COLABORADORES
Alessandro Garcia - é escritor. Publicou em revistas como Ficções e Cult, escreveu para o Digestivo Cultural, Scream & Yell, Cronópios e foi colunista do Globo On Line. Publicou em uma série de coletâneas e é autor de A sortidez das pequenas coisas, finalista do Jabuti 2011. É o cara que filtra o melhor da literatura, cinema e música na coluna Sinapses. @alegarcia Alinne Bernd - Beer sommelière que atua em consultorias para diversas empresas, ela assina a coluna “Tudo Sobre, destinada a desvendar as pequenas dúvidas sobre cerveja que temos medo de perguntar. @alinnebernd Danilo Rolim - Chef de cozinha, com curso no Institut Paul Bocuse, pilota o bar espanhol La Tapa, em São Paulo. Cervejeiro assumido, acredita que o momento perfeito para beber cerveja é à beira da praia logo depois do pôr do sol com frutos do mar à vontade. Diego Cartier - é conhecido como caçador de raridades, foi colunista do Bon Vivant na Playboy onde relatou suas viagens visitando cervejarias pelo mundo. Cartier é o beer hunter do Have a Nice Beer e fundador da Hors Councours Importadora. Jayme Figueiredo - Mestre em Estilos de Cervejas pelo Siebel Institute of Technology e Bier Sommelier pela World Brewing Academy. Ele é quem dá as dicas para conhecer melhor e desfrutar ao máximo as cervejas que o clube trouxer para os associados. @tabernadomamute Juliana Gelbaum - Mistura de jornalista gulosa e garçonete curiosa que come sem fome, devora boas histórias, saliva por novos sabores e se farta de brindes sem razão.
Leo Leitão - Virginiano desorganizado que faz tudo ao mesmo tempo, acredita que o punk não morreu, que aliens existem e que cerveja é melhor que lasanha. Mariana Schneider - Sommelière de cervejas e colunistas dos blogs Bebendo Bem e Bom de Copo, desenvolveu maior respeito e apreciação pela bebida desde que começou a doar seu tempo e suar à atividade de homebrewer. Aqui, fica encarregada da sessão comportamento, na qual une seus hobbies de mochileira e cervejeira para trazer insights sobre formas de beber em locais distintos. Sady Homrich - Colunista de cervejas da Folha Sào Paulo. Aprendeu a respeitar e amar ceveja desde cedo, ainda em família. Como engenheiro químico e baterista da banda Nenhum de Nós, abriu horizontes. Curta alguns dos seus passos musicais e cervejeiros na seção Som e Cerveja. @burgomestresady What The Food! - É uma trupe de malucos por gastronomia. Sempre antenados nas novidades gastro-culturais, eles darão as dicas mais quentes de restaurantes, bares, bistrôs, receitas e afins. @whatthefood
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TUDO PODE SER MELHOR
EDITORIAL
Tem gente que acha que mudança é chato. Fica na defensiva, com cara de poucos amigos. Mas tem gente, tipo a gente, que acha mudança o máximo! Pra nós, viver atualizado é necessidade básica, é tipo respirar. E todo dia a gente dá um sopro novo em direção ao nosso futuro presente. A nossa transformação não altera a estrutura química, cor, gosto ou cheiro da revista. Até porque a gente sabe que você ama isso tudo. Mas muito está mudando e você vai perceber a partir da próxima página e das próximas edições. A gente empurra a chatice pro lado e junta dentro das nossas páginas todo mundo (do mundo) que se interessa por cerveja e tudo mais desse universo rico e saboroso. Novos colaboradores estão pintando nessa divertida mesa de bar que é a nossa revista. Eles chegam com todo gás, bom-humor, leveza de espírito e muita, mas muita história boa pra contar. Mudanças trazem novos e bons ventos pra arejar os pensamentos, renovar bate-papos e promover crescimento de pontos-de-vista. Não mudar jamais acaba por subestimar a capacidade do leitor – você – que detesta mais do mesmo. Seja bem-vindo à sua (sempre) nova HNB MAG Equipe Have a Nice Beer.
“Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente. A gente muda o mundo na mudança da mente, e quando a mente muda a gente anda pra frente.” Gabriel, o pensador
HAVE A NICE BEER EDITOR CHEFE Maurício Beltramelli EDITOR DE ARTE/ PROJETO GRÁFICO Marcos Lobo CONSELHO EDITORIAL Madu Melo, Natália Goldring, Ingrid Gonçalves, Ricardo Flores e Maurício Beltramelli
Have a Nice Beer - Santiago e Lemos Comércio de Bebidas S/A - Rua Comendador Alcides Simão Helou, 1478 - Serra/ES - CEP 29168-090 As Matérias publicadas não refletem necessariamente a opinião desta revista e sim a de seus autores. ILUSTRAÇÃO Epic! Aventuras Criativas www.weareepic.com.br
IMPRESSÃO Grafitusa
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TUDO PODE SER MELHOR
INDICE
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ENTREVISTA CLARA AVERBUCK
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POR DENTRO DA HNBOX
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20
CERVEJAS DO MÊS VIUVA NEGRA MANGABEIRA PALE ALE
GADGETS
TUDO SOBRE BROWN ALE
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VOCÊ SABIA MALTES, LÚPULOS, CURIOSIDADE E LEVEDURAS
SOM E CERVEJA
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ELA, A CERVEJA CERVEJA ORGÂNICA
SINAPSES LITERATURA E LEVEDURA
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COMPORTAMENTO CERVEJAS ÚNICAS E BOLAS DO TAMANHO DO UNIVERSO
34
ONDE COMER BEM UMA PRACINHA DE INTERIOR NO MEIO DE SÃO PAULO
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GASTROBEER
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INDICAÇÕES BEERHUNTER
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DE PANELA LEVEDURAS SELVAGENS
@danieldac
@ma
ri_gu
sman
co efran n a v l i @s @marlon
steffen
/haveanicebeer
dachi
A EmĂlia
@haveanicebeer @haveanicebeer
POR DENTRO DA HNBOX
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TUDO PODE SER MELHOR
Por Léo Leitão
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TUDO PODE SER MELHOR
s o e m d a t po i d e o r d Ac e tu lhor qu r me se E quando falamos tudo, é tudo mesmo. O ar que respiramos pode ser melhor. A água que bebemos pode ser melhor, o pão nosso de cada dia pode ser melhor. Do básico indispensável, que nos dá sustentação e energia, às doses de supérfluo, que dão sabor à nossa vida: TUDO pode ser melhor. A HNB nasceu dessa crença e nosso objetivo e grande desafio é, antes de tudo, aproximar quem ama uma boa cerveja das cervejas mais amadas do mundo. Por isso, em junho de 2013, após 7 meses de negociação, a Wine.com.br, maior loja virtual de vinhos da América Latina, orgulhosamente, anunciou o investimento na HNB pra que agora, juntos, sejamos o maior e-commerce de bebidas do mundo. Parafraseando nosso editor-chefe “Uma das consequências naturais – e talvez a mais bacana – do pensamento policrômico é a mudança. Jamais nos contentaremos, nunca ficaremos quietos. Mudanças fazem parte do processo de amadurecimento de qualquer projeto.” É claro que muitas mudanças precisaram ser feitas, físicas e conceituais. E contar com um parceiro tão empolgado e
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TUDO PODE SER MELHOR
apaixonado como a Wine nos faz enxergar e tocar o “Tudo pode ser melhor”. A cerveja e o vinho formam, em muitos sentidos, uma boa parceria e qualquer semelhança entre as duas empresas não é mera coincidência. O ClubeW, modelo de assinatura mensal de vinhos da Wine, foi uma referência para nós da HNB. A Wine, assim como nós, acredita que um ambiente divertido e diferente, onde o desafio, a inovação e inspiração são as forças que nos movem. Nos mudamos para um lugar onde todos nós, juntos, podemos criar e contribuir para proporcionar a todas as pessoas experiências memoráveis. Apaixonante, né? Apesar do investimento, as duas empresas continuam independentes: a Wine permanece com foco no segmento de vinhos e a Have a Nice Beer segue conduzida com o mesmo estilo e conceitos de antes, compartilhando a estrutura de distribuição, a logística e tecnologia. Compartilhar o know-how desse grande parceiro nos impulsou para grandes mudanças, como o lançamento da nossa loja online, em dezembro de 2013. Entendemos que era uma boa ideia somar outras opções para poder ampliar o leque de produtos ao alcance do associado. E porque não dar a mesma oportunidade para quem não quisesse se associar, mas ainda, sim, quisesse ter acesso às melhores cervejas do mundo? Todos são bem-vindos. A integração dos sonhos das duas empresas é o primeiro passo para atingir o objetivo de descomplicar o consumo de cervejas e vinhos, oferecendo para os já apaixonados e os futuros apaixonados uma sensacional e ampla seleção de rótulos de qualidade de todo o mundo, além de trazer conteúdo relevante, história, dicas de harmonização, receitas e matérias relacionadas ao mundo do vinho e ao lifestyle cervejeiro.
ENTREVISTA Por Bruno Abbud
Aos 35 anos, Clara Averbuck é mais um talento da geração de escritores gaúchos marcada por nomes como Carol Bensimon e Daniel Galera. Autora de Máquina de Pinball - romance adaptado para o cinema - e mais quatro títulos, Clara
explica
nesta
entrevista
por
que aposta na internet para financiar suas obras e confessa de onde costuma tirar inspiração: “Abrir uma cerveja pode ser uma boa para se inspirar. Bebo toda semana. Por mim tinha cerveja saindo de uma torneira aqui em casa”.
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TUDO PODE SER MELHOR
Você se recorda do primeiro texto que escreveu, leu e pensou agora realmente sou uma escritora ? Houve isso? Não foi assim que ocorreu, não tive nenhuma epifania. Escrever foi algo sempre presente na minha vida, desde pequena. Meu pai tinha inventado a secretaria de cultura da casa: em vez de mesada, eu tinha que escrever alguma coisa pra ganhar um dinheirinho. Então eu sempre tive estímulo e isso foi se desenvolvendo, fui escrevendo e publicando na internet. O que ocorreu foi que quando eu li o livro Pergunte ao Pó, do John Fante, descobri que minha voz literária ficaria muito confortável em um alterego, então criei a Camila. Como e quando você descobriu que estava sendo levada a sério pela Literatura? Como começou o seu sucesso? Acho que quando fui fazer a oficina do Luiz Antonio de Assis Brasil e vi que escrever era algo quase natural pra mim. Eu já escrevia antes. Nenhuma oficina “ensina” a escrever, só a aprimorar o que você já sabe. Não vou dizer que é “fácil”, mas flui. Sempre fluiu. Mas “sucesso” é algo bem relativo, né? Comecei a ficar conhecida no CardosOnline, mailzine que mantinha com mais seis amigos. Em 2001 fiz um dos primeiros blogs do Brasil, o brazileira!preta, que era muito acessado, e logo depois lancei meu primeiro livro. Como você faz para se inspirar? Que momen-
toda a sorte de coisa, mas aí tem que escu-
to você julga ideal para criar?
tar o tio Hemingway: escreva bêbado e edite
Prefiro à noite, no silêncio, mas às vezes não
sóbrio.
dá. Escrevo onde dá e quando dá. Me inspiro
Com que frequência você bebe cerveja?
vivendo, mesmo. Não tenho nenhum ritual do
Qual sua preferida?
tipo tomar banho de ofurô pra me inspirar, rs.
Bebo toda semana. Eu gosto demais da 5AM
Se bem que abrir uma cerveja sempre pode
Saint, da Brewdog. Por mim tinha ela saindo de
ser uma boa. Qualquer coisa pode me inspirar.
uma torneira aqui em casa.
Desde um dos meus gatos dormindo no sofá
Você acha que a solidão - aquela visão do
até um moço que passou pela minha vida.
escritor que vive solitário no alto de uma mon-
Desde alguma coisa horrível até alguma coisa
tanha de frente para o mar, escrevendo sem
maravilhosa. Não tem uma fórmula.
parar - ajuda a criatividade?
Cerveja combina com o ato de escrever?
Não há regra. Cada um tem seu processo cria-
Pode combinar, se esse for o humor. Gosto
tivo. Alguns criam melhor no mato - jamais me
bastante de escrever bebendo cerveja, dá
arriscaria -, outros criam melhor no caos… Mas
uma onda muito boa. Já escrevi bebendo
acho que a solidão é o ponto em comum. Es-
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crever é um exercício solitário. TUDO PODE SER MELHOR
tamente diferentes. Um bom romancista não necessariamente será um bom roteirista, um bom roteirista não necessariamente será um bom romancista. Você, como adepta do crowdfunding, acha possível apoiar totalmente a carreira nessa nova forma de captação de recursos? É o que pretendo. Mas eu venho construindo Como é a vida de escritora no Brasil? Você
meu público nos últimos 15 anos, pra mim foi
consegue sobreviver apenas escrevendo livros
bem mais fácil do que seria para um escritor
ou mantém trabalhos independentes?
novato, que ainda não tem leitores. Não sei
Ninguém sobrevive só escrevendo livros. O
dizer exatamente como, mas acredito que no
autor ganha até 10% do preço de capa dos
futuro será possível até para os autores nova-
seus livros, não tem como, só sendo best seller.
tos publicar dessa forma, talvez com uma rede
Eu sempre fiz frilas em revistas e jornais, além
de escritores independentes que apoiam uns
de debates e mesas, que sempre rendem
aos outros.
uma graninha. Faço também algumas ações
Alguns dos seus textos remetem à prosa es-
publicitárias em redes sociais e agora o meu
pontânea de Jack Kerouac, são escritos numa
site, o Lugar de Mulher, também começou a
só tacada de maneira desenfreada. Isso é
render. Espero poder viver dele em breve.
uma verdade ou apenas uma impressão er-
Um de seus livros, “Máquina de Pinball”, foi
rônea?
adaptado para o cinema. Você acha esse um
São escritos de uma tacada, mas eu penso
bom caminho para escritores, escrever para o
muito antes de escrever. Amadureço o texto
cinema? Seria uma alternativa mais rentável
na cabeça por dias, semanas, até meses. Na
dentro do mercado brasileiro ou uma furada
hora que eu escrevo, ele vem. Depois ainda
completa, já que as adaptações para obras
tem um processo de lapidação e edição.
audiovisuais acabam, às vezes, destruindo a
Quais são seus autores prediletos e por que?
alma do livro?
John Fante é um de seus preferidos?
Olha, é possível ser escritor e roteirista, sim, por
Fante
que não? Mas o meu caso foi outro. Eu fiz um
dramático e romântico. A escrita dele não
tratamento do roteiro que não foi usado, o
tem mesuras e não tem demasiado “verniz
filme não tem nada a ver com o meu livro e
literário”,
ainda assim eu acabei assinando como roteiris-
uma boa história. Os personagens dele são
ta, o que causa uma baita confusão. Esse filme
humanos, fracassam, não têm medo do
é totalmente distante da obra original, raras
ridículo ou do delírio. Ele é sem dúvida meu
são as frases minhas lá, a maioria é da Viviane
preferido. Gosto também do João Antônio,
Mosé, você pode imaginar a confusão. Acho
escritor brasileiro um bocado esquecido, mas
que ser roteirista pode ser um caminho, sim,
que escrevia sobre a malandragem de uma
porém deve-se ter a consciência de que as es-
forma muito lírica, gosto da Carmen da Silva,
truturas de romance e de roteiro são comple-
que pra mim é a maior, gosto da Hilda Hilst, do
consegue
que
15
ser
por
incisivo,
vezes
engraçado,
pode
TUDO PODE SER MELHOR
estragar
Hunter Thompson e do Bukowski. Muitos escritores brasileiros contemporâneos mantém colunas semanais em jornais e revistas e, na maioria das vezes, escrevem crônicas. Qual é, se é que há, o seu estilo literário? Gosto de chamar de ficção urbana. Também
que não tinha nada a ver com ele, só porque
sei ser cronista, já tive coluna em jornal, mas
tinha sido escrito por uma mulher e deveria se
não gosto de me limitar a “cronista” ou “ro-
enquadrar em “literatura feminina”. Ninguém
mancista”. Eu sou escritora.
chama livros escritos por homens de “literatura
Qual escritor brasileiro contemporâneo mais te
masculina”, então é hora de parar de tratar
agrada?
literatura produzida por mulheres como sub-
Carmen da Silva. A Carmen era maravilhosa e
gênero.
precisa ser republicada com urgência. Reco-
Você já experimentou o famigerado bloqueio
mendo fortemente o romance “Sangue sem
criativo? Já olhou para uma tela em branco e
dono”, que está fora de catálogo mas tem às
ficou horas para escrever a primeira palavra?
pencas no Estante Virtual bem baratinho.
Nunca. Já fiquei sem ter ideias, mas nunca
Você esteve na Festa Literária Internacional de
olhei pra página em branco e pensei “ó céus,
Paraty (Flip) deste ano? O que achou?
o que fazer?”
Estive na Off Flip, na casa da LIBRE (Liga Bra-
Espero seguir assim.
sileiras de Editoras, que representa as edito-
Quais são seus próximos passos profissionais?
ras independentes) e achei uma experiência
Mais financiamento coletivo vindo por aí?
bacana. Mas, devo falar, ver que apenas 15%
Preciso primeiro terminar o Toureando o Diabo
dos autores convidados da programação ofi-
e desenrolar todo o lançamento, pois ser inde-
cial eram mulheres me deu uma gastura. É
pendente não é mole. Foi uma escolha minha
como se não existissem escritoras, sabe?
e eu não pretendo voltar atrás, mas dá uma
Feminismo, tatuagem e gatos são palavras
trabalheira. Depois é possível que eu faça uma
que definem Clara Averbuck? O que define a
continuação do Eu quero ser eu, meu livro
autora Clara Averbuck?
para adolescentes. E seguirei publicando dia-
Não é tão fácil de definir uma pessoa, né?
riamente no meu site, o lugardemulher.com.br.
Menos ainda de se definir. Mas eu sou uma pessoa que luta por um mundo mais justo e independente e, sim, gosto de gatos e, sim, gosto de tatuagens e, gosto de blues, de soul, de horizonte, do Rio de Janeiro, de unhas vermelhas, de longas discussões no bar, de escutar discos em casa e de viajar pra longe. Você acha que escritoras mulheres têm menos chances de sucesso do que escritores homens? Não é “menos chance”, é menos oportunidade. Porque tudo que é feito por mulheres é automaticamente compreendido como algo “para mulheres”, e não é assim que funciona. Já passei por esse conflito de chegar em uma editora e tentarem dar uma cara ao meu livro
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TUDO PODE SER MELHOR
TUDO SOBRE
Por Aline Bernd
BROWN
ALE
O termo Brown Ale era usado na Inglaterra no
Mild Ale possuem sabor bastante maltado
fim do século XVII para se referir às cervejas
e
de
diversas
carbonatação, produzindo pouca espuma.
levemente
No estilo Southern Brown Ale, as cervejas
lupuladas e utilizando predominantemente
apresentam coloração marrom um pouco mais
maltes escuros. Já no século XVIII, com o
escura do que as Mild, e são também bastante
surgimento da possibilidade de produzir maltes
maltadas, com sabor de toffee e biscoito.
claros, o estilo perdeu espaço para a Pale Ale
As Northern Brown Ales possuem coloração
e a Porter, que se popularizaram rapidamente.
âmbar ou marrom-avermelhado e são mais
No final do século XIX, começaram a surgir as
secas, mais carbonatadas, mais alcoólicas e
cervejas que redefiniram o estilo.
mais lupuladas do que as outras inglesas acima
cor
marrom
variedades
de
produzidas teor
com
alcoólico,
caramelado,
baixo
amargor
e
baixa
e trazem notas de nozes no sabor. A versão Hoje, o termo Brown Ale compreende alguns
americana, como já seria de se esperar, é mais
estilos
tanto
lupulada, trazendo maior amargor combinado
geográficas quanto com relação ao estilo de
com as notas cítricas dos lúpulos americanos e
cerveja propriamente: Northern Brown Ale,
fortemente maltada, com aroma de caramelo
Southern Brown Ale, Mild Ale e American Brown
e nozes.
que
apresentam
diferenças
Ale; mas raramente o termo também pode se aplicar às Düsseldorf Altbiers, Brown Porters e Flanders Brown Ales. Quanto às características dos estilos, as três variedades de English Brown Ale apresentam diferenças importantes. As cervejas do estilo
riados va s e d a d u ali rookando q ima, a B c a s Combin o e im partir d s que v o a il t a s d e a r s do elabo senta n Ale é s, apre lo u p lú lin Brow rês brilho ltes e t sa com n e t in seis ma do, marrom e malta o t ã n ç a t a r s a lo co e abor b hocolate lh ado, s c e , m lo r e e v m a cara pulos. tas de is dos lú a b r e com no h tas m as no café, co
GADGETS
Por Mauricio Beltramelli
AB RIDOR SE M-NOÇ ÃO
A partir de hoje, esqueça todos os abridores de garrafas que você achava “legais”. O inacreditável Capp Zappa não apenas abre suas cervejas, mas... lança as tampinhas nos seus amigos! Dotado de um corpo de plástico resistente, a geringonça possui um sistema interno de molas que lançam as tampinhas até 5 metros de distância. O acessório vem com um chaveiro, que permite que você o carregue acoplado ao seu cinto pelos bares do mundo. Sim, é ogro e um tanto sem noção, nós sabemos. Mas não dá pra negar que é megadivertido! Por £ 6,99, em: nicebeer.me/capzappa
TAMP I N H AS TAMAN HO - FAMÍ L I A:
Esta é para os amantes de cervejas que se lançam à adorável mania de colecionar coasters, ou, como são popularmente conhecidas, as “bolachas” de cerveja. As Bottle Top Coasters são bolachas metalizadas com o formato de tampinhas de garrafa aumentadas algumas dezenas de vezes. O nível de utilidade do gadget pode beirar o zero, mas não há que se negar que, na mesa do bar ou com os amigos, você fará sucesso e chamará a atenção. Por £ 12,99 o conjunto com quatro tampinhas gigantes, em: nicebeer.me/topcoaster
BR EJ A N A BI KE
Muito comum entre os apreciadores de cervejas artesanais dos Estados Unidos, o growler é um garrafão de vidro cuja capacidade é de meio galão (algo em torno de 2 litros). Por aqui, já começa a aparecer, como na cervejaria Bodebrown, de Curitiba (PR). Na terra do Tio Sam, o sujeito pode comprar um growler no bar, enchê-lo da cerveja on tap (na pressão) que mais lhe agradar e ir bebê-la no aconchego do lar. Acabou a breja? Basta ir novamente ao pub e repetir a operação. Além de ser conveniente, beber cerveja acaba saindo mais barato. Os growlers são sempre fechados por uma tampa que, segundo os americanos, conserva a breja por até uma semana. E, se você quiser ir de bicicleta até a cervejaria, o Growler Cage Beer Carrier é o gadget ideal, funcionando como um porta-squeeze. Por US$ 55, em nicebeer.me/growlercage
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TUDO PODE SER MELHOR
CERVEJ A C ASE IRA PARA VAGAB UND OS
Anunciado como “o primeiro sistema totalmente automatizado para fazer cerveja”, o PicoBrew promete oferecer o prazer de fazer sua própria cerveja em casa sem sujeira, esforço físico ou muito estudo. Consiste numa geringonça na qual o cervejeiro coloca a água, os maltes e lúpulos de sua preferência, seleciona a receita e pronto! O mosto está pronto para fermentar. Também há a possibilidade de criar as próprias receitas ou importá-la de uma comunidade no Facebook, já que o dispositivo também se conecta à internet. Atualmente os criadores do PicoBrew estão levantando fundos para produzi-lo em escala industrial, motivo pelo qual ainda não está à venda. Veja mais em: nicebeer.me/autobrewing
CERVEJA DO MÊS
Por Jayme Figueiredo
- A Barco produz suas cervejas nas cervejarias Saint Bier (SC) e Rasen Bier (RS). - O cervejeiro caseiro Alan Ambrosi é o vencedor do III Beer Match e criador da Viúva Negra. - Quase sempre as cervejas do estilo alemão doppelbock trazem o sufixo-ator. Alguns dizem que é uma homenagem à Paulaner Salvator, um rótulo clássico. Outros dizem que é somente uma forma de se aproveitar do sucesso da cerveja.
Sabe aquele papo de ter uma ideia original no momento de empreender? Uma ideia única, que ainda não existe no tipo de negócio em que se quer atuar? É exatamente isso que o pessoal da cervejaria Barco conseguiu trazer para o mercado cervejeiro brasileiro. Nascida em Porto Alegre, em 2011, a Barco não é uma cervejaria propriamente dita. Não tem uma planta própria, não tem nem um cervejeiro da casa. A Barco é um projeto maior que isso. Como se autodefinem, são uma marca de “happy hour lifestyle”, com conceitos e valores com que todos nós cervejeiros podemos nos identificar: celebração, união, experimentação e compartilhamento. Pra entender melhor o que dizem, é preciso falar dos Beer Matches, eventos promovidos pela Barco, em que os cervejeiros caseiros botam suas crias previamente produzidas para disputar a atenção do público. Qualquer um pode participar, não apenas aqueles cervejeiros e consumidores mais experientes. Nestes mesmos eventos, o público já conhece as cervejas vencedoras e que vão ser produzidas em escala comercial. É incrível como um evento, relativamente simples, pode traduzir em um momento todos esses valores e conceitos. Vida longa aos Beer Matches! A primeira vencedora foi a Kings & Queens, uma Pale Ale intensa, forte e com um toque de defumado. Em seguida, nasceu a Hot Lager, uma pilsen com pimenta. E, para ficar bonito, a terceira campeã é uma das cervejas que os assinantes do Have a Nice Beer agora recebem, em primeira mão, neste mês. A Viúva Negra é uma potente doppelbock, estilo tradicionalmente produzido para o inverno alemão, e que tem como seu paradigma a famosa cerveja Paulaner Salvator. Tem coloração cobre escuro, quase marrom, com feixes avermelhados. Espuma branca, de boa formação e duração. Apresenta uma leve turbidez. Predominantemente maltada, a cerveja tem aromas de caramelo, toffee, chocolate e avelã. Ao fundo, bem discretas, notas herbais. No paladar, essas notas doces se repetem, mas desta vez com mais ênfase no caramelo e toffee. Apesar do teor alcoólico elevado, a cerveja é fácil de beber. Os 7,2% trazem uma sensação boa, de aquecimento, porém macia, não áspera. Tem carbonatação média-baixa e traz novos aromas e sabores com o passar do tempo e variação da temperatura da degustação. Utiliza cinco tipos de malte (pilsen, cara 50, munich 25, malte chocolate e trigo) e o lúpulo nobre Spalt. Vale lembrar que, além das cervejas saídas dos Beer Matches, existe outra linha de cervejas com receitas criadas pelo próprio pessoal da Barco. Afinal, os envolvidos amam boas cervejas e também são homebrewers. O conceito dessa linha é trazer rótulos fáceis de beber, daí o nome “All Day Series”, através de estilos “introdutórios”, ou mesmo estilos inventados, que possam apresentar boas cervejas aos consumidores menos experientes. Dessa linha nasceu a Gans e em breve aparecerão outras belezinhas!
- A W채ls foi eleita a cervejaria do ano pelo torneio Great South Beer Cup em 2012.
A outra cerveja do mês vem de uma velha conhecida nossa: a mineira Wäls, que já tinha trazido ao mundo a maravilhosa Abróba, uma double IPA com doce de abóbora, feita para o Halloween da Have a Nice Beer de 2013. Na década de 90, abriram-se no país várias oportunidades e demandas para cervejas com maior qualidade. Foi aí que o patriarca da família Carneiro resolveu iniciar a produção de cervejas artesanais na Pampulha, bairro de Belo Horizonte. Os primeiros estilos, Pilsen, Stout e Ale, com pegada inglesa, não fizeram o sucesso esperado – o público consumidor ainda não tinha a maturidade necessária para apreciar as receitas diferentes. Ainda assim, a Wäls manteve seu chope Pilsen para abastecer a rede de lanchonetes e bares da família. Passados alguns anos, com o sucesso do chope, resolveram arriscar de novo. E, desta vez, deu muito certo. Em um concurso cervejeiro, depois de provarem o estilo até então meio desconhecido por aqui, decidiram que lançariam em 2007 uma cerveja belgian dubbel. E lançaram! De lá pra cá, vieram mais uma série de outros estilos, com destaque para os rótulos Quaddrupel, Petroleum, 42 (feita com funcionários do Google) e também o Brut, champegnoise, que era uma das quatro nesse estilo que existiam no mundo à época de seu lançamento. Em 2012, em mais um evento marcante para a cervejaria, produziram uma Saison com o mestre cervejeiro da americana Brooklyn, Garrett Oliver: a Saison de Caipira foi feita com cana-de-açúcar na receita. O auge dessa história aconteceu neste ano, na World Beer Cup, a maior competição cervejeira do mundo. Pela primeira vez, uma cerveja brasileira abocanhou uma medalha de ouro. E adivinhem qual foi? A Dubbel! Aquela mesma! Além, vale destacar, da prata para a Quaddrupel. Nesse embalo, os caras não param. Estão sempre lançando novas receitas, e também começaram a exportar cervejas para os EUA. A linha Belô será a cara da Wäls na terra do Tio Sam, já que a cervejaria planeja abrir uma fábrica em San Diego, Califórnia. A cerveja Mangabeiras, uma das nossas estrelas deste mês, vai se juntar a Dubbel, Quadruppel e Petroleum lá nos EUA. Mas, antes, ela vai ter que passar pelo crivo dos associados Have a Nice Beer. Trata-se de uma cerveja inspirada no estilo Pale Ale que não se prende a dogmas, com interessantes características das escolas americana e belga. Traz notas cítricas e florais que nos remetem aos lúpulos americanos e a uma American Pale Ale, mas com um toque de levedura belga, trazendo complexidade, ainda que seja uma cerveja bem fácil de beber.
ELA, A CERVEJA Por Juliana Gelbaum
Certa vez, uma querida confeiteira carinhosamente me apelidou de “Organic Girl”. Afinal, para além de todo o entusiasmo com orgânicos, biodinâmicos, pra mim, a palavra “transgênico” é sinônimo de galhofa. Desde o legume que não estraga nunca à maçã com proporções de melão, assim expresso minha desgostosa estranheza. Agora, pense na histeria do ser humano ao se deparar com o tema cervejas orgânicas! Picos de excitação e agradecimentos múltiplos à conspiração cósmica resumem bem. Pois então, desabafo feito, vamos por partes: um produto, para adquirir a certificação orgânica, deve inserir-se em uma cadeia de produção sustentável que respeite também relações sociais e culturais. Ou seja, das condições de trabalho do funcionário ao manejo responsável dos recursos naturais, passando pela ausência de agrotóxicos, adubos químicos e sementes geneticamente modificadas até a logística de distribuição, tudo
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TUDO PODE SER MELHOR
entra nessa conta. Assim é com o tomate, assim é com a cerveja. E no caso da gelada, são três as variáveis nessa categoria 100% orgânica:
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2
onde 5% dos elementos não precisam ser oriundos dessa forma de cultura - e é o lúpulo que geralmente recai nessa pequena porcentagem devido ao seu difícil e custoso plantio sem uma forcinha da química e as que indicam serindustrializada, em elaboradas com itens orgânicos, representados por otimistas 70% de seus componentes.
quando todos os ingredientes são organicamente cultivados, desconsiderando a água e o sal,
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Mas, verdade seja dita, considerando-se que o modelo agrícola vigente está inserido no contexto moderno do século XIX, dá pra imaginar que um dia todas as cervejas foram orgânicas. Contudo, no cenário comercial atual, essa denominação foi reintroduzida no Velho Mundo durante a década de 80 pela cervejaria alemã Pinkus-Mueller. Já na terra do Tio Sam, a Wolaver’s Organic Ale, em 1997, foi a percussora do estilo natureba. Inclusive, é lá, em Portland, Oregon, que acontece o North American Organic Brewers Festival, em sua décima edição neste ano de 2014, com o slogan meio fofo meio sensacionalista “Drink Organic, Save the Planet”. No Brasil, o pioneirismo fica na conta Eisenbahn Natural, elaborada sem a presença de agrotóxicos e fertilizantes sintéticos e certificada com o selo IBD (Instituto Biodinâmico), que fiscaliza e atesta essa categoria de produtos de acordo com normas internacionais. Estima-se que o lúpulo receba ao longo de um ano 14 borrifadas com 15 diferentes tipos de pesticida. Portanto, se motivado pela máxima “você é o que você come” ou se pela preocupação com o meio ambiente, vale viver um pouco do universo orgânico, seja com a berinjela, seja com a breja. Afinal, diz-se do que é orgânico também aquilo que é genuíno e autêntico.
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TUDO PODE SER MELHOR
SOM E CERVEJA Por Sady Homrich
Há
poucos
anos
escutar,
de Starman do David Bowie, que tocou até na
acompanhar e degustar um novo conceito
zona - começava com a guitarrra colaborativa
para
genericamente
de Giuseppe Frippi, amigo que fizemos em São
chamadas de colaborativas. Alguns dizem
Paulo naqueles idos de 1988 quando íamos
que essa onda começou em 2004 nos EUA,
tomar cervejas diferentes no Lo Spuntino,
mas certamente o espírito gregário que reina
bar que ganhou fama no binômio cervejas
nesse mundo já deve ter patrocinado diversas
especiais e petiscos de botequim muito antes
interações interessantes gerando boas cervejas
do seu tempo, na Alameda dos Guatás,
ao longo da história.
Planalto Paulista.
Imediatamente comecei a lembrar das sessões
Lá conheci cervejas que nunca tinha escutado
musicais
cervejas
começamos
brasileiras,
colaborativas
que
a
experimentei
falar. E agora continuo não escutando. Lembro-
nas gravações com o Nenhum de Nós ao
me de beber, colaborativamente é claro,
longo desses quase 30 anos de estrada,
Bavária de Marília, Münchner de Ponta Grossa,
participações e parcerias que começaram
Xingu de Caçador, Mury de Nova Friburgo, Nó
logo no primeiro disco, aquele que tem a
de Pinho de Canoninhas, Niger de Ribeirão,
canção “Camila Camila”. Há um teclado
Libra de Corumbá, Sul-Americana e Black
muito sutil e bem colocado nesse arranjo que
Princess do Rio, dentre outras.
é uma colaboração do hoje maestro Marcelo Nadruz, que na época tocava numa banda
Sempre que faço cerveja em casa, a turma aparece.
instrumental de Porto Alegre chamada Raiz de
Então, não sei definir se os rótulos criados por uma
Pedra. Convidamos-o pois éramos um power-
união de amigos como a Biertruppe, de Bazzo, Botto
trio (guitarra, baixo bateria). Nesse disco de
Clemente e Passareli, se enquadram no conceito de
estreia ainda participaram Edu K, vocalista do
cerveja colaborativa. Mas a Barley Wine Vintage nº 1, da
DeFalla, gritando histrionicamente ‘Adeus’ na
cervejaria Bamberg, foi uma criação coletiva que deixou
última faixa do lado A, e do compositor Vitor
saudades.
Ramil (por telefone, recitando uma estrofe de sua canção “Joquim”) na faixa Frio, última do
Também não sei se a Hopfenweisse, cerveja
lado B.
resultante
de
uma
joint-venture
entre
a
bávara Schneider e a novaiorquina Brooklyn, No segundo LP, o vocal de Striptease Baby,
entra nessa categoria. Mas o dry-hopping de
3ª do lado A, foi dividido com o JC, o Júlio
lúpulo Saphir (na versão alemã) e dos lúpulos
César da banda paulistana Gueto. Abrindo o
Amarillo e Palisade (na versão americana)
lado B, Fuga tem um solo de gaita-ponto do
revolucionaram a ortodoxia do estilo.
Renato Borghetti, já a faixa seguinte – versão
Nosso terceiro disco vinha cheio de expectativa
devido ao enorme sucesso alcançado por
dos gringos Graeme Wallace (da escocesa
“Astronauta de Mármore”, e trouxemos fortes
Brewdog),
sotaques sonoros regionais nas colaborações
do
de Veco Marques com vários instrumentos de
(homebrewer belga que vive no Canadá), e
cordas, ainda como convidado – foi efetivado
das cervejarias brasileiras Bodebrown, Wäls,
na banda no disco seguinte – e do som do
Coruja e Way Beer.
acordeom em mais da metade do disco, pelas
Aliás, homebrewers tem dado importante
mãos de Luiz Carlos Borges, um ídolo da música
colaborações, como os cariocas Ricardo Rosa
folclórica sul-americana. Vitor Ramil voltou com
e Mauro Nogueira, que uniram-se ao mestre-
a canção Perdido no Livro. Sons da tribo para
cervejeiro da DaDo Bier para criar a Double
o mundo.
Chocolate Stout. A Wäls produziu em escala
Joseph
Ratebeer.com),
Tucker
(especialista
Jacques
Bourdouxhe
a receita original da Petroleum desenvolvida Na sala ao lado, Lulu Santos estava gravando
pela paranaense DUM, recebendo diversas
o disco Honolulu. Entrou na roda do chimarrão
premiações no cenário mundial.
e colaborou com sua slide guitar no rock O Espelho do Cego. Da sua trupe emprestamos o
Todos ganham com a experiência de cervejeiros
lendário Paul de Castro para o violino e Sacha
internacionais. A Cacau IPA, brassada durante
Amback para os teclados do disco Extraño, de
a visita do Greg Koch, da Stone Brewing, para
1990.
participar do primeiro Bodebrown Beer Ranch, e a Holy Cow, que nasceu da colaboração entre
Assim como na cerveja, essa postura de
a cervejaria Green Flash e a gaúcha Seasons,
troca de experiências, técnicas, sotaques e
são exemplos disso. Mais do que altruísmo
influências trazem crescimento mútuo que
cervejeiro,
transformam os resultados e a vida de quem
tiveram seu nome amplamente divulgado num
vivencia intensamente esses momentos. O
mercado emergente de seu interesse.
essas
marcas
norte-americanas
embate de ideias aperfeiçoou a concepção artística na ‘colaboratividade’ que Edgard
E, pra finalizar deixando preconceitos de lado,
Scandurra (Vou deixar Que Você Se Vá), Flávio
uma empresa com menos de um ano ganhou
Venturini (Um Pouco Mais), Fito Paez e Herbert
o prêmio de Cervejaria do Ano na South Beer
Vianna (Nessa Rua) tiveram com o Nenhum de
Cup 2014, em Belo Horizonte, levando medalhas
Nós nos anos que se seguiram.
em 4 cervejas colaborativas, com Omnipollo (Polimango), Stillwater (Saison de Caju), e duas
Certamente a cerveja 8S - Eight Secrets – não teria sido a mesma sem a colaboração
com a Evil Twin (Extra Fancy e Lost in Translation).
COMPORTAMENTO Por Mariana Schneider
Como homebrewer, uma das coisas que mais me diverte é não me prender a detalhes para ficar incapaz de repetir receitas. Para meus fins despretensiosos e amadores, isso funciona muito bem, afinal, a bebida é minha e faço com ela o que eu bem entender. Mas o que acontece quando algo similar é praticado comercialmente? Do coração de Gotemburgo, na Suécia, conheçam a Beerbliotek, uma lambada cultural composta de quatro membros de países distintos e dois mascotes caninos, Nelson e Cookie. Os amigos Richard e Adam, antigos donos de um café, decidiram transformar seu hobby em profissão depois de três anos de experiência como caseiros. Com a ajuda de Anders e Darryl, um caminhão de ambição e muita cara de pau, começaram suas aventuras mercantis num sistema de mil litros, num país com carga tributária descomunal, leis de álcool muito conservadoras e uma língua completamente alienígena. Não fosse isso ousadia suficiente, optaram por fazer artigos sempre diferentes, aumentando o risco de forma potencial. Mas por quê?
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TUDO PODE SER MELHOR
Para essa micro, (que fez um jogo bem bacana com a palavra sueca “bibliotek”, nos dando a ideia de coleção de cervejas), os livros e nossas amiguinhas fermentadas possuem em comum o fator aprendizado, e, assim como a leitura de várias obras nos agrega conhecimento, o mesmo ocorre ao confeccionar cervejas distintas. Segundo eles, porém, sempre existirão aqueles volumes que desejaremos ler uma vez mais, então, para esses raros casos, poderá existir o relançamento de um rótulo que muito os agradou. No entanto, a fermentação de uma receita do passado é algo bastante incomum, fazendo do portfólio da cervejaria algo dinâmico e imprevisível. A ideia não deixa de ser um tanto quanto romântica: enquanto você pode pensar em exclusividade pela
dificuldade de aquisição, criações “one-off” merecem um carinho ainda maior porque de fato são raridades, e, talvez, só um DeLorean conseguirá te ajudar a conseguir um outro exemplar. Mas como driblar esse possível pesadelo de marketing? Como garantir a aprovação de uma mercadoria desconhecida ao comprador? Aqui entra em cena a confiança na qualidade das cervejas. Note que são itens não filtrados e
não pasteurizados. Ainda assim, as corriqueiras reclamações de off-flavors e demais problemas em artesanais raramente chegam ao cervejeiro, porque os lançamentos simplesmente são excelentes. E a rapidez com que os lotes são vendidos garante aos consumidores produtos deliciosamente frescos, o que faz uma diferença colossal em quase todos os casos. Então, a qualidade previamente mencionada garante a venda dos lançamentos, independente do que sejam. Essa rotatividade permitiu que, em pouco mais de um ano e meio, a cervejaria formulasse 65 cervejas únicas, entre Pale Ales, India Pale Ales, Porters, Barley Wines, Stouts e Saisons. Além delas, mais três cervejas que, embora não se enquadrem no conceito, são feitas de forma perene para alimentar as lojas do “monopólio do rei”, as Systembolaget, lojas estatais de venda de bebidas alcoólicas, uma particularidade bastante bizarra da Suécia (e que no momento está gerando o maior quebra-pau entre microcervejarias e o sistema). Assim, não nego ser fã. Além da genialidade da “biblioteca”, tiro meu chapéu por tudo na cervejaria ser manual, inclusive o envase (que depende daquela coisa que Newton teorizou, chamada gravidade, e de força braçal). E qualquer negócio com colhões o suficiente para usar o fator surpresa como estratégia empresarial merece, no mínimo, meu respeito, curiosidade e mais um copo. Skål!
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TUDO PODE SER MELHOR
SINAPSES
Não há que se culpar quem pense imediatamente na palavra “sexo” quando o nome Henry Miller é mencionado ou lido. Ainda que na sua obra, majoritariamente autobiográfica o autor tenha abordado outros temas. A controvérsia de seus escritos mais famosos é a responsável por lhe impor alcunhas como profeta da sensualidade, pornógrafo, maldito e outros quetais. São termos que se atrelaram à imagem midiática do autor, da mesma forma que outros tantos escritores. A necessidade de rótulos é e sempre fará parte da agenda crítica literária. Caracterizado por uma mistura de autobiografia e ficção, um de seus livros mais conhecidos — e recém, então, sua terceira obra —, já encontrou resistência à época do lançamento. Trópico de Câncer, um romance no qual a escrita pessoal deste autor nascido nos Estados Unidos em 1891, caracterizada por uma primeira pessoa confessional, é resultado direto de seus dias de exilado voluntário em
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TUDO PODE SER MELHOR
Por Alessandro Garcia
Paris. Vida anárquica e boêmia, liberdade e falta de dinheiro: tudo está jogado no caldeirão não-linear de uma narrativa que se envereda pelas pensões baratas da cidadeluz, embebeda-se com os ordinários e deita-se com prostitutas e mulheres solitárias. Acusado de pornográfico, o livro sofreu dificuldades de distribuição, sendo banido de diversos países. O ano do lançamento foi 1934 e, junto com os escritos produzidos pelo autor para o Chicago Tribune, sob o condinome Pèries, trouxe a discussão os mais diversos assuntos de cunho sexual, fazendo com que a literatura chamasse a atenção para o tanto de restrições legais quanto sociais existentes na sociedade. A este, seguiu-se uma série de livros que continuaram contribuindo para a imagem de pornógrafo atrelada a Henry Miller. Obras como Primavera Negra, Trópico de Capricórnio, O Mundo do Sexo, entre outros, continuaram a ser banidos dos Estados Unidos sob a acusação de obscenidade. É sua trilogia — escrita entre 1949 e 1960, composta pelos romances Sexus, Plexus e Nexus (e que ele chamou “A Crucificação Encarnada”) — a obra que melhor sintetiza e define a trajetória de Miller como escritor. Como nos seus outros, estes romances, contêm fartas doses de sua vida pessoal, em um processo que, segundo o autor, envolveu “irruptivos assaltos ao inconsciente, tais como sonhos, fantasia, burlesco, trocadilhos pantagruélicos, etc”. Sexus, o primeiro, narra os últimos anos de Henry Miller nos Estados Unidos, antes de largar tudo e lançar-se a esmo pela Europa — onde
acabou consagrado como um dos grandes autores do século XX. O período retratado foi mostrado no filme Henry & June (June Miller foi sua segunda esposa). O Miller de Sexus é um escritor sem livros. Seu texto virulento mistura discursos inebriados e cuspidos de Blake, Céline e Buda — tudo isto mesclado às descrições pormenorizadas de suas aventuras sexuais com as amantes. Hedonista, o Miller do livro é um libertário cujo único foco é ele mesmo, tendo abandonado
“Olhei do outro lado do rio para a margem de Jersey. Parecia-me desolada, mais desolada ainda do que o leito de seixos de um rio seco. Nada de importante para a raça humana tinha acontecido ali. Nada aconteceria talvez nos próximos milhares de anos. Os pigmeus eram muito mais interessantes, seu estudo iluminava muito mais do que os habitantes de New Jersey. Olhei para cima e para baixo do rio Hudson, um rio que eu sempre havia detestado, até nos anos remotos em que lera pela primeira vez sobre Henry Hudson e seu sangrento Half Moon. Eu odiava os dois lados do rio igualmente. Odiava as lendas tecidas em torno de seu nome. Todo o vale era como o sonho vazio encharcado de Dutchman. Eu cagava para Powhatan ou Manhattan. Detestava o Pai Knickerbocker. Queria que existissem dez mil fábricas de pólvora negra espalhadas em ambos os lados do rio e que todas elas explodissem simiultaneamente...”
mulher e filha para viver sua grande descoberta pessoal: um processo que transita entre o seu primeiro divórcio, o começo da relação com Mona, sua grande paixão e a transformação que, por fim — com a epifania típica dos autores idealizados — o farão largar tudo e tornar-se escritor. Com a aceleração do ritmo, passamos por sonhos, devaneios e descrições surrealistas. A
observação do que vai à sua volta, os juízos de valor, tudo está contemplado na sua narrativa: Dutchman, a cerveja a encharcar o “sonho vazio” ao qual se refere Miller poderia, se dependesse somente de uma rápida e atual busca, ser confundida com a Flying Dutchman, cerveja sazonal produzida pela Caledonian Brewery — cervejaria com sede em Edimburgo, na Escócia — e que foi vencedora do Sainsbury’s Great British Beer Hunt 2011. Na verdade, a Dutchman de Miller é aquela sobre a qual a Internet hoje se nega a prestar quase nenhuma informação, além de eventuais imagens de rótulos, porta-copos e latas, quase todos à venda como raridade no eBay. Sua antiguidade pediria mais do que praticamente nenhuma menção ou referência a seu sabor. Sobre ela, a original Flying Dutchman Holland Lager Beer, sabemos que começou a ser produzida e engarrafada em 1671, pela Oranjeboom Breweries Rotterdam. Sobre a Flying Dutchman 8,5%, uma das suas variações, o site Ratebeer só menciona o odor forte, notas maltadas doces, gosto muito açucarado e leve doçura ao final. A percepção alcoólica é elevada, a se presumir pelos 8,5% de álcool estampados no rótulo. E não mais é dito. A Oranjeboom, no século IX, foi uma das primeiras na Holanda a fabricar cerveja do tipo lager. Em 1895, abriu nova cervejaria e, em seguida, absorveu diversas outras. Em 1967, a Oranjeboom foi assumida por cervejarias aliadas e fundida, um ano após, com a De Drie Hoefijzers. A cervejaria de Rotterdam foi fechada em 1989 e o que restou da fusão foi vendido para a Interbrew — sendo definitivamente fechado em 2004 pela InBev, sucessora da Interbrew, e transferindo o que restava da produção para a cervejaria Dommelsch. Se a prosa de Miller já foi comparada a uma “torrente”, segundo Norman Mailer, o mesmo não podemos dizer sobre a informação que se encontra sobre a Dutchman. Depois de figurar de forma tão honrosa na prosa deste genial escritor, sobre ela não mais se diz na costumeiramente caudalosa Internet.
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TUDO PODE SER MELHOR
VOCÊ SABIA
Por Leonardo Leitão
A Rogue é uma cervejaria criativa e exótica, mas por essa ninguém esperava. O rosto (facilmente confundível com um morador de rua qualquer) é do multipremiado mestre cervejeiro John ‘mais
lúpulo’ Maier que está na equipe da cervejaria do Oregon desde 1989. Eles se uniram à White Labs, uma distribuidora californiana de leveduras, para encontrar uma nova cepa em suas fazendas ou cervejarias. Depois de vários testes, nenhuma delas era adequada à produção de cerveja. Junto com o desapontamento vieram as piadas e algum visionário espirito de porco perguntou a John se o laboratório não poderia buscar as cepas na sua barba. De sacanagem, nove folículos da barba de John foram cortados e enviados para testes. E pra choque de todo mundo, as amostras tinham produzido uma linhagem de levedura que foi perfeita para o uso na fabricação de cerveja. Imagina a zoeira! Hoje a barba é tão famosa que tem até seu próprio site com a seguinte descrição: “Eu sou a barba que mora na cara do John Maier, Cervejeiro da Rogue! Junte-se às minhas aventuras cabeludas.” johnsbeard.com . Não precisa ficar com nojo da pobre Beard Beer, a onda aqui é comprar a piada. Na real, isso é um processo nem perto de ser esquisito quanto soa. As leveduras são microrganismos que transformam açúcar em álcool e elas estão em todo lugar. No ar, na comida etc. As cervejarias utilizam dessas leveduras selvagens há séculos em processos de fermentação espontânea. Ainda assim, nenhuma antes tinha saído da cara de seu mestre cervejeiro. E a parte mais surpreendente da história eu ainda não contei: a cerveja é deliciosa. De primeira é um pouco doce, seguido por um sabor picante que lembra (de leve) uma saison. Ela termina seca e limpa como uma Pilsner. Isso que eu acho de cerveja com barba, digo, alma. E aí, tem coragem?
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TUDO PODE SER MELHOR
ONDE COMER BEM
Por What the food
Uma pracinha de interior no meio de São Paulo Vira e mexe amigos o convidarão para comer uma boa carne por aí, e os lugares sugeridos invariavelmente são sempre os mesmos, os das casas badaladas do Itaim ou região.
A
Parrilla Argentina
não é badalada, não
é chique, hype, cool, ou qualquer outra coisa que muitos restaurantes são hoje em dia, mas ela é o que todos deveriam ser: Boa pra caramba!
Escondida atrás e um hipermercado na avenida Jabaquara, em frente a uma pracinha única, com aquele climão de interior de São Paulo (falta só o Coreto!),
Provavelmente com o melhor chimichurri (clássico molho para carnes argentino, Endereço: Rua Professor Souza Barros, 493, Vila Guarani.
ou, melhor dizendo, o “vinagrete” de
www.parrillargentina.com.br
simplesmente perfeitos de carne, alguns
gente grande) de São Paulo, e os cortes exclusivos com o “cejas del ojo”, um corte próximo ao “ojo de bife”, a casa é um daqueles lugares que não tem erro, vai comer bem. Boa carne, bom vinho, boa cerveja, bom lugar. Sem frescuras, sem ver e ser visto.
superagradável e cheia de árvores que fazem sombra para você estacionar seu carro, a Parrilla Argentina é apertada, tem foto de carne no cardápio, garçom arrogante, é longe dos centros gastronômicos da cidade, ou seja, tudo pra dar errado, mas não dá. A casa contraria a lógica, porque é um baita restaurante.
m Ch’ti co u d e u d Fon Frescas Endívias
GASTROBEER Por Danilo Rolim
Ch’ti é como os franceses popularmente designam a região norte do país, próximo da fronteira da Bélgica e do estreito de Calais, devido ao sotaque picardo de seus habitantes. Nessa região são produzidos a bière de garde e o queijo maroilles, que nesta receita substitui os tradicionais queijos alpinos, como gruyère e emmental.
Ingredientes - 400 g de queijo maroilles (pode ser substituído por reblochon, pont l’évêque, taleggio, ou, em último caso, um camembert bem maduro) com a casca, cortado em cubos - 250 ml de bière de garde Jenlain Ambrée - 1 colher de chá de amido de milho - Sal, pimenta-do-reino e noz-moscada, mas sem exagero - 1 colher de chá de mostarda Dijon - 2 endívias médias com as folhas soltas e lavadas - Pão de campanha para acompanhar
MODO DE PREPARO
Numa panela de fundo grosso, misture o queijo, a cerveja e o amido de milho. Leve ao fogo médio e mexa continuamente até que o queijo derreta e a mistura esteja bem homogênea, sem deixar ferver. Prove e corrija o sal e a pimenta se necessário. O maroilles não é muito salgado, mas seu sabor é bem intenso. Acrescente um toque de noz-moscada e a mostarda, mexa bem. Sirva no réchaud de fondue ou em ramequins individuais preaquecidos no forno, com as endívias cruas cortadas ou inteiras e cubos de pão de campanha. A bière de garde Jenlain Ambrée, com seu aroma complexo e acidez pronunciada, fica bem balanceada com o maroilles de aroma intenso, desenvolvido no processo de maturação com a lavagem da casca com salmoura, e textura untosa. O amargor da endívia realça o sabor do lúpulo suave nessa cerveja, além de trazer frescor ao prato, enquanto o pão de campanha acentua ainda mais o sabor de malte e cereais.
nicebeer.me/ambree
m he co eche c i v e C eL ma d u p s E gre de Ti A cerveja Estrella Damm Inedit foi criada em parceria com o chef catalão Ferran Adrià especialmente para acompanhar os pratos mais refinados da gastronomia contemporânea. Ela é uma Witbier que, além do lúpulo, é aromatizada com um gruit composto de sementes de coentro, casca de laranja e alcaçuz. A receita sugerida para harmonização é um ceviche de linguado servido com espuma de leche de tigre, que é como os peruanos chamam o caldo do ceviche. Se não tiver um sifão para fazer a espuma, sirva a leche de tigre sobre o ceviche e omita a gelatina.
Ingredientes - 500 g de filé de linguado cortado em cubos de 1 cm - 150 ml de suco de limão - 150 ml de suco de laranja - raspas de meia laranja (sem a parte branca) - 2 cebolas roxas médias cortadas em fatias finas - 1 pimenta dedo-de-moça sem sementes finamente picada - 1 tomate maduro cortado em cubos - 2 colheres de sopa de coentro fresco picado - 1 colher de sopa de Absinto ou Pastis - Sal e pimenta-do-reino a gosto - 24 g de gelatina em pó sem sabor
MODO DE PREPARO
Misture o peixe, suco de limão, suco de laranja, dedo-de-moça, raspas de laranja, absinto e metade do coentro. Tempere com sal e pimenta e deixe marinar por meia hora na geladeira. Depois de marinar, separe o líquido (leche de tigre) e coe por uma peneira fina, reserve. Adicione ao peixe o tomate e a cebola e mantenha na geladeira. Hidrate a gelatina em metade da leche de tigre por 5 minutos, então leve ao banho-maria para derreter, sem deixar esquentar demais. Fora do fogo, junte o restante da leche de tigre e coloque no sifão com duas cargas de gás. Agite vigorosamente por 30 segundos. Sirva em taças individuais cobrindo o fundo com a espuma e o ceviche por cima, decore com o restante do coentro fresco. A cerveja vai ter suas características aromáticas refletidas no prato com as raspas de laranja, o coentro fresco e o toque de absinto. A espuma trará a acidez suavizada e um toque de doçura, graças ao suco de laranja.
nicebeer.me/estrellainedit
INDICAÇÕES BEERHUNTER Por Diego Cartier
Diego Cartier é especialista em cervejas. É conhecido no meio gastronômico como “beer hunter” por sempre descobrir verdadeiras raridades. Foi colunista do Bon Vivant na Playboy, onde compartilha, em primeira mão, suas aventuras pelo mundo visitando cervejarias inusitadas e surpreendentes.
Indicações válidas enquanto durar o estoque.
Corre, corre, corre!
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TUDO PODE SER MELHOR
ESTRELLA DAMM INEDIT 750ml Feita em parceria com o renomado Chef Ferran Adrià, esta cerveja de trigo, da escola belga, tem ingredientes inusitados como coentro, casca de laranja e alcaçuz. Refrescante, frisante, frutada e floral. Notas condimentadas completam o sabor. Muito versátil na gastronomia, é complexa e delicada, elegante e sedutora.
nicebeer.me/estrellainedit
Colorado Indica 600ml
Uma legítima IPA inglesa, elaborada artesanalmente. Encorpada, possui adição de rapadura e é ideal para ser harmonizada com pratos condimentados e frutos do mar.
nicebeer.me/coloradoindica
Spitfire Premium Kentish Ale 500ml
Uma das mais clássicas cervejas inglesas! Notas de lúpulo (herbal, leve cítrico, leve floral) predominante, com toques de malte (caramelo). Amargor balanceado, suave e fácil de beber. A Shepherd Neame é a cervejaria mais antiga do Reino Unido, em atividade desde 1698.
nicebeer.me/spitfirepremium
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TUDO PODE SER MELHOR
Faxe Premium Brasil 5% 1L
Carro chefe da cervejaria, esta lager é suave, refrescante, com destaque para as notas maltadas que lembram caramelo e amargor discreto.
nicebeer.me/faxepremium
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TUDO PODE SER MELHOR
Fantome Printemps 750ml
Feita para celebrar a primavera, é mais um clássico absoluto do Dany! Leve, frutada, parece Champagne. Complexa, seca, refrescante e com um intenso frescor. Bastante rica em aromas e sabores, destaque para as notas herbais, com toques de gramíneas, pinheiro, eucalipto, flores e especiarias. É um verdadeiro néctar dos deuses!
nicebeer.me/fptemps
Harviestoun Ola Dubh 18 330 ml
Maturada em barris do uísque Highland Park 18 Year Old Single Malt (considerado um dos melhores Whiskys de puro malte do mundo), é complexa e única, com um equilíbrio incrível. Com uma cor preta e uma espuma cremosa, tem notas de toffee, amêndoas torradas, turfa defumada, chocolate, baunilha, café e, é claro, sabor de uísque. O final é seco. Uma cerveja de meditação!
nicebeer.me/oladubh
Anderson Valley Barney Flats Oatmeal Stout
Deliciosa e suave, com notas torradas que lembram café, agradável dulçor e toques de chocolate.
nicebeer.me/avbarney
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TUDO PODE SER MELHOR
DE PANELA
Por Mauricio Beltramelli
Se você quer explorar todas as possibilidades dos aromas e sabores do mundo da cerveja, em algum momento vai querer mexer com leveduras selvagens e algumas bactérias. Com muito cuidado e um pouco de habilidade você pode facilmente tentar produzir algumas variações dessas cervejas em casa. Alguns cervejeiros caseiros obtém bons resultados utilizando uma técnica mais casual, simplesmente despejando aquela levedura que fica depositada no fundo das garrafas de exemplares importados que chegam nas nossas prateleiras. Depois, é só esperar alguns meses e ver o resultado. As leveduras selvagens mais comumente utilizadas são as do gênero Brettanomyces, ou Bretts, como são carinhosamente chamadas. E, apesar de produzir mais acidez do que as leveduras tradicionais de cerveja, não são as Bretts que deixam uma cerveja azeda. Para obter esse resultado, precisamos de algumas bactérias como Lactobacillus, Pediococcus e outras acetobactérias. As Bretts são normalmente adicionadas apenas ao final da fermentação tradicional ou, algumas vezes, como na cerveja trapista Orval, na hora do engarrafamento. Trabalham bem devagar e gostam de um pouco de oxigênio enquanto fazem o seu papel – um dos motivos pelo qual se dão tão bem com os barris de madeira, que deixam penetrar oxigênio no seu interior. Acredita-se que é o interior de árvores de carvalho um dos habitats naturais das Brettanomyces. Os mix de culturas de levedura selvagem são normalmente uma mistura de Saccharomyces Cerevesiae, algumas cepas de Brettanomyces, além de bactérias do tipo Pediococcus e Lactobacillus que dão a maior contribuição para a produção de ácidos. Por conter levedura de fermentação tradicional, os mix de culturas podem ser utilizados para fazer toda a fermentação. Atente para o fato de que Lactobacillus e Pediococcus são muito sensíveis às propriedades antibactericidas dos lúpulos. Então, deixe o amargor abaixo dos 10 IBUs, que é condizente com as características tradicionais do estilo. Bretts e outras formas de leveduras selvagens formam uma película branca no topo da cerveja, não se assuste. A temperatura ideal para fermentação é entre 16°C e 21°C. Essas cervejas, quando são fermentadas de maneira espontânea, utilizando microorganismos encontrados em seu próprio ambiente, podem ser consideradas cervejas com terroir, uma vez que a levedura e as bactérias que as fermentam podem ser únicas àquele lugar.
PRÓXIMO MÊS
Por Diego Cartier
A Hoppeditz é uma Doppelsticke Alt produzida com cinco tipos de maltes e cinco tipos de lúpulos de varietais alemãs. Forte e complexa, mas equilibrada, tem um corpo robusto A Alemanha é conhecida como
de maltes e delicados lúpulos, além de abundância de
uma das grandes escolas cervejeiras
aromas e sabores remetendo a toffee, caramelo, ameixas,
do mundo graças a sua cultura e rica
alcaçuz, uvas-passas, frutas vermelhas, com toques cítricos e
tradição. Por lá existem cerca de 20
sutilmente defumados. O amargor é assertivo e o final é seco,
estilos clássicos, indo da Weissbier,
um espetáculo de cerveja! “Hoppeditz” é um típico folião e
na
personagem do Carnaval de Düsseldorf, cidade onde o estilo
Baviera,
defumada,
até da
a
Rauchbier
Francônia,
sem
esquecer de estilos raros e pouco conhecidos
por
aqui,
como
a
Berliner Weisse, em Berlim, e a Gose, de Leipzig. Além das características marcantes
do
seu
terroir,
o
diferencial cervejeiro do país é a Lei de Pureza (Reinheitsgebot), a qual permite somente o uso dos quatro ingredientes básicos na cerveja: água, malte, lúpulo e levedura.
Altbier nasceu e os produtores, naturais de Colônia, quiseram brincar com a rivalidade existente entre as duas cidades. A Pimock é uma wheat que foge do padrão característico de uma cerveja de trigo bávara – portanto, esqueça as tradicionais notas de banana e cravo. Essa é uma cerveja mais seca e leve, feita com leveduras usadas no estilo Kölsch e adição de mais lúpulos do que o usual para o estilo. A brincadeira com o nome fica por conta de a clássica Weiss ser uma “outsider” (ou, em alemão, “Pimock”) em Colônia, assim como qualquer bávaro seria. Tem agradáveis notas de frutas cítricas, florais, pinho e toques de especiarias. É saborosa, refrescante e fácil de beber!
A Oktoberfest vem aí e, para celebrar essa tradicional festa alemã, no mês
que
vem
apresentaremos
a fantástica Freigeist, cervejaria revolucionária
da
cidade
de
Colônia, tocada pelos cervejeiros Sebastian Sauer & Peter Esser, que produzem
cervejas
realmente
únicas, revivendo e atualizando estilos históricos e esquecidos da
R$
70,90
Alemanha. Eles inovam sem perder
2 Hoppeditz Dppelsticke
a tradição, unindo a criatividade
2 Pimock Wheat
às
suas
complexas
raízes e
com
receitas
equilibradas,
que
vêm se destacando no mundo inteiro,
e
agora
chegam
ao
Brasil em primeiríssima mão, com exclusividade para os associados do Have a Nice Beer.