Moradas imaginárias - catálogo-zine / ciclo 03

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Cléo Alves Pinto Malu Ribeiro Victor Prôa Duda Affonso Maísa Rabelo Lucas Las-Casas Zethi Vitale Humberto Araujo Paula Augustovna Souto César Goulart Maurício Chades Raquel Cândida

MORADAS IMAGINÁRIAS e suas telhas aparentes



moradas imaginárias e suas telhas aparentes

1ª edição - 2015



Segundo Gaston Bachelard, autor de A Poética do Espaço, o homem habita a sua casa antes de habitar o mundo: “Todo o espaço realmente habitado traz a essência da noção de casa” e “a casa é o nosso canto do mundo”, “o nosso primeiro universo”, porque, antes de ser lançado no mundo, “o homem é colocado no berço”. Os primeiros passos para fora desse aconchego natal, são de certo modo, preparados pela exploração do espaço livre que circunda a casa: o quintal com o seu jardim, as suas dependências e os seus animais de estimação, no qual irrompe em segredo o contato com o mundo exterior. Mas a casa deve sempre guardar sua penumbra, pois é através da penumbra, do indeterminado, que as imagens são criadas. As imagens poéticas aqui expostas pertencem a esse limite de exploração, existe uma tensão no limiar entre desejar o desconhecido e o apego aos cômodos interiores. Mas a produção das obras não é causadas por impulsos do passado, pelo contrário, elas têm uma presença e um dinamismo próprio, presente. Artistas: César Goulart, Cléo Alves Pinto, Malu Ribeiro, Victor Prôa, Duda Affonso, Lucas Las-Casas, Zethi Vitale, Humberto Araujo, Paula Augustovna Bacariza, Maísa Rabelo e Maurício Chades. curadora Hannah Gopa




A Galeria Ponto. além, de um espaço expositivo, produz cursos e workshops e é referência em impressão fine art e digitalização de obras de arte. Em setembro de 2014 levou obras de 35 artistas para a Feira de Publicações Independentes de Nova Iorque, no MoMA.

Produção: Paula Bacariza Montagem: Paulo Bittencourt


SOBRE A CURADORA Hannah Gopa, nascida em Brasília, em 1990, entende que seu tempo/lugar são transitórios. Graduada em fotografia pelo International Center of Photography em Nova Iorque, hoje é artista, produtora cultural e coordenadora do NPFC. O Núcleo é frequentemente alimentado por suas experiências empíricas. Hannah foi professora-assistente de diversos fotógrafos como Carrie Schneider, Sean Justice e Andrea Modica. Monitorou a aula Making it Work (mercado de fotografia), lecionado pela colecionadora Alice Zimet no CCNY, e supervisonou uma coleção privada de mais de 3000 fotografias, incluindo, Alec Soth, Diane Arbus, Vik Muniz e Alessandra Sanguinetti. Seu trabalho já foi exposto e publicado internacionalmente em galerias como a Aperture Foundation, Trestle Gallery, New York Photo Festival nos Estados Unidos; e Tetê, LoBe, e Studio 8 em Berlim. Em julho de 2013, ela foi selecionada para uma residência artística em Berlin, aonde teve a oportunidade de ter como mentores os artistas Joachim Schimid e Wolf von Kries. Para mais informações www.hannahgopa.com.



albúm de infância Uma página vazia de um álbum de fotografias da infância levou o fotógrafo a fazer um exercício sobre outras memórias desse tempo a partir de objetos do tempo presente. Representa a prática de uma metalinguagem da própria fotografia: a foto sobre a foto; o fazer fotográfico; a fotografia que se realiza por meio das memórias - intercalada por microcontos da infância. Sobre o artista Natural de Uberaba-MG (1975) reside em Brasília desde 1995. Fotógrafo de cena/ palco, fotografou dois dos mais importantes festivais de teatro do Brasil: Festival de Curitiba e o Cena Contemporânea (Brasília-DF). Em 2015, depois que foi demitido de uma agência de publicidade, começou a se dedicar à fotografia autoral. Nesse campo, busca investigar por meio de narrativas, a temática da memória, dos encontros e desencontros, da solidão, do vazio e do silêncio.

HUMBERTO ARAUJO




CLÉO ALVES PINTO


membranas Biologicamente, membranas são estruturas que separam dois ambientes, controlando a passagem de substâncias entre eles. A capacidade da membrana de ser ou não atravessada por determinadas substâncias corresponde à sua permeabilidade. Fachadas são como membranas. Eu fotografo o que me deixam ver.

Sobre a artista Cléo Alves Pinto, 36, 1,62, 47. Paranaense de nascença, mineira por direito adquirido, brasiliense por escolha. Pedagoga por desvio, arquiteta por destino, fotógrafa por atrevimento.


experiência asséptica Limpio impoluto. Luz ciega. Agárrase con fuerza mano izquierda a mano derecha. Clávanse uñas derechas en las carnecitas de los dedos izquierdos. Cruzadas rodillas. Y una linea de fuerza enerva empeine y entrepierna, -¡Abre! Dedos engomados tócanme con manos de nadie. Agujas. -¡Abre más! Agujas en la boca, hasta la raiz más profunda, agujas en el reloj, agujas en dedos engomados, hasta la raíz. Y no son de nadie. Sobre a artista Paula Bacariza nasceu em Madri na Espanha, há 28 anos. Passou a adolescência lendo e chorando dramas que não eram tão dramas quanto ela imaginava. Formou-se em Comunicação Audiovisual na Universidad Complutense de Madrid e em artes cênicas no Estudio Juan Carlos Corazza, aonde trabalhou com curtas-metragem e achou novas ferramentas para o drama. Mudou-se para Londres e depois resolveu começar uma nova vida em Brasília aonde trabalha com fotografia.

PAULA AUGOSTOVNA




as estrelas são visíveis Documentário sobre o cotidiano, sobre as pequenas desimportâncias diárias. Manutenções. Homenagem ao desenrolar do tempo, da vida. Só é passível de transformação o que puder tocar, tudo o que estiver ao alcance. O trabalho está construído no entre, na interação. Um projeto sobre relação, definitivamente. Fotografias enquanto paisagem de um caos pacífico, infinito para dentro. Sobre a artista Nascida e criada em Brasília, é cineasta por formação, fotógrafa por paixão e escritora por vocação. Talvez, na convergência de tudo isso, encontrase sua imensa vontade de contar histórias. Graduou-se em Cinema pelo Iesb, Brasília, no ano de 2013 e, no início do mesmo ano, formou-se em Fotografia pela New York Film Academy, Nova York. Com um olhar sempre atento e aparente despreocupação, Duda tráz para seu trabalho a delicadeza dos pequenos atos diários, pequenas crônicas de lugares por onde passa e pessoas que conhece, histórias contadas em palavras e imagens.

DUDA AFFONSO


identidade Na busca de sair de um lugar indeterminado e de um tempo indeterminado, o encontro do eu. E nessa busca, a cada escolha, a cada caminho, a cada dor, a cada suspiro, a cada prazer, vivendo o novo e incontáveis vezes, vivendo de novo. Observando, com tempo, a paisagem interna e externa, voltando ao passado, observando as realizações, dores, culpas, sentimentos. Caminhos com passos imperativos e criativos. No encontro pleno descobrir que dentro de mim existe um eu mais eu que eu mesma. Aprendendo a olhar com os olhos do outro e emprestando os meus para que o outro veja com meus olhos. E assim, resgatando o passado, olhando o presente e buscando a palavra indeterminada no Homem indeterminado. Sobre a artista Paulista de nascimento, mineira de coração, psicóloga por formação e fotógrafa por prazer. Considera a fotografia uma via de investigação da alma humana cuja matéria prima é a ação, a expressão do olhar, que externaliza o sentir e o ser, diante do mundo e das emoções que os momentos provocam. Busca a essência das relações interpessoais, nos grupos, entre grupos e consigo mesma. O olhar foca na intersecção do mundo subjetivo, psicológico, com o mundo objetivo, social, contextualizando o indivíduo em relação às circunstâncias, buscando captar a representação do instante.

MALU RIBEIRO




imatéria A contemplação da ausência de matéria. “A matéria não é a Substância das coisas, não é Vida, não é Verdade; na matéria em si não existe inteligência, nem existe sensibilidade. A matéria é afinal o “nada” e nela não existe qualidade inerente. O que atribui qualidade à matéria é a mente, e somente ela.” Masaharu Taniguchi Sobre a artista Mineira, 28 anos, apaixonada por fotografia arte. Formada em Comunicação Social, atuou como publicitária, mas hoje se encontrou como fotógrafa, faz com alma aquilo que lhe foi dado como dom. Acredita no poder que a fotografia tem de mudar o nosso modo de ver o mundo, as coisas, as pessoas e na sua capacidade de transpor uma situação, de criar uma realidade ou de absorver dela sua verdadeira essência.

RAQUEL CÂNDIDA




pai Pai é sobre a reciclagem de uma relação pai-filho que nunca foi ruim, mas estava um pouco moribunda em função da distância, da falta de tempo, do dia a dia corrido, da vida urbana e moderna, enfim. Uma cirurgia no pé foi a oportunidade que a vida proporcionou para que pai e filho pudessem, depois de duas décadas, passar mais de dois dias seguidos juntos. Dos dias de cuidado surgiu a inspiração para o projeto, um registro da relação e do carinho de pai e filho. Um renascimento. Sobre o artista Zethi é jornalista e corinthiano. Natural de São Paulo, é também brasiliense. A fotografia é uma paixão. Algo despretensioso que começou por prazer. Ao longo dos anos, levou sua câmera para diversos países, colhendo impressões em duas Copas do Mundo, de 2010 e 2014. Teve a alegria de ter trabalhos publicados em revistas, jornais e sites brasileiros, como a revista Forbes e o Portal Oficial da Copa do Mundo de 2014 do governo do Brasil. Nos seus tempos de repórter, teve grande influência de fantástico repórteres fotográficos de diversos jornais e revistas brasileiros, e daí vem a vontade de contar histórias por meio das imagens. Na vida real, ele é sócio-diretor da TORRE Comunicação e Estratégia.


ZETHI VITALE



anaeróbio A partir do uso do corpo, vestido em preto, tento construir novas paisagens que desconheço. Lugares que nunca vi e nunca habitei, mas que meu corpo físico e universal é morador. Se movimenta e para, inspira e expira, em um fluxo de vida e morte onde as formas já não me são claras. Sobre o artista: Lucas Las-Casas é estudante de Biologia pela Universidade de Brasília, cidade em que cresceu, onde ainda na infância tomou gosto pela fotografia. Desde então explora às diversas linguagens fotográficas e mergulha na imensidão do imaginário.

LUCAS LAS-CASAS


palácio de memórias Captura de fragmentos da vida, experiências sensíveis, natureza: meu objeto. Momentos de suspensão e de retomada de fôlego, cada imagem um lugar no tempo. Sobre a artista Maísa Rabelo é fotógrafa e artista visual. Estuda Artes Plásticas na Universidade de Brasília (UnB) e concentra sua produção e pesquisa em fotografia.

MAÍSA RABELO




quase-peixe Pescou e não deixou morrer. peixes amarrados na beira de um rio causam indiscernibilidade: não se sabe quais estão vivos e quais não estão. Foram pescados, machucados pelo anzol, mas são mantidos na água, onde alguns ainda sobrevivem. Os que respiram, balançam na água tanto quanto os que já morreram. O projeto “quase-peixe” é uma série de imagens constituída por dois objetos: um díptico fotográfico (“águalinha-areia”) e um aquário-pirâmide (“pescadofilhote”) onde um microprojetor instalado insere peixes na água. Sobre o artista Maurício Chades é videasta, fotógrafo e designer gráfico. Bacharel em Audiovisual pela Universidade de Brasília em 2013 com o roteiro de longa-metragem Cogum. Entre 2010 e 2012, participou da Revista Nil como designer gráfico e web designer, além de ser um dos sócios-fundadores. Em 2012, Um copo d ‘água, curta-metragem que assina direção, montagem e projeto gráfico, estreia na Mostra Brasília do 45o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Em 2014, lança o livro-objeto As aventuras subjetivas de Björk, assinando o projeto do livro.

MAURÍCIO CHADES


o vendedor de imagens Sobre a curiosidade daquele que vê. O feminino, o íntimo, o privado, o secreto, o familiar, o olhar e o poder. Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com situações ou pessoas reais é mera casualidade. Sobre o artista César Goulart nasceu em Cruz Alta - RS há 32 anos. Foi jogador de futebol amador, estagiário, aeroviário e garçom. É professor e tem uma moto financiada em 36 prestações.

CÉSAR GOULART




amor (im)próprio Através de elementos e cenários simples, a série de autorretratos Amor (Im)próprio visa fazer uma cobertura crua da aventura do autor em busca de si mesmo, esbarrando em punições, interdições e outros empecilhos. O objetivo final é desnudar o íntimo do fotógrafo marcando com a corporalidade (e muitas vezes na própria corporalidade) os significantes e significados a fim de trazê-los até o espectador. Sobre o artista Natural de Brasília, onde muito se encanta com a arquitetura exótica e a baixa umidade, formado em filosofia e apaixonado por Existencialismo. Aprofundou o seu vínculo com a fotografia durante o período da graduação, entre 2007 e 2011, para finalmente ressignificar essa relação nos anos seguintes após se envolver com acrobacia, dançae teatro; essa (re)descoberta da corporalidade trouxe uma virada na produção fotográfica e vem marcando a estética do autor sobretudo através de autorretratos que revelam abertamente o próprio íntimo.

VICTOR PRÔA



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