Jornal hj novembro dezembro

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Boletim Bimestral | Tiragem Gratuita Nº 78 - Dez. Jan. Fev.

PERCURSOS

Entrevista com Alberto Silva hajaBraga

hajaTecnologia

E um sabor a tradições!

Geocaching: Um percurso continuado por todos!

Página 16 Por Joana Silva, 3º Ano

Página 15 Por Jorge Silva, 4º Ano

Os Conselhos da Rebecca Vocês são todos bonitos! Menos tu, tu e o senhor aí ao fundo, de cinzento. Página 23


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ÍNDICE

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hajaEDITORIAL!

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hajaPERCURSO!

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hajaREFLEXÃO

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hajaMEMÓRIAS! - Egas Moniz

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hajaCIÊNCIA! hajaSAÚDEPÚBLICA!

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hajaTECNOLOGIA!

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hajaBRAGA!

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hajaLIVROS!

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hajaCINEMA!

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hajaBREVES!

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S

hajaREFLEXÃO! hajaCONTO!

23 hajaSEXUALIDADE! 24 hajaNEMUM!

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hajaPASSATEMPOS!

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hajaHUMOR! hajaSaúde!


hajaEDITORIAL!

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Emanuel Carvalho, 4º Ano

Depois das merecidas férias de Natal e

Silva -­‐ o primeiro aluno da ECS a integrar a IFMSA.

com votos renovados para este novo Ano, aqui

Trazemos-­‐vos ainda as já habituais rubricas, como

está mais uma notável edição do HajaSaúde!.

a hajaciência e os Conselhos da Rebecca, e

Ao longo da vida, cada um de nós, traça

um caminho singular, ditado por diferentes

estremamos, entre outras, a hajaconto, a hajareflexão e a hajalivro -­‐ uma sugestão literária.

vicissitudes e escolhas, que nos torna únicos na

Por fim, e como esta é a úlIma edição

Humanidade. Não admira, portanto, que este seja

desta equipa, não poderíamos deixar-­‐vos sem:

frequentemente matéria-­‐prima para as artes,

em primeiro lugar, lembrar que todos vós podeis

desde a música à literatura, e para as ciências que

fazer parte do Haja, que está sempre de portas

nos rodeiam. Pois bem, também nesta edição do

abertas a quem queira retribuir, um pouco que

Haja vamos explorar alguns “Percursos” de

seja, à comunidade académica; em segundo,

personagens que, por um ou outro moIvo, no

agradecer a todos os que tornaram possível este

passado ou presente, se destacaram, como Egas

espaço de parIlha e que apoiaram este projeto,

Moniz – uma marcante figura da Medicina

principalmente o NEMUM e os nossos

portuguesa -­‐ ou colegas nossos, como o Alberto

colaboradores; e, por úlImo, desejar um:

Bom Ano para Todos! hajaSaúde!

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hajaSaúde!


hajaBREVES! Sofia Santos, 4º Ano

TMUM estreou-se em Viseu No passado mês de Outubro, a TMUM – Tuna de Medicina da Universidade do Minho participou no festival organizado pela Estudantina Universitária de Viseu, o VII Tosta Mista. Embora tivesse organizado o seu próprio festival em Maio (o I Momentmum) esta foi a primeira vez que a TMUM participou como tuna a concurso num festival, conquistando nesta estreia o prémio Tuna mais Tuna! Estejam atentos às próximas aventuras da tuna e – se ainda não o experimentaram – aventurem-se nela também.

Eles estão cʼAA Certamente não passaram despercebidos uns cartazes singelos espalhados pela Escola que diziam, com letras amarelas, “Estamos c’AA”. Para quem não se apercebeu da razão de ser deste fenómeno, aqui fica uma explicação. Foi recentemente criado, formalmente, um serviço de Apoio ao Aluno na ECS. A Comissão de Acompanhamento, composta pelos professores João Bessa, Filipa Ribeiro e Manuel João Costa, e pelas representantes da Alumni Medicina Sónia Duarte e Ana Luísa Vieira, tem por missão encaminhar quem voluntariamente solicite apoio, por motivos de “dificuldades financeiras, de saúde ou académicas, entendidas como de insucesso académico ou de insucesso pessoal, no âmbito do curso”. O apoio é prestado por um tutor individual designado pela Comissão, de entre uma equipa de tutores. A comissão acompanha a evolução de cada aluno com o tutor individual, e há garantia de confidencialidade durante todo o processo de acompanhamento. Se esta é uma oportunidade de que precisas, ou se tiveres alguma dúvida por esclarecer podes contactar a comissão através do e-mail apoioalunos@ecsaude.uminho.pt.

hajaSaúde!

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hajaPERCURSO!

Sofia Milheiro, 4º Ano e Joana Silva, 3º Ano " Nesta edição dedicada a Percursos, pensamos ser incontornável conhecer mais acerca de Alberto Silva, uma pessoa indissociável da nossa Escola e de grande parte da aIvidade associaIvista em que os nossos alunos se vão envolvendo. Tendo sido Presidente do NEMUM em 2012, e iniciado a sua vida no associaIvismo em 2011, nunca mais parou. Tornou-­‐se, de facto, no perfeito exemplo do jovem associaIvista, intervenIvo, reivindicaIvo, irreverente, mas simultaneamente consciente de si e dos outros, da sua responsabilidade enquanto Estudante de Medicina, do seu dever. É hoje Coordenador Regional da Europa da IFMSA, cujo trabalho é de enorme relevância para todos nós, e foi neste senIdo, de conhecer um pouco mais deste trabalho, sem esquecer a pessoa, que fizemos esta entrevista. Esperamos que gostem tanto quanto nós, e que o bichinho do associaIvismo despolete! HS: Boa tarde, Alberto. Antes de mais, os nossos parabéns por seres o primeiro aluno da ECS com uma posição na IFMSA. Tendo em consideração que a tua longa caminhada no associativismo e considerando que o tema desta edição do HajaSaúde! é "Percursos", comecemos por abordar o teu percurso associativo. Assim sendo, como é que a tua caminhada no associativismo começou?

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Alberto: Foi em 2011, quando, na altura, o André Miranda, candidato à direção do NEMUM, veio ter comigo e me perguntou se eu queria fazer parte da lista e eu na altura disse-lhe “Não, isso vai dar muito trabalho… Quero ter a minha vida, não quero ter muita ocupação”. Mas, entretanto, ele foi insistindo até ao ponto em que eu disse que sim, mas que ia para uma posição que não desse muito trabalho e que, como disse, queria ter a minha vida e que só ia durar aquele ano, sendo que depois abandonaria tudo… Mas era só jajão! (risos) Acabou por não ser assim e, então, nesse ano, fiz parte do departamento Científico do NEMUM. Fiz parte da organização das Jornadas de Ciência e Medicina, da primeira edição da Corrida Vital, da organização do IV Minho Medical Meeting e também fundei o LOL (Laboratory of Objective Learning), que foi um projecto mesmo inovador para o NEMUM. Contudo, não me fiquei só pelo Departamento Científico, pelo que fui, também, a algumas reuniões do Grupo de Trabalho de Educação Médica da ANEM e fui também às Assembleias Gerais da ANEM: uma na Covilhã, outra no Porto e, por fim, no Algarve, em Dezembro. Nesse ano, participei no MedScoop em Leiria, o evento formativo para dirigentes associativos, da ANEM, e nessa altura tinha algumas pessoas que me tinham perguntado se não queria avançar para Presidente do NEMUM, porque viam potencial e a ideia foi-se disseminando na minha cabeça... E então, hajaSaúde!


lembro-me perfeitamente de lá (e foi mesmo engraçado porque o MedScoop deste ano foi nesse mesmo sítio) de estar a ver uma apresentação da Inês Lains, Presidente da ANEM em 2009, e ter a certeza de que “É isto que vou querer fazer. Vou ser Presidente do NEMUM. Vou-me candidatar”. E foi assim que me candidatei e que começaram as coisas… HS: E ainda bem, porque foi uma experiência que te levou a ir mais além… E o que é que te levou a participar activamente no associativismo? Alberto: Não talvez o que me levou, mas o que me leva, porque no início era sempre tudo um pouco ingénuo e fazer as coisas “porque sim”, mas acho que aquilo que é mesmo positivo e que é mesmo bom no associativismo é o facto de nós não sermos só estudantes e tornarmo-nos também cidadãos, aprendendo coisas relativas à sociedade, à comunidade em que nos inserimos… Queremos dar de volta coisas que a sociedade também nos dá a nós. Nós temos a sorte de estar no ensino superior, temos a sorte de ter o suporte dos nossos pais, da nossa família,... e eu sinto que é mesmo bom quando os estudantes são capazes de alargar a sua visão e de conseguir fazer algo mais do que os seus estudos, porque eu acredito que é isso que no futuro vai permitir com que nós não sejamos só profissionais. Vamos ser profissionais que vão ser activos e eu acredito que é só desta forma que nós conseguimos, no geral, melhorar o nosso país, melhorar a nossa sociedade. Nós estamo-nos sempre a queixar que as coisas estão mal e eu acredito que esta é uma das formas mais genuínas que nós temos de começar a mudar e a inverter essa corrente. Portanto, particularmente isso e porque gosto mesmo de ajudar os meus colegas, gosto de defender os seus direitos, gosto de sentir que faço a diferença e que não só mais uma gota no oceano. " HS: Sim, no entanto, nós sabemos que não é propriamente um “mar de rosas”, não é? A: Às vezes é mesmo um “mar de espinhos”. " HS: Pois… E que momentos mais difíceis é que tiveste de ultrapassar? A: O primeiro momento mais difícil foi no primeiro semestre do meu mandato como Presidente do NEMUM, que foi na altura da Semana Cultural do Professor Pinto Machado. Nessa altura, eu estava completamente exausto, adoeci, estava extremamente cansado, tinha exames, tinha mesmo imensas atividades para coordenar... e nessa altura senti mesmo que estava mesmo a chegar ao limite. Mas depois, sempre tendo em conta a minha equipa, consegui ultrapassar isso, certamente. Outro momento difícil foi quando passei do NEMUM para a ANEM, porque na Assembleia Geral da ANEM em que eu fui eleito para ser Tesoureiro, senti que estava a cortar o cordão umbilical à casa em que tinha nascido e crescido. E isso a mim, particularmente, custoume bastante. Agora, aquilo que mais me custa é o facto de, mesmo sendo muito bom e realizador, estar sempre a viajar faz com que “não tenha palha no ninho”, como a minha mãe costuma dizer. Eu não só nunca paro em casa, hajaSaúde!

como também isso dificulta fazer com que consiga levar o trabalho associativo corrente, porque sempre que vou para fora isso tudo pára. O próprio facto de estar a trabalhar num contexto multicultural e de diferentes nacionalidades é um desafio. É mesmo diferente (e mais fácil quase sempre) trabalhar com pessoas do nosso país ou pessoas que falam a nossa língua. Primeiro porque, apesar de eu conseguir falar razoavelmente bem inglês, há sempre situações em que há dificuldades de comunicação inerentes ao facto do inglês não ser nenhuma das línguas nativas de quem está a falar; depois é o choque de culturas, falar com colegas nórdicos em discussões políticas ou discussões associativas é absolutamente diferente de estar a discutir com alguém, por exemplo, de um país latino e, portanto, a adaptação a todo o contexto internacional tem sido um bocado desafiante, mas acho que tenho ultrapassado. HS: E apesar de todas essas dificuldades que tens vivido, o que é que te motivou a continuar a participar no associativismo? A: Acima de tudo, porque eu gosto disto! Eu gosto e gosto de porque é que eu faço isto; nesta fase, acho que talvez a minha principal motivação é conseguir espalhar um bocadinho mais esta minha paixão e esta minha vontade de querer mudar as coisas. Eu aprendi tanto pelo caminho!... E sinto quase esta necessidade de partilhar a minha experiência e de tentar motivar outras pessoas para que continuem os trabalhos, seja a nível local, a nível nacional, a nível internacional e fazer com que, no geral, as coisas mudem para melhor, porque eu acredito nos estudantes de medicina e acredito mesmo que nós temos muito para dar e, tendo em conta as atuais pressões que existem, por parte do mercado profissional ou mesmo familiares ou económicas, é fácil as pessoas esqueceremse que também têm de se construir enquanto pessoas, enquanto seres humanos e isso na nossa escola é tão importante... E portanto, eu gosto de acreditar que… Bem, enfim… Que eu, pelo menos, ajudo a que isso mude um pouco e, assim cheguei a esta fase em que é mesmo prolongar este percurso nos outros e fazer com que as pessoas continuem a fazer isto: porque novamente vale mesmo a pena! HS: E como é que é possível conjugar o associativismo com o sucesso académico sem descurar nas relações pessoais, quer familiares, quer de amizades...? A: Essa é a pergunta mais difícil… É mesmo complicado, porque acima de tudo requer muita dedicação; não só dedicação ao mundo do associativismo, mas também dedicação ao resto, porque é fácil nós descurarmo-nos e pensarmos “é mais fácil eu simplesmente não ligar aos meus amigos, ou então não ir tomar aquele café que nós tinhamos marcado, há duas semanas, porque estou cansado”. Eu, particularmente, tenho um grupo de amigos em Guimarães, com quem me relaciono ainda antes da escola secundária, e apesar de não estarmos juntos muitas vezes, vamos conseguindo sempre, pelo menos duas vezes por mês, encontrarmonos em Guimarães e tomarmos café. E isso só é possível porque todos nós nos dedicamos a esta amizade, porque, 7


como disse, é muito fácil nós não nos dedicarmos. Mas da mesma forma como nós investimos na nossa profissão, nos nossos estudos ou no que quer que seja, também não nos podemos esquecer de investir nos nossos amigos e também porque acabam por ser a família e os amigos o nosso suporte, neste caminho tão complicado. Depois, a família é quem sofre mais no meio disto tudo. Eu sou de Guimarães, mas agora vivo em Braga e é mesmo difícil ver os meus pais, mesmo morando a 20km de casa. Todos os fins-de-semana são ocupados com actividades e, durante as semanas, às vezes, vou para fora. Portanto, muitas vezes são as viagens de Braga até ao aeroporto e do aeroporto para Braga em que estou com eles para pôr a conversa em dia. Mas eles sempre foram os primeiros a apoiar-me e a motivar-me para continuar e para não parar e portanto não podia esperar mesmo mais dos meus pais neste aspecto porque eles são compreensivos e apoiamme nisto, o que é absolutamente essencial. Mas também é essencial, porque é importante nós sabermos mostrar-lhes que isto vale a pena, e às vezes isso acontece porque falo com muitas pessoas que dizem que os pais não compreendem ou não vêem, mas, quando estava no NEMUM, eu convidava os meus pais para virem às actividades, para eles verem o impacto que isso tinha e isso também os ajudou a compreender melhor qual é o retorno que o associativismo pode trazer para um estudante. No que toca aos estudos, certamente que estas andanças acarretam menos tempo para acompanhar as aulas de uma forma muito próxima; contudo, é possível manter na mesma uma boa prestação, desde que haja um compromisso de dedicação total aos tempos associados ao estudo. Algo que também sinto que me ajuda é o facto de ter os conceitos de ciência básica bem assentes, como Anatomia ou Fisiologia, que me permite agora acompanhar mais intuitivamente os novos conteúdos. " HS: Toda esta longa caminhada levou-te à IFMSA. E o que é que te levou a integrá-la? A: A IFMSA é mágica, no sentido em que reúne estudantes de medicina de todo o mundo por uma causa comum que é a saúde global e isso é mesmo muito bonito. Depois o contexto multicultural, que também já falei. É mesmo interessante lidar com pessoas de outros países, comunicar e conhecer novas realidades e novas culturas e isso constrói-nos de uma forma brutal. Mas quando me candidatei para Coordenador Regional da Europa, a minha principal motivação foi sentir que a Europa estava mesmo descurada ao nível da IFMSA, pois não havia um sentido de união, que não havia colaboração entre as diferentes organizações europeias e portanto aquilo que eu queria era trazer a minha experiência portuguesa e a minha paixão “latina”, digamos assim, para a IFMSA e promover esta interligação e esta partilha de cultura, dentro da nossa região; até porque, por exemplo, ao contrário das Américas, de África ou da região mediterrânea e asiática, os países europeus são todos muito fechados, não gostam de se relacionar entre si e são mais individualistas. E eu queria romper um bocadinho com isso mesmo e também trazer as boas práticas que eu fui adquirindo ao nível nacional, da ANEM, porque a ANEM é, sem dúvida, uma das melhores associações nacionais que fazem parte da IFMSA.

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HS: E quais são as tuas funções em concreto na IFMSA? A: A IFMSA tem cinco regiões, uma delas, naturalmente, europeia. E então, basicamente aquilo que eu faço divide-se em três grandes pilares. Um deles é o trabalho interno, que é o trabalho que eu tenho de fazer de suporte às associações nacionais que precisam de ajuda em termos estruturais, em termos de fundraising, problemas que eles tenham internos; eu estou disponível e activamente procuro resolver estes problemas que eles possam ter. Além disso, sou também responsável por angariar novos países para fazerem parte da IFMSA: por exemplo, eu estive agora na Roménia e nós não temos uma associação nacional da Bielorrúsia ou da Moldávia e, portanto aquilo que eu fiz foi entrar em contacto, na Roménia, com os Conselhos Nacionais da Juventude desses países no encontro em que estávamos, para me porem em contacto com estudantes de Medicina de lá, para que eu posteriormente possa fazer angariação dessas organizações para a IFMSA. Depois, tenho o trabalho a nível externo, em que sou responsável por fazer representação junto de todas entidades europeias ou entidades estritamente europeias que são chave para a IFMSA trabalhar as áreas de representação; estamos a falar da Comissão Europeia, do Parlamento Europeu, do Conselho da Europa, da Aliança Europeia da Saúde Pública, da União de Estudantes Europeus, do Standing Committee of European Doctors (CPME) e muito importante, a OMS - Europa. A OMS tem cinco secretariados regionais e eu sou responsável por manter comunicação o europeu e desenvolver projectos; por exemplo, criei oportunidades de estágio na OMS Europa, um trabalho de continuidade mas também a inovação. Muito importante também é o Fórum Europeu da Juventude, que reúne 99 organizadores de juventude dentro da Europa, e nos quais nós tentamos colocar a saúde na agenda dos jovens a nível europeu. Por fim, sou responsável pela organização do Encontro Regional Europeu dos Estudantes de Medicina, que para o ano vai ser na Dinamarca, em Aalborg, em Abril, entre os dias 24 e 28 e, basicamente, sou responsável por suportar a logística da Comissão Organizadora do País, verificar se está tudo a ir de encontro àquilo que nós precisamos,

hajaSaúde!


contactar convidados para estarem presentes e darem formações… E já agora, outra coisa no contexto da IFMSA… A IFMSA tem um departamento de formação e sou um formador da IFMSA desde 2012. Desde então, tenho dado imensos, imensos treinos num contexto de educação não formal, que são também muito importantes para assegurar a continuidade dos conhecimentos e a formação das novas gerações não só de dirigentes associativos mas também estudantes no geral.

A: Espera… Uma frase? Sei lá… Experimentem o associativismo porque isso vale mesmo a pena e vaivos surpreender. Eu acho… Pelo menos uma vez.

HS: E ao longo deste percurso, que é já desde o NEMUM até à IFMSA, há algo que tenhas aprendido que achas que não terias aprendido se não tivesses integrado o associativismo?

A: Acho que quem está ou quem poderá vir a fazer parte, tem de ter a coragem suficiente para não desistir à primeira e para se dedicar a explorar as diferentes possibilidades que o mundo associativo vos pode dar, não só a nível profissional, mas também pessoal. Porque a verdade é que há muitas horas de sono perdidas, há tempo que passa, nós vemos alguns dos nossos colegas a fazer coisas que nós até gostaríamos de fazer, mas não estamos a fazer, porque estamos em casa a trabalhar, mas a verdade é que os momentos em que, no final de uma actividade, nós estamos todos cansados a limpar uma sala ou então estamos juntos a trabalhar até às duas ou três da manhã, promovem a criação de laços de amizade que são mesmo, mesmo muito fortes e que aproximam as pessoas. E portanto acho que, acima de tudo, é experimentar, pelo menos uma vez e nessa experiência tentar tirar o máximo que puder, porque o associativismo dá-nos aquilo que nós queremos que ele nos dê: se nós queremos um grande envolvimento, nós temos um grande envolvimento; se queremos estar um bocadinho mais só a acompanhar mas na mesma a dar o nosso contributo, isso também é possível e é possível balançando tudo na nossa vida. Portanto, não é o facto de fazer par te do associativismo que vai implicar necessariamente perder o resto da nossa vida, é só mais uma coisa que nós podemos fazer e que no futuro vai mesmo fazer a diferença, porque vamos acabar por ser pessoas mais informadas e mais participativas e eu acredito que é isso que vai um dia melhorar o mundo no qual nós vivemos.

A: Imensas coisas! Mesmo muitas coisas… Acima de tudo, saber trabalhar numa equipa, coordenar uma equipa, compreender uma equipa,… Porque nós fechados numa biblioteca não fazemos sequer ideia do que é uma equipa, dos problemas ou da infinidade de problemas que podem surgir e das diferentes formas como nós podemos resolver esses problemas. E acho que isso é fundamental para o que quer que seja que nós façamos no futuro. Depois, desenvolver confiança naquilo que nós fazemos no dia-a-dia, ou seja, sinto-me mais seguro e confiante naquilo que eu faço, porque vejo que tenho resultados fora daquilo que é a universidade, e, portanto, se integrar um projeto vou ter confiança e que “Ok, aquilo que eu estou a dizer faz sentido e é positivo”, mas, ao mesmo tempo, também sei aceitar e ser seguro e confiante o suficiente para aceitar críticas construtivas, de forma a melhorar aquilo que estou a fazer, e procurar essas opiniões ativamente. Isso também é absolutamente central e é importante para qualquer coisa que nós façamos. Mais coisas… Perceber o que é um projeto ou o que é fazer parte de um projeto, como o desenvolver, como o avaliar, como o implementar, como o planear... São coisas que surgem naturalmente. Existem pessoas que tiram cursos superiores para isso. Não que eu me esteja sequer a igual com alguém que tenha um curso superior nesta área, mas a verdade é que, antigamente, em Portugal, falava-se muito da “escola da vida” e isto acaba por ser muito um ensinamento empírico, nós errarmos e aprendermos, errarmos e aprendermos... E, por exemplo, se eu quiser desenvolver alguma nova área de intervenção clínica num hospital, isso é um projeto, e tenho de o saber implementar. Este tipo de competências são importantes para qualquer estudante de medicina, independentemente do futuro que eles queiram seguir. Depois, aprender a lidar com a questão da diplomacia/multiculturalidade, conseguir perceber qual é a nossa posição numa discussão e conseguir ser consciente das posições de com quem nós estamos a discutir, de forma a conseguir o objectivo, que é chegar a uma conclusão que seja benéfica para ambas as partes. E isto depende muito do entendimento que nós temos de quem está do outro lado e de nós próprios estarmos abertos a esse mesmo entendimento e, geralmente, sempre que nós adoptamos essa postura, o resultado final da discussão é bastante construtivo, e isso é algo que só praticando é que se consegue mesmo alcançar.

HS: E há alguma mensagem que queiras dirigir aos estudantes que se estão a iniciar, que pensam iniciar-se e àqueles que já estão nas lides do associativismo? Ou mesmo àqueles que ainda nem sequer pensaram nisso?

HS: Alberto, em nome do HajaSaúde! o nosso obrigada e votos de sucesso e de um bom trabalho.

Após esta entrevista o Alberto voltou a estar em novo papel de destaque, tendo sido eleito Presidente da ANEM, a associação nacional de estudantes de Medicina, no passado dia 21 de Dezembro, na Assembleia Geral realizada na FMUP. Deixamos, desde já, os parabéns, fazendo votos que um excelente mandato esteja em vista.

HS: E consegues resumir numa palavra ou numa expressão aquilo que sentes perante o associativismo? hajaSaúde!

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hajaREFLEXÃO!

Só começou há 3 meses! David Gonçalves, Inês Candeias, João lima, Rafa Machado, 1º ano

Na sociedade em que estamos inseridos e na era em que vivemos, a maior parte da população depara-se com um problema mundial e preocupante, a crise. É cada vez mais difícil continuar a viver segundo os padrões de uma vida facilitada e enriquecida, onde, para certas famílias, se torna abominável a ideia de gastar dinheiro em coisas que não sejam básicas. Então coloca-se a questão: vale a pena continuar a estudar para enfrentar, certamente sozinhos, um mundo de desemprego e de pobreza? Com a situação atual, inúmeros jovens não seguem a vida académica, acabando por começar uma vida profissional com apenas 17/18 anos. Para alguns, e com isto queremos referir àqueles com possibilidades monetárias, a educação é algo essencial, insubstituível e necessário. É algo que nos completa e nos ajuda a crescer mental e culturalmente. No entanto, no final do 12º ano, os nossos cérebros colocam um dilema: qual o curso a escolher? Há quem siga a sua vocação, há quem siga a perspetiva de outrem e há aqueles que se baseiam naquilo que a crise pode proporcionar no futuro. No nosso caso, escolhemos Medicina! Um dos cursos mais difíceis de entrar, mais desgastantes no que toca aos 6 anos de estudo intenso e, decerto, um dos mais complicados de sair. Para não esquecer de que a aprendizagem não acaba em 6 anos. Mas, tivemos a sensatez de escolher um curso que permitirá ajudar as pessoas, uma vez que se não houver saúde, o mundo entra num “dominó” caótico sem retorno. Assim começa um novo percurso das nossas vidas, um percurso académico que nos melhorará como seres humanos e como profissionais. A mudança/choque que experienciamos baseia-se no facto de nunca termos contactado anteriormente com o hajaSaúde!

ambiente universitário, dado que houve um salto a nível de maturação e de responsabilidade relativamente ao ensino secundário. Se mudamos de residência, temos de nos tornar independentes e aprender a viver dessa forma, arriscando e tomando decisões por conta própria e tratando do nosso espaço, ao qual passa a ser o nosso lar durante os ano vindouros. À medida que as semanas avançam e as aulas vão sendo presenciadas, apercebemo-nos de que não é possível criar uma analogia entre a universidade e o secundário tanto a nível do nosso eu como a nível escolar/académico. Necessitamos de manter um estudo regular, de ganhar uma maturidade e uma perseverança que nos é transponível de forma a ter capacidade de ultrapassar os cada vez mais gigantescos obstáculos que nos aparecem ao longo da vida. Necessitamos de manter uma enorme força de vontade para que, mais tarde, consigamos alcançar o nosso objetivo supremo, exercer o nosso cargo como Médicos. Sabemos também que, até lá chegar, vamos aprender inúmeras competências, tanto técnicas como científicas e humanistas, e conhecimentos capazes de nos tornar cada vez mais aptos a tal cargo, tão precioso e de grande responsabilidade. O contacto tanto com pacientes e docentes, como com os nossos colegas, enriquecemnos e ajudam-nos a continuar o nosso rumo, a batalhar ao nosso lado todos os dias, em busca de um mesmo objetivo. Nós, estando ainda no início, temos total consciência que o caminho a percorrer será longo, será sinuoso, com imensas curvas e contra-curvas, mas lá no fundo sabemos que é nele que estarão os melhores anos das nossas vidas.

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hajaMEMÓRIAS!

- Egas Moniz

Sofia Leal Santos, 4º Ano Cada teoria, cada técnica que encontramos nos nossos estudos e na prática clínica, teve os seus autores e, estes, a sua história, pessoal e intransmissível. Esta pretende ser a primeira de várias crónicas sobre grandes nomes da Medicina. “Em ciência não existem muitas verdades inabaláveis. É necessário que sobre o que há escrito recaia uma crítica e d e m o r a d a r e fl e x ã o . ” I n Confidências de um Investigador Científico A 29 de novembro de 1874 nascia António Caetano de Abreu Freire Egas Moniz, em Avanca, no concelho de E s t a r re j a . O s e u p e rc u r s o científico tardaria a traçar-se, e não seria antes dos 51 anos que se daria a sua primeira grande descoberta. A sua família vivia sob dificuldades económicas, sendo o jovem apoiado nos estudos por um tio abade. Após concluir os estudos primários e o liceu em Castelo Branco e em Viseu foi, em 1891, para Coimbra, dedicar-se aos estudos universitários. A escolha da vocação não foi linear, pois hesitava entre Engenharia e Medicina, e foram considerações práticas que o decidiram finalmente pela última. No curso esforçou-se por ter as melhores classificações entre os colegas, aspirando à carreira docente. Facto menos conhecido, integrou também a Tuna Académica da Universidade de Coimbra, a que presidiu em 1898. Paralelamente, imiscuiu-se na vida política, como veremos adiante. Formou-se em 1899, defendendo a tese de licenciatura (Alterações anátomo-patológicas na difteria) em 1900. Prestou provas de doutoramento em 1901, com a tese audaz à época A Vida Sexual – Fisiologia, que teve 19 edições até 1933, e cujo acesso veio a ser restringido durante a ditadura salazarista. O Político O seu percurso político, iniciado nos tempos da faculdade, foi atribulado. Em 1907, o rei D. Carlos dissolveu as cortes e iniciou-se um curto período designado de “ditadura franquista”; ora, Egas Moniz fez parte do grupo conspirador que tentou, em Janeiro de 1908, raptar João Franco, e encontrou-se entre os 120 conspiradores presos. Contudo, o regicídio deu-se em Fevereiro de 1908, e cinco dias depois o futuro cientista viu-se em liberdade. De 1903 a 1917 foi deputado. Fundou o Partido Centrista em 1917; após alguns meses de existência, fundiu-se com o Partido Sidonista no Partido Nacional Republicano. No mesmo ano, foi nomeado, por Sidónio 12

Pais, Ministro de Portugal em Madrid e, em 1918, Ministro dos Negócios Estrangeiros. Foi nesta qualidade que presidiu a delegação portuguesa na Conferência da Paz, em 1918, finda a Primeira Guerra Mundial. Deu por terminada a sua carreira política em 1919, na qual diz ter-se dispersado “com algum ilusório sucesso e muitas contrariedades; mas erradamente pensam os que julgam essa dispersão afastamento intenso dos meus estudos neurológicos. Estes é que dominavam o meu espírito”. Deixou, desses anos, a obra Um Ano de Política. O Neurologista e o Professor Tendo escolhido Neurologia como a sua especialidade, Egas Moniz foi ao encontro da sua formação em França, onde grandes mestres europeus desenvolviam os seus estudos e transmitiam os seus métodos nessa área. Passou primeiro por Bordéus e, depois, por Paris, onde encontrou os seus principais mentores: Pierre Marie, Joseph Babinski e Joseph Jules Dejerine, entre os quais Babinski terá sido a principal influência, pela sua análise minuciosa e exaustiva dos sinais que procurava descrever. Era notória a diferença entre o ambiente académico coimbrão e o de Paris: se no primeiro era a citação de livro que vingava numa discussão, no segundo os palestrantes expunham as suas hipóteses e resultados experimentais, estimulando o debate. Em 1902 conseguira já entrar para o quadro docente em Coimbra como professor substituto, tendo chegado a catedrático em 1910. Contudo, transferiu-se para a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa logo no ano seguinte, onde ficou a cargo da cadeira de Neurologia, desde então até à sua reforma. Foi nomeado diretor do Hospital Escolar de Lisboa em 1922, já abandonada a política, e tornou-se sócio da Academia das Ciências de Lisboa em 1923, instituição que viria a presidir pela primeira vez em 1928. Exerceu por algum tempo no Hospital de Santa Maria mas, sobretudo, no seu consultório privado. Seria nele que, aos 65 anos, viria a sofrer um atentado por parte de um paciente, baleado. Sobreviveria, e viria ainda a jubilar-se, em 1944. O Cientista “Quando, abandonadas as preocupações políticas, me encontrei definitiva e exclusivamente na Neurologia, o desejo de obter factos novos, alguma coisa de útil e inédito, tornou-se obsessivo.” No meio científico francês “sentia-se uma alma inovadora”, ao passo que, em Portugal, “havia a crítica dos incapazes de trabalho original a denegrir as intenções e o mérito alheios”. Foi o primeiro que o estimulou no seu caminho. Na discussão com os seus mestres surgira, repetidamente, a necessidade de obter um método hajaSaúde!


imagiológico que permitisse a localização de tumores cerebrais. A primeira grande descoberta de Egas Moniz, a angiografia cerebral, surgiu como a melhor solução para este problema, até então. Para a conseguir, foi necessário um estudo intenso para determinar substâncias radiopacas cuja administração nas artérias cerebrais fosse segura, e que permitisse visualizar as suas ramificações e possíveis anomalias patológicas dos ramos arteriais, através de r a d i o g r a fi a s . O deslocamento do padrão arterial normal permitia suspeitar da localização de tumores cerebrais. Desenvolveu o trabalho em Portugal, que passou por !"#$%&'(&)*$+',-).*/.)$'.*$0/*12'3*' fases experimentais com 4$"&'%/'*$+5&)*$67&'".#8$%&'($'-$)#/' coelhos, com cadáveres -$)./#$+'%&'49)/:)&'/'-)&;&4$%&'-&)' 8*$'$)#9).$'%.+$#$%$',"/08(%$'.*$0/*12' humanos até, finalmente, !"#$%&'(#')*+,'+-' ser utilizada em homens vivos; colhidos estes ' primeiros resultados, o investigador apresentou o trabalho na Sociedade de Neurologia em Paris, em 1927. Colheu imediatamente excelentes críticas, e a angiografia cerebral foi mais tarde premiada com o Prémio de Oslo, em 1945, tendo valido ainda nomeações para o Prémio Nobel da Fisiologia e da Medicina. Este trabalho viria a ser aperfeiçoado ao longo dos anos por outros cientistas. Após um conjunto de trabalhos nesta área, Egas Moniz dirigiu os seus esforços para o tratamento de certas doenças mentais que recebiam grande atenção na época. “As causas orgânicas das psicoses avultavam sempre no meu espírito; o cérebro não podia estar são desde que a mentalidade estivesse perturbada; se a causa nos escapava, não era sinal de que não existia.” In Confidências de um Investigador Científico. ! A leucotomia pré-frontal, descoberta pela qual o autor é mais conhecido, foi desenvolvida em resposta à necessidade de tratar certas psicoses, e à convicção de que só uma abordagem orgânica poderia dar frutos na psiquiatria. Foram estudos prévios de leucotomia préfrontal em chimpanzés que sugeriram a Egas Moniz o seu uso no tratamento de psicoses como a esquizofrenia. O investigador constatou que, após as cirurgias, os animais permaneciam amigáveis e alerta, mas não ostentavam os sintomas de neuroses experimentais induzidas antes das cirurgias.

mistos. O método com injeção de álcool foi substituído pelo uso do leucótomo, instrumento desenhado para este efeito, que rodando cortava as fibras nervosas. Este método era cego, sendo a direção e a profundidade dos cortes incertas e diferentes entre cada procedimento; o follow-up era incompleto, e nunca superou os 2 meses de acompanhamento, os resultados apresentavam-se muito diversos, com muitos casos de melhoria de sintomas, mas muitos sem qualquer benefício e outros em que os sintomas haviam piorado ou novos haviam surgido. A técnica, ainda assim, foi rapidamente adoptada por médicos em vários países.

O exemplo mais célebre é o de Walter Freeman, chefe de Neurologia na Universidade George Washington, que adoptou a técnica, rebatizou-a de lobotomia, e praticou-a em massa nos Estados Unidos, estimando-se que tenha operado mais de 3500 pacientes. Com a sua abordagem transorbital, extremamente rápida de praticar e que podia ser feita sem anestesia (apenas electrochoque), Freeman chegava a um número absurdo de pacientes, cuja indicação para o procedimento podia não ser mais que a queixa de um pai ou de uma mãe de comportamento difícil e desajustado por parte dum filho, com pouca mais investigação. As implicações éticas desta abordagem são demasiadas para o intuito deste artigo, mas merecem (exigem) investigação adicional e reflexão. A leucotomia pré-frontal valeu, apesar destas utilizações, pelo benefício que trouxe realmente a muitos pacientes, e pelas pistas que deu para a compreensão e tratamento das patologias em que era aplicada. Por ela, Egas Moniz recebeu o Prémio Nobel da Fisiologia e da Medicina em 1949 (dividido igualmente com Walter Rudolf Hess). É questionável, contudo, se a angiografia cerebral não teria sido tão ou mais merecedora desta distinção.

Além dos muitos artigos da sua autoria e em colaboração que publicou, Egas Moniz foi também autor de obras políticas e literárias, algumas das quais aqui mencionadas. A última página da sua história foi escrita a 13 de Dezembro de 1955, quando faleceu em Lisboa, cidade que por mais anos o acolheu.

A técnica cunhada por Egas Moniz foi desenvolvida em colaboração com o neurocirurgião Almeida Lima, e consistia inicialmente na injeção de álcool após trepanização, visando destruir as fibras que conectam o córtex pré-frontal com outras regiões do cérebro. Foi primeiro testada numa paciente dum asilo. Seguiram-se várias outras cirurgias, com resultados

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hajaCIÊNCIA!

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António Mateus-Pinheiro, 4º Ano

“Fungi taught us how to kill antibioticresistant bacteria...” O emergir e disseminação da resistência bacteriana aos antibióticos, que se tem vindo a verificar ao longo dos últimos anos, constitui um problema de saúde pública, com consequências potencialmente drásticas para a saúde humana em todo o mundo. Estando este problema amplamente sinalizado, tornam-se prementes alternativas farmacológicas que permitam ultrapassar a resistência aos antimicrobianos. Conceptualmente, este objectivo pode ser alcançado mediante o desenvolvimento de novos antibióticos de raiz ou, alternativamente, através da produção de agentes que inviabilizem os mecanismos de resistência da célula bacteriana, potenciando assim a antibioterapia. Será precisamente sobre a investigação realizada em torno desta segunda abordagem que falaremos nas próximas linhas, num tom que não se pretende exaustivo, nem tão pouco excessivamente técnico. Uma preocupação crescente no âmbito da temática da resistência antibiótica reside na disseminação da resistência à classe de antibióticos das carbopenemas. As carbopenemas são antibióticos beta-lactâmicos úteis no tratamento de quadros infecciosos provocados por enterobacterias, das quais são exemplos a Escherichia coli ou a Klebsiella pneumoniae. De um modo geral, as enterobacterias tornam-se resistentes às carbopenemas através da produção de um de dois tipos de enzimas, nomeadamente serina-beta-lactamases ou metalo-betalactamases (MBLs). Apesar de existirem actualmente vários inibidores das serina-beta-lactamases (de entre os quais, o ácido clavulânico será porventura o exemplo mais paradigmático), não existem actualmente inibidores das MBLs considerados verdadeiramente efectivos. Recentemente, Andrew King e colegas (McMaster University, Canada) publicaram na reputada revista Nature, um estudo que se assume como uma tentativa de suplantar eficazmente a resistência mediada pelas MBLs. Os autores levaram a cabo um screening entre várias moléculas que são produzidas por microrganismos do solo e que ocorrem naturalmente na natureza, no sentido de encontrar um composto capaz de inibir uma MBL designada New Delhi metallo-β-lactamase 1 (NDM-1). Identificaram um composto fúngico denominado por aspergilomarasmina A (asp A) isolado do fungo Aspergillus versicolor. A sua rápida e potente actividade inibidora das NDM-1 permitiu restaurar a eficácia do meropenem (uma carbopenema) em estirpes de E. coli produtoras de NDM-1. Adicionalmente, King e colegas demonstraram que esta acção se estendia a outras espécies de enterobacterias, isoladas durante os últimos 10 anos de pacientes provenientes de diferentes territórios do globo. Com efeito, a asp A restaurou a susceptibilidade

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à terapia com meropenem em 88% das estirpes produtoras de NDM-1 testadas. Para além de análises de eficácia, o estudo c l a r i fi c o u t a m b é m a l g u n s a s p e c t o s re l a t i v o s à especificidade do alvo molecular deste composto, que i m p o r t a v a m s a l v a g u a r d a r. Acontece que a aspergilomarasmina A havia já sido descrita como um potencial inibidor da enzima conversora da angiotensina (ECA) no início dos anos 90, que à semelhança das MBLs, pertence à família das metaloproteinases. Assim se percebe que o estudo da especificidade de acção da asp A tenha sido um ponto crítico no trabalho desta equipa canadiana, dado que a inibição significativa da ECA comportaria efeitos secundários relevantes. Contudo, após testes pré-clínicos in vivo (em roedores), os resultados parecem apontar apenas para uma inibição residual da ECA, que contrasta com a potente inibição das MBLs. Face a resultados tão promissores, torna-se lícito perguntar se estamos perante uma descoberta com o potencial de inverter a tendência para a crescente disseminação da resistência antibiótica. Não me atrevo a responder a esta pergunta, até porque me parece que face aos dados disponíveis é ainda prematuro fazê-lo. Existem, no entanto, dois aspectos que sustentam a necessidade de considerar o potencial da asp A com alguma reserva nesta fase:

• primeiro, a asp A revelou-se ineficaz a inibir outras enzimas anti-carbopenémicas, também elas frequentemente produzidas pelas enterobacterias, dando assim ao agente patogénico a possibilidade de desenvolver um mecanismo de escape caso este privilegie a produção de enzimas não degradadas pela asp A;

• segundo, estão bem descritos outros mecanismos de resistência que não são alvo de acção da asp A (por exemplo, as bombas de efluxo membranares), pelo que se torna difícil conceber que um único composto como a asp A se venha tornar numa arma terapêutica de utilização duradoura e de longo prazo. Apenas eventuais ensaios clínicos que se venham a levar cabo poderão esclarecer-nos quanto a estas questões. Não obstante, numa altura em que as grandes companhias farmacêuticas advogam que o desenvolvimento de novos fármacos só poderá ser bem sucedido pela via da síntese artificial, eis um estudo que demonstra que a exploração de compostos que ocorrem naturalmente na natureza ainda não se esgotou e que a investigação centrada nestas moléculas poderá ainda trazer os seus frutos. Para os que quiserem saber mais, fica a referência do paper:

King AM, Sarah RY, Wenliang W, King DT, De Pascale G, Strynadka NC, Walsh TR, Coombes BK, and Wright GD. “Aspergillomarasmine A Overcomes Metallo-β-Lactamase Antibiotic Resistance.” Nature 510, no. 7506 (2014): 503–6.

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hajaSAÚDEPÚBLICA!

Porque a saúde tem de ter uma palavra Pedro Peixoto, 4º Ano

Este ano foram sendo realizadas várias iniciativas no sentido de divulgar as várias áreas cientificas da Universidade do Minho, onde se encontra enquadrada a Escola de Ciências da Saúde. Numa das várias sessões temáticas, foi também abordada a questão da Saúde, que contou com uma apresentação, pela mão da Professora Doutora Felisbela Lopes, salientando a relevância da Saúde da Comunicação Social. De acordo com a atividade desenvolvida no seu estudo, a oradora mostrou à plateia presente que a Saúde, não só é um tema que interessa às massas, como está também presente, quase em base diária, nos vários meios de comunicação social. Assim sendo, gostaria de começar este artigo por questionar qual o interesse de divulgar questões de Saúde através dos media. Calvo Hernando abordou em 1999 esta temática, de uma forma que eu julgo correcta. Estipulou o jornalismo como ferramenta ao serviço da Saúde Pública e conferiulhe objectivos bem delimitados. Nas suas palavras os mass media têm como grande função, nesta área, “Informar com rigor, clareza e exactidão sobre os avanços científicos no diagnóstico e na terapia; difundir as características das distintas doenças e seus sintomas iniciais; atender ao direito dos pacientes a estarem plenamente informados”

facto, poucos outros meios estão mais disponíveis para ouvir as populações que os mass media, uma vez que facilmente podem acompanhar o desenrolar de um determinado evento médico, da abertura de um novo hospital ou de uma manifestação a reivindicar mais médicos. O facto é que sim, os mass media têm, e devem ter, um papel importante na difusão das reivindicações de uma determinada população, dando-lhes mais força aquando da iniciação de negociações na matéria, com as entidades competentes.

Vemos, portanto, que os meios de comunicação social são importantes enquanto ferramentas capacitadoras da sociedade, e que devem ser vistos pelas entidades de Saúde Pública como tal, pelo que devem ser tidos em conta aquando da delineação de estratégias de divulgação de informação médica e de prevenção de doenças relacionadas com estilos de vida, ou passiveis de prevenção, quer pela acção do próprio, quer através de actos médicos. Olhemos para doenças como a hipertensão arterial, dislipidemia, diabetes, obesidade e muitas outras patologias relacionadas com estilo de vida e conseguimos comprovar este ponto. Nesta linha de informação pública, temos também a enorme utilidade que os mass media podem ter na contenção de determinadas doenças, como foi o caso do surto de Legionella em Vila Franca de Xira. Através destes foi divulgada toda a informação acerca do modo de contaminação, dos modos de protecção contra a doença, modos de actuação perante a mesma e explicados todos os riscos às populações envolvidas, de uma forma rápida, quase sempre em directo, barata e eficaz, com enorme alcance nos visados.

Vimos, até este momento, o efeito positivo dos mass media na evolução dos cuidados de Saúde, mas não são só estes os que devem ser tidos em conta. Antes de os vermos como ferramenta capacitadora, temos de ver os meios de comunicação social como ferramentas a serem capacitadas. Têm eles próprios de ser informados e formados para p ro v i d e n c i a re m a m e l h o r i n f o r m a ç ã o p o s s í v e l , principalmente nas situações mais delicadas; aqui devem entrar as várias entidades de Saúde Pública. Por outro lado, não é inteligente ver todas as organizações de comunicação social como organizações inertes, imparciais e que apenas almejam a veiculação da informação tal como ela é. Como empresas que são, estes órgãos visam o lucro. Sendo a saúde um tema tão popular, que capta a generalidade do público, também é arma de publicidade. Assim sendo, facilmente se cai no erro de veicular informação errónea, pouco condicente com a verdade ou prejudicial à actuação das entidades de Saúde Pública.

Gostava de lançar uma nova questão. Devem os mass media ser meras ferramentas ao serviço das entidades de Saúde Pública, ou devem ter um papel mais interventivo? Em 1989 José Niza anuiu a esta questão, salientando a importância dos meios de comunicação social como ferramentas ao serviço das reivindicações da sociedade em prol de melhores cuidados de saúde. De hajaSaúde!

Os meios de comunicação social tanto podem ser ferramentas valiosas na implementação das medidas que os organismos de Saúde preveem, salientando a sua importância e levando-os às populações, mas também podem ser fonte de teorias da conspiração, pânico infundado e prejuízos de várias ordens para as populações envolvidas. Desta forma, é de enorme importância que devida atenção seja veiculada a estes meios, por forma a maior valor social ser deles retirado. 15


hajaEditorial! hajaTECNOLOGIA!

NOME, NUMERO, EMAIL

Geocaching: Um percurso continuado por todos Jorge Silva, 4º Ano

! Figura 1. Aspeto da cache encontrada na Universidade do Minho, com o respetivo logbook. Fotografia retirada de www.geocaching.com.

O passatempo de Geocaching surgiu no ano 2000, no Oregon, EUA, sendo uma atividade de lazer e exploração ao ar livre, que se baseia na utilização da tecnologia GPS (Global Positioning System). O Geocaching consiste na procura de caches, isto é, pequenos recipientes que se encontram distribuídos ao longo de várias localizações, e cuja característica comum a todos, é a presença de um logbook, ou seja, um pequeno diário que permite que cada pessoa que encontre a cache regista a sua descoberta. Assemelhase, então, a uma caça ao tesouro moderna, que se estende a todo o mundo. E então como tudo funciona? O primeiro passo é aceder ao website de Geocaching e realizar a inscrição no mesmo: tal permite procurar ao longo da extensa lista de caches disponíveis, podendo introduzir a informação de determinada localização pretendida, de modo a encontrar as caches mais próximas. O próximo passo consiste em escolher uma cache e introduzir as coordenadas geográficas da mesma num dispositivo GPS (uma alternativa é utilizar a aplicação de Geocaching para dispositivos móveis com GPS, que permite a introdução automática da localização da cache selecionada). Relativo a cada cache existem informações como a dificuldade de encontrar a mesma, a dificuldade do terreno onde se encontra, o tamanho da cache e outras pistas adicionais que possam existir. Após este processo,

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é apenas uma questão de pôr a mochila às costas, e entrar na aventura! E o que fazer quando se encontra uma cache? O primeiro passo é registar a entrada no logbook, devendo de seguida fotografar-se o registo, de modo a introduzi-lo na conta do website e validar a descoberta. Algumas caches de maior tamanho podem conter alguns objetos de pequeno valor monetário, que adicionam um toque maior à vertente de “caça ao tesouro”, devendo sempre ser substituídos por algo de valor similar. Enquanto algumas caches se encontram em espaços com boa acessibilidade, quer em espaços verdes ou mesmo em meios urbanos, existem outras que se tornam reais desafios para os mais aventureiros: algumas caches requerem equipamento mais avançado, como material de escalada, luzes ultravioleta ou até mesmo equipamento de mergulho de modo a serem encontradas! Tal revela a possibilidade de extensão desta atividade, podendo ser uma atividade para toda a família, ou para os exploradores mais destemidos. Ficou convencido? O Geocaching é realmente uma atividade que possibilita a realização de exercício físico, o contacto com a natureza e potencia o trabalho de equipa. E pode começar por procurar a cache que se encontra na Universidade do Minho (Figura 1): poderá ser um bom ponto de partida para uma longa aventura! hajaSaúde!


hajaBRAGA!

E um sabor a tradições Joana Silva, 3º Ano

Dezembro é o mês das festividades e do Natal e, para os bracarenses, Natal é sinónimo de… Bananeiro! E surge, então, a pergunta: o que é isso? Ora, o Bananeiro é uma tradição bracarense que começou há já três décadas, na conhecida “Casa das Bananas”, situada na Rua do Souto. Quem passeia por esta rua no quotidiano, passa por esta casa sem se aperceber que ela existe, com a sua fachada simples em pedra e com a sua montra de garrafas de licores e “canecas das Caldas”. Mas a verdade é que, há quase trinta anos, quem passava por lá não via uma casa de licores mas sim um armazém de bananas. Efectivamente, foi assim que a tradição começou: o seu proprietário, Manuel Rio, para conseguir atrair mais clientes, montou um pequeno balcão onde se bebia vinho moscatel. Assim, quando os clientes, tendo o estômago destabilizado pelo açúcar (e não só) do moscatel, pediam algo para comer, o dono daquele estabelecimento prontamente apresentava uma das suas bananas.

larga escala, servindo de reunião para homens, mulheres e crianças bracarenses, para celebrar e encontrar velhos e novos amigos, sempre com portas abertas a pessoas de outras cidades. As cidades da rua de Braga inundam-se de pessoas e, apesar do frio de um inverno enregelado, sentese uma alegria e um calor contagiante no ar, com conversas que invocam memórias de mais um ano passado, risos e até mesmo cânticos de Natal. Assim, se ainda não foste (ou mesmo que já tenhas ido!) ao Bananeiro, já sabes onde tem de ir no próximo Natal, cumprindo a velha tradição bracarense e bridando docemente a um ano pleno em memórias e experiências e a um ano 2016 promissor, pois apesar dos “males”, a esperança é algo que nos continua a mover. És de Braga? Então anda ao Bananeiro brindar!

Com o decorrer dos tempos, este pequeno acto de “marketing” foi crescendo lentamente quando o filho do Sr. Manuel e os seus amigos iam, no dia de Natal, à Casa das Bananas beber um copo de moscatel serenado com uma banana. No entanto, este pequeno convívio não se restringiu a este pequeno grupo, foi-se desenvolvendo, tornando-se numa tradição em que os homens bracarenses, horas antes do jantar e enquanto as mulheres preparavam a Consoada, se reuniam para brindar às festividades e às amizades feitas, refeitas e permanecidas. Actualmente (e apesar de já não ser visível a típica garrafa do Licor de Lagarto – cuja garrafa tinha, efectivamente, um espécime lagarto lá dentro), esta tradição estendeu-se em hajaSaúde!

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hajaLIVROS!

A Casa dos Deuses - Samuel Shem Emanuel Carvalho, 4º Ano Como será o teu ano comum – a transição entre a faculdade e a prática hospitalar? Será que podes salvar um paciente a não fazer nada? Sabes o que é um GOMER? Estas são algumas perguntas às quais podes responder depois de leres este livro de Samuel Shem, que retrata a vida, ou melhor, a luta pela sobrevivência e sanidade mental, de seis estudantes de medicina durante o seu internato. O romance, baseado nas experiências do escritor enquanto interno de psiquiatria em 1974, explora as alterações que os internos sofriam, devido às várias experiências traumatizantes e desumanizadoras com que se iam confrontando no seu quotidiano, para as quais a teoria não os preparava. Nas entrelinhas, é também um apelo ao tratamento mais humano destes jovens médicos para que, a par de uma vida profissional competente, possam ter o tempo para construir uma vida pessoal estável, na qual consigam apoiar-se e enfrentar os desafios vindouros. Não deixa de ser inquietante que, apesar de ter sido escrito há 40 anos, ainda continue a gerar polémica na comunidade médica. Assim, se ficaste curioso, numas férias, aproveita para leres A Casa dos Deuses – com certeza que a prática clínica hospitalar destes internos, cheia de tragédias absurdas e triunfos ocasionais, não te vão aborrecer!

hajaCINEMA! João Dourado e Núria Mascarenhas, 2º Ano Os cinemas enchem-se de adeptos de enredos baseadas em trilogias e sagas infinitas, movendo crianças, jovens e adultos até às suas salas. É certo e sabido que estes são, na generalidade, os filmes com maiores ganhos na bilheteira, apesar de nem sempre serem os mais premiados pelas entidades culturais de renome; como tal, dedicamos esta secção ao mais recente fenómeno deste tipo – The Hunger Games: A Revolta – Parte 1. Estreado no vigésimo dia do mês de novembro, Mockingjay, como é apelidado originalmente, é a primeira de duas frações na qual o trabalho literário de Suzanne Collins, o terceiro livro da trilogia Os Jogos da Fome, foi dividido para a sua adaptação por Hollywood. Ao longo dos 123 minutos de película somos presenteados com um emocionante desenrolar da história, bastante fiel à obra em que se baseia. Podemos testemunhar a continuação da sequela, com o surgimento de novas intrigas relativas ao Capitólio e à sociedade que hajaSaúde!

este rege, sobressaltando diversos temas pertinentes como a liberdade de expressão, a guerra e o poder. Vestindo a pele de Katniss Everdeen, a já célebre e premiada Jennifer Lawrence brilha mais uma vez no grande ecrã com uma performance bastante credível e leal à sua personagem. Além da paixão e do talento pela representação com que a atriz já nos habituou, podemos ainda assistir a um momento musical que deu muito que falar. A música The Hanging Tree, cantada pela própria numa cena do filme, atingiu o top de vendas do iTunes de muitos países, apesar da estrela internacional admitir que odeia cantar em público desde criança. O trabalho realizado por Francis Lawrence conta com a novamente com a participação de Josh Hutcherson (como Peeta Mellark), Liam Hemsworth (como Gale Hawthorne), Woody Harrelson (como Haymitch Abernathy), Donald Sutherland (como Presidente Snow), Philip Seymour Hoffman (como Plutarch Heavensbee) e Elizabeth Banks (como Effie Trinket). Junta-se ao elenco as preciosas Jullianne Moore (como Presidente Alma Coin) e Natalie Dormer (como Cressida). Aconselhamos todos os amantes deste tipo de trama a dirigirem-se à sala de cinema mais próxima para assistir ao já famoso e expectante The Hunger Games: A Revolta – Parte 1, e juntem-se a nós na lista de espera para visualizar o segundo segmento, que deverá surgir em 2015. 19


hajaREFLEXÃO! Gonçalo Cunha, 2º Ano

A mente humana é capaz de ser pior que animais selvagens no que toca ao ataque. No então, desengane-se aquele que pensa que o ataque é apenas aos demais, a nossa voz interior c o n s e g u e a t i n g i r- n o s brutalmente com ataques insuportáveis e devastadores. Todos nós, homens e mulheres, somos seres “racionais” tendo uma Skrik -­‐ Edvard Munch , 1893 serie de vantagens sobre a grande maioria dos seres vivos mas, por outro lado, vivemos com todas as consequências e complicações de pensar, um pensar principalmente voltado para nós como individuo mas também como mais um simples elemento na sociedade. É precisamente esta perspetiva profundamente intimista que se pode associar aos autoataques que nos deixam devastados ao ponto de nos sentirmos perdidos e sem rumo. A verdade é que a nossa “racionalidade” é a responsável pela perda de autocontrolo e, pelo desencadeamento, em casos mais graves, dos chamados distúrbios mentais. A discussão destes distúrbios deixo aos Psiquiatras, que certamente têm uma maior aptidão para o fazer. Voltando ao que interessa, a mente humana é, talvez, das coisas mais complexas que possa existir porque, em parte, há determinados comportamentos e sentimentos que resultam do somatório da vida. Mas será

que enquanto seres racionais não pensamos demasiado? Será que tudo aquilo que sentimentos corresponde à verdade? Já Fernando Pessoa dizia “Tenho tanto sentimento/ Que é frequente persuadir-me/ De que sou sentimental/ Mas reconheço, ao medir-me,/ Que tudo isso é pensamento,/ Que não senti afinal.”. Acabando assim por demonstrar a influência das emoções sobre a vida bem como na influenciada da vida nas emoções. Talvez haja, como ele disse, um grande distanciamento ou uma grande proximidade entre estas e, de facto, podemos olhar para os dois lados da mesma moeda tendo em conta que por um lado vivemos numa sociedade voltada para a enfatização mas, por outro lado, não deixa de ser relevante e verdade que as emoções e sentimentos têm uma relação direta com as vivências individuais. Assim, e tendo em conta a nossa enorme capacidade de perda do controlo, reitero que a vida é feita das vivências e dos sentimentos a elas associados, sentimentos muitas vezes exagerados mas que acabam por determinar alguns dos nossos traços de personalidade e comportamentos. Pensem assim, que nem sempre somos capazes de nos superar mas isso é apenas algo que nos torna mais reais e humanos. Nunca desvalorizemos, no entanto, os nossos fracassos e frustrações, não lhes dando nunca o espaço necessária para o “ataque”. Agarremo-nos à sua memória para lutar e para assim conseguir ultrapassar aquilo que pensávamos inultrapassável. Tentemos sempre cumprir a máxima que todos estamos tão habituados a ouvir.

“SEJAM FELIZES!”

hajaCONTO! Pedro Peixoto, 4º Ano São oito da manhã, toca o irritante despertador, como todo e qualquer outro irritante despertador. Acordo, meio estremunhado, enregelado pelo frio da noite que nenhum cobertor consegue afugentar. A pouco e pouco levanto-me e preparo-me para um duche quente... daqueles que certamente vão demorar bem mais do que seria desejável. Em breve estou porta-fora. A rua mostra-se, mais uma vez, soalheira, com aquele sol tépido de Inverno, que pouco deixa de si revelar; apenas o suficiente para dar um dourado desfocado a tudo o que passa. Até onde a vista alcança, parece que a cor é pálida, pouco vivida, quase que em ar de tempo em stand by. À minha volta, todos como eu, enfaixados em roupas imensas, com altas camisolas de lã grossa, entristecidos, nebulosos. 20

O autocarro vai seguindo a bom ritmo; qual típico quadro social. Segue uma velhinha, sorridente, alheada do que a rodeia, mas atenta a uma criancinha que brinca com um qualquer aparelho tecnológico, daqueles que nos faz alhear do mundo; segue uma mulher na casa dos seus 20, de cabelos profundos, escuros como a noite, feições desajeitadas, engraçadas, atenta ao que passa na sua playlist, muito aconchegada, extremamente rosada, desesperadamente pálida; um mais desatento até capaz de reparar na telefonia da viatura, um sem número de crianças ruidosas, a caminho da escola. Um cheiro incrível vem da cozinha; ah! e se não é a minha avó, debruçada sobre o tacho, a preparar filhoses para o pequeno almoço; é mesmo! A canela, o mel, tudo isto pinga copiosamente pelos meus beiços de criança, onde hajaSaúde!


ainda persiste toda a inocência de uma criança. Sou feliz! Para uma criança, isto basta. Uma filhós ao colo da avó e o dia está feito. O certo é isto passar na memória, tanto da criança, como da avó. Rumo à praia, sigo com uma boia enorme, toda ela amarela, absolutamente desproporcionada ao meu pequeno tamanho, como consigo eu pegar numa coisa tão grande? Passaram-me o jornal, já tenho com que me entreter, O comboio segue rápido, já me o tinham dito, mas senti-lo, na minha própria pele, incrível, mas não consigo retirar a vista de uma mulher deliciosa, que segue apenas uns dois ou três bancos à minha frente. Segue entretida a ler, absolutamente absorta, com uma madeixa negra a cair-lhe sobre o lado direito da face, com o seu queixinho fino, delicado. Os lábios vão tenuemente fechados, mas fazem um desenho engraçado, parece que vão meio adormecidos, não sei explicar. Leva um vestido azul, muito intenso, muito leve, que lhe fica talvez ao nível do joelho; A figura que estou a fazer, tenho de virar o olhar; e se ela me apanha assim; como é estranho o comboio, para onde olhar? Só para a janela, mas aí a paisagem voa, que enfado. O meu pai vem comigo atrás, com um risinho muito miudinho, bem disfarçado, ao ver aquela figura tão cómica à sua frente; mal me aguento em pé, com a boia sempre aos trambolhões, muito possivelmente já bem furada, mas pronto assim segue. Estou imerso num mar de suor; parece que estou a fugir, não sei de quê, nem para onde, sigo com grande alívio, mas uma saudade imensa, não sei do quê, não sei de onde. Apetece-me correr mais, mais rápido, para mais longe, como se a correria não tivesse fim. Dou um último fôlego, mas este não finda; Dou um último grito às hajaSaúde!

minhas pernas para correr, e elas suplantam a minha vontade. Sigo cada vez mais veloz, os meus músculos ardem cada vez mais, mas não cedem; a dor parece que alivia à medida que aumenta a velocidade. O vento bateme já de frente, com aspereza, qual faca penetrante; Já não sinto o meu nariz, muito menos os meus lábios e a minha garganta está irremediavelmente desprovida de qualquer resquício de humidade. Estou bem, estou muito bem, estou excruciantemente bem! Por um momento abro os olhos, não percebo o que se está a passar; Uma dor incrível vem do lado esquerdo da cabeça; Nunca me senti tão mal. Estou, aparentemente caído no alcatrão. Que fiz eu durante tantos anos? Nada! Fui só projetos, fui só vontades, mas nada fiz, não fui a diferença, nem nunca seria, essa é a verdade. Toda uma vida passou, rápida, ingénua, sem interesse, absolutamente vulgar.... Sempre a seguir o comodismo de ficar a cumprir protocolos de vida, simples, concordantes com o que esperavam de mim, fáceis de executar, banais, absolutamente banais! Um sabor absolutamente nefasto invade a minha boca; é sangue, é uma quantidade imensa de sangue. Vejo a velhinha do autocarro, banhada em sangue, muito pálida, extremamente rósea. Vejo a criança; está um farrapo, sem vida; A moça, não a vejo, ainda me pergunto onde estará. Quantas vidas banais ali seguiam; Banais, mas felizes. E feliz era também a minha banalidade; Acho que todos somos banalmente felizes. A minha visão está a acabar; a minha vida está a acabar; o quão injusto é ter sido assim, numa banalidade tão banal.

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hajaSEXUALIDADE!

Manter a chama acesa Jorge Silva, 4º Ano

Com o envelhecimento, surgem inúmeras alterações fisiológicas relacionadas o aparelho reprodutor e a atividade sexual: na mulher, após a menopausa, surgem comumente alterações como a diminuição da libido, a dessensitização genital e a dor na relação sexual; no homem, a alteração mais prevalente é a disfunção erétil. Todas estas alterações levam a um óbvio declínio da atividade sexual com o envelhecimento, mas esta não deve ser tomada como definitiva: com o envelhecer cada vez mais marcado da população, têm sido desenvolvidas novas abordagens de modo a contornar este problema. Existem inúmeras abordagens a nível farmacológico para tratar estas alterações, sendo as mais comuns a terapêutica de substituição hormonal na mulher, e os fármacos para a disfunção sexual, no homem. Contudo, a nível da relação médico-doente, a abordagem a esta questão tem falhado: num estudo realizado nos EUA (Hughes, 2014), foi concluído que apenas 3% dos médicos de cuidados de saúde primários se sentem preparados e com conhecimento suficiente para adereçar a sexualidade no envelhecimento.

hajaSaúde!

A exacerbar esta questão, há ainda o facto de que os idosos tendencialmente se conformam com o fim da sua vida sexual, e tendem também a viver uma vida com cada vez menor relação social (Aboim, 2014). O objetivo nestas situações, do ponto de vista do clínico, passa por inicialmente levar a que a pessoa aceite o envelhecimento como algo natural, que não deve ser visualizado como negativo, sendo naturalmente um processo longo e contínuo; é também importante estimular a procura de uma vida ativa, desfazendo o estereótipo dos idosos que se encontram durante todo o dia sentados a ver televisão ou a ler revistas e jornais. Claro que, para tais objetivos serem atingidos, o papel do médico não é suficiente, passando também pela família do doente, e por vários órgãos da comunidade que o rodeia. Apesar de tudo, revela-se uma falta de informação marcada em relação a esta vertente dos cuidados de saúde geriátricos, sendo que tal se parece justificar quer com a falta de treino dos clínicos, quer com a falta de estudos de investigação na área (Hughes, 2014).

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hajaNEMUM!

Minho Medical Meeting

A VII edição do Minho Medical Meeting decorreu no Hospital de Braga nos dias 24, 25 e 26 de Outubro, tendo sido o tema "Da Conceção à Idade Neonatal". Nesta edição houve várias novidades, começando pela duração do congresso, alargado para três dias, permitindo um maior número de palestras e sub temas abordados. Ao longo dos três dias, foi feita uma "viagem", tal como o próprio tema indica, desde a conceção, à gestação, passando pelo parto e culminando na idade neonatal. Como oradores das diversas palestras pudemos contar com nomes como Prof. Dr. Alberto Barros, Prof. Dr. Kypros Nikolaides, Prof. Dr. Gerrard Wisser, Prof. Dra. Catia Bilardo e Prof. Dr. Jorge Correia Pinto, investigadores nacionais e internacionais reconhecidos na área. A Comissão Científica deste congresso foi presidida pelo Dr. Matos Cruz, reconhecido ginecologista e obstetra da cidade de Braga, e contou ainda com a colaboração da

Prof. Dra. Cristina Nogueira, Dr. Miguel Costa, Prof. Dr. Jorge Correia Pinto e Prof. Dra. Maria José Costeira. Houve ainda a inclusão de uma Visita Cultural no congresso. A mesma realizou-se no centro da cidade de Braga, passando pelos seus principais pontos históricos, no final da tarde do primeiro dia de congresso. O Concurso de Posters foi mais uma das inovações introduzidas. Apesar de ser a edição inaugural, o mesmo contou com a participação de 12 posters abordando diversas áreas. No sábado decorreu o primeiro Jantar de Gala do Minho Medical Meeting, onde diversos congressistas e oradores puderam conviver e trocar impressões. Foram ainda entregues os prémios do Concurso de Posters, tendo o poster "Laparoscopic Radical Prostatectomy - Educational Film" dos autores Pedro Maganinho e José Edgar Amorim, recebido o prémio de 500€ e o poster " Is depression a neurodegenerative disorder? An in-vivo link between depression, antidepressant action and Alzheimer’s disease" de João Luís Vaz distinguido com uma Menção Honrosa.

No último dia do evento, a manhã foi composta pelos habituais workshops e, em paralelo, decorreu uma mesa redonda sobre Ética da Reprodução em Portugal, moderada pela Dra. Anabela Correira, Presidente da Secção Distrital de Braga da Ordem dos Médicos. A avaliação dos congressistas foi muito positiva, sendo distinguida tanto a qualidade do programa científico fornecido, como a introdução de várias novidades que enriqueceram o evento. Cada vez mais, este congresso organizado pelo NEMUM é reconhecido como um congresso de excelência pelos participantes e pelos oradores convidados.

XXIV ENEM O Encontro Nacional de Estudantes de Medicina (ENEM) realizou-se de 21 a 24 de novembro, Palace Hotel e SPA Termas de São Miguel em Fornos de Algodres, na Guarda. Este ano, o ENEM foi organizado em parceria pelo NEMUM e pela ANEM. Este encontro é destinado a todos os estudantes de Medicina das diversas Escolas Médicas do país com o objetivo de promover a convivência e partilha. Ao longo deste fim de semana, os participantes tiveram um programa non-stop dividido entre festas, workshops, sessões de cinema, atividades desportivas, e muita… muita convivência com outros estudantes deste curso! Já não vais a tempo do XXIV ENEM, mas de certeza que, depois de veres as fotografias, não vais querer perder o próximo!!!

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hajaSaúde!


Hospital dos Bonequinhos

O Hospital dos Bonequinhos decorreu entre os dias 12, 13 e 14 de novembro, no Hospital de Braga. Esta é uma iniciativa baseada no "Teddy Bear Hospital" da IFMSA (International Federation of Medical Students' Associations) em que os estudantes de medicina tem possibilidade de interagir com crianças do pré-escolar, reproduzindo o trajeto típico realizado num hospital. Assim, num hospital de dimensões ajustadas às crianças, estas vão com o seu ursinho ou bonequinho doente por um percurso que procura reproduzir aquele que é feito no processo clínico hospitalar normal. Assim, inclui desde a triagem, à consulta, passando pela zona de métodos de diagnóstico, sala de tratamento e até cirurgia. As estações finais compreendem várias temáticas desde a farmácia, à alimentação saudável e higiene dentária. Num ambiente tão descontraído como didático, são criadas as circunstâncias ideais para que as crianças possam interagir com os estudante e alguns instrumentos utilizados na prática médica, mas obviamente ajustados, para o uso seguro por parte das crianças.

Ao longo do "percurso faz de conta", pretende-se diminuir o tão conhecido “medo da bata branca” e toda a ansiedade associada à prática medica, tornado a experiência de recorrer aos cuidados de saúde uma jornada mais tranquila tanto para as crianças, como para os familiares, num futuro mais ou menos próximo. Além disso, a inclusão das estações finais relacionadas com temáticas de educação para a saúde funcionam como forma de potenciar a visita das crianças, promovendo a prática de hábitos saudáveis e desmistificando más práticas nestas idades através de uma educação por pares não formal, interactiva e descontraída. No total, cerca de 850 crianças puderam ingressar na atividade, pois, apesar de ser sobretudo direccionada para a participação de escolas e jardins de infância, existe igualmente um horário reservado ao acesso livre onde qualquer criança poderá participar, inclusivamente aquelas pertencentes a escolas não abrangidas este ano pelo projecto, desde que acompanhadas por um adulto.

hajaPASSATEMPOS! Ver$cal 1. PráIca social em que um ser humano assume direitos de propriedade sobre outros. 2. Alimento de consistência cremosa, feito de farinha cozida em água ou leite. 3. O mesmo que abraço. 6. Marca Alemã de automóveis pertencente ao grupo Daimler AG, criada em 1924, pela fusão de outras duas empresas. 7. AnIga ConstanInopla. Horizontal 4. Repreender de forma branda e benevolente. 5. Conjunto de letras e sons de uma língua, juntamente com a ideia associada a este conjunto, sendo a unidade da linguagem humana. 8. Chapéu de três pontas presente no traje académico da Universidade do Minho. 9. Rede social com mais internautas da atualidade. 10. Nome de uma personagem principal de uma séria americana, que é capaz de elaborar excelentes diagnósIcos clínicos. 11-­‐Animal que é uma das figuras do presépio. Chave: Burro, Facebook, Admoestar, Amplexo, Escravidão, House, Mercedes, Tricórnio, Palavra, Papa, Istambul.

hajaSaúde!

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hajaEditorial! hajaPACIÊNCIA!

NOME, NUMERO, EMAIL

Warning: A seguinte rubrica pretende despertar sentimentos de espanto e estupefação com a estupidez. Obrigado. Reader discretion is advised (or not).

mais frágil, o ecrã. A Apple está a desenvolver software que tire proveito do giroscópio, acelerómetro e de outros sensores internos, assim como de funcionalidades como o GPS, para calcular se o iPhone está em queda e para activar as contramedidas no sentido de minimizar danos, fazendo, por exemplo, com que o impacto seja antes com um dos cantos do telemóvel.

Anonymous writer is anonymous (by editorial typo, apparently never was)

Nesta odisseia, inúmeras soluções têm sido estudadas, desde mecanismos que fazem deslocamento do centro de massa do iPhone, dispositivos semelhantes a asas que saem da superfície do iPhone ou ainda sistemas de propulsão como os de ar comprimido.

Capítulo 2: Quando a vida te dá limões, faz uma omelete e não chores sobre o leite derramado O início do fim da sinfonia das quedas dos iPhones Suponho que já devem ter reparado na existência um bonito triângulo amoroso que une os iPhones, os seus donos e o chão, em direcção ao qual estes (os iPhones, claro) continuam a escorregar e, num fenómeno inquietante e cómico-trágico, a estilhaçar-se ao primeiro toque. Depois do 1º comprador do novo iPhone 6, um jovem australiano, lhe ter dado um baptismo de voo em directo na televisão (o ecrã só ficou com um pequeno arranhão, não deve haver problema), a Apple revela agora que está a desenvolver um sistema anti-quedas para prevenir a repetição deste fenómeno de audiências do Youtube. Esta empresa revelou que está, desde 2011, a trabalhar numa patente onde se incluem inúmeras estratégias, com o intuito de impedir que os seus telemóveis partam a sua parte 26

No entanto, tudo isto ainda são planos para um futuro distante, pois numa era em que se querem telemóveis cada vez mais leves, estes componentes adicionais seriam um severo retrocesso nesse aspecto. Assim sendo, os testes continuarão, para felicidade de todos os que adoram um bom vídeo e torcem por este triângulo amoroso. Desfile Internacional de Minsk Como nos últimos dias têm aparecido notícias acerca do famoso desfile da Victoria’s Secret, quis juntar-me a essa moda e publicitar um outro desfile que aconteceu no passado mês de Novembro em Minsk. O fotógrafo Sergei Gapon captou bem os melhores lados destes modelos e dos seus fantásticos penteados, e por isso quero terminar mostrando-vos esta estrela do mundo da moda… canina. Abraços e até à próxima volta.

hajaSaúde!


hajaHUMOR!

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Conselhos da Rebecca Vocês são todos bonitos! Menos tu, tu e o senhor aí ao fundo, de cinzento. Cá estamos novamente, em mais uma folha que outrora foi em branco. Um pedaço de papel que poderia ser poupado ou ter tido um bom uso, e alternativamente cá vim eu, para o conspurcar. Como tal, só para esta crónica não ser um esforço por completo inútil, vou esconder nela, algures, uma pequena surpresa. Estejam atentos, que poderá surgir a qualquer instante. Agora sim, em conjunto: conspurquemos. Desta feita, nos próximos parágrafos, pretendo deixar convosco um pedaço de sabedoria. Algo que vos tocará, mas no sentido agradável da expressão. E muitos de vós poderão chegar ao fim deste momento de beleza literária e declarar que nada sentiram, mas não deviam, porque mentir é feio. Outros prontamente dirão que se sentem iguais, mas deixem passar uns minutos a anos e logo dirão “epá, afinal não me sinto assim tão igual quanto julgava, estava enganado, como pude ser tão ______?” Como é óbvio, cada um chama a si próprio o que quiser. Pois bem, meus caros Rebecckers – isto é uma coisa agora, vamos ver se pega –, o Mundo é uma bola, que cabe a vocês dourar. E a magia reside, pois, na forma como o vão tornar numa bola de ouro. Alguns, que gostam de desafios, marcarão a sua presença neste planeta com demonstrações de intelectualidade que fascinarão inúmeras gerações vindouras, até que uma eventualmente comprovará que o que foi dito foi um autêntico disparate, apenas justificável pela época retrógrada em que foi proferido – “Pff, o século XXI”, dirão com nojo putrefacto os Chineses de Portugal do ano 3000 (porque o futuro é todo ele chinês); outros indivíduos, preguiçosos e covardes, optarão pela maneira mais fácil e escolherão ser bonitos; e depois há os burros e feios, que desempenham um papel fundamental na existência humana ao permitir que as outras pessoas se sintam bem por comparação (alternativamente, este grupo poderá também ser constituído por africanos). Mas o importante é saberem que, cada um à sua maneira, transforma o Mundo numa bola de ouro. E – ao contrário do que sucede com o Ronaldo – esta é mesmo fácil de se obter. Cada um, à sua maneira, é bonito. Menos o CasteloBranco. Aquilo é só um engano. Ingredientes: 6 ovos; uma xícara e meia de açúcar; uma xícara de chocolate em pó; 2 xícaras de farinha de trigo com fermento; 1 xícara de água morna; meia xícara de óleo. Para a cobertura, uma xícara e meia de chocolate em pó; 7 colheres (de sopa) de leite, 150g de margarina (sal opcional); e uma xícara e meia de açúcar. Modo de preparo: na batedeira, coloque as gemas e o açúcar, bata até formar um creme (demora um pouco). Antes, compre uma batedeira. Dilua o chocolate em pó na água morna junto com o óleo, acrescente ao creme da batedeira e bata até misturar. Junte a farinha de trigo e bata mais um pouco. Acrescente as claras em hajaSaúde!

neve, misture delicadamente. Despeje em forma média, untada e enfarinhada. Leve ao forno pré-aquecido, em temperatura baixa (recomendação por experiência própria: 150º), por mais ou menos uma hora. Para a cobertura, leve todos os ingredientes a fogo baixo, mexendo sempre, até levantar fervura. Desligue o forno e bata bem. Despeje o bolo já cortado em pedaços, ainda na forma. Se não quiser cortar antes, corte depois. Mas corte. Por fim, delicie-se com este magnífico e delicioso bolo chiffon de chocolate. Uma garantia do blog TudoGostoso – bolos e tortas doces. Uma coisa é certa: ao longo das vossas vidas, terão que fazer escolhas. E essas escolhas inevitavelmente vos levarão por determinados caminhos. Mas não se enganem, meus amigos!, pois em alguns desses caminhos haverá percursos a percorrer. E não serão poucas vezes que, durante esses percursos, encontrarão portas. Mas em grande parte dessas portas, haverá, felizmente, uma maçaneta. Umas estarão estragadas, e terão que arrombar as portas, o que poderá deixar nódoas negras – já alguma vez ouviram a expressão “marcas da vida”? Não está relacionada com isto. Pois bem, se a maçaneta não funcionar, o mais provável é que tenha térmitas. Estas, por sua vez, também têm no seu pequeno ecossistema uma vida social, por isso pensem duas vezes antes de chamar o exterminador. Mas chamem, porque senão ficam sem portas. Na vida. E quando chegarem ao fim do percurso, tudo valerá a pena, pois vão falecer. Mas falecerão com a convicção de que terão agido pelo bem, pois logo, de antemão, saberão, terão a certeza!, de que rodaram as maçanetas das portas nos percursos dos caminhos que constituíram as vossas escolhas, da forma mais humana possível: sem matar as térmitas. Têm, agora, matéria de reflexão em momentos de profundidade emocional em que a alma se cala e escuta, como da próxima vez que forem à casa-de-banho. Pensem nisto, em vez de ficarem a bater records atrás de records nos vossos jogos do telemóvel. Eu já vou no nível 9 do Candy Crush. (Detectaram a surpresa? Não? Pois, era bastante subtil. Uma pista: tem a ver com a receita. Como é óbvio, são 5 os ovos, e não 6. Isto é de um bolo chiffon de chocolate, não de um bolo chi-colesterol-a-disparar! de chocolate.)

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Por Alberto Abreu

NEMUM - Núcleo de Estudantes de Medicina da Universidade do Minho Jornal hajaSaúde Tiragem: 100 Exemplares Edição: Sofia Leal, Emanuel Carvalho, Pedro Peixoto Colaboradores: Ana Sofia Milheiro; António MateusPinheiro; David Gonçalves; Emanuel Carvalho; Gonçalo Cunha; Inês Candeias; Joana Silva; João Dourado; João Lima; Jorge Silva; Núria Mascarenhas; Pedro Peixoto; Rafa Machado; Sofia Leal; Sofia Santos. Paginação & Grafismo: Sara Guimarães Impressão por: Copyscan

NEMUM - Núcleo de Estudantes de Medicina da Universidade do Minho Escola de Ciências da Saúde da Universidade do Minho Campus de Gualtar, 4710 - 057 BRAGA Email: hajasaude.ecs@gmail.com


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