ABALOS SÍSMICOS e outras movimentações tectônicas João Leite Raimundo Santos Mariana Kirschner Thalita Perfeito Malu Ribeiro Maíra Zenun Antúria Viotto Dan Kim Cláudia Salles Emílis Silberstein, Ivana Andrade Cristiano Carvalho Diego Martins Tita Cunegundes Alexandra Estrella
Em um momento histórico como o atual, em que a estrutura econômica, política, ambiental e social chegou a um lugar de exaustão pelo excesso de informação, de imagem, de objetos, de lixo, e etc, a sensação de incapacidade de controle da realidade emerge – o mundo é muito grande para se ter nas mãos. Fazem-se necessárias outras estratégias. É a partir deste contexto que cada artista se volta para si ou para um sujeito/objeto próximo e palpável. Os mares a serem desvendados agora são os internos. Alguns ainda se apegam ao passado como um lugar seguro. Outros preferem a criação de um mundo cheio de símbolos. Há ainda aqueles que preferem a racionalidade das formas e cores como uma maneira de estruturar o caos. Mas para todos, a movimentação é iminente A exposição ‘Abalos sísmicos e outras movimentações tectônicas’ é o resultado de quatro meses de pesquisa e experimentação dos integrantes do Núcleo de Produção em Fotografia Contemporânea da Galeria Ponto, com coordenação de Hannah Gopa. Em seu terceiro ciclo de atividades, o Núcleo atualmente é constituído de um grupo multidisciplicar formado por 15 pessoas que mergulharam em um aprofundamento pessoal, linguistico e poético usando a fotografia como meio de expressão.
A Galeria Ponto. além de um espaço expositivo, produz cursos e workshops e é referência em impressão fine art e digitalização de obras de arte. Em setembro de 2014 levou obras de 35 artistas para a Feira de Publicações Independentes de Nova Iorque no MoMA.
Sócio-fundador: Bruno Bernardes Produção: Paula Bacariza Montagem: Dan Kim Assistentes: Derik Sorato e Lucas Las-Casas
SOBRE A CURADORA
Hannah Gopa foi professora assistente de diversos fotógrafos como Carrie Schneider, Sean Justice e Andrea Modica. Monitorou a aula Making it Work (mercado de fotografia) lecionado pela colecionadora Alice Zimet no CCNY em Nova York, e supervisonou uma coleção privada de mais de 3000 fotografias incluindo, Alec Soth, Diane Arbus, Vik Muniz, e Alessandra Sanguinetti. Seu trabalho já foi exposto e publicado internacionalmente em galerias como a Aperture Foundation, Trestle Gallery, New York Photo Festival nos Estados Unidos; e Tetê, LoBe, e Studio 8 em Berlim, cidade em que participou da residência artística Picture Berlin, mentorada pelos artistas Joachim Schimid e Wolf von Kries.
trunk No caos natural ou na exatidão geométrica das construções arquitetônicas, busca as linhas e as formas para construir uma harmonia fotográfica.
Sobre o artista estudante de Artes Plásticas da Universidade de Brasília. Influenciado pelos artistas como Kandinsky, Paul Klee e Moholy-Nagi, seu trabalho foi uma busca na natureza pelas formas que lembrassem as pinceladas e abstração praticada no período desses mestres.
DIEGO MARTINS
Sobre o trabalho Parece óbvio dizer que a profissão é um dos principiais fatores para a realização pessoal, mas esta realidade está longe da maioria dos indivíduos que conhecemos. Nas últimas décadas, o crescimento tecnológico continua a ameaçar profissões, sobretudo as que não exigem habilidades inovadoras, sociais ou de percepção espacial mais complexa. A série “Vida Útil” trata a questão da relação do trabalho em imagens que extrapolam a abordagem econômica e social, no qual o indivíduo possui a necessidade de se perceber como capaz e criativo em contraponto ao sentimento destrutivo de improdutividade. Sobre o artista Formado em publicidade, busca na fotografia uma forma de tornar definitivo o que é efêmero. A relação espaçotempo predomina em um olhar no qual cenas banais são capturadas de forma que as imagens revelem uma plástica peculiar que, em muitos casos, é como se pessoas estranhas estivessem nas ruas realizando uma grande performance.
CRISTIANO CARVALHO
o relojoeiro da série vida útil Parece óbvio dizer que a profissão é um dos principiais fatores para a realização pessoal, mas esta realidade está longe da maioria dos indivíduos que conhecemos. Nas últimas décadas, o crescimento tecnológico continua a ameaçar profissões, sobretudo as que não exigem habilidades inovadoras, sociais ou de percepção espacial mais complexa. A série “Vida Útil” trata a questão da relação do trabalho em imagens que extrapolam a abordagem econômica e social, no qual o indivíduo possui a necessidade de se perceber como capaz e criativo em contraponto ao sentimento destrutivo de improdutividade. Sobre o artista Formado em publicidade, busca na fotografia uma forma de tornar definitivo o que é efêmero. A relação espaçotempo predomina em um olhar no qual cenas banais são capturadas de forma que as imagens revelem uma plástica peculiar que, em muitos casos, é como se pessoas estranhas estivessem nas ruas realizando uma grande performance.
CRISTIANO CARVALHO
boutique moderne A obra escolhida faz parte de um trabalho etnográfico desenvolvido em diferentes feiras de rua pelo mundo. Feiras que fazem parte do espaço histórico e sentimental de cidades que sobrevivem a invasão dos meios cibernéticos de interação. Trata-se de um exercício de olhar pela janela fotográfica, os tipos sociais, as fissuras... as sombras e aromas produzidos pelos usuários-frequentadores destes mercados informais – de discursos, estéticas e poéticas nada convencionais. Sobre a artista Socióloga-fotógrafa e videografista. Mestre e doutoranda em Sociologia da Cultura, atualmente desenvolve o projeto “Imagens e Autorrepresentação: sobre uma estética negra no cinema africano”. Mantém, desde 2007, um trabalho com a tecnologia analógica, onde atua a partir dos seguintes temas em seu processo criativo: narrativas imagéticas, poéticas contemporâneas, negritude, educação, literatura, representação social, autorrepresentação e performance.
MAÍRA ZENUN
em tudo quanto olhei fiquei em parte Fotógrafa brasiliense. Dedica-se a registrar memórias. Foi aluna de Walter Firmo, com quem participou de diversas expedições fotográficas pelo Brasil, além de integrar o coletivo Coloridos Sentados, Lilás em Pé. Atualmente integra o Núcleo de Produção em Fotografia Contemporânea da Galeria Ponto. em Brasília. O trabalho representa um ano de pesquisa sobre imagens e documentos de família, desenvolvido a partir do poema “Em tudo quanto olhei fiquei em parte”, de Ricardo Reis (heterônimo de Fernando Pessoa). A artista refotografou imagens esquecidas em uma caixa de madeira e produziu novas fotos a partir de fragmentos de memórias.
TITA CUNEGUNDES
em tudo quanto olhei fiquei em parte O trabalho representa um ano de pesquisa sobre imagens e documentos de família, desenvolvido a partir do poema “Em tudo quanto olhei fiquei em parte”, de Ricardo Reis (heterônimo de Fernando Pessoa). A artista refotografou imagens esquecidas em uma caixa de madeira e produziu novas fotos a partir de fragmentos de memórias. Sobre a artista fotógrafa brasiliense. Dedicase a registrar memórias. Foi aluna de Walter Firmo, com quem participou de diversas expedições fotográficas pelo Brasil, além de integrar o coletivo Coloridos Sentados, Lilás em Pé. Atualmente integra o Núcleo de Produção em Fotografia Contemporânea da Galeria Ponto. em Brasília.
TITA CUNEGUNDES
silêncio! Se isto é sobre o tempo? Esse tempo que nos traz de volta à insanidade, apagando da memória a história, esfriando, paixões, numa suave turbulência, que silencia, e que não passa de uma sensação momentânea, e continua a existir essa agonia infinita, de uma busca vazia, efêmera. E mesmo nesse instante onde tudo parou, persiste. Sobre o artista Raimundo Santos nasceu em União, PI. Reside no Distrito Federal desde 1991.É graduado em Tecnologia da Fotografia pelo IESB. Atualmente participa do Núcleo de Produção em Fotografia Contemporânea.
RAIMUNDO SANTOS
entre 3a. pess. sing. imp. de entrar 1a. pess. sing. pres. subj. de entrar 3a. pess. sing. pres. subj. de entrar (latim inter) preposição:1. Indica situação ou espaço em meio ou dentro de. 2. Indica limite temporal. 3. Indica situação entre duas ou mais coisas, duas ou mais ideias, dois ou mais conceitos, etc. 4. Indica troca ou reciprocidade Indica intervalo (ex: entreato); reciprocidade (ex.: entrelaçar); pouca quantidade ou força (ex.:entrever). ENTRE é uma busca de abstração imagética a partir de objetos para provocar a dúvida, ansiedade, estranheza ou reconhecimento. Sobre o artista: Natural de SP - capital, residente em Brasília, graduado em fotografia pelo IESB. Em seu processo de busca imagética, abstrai para provocar uma reação não-literal. O meu interesse atualmente é ver no concreto uma abstração, visualizar linhas, pontos e planos, procurar um não-lugar, fazer conexões, viajar entre conceitos e temporalidades.
DAN KIM
indizível ser Nos queima por dentro, nos perturba o sono, me bole por dentro, brota a flor da pele, me faz corar, me aperta o peito e me faz confessar, e dá dentro da gente. Aquilo que não tem vergonha, limite, cansaço, medida. O que não tem juízo. Essa é a expressão de nosso sentimento maior, aquele que nos move, e nem todos os unguentos vão aliviar, não tem receita e nem remédio. O nosso íntimo e secreto, tão bem representado através de uma canção (O Que Será - A Flor da Pele - Chico Buarque), que ouvi desde criança, atenta para esse significado, aprendendo que esse é nosso maior sentir. Sobre a artista Paulista de nascimento, mineira de coração, psicóloga por formação e fotógrafa por prazer. Considera a fotografia uma via de investigação da alma humana cuja matéria prima é a ação, a expressão do olhar, que externaliza o sentir e o ser, diante do mundo e das emoções que os momentos provocam. Busca a essência das relações interpessoais, nos grupos, entre grupos e consigo mesma. O olhar foca na intersecção do mundo subjetivo, psicológico, com o mundo objetivo, social, contextualizando o indivíduo em relação às circunstâncias, buscando captar a representação do instante.
MALU RIBEIRO
cartográficas Existe uma zona de contra-tempo que se revela quando estamos prestes a realizar uma ação pré-estabelecida. A série em questão fala sobre este espaço, uma pausa no tempo, tornando publica a minha novidade pessoal por uma busca em que o trajeto se torna tão essencial quanto a realização de uma ideia. Sobre a artista Estudou Psicologia pela Universidade de Brasília em 2008. Mudouse pra Buenos Aires (AR) em 2010, aonde aprofundou seu contato com a linguagem da fotografia, iniciando trabalhos fotográficos que se relacionam com a performance e intervenção urbana. Atualmente cursa Teoria, Critica e Historia da Arte pela Universidade de Brasília.
MARIANA KIRSCHNER
ouvi dizer que a palavra hábito vem de habitar “Ouvi dizer que a palavra hábito vem de habitar” é um passeio pelo que está perto, nos rastros da luz caseira, na busca do que é eco. Sobre a artista Nasceu em Brasília, é formada em Audiovisual pela Universidade de Brasília e, atualmente, cursa o mestrado em Teorias e Tecnologias de Comunicação na mesma instituição. Trabalha como fotógrafa still e de vídeo; pesquisa semiótica, cotidianos, pensamentos e tai chi chuan.
EMÍLIA SILBERSTEIN
inspiração Uma observação sobre as cores dos sentimentos, a desconstrução e desfragmento do que é real, o reflexo do mundo contemporâneo através de um olhar que reage sentindo amor, encanto, plenitude e graça mas também sente o excesso, o peso, o medo , a frustração e o que aprisiona. O estado de espírito, a ação e reação do contemplar. Sobre o artista Nasceu em Brasília, é formado em Design, trabalha com artes visuais e experimentações nas áreas de fotografia analógica e produção gráfica. Busca através do olhar estar presente, entender/captar do seu modo a essência das coisas que não estão presentes fisicamente, tem um grande interesse pela luz e pelas cores em contato com o mundo. Essa mágica, sensível e intangível que às vezes aparecem num segundo e nos tiram da realidade.
JOÃO LEITE
ritual do banho “Então Narciso já não diz: ‘Amo-me tal como sou’, mas sim: ‘Sou tal como me amo’. Sou com efervescência porque me amo com fervor. Quero parecer, logo devo aumentar o meu adorno. Assim a vida se ilustra, se cobre de imagens”. Trecho de Gaston Bachelard, do livro “A Água e os Sonhos”. O projeto “Ritual do Banho” traz imagens de auto-retrato e objetos pessoais trabalhados com tinta, que carregam mistérios, um véu, de insinuante beleza, um adorno dourado. Sobre a artista Nascida em Brasília, Antúria Viotto viveu até os 15 anos de idade na Chapada dos Veadeiros. Sua pesquisa artística foi influenciada pelo profundo contato com as águas correntes e límpidas dos banhos de rio e pela mística envolvida nesse ritual. Os conhecimentos adquiridos durante o período acadêmico em agências de publicidade contribuíram para a construção de estética e linguagem próprias. Com seu trabalho na área de impressão de obras em fineart, na galeria A Casa da Luz Vermelha, desenvolveu interesse e paixão pelos diversos tipos de reprodução fotográfica e de aplicações artísticas em papel de algodão.
ANTÚRIA VIOTTO
argila faz teto As imagens foram trabalhadas numa construção que se aproxima da alegoria e da narrativa inspiradas em reverberações internas pessoais do cotidiano. Recorto aqui uma frase do Poeta F.P. que retrata com exatidão a intenção desta obra que foi a de “dar a cada emoção uma personalidade, a cada estado de alma uma alma”. Sobre a artista Começou seus estudos no Atelie da Imagem no Rio de Janeiro. Formouse em Fotografia no IESB. Em maio deste ano participou da exposição DPU Cultural no Museu Nacional com uma Foto Instalação e um Diptico cuja primeira imagem foi capa e abertura da exposição. Em junho de 2014 recebeu o primeiro lugar na exposição Foto Sínteses com a Foto Instalação “M”. Reside e trabalha em Brasilia.
ALEXANDRA ESTRELLA
maresmórias
Navegante que mergulhou tão fundo que fundiu-se nas águas do mar.
Sobre a artista Thalita Perfeito, brasiliense, estudante de Artes Plástica da Universidade de Brasília. Explora na fotografia diversas formas de saturação, texturas e suportes. Investiga suas mídias: estudo do pixel. Trabalha com zines de publicação independente.
THALITA PERFEITO
inspiração Mantém o interesse da pesquisa em linguagem fotográfica com atenção aos recortes, tentando subtrair o objeto da sua purez’a gestaltica original. A partir deste olhar, decorrem abstrações, a realidade se revelando em detalhes, na intimidade entre as cores e nas tessituras. Na Série Envelopes, um outro objeto, suposto. Uma série de cartas. Revelações, onde os nomes são abstraidos pelas cores. Sobre a artista Claudia Salles é designer de joias. Sua proposta nesta área é predominantemente conceitual e voltada para o desenvovimento de um produto exclusivo. Nele, além do teor escultural, a cor e a textura são elementos predominantes no processo de criação. Transitou por diferentes linguagens e atualmente participa do Núcleo de Produção em Fotografia Contemporânea. Retoma, na fotografia, o momento exatamente anterior ao design, ou seja, o da sua relação com as artes plásticas, repensando imagens abstratas nos termos da sua lida com a materialidade do objeto.
CLAUDIA SALLES
amplexoterapia Sobre o trabalho O projeto surgiu à partir de uma necessidade de abraçar o meu avô. Eu nunca fui muito boa com abraços e nos últimos tempos cheguei a conclusão de que a única forma que aprendi de abraçar foi por meio da fotografia. A princípio ele parecia um pouco desconfiado e acredito que ele tenha as próprias razões pra se perder nessa desconfiança. Comecei a perceber que até certo aspecto o meu avô e minha avó se transformaram em um só e que seria praticamente impossível fotografá-lo sem trazer à tona essa união. Sobre a artista Nascida em 1990, Ivana Andrade sempre soube que seu verdadeiro ofício se encontrava na arte de fotografar. Decidida a investir em seu talento inato, formou-se em Fotografia pela Faculdade Cambury, além de ter obtido diploma dos cursos: Fotografia Profissional em Câmera Digital, promovido pelo SENAC/GO, Curso básico, aperfeiçoamento e avançado, promovido pela Casa da Fotografia. Ela vê na profissão não apenas um trabalho ou hobbie, mas um universo paralelo capaz de se mostrar apenas por trás das lentes.
IVANA ANDRADE