HajSaúde Abril/Maio/Junho

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Boletim Bimestral | Tiragem Gratuita Nº 76 - Abr. Mai. Jun.

EM BUSCA DUM VERÃO ENCANTADO

O FUTURO DO INTERNATO MÉDICO Entrevista ao Professor Nuno Sousa Página 8


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ÍNDICE

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hajaEDITORIAL! hajaBREVES! hajaICVS! Nova estratégia terapêutica para a doença de Machado-Joseph

hajaTEMÁTICA Mais do que música De mochila às costas Os estudantes e as políticas educativas O futura para o internato médico

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hajaSEXUALIDADE! Aumenta-se a temperatura, perde-se a compostura!

14 hajaARTE! 15

hajaCULTURA!

hajaCINEMA! hajaTECNOLOGIA!

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hajaNEMUM!

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hajaAGENDA CULTURAL! hajaPASSATEMPOS! hajaHUMOR! 2

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18 18 19 hajaSaúde!


hajaEDITORIAL!

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Pedro Peixoto, 3º Ano Com o final de mais um ano lec/vo, e com apenas

longuíssimo período de tempo, possivelmente para lá

algumas semanas de árdua labuta pela frente, o

de Novembro deste ano, com a primeira época de

HajaSaúde traz-­‐vos, nesta edição, o primeiro sabor a

exames em vista.

férias do ano. Elas, de facto, estão próximas, mas serão certamente curtas. Como já o seriado americano Phineas e Ferb vos devem ter alertado inúmeras vezes, na vossa infância, também a nossa equipa do HajaSaúde vos quer bem cientes do problema que é saber como aproveitar este precioso património imaterial da Humanidade. E já agora, não só vos queremos alertar para o problema, como também, quiçá, oferecer-­‐vos soluções.

Aproveitamos também esta oportunidade, em que os alunos desta escola têm tempo livre, para vos introduzir à temáIca do Internato Médico, que indubitavelmente estará na primeira ordem do dia nos próximos meses. Se por um lado a importância que as alterações possíveis ao mesmo é digna de grande monta, por outro, cabe-­‐nos também despertar a consciência de quem lê para o seu papel nesta reflexão, há muito necessária. Como base de trabalho,

Nesta linha de ideias, a corrente edição será mais

oferecemos-­‐vos, em exclusivo para o HajaSaúde, uma

relaxada do que o habitual, com parIcular enfoque

entrevista com o Professor Doutor Nuno Sousa,

em algumas das acIvidades mais populares na

Director do Curso de Medicina da nossa escola.

camada jovem. O Haja foi à procura do que anima mais os corações dos nossos estudantes e tentou proporcionar-­‐lhes novo ímpeto. Assim a edição de hoje é para todo o aluno que gosta de viajar, de ouvir boa música, de ter experiências de vida únicas, de conhecer pessoas, de crescer com outras pessoas, de se tornar numa pessoa absolutamente diferente, melhor, cheio de força e vontade, pelo menos num

Esperamos que estas férias sejam, sim, diferentes e marcantes, ou num tom mais coloquial, bombásIcas, acompanhadas de uma certa dose de meditação sobre o que foi este ano e como deve ser o tempo que vem aí. A mudança é peremptória na Humanidade e nós, estudantes de Medicina, temos de ser os seus primeiros baluartes.

Um bem Haja para quem nos lê!

hajaSaúde!

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hajaBREVES!

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Tiago Rosa, 3º Ano

Grupo Francês de Biotecnologia Pretende Desenvolver Sangue Compatível com Qualquer Pessoa a Partir dum Verme das Praias O verme Arenicola marina, que tem entre 10 a 15 centímetros, vive nas praias, na zona entre as marés, de forma que consegue respirar num ambiente ora inundado, ora sem água. Esta capacidade deve-se ao facto de este verme possuir um tipo de hemoglobina que ao contrário da hemoglobina humana, não está dentro dos glóbulos vermelhos e anda livremente no sistema circulatório. Esta tem um tamanho 50 vezes superior à variante humana, o que permite transportar 50 vezes mais oxigénio. A equipa de Franck Zal, responsável por este projecto, demonstrou que esta hemoglobina continuava a funcionar em ratos e ratinhos, sem provocar respostas imunitárias significativas, sendo que “O tempo médio de vida da molécula [nos ratos] é de 2,5 dias. Passada uma semana, a molécula é completamente metabolizada”, afirmou Franck Zal. A empresa Hemarina estuda a concepção de produtos criados com a hemoglobina de Arenicola marina, estando

neste momento em desenvolvimento três produtos: “sangue” para manutenção dos órgãos a serem transplantados noutra pessoa; “sangue universal” para ser utilizado quando há grandes hemorragias; e um tecido com a hemoglobina para ajudar a cicatrizar as feridas dos diabéticos.

Afinal o DNA Pode Ter Mais de Quatro Bases Um grupo de cientistas do Scripps Research Institute, nos Estados Unidos, começou por criar in vitro duas novas bases nucleares designadas por "d5SICS" e "dNaM", que se replicaram juntamente com as bases já conhecidas ATCG. Seguidamente houve integração deste novo par de bases não natural no ADN duma bactéria E. coli que, não só não o eliminou, como passou a replicá-lo. Os resultados são agora publicado na revista Nature. "Isto mostra que outras soluções para codificar informação são possíveis. Estamos mais perto de uma biologia de ADN expandido, com muitas aplicações possíveis, da medicina à nanotecnologia", afirmou Floyd Romesberg, líder da equipa responsável pelo projecto.

hajaICVS! Emanuel Carvalho, 3º Ano

Nova estratégia terapêutica para a doença de Machado-Joseph Um trabalho de investigação, realizado no domínio de neurociências do ICVS, mostra que 17-DMAG, um inibidor da Hsp 90, consegue atrasar a progressão da doença de Machado-Joseph num modelo de rato. A doença de Machado-Joseph é uma patologia neurológica progressiva, transmitida geneticamente, para a qual não existem atualmente terapias eficazes. Consequentemente, a principal motivação deste estudo foi tentar “encontrar fármacos capazes de evitar ou atrasar a progressão da doença”, tal como refere a investigadora Patrícia Maciel, uma das autoras do trabalho. Para levar a cabo o trabalho, o grupo de investigação teve que, em primeiro lugar, gerar um modelo animal da doença de Machado-Joseph, que reproduzisse a doença 4

em toda a sua extensão clínica e patológica e, em segundo, avaliar o efeito terapêutico de 17-DMAG através de uma multiplicidade de testes. No final, a equipa concluiu que o tratamento crónico com 17-DMAG melhora o equilíbrio e a coordenação do modelo, surgindo como uma possível terapia para esta doença. Infelizmente, este fármaco ainda não está aprovado para uso em humanos, porque tem bastantes efeitos secundários e, portanto, ainda não é possível avançar para ensaios clínicos. Correntemente, a equipa está, em colaboração com uma empresa farmacêutica, “a testar compostos com actividade semelhante e com um perfil eventualmente mais promissor para, um dia, poder testar em humanos”, como adianta a investigadora. Hsp90 - heat shock protein 90 17- DMAG - 17-dimetilaminoetilamino-17demetoxigeldanamicina

hajaSaúde!


hajaTEMÁTICA!

Mais do que música Ana Sofia Milheiro, 3º Ano Chega o Verão e os festivais abrem as suas portas para receber variados artistas e entusiastas da música, tanto nacionais como internacionais. Mas, o que faz dos festivais eventos tão especiais? Muitos podem aderir apenas para ver emblemáticas bandas, que doutra forma talvez não atuassem neste cantinho da Europa, como os Rolling Stones. De facto, os festivais podem ser uma ótima forma e, nalguns caso, a única de ver a tua banda preferida em palco, mas com tantos nomes da música mais ou menos conhecidos a preencher o restante alinhamento, os festivais são ainda um local ideal para descobrires novas bandas, possivelmente com um estilo semelhante ao da tua banda preferida. São como uma espécie de lista de vídeos recomendados do Youtube, todos ao vivo, permitindo-te fazer uma melhor avaliação dos artistas e, acima de tudo, ajudando-te a expandir os teus horizontes musicais. Se estes ainda não são motivos convincentes, teremos de avançar para a psicologia (sim, psicologia) dos festivais. Todos nós já experienciamos aquela agradável sensação de pertença a algo superior a nós, quer de forma espiritual ou não. Quando estás num festival, a ver bandas que adoras; a cantar (vá, para alguns é mais berrar) as letras que não são tuas, mas que te dizem tanto; a abanar a cabeça, as ancas, todo o corpo a ritmos eletrizantes ou suavizantes, é diferente de fazê-lo em casa, fechado no teu quarto com uma embalagem de desodorizante a fazer de microfone. É diferente pelo simples facto de não estares sozinho. No festival encontras-te rodeado de pessoas que hajaSaúde!

partilham a mesma paixão, és totalmente envolvido pela música de uma forma que, atrevo-me a dizer, nem o melhor sistema de som pode replicar. E nesse momento, sentes-te pequeno, mas não "frágil" porque fazes parte de algo maior, és um com outros apaixonados e és um com os teus artistas preferidos. Ainda mais que isto, os festivais são mais uma opção de fuga à rotina, mais um desvio no percurso. Assim que nos pomos a caminho desta festa, tudo fica para trás, o trabalho, os exames, os problemas que não nos deixam dormir à noite. Tudo isto se desvanece. É como se entrássemos num mundo diferente, numa espécie de redoma que nos isola do exterior, onde podemos viver momentos inesquecíveis, viver a música de uma forma diferente, criar memórias e conhecer pessoas com quem podemos ter muito em comum, até porque as razões que vos levaram lá são provavelmente as mesmas. Portanto se estás à procura de uma coisa diferente para fazer este verão, pensa: gostavas de fazer uma viagem de carro ou comboio com os teus amigos, acampar e passar bons momentos ao ar livre, conhecer novas pessoas com gostos em comum, refrescar-te no rio ou no mar e ter as tuas bandas preferidas como banda sonora destes momentos? Isto é tudo o que um festival de verão te pode oferecer. E como são desenhados para agradar a todos os públicos, há festivais que parecem ter sido feitos à medida dos gostos musicais de cada pessoa, seja rock, indie, reggae... É só uma questão de descobrires o festival feito para ti! 5


De mochila às costas Pedro Peixoto, 3º Ano Se te perguntassemos a que cheira Portugal, conseguirias responder? Achas possível colocar Portugal numa caixa de cheiros, de experiências, de amores e desamores, daquelas pequeninas e que se leva como souvenir? Nesta edição queremos trazer-vos uma experiência nova, em que o vosso amor pelo rectângulo mais ocidental da Europa se torne antes em amor pelo mais rico jardim á beira mar plantado. A melhor forma de viajar, para alguém com a tua pujança, é de mochila às costas, sem horas marcadas, ao sabor da experiência. É isso mesmo que o Intrarail te oferece! Hoje, só para te aguçar a curiosidade, trazemos-te a história de uma experiência, que pode muito bem vir a ser a tua!

principal acabou por me deter, pois nada como um edifício imponente para nos sentirmos apenas mais uma formiga obreira. Lisboa é uma cidade repleta de contrastes. Se por um lado temos pessoas com pressa, já há muito habituadas, talvez indiferentes, à cidade que existe à sua volta, por outro, e principalmente se nos embrenharmos pelos bairros, existe uma aura quase de ruralidade, de uma hospitalidade um tanto inusitada para uma metrópole como Lisboa. Vários são os pontos a visitar na baixa Lisboeta, sendo seguramente preciso pelo menos 2 dias para que a cidade flua dentro de nós. É o caso da Casa do Alentejo, cuja arquitectura mourisca é absolutamente apaixonante. Mas muitos outros se destacam, como é o caso do Teatro Nacional D. Maria II, a Estação do Rossio, a Avenida da Liberdade e as suas marcas cosmopolitas, a Praça do Comércio, a Rua Augusta, uma das mais belas do mundo. No entanto, se a cidade nos oferece toda uma panóplia de experiências de topo, mais enamorados pela cidade ficaremos, se nos deixarmos levar pelos muitos miradouros do Bairro Alto e das vistas soberbas que assim emergem. Uma visita a Lisboa, quer por tradição quer por força imperiosa superior, não ficará nunca terminada sem os Jerónimos. É, talvez, um dos expoentes máximos da arquitectura quinhentista, para cúmulo dos cúmulos, num estilo tão português como o Manuelino. Mas mesmo aqui, tempo para saborear é preciso, e esse vai escassear sempre.

São quase 8 da manhã, o sol está ainda pouco acima da serra da Penha e a cidade está quase a acordar do reboliço das primeiras horas do dia, do trânsito que afoga a Alameda, dos senhores de gravata posta que cruzam o Largo do Toural. Como não podia deixar de ser, estou atrasado para o Intercidades, com a Afonso Henriques para subir.... agora a correr. Com uma sorte que só ao português acompanha, ainda entro a tempo no comboio que parte da estação. Num solavanco que nos deixa na dúvida se há, ou não, movimento, começou a composição a correr linha fora. A paisagem começa a suceder-se, primeiro pelos campos de milho que circundam o fio que é o Ave, depois a construção cada vez mais adensada, à medida que se chega ao Porto, depois o sono. Só ao fim de quase duas horas acordo, para me ver a fazer uma paragem mais em Coimbra. Uns quantos mais entram na carruagem, na maioria estudantes prestes a regressar a casa, já terminada a época de exames. Daí a Lisboa, foi apenas um passo. Primeira paragem, estação de Santa Apolónia. E que revolução aqui vai! Uns que se apressam para o Metro, outros que partem entrada fora, sabe-se lá para onde e, finalmente, cheira a Lisboa! Eu acompanho e, quase sem querer, estou em igual passo de corrida, mal apreciando a beleza de um estilo arquitectónico que no início do século X causava espanto. Este passo não dura muito, a entrada 6

Não me foi possível ver Lisboa em dois dias, de longe, pelo que tive de pernoitar na cidade. Apesar de as viagens de metropolitano não estarem incluídas no intrarail, optei por utilizar o mesmo para ir para o Parque das Nações, onde estava hospedado numa Pousada da Juventude. Também porque a linha vermelha é, muito possivelmente, uma das mais belas linhas de metro que irei ver, onde o expoente máximo se encontra na estação de Olaias, nas suas colunas gigantes, de um vermelho industrial, alternado com tons mais claros de amarelo e dourado. Nesta fui mesmo obrigado a sair, acabando por percorrer com calma a estação. A noite de Lisboa é muito variada, estando bem em linha com a multiculturalidade da cidade. Se no Bairro Alto as tradicionais tasquinhas com Fado são passagem obrigatória, também em Alcântara não nos podem passar ao lado os bares mais cosmopolitas, onde música mais pop e urbana é a corrente, onde a jovem intelectualidade discute arte e cultura. Este é apenas um travo do que pode ser um dia de Intrarail. Mas fica aqui bem assente, que isto não passa de uma amostra. A grande vantagem deste tipo de plataformas é a versatilidade que lhes é inerente. Agora é a tua vez de experimentar. Aproveita e desfruta do que podem muito bem ser as férias mais épicas de sempre.

hajaSaúde!


Os Estudantes e as Políticas Educativas Sofia Leal Santos, 3º ano O que tem a Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM) a dizer sobre a formação médica?

3. Modernização das tecnologias de ensino e

Na passada terça-feira, dia 10 de Junho, a ANEM emitiu uma tomada de posição acerca da Qualidade do Ensino Médico Pré-Graduado em Portugal, que fora aprovada na sua última Assembleia Geral. Partindo da consulta de recomendações internacionais da World Federation for Medical Education (WFME) e da Association for Medical Education in Europe (AMEE), explanam cinco linhas de ação para a melhoria da formação médica pré-graduada em Portugal, sintetizadas em seguida.

A inovação pedagógica e avaliativa devem ser promovidas em todas as escolas, nomeadamente através de simulação médica e de testes de competências como os Objective Strictured Clinical Examinations (OSCEs). Na avaliação, os princípios de docimologia deverão ser prioritários na melhoria e solidificação dos instrumentos de avaliação, e as Escolas deverão ser transparentes quanto aos métodos e práticas utilizados.

1. Adequação da capacidade formativa das escolas médicas. Os pareceres dos Conselhos Pedagógicos das Escolas Médicas quanto às capacidades formativas destas deverão servir de referência, aquando da estipulação do número máximo de admissões para os cursos de medicina. Estes pareceres deverão ser mais valorizados quer pelo Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, quer pelo Ministério da Educação, nesse processo. Para promover a melhoria das condições pedagógicas, a ANEM defende a redução do numerus clausus para os cursos de medicina, nomeadamente através da extinção do concurso especial de acesso para titulares do grau de licenciado (exceção feita ao curso da Universidade do Algarve). Sustenta, contudo, que essa redução não deverá levar a um menor financiamento das Escolas, que ponha em risco a qualidade da formação.

avaliação.

4. Definição e avaliação de competências nucleares. Em 2005 as Escolas Médicas elaboraram o documento “Licenciado Médico em Portugal”, onde definiram as competências nucleares que um estudante de medicina deve adquirir ao longo do curso e demonstrar no fim deste. Tendo em conta a aplicação posterior do Processo de Bolonha, e os anos decorridos desde então, a ANEM considera pertinente uma revisão deste documento, tendo também em conta as recomendações das entidades internacionais especialidadas em Educação Médica. É também mencionada a necessidade de uma boa avaliação destas competências. Já no sentido de permitir aos estudantes completarem o seu currículo conforme as suas preferências, a ANEM valoriza a inclusão de unidades curriculares optativas, sem prejuízo do currículo nuclear do curso.

5. P r o m o ç ã o d a e d u c a ç ã o n ã o - f o r m a l e 2. Optimização dos recursos pedagógicos existentes. Os rácios tutor-estudante devem ser considerados indicadores de qualidade da formação médica. Como tal, as escolas devem envidar esforços para que sejam os m e n o re s p o s s í v e i s , n o m e a d a m e n t e a t r a v é s d e reorganização das atividades letivas, gestão adequada do corpo docente, e desenvolvimento de protocolos de afiliação para o ensino clínico com unidades hospitalares e centros de saúde regionais, respeitando os critérios jurídicos para esse efeito. É salientado que as despesas de deslocação para os estudantes deverão ser tidas em conta, e a situação dos alunos mais carenciados, nomeadamente bolseiros de ação social, deverão ser acauteladas. É ainda mencionada a pertinência de valorizar as funções docentes dos médicos associados às escolas, e também de fomentar a sua formação em pedagogia. Os próprios alunos beneficiariam em ter formação em educação médica, nomeadamente para exercerem funções docentes no ciclo básico de estudos.

hajaSaúde!

valorização das atividades extra-curriculares. A ANEM defende ainda que as Escolas devem valorizar a participação em atividades fora do currículo formal, que permitam desenvolver soft skills de comunicação, socialização em ambiente profissional, e competências mais abrangentes como gestão do tempo, gestão de projectos e equipas de trabalho. Atividades que assim seriam mais valorizadas nos currículos dos estudantes são, por exemplo, os Curtos Estágios Médicos em Férias (CEMEFs) ou os intercâmbios da International Federation od Medical Students Associations (IFMSA).

A tomada de posição completa poderá ser encontrada no site da ANEM (www.anem.pt), onde também encontrarás as tomadas de posição referentes a: Ano Comum e aquisição de autonomia, nova Prova Nacional de Seriação, Valorização da classificação final de curso para ingresso no Internato Médico, e Atribuição de idoneidades e capacidades formativas, temas discutidos na entrevista com o Prof. Nuno Sousa.

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Que futuro para o Internato Médico Entrevista ao Professor Nuno Sousa Sofia Leal Santos e Sofia Ferreira, 3º Ano

Em 2013 foi publicado o Relatório do Grupo de Trabalho sobre a Prova Nacional de Seriação, que o Professor integrou. Nesse relatório foram propostas alterações ao modelo da prova nacional de seriação, e à forma de acesso ao internato médico. Em Janeiro deste ano, foi divulgado um projeto de decreto-lei (PDL) que versava sobre a formação médica especializada, que também prevê alterações no acesso ao internato médico, e a vários outros aspetos relevantes da sua organização. Gostaríamos de explorar algumas das propostas contidas em ambos os documentos, e compreender os prós e os contras destas, e a sua justificação.

candidatos no ano seguinte, e a segunda coisa foi que fosse utilizada a média de curso não ponderada numa eventual forma de seriação. Esses dois pontos eram tão absurdos que eu decidi protestar imediatamente em relação a eles, independentemente de haver outros pontos com os quais eu não concordo no projeto de decreto-lei, e de haver outros com os quais eu concordo. Portanto, protestei, levei esse documento ao fórum onde os diretores das escolas médicas se reúnem e todos, por unanimidade, decidimos apoiar o documento e enviámos essa “missiva” dois dias depois para o Ministério da Saúde, bem como para a ACSS e dirigida ao Sr. Secretário de Estado, e tivemos uma resposta 24h depois a dizer que estava cancelado, esse projeto de decreto-lei.

Nova PNS Sofia Leal Santos (SLS): No Relatório do GT-PNS era proposta a mudança do modelo, para um mais semelhante às provas do National Board of Medical Examiners. O PDL prevê uma nova prova de seleção a realizar pela primeira vez em 2015. No entanto, não é referido qual será o novo modelo nem quais as entidades responsáveis por o desenvolver, e por elaborar e validar as perguntas. Apesar da indefinição, vê a proposta de mudança com otimismo? Nuno Sousa (NS): Com certeza que sim! Vamos distinguir duas coisas que são muito importantes: eu fiz parte daquele grupo de trabalho que fez uma proposta para um novo modelo de prova, e para apontar alguns caminhos no sentido de termos um novo modelo de seriação. Não tem nada a ver com a proposta do decreto-lei, soube dela ao mesmo tempo que vocês. A única coisa que fiz relativamente a essa PDL foi protestar relativamente a dois pontos. O primeiro era que entendia que era absolutamente injusto que ela fosse aplicada imediatamente, por exemplo, que este ano não houvesse o exame nem a colocação dos 8

SLS: Este projeto foi cancelado? Mas há algum em construção? NS: A resposta que eu tive do Vice-Presidente da ACSS foi que estava cancelado e, portanto, não teria efeito imediato. Não sabemos se irá existir um novo PDL, se ele vai ser aberto a uma discussão pública, se vão ser chamados os intervenientes que vale a pena ouvir nestas circunstâncias. Sobre isso a única coisa que eu sei é que está suspenso. SLS: E houve consenso entre as escolas médicas relativamente à normalização das médias? NS: Absolutamente. Notem que também há, ou houve, porque agora de facto há uma mudança de atitude por parte da ANEM, mas houve até agora uma grande entropia criada pela própria ANEM relativamente à ponderação das médias. Como vocês sabem, não há nenhuma forma de ponderação perfeita, isso não existe. Há umas que têm vantagens sobre outras, mas não há nenhuma perfeita. Qualquer forma de ponderar, para mim, é melhor que a ausência de ponderação. O problema é quando há 50% das pessoas que estão claramente beneficiadas, e que fazem tudo para hajaSaúde!


que não mude nada. Quem está desse lado diz que está de acordo - obviamente é quase insultuoso dizer às pessoas que não se está de acordo - mas depois bloqueia. Esta conversa da ponderação das médias finais de licenciatura ou, hoje em dia, mestrado, é uma conversa que tem 20 anos! E as pessoas não se entendem por detalhes e pormenores. O que eu mostrei às pessoas é que, no último ano letivo, a ECS-UM era a primeira classificada na média do exame de acesso, e era a última classificada nas médias de curso. Eu até brinquei com isso, que há uma correlação entre ser primeiro e ser último. Isso é absurdo, as pessoas concordaram. Outra coisa que era absurda era, de repente, já na reta final do jogo, dizer agora às pessoas que este ano não há exame e depois logo se vê. Isso, enfim, é tão absurdo que esses dois pontos foram logo mudados, deram-nos logo razão. Agora, o que vai acontecer a seguir, não faço a mais pequena ideia, relativamente ao PDL.

estou com isto a dizer que, de um dia para o outro, essa mudança seja feita, mas também não vejo nenhuma razão para ter de se esperar mais 3 anos, mais 6... Daqui a pouco, só os teus netos é que poderiam beneficiar de uma mudança que é positiva. E penso que toda a gente concorda com ela também. É bom que se diga isto. Lá está: não nos vamos prender nos detalhes quando no essencial estamos de acordo. Pronto, vamos regressar à primeira parte da tua pergunta.

SLS: Só em relação ao ponto das posições da ANEM: tanto quanto eu sei, pelo menos nos últimos 3 anos, as posições eram no sentido de não quererem à inclusão da média para o acesso à especialidade.

SLS: … sim, a minha questão é se já está a haver trabalhos no sentido de produzir a nova prova.

NS: Não. SLS: Não recusavam a normalização. NS: Não, não. Nunca ninguém recusou! O problema é que nunca aceitaram! Repara que há uma nuance aqui: tu podes dizer “Ah sim, eu concordo”, mas alguém tem que fazer, entendeste? Porque o que estava a acontecer era que toda a gente concordava que tinha de ser feito, mas ninguém concordava sobre qual o modelo. SLS: Mas isso foi feito nos últimos 2 anos. NS: Exatamente. Por isso é que eu disse que houve até agora uma grande entropia e, finalmente, há uma posição unânime dos estudantes de medicina relativamente à forma de ponderar. Resolvida a questão da ponderação, a pergunta que me podes colocar a seguir é “Eu concordo que essa nota faça parte do compósito para a pessoa se apresentar ao concurso de escolha do internato médico?” A resposta é sim, porque eu acho que é muito mais justo que o compósito, tal como foi na vossa seleção para entrar na universidade, não seja apenas dado por um único momento de avaliação. Porque todos nós temos dias melhores e dias piores, e isso é injusto, porque as pessoas têm um percurso prévio que tem que ser valorizado. Segunda pergunta que me poderias fazer a seguir: “Mas, então, concorda que as pessoas, sem saberem disso quando entraram na escola médica, possam depois ter essa alteração?”. Claro que concordo, porque quem vem para uma escola médica deve tentar sempre o melhor para ele próprio e, portanto, não vejo nenhuma razão de monta para as pessoas dizerem que o desconhecimento desse facto as impedia de fazer melhor. Discordo disso, acho que é uma posição radicalmente conservadora, com a qual eu não me revejo do ponto de vista da política social e da política pedagógica. SLS: Em todo o caso, está estipulado que é preciso haver um intervalo de 3 anos entre o anúncio da nova prova e a aplicação desta. NS: De acordo. Portanto, eu sou todo a favor do cumprimento das leis, independentemente de discordar delas, e nesse caso eu até discordo. Porque se, para o ano, acontecesse uma coisa gravíssima, teríamos de esperar 3 anos, assim, como está determinado. Portanto discordo do princípio da lei, mas ela existe e deve ser aplicada. Não hajaSaúde!

SLS: A minha pergunta era acerca do modelo da prova. Tendo em conta que já foi feita a recomendação do grupo de trabalho e que este projeto, apesar de ter sido cancelado, também mencionava a prova já para 2015… MS: Mas o projeto de decreto-lei não tem nada a ver com a recomendação do grupo de trabalho…

NS: Não faço a mínima ideia, tens de perguntar isso à ACSS e ao Sr. Ministro ou Sr. Secretário de Estado. Eu não sei, não fui convocado para esse tipo de ações, até porque a missão do grupo de trabalho, como compreendes, terminou no dia em que nós entregámos o relatório. Porque é que nós fizemos essa recomendação? Digo isto com todo o à vontade: nós liderámos a mudança numa prova onde os nossos alunos pontuam sempre acima dos outros. Portanto, o status quo para nós é favorável. Todos anos, os nossos alunos que se candidatam a esta prova tiram sempre as melhores médias nacionais, portanto, não é por eu achar que estamos mal: é porque eu acho que a prova é má. É uma questão de princípio. O que foi bonito neste exercício foi que nós provámos que havia um modelo alternativo que servia melhor o propósito, que é um propósito muito sério, que é seriar as pessoas para um momento decisivo para o resto da vida delas - não é uma decisão qualquer. Segundo, que a prova era muito mais justa, que a prova media muito melhor o que se pretende medir quanto se está a fazer uma decisão desta natureza, que são competências clínicas, do que estar a fazer uma prova exclusivamente de memória. Mais do que isso, isto foi testado por centenas de jovens estudantes de medicina, que disseram que esta prova é melhor do que a prova que alguns anos depois mais tarde faziam. E, portanto, isso deu-nos uma enorme confiança. SLS: Refere-se aos questionários que foram feitos depois das provas experimentais? [Em 2009 e 2011 foram realizadas provas experimentais de exames do NBME, nas escolas médicas portuguesas, nas quais participaram voluntariamente milhares de alunos. Após a realização desta prova, em 2011, quer a instituição organizadora, quer a ANEM, pediram aos participantes feedback acerca da sua experiência, através de inquéritos.] NS: Isso, e a ANEM desconfiou da nossa instituição [NBME], e pediu para fazer ela própria um inquérito, como se nós estivéssemos a manipular resultados, e eu disse ”façam os inquéritos que quiserem, é ótimo, quanto mais inquéritos melhor!”. E os resultados foram idênticos, como é óbvio. Vocês conhecem-me e sabem, eu sou incapaz de manipular o que quer que seja. Goste ou não goste do resultado, é o resultado. E, portanto, a opinião de quem participou era esmagadoramente favorável ao novo modelo. Quem não participou nem sequer pode ter opinião. Como é que eu vou dizer que uma prova é melhor ou pior se eu nem sequer a fiz? Eu sei que as pessoas que participaram foram, talvez, um universo de 30-40% dos estudantes de medicina, mas foi quem quis! É que nem sequer tinham que pagar. Portanto, sinceramente, respeito a opinião de quem foi, os outros não 9


sei. Portanto, fizemos essa recomendação para não ficar no ar, como é hábito em Portugal, que “é preciso mudar a prova”, mas mudar para quê, para que modelo? Não, nós dissemos e apontámos uma solução. O grupo de trabalho, onde estava, sem direito de voto, o presidente da ANEM [Francisco Mourão], foi consensual relativamente isso, consensual. Se leram bem esse documento, nesse documento não foi feita nenhuma recomendação para alterar o estatuto da prova.

valor da percentagem de respostas corretas, recebem um 3 digit score, que é um valor normalizado, o que significa que tirar 602 em 2014 representa o mesmo que tirar 602 em 1998. O resultado é padronizado para aquele valor dos três dígitos representar sempre o mesmo. Portanto, quer dizer que aquele valor corresponde ao mesmo valor há 5 anos atrás, e vai corresponder ao mesmo valor daqui a 5 anos. Exatamente para garantir que esse cut-off, esse sim, tenha um significado.

SLS: Em termos de carácter de seriação ou de seleção?

SLS: As escolas, quando contactaram o ministério a propósito deste projecto, também falaram de alguma consultadoria ou negociação que pudesse haver, quando quisessem definir este tipo de critérios?

NS: Em termos de carácter de seriação para carácter de seleção. Se bem que houvesse membros que o defendem, e eu também o defendo. Eu acho inaceitável que um jovem mestre, perante uma prova que é uma prova de avaliação de competências clinicas, não é uma prova de memorização insisto nesta importantíssima nuance… Se me perguntares sobre a prova atual, só serve para seriar, e mal. Mas se a prova for uma prova que avalia os teus conhecimentos em medicina, acho que tens de demonstrar conhecimentos médicos, porque no fundo o empregador - leia-se, neste caso, o SNS - tem o direto de dizer “não, esta pessoa não tem competência para vir trabalhar comigo”. Da mesma maneira que eu tenho quando nós escolhemos os docentes e os investigadores: escolhemos os melhores, temos um critério. Portanto, isso depois passou para um cut-off que não sei quem fez, nós não fomos tidos nem achados relativamente a esse PDL. Eu não estou a dizer que a ideia de haver um cut-off me desagrade totalmente, agora é preciso perceber que cut-off, por que critérios… SLS: Este critério, assim, será aleatório, até porque as perguntas vão ser novas, o grau de dificuldade não é conhecido… NS: Tens toda a razão, enfim, podiam dizer 50%, dizer 70% … e já agora porque não 90%, ou 10%? É só para nos entendermos relativamente ao que isto significa. Mais uma vez, acho que isto é uma coisa demasiado séria para ser trabalhada com tanta leviandade, porque acho que há aqui uma cota parte de irresponsabilidade. Aliás, retomando o exemplo da instituição com quem nós fizemos a primeira prova modelo: como vocês sabem, as pessoas [recémgraduados que realizam a prova] nem sequer recebem o

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NS: Estamos a falar de quê? SLS: Por exemplo, em relação à mudança da prova, se ela assumir um carácter de seleção. NS: Como sabes, nós propúnhamos uma estrutura de governância, uma estrutura de coordenação nacional. Como sabes, eu sou membro do NBME, sou um dos 3 nãoamericanos dos 80 membros. Eu gosto sempre de fazer este disclosure statment. De facto, sou eu quem decide como é que os médicos nos EUA são avaliados e como são certificados e recertificados, coisa que em Portugal não existe. Sim, nós pedimos ajuda [ao NBME]. Isto não quer dizer que nenhum dos membros daquele grupo de trabalho entenda que devemos pedir para fazerem a prova sempre. Nós queríamos é que eles nos ajudassem a montar uma prova decente, e criássemos, em Portugal, condições para daqui a 5 a 6 anos termos uma equipa de pessoas capazes de fazer uma prova de idêntica qualidade. SLS: Eu referia-me, neste caso, aos critérios para cut-off. NS: O que foi discutido foi que o modelo, o compósito de seriação, não deve ser só o resultado daquela prova. Segundo, aquela prova não avalia todos os conhecimentos médicos, só avalia uma parte, os conhecimentos cognitivos. Um médico é muito mais que componentes cognitivos. Eu não estou a propor que se mude já, que se monte uma prova de competências clínicas, porque sei que é uma estrutura pesada. Mas se me perguntas como deveria ser, respondo-

hajaSaúde!


te: competências de comunicação,…, isso tudo também se avalia. Mas vamo-nos focar na avaliação do componente cognitivo. O que nós dissemos foi que o valor com que vocês se apresentam para a escolha do internato médico deveria ter um componente que vem dessa prova, obviamente; devia ter um outro componente que vem da média ponderada da licenciatura - e há quem defenda outros componentes: há quem defenda que as notas do 6º ano que, no fundo, já representa uma espécie de internato médico geral, também deveriam ser separadas disto. Isto já foi discutido muitas vezes por muitos grupos de trabalho, até com a intervenção de alunos. Até chegámos a propor, há 4 ou 5 anos, uma coisa destas com intervalos, para que pudesse ser trabalhada e ajustada ao longo do tempo. Quando estas coisas acontecerem, passa a fazer sentido que esta prova, se for uma prova de qualidade, possa ter um cut-off. Repara, no teu acesso do secundário ao superior tens um cut-off. Aliás, na Medicina o cut-off até é diferente dos outros mestrados ou licenciaturas, porque em Medicina vocês não podem ter menos de 14. Claro que vocês me dizem assim “Ah isso não tem significado nenhum, porque ninguém tira menos de 14”, e isto não é assim. É mentira. Há milhares de candidatos que têm menos de 14. Claro que quem tem menos de 14, nem lhe passa pela cabeça concorrer para medicina, porque sabe que existe um diferencial tão grande que nunca entraria. Mas existe um “cut-score”. Portanto, reparem, muitas das coisas que estamos aqui a falar são coisas que já existem num outro momento de escolha por parte dos jovens portugueses, que é o momento da escolha no acesso à universidade, e ninguém critica isso. SLS: Uma das consequências de inserir um cut-off, seria provavelmente o que já se verifica em Espanha nos últimos anos, desde que eles também inseriram um, que é terem cerca de 3000 recém-graduados que não ingressaram na especialidade, devido a esse cut-off, e que ficam numa situação indefinida, em que não podem exercer, mas também não têm acesso a formação. NS: Certo. Estás agora a tocar em vários problemas em simultâneo. Vamos lá ver... Porque eles depois acumulam-se. A tua pergunta tem muitas perguntas. A primeira é o que tu disseste, e é absolutamente verdade: mas porque é que é verdade? A primeira coisa pela qual é verdade é esta: é que em Portugal, e isto também é verdade noutros países, tu só podes exercer autonomamente medicina no final do 1º ano do teu internato de especialidade. Sabes o que é que aconteceu no final do teu 1º ano do internato de especialidade? Nada. Mas, precisamente, nada. Repara: por milagre, no final do 1º ano do internato de especialidade, toda a gente pode exercer autonomamente. Mas porquê? Alguém fez alguma avaliação para dizer? Não. É absurdo! Porque que não é logo no início? Ou porque não é passados 3 anos? E isto é uma decisão da Ordem. Note-se: não só da Ordem, mas também da Ordem. Ainda alguém vai ter de me explicar porque é que naquele momento nós todos sofremos um “toque de Midas”. Se assim não fosse, tu poderias exercer medicina independentemente de teres entrado ou não no internato médico. Não é que eu esteja a defender esta solução, nota bem. Mas podias. Aliás, é curioso que em alguns países isso seja possível, mesmo dentro do espaço europeu, o que, portanto, coloca indivíduos que estão no mesmo espaço formativo em condições de absoluta desigualdade. Uns recebem “toque de Midas” no fim da graduação, outros têm de esperar 1 ano. Segunda parte da questão. O SNS é o único empregador?

NS: Pois, é que não é. Portanto, isto de que nós estamos a falar é para o acesso ao internato médico dentro do SNS. Mas há outras vias. Não que eu esteja a dizer que estão bem, não. Estão bem se tiverem qualidade, tem que se medir a qualidade. Não tenho nada contra a formação em hospitais ou instituições prestadoras de cuidados de direito privado. SLS: Mas o percurso não é o mesmo? NS: Atualmente. Em muitos locais do mundo não é. SLS: Mas cá, de momento, é o mesmo percurso... NS: É o que estou a dizer. Mas se estes tiverem qualidade, também podem ser empregadores. Agora, têm de provar que têm qualidade, que é outra conversa. Nota que também é verdade que no SNS há os que têm qualidade, e os que não têm, é preciso dizer isto. Para a atribuição das idoneidades não há um critério científico, muitas vezes. Não estou a dizer que é sempre, mas não há. E, portanto, todos estes ifs se enquadram na tua pergunta. Agora vamos voltar ao cerne da pergunta. Se é verdade que isso vai acontecer? É. Se é desejável? Não. Sinceramente, não é. Nota que também não estou com isto a dizer que não haja 1 a 2% que provavelmente não merecem, realmente, exercer medicina. Eu gosto de deixar estas coisas claras. Agora, voltamos à questão se os instrumentos que estão a ser usados para medir isso são válidos ou não. Se não forem, a conclusão não tem valor. Se forem... Poderás encontrar o resto da entrevista no suplemento, abordando ainda: - Autonomia - Adequação do numerus clausus às necessidades do país - Extinção do ano comum - Internato com troncos comuns - Exclusividade no internato e no exercício da profissão.

SLS: Não.

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Aumenta a temperatura, perde-se a compostura! Ana Sofia Milheiro e Jorge Silva, 3º Ano Com a chegada do Verão, as temperaturas sobem, os dias alongam-se (por vezes, também as noites) e as roupas diminuem. Terá sido sempre esta a tendência? Apesar de, na Antiguidade, os trajes de banho serem os mesmos com que viemos ao mundo, ou seja, a nudez, devido aos valores cristãos, os banhos exteriores eram desencorajados. Assim, não houve necessidade de desenvolvimento de vestuário de banho, até ao século XVIII quando surgiu o primeiro tipo de fato de banho feminino, uma espécie de vestido largo de flanela ou lã, de manga inteira e estendendo-se até ao tornozelo, de forma a preservar a modéstia.

Figura 2. O primeiro Bikini

anos 20, surgiram os fatos de banho de duas peças, que expunham um pouco do tronco e cuja popularidade foi aumentando até aos anos 40.

Figura 1. Típico fato de banho em 1905.

No século XIX, o vestido foi encurtando até aos joelhos, as mangas foram desaparecendo, o comprimento passou acima dos joelhos e as suas formas foram-se moldando melhor ao corpo feminino (figura 1). Mas esta evolução não foi nem rápida, nem serena. Anette Kellerman, uma nadadora Australiana, foi presa numa praia em Boston, em 1907, por utilizar um fato de banho justo, sem mangas e que expunha as suas coxas. Nos

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Em 1946, Jacques Heim, apresenta “Átomo – o fato de banho mais pequeno do mundo”. No entanto, em 1947, surge o bikini (figura 2). Recebeu o nome do Atol Bikini, no Oceano Pacífico, onde decorreu o primeiro teste da bomba atómica, como alusão ao efeito explosivo de uma mulher a utilizar “ o fato de banho mais pequeno que o fato de banho mais pequeno do mundo”. No entanto, não foi adoptado pelas grandes massas, sendo até descrito por críticos como “revelando tudo sobre uma rapariga, excepto o nome de solteira da sua mãe”. O bikini foi considerado pecaminoso pelo Vaticano e chegou até a ser banido no nosso país e em países como Espanha, Bélgica e Austrália. Após grande controvérsia, também os concursos de beleza baniram este traje. No entanto, diferentes actrizes aderiram a este novo modo de vestir e o bikini foi também surgindo em alguns filmes de Hollywood, levando à sua aceitação.

hajaSaúde!


C o n t u d o , o s p r i m e i ro s bikinis deviam cobrir a zona umbilical, especialmente nos Estados Unidos. A evolução destes modelos para os modelos de hoje gerava bastante controvérsia, à medida que a exposição corporal aumentava. Foi nos anos 60 que o bikini exerceu maior influência social, pelo seu importante papel na promoção dos ideais liberais da revolução sexual. Finalmente, em 1967 o bikini alcançou a posição de tendência da moda e, em 1997, voltou a ser admitido nos concursos de beleza.

surgido em França nesta mesma década os primeiros verdadeiros calções de banho, tornando-se comum e tolerante a imagem do homem em tronco nu (Figura 4). A partir da década de 1940 até à data recente, poucas alterações surgiram em termos de exposição e da sexualização da imagem masculina associada aos fatosde-banho, comparativamente aos 20 anos prévios, sendo principalmente marcadas pelas tendências da moda. Surgem em 1960 os calções de banho do tipo speedo, com o retorno da sua popularidade na década de 1980, com as cuecas de licra. Atualmente, podem encontrar-se todo o tipo de calções de banho para homens, estando popularizados inúmeros estilos como os calções largos até aos joelhos ou calções curtos e justos. Assim, hoje em dia pode-se observar um aglomerado de estilos que obtiveram inspiração desde o início da roupa de praia, passando por todas as alterações ao longo dos anos. A figura do homem com roupa de praia é desde há muito aceite e tolerada, tendo sofrido uma evolução rápida, o que contrasta fortemente com a evolução relativa à mulher.

Figura 3. Fato de banho para homem Ppico da década de 1920.

Nos anos 90, com a maior consciencialização para o cancro de pele, os bikinis foram temporariamente relegados às gavetas, mas acabaram por voltar às praias e em força. Apesar das polémicas, ainda actuais, devido ao seu tamanho ou falta de tamanho, o bikini tornou-se, no final do século XX, o traje de praia mais popular, mas, acima de tudo, tornou-se um símbolo do poder das mulheres e da emancipação feminina. Os fatos-de-banho e roupa de praia de homens sofreram também uma grande evolução, mas esta nem sempre num rumo similar ao da das mulheres. Durante a década de 1880, surgem os calções de praia para homens como uma tentativa de contraste e diferenciação para com o sexo feminino: o vestuário é tipicamente de aspeto mais sólido e com traços retos, e é construído com materiais que dificultavam a natação, visto se tornarem extremamente pesados quando húmidos. A verdadeira evolução surge na década de 1920, em que nos Estados Unidos surgem regras de vestuário de praia: é obrigatória a utilização de calções até aos joelhos ou que mimetizem um efeito saia, assim como um colete (Figura 3). Também os materiais evoluíram, nomeadamente com o aparecimento do lastex, um fio de látex revestido por outros materiais (como algodão, nylon, entre outros), que possibilitou uma maior facilidade da natação. Na década de 1930 surgem os movimentos que levam à transição de um fato completo, para apenas calções. Tal é impulsionada pelo aparecimento de fatos de banho completos com a parte do tronco removível, assim como por campanhas publicitárias que envolviam nadadores olímpicos. Estas alterações suscitaram controvérsia nos Estados Unidos, levando a consequências legais para alguns utilizadores precoces; contudo, tal período fora relativamente curto, tendo

hajaSaúde!

Figura 4. Fato de banho para homem Ppico do final da década de 1930.

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haja hajaEditorial! CULTURA!

NOME, NUMERO, EMAIL

Braga Romana permanente Joana Silva, 2º Ano No passado mês, decorreu a já conhecida Braga Romana – Reviver Bracara Avgvsta, “uma recriação histórica no centro da cidade de Braga, com passaporte para o Império Romano” (in www.bragaromana.com). Quem passeia pelas ruas da cidade nessa altura envolve-se no ambiente imperial, com as marchas dos soldados romanos, desfiles e encenações, assim como os aromas dos frutos secos, chás e dos mais diversos licores. Esta iniciativa da Câmara Municipal de Braga é experiência completa, pois, dividindo a cidade em áreas, permite a visualização e a interacção com diferentes universos do Império Romano. De facto se dedicarmos tempo à imaginação, poderemos escrever uma curta história do percurso de um jovem destemido que ousou visitar esta metrópole e calcorrear os seus passeios… Um certo dia chegou um nobre aventureiro à mui bela Bracara Avgvsta, decidiu passar no Acampamento Militar (no Largo do Paço), onde pôde apreciar as vestes, o armamento e as tendas, assim como encenações das técnicas de combate, esperando aprender algo para aplicar no seu império, pois os seus homens necessitavam de formação dessa índole, almejando alcançar e conquistar novas terras. De seguida, na Área de Alimentação (no Largo das Carvalheiras, Termas Romanas, Largo de S. Paulo e Largo de S. Tiago) o guerreiro poderia ter finalmente o seu merecido descanso, petiscando iguarias de inspiração ou receita romana, assim como iguarias mais modernas. Como também queria dedicar-se e aprender um pouco mais acerca das artes romanas, visitou a Área Pedagógica (no Rossio da Sé), onde se opta por uma vertente mais artística e de lazer, participando em jogos de tabuleiro romanos, olaria, mosaico romano, escrita e bijuteria. Além disso, pretendia levar recordações para os seus familiares, sobretudo para a sua mulher (não fosse ela pensar que ele a enganara) e passou pelo Mercado Romano, disperso pelas ruas da cidade, onde, com as tradicionais “barraquinhas”, pôde vislumbrar um comércio tradicional local, regional e de inspiração romana. Tendo sido um dia completo e cansativo, decidiu que seria a altura de relaxar um bocado e, portanto, passou pela Área das Termas e a Estética Romana (nas Termas Romanas do Alto da Cividade), onde para além da possibilidade de conhecer o espaço museológico, o jovem teria a oportunidade de vivenciar um mercado com produtos de beleza, massagens, penteados romanos, entre outros, assim como visitar uma exposição e interagir com aves de rapina, na medida em que este ano a exposição designou-se como “A Águia em Roma”. Finalmente, antes de descansar, decidiu dedicar um pouco de tempo à cultura, passando pelo Palco, uma área de entretenimento onde se pode assistir a danças, teatros e outras actividades culturais. 14

Imaginação à parte, para além destas áreas temáticas, este evento tem como objectivo animar as ruas de Braga com a encenação de rituais e cortejos romanos, c a m i n h a d a s , t e a t ro s , e s p e c t á c u l o s i t i n e r a n t e s , conferências e debates e visitas guiadas a alguns dos locais mais marcantes da opulenta Bracara Avgvsta. A “Braga Romana – Reviver Bracara Avgvsta”, além de ser uma mais-valia a nível económico, é um evento completo, pois une as componentes cultural, social e de entretenimento, enchendo a cidade de turistas e de bracarenses que desejam vivenciar esta pequena experiência, assistindo a teatros, visitando museus e descobrindo os encantos desta grande Bracara Avgvsta.

No entanto, apesar de esta iniciativa ser uma iniciativa completamente louvável, é necessário relembrar que a nossa cidade, tendo sido um expoente máximo do Império Romano, conserva muito da sua cultura, pelo que a Braga Romana não decorre num curto espaço de uns dias mas sim durante um ano inteiro. Dos vários locais que são passíveis de ser visitados, destacam-se as Termas Romanas do Alto da Cividade, onde é possível visualizar as ruínas de umas termas romanas, com as áreas quentes e frias, assim como um amplo átrio onde se praticavam exercícios físicos; a Fonte do Ídolo, um santuário rupestre, com a imagem de uma deusa (provavelmente Nabia) talhada no granito e o Domus da Escola Velha da Sé, onde é possível visitar um complexo habitacional, com mosaicos típicos da altura. A s s i m , c o m o b r a c a re n s e s q u e s o m o s , deveríamos ser Bracaraugustanos durante o ano inteiro, dedicando-nos a descobrir os cantos e recantos desta que outrora foi uma grande metrópole do Império Romano. Na verdade, todos os caminhos vão dar a Bracara Avgvsta, só temos de nos aventurar a percorrê-los!

hajaSaúde!


hajaARTE!

António

Ao encontro de Vivaldi Emanuel Novais, 3º Ano

Nesta edição do HajaArte, iremos explorar a biografia de um dos grandes nomes da História da Música, Antonio Vivaldi. Compositor e violinista italiano do final da época barroca, Antonio Lucio Vivaldi marcou decisivamente o concerto e o estilo da música instrumental. Nasceu em 1678, em Veneza, Itália, e morreu em 1741, em Viena, Áustria. Estudou música com o seu pai, Giovanni Battista violinista na Orquestra da Basílica de São Marcos, em Veneza. Era conhecido na sua época por il prete rosso (o padre ruivo) tendo sido ordenado sacerdote em 1703. Contudo deixou a carreira religiosa, alegando problemas de saúde e dedicou-se em exclusivo à música. A sua obra consiste numa vasta coleção de 770 obras, entre as quais 477 concertos e 46 óperas, destacando-se Le Quattro Stagiono (As 4 Estações) e La Stravaganza. Durante o seu percurso artístico foi professor na Ospedalle della Pietà, um orfanato de raparigas em Veneza onde se tornou mestre de capela em 1735. A sua reputação começou a aumentar com a edição dos seus primeiros trabalhos, as Sonatas para Trios de Cordas e baixo continuo (1703), as Sonatas de Violino (1709) e, muito particularmente, a compilação de 12 concertos, intitulado L'estro armonico op. 3 (1711). Esta obra foi aclamada um pouco por todo lado, especialmente nos meios intelectuais de Amesterdão e na Europa do Norte, levando alguns músicos a procurálo em Veneza, como por exemplo Bach que chegou mesmo a transcrever algumas das suas peças para cravo, influenciando decisivamente alguns músicos alemães. O apogeu da sua carreira musical foi na década de 1720, tendo publicado cinco coleções de concertos, Opus 8-12.Contudo, na década de 1730, a sua carreira entrou

hajaSaúde!

em declínio, tendo viajado para Viena em busca de novas oportunidades (1740), mas adoeceu e não viveu o suficiente para assistir à produção da sua ópera L'Oracolo in Messenia, em 1742. A ressurreição do trabalho de Vivaldi deu-se no século XX, pelos esforços de AlfredoCasella, que em 1939 organizou a agora histórica Semana Vivaldi. Vivaldi foi um compositor do barroco tardio, tendo ficado antiquado no final da sua carreira. Contudo manifestou incontáveis inovações que marcaram o seu estilo e influenciaram as gerações seguintes. Foi um pioneiro na exploração da música descritiva, forma que adquiriu a exemplaridade artística com as Quatro Estações onde cada concerto descreve uma estação do ano. Vivaldi caracteriza-se ainda pela grande força e densidade orquestral dos violinos, o esquema de andamentos dos seus concertos (rápido-lento-rápido) e a introdução do concerto para solista, explorando a instrumentação e a orquestração de uma forma totalmente nova. Não se pode esquecer seu lado didático, no qual se destacam os inúmeros exercícios técnicos para violino, a implementação da 12ª posição, o uso do polegar no violoncelo e novos tipos de arcadas. O talento de Vivaldi é inegável, o próprio disse uma vez que era capaz de levar menos tempo a compor um concerto do que o copista a colocar as pautas em ordem para os músicos. Porém foi com a dinâmica das suas obras e a capacidade de evocar e representar sentimentos através da sua arte, que conseguiu imortalizou a sua música até aos dias de hoje.

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Flávia Freitas, 1º Ano O riso inocente das crianças!

Enrosco-me, Buscando o calor Da alma e do corpo…

Abro os olhos.

De repente, Tudo está diferente! Sinto a real luz que me aquece, O afago salgado do vento, O murmúrio suave das ondas,

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Tempo Gonçalo Cunha, 1º Ano

Olho para o céu lá fora, Cinzento e choroso… Sinto um arrepio cansado, E assola-me a vontade de nada..

Fecho os olhos.

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Já não sinto um frio vazio, Mas sim um calor ardente no peito, E uma energia eterna!

O calor são apenas labaredas crepitantes. O céu continua cinzento choroso E a alegria não existe mais… Fecho os olhos de novo. Durmo. E o sonho regressa mais uma vez.

O tempo ecoa O tempo passa O tempo sussurra ao voar Tempo que fui, sou, serei Passado no Presente Presente no Futuro Tempo inalcançado Tempo pensado Tempo que foste, és, serás Presente em mim Passado em ti Tempo incerto Tempo sem fim O tempo voa O tempo fala O tempo deixa marcas ao passar

hajaCINEMA! João Dourado e Núria Mascaranhas, 1º Ano Finalmente o Verão está à vista, acompanhado pelo fim das atividades letivas, e aproximam-se, a passos largos, os ventos quentes, os biquínis escaldantes, os six-pack delineados (ou não!) e os banhos de sol. No entanto, se não és muito apreciador desta estação, ou o és mas tens as noites por p r e e n c h e r, p o d e s aproveitar para dar longos passeios ao luar, abanar o capacete no Sardinha Biba e, também, assistir a belos filmes (um estreante, um clássico) ou, até, uma saga… Se decidires seguir esta última tendência citada, este artigo foi feito para ti! Esperemos que te ajude a obter boas ideias para planos cinematográficos para esta época animada. Se gostas de ir ao cinema, estará em exibição uma panóplia de novos e promissores filmes; destacamos dois, que estreiam em Junho, e permanecerão durante a maior parte do Verão no grande ecrã: Maleficent, para um público mais juvenil (ideal para acompanhar os irmãos mais novos), junta dois pesos pesados da indústria da sétima arte – a sexy atriz Angelina Jolie, detentora de um Óscar da Academia, e a Walt Disney Pictures, consagrada produtora norteamericana – e retrata o tradicional conto “A Bela 16

Adormecida”, sendo esperado que se revele um enorme sucesso, e Transformers: Age of Extinction, que personifica o tão antecipado regresso da famosa saga com o mesmo nome e conta com a realização de Michael Bay, sendo dispensáveis quaisquer apresentações desta famosa narrativa. Se preferes, porém, o ambiente familiar e enroscar-te no sofá lá de casa, deixamos a sugestão de rever filmes que tenham marcado verões e anos passados: talvez aquele desenho animado que já viste uma centena de vezes; uma película que sabes que gostaste mas que já não te lembras bem; possivelmente um clássico deveras antigo que ainda não consta na tua lista de visualizados, ou ainda uma maratona da tua saga preferida. Pessoalmente, já nos decidimos a reavivar as ainda presentes memórias do célebre bruxinho que voa em vassouras (a.k.a. Harry Potter), bem como as da demanda do mais famoso e “precioso” anel da ficção internacional, não esquecendo as peripécias dos inseparáveis Timon e Pumba. E tu, já delineaste o teu percurso cinematográfico para a tão aclamada pausa escolar?

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Tudo é melhor quando é... à prova de água! Jorge Silva, 3º Ano

Chega o calor, o verão, o desejo do mar, aquele frenesim interior que nos deixa entusiasmados, e lá nos movimentamos para a praia, abandonando as nossas tecnologias que tanto nos acolhem durante os dias de torrencial chuva passados nos nossos lares. Várias empresas e linhas de investigação direcionam-se para juntar o melhor dos dois mundos: tecnologia à prova de água! Que acham da ideia de lavar o teclado na máquina de lavar louça? Este dispositivo é dos mais utilizados e dos mais impossíveis de limpar, sendo que está sujeito à acumulação de impurezas de vários tipos. O teclado Logitech K310 (Figura 1) possui teclas impressas a laser, poros na porção traseira que permitem a secagem rápida do dispositivo, teclas ligeiramente elevadas da superfície de base do teclado, assim como um folheto de silicone hidrofóbico (denominado polidomo), que isola os transmissores de sinal metálicos (Figura 2), permitindo

Figura 1. Teclado Logitech K310.

assim a manutenção da integridade do aparelho. Assim, torna-se possível a limpeza deste dispositivo comumente sujeito ao derramar de líquidos, evitando a sua inutilização permanente. E em vez de adquirir novos dispositivos, que tal tornar os próprios à prova de água? Sim, é possível! Algumas companhias como a Liquipel ou P2i utilizam tecnologia avançada de modo a que tal possa acontecer, sendo aplicável a telemóveis, tablets, leitores de MP3, auriculares, entre outros. O princípio básico, que sofre algumas variações consoante a empresa, consiste na introdução de gás ionizado pulsado numa câmara de vácuo, que permite a aplicação de uma película de um polímero nanométrico hidrofóbico que passa a cobrir todo o aparelho, sendo que quando caem líquidos sobre este polímero, tais formam gotas que escorrem (Figura 3). Caso esta não seja a solução, pode-se sempre optar por um mini-colchão insuflável para o telemóvel!

Figura 2. Componentes do teclado

Figura 3. Formação das gotículas de água num telemóvel tratado.

Atividades NEMUM - Junho/Julho 10 Junho | Jantar do cortejo 21 de Junho | PET/T4PE Destinado a quem vai fazer intercâmbio este verão/ pretende fazer intercâmbio nos próximos anos, neste evento é dada formação para te preparar para fazeres intercâmbio. Dá também pontos para concorrer a intercâmbio!

De 16 a 18 de Junho (dia a confirmar) | You're Skilling Me Tema: Gestão de tempo e de fronteiras Formadora: Psicóloga Filipa Silva Promover o desenvolvimento e a experiência pessoal dos estudantes de Medicina, desenvolver as suas competências pessoais, complementando o seu currículo.

28 de Junho | Dia da Pedagogia Dia dedicado a discussão, reflexão e proposta de resolução de problemas relacionados com o funcionamento do curso e da Escola.

De 14 a 18 Julho | Aldeia Feliz (Arcos de Valdevez) Projeto de promoção de envelhecimento ativo, composto por formações e atividades interativas com idosos de uma aldeia isolada. Transporte, alojamento e refeições incluídas!

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hajaAGENDA

CULTURAL! Música

Conservatório de Música do Porto: Concerto de Final de Ano 5 de Junho 21h30 5€ Casa da Música AMÁLIA POR JÚLIO RESENDE 5 de Junho 21h30 10€ Casa da Música DEAD COMBO SÁB 07 JUN 22,00h 12€ Theatro Circo

ANGÚRIA SEX 20 JUN 21,30h 1,5/3€ Theatro Circo BED LEGS SEX 20 JUN 22,30h 1,5/3€ Theatro Circo CADEIRA ELÉCTRICA SEX 20 JUN 23,30h 1,5/3€ Theatro Circo

SATYRICON SEG 09 JUN 21,30h 3,5€ Theatro Circo

João Afonso SEX 20 JUN 22,30h Entrada Gratuita Casa da Música

VINICIO CAPOSSELA QUI 12 JUN 21,30h 6/12€ Theatro Circo

AT FREDDY'S HOUSE SÁB 21 JUN 00,30h 1,5/3€ Theatro Circo

AMÁLIA POR JÚLIO RESENDE SEX 13 JUN 21,30h 6/12€ Theatro Circo

CAVAQUINHO, MACHETE DE BRAGA OU BRAGUINHA SÁB 21 JUN 18,00h Entrada Gratuita Theatro Circo

CASCATAS MUSICAIS: I CONCERTO CORAL E INSTRUMENTAL DE S. JOÃO SÁB 14 JUN 21,30h 1,5/3€ Theatro Circo R5 DOM 15 JUN 17,00h 12,5/25€ Theatro Circo As Mil e Uma Noites Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música | Concerto Comentado DOM 15 JUN 12,00h 5€ Casa da Música

Espectáculos

Cinema

JOÃO E O PÉ DE FEIJÃO DOM 01 JUN 16,00h 2,5/5€ Theatro Circo

DEPOIS DE MAIO SEG 02 JUN | 21,30h | 3,5€ Theatro Circo

OS MÚSICOS DE BREMEN 3/4/5 JUN | 11h e 15h | 3,5€ Theatro Circo NOVAS DIRETRIZES EM TEMPOS DE PAZ SEX 06 JUN 21,30h 3,5/7€ Theatro Circo 25º ANIVERSÁRIO DO ENCONTRO INTERNACIONAL DE GIGANTONES E CABEÇUDOS SÁB 14 JUN 16,30h Entrada Gratuita Theatro Circo

INDEBITO (documentário) QUA 11 JUN 21,30h 3,5€ Theatro Circo O ÚLTIMO TANGO EM PARIS SEG 16 JUN 21,30h 3,5€ Theatro Circo O IMPÉRIO DOS SENTIDOS SEG 30 JUN 23,59h 3,5€ Theatro Circo

JÚLIO PEREIRA SÁB 21 JUN 21,30h 2,5/5€ Theatro Circo CAFÉ CANTATA QUA 25 JUN 19,00h 1,5/3€ Theatro Circo CLÃ QUI 26 JUN 22,00h 7,5/15€ Theatro Circo

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Conselhos da Rebecca Seja responsável. Minta com moderação. Hoje fazemos a viagem até ao tempo de um indivíduo deveras importante mas ainda pouco acreditado nos dias que correm. Trata-se de Mark, filho de emigrantes coreanos, dos quais recebeu o belo apelido de Ting. Mark era um garoto verdadeiramente auspicioso; já por isso, desde catraio que os seus pais lhe auguravam um belo futuro, logo a partir do momento em que já lhes mentia na cara quando afirmava não querer ir à casa de banho e, do nada, se evacuava todo ali. Enfim, não se poderá pedir total controlo de esfíncteres a um bebezinho pequeno, com apenas 13 anos. E apesar de este parecer um acto exclusivamente de cariz badalhoco, a acção fazia prever que Mark viria a ser uma grande pessoa, nomeadamente no campo da mentira. E mesmo que não viesse a ser uma grande pessoa, ele mentiria e convencer-nos-ia que sim. Sagaz, o puto. Na escola, todos os seus colegas o admiravam; era incrível como ele conquistava miúdas ao fazer-se passar por celebridades – ora era um dos membros dos N’Sync, ora era o Papa João Paulo II (as garinas são doidas pelo poder, mesmo que seja só espiritual). E muitas ele abençoou com o seu mastro. Com algumas, teve práticas sexuais, também. Mas nem mesmo durante as aulas passava despercebido: para encanto dos seus professores, tinha sempre resposta para tudo. A perguntas de elevado grau de dificuldade como “Mark, consegue-me dizer a raiz de 243?”, “Sabe quem foi Fernão de Magalhães?” ou até “Pode-me fazer aqui um jeitinho?”, Mark sabia muito bem o que retorquir: “sim”, para todas elas. Espantados pelo seu conhecimento, os docentes acreditavam na sua palavra e não lhe pediam para desenvolver. O seu talento não passou ao lado da sua família, e os pais logo o inscreveram na actividade extracurricular que mais lhe permitiria tirar usufruto desta sua qualidade, contribuindo igualmente para o seu aperfeiçoamento e integração na sociedade: juntou-se à Juventude Socialista. Ou Social-Democrata. Ou uma Juventude política qualquer, vá, é tudo farinha do mesmo saco. Desde a sua chegada, pouco tempo demorou a chegar ao topo: um dia, sentou-se por engano na cadeira do Presidente, e alguns olhares indignados perguntaram “Ai, mas queres ver que é este badameco o Presidente, agora?”. E ele respondeu que sim. A cerimónia de consagração realizou-se nessa mesma noite. Com as grandes empresas de olho na sua fantástica evolução, começou a receber contactos para se juntar a algumas operações. Uma delas cativou a sua a t e n ç ã o : a fi r m a d e p r o d u t o s b a l n e a r e s , HenriqueCimento&Lícito, Lda. Contratado, foi posto a par

hajaSaúde!

das dificuldades do seu novo empregador: apesar de terem produtos únicos no mercado e com grande potencial de procura, sofriam o pequeno contratempo de os primeiros clientes se queixarem – mesquinhamente – que a sua utilização lhes queimava, no geral, tudo o que era pele. “Pareço um churrasco ambulante”, declarou um a certa altura a um jornal local, enquanto pessoas se reuniam em torno dele para assar marshmallows. Que mesquinhez, pá. Posto isto, Mark pôs mãos à obra e rapidamente elaborou frases de sucesso como “Este Verão, seja escaldante.”; “Não passe mais frio!” e ainda “Quem não usa isto é feio e cheira mal da boca.” Reconhecido internacionalmente pelos seus feitos, toda e qualquer mentira desta magnitude, sem qualquer pudor pela vida humana e com o objectivo único de potenciar as vendas de determinado produto, viria a ser prestigiosamente denominada no futuro de “Estratégia de Mark Ting”. Mark faleceu. Eventualmente. Porque era uma pessoa má e as pessoas más, como as pessoas boas, também falecem. Diz que foi da diabetes. Pelo que a Rebecca aconselha: à cautela, não comam muito açúcar. Mas se comerem, que seja da marca GulosinhoTM. GulosinhoTM, se é para morrer, ao menos divertimo-nos!

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Pavilhão Rosa Mota, Porto | João Vaz 5º Ano

NEMUM - Núcleo de Estudantes de Medicina da Universidade do Minho Jornal hajaSaúde Tiragem: 100 Exemplares Edição: Sofia Leal, Emanuel Carvalho, Pedro Peixoto Colaboradores: Alberto Silva; Ana Sofia Milheiro; Emanuel Carvalho; Emanuel Novais; Flávia Freitas; Gonçalo Cunha; Joana Silva; João Dourado; Jorge Silva; Nuno Gonçalves; Núria Mascaranhas; Pedro Peixoto; Sofia Leal; Sofia Miranda; Tiago Rosa; Victória de Matos Paginação & Grafismo: Sara Guimarães Impressão por: Copyscan

NEMUM - Núcleo de Estudantes de Medicina da Universidade do Minho Escola de Ciências da Saúde da Universidade do Minho Campus de Gualtar, 4710 - 057 BRAGA Email: hajasaude.ecs@gmail.com


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