mulher transgénero a realizar cirurgias de sexual realloca<on, que con5nua a realizar.
HajaMemória!
Marci Lee Bowers
Por terras lusas, Filipa Gonçalves, hoje uma modelo de 34 anos, será o nome mais conhecido. Foi em 1999 que deixou de ser o Paulo, filho do ex-‐futebolista encarnado Nené. Em pleno século XXI, no entanto, as dificuldades de Filipa foram muitas, não só burocrá5cas, como também nas cirurgias de reconstrução muito ineficientes a que foi sendo alvo. Depois de procurar ajuda no estrangeiro e de uma batalha legal com mais de três anos, viu finalmente o seu direito a ser mulher reconhecido. Um dos seus maiores contributos para a causa de apoio aos transexuais, em Portugal, foi o seu livro Obviamente Mulher.
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HajaCiência!
António Mateus-Pinheiro, 4º Ano
NANOPARTÍCULAS CONTROLADAS REMOTAMENTE “ABREM” A BARREIRA HERMATOENCEFÁLICA, CRIANDO NOVAS PERSPECTIVAS NO TRATAMENTO DE DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL. De um modo geral, quando, em inves5gação, pensamos no desenvolvimento de u m a n o v a s o l u ç ã o f a r m a c o l ó g i c a p a r a determinada patologia consideramos não só o princípio a5vo e mecanís5co da droga, mas também a capacidade de a direcionar para o órgão ou região-‐alvo. No que toca a patologias do sistema nervoso central (SNS), esta segunda premissa assume especial relevo uma vez que existe uma barreira, no sen5do literal da palavra, que se opõe à passagem de elementos da via hematogénica para o cérebro. Na verdade, apesar do considerável arsenal farmacológico de que dispomos hoje, apenas cerca de 2% dos fármacos existentes têm a capacidade de passar pela chamada barreira hematoencefálica (BHE) (Imagem), sendo assim capazes de atuar directamente no cérebro.
Esta imagem de microscopia confocal evidencia um vaso sanguíneo (a preto) no cérebro de ra5nho, delimitado por células endoteliais e células gliais, a verde, que integram a chamada barreira hematoencefálica. As células do parênquima cerebral encontram-‐se marcadas a vermelho.
Esta limitação tem recrutado a atenção de várias áreas cieneficas no sen5do de se desenvolverem nanopareculas que transportem os elementos farmacológicos no seu interior e que tenham, simultaneamente, a capacidade para ultrapassar a B H E . R e c e n t e m e n t e , i n v e s 5 g a d o r e s d a Universidade de Motreal, Politécnico de Montreal e Centre Hospitalier Universitaire (CHU) Sainte-‐ Jus5ne desenvolveram nanopareculas magné5cas com a capacidade de abrir transitoriamente a
BHE, libertando as moléculas terapêu5cas d i r e t a m e n t e n o c é r e b r o . “ A B H E é temporariamente aberta na localização desejada durante um período de aproximadamente 2 horas, através de uma pequena elevação da temperatura que é gerada pelas próprias nanopareculas quando estas são expostas a um campo de radio-‐frequência”, explica o primeiro autor do estudo, Seyed Tabatabaei. Os autores salientam o facto desta técnica não estar associada a uma resposta inflamatória local, mostrando-‐se confiantes de que este método poderá cons5tuir-‐se como uma revolução na forma como as nanopareculas são usadas para o tratamento e diagnós5co de doenças do SNS. “Atualmente a única forma de atuar localmente no cérebro é por via cirúrgica. No entanto, e apesar da remoção de alguns tumores ser possível, alguns localizam-‐se em regiões delicadas como o tronco cerebral, tornando as cirurgias absolutamente impossíveis.”, acrescenta a senior author do estudo, Anne-‐Sophie Carret. Apesar da tecnologia ter sido desenvolvida e testada usando o modelo murino e de não se conhecer ainda a sua eficácia em humanos, os inves5gadores mostram-‐se confiantes quanto ao seu enorme potencial translacional. Num estudo anterior, um dos inves5gadores principais da equipa, Sylvain Martel 5nha sido bem-‐sucedido na manipulação do movimento das nanopareculas pelo corpo, usando forças magné5cas geradas por equipamentos de ressonância magné5ca. Assim as nanopareculas podem ser enviadas para a superpcie da BHE, junto à localização em que se pretende actuar no cérebro. Agora, neste estudo, os inves5gadores submeteram as nanopareculas a um campo de radio-‐frequência. As nanopareculas reagem ao mesmo dissipando calor, criando assim um stresse mecânico na BHE, isto provoca a abertura temporária e localizada da barreira, permi5ndo a difusão de compostos terapêu5cos para o cérebro (Imagem).
A) A barreira hematoencefálica é, em condições basais, impermeável a elementos circulantes no sangue. (B) Ao reagirem à exposição a um campo de rádio-‐frequência, as nanopareculas desenvolvidas dissipam calor, permi5ndo uma abertura transitória da BHE e a libertação localizada do composto terapêu5co.
Se quiserem saber mais, fica a referência do ar?go: Seyed Nasrollah Tabatabaei, Hélène Girouard, Anne-‐Sophie Carret, Sylvain Martel. Remote control of the permeability of the blood–brain barrier by magneEc heaEng of nanoparEcles: A proof of concept for brain drug delivery. Journal of Controlled Release, Published May 28 2015
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Segundo os autores, esta técnica é única em vários sen5dos; “Aliando a capacidade de navegação remota destas nanopareculas a esta nova propriedade de permeabilização da BHE, torna-‐se possível a libertação temporal e regionalmente controlada de fármacos no SNS, minimizando-‐se, por outro lado, os efeitos promovidos por elementos tóxicos circulantes na corrente sanguínea. Apesar de terem sido desenvolvidas outras técnicas, estas ou promovem um comprome5mento da BHE
Apesar destes resultados representarem, por agora, apenas uma “prova de conceito”, os autores do estudo acreditam estar no caminho certo para o desenvolvimento de um mecanismo de libertação de fármacos no SNS com enorme potencial para o tratamento em de doenças oncológicas, psiquiátricas, neurológicas e neurodegenera5vas, entre outras.
HajaCiência!
demasiado acentuado, deixando o cérebro extremamente vulnerável a insultos externos, ou não são suficientemente precisos em termos de localização, levando à dissipação da droga e a possíveis efeitos laterais”, referem os autores.
Jorge Silva, 4º Ano
Têm sido várias as tenta5vas de melhorar a eficácia e eficiência dos processos energé5cos, havendo um menor gasto e compromisso do ambiente, como por exemplo com a u5lização de energias renováveis ou iluminação de baixo consumo. À parte destas estratégias mais conhecidas, têm sido desenvolvidas outras abordagens inovadoras: uma delas tem como obje?vo subs?tuir por completo a iluminação noturna de rua com uma opção menos dispendiosa e, literalmente, mais verde.
1. Imagem de uma planta da espécie Nico<ana alata, na ausência de luz, após a aquisição de autoluminescência.
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A tecnologia Bioglow baseia-‐se na existência de um sistema enzimá5co de emissão de luz que é expresso pelo operão lux em algumas bactérias, g e r a l m e n t e d e o r i g e m m a r i n h a , c o m o pertencentes ao género Vibrio, Photobacterium e Xenorhabdus (Krichevsky et al 2010). Este operão
codifica proteínas denominadas luciferases, que catalisam reações químicas com base em compostos resultantes das vias metabólicas da síntese de ácidos gordos, levando assim à emissão de luz. A tecnologia Bioglow pretende a expressão destas proteínas em cloroplastos de plantas, tendo tal já sido conseguido fazer em pequenas plantas que se tornaram autoluminescentes, isto é, com emissão de luz observável a olho nu.
HajaTecnologia!
ÁRVORES RADIOATIVAS? Diga Antes, Autoluminescentes!
HajaTecnologia! 16
Este projeto já conseguiu criar uma planta autoluminescente da espécie Nico<ana alata, que emite luz sem necessidade de aplicações externas ou de iluminação UV prévia (Figura 6), e que consegue emi5r permanentemente luz ao longo do seu ciclo de vida. O obje5vo deste projeto é expandir e amplificar estes resultados, através de mecanismos de modulação catalí5ca e de promotores da transcrição, de modo a conseguir intensificar a emissão luminosa e passar a conseguir expressar este operão em plantas de maior porte, como arbustos e árvores (Figura 7). Apesar de esta ideia ser inovadora, este 5po de tecnologia tem sido usada já há várias décadas a nível da inves5gação cienefica: uma das mais conhecidas é a GFP (green fluorescent protein), uma proteína que emite luz verde quando exposta a radiação UV (umas das diferenças em relação ao operão lux). Enquanto que a luciferase supramencionada se encontra em bactérias, a GFP foi originalmente iden5ficada na alforreca Aequorea victoria.
Em conclusão, o projeto Bioglow pretende a introdução de uma alterna5va à iluminação elétrica comum, com base em princípios da bioengenharia e engenharia gené5ca em plantas, que poderá ser no futuro uma forma de poupar recursos, enquanto se promove a u5lização de energia limpa e verde, conseguindo-‐se assim equilibrar as necessidades humanas e os princípios ecológicos adequados.
2. Perspe5va de árvores e arbustos a expressar o operão
Joana Silva, 3º Ano
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HajaBraga!
dos sí?os mais bonitos de Braga (sou suspeita pois gosto bastante dele!): o Museu dos Biscainhos.
Detalhe do Museu dos Biscainhos
Chegou abril e, com ele, a primavera com o seu sol e bom tempo (um bocado subjec5vo nos tempos que correm) e com o seu 18.º dia: o Dia Internacional dos Monumentos e Sí5os. Ora, como esta crónica pretende, também, dar a conhecer os cantos e recantos desta bela cidade, esta edição do HajaBraga! dá-‐te a conhecer um
Localizado na Rua dos Biscainhos, este museu foi concre5zado através da aquisição do Palácio dos Biscainhos. Este palácio foi erguido no século XVI por um dos mestres biscainhos1. Em XVII foi adquirido pela família dos condes Ber5andos, sofrendo várias alterações. Na segunda metade do século XX é comprado pelo Estado e é em 11 de fevereiro de 1978 que é inaugurado o Museu dos Biscainhos. No seu átrio de entrada de pedra, consegues visualizar as suas arcadas, a sua escadaria e umas estátuas que retratam o alabardeiro e respec5vos pajens, envergando os trajes de altura. Se olhares com atenção, percebes que essas vestes são a inspiração para o nosso traje minhoto: o
Este museu, que recria, sobretudo, o ambiente aristocrá5co setecen5sta, tem uma exposição permanente que revela o quo5diano dos habitantes do espaço – nobres, capelães, criados, … -‐, sendo possível ver instrumentos musicais, azulejaria, mobiliária, cerâmica, meios de transporte e uma panóplia de objetos do período entre o século XVII e o século XIX. Assim, se subires a sua escadaria (ladeada com azulejos figura5vos da época), irás ter ao andar nobre e, se te deixares levar pela tua imaginação, viajarás pelos séculos XVII e XIX, para um tempo de nobreza e de encanto histórico. Das suas divisões, destaco, por gosto pessoal, o salão nobre, um salão engrandecido por um reves5mento de azulejos barrocos, com desenhos que retratam a vida quo5diana nobre do século XVIII– uma vez mais, se prestares atenção, verás como o nosso Tricórnio foi inspirado nessas vestes. Tem, ainda, um ostentoso teto de carvalho, que tem, no centro, uma pintura que representa um
Descendo a escadaria e seguindo pelo corredor, será possível veres, à tu esquerda, a cavalariça e, se seguires em frente, irás dar ao exterior, ao jardim român5co da moradia. Este jardim, devo confessar, é algo que me apaixona. Com um verde incrível, um espaço amplo e dividido em terraços e em diferentes patamares, tem as suas pequenas “surpresas”, escondendo entre emaranhados de árvores, fontes e tanques, de uma arquitetura român5ca apaixonante. Assim, se ainda não o fizeste, aconselho vivamente a visitares este espaço cultural; se o fizeste, aconselho-‐te a fazeres novamente. Além disso, como este museu tem os seus jardins abertos para quem quiser ir para lá, podes sempre pegar num livro e ir para lá aproveitar o bom tempo que se avizinha sem teres custos. Em Braga, sê bracarense!
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antepassado religioso da família proprietária e que havia sido mar5rizado pelos japoneses.
HajaBraga!
Tricórnio. Eventualmente irei falar da origem do traje da Academia Minhota, mas hoje não é o dia.
1. Biscainhos – ar5stas provenientes da Biscaia e assim designados pelo povo bracarense
Patrícia Fino, 4º Ano
nos diversos Campos de Concentração e de Trabalho da Segunda Guerra Mundial são um deles. No entanto, a destruição da maior parte dos registos efetuada no final da guerra por parte dos nazis e o número reduzido de sobreviventes permi5ram que a informação sobre muitas das a t r o c i d a d e s p r a 5 c a d a s s e p e r d e s s e irremediavelmente.
Escrito por Miklos Nyiszli, m é d i c o h ú n g a r o q u e , enquanto prisioneiro do Campo Concentração e Trabalho de Auschwitz-‐ Birkenau foi forçado a trabalhar sob as ordens do médico e oficial da SS Josef Mengele, também conhecido como “anjo da morte”. Ao longo de cerca de 200 páginas, é descrita a jornada feita desde o transporte para o campo, o método de seleção dos prisioneiros consoante o “crime” que 5vessem come5do, a separação forçada da sua esposa e da filha, ambas também prisioneiras.
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Apesar disso, alguns dos sobreviventes c o n s e g u i r a m e s c r e v e r m e m ó r i a s q u e testemunham as condições a que foram sujeitos durante o ca5veiro, permi5ndo-‐nos hoje ter uma pequena ideia do que realmente terá acontecido.
“Auschwitz, o testemunho de um médico” (2007), Miklos Nyiszli Goodreads 4,22/5
HajaLivros!
A História Mundial está repleta de exemplos de discriminação. Os terrores pra5cados
HajaLivros! 18
O autor relata vários episódios em que, miraculosamente, consegue adiar a sua morte. Descreve ainda o seu dia-‐a-‐dia e o que observa no campo como prisioneiro “privilegiado”, sobretudo pelo facto de desenvolver um trabalho em “inves5gação cienefica”, ao contrário da maioria dos prisioneiros que eram forçados a trabalhos mais psicos e sujeitos a subnutrição e condições ambientais extremas. “Dr. Mengele tomava todas as precauções médicas corretas durante um parto; por exemplo, a observação rigorosa de todos os princípios higiénicos, o corte do cordão umbilical com o maior cuidado, etc. Mas somente meia hora depois, ele enviava mãe e filho para serem queimados no crematório.”
“Se Isto É Um Homem” (1947), Primo Levi Goodreads 4,52/5 Primo Levi, químico e escritor italiano, foi prisioneiro do C a m p o d e T r a b a l h o d e Auschwitz-‐Birkenau por ser judeu. Neste livro de memórias sobre os 11 meses que passou no Campo, explora a sua vivência, os cas5gos impostos, as estratégias dos prisioneiros para “ludibriar” a sorte na tenta?va de uma sobrevivência mais prolongada. A par de descrições extremamente ilustra5vas, o autor centra-‐se e reflete, também, acerca da “Humanidade” levada ao limite ou o que resta dela quando extremas condições de privação e trabalho são impostas. "Destruir o homem é dipcil, quase tanto como criá-‐lo: custou, levou tempo, mas vocês, alemães, conseguiram. Aqui estamos, dóceis sob o vosso olhar; de nós, vocês não têm mais nada a temer. Nem atos de revolta, nem palavras de desafio, nem um olhar de julgamento."
Sofia Milheiro, 4º Ano
“Amigos Improváveis”
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HajaCinema!
(Classificação IMDb:8,5/10)
Nos primeiros momentos do filme são-‐ n o s a p r e s e n t a d a s d u a s s i n g u l a r e s personagens: Driss, um jovem de raça negra que conduz desenfreadamente, pelas ruas de P a r i s , o M a s e r a 5 d e P h i l i p p e , u m q u a d r i p l é g i c o m i l i o n á r i o . S o m o s imediatamente confrontados com duas personagens que, à par5da, nada teriam em comum e, por breves momentos, podemos talvez ques5onar-‐nos e conjeturar acerca da verdadeira natureza daquela viagem de automóvel. Mas as nossas dúvidas são rapidamente esclarecidas, quando nos apercebemos da cumplicidade de ambos.
desenvolvem uma forte amizade, desafiando preconceitos e incapacidades e ultrapassando as barreiras culturais e sociais. Inspirada na história real de Philippe Pozzo di Borgo e Abdel Sellou, este filme traz-‐ nos uma comovente história que nos mostra uma das coisas mais belas das relações humanas: o quanto duas pessoas podem aprender e ensinar, num processo de crescimento e desenvolvimento mútuo.
HajaCinema! 19
Esta inesperada amizade é-‐nos recontada retrospe5vamente, quando regressamos ao momento da entrevista de emprego, na qual D r i s s n ã o e s t a v a v e r d a d e i r a m e n t e interessado. Claramente deslocado naquele “salão” de espera ostentoso, Driss, oriundo d o s s u b ú r b i o s d e P a r i s , a g u a r d a impacientemente por apenas uma assinatura que comprove a sua presença na entrevista e que lhe garanta o subsídio, sem ter qualquer interesse no emprego. É porém surpreendido por Philippe que, apesar do claro choque cultural, se sente ca5vado pela sua postura descontraída e “desajustada”, em tudo diferente do que habitualmente o rodeia. Acabado de sair da prisão e sem qualquer formação na área, Driss é contratado para cuidar de Philippe. É ao longo de diversos meses que estas personagens se aproximam e
Kelly Pires, 2º Ano
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Afinal a guerra no Iraque con5nua? O que é o grupo terrorista ISIS? Que países estão envolvidos? E como está a religião envolvida? O que significa jihad? Nesta edição do HajaSaúde! tens uma explicação muito simplificada de um tema muito complicado, mas esperamos resolver alguns preconceitos e atualizar-‐te sobre o que se passa noutras partes do mundo. Em 2003, os EUA invadiram o Iraque por alegadas conexões a terrorismo e armas de destruição em massa. Este era governado por Saddam Hussein, um rígido ditador, integrante da minoria Sunista, opressora da maioria Shiista. O Iraque foi muito rapidamente conquistado, mas os EUA não 5nham planos para o futuro do país. O Shiismo, até agora oprimido, sobe ao
poder e começa a opressão aos Sunistas. Estes responderam com insurgência e formação de grupos terroristas, como a Al-‐Qaeda1, que se deslocaram para o Iraque e, juntamente com forças locais, maioritariamente militares Sunistas, começaram a combater as tropas estadunidenses e o recente estado Iraquiano, culminando numa violenta guerra civil em 2006. Desde então, os iraquianos encontram-‐se divididos. Para compreender este complicado conflito, é necessário perceber a relação entre os dois principais ramos da fé Muçulmana; o Sunnismo representa cerca de 80% do mundo Muçulmano (embora seja uma minoria no Iraque) e o Shiismo cerca de 20%. Teologicamente diferem acerca da iden5dade que subiu ao poder após a morte de Maomé, mas actualmente as diferenças são essencialmente polí5cas. A Arábia Saudita (Sunista) e o Irão (Shiista) são os países mais poderosos neste jogo
HajaExplicação!
A CRISE ATUAL NO MÉDIO ORIENTE -‐ O que é o ISIS?
HajaExplicação! 20
de fés. Sem separação entre o estado e a religião, ambos possuem problemas domés5cos, muito dinheiro do petróleo e apoiam grupos que lutam contra a outra orientação religiosa. Um desses grupos, suportado pela Arábia Saudita, era o Estado Islâmico do Iraque – ISI, liderado por Abu Bakr al-‐Baghdadi. Com milhões de soldados faná5cos e bem treinados combateram no Iraque durante anos, controlando várias regiões no norte. Em 2010, ocorreu a Primavera Á r a b e 2 , m u d a n d o toda a situação no Médio Oriente. Na S í r i a , o d i t a d o r B a s h a r A l -‐ A s s a d Bandeira do ISIS recusou a saída do poder, iniciando uma horrível guerra civil contra a sua própria população. À medida que a guerra se prolongou, aderiram mais grupos estrangeiros com o obje5vo de construir um estado islâmico na região. Um desses grupos foi o ISI que, então, se tornou o Estado Islâmico do Iraque e Síria – ISIS3. O ISIS, violento e radical, entrou rapidamente em guerra com quase todas as facções das tropas rebeldes da Síria. Foram acusados de múl5plos massacres contra civis, inúmeros atentados suicidas, toma de reféns de mulheres e crianças, execução de prisioneiros e decapitações. Nos territórios por eles controlados, criaram um estado islâmico tão estrito que os membros da Al-‐Qaeda e Arábia Saudita re?raram o seu apoio em Fevereiro de 2014. Desde que as tropas estadunidenses deixaram o Iraque, o Primeiro-‐ministro Shiista Nouri al-‐Maliki tem monopólio do poder num governo corrupto, incapaz e odiado por grande parte dos cidadãos. O seu exército, criado com dinheiro proveniente dos EUA, não é leal, abandonando todas as cidades após o ISIS declarar que qualquer 5po de oposição seria aniquilado. Em junho de 2014, grande parte do Iraque foi conquistada, incluído Mosul, a sua segunda maior cidade, agora o centro do Islamismo Sunista, e roubadas centenas de milhões de
dólares, tornando-‐se a organização terrorista mais rica do mundo. A 29 de junho, ISIS declarou oficialmente a criação de um Califado4 no Iraque e Síria. Passaram, então, a denominar-‐se Estado Islâmico, cujo Califa é al-‐Baghdadi e afirmaram a sua intenção de apagar as fronteiras nacionais do Mediterrâneo até o Golfo Pérsico, com instalação de uma Lei Charia5 medieval. A t u a l m e n t e s ã o várias as pessoas que se deslocam para se associar ao ISIS, através dos seus recrutamentos Vermelho escuro: território dominado p u b l i c i t a d o s n a s pelo Estado Islâmico. Vermelho claro: r e d e s s o c i a i s ; território com presença de tropas. Facebook, TwiLer, YouTube e Instagram, ou mesmo através da aplicação do Google Play ‘Dawn of Glad Tidings’. Recentemente, o grupo nigeriano Boko Haram declarou, também, a sua intenção de coligação. Por outro lado, são vários os grupos que tentam combater a criação do Estado Islâmico, como por exemplo, a Unidade de Proteção Popular – YPG, formada essencialmente por Kurdos, um pequeno ramo do Islamismo que tem sofrido vários ataques, incluindo armas químicas, mas tem sido das frentes de retaliação mais fortes. É importante referir que não estão todos Sunista e Shiistas envolvidos em conflitos, existem biliões de Muçulmanos, com diferentes tradições c u l t u r a i s e r e l i g i o s a s , q u e c o e x i s t e m pacificamente em vários locais como nos Estados Emirados Unidos ou Dearborn, Michigan. Trata-‐se de uma guerra por poder e não por religião. Sabias que Jihad não significa “Guerra Santa”? Significa “grande esforço por Allah” e é o 6º pilar do Islamismo, representa o esforço para ser um melhor muçulmano pra?ca e espiritualmente. 1 Fundada por Osama Bin Laden, actualmente liderada por Ayman al-‐Zawahiri. 2 Série de protestos
organizados pelos jovens que se iniciou em 2010 na Tunísia, após a auto-‐imolação de Mohamed Bouazizi e se propagou pelo Médio Oriente e Norte de África. 3 Também denominado Estado Islâmico do Iraque e Levante – ISIL. O Levante inclui a Jordânia, Israel, Pales5na, Líbano, Chipre e Hatay, uma área no sul da Turquia.
Gonçalo Cunha, 2º Ano
No entanto, o mo5vo pelo qual vou falar da Primavera não são as “alergias” nem a aproximação do verão mas sim o facto de hoje em dia haver, cada vez mais, nas sociedades modernas uma banalização das estações do ano. Se pensarmos bem, nos dias de hoje as estações ficam reduzidas a duas, Inverno e Verão, e tudo isto por causa do mundo da Moda. No entanto, nem sempre foi assim e prova disso é o que se verifica todos os equinócios no México.
Para além disso, é sobre uma destas escadarias que se verifica um fenómeno curioso duas vezes ao ano associado à Primavera e ao Outono. Este fenómeno ocorre obviamente nos dois equinócios anuais, o de Primavera e o de Outono, que marcam respe5vamente o início de um período fer5lidade e fim do mesmo. Deste modo, são várias as pessoas que no Equinócio de Primavera se deslocam a esta cidade an5ga com o obje5vo de ver durante algumas horas um jogo de luz e de sobras que é considerado a descida de Kukulcán, “ A serpente Empluma”, à Terra. É criada assim sobre uma das escadarias a ilusão de uma serpente que desce em direção ao solo o que permi5u aos Mayas durante anos perceber quando se iniciaria o período fér?l tão ú?l para a agricultura.
Aproveitando todo o conhecimento que possuíam, os Mayas conseguiram não só criar um império arranjando forma de o manter “com o auxílio dos Deuses”. Assim, foram mestres na arte da construção com o erguer de várias cidades da qual se destaca a Nova Maravilha do Mundo, Chichen Itzá. Nela podemos encontrar a famosa pirâmide denominada “El Cas5llo” que, no fundo, não é mais que um calendário onde estão representados os 365 dias do ano nos 364 degraus e patamar superior da pirâmide.
A descida de Kukulcán
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De facto, a Primavera é uma estação que tem uma par5cular importância em determinadas civilizações sendo uma delas a civilização Maya, civilização que embora historicamente an5ga foi representada como uma civilização de uma enorme cultura e organização nas mais variadas áreas entre as quais a matemá5ca e astrologia.
HajaFenómeno!
Certamente ter-‐se-‐ão apercebido que a Primavera já começou. Com início no dia de 20 de Março, a Primavera é um período de alegrias para uns e de tristezas para outros que vivem atormentados com as alergias sazonais.
Descida de de Kukulcán, jogo de luz e sombra sobre a escadaria
No equinócio de Outono verifica-‐se um fenómeno semelhante no entanto, a serpente tem um trajeto diferente àquele que se verifica no Equinócio de Primavera e que indica o fim da época fér5l com o abandonar de Kukulcán da Terra.
Sofia Leal Santos, 4º Ano
A 24 de março assinala-‐se o Dia Nacional do Estudante. A data, escolhida pela Assembleia da República e fixada em lei em 1987, reporta-‐se aos eventos de 24 de março de 1962, um dia de protesto organizado pelas associações estudan?s do país, após uma série de inicia?vas prévias que ?nham valido aos estudantes fortes represálias. É, pois, um dia simbólico de luta pelos direitos dos estudantes e pelas condições de ensino.
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HajaEducação!
Este ano, as associações de estudantes do ensino superior não deixaram de aproveitar este enfoque para reivindicarem as preocupações dos estudantes. Para tal, organizaram uma série de conferências, em várias cidades do país, e uma reunião de trabalho com o Primeiro-‐Ministro. No dia 24 de março, realizou-‐se a dita reunião em Braga, no GNRa5on, na qual os representantes das Associações Académicas reuniram com Pedro Passos Coelho e frisaram, entre outros temas, a necessidade de revisão do regulamento de a t r i b u i ç ã o d e b o l s a s d e a ç ã o s o c i a l , nomeadamente, para passar a contabilizar não os rendimentos brutos mas os rendimentos líquidos dos agregados familiares. A comissão que fará a revisão do documento já está cons5tuída, e espera-‐se que a execute ainda nesta legislatura. Ficou, ainda, o compromisso de que a bolsa passará a ser paga em dias fixos, de modo a evitar os recorrentes atrasos no pagamento que condicionam o dia-‐a-‐dia de quem mais dela precisa. Acerca da problemá5ca do abandono escolar, os dirigentes associa5vos reforçaram a necessidade de estudar as suas causas a fundo com a elaboração de um relatório, previsto pela Assembleia da República desde há 2 anos, que o execu5vo se comprometeu a realizar também até ao final da legislatura. Foi ainda abordada a rejeição, por parte de todos os dirigentes, da atual proposta do Conselho Coordenador dos Ins5tutos Superiores Politécnicos para a diferenciação do acesso ao ensino superior para estes ins5tutos, nos moldes avançados.
A reunião contou com representantes de todas as associações académicas, à exceção da Associação Académica de Coimbra, que promoveu uma manifestação estudan5l para assinalar a data, a qual contou com cerca de 400 estudantes do ensino universitário e politécnico. Foram daqui algumas das vozes que se ergueram contra o que entenderam ser uma a5tude passiva por parte das restantes associações. Estas, por outro lado, viram na reunião com o Primeiro-‐Ministro uma oportunidade de confrontar diretamente quem tem o poder de decisão com os problemas iden5ficados, e de discu5r presencialmente as propostas dos estudantes para os mesmos. Ainda no dia 24 de março, à noite, realizou-‐se a conferência “A importância da formação superior”, no Porto. Nos dias 7, 14 e 17 de abril realizar-‐se-‐ão ainda, respe5vamente, as conferências “Os desafios da representa5vidade estudan5l” (Lisboa), “O impacto da crise nos estudantes do Ensino Superior – perspe5var o futuro” (Évora), e “46 anos depois do 17 de abril” (Coimbra). No dia 17 de abril realizar-‐se-‐ão também um Encontro com Dirigentes Associa5vos de 1969 em Coimbra, e aguarda confirmação uma audição com o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.
Pedro Peixoto, 4º Ano
PASSEIO NA PRAIA
HajaConto! 23
O barco estava repleto de redes rompidas pelo tempo, o peixe era pouco e a aragem era já a do início de um novo dia. Cheirava a maresia, com o sal a respingar na minha face e os meus lábios gretados de tão enxutos que estavam já. Era de manhã e o sol nascente nas montanhas toldava já a visão turva de uma noite mal terminada. Virei-‐me para o Joel, ali sentado, apreciando sa5sfeiessimo um cigarro que lhe haviam oferecido antes de virmos à faina, como era já usual. Encostei-‐me também, ouvindo nada mais que o constante bater sinuoso das ondas por toda a quilha, as gaivotas a sobrevoar avidamente os restos de uma má noite e um sol, que por mais que mostrasse a sua presença, teimava em esconder-‐se por um nevoeiro denso. Estava todo um céu dourado em nossa volta. O Joel terminava agora o que faltava do seu cigarro, mantendo em si por mais tempo aquela nuvem branca, talvez a fonte daquele nevoeiro intenso de uma manhã mal começada. Percebeu-‐se claramente que saboreou o sabor amargo e seco daquela fonte com prazer, expirou devagar e a5rou a beata ao mar. Nada aconteceu durante vários minutos, nada mais que um sol invisível, o mar e as gaivotas inevitavelmente estridentes. Chegamos por fim a terra firme, mais uma noite passada. O nevoeiro levantava-‐se já de manso e vagarosamente, como que pensa se é hora de acordar ou ainda se é possível mais meia hora, talvez duas, de sono. Ao chegarmos à doca, diga-‐se areal repleto de algas verdes, veio em direcção a nós os dois e ao senhor Joaquim, o patriarca da embarcação, um grupinho de rapazes com os seus dez anos ainda por fazer. Vieram em alvoroço ajudar a 5rar os peixes das redes, ainda que a tarefa fosse fácil e rápida, para nosso descontentamento. Acostado o barco, idos os peixes para as vendas, desembaraçadas as redes, fui-‐me a um dia à procura de uns quaisquer biscates pela praia. Acabei por ficar também eu acostado, sem fazer muito mais do que o mesmo que faziam as gaivotas no ar. A vontade que se criava era a de dar umas braçadas naquele mar que sempre, tão sequioso, me envolve na noite. Assim o fiz, despi a minha camisa já gasta e com cheiro intenso a peixe e mergulhei. Sen5 vontade de mergulhar mais e mais fundo, como se es5vesse à procura de alguém. Mergulhei cada vez mais, cheguei a um ponto de transe e pouco mais 5ve que fazer senão dar um impulso para cima. Sen5-‐me ainda insaciado comigo, não sabia que procurava eu ali tão fundo, num lugar tão belo mas tão sinistro em simultâneo. Já à tona de água sen5-‐me impelido a ir a terra firme, a deixar um lugar onde estava tantas vezes, que tantas dúvidas me trazia mas onde eu sempre voltava. Fui para a praia e sai daí. Fui antes para um campo de milho próximo, daqueles a perder de vista. Andei seguramente quilómetros, diver5ndo-‐me com a nuvem de pólen que deixava para trás. As folhas ásperas faziam crescer em mim a criança que há muito estava monotonamente morta. Sen5-‐me completo naquele campo, envolto nos braços dela, levando-‐a em meus braços e quebrando imensas canas pela frente. Acabamo-‐nos por esconder no meio daquele bosque ver5cal, com toda a natureza e fer5lidade em redor de nós a chamar. Caímos no calor um do outro, o ar sôfrego e o suor da tarde escorriam pelos nossos corpos quase que desnudados, e sen5-‐me perpetrar por aquelas duas amêndoas de castanho torrado intenso. Sen5-‐me completo enfim. Não adianta fazer da nossa vida um mar fundo e obscuro, com uma sinuosa capa de monotonia. Vale mais um campo de milho simples, desnudo em si e aberto à conquista, sem dúvida e apenas com a certeza de que irá florescer, a mal ou a bem. A pesca dos homens é infruefera contra a insaciedade de todos os que os rodeiam, mas a enxada na terra dura molda o homem de tal forma que a dúvida dissipa, a certeza vem e a sanidade não fica atrás.
24 HajaSexualidade!
Jorge Silva, 4º Ano
Amor (In)Válido
O tema da sexualidade em indivíduos inválidos a nível motor é objeto de várias controvérsias e ao qual estão associados inúmeros mitos. Algumas das ideias erradas mais comuns em relação a este tópico prendem-‐se com a conceção de que os indivíduos inválidos não necessitam de a5vidade sexual e que não conseguem ter um a5vidade considerada como “normal”. Contudo, existem também outros mitos como o facto de que os indivíduos inválidos não c o n s e g u e m t e r a 5 v i d a d e s e x u a l espontaneamente, que não são sexualmente atra5vos ou que não necessitam de educação sexual. Apesar de tudo, é rela5vamente compreensível que os défices motores sejam um impasse à a5vidade sexual; contudo, é um es5gma nega5vo pensar que estes são impedi5vos: os indivíduos inválidos conseguem também a5ngir a realização nesta vertente. Por exemplo, num estado realizado em que foram comparadas mulheres sem e com lesão da medula espinal (abaixo de T6, ou seja, paraplégicas), foi demonstrado que mesmo as mulheres com lesão conseguem a5ngir o orgasmo, quer face à sensibilização em áreas não afetadas pela lesão da medula, quer pela es5mulação genital (Whipple et al, 2004): existe uma via aferente mediada pelo nervo vago, que ultrapassa a medula espinal e que se origina nos genitais, responsável assim pela sensação. A verdadeira existência desta sensação mediada pelos aferentes vagais foi confirmada nesse mesmo estudo através de ressonância magné5ca funcional, ao observar-‐se es5mulação das áreas cerebrais respe5vas.
Uma luta contra este preconceito da sexualidade nos inválidos tem sido recentemente feita por um conjunto de pros5tutas e sexólogos britânicos, que têm unido forças de modo a conseguir providenciar a5vidade sexual a inválidos que, na sua maioria, nunca a experienciaram. Neste caso, um grupo de pros5tutas tem sido preparada especificamente para conseguir lidar com os indivíduos inválidos que, apesar de terem algumas necessidades especiais em termos do ato, não o deixam de conseguir realizar e de obterem o mesmo prazer do que um indivíduo sem défices motores. Todavia, as problemá5cas associadas a este tema não acabam aqui: além de se ter mostrado em vários estudos que as mulheres com incapacidades motoras têm uma maior incidência de violação sexual, num estudo publicado no American Journal of Preven5ve Medicine foi concluído que também os homens com incapacidades motoras têm maior probabilidade de serem vi5mizados da mesma forma (Mitra et al, 2011). Estes números parecem poder ser jus5ficados, não só pelo assédio por parte de parceiros, familiares e estranhos, mas também devido à necessidade muito comum, neste grupo de pessoas, de um cuidador, que muitas vezes assume o papel de infrator. Podemos concluir assim que, além da grande importância que deverá ser dada a esta temá5ca, não só pela sua complexidade de abordagem, mas pela necessidade inerente de o ser, surge também uma vertente ainda mais grave, de índole legal e com consequências muito nega5vas para os indivíduos, pelo que se torna uma prioridade adereçar esta problemá5ca. Se es?veres interessado, recomendamos-‐ te o filme “Seis Sessões” (2012) que trata esta temá?ca ou “A Teoria de Tudo” (2014).
Joana Silva, 3º Ano
A 4 de abril, a norte-‐americana Serena Williams venceu, pela 8.ª vez, o torneio de Miami. Esta atleta, número um do ranking mundial, dominou a final com a espanhola Carla Suárez, com parciais de 6-‐2 e 6-‐0. Com este etulo, Serena alcançou o seu 66.º etulo (tendo ela 33 anos!) e entrou na “elite” que anteriormente venceu este torneio por oito vezes: Mar5na Navra5lova, Chris Evert e Steffi Graf.
PET/T4PE
edição deste ano da ac5vidade "Põe o Nariz por Esta Causa". A par5r das 9h e durante toda a semana poderás ajudar a Operação Nariz Vermelho na sua luta pelos sorrisos dos mais pequenos nos serviços de pediatria de hospitais de todo o país. Basta para isso adquirir narizes, ímans ou até t-‐shirts, sendo que os fundos angariados revertem na totalidade para a ins5tuição. Poderás ainda registar os teus momentos de boa disposição e alegria em fotografias 5radas no local e habilitar-‐te a ver a tua foto estampada num postal!!
Nos próximos meses irão decorrer, a nível nacional, as habituais sessões do PET/T4PE que pretendem fornecer uma melhor formação para os estudantes que vão realizar um intercâmbio ou pretendem melhorar a sua formação de base. Este ano, o PET/T4PE realizar-‐se-‐á em Braga no dia 11 de Abril e vai contar com sessões sobre mul5culturalidade, PubMed, Lab Skills, Suturas, Bloco Operatório e ECG. A caução é de 5 euros que será total ou parcialmente devolvida, conforme forem ou não de intercâmbio este ano. Para mais informações e inscrições vejam hŠp://anem.pt/microsites/? m=58&d=40.
Dia do Nariz Vermelho
A Cerimónia da Bata Branca , enquadrada no Projecto +humanos do Departamento de Direitos Humanos e Paz (DDHP) da Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM), assinala a transição dos anos básicos para os anos clínicos, alertando e sensibilizando os alunos para a temá5ca da humanização dos cuidados de saúde. Esta cerimónia terá lugar no dia 21 de Abril e uma duração de 1h30 min.
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No âmbito da X Semana Cultural Pinto Machado e no seguimento da comemoração do passado dia 20 de Março, celebramos de dia 20 a 24 de Abril, o Dia do Nariz Vermelho, com a
Cerimónia da Bata Branca
HajaNEMUM!
Foi no dia 7 de março que Nélson Évora, após três longos anos de ausência devido a lesões graves, conquistou a medalha de ouro do triplo salto nos Europeus de atle5smo em pista coberta. Apesar de um começo um pouco sombrio (com dois saltos nulos), o atleta conseguiu dar a volta à situação e alcançou a melhor marca portuguesa e europeia do ano (ficando a dois cenemetros da mundial). A ele, os nossos parabéns!
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S e r e n a W i l l i a m s v e n c e torneio de Miami pela 8.ª vez
HajaDesporto!
Nélson Évora conquista ouro em Praga
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HajaSemear!
Inês Braga, 4º Ano
Desde a ECS até Cabo Verde: Vamos semear saúde! Durante o próximo mês de Agosto, seis estudantes de Medicina da ECS-‐UM irão ingressar numa missão de Voluntariado em Cabo Verde, no âmbito do Projeto Sementes da Pastoral Universitária. Ao todo serão 21 voluntários mo5vados para trabalhar áreas como a Saúde, Educação para Cidadania e Empreendedorismo Jovem, de acordo com a sua formação específica e riqueza individual. O grupo propõe-‐se trabalhar a cidadania e promover o interesse pelo estudo a par5r de a5vidades lúdicas; introduzir o conceito de empreendedorismo nos jovens desempregados através de ações de formação; sensibilizar para uma sexualidade informada e educar para a igualdade de género, criando dinâmicas em pequenos grupos.
No que respeita à Saúde, a promoção da Prevenção da Infeção e a Saúde Materno-‐Infan5l serão as principais áreas de atuação. Com o manual “Sê o teu doutor!”, pretende-‐se divulgar informações básicas sobre a sintomatologia das doenças mais prevalentes da região, salientando os sinais de alerta que determinem a necessidade de cuidados diferenciados. Rela5vamente à Saúde Materno-‐Infan5l, procura-‐se a criação de um espaço psico, que disponha de informação aconselhada acerca do planeamento familiar para jovens casais, deteção e seguimento da gravidez, cuidados higieno-‐sanitários no parto (através do contacto com profissional local) e cuidados básicos na abordagem ao recém-‐nascido. A finalidade será a capacitação prá5ca e efe5va da população. Com o espírito de voluntariado cristão, esta experiência será um momento de par5lha e encontro dos voluntários com a população cabo-‐ verdiana, que lançará sementes, não só em África, mas também em cada um dos jovens.
José Ferreira, 4º Ano
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HajaDesafio!
Succubus Êxtase mirabolante que ecoa em 5, Servo luxuriante da predação carnal, Toldado por visões escarlates de nébulas mordazes, Desejos romanceados vendidos por pecado… Procura-‐me paixão juvenil, mesmeriza-‐ te no fervor do pensamento, Em ero5smos que desenho esbeltamente na tela do corpo. Vem… despe-‐te da inocência que te roubo, Em joelhos te canto promessas de deleites luxuriosos, Rezas imorais da perversidade humana que me alimenta! E o manto nocturno esconde tais danças luciferinas…
Perde-‐te do celeste, o pecado reproduz-‐se em 5! Dueto corrupto do rasgar carnal de dois corpos! As tuas mãos fogosas marcam-‐me a pele, E prazeres húmidos enraízam-‐se em 5, palco de folgos perdidos! Entras em mim ausente de razão, alma em cheque do deleite vampírico! O meu corpo respira, o meu peito bate… Mas em mim encontras o cessar do teu ser… E num úl5mo suspiro, a violência do teu arrebatamento finda. Olhares criminosos beijam o teu gelar, paixão efémera das ardências do teu desejo. Amores proibidos… doce elixir de alma.
David Gonçalves, 1º Ano
asas; Domador de elefantes. 5 – Compaixão; Néscio. 6 – “Falta”. 7 – Religião (pl.); “Crómio”. 8 – Deter; Variedade de pêra. 9 – Lava áspera e escoriácea cons5tuída por fragmentos irregulares; Nome vulgar do óxido de cálcio (cal viva); Algum. 10 – Opinião; Vagarosa. 11 – Pedreiras; Transpiras.
VERTICAIS: 1 – Bode castrado; Ferro pon5agudo que remata as lanças e outras armas de cabo. 2 – Olhinho; Esfomeado. 3 – “Aceitação”; Lê; “Érbio”. 4 – Nome que os índios do Brasil davam ao missionário; “Anta”. 5 – Bater em; Contracção da preposição a e do ar5go ou pronome o. 6 – Importar. 7 – “Acenio”; Numérico. 8 – Rela5vo a penas judiciais; Suspensões coloidais. 9 – Parte mais profunda da psique…; Pau-‐ ferro…; Descalço. 10 – “Morte”; Manda embora. 11 – Brilha; Intrigas.
DIFÍCIL
SOLUÇÕES
HajaPassatempos! 27
HORIZONTAIS: 1 – Quinhão; Pilhagem; 2 – Remata; Deixar. 3 – Pata; Patrão; “Cádmio”. 4 – Munira de
Joana Silva, 3º Ano
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HajaGula!
Tarde Cappuccino A 14 de abril celebra-se o Dia Mundial do Café e como sabemos que vocês estão dependentes desta bebida e que ela é, em larga escala, vossa companheira (o que seria de nós sem um cafezinho pela manhã ou mesmo naquelas longas noites de estudo?), este HajaGula! vai ser dedicado (somehow) ao café. Experimenta pois a receita é mesmo boa! Dificuldade: Média Valor calórico: 456 kcal por fa?a
BASE 150g de manteiga; 130g de açúcar; 1 ovo; 400g de farinha; 25g de cacau em pó; 125g de amêndoa ralada; Uma colher de chá de essência de baunilha.
1. Juntar a manteiga e o açúcar e bater até ficar um creme homogéneo; 2. Juntar o ovo e con5nuar a bater; 3. Juntar a farinha, a baunilha e a amêndoa ralada; 4. Enrolar a massa e colocar no frigorífico.
RECHEIO DE CAFÉ 400g de natas; 1 chávena de café instantâneo diluído (seguir instruções da embalagem); 250g de chocolate negro.
1. Colocar 200g de natas num tacho juntamente com um café e levar ao lume até ferver; 2. Par5r o chocolate e colocar numa taça; 3. Despejar o creme das natas por cima do chocolate e mexer até derreter; 4. Bater 200g de natas com uma batedeira até ficarem firmes; 5. Colocar as natas no creme de chocolate e levar ao frigorífico.
RECHEIO DE MASCARPONE 1 colheres de chá de açúcar; 1 café; 250g de mascarpone.
1. Misturar um café no mascarpone e mexer muito bem até ficar um creme; 2. Desenrolar a massa, colocar numa tarteira e levar ao forno por 20 minutos; 3. Depois da base estar fria, colocar o creme de mascarpone e depois o de chocolate.
BOM APETITE!!
Kelly Pires, 2º Ano
ESPECTÁCULOS
CINEMA
OS AZEITONAS SÁB 18 ABR Theatro Circo, Braga
LUÍS FRANCO-‐BASTOS “Roubo de Iden?dade” QUI 02 ABR 21h30 Theatro Circo, Braga
HOME: A MINHA CASA ESTREIA: QUI 26 MAR Braga Parque: 10h50, 11h10, 13h30, 15h50, 18h20, 20h50, 23h30
CATI FREITAS SEX 24 ABR Theatro Circo, Braga TWOPIANISTS QUA 1 ABR 21H30 Theatro Circo, Braga CA CAU SEX 17 ABR 21.30H Theatro Circo, Braga
SHABAZZ PALACES SEX 24 ABR 22.30H GNRa?on, Braga DIABO NA CRUZ SÁB 25 ABR Theatro Circo, Braga COLLEEN SÁB 9 MAI 22.30H GNRa?on CAMANÉ SÁB 9 MAI 21.30H Theatro Circo, Braga PEIXE + NOVA ORQUESTRA FUTURISTA DO PORTO SEX 15 MAI 22.30H GNRa?on, Braga BANDA DO MAR SÁB 16 MAI 21.30H Theatro Circo, Braga
AKI ONDA “Acous?cs, Architecture and Energy on Sound Art Prac?ces” QUI 16 ABR 14h00 GNRa?on, Braga
LOUCURAS NO MÉXICO ESTREIA: QUI 26 MAR Braga Parque: 14h, 16h30, 19h, 21h40, 00h05 SAMBA ESTREIA: QUI 26 MAR Braga Parque: 12h50, 15h40, 18h30, 21h20, 00h10
AKI ONDA “Ressonâncias da Cidade” 17 ABR 22h30|CONCERTO 18 ABR 16h00| SOUNDWALK GNRa?on, Braga
CINDERELA Braga Parque: 10h40, 13h20, 16h00, 18h40, 21h30, 00h15 Espaço Guimarães: 6ª-‐Sáb: 00h10
THORSTEN GRUETJEN “Workshop de Clown” DOM 26 ABR 10h00 Theatro Circo, Braga
FOCUS Braga Parque: 13h10, 16h10, 19h10, 21h50, 00h20
MEST. PRÁTICAS ARTES CONTEMPORÂNEAS|FBAUP “Fora e dentro” 29 MAI A 4 JUL GNRa?on, Braga
O 2º EXÓTICO HOTEL MARIGOLD Braga Parque: 17h50 (exceto 4ª) Espaço Guimarães: 13h10 INSURGENTE Braga Parque: 12h40, 15h30, 18h10, 21h00, 23h50 Espaço Guimarães: 6ª-‐Sáb: 00h15
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RODRIGO LEÃO 21|22 ABR 22h Theatro Circo, Braga
COMPANHIA DE TEATRO DE BRAGA “No Alvo” 10|11|14|15 ABR 21h30 14|15 ABR 15h00 Theatro Circo, Braga
HajaAgenda Cultural!
MÚSICA
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HajaHumor!
Os Vítores Antes de mais nada, bom dia. Ou boa tarde. Boa noite já é pedir demasiado. Venho falar-‐vos de um prémio de reconhecimento, uma espécie de Óscares mas em melhor: os Vítores. Este galardão possui caraterís5cas que o dis5ngue e o eleva a um patamar muito superior em relação aos Prémios da Academia: só é atribuído a indivíduos de nome Vítor, homens ou mulheres; o prémio em si, em vez de um gajo feito de ouro, é um jerrican de vinho 5nto e sete chamuças; e a
passadeira, vermelha nos Óscares, é dois tons acima na escala do catálogo “Guia profissional fevereiro/abril 2012 (7.ª série)” da Robbialac. Não pensem que são só diferenças pois estes dois prémios convergem em dois grandes fatores. Em primeiro lugar, os palcos das cerimónias de premiação: situam-‐se nas cidades mais populosas da zona oeste do seu respe5vo país, Los Angeles nos EUA e A dos Cunhados e Maceira, pertencente ao distrito de Torres Vedras, Portugal. A outra grande semelhança é a grande cobertura pelos media: tanto o jornal semanal “Noecias d’A dos Cunhados e Maceira” como o sí5o na internet “A dos Cunhados e Maceira TV” marcam presença. Apesar de tão elevada afluência mediá5ca, o concurso revela-‐se com pouca par5cipação. Existem duas explicações conjun5vas que podem ser jus5fica5vas de tal: só existe uma cópia semanal do jornal, lido apenas pelo Presidente da Junta de Freguesia; e o Nando, que está encarregue de colocar os vídeos na internet (os mais novos chamam a isto “aploude”), por vezes droga-‐se e já não põe nada em lado nenhum. (Só um aparte, uma vez 5ve aploude no dedo grande do pé, mas cheguei uma pomada e passadas três semanas estava resolvido.) Voltando aos “Vítores”, a edição do ano passado contou com a par5cipação do Vítor Manuel, todos os seis filhos do Vítor Manuel -‐ João Vítor, Luís Vítor, Nuno Vítor, Vítor 4, Vítor 5 e
Vítor 6 (a imaginação também tem limites) -‐ com a Josefa, que é esposa do Vítor Manuel e com o António Vítor. A Josefa foi desqualificada por não cumprimento do único requisito. O concurso iniciou às 8:30h da manhã, na tasca “BêbAki”, e cada elemento teve de beber o máximo de litros de bagaço verde até às 16:30h. Quem a5ngisse o valor mais elevado, era o grande vencedor. Tudo é permi5do, exceto 5rar os sapatos; uma vez o Oliveira descalçou-‐se na tasca e até o anis dentro da garrafa de licor murchou. Chegado ao fim o concurso, todos bastante embriagados, fez-‐se a contagem e o vencedor foi o Nuno Vítor que dividiu o jerrican de vinho e as chamuças com a sua família. Vitória vitória, acabou-‐se a história. Mamã mamã, acabou-‐se o jerrican.
monitorizar os seus valores de auto-‐es5ma semanalmente, já que apresentam maior risco de sofrer uma embolia conceptual.
Olá, Carlos.
#3 – Os músicos são pessoas com hábitos de vida saudáveis.
Conhecer gorda tépida é trabalho para homosexualidade.
Se és Carlos e estás a ler isto, deves ter fi c a d o a r r e p i a d o . S e n ã o é s C a r l o s e imediatamente imaginaste um homem careca de trinta e poucos anos, isso significa que és preconceituoso/a. Este texto é, pois, dedicado a pessoas horríveis como tu.
#1 – Os muçulmanos são más pessoas e vão-‐ te explodir assim que ?verem oportunidade. Convém desde logo realçar que os muçulmanos são humanos, como as pessoas. Como tal, é injurioso pensar que a primeira coisa que eles querem fazer é rebentar-‐nos todos e não da boa maneira. Muito pelo contrário; as religiões são uma capa que não nos permite ver que, no fundo, somos todos iguais. Isto significa que o muçulmano também aprecia o contacto humano. Conhecer in5mamente uma pessoa é essencial para que, só depois, ele a expluda – com sorte, até só a seguir ao jantar, para ir bem refasteladinho. E não é assim que todos nós gostamos de o fazer?...
#2 – Os indivíduos gordos têm baixa auto-‐ es?ma. Trata-‐se de um comum erro de formulação grama5cal. Na verdade, os indivíduos baixos é que têm gorda auto-‐es5ma. Estes devem, por isso,
#4 – Os adeptos de futebol usam expressões e argumentos fundamentados. I s t o não é bem verdade. Se dou o braço a torcer e admito que expressões como “passa a m**** da bola, seu grande c******”, “vai-‐te f****, filho da p*** c***** de m****” ou mesmo algo tão simples quanto “C***” estarão ao nível de Gabriel Garcia Marquez nos seus tempos de glória na Fioren5na, o mesmo não se poderá dizer quando as pessoas enveredam por frases como “jogar na ver5cal”. Que é isso, pá? Eu tenho um amigo que uma altura jogou na ver5cal. Ficamos 5 minutos à espera que a bola caísse. E a bola nem era dele. Grande idiota.
#5 – Os homens de raça negra apresentam órgãos reprodu?vos significa?vamente ingurgitados. Bem, este é mesmo verdade. Parabéns e con5nuem com o bom trabalho.
#6 – As mulheres não têm os mesmos direitos que os homens. Como mulher dedicada a todas as causas irritantes, o feminismo não me passa ao lado. Como todas as outras garinas, gosto de me
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Vamos, ao longo das próximas horas – pode demorar apenas minutos para os leitores, mas eu escrevo devagarinho –, desconstruir alguns mitos que vivem entranhados na cabeça das pessoas. Quem sabe, no final desta crónica serás uma pessoa muito melhor, que ao som de “Carlos” poderá passar a pensar ins5n5vamente em coisas com conotação posi5va, como um indivíduo bonito ou até mesmo uma mulher (direito à igualdade!). Desmis5fiquemos, então.
Esta é uma concepção altamente adotada pelo público em geral, pelo que é de importância vital desmascará-‐la aqui. Aliás, para terem uma noção do quão errada esta afirmação pode estar, uma altura conheci um gajo que tocava harmónica e que todos os dias chegava a casa, comia uma salada e ia tomar um banho de água tépida. Sujeito a apanhar uma congestão… enfim, qualquer dia começam a morrer aos 27.
HajaHumor!
OS CONSELHOS DA REBECCA
HajaHumor! 32
produzir, sair à noite com amigas e fazer a tradicional demanda embriagada pelo badalo. E de manhã, quando acordo na vergonha que foi a madrugada anterior, tomo um banho vigoroso para eliminar o odor de cópula e fluídos do meu corpo. Do que estávamos a falar? Bom, não interessa.
#7 – A heterossexualidade é superior à homossexualidade. Falso. A equação da vida diz-‐nos que (het) + 23f = π x hom, em que f é uma constante de malandrice variável para cada aglomerado de 3 ou, em alguns casos, 4 freguesias. Ora, u5lizando princípios de matemá5ca básica para decompor a expressão e recorrendo a Moita Santa de Cima como uma aproximação do que se es5ma ser a média nacional, chegamos rapidamente à conclusão que, na verdade, het ≈ hom, u5lizando até 7 casas decimais. Quanto muito, numa luta 2
entre orientações, a homossexualidade ganha, por trabalho de equipa. Bom, penso que estamos arrumados quanto a estes assuntos. Para mais informações, c o m p a r e ç a m n a s m i n h a s c o n f e r ê n c i a s “RECOMEÇAR: da providência cautelar à Presidência, à prisão logo a seguir” que dou bissemanalmente no Jumbo. Os primeiros 5 a chegar ganham um carrinho de compras. E em jeito de sumário, deixo-‐vos com um apanhado de cada um dos 7 pontos que foram abordados, tudo junto numa frase que aparenta não fazer sen5do nenhum: conhecer gorda tépida é trabalho para homossexualidade. Mas desenganem-‐se: isto é válido para toda a gente.
Tiago Rosa, 4º Ano
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HajaPaciência!
Warning: A seguinte rubrica pretende despertar sen?mentos de espanto e estupefação com a estupidez. Obrigado. Reader discreEon is advised (or not).
Anonymous writer is revealed Capítulo 4: Renascimento e Revelação – A Saga do Ovo Um pouco de História: As origens do Ovo O Ovo, esse símbolo milenar da fer5lidade e do nascimento, aquele que frequentemente acaba nas nossas panelas e frigideiras, ou aquele que também acaba por ficar no campo e dar uns pintos lindos… que depois também acabam nas nossas panelas e frigideiras. Mas embora todos esses sejam deveras interessantes, como já perceberam, hoje venho falar-‐vos dos da Páscoa, dessa boa altura do ano, em que melhor do que um bom ovo
todo decoradinho, só mesmo as férias que o acompanham e que todos merecemos. Recentemente (pronto, nos 10 minutos que antecederam a escolha desta temá5ca) interroguei-‐me sobre o porquê dos ovos da Páscoa. Como é que alguém, numa bela manhã da sua vida, logo após o acordar, se lembrou: “Hoje vou buscar uns ovos ali ao galinheiro e vou pintá-‐ los”. E que, depois de toda essa árdua e delicada tarefa, olhou para a sua obra, que deve ter achado magnífica. -‐ Bom, bom seria se eu agora os enchesse com algo que se come, algo a sério, não essas tretas de claras e gemas que eles normalmente trazem, que isso não alimenta ninguém. Bom, bom era se eu os enchesse com algo docinho… E nisto dirigiu-‐se à cozinha para ver o que poderia usar para tal propósito. Chegando lá, deparou-‐se com 3 ingredientes que haviam sobrado do bolo que a sua Maria 5nha feito no dia anterior: mel, banha de porco e chocolate. Como 5nha conseguido pintar 4 ovos (dos muitos que 5nha “adquirido” do galinheiro do vizinho), lembrou-‐se:
porcos, preso por uma cordinha, e disse-‐lhe que ele ia ficar lá até aprender a se comportar como gente… Que fazemos, velho?
E se assim pensou, mal e porcamente o fez, que jeito para essas coisas não 5nha nenhum (daí eu me admirar que ele tenha 5do esta ideia peregrina, assim do ar, mas con5nuemos que eu agora quero ver como isto acaba).
Nisto, o pai abriu o ovo que restava e disse-‐lhe:
Depois de os encher, resolveu metê-‐los perto da fogueira da sala para ver se o conteúdo ficava bem sólido e ninguém lhe descobria o recheio surpresa. Depois de toda esta trapalhada, sentou-‐ se na sua cadeira de baloiço a ver o fogo e os ovos a cozer. Enquanto estava naquilo passou pelas brasas (que trocadilho fácil) e acordou para descobrir que 3 dos seus ovos 5nham desaparecido! “Foram os malvados dos ratos”, pensou ele. E dirigiu-‐se a cozinha e perguntou:
Ao que a mulher responde, ainda de boca cheia, quase a deitar por fora: -‐ Pensei que, por uma vez na vida, 5nhas resolvido fazer o jantar e, como estavas com um ar de anjinho a dormir, peguei nos ovos e chamei os miúdos para a mesa para comer esse teu pe5sco. Tenho a dizer que esta ideia do mel nos ovos é esquisita, mas não é má de todo. Ainda meio chocado por a mulher lhe ter estragado a surpresa, “Velhaca da moça!”, pensou ele e ouviu o filho mais novo: -‐ Anda cá depressa, ó velhadas, que o mano está em apuros. -‐ Velhadas é o teu pai… ó, espera, esse sou eu. Vou já. E nisto subiu as escadas e encontrou esse filho à janela a gritar: -‐ Espera que eu já te ajudo. O pai chegou-‐se perto dele e perguntou:
-‐ Que raio se passa, puto?
-‐ É o mano, que depois de me ver tentar comer o meu ovo surpresa, viu que aquilo estava cheio de banha e resolveu a5rar o dele à cabeça do vizinho. E o vizinho ficou furioso quando sen5u aquela nanha no cabelo, olhou para o mano, acusou-‐o de ser ele quem afinal lhe andava a roubar os ovos -‐ quando toda a aldeia sabe que és tu, velhadas -‐, meteu-‐o na pocilga dele com os
E o puto comeu. -‐ Isto é bom, pai, devias fazê-‐los todos assim, de chocolate. Mas… e o mano? E o pai sorriu-‐lhe e disse: -‐ É bem feita, pode ser que ele assim aprenda a não brincar com a comida! E riram-‐se, sentados à janela a ver o pôr-‐do-‐sol e o mano na pocilga, enquanto devoravam o ovo da Páscoa (sim, porque isto sucedeu-‐se tudo no dia do domingo de Páscoa, não sei já 5nha dito. Se não, já o fica).
Não percas o próximo Haja, porque eles também não!
Me out! (sim, é suposto ler-‐se miaut, es?lo gato francês)
33
-‐ Ó Maria, ond’andam as crianças? Que eu 5nha ali uns ovos ao lume e os “fadamecos” foram lá fanar-‐mos.
-‐ Come e cala-‐te.
HajaPaciência!
-‐ Vou encher um com cada ingrediente e, se não par5r nenhum na experiencia, vou encher o ul5mo com uma mistura dos restos que sobrarem.
Fotografia de Joana Silva, 3º Ano Imagem da capa: Pomona Lake (www.pomonalake.ca)
NEMUM - Núcleo de Estudantes de Medicina da Universidade do Minho Jornal hajaSaúde Tiragem: 100 Exemplares Edição: Joana Silva, Ana Sofia Milheiro Colaboradores: Ana Sofia Milheiro; António MateusPinheiro; David Gonçalves; Fábio Costa; Gonçalo Cunha; Joana Silva; João Dourado; João Lima; Jorge Silva; Kelly Pires; Núria Mascarenhas; Pedro Peixoto; Rafael Machado; Sofia Leal Santos; Tiago Rosa. Paginação & Grafismo: Sara Guimarães Impressão por: Copyscan
NEMUM - Núcleo de Estudantes de Medicina da Universidade do Minho Escola de Ciências da Saúde da Universidade do Minho Campus de Gualtar, 4710 - 057 BRAGA Email: hajasaude.ecs@gmail.com