novembro de 2015
ANO LVI
| Nº 645 | NOVEMBRO 2015 | C HESHVAN / K ISLEV 5776
Revista Hebraica
| 35º F ESTIVAL C ARMEL – L E O LAM |
35º Festival Carmel – Le Olam
HEBRAICA
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| NOV | 2015
palavra do presidente
Uma Hebraica feliz Estamos chegando ao final do primeiro ano de mandato e gostaria de compartilhar com todos as conquistas, mudanças e desafios que tivemos nesses meses e assim, nas próximas edições da revista, vou tentar resumir um trabalho de meses. Começamos com a missão de fazer da Hebraica um lugar agradável, pleno de atividades, eventos, shows, etc., para os nossos sócios terem vontade de vir e participar. E tudo isso em um ano de situação econômica complicada para o país e, claro, também para parte dos nossos sócios. Apesar do orçamento apertado, conseguimos, nos valendo de muita criatividade e, principalmente, muito trabalho. O clube esteve cheio o ano todo aumentando mais nossa responsabilidade e o compromisso de continuar e aumentar o ritmo, e, às vezes, se transformar em um oásis nessa cidade tão agitada. A diversidade da programação visa a atender a todos, sem distinção. Em um final de semana, realizamos o Shabat Mundial, cerimônia de bat-mitzvá, Master Chef, festival de música klezmer, feira da comunidade, torneio de futebol, Beatles para crianças com o comparecimento de cerca de 1.100 crianças, entre muitas outras coisas. Houve melhoria em espaços físicos, mas, acima de tudo, criando um clima de alegria em um lugar ao mesmo tempo nosso e de todos, fazendo as pessoas se orgulhar de pertencer à Hebraica. Isso também se reflete na comunidade, pois a Hebraica é bem falada nos círculos sociais e em outras entidades e está se consolidando como o centro comunitário da coletividade judaica de São Paulo. No quesito concessionários, trocamos a concessão do restaurante kasher com a entrada da cadeia RED, e o Salomão Bero para atender a Escola Alef. Portanto, alimentação kasher em dose dupla, e ainda haverá mais novidades. No Esporte, iniciamos um novo programa para os jovens atletas, com profissionais de primeira linha; mudamos a academia com uma equipe nossa trazendo novas aulas, novos equipamentos, nova linha de bikes e a preços reduzidos Em dois meses houve 153 novas inscrições. Esses foram algumas das coisas que foram realizadas nesse período, na próxima edição vamos falar sobre outras áreas e projetos em andamento e futuros. Quero agradecer a todos pela participação e colaboração, e acrescentar que nossa equipe dedica-se de corpo e alma para que tudo isso seja possível. E renovo meus agradecimentos àqueles que se dedica: Charles El Kalay, Daniel Bialski, Fernando Rosenthal, Fernando Gelman, Isy Rahmani, Fabio “Binho” Topczewski, Dani Ajbeszyc, Eduardo Grytz, e minhas princesas Elisa Nigri Griner e Mônica Tabacnik Hutzler, e, por intermédio deles, a todos os diretores e voluntários. Afinal, sozinho ninguém faz nada. Shalom Avi Gelberg
O CLUBE ESTEVE CHEIO O ANO TODO AUMENTANDO MAIS NOSSA RESPONSABILIDADE E O COMPROMISSO DE CONTINUAR E AUMENTAR O RITMO, E, ÀS VEZES, SE TRANSFORMAR EM UM OÁSIS NESSA CIDADE TÃO AGITADA
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sumário
HEBRAICA
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teatro Já está começando a temporada teatral 2015
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fotos e fatos As cenas que marcaram o mês de outubro
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esportes
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ginástica artística Hebraica sediou a segunda fase do Troféu São Paulo
50 GRUPO NDA EM 1985, NO ESFORÇO PARA DIVULGAR A PEÇA O GÊNIO DO CRIME
6
carta da redação
8
7 dias na hebraica Acompanhe a programação de novembro
12
concessionários Tem novidade na área de comida kasher da Hebraica
15
cultural + social
16
réveillon Reserve o seu convite para uma das mais esperadas festas do ano
18
gourmet Acompanhe a programaçao das próximas semanas
19
headtalks Os perigos e prazeres do mundo virtual
22
comunidade Os eventos mais significativos da cidade
28
fotos e fatos Os destaques do mês na Hebraica e na comunidade
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juventude
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capa / festival carmel A nova edição do festival terá Le Olam (“Para Sempre”) como tema
alto rendimento Triatleta David Nisenholz já está defendendo as cores da Hebraica
52
curtas Os destaques da Hebraica em nove modalidades
55
magazine
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entrevista De passagem por São Paulo, nosso correspondente conversou com o psicanalista Renato Mezan
60
12 notícias As notícias mais quentes do universo israelense
HEBRAICA
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| NOV | 2015
34 EM QUARENTA ANOS, DEZENAS DE DANÇARINOS JÁ INTEGRARAM O GRUPO CARMEL E ATÉ HOJE TODOS MANTÉM UMA LIGAÇÃO AFETIVA COM A DANÇA FOLCLÓRICA
64
literatura As sombras de Auschwitz e o suicídio do escritor italiano Primo Levi
48
70
leituras A quantas anda o mercado das ideias?
72
música Lançamentos do pop e do erudito para curtir em casa
74
ensaio A delicada questão do auto-ódio e da apostasia no judaísmo
78
curta cultural Dicas para o leitor ficar mais antenado
81
diretoria
82
lista da diretoria Vejá quem é quem no Executivo da Hebraica
98
conselho Anote na agenda: 8 de novembro é dia de eleição
O TROFEU SÃO PAULO GINÁSTICA ARTÍSTICA É REALIZADA HÁ VÁRIOS ANOS NO CENTRO
CÍVICO E JÁ REVELOU MUITOS ATLETAS DE ALTO RENDIMENTO
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HEBRAICA
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carta da redação
ANO LVI | Nº 645 | NOVEMBRO 2015 | CHESHVAN/KISLEV 5776
A Revista quer transmitir conhecimento
DIRETOR-FUNDADOR SAUL SHNAIDER (Z’l) PUBLISHER FLAVIO MENDES BITELMAN DIRETOR DE REDAÇÃO BERNARDO LERER
Entra ano, sai ano, e sempre na edição de novembro, Magali Boguchwal escreve longa e didática reportagem acerca do Festival Carmel, matéria na qual se tornou uma especialista capaz de dissertar a respeito de coreografias, tendências da dança israelense herdada do Leste Europeu e do Oriente Médio e os grupos de danças, as hardakot, do Brasil e da América Latina. Ainda vai chegar o dia, portanto, em que ela escreverá um livro em que o tema será a Hebraica e a dança. No “Magazine”, mais uma primorosa entrevista de Ariel Finguerman que, em suas viagens anuais ao Brasil, sempre prepara um material de alta qualidade. Desta vez foi com o psicanalista Renato Mezan, autor de Psicanálise, Judaísmo, lançado nos anos 1980, a partir de palestras promovidas pelo falecido empresário Leon Feffer, e marcou época porque tratava do judaísmo de Sigmund Freud e como isso influenciou a criação da psicanálise. Mezan fala também da “angústia e dilaceração” pelos casamentos mistos na comunidade judaica. Leiam também um artigo a respeito da vida, do conjunto da obra e do suicídio de Primo Levi e um ensaio acerca de judeus contra judeus. Shalom Boa leitura Benardo Lerer Diretor de Redação
EDITOR-ASSISTENTE JULIO NOBRE
SECRETÁRIA DE REDAÇÃO MAGALI BOGUCHWAL REPORTAGEM TANIA PLAPLER TARANDACH TRADUÇÃO ELLEN CORDEIRO DE REZENDE FOTOGRAFIA CLAUDIA MIFANO (COLABORAÇÃO) FLÁVIO M. SANTOS
DIREÇÃO DE ARTE JOSÉ VALTER LOPES DESIGNER GRÁFICO HÉLEN MESSIAS LOPES
ALEX SANDRO M. LOPES
EDITORA DUVALE RUA JERICÓ, 255, 9º - CONJ. 95
E-MAIL DUVALE@TERRA.COM.BR CEP: 05435-040
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DIRETOR PAULO SOARES DO VALLE ADMINISTRAÇÃO CARMELA SORRENTINO ARTE PUBLICITÁRIA RODRIGO SOARES DO VALLE
DEPTO. COMERCIAL SÔNIA LÉA SHNAIDER PRODUÇÃO PREVAL PRODUÇÕES
IMPRESSÃO E ACABAMENTO ESKENAZI INDÚSTRIA GRÁFICA PUBLICIDADE TEL./FAX: 3814.4629
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OS CONCEITOS EMITIDOS NOS ARTIGOS ASSINADOS SÃO DE
calendário judaico ::
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PRESENTADO, NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO DE DIRETORIA DA HEBRAICA OU DE SEUS ASSOCIADOS.
NOVEMBRO 2015 Cheshvan/ Kislev 5776
DEZEMBRO 2015 Kislev/ Tevet 5776
A HEBRAICA É UMA PUBLICAÇÃO MENSAL DA ASSOCIAÇÃO
dom seg ter qua qui sex sáb
dom seg ter qua qui sex sáb
EX-PRESIDENTES LEON FEFFER (Z’l) - 1953 - 1959 | ISAAC FISCHER
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Primeira vela de Chanuká Oitava vela de Chanuká
“A HEBRAICA” DE 1.000, PABX: 3818.8800
BRASILEIRA
SÃO PAULO RUA HUNGRIA,
(Z’l) - 1960 - 1963 | MAURÍCIO GRINBERG (Z’l) - 1964 - 1967 | JACOB KAUFFMAN (Z’l) - 1968 - 1969 | NAUM ROTENBERG 1970 - 1972 | 1976 - 1978 | BEIREL ZUKERMAN - 1973 1975 | HENRIQUE BOBROW (Z’l) - 1979 - 1981 | MARCOS ARBAITMAN - 1982 - 1984 | 1988 - 1990 | 1994 - 1996 | IRION JAKOBOWICZ (Z’l) - 1985 - 1987 | JACK LEON TERPINS 1991 - 1993 | SAMSÃO WOILER - 1997 - 1999 | HÉLIO BOBROW - 2000 - 2002 | ARTHUR ROTENBERG - 2003 - 2005 | 2009 - 2011 | PETER T. G. WEISS - 2006 - 2008 | ABRAMO DOUEK 2012-2014 | PRESIDENTE AVI GELBERG
VEJA NA PÁGINA 98 O CALENDÁRIO ANUAL 5776
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HEBRAICA
| NOV | 2015
eventos de novembro
1ª SEMANA: 1º A 8 DE NOV
dias na hebraica
circuito
LúdiCO com os
la pais esco
rtes
de espo
NDO DA
NO MU
TV
HEBRAICA
2ª SEMANA: 9 A 15 DE NOV
LOCALIZE SEU EVENTO ATRAVÉS DA SUA COR (FAIXA ETÁRIA) Infantil: DE 0 A 11 ANOS O amarelo indica atividades para os nossos pequenos de 0 a 11 anos.
Teen: DE 12 A 17 ANOS O laranja é onde a galera de 12 a 17 anos pode encontrar diversão.
Jovem: DE 18 A 30 ANOS No vermelho o jovem de 18 a 30 anos encontra seu espaço.
Adulto: DE 31 A 59 ANOS O verde lista os eventos destinados para todos entre 31 e 59 anos.
3ª idade: ACIMA DE 60 ANOS O azul escuro dá a cor às atividades voltadas para a melhor idade.
Família: TODAS AS IDADES Aqui é a hora de toda família desfrutar da nossa programação. A cor indica a idade em foco da atividade, isto é, se o evento não é limitado a uma única faixa etária, todos podem participar. O cine infantil, por exemplo, é indicado para crianças, mas pode ser frequentado por toda família, mas ¿que atento, pois pode existir uma censura que será indicada no evento. Pensando em todos a Hebraica busca uma programação diversi¿cada. Con¿ra nossa programação e tenha uma boa diversão!
3ª SEMANA: 16 A 22 DE NOV
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10 HEBRAICA
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4ª SEMANA: 23 A 30 DE NOV
O QUE VEM POR AÍ!
12 HEBRAICA
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concessionários
Duas opções para saborear a culinária kasher COM A PRESENÇA DOS PRINCIPAIS LÍDERES RELIGIOSOS DA COMUNIDADE, AS GRIFES GASTRONOMIA RED, BERÔ E A HEBRAICA
ASSINARAM UM CONTRATO PARA GERENCIAR RESTAURANTES NO CLUBE, QUE TERÁ AGORA DUAS OPÇÕES EM CULINÁRIA KASHER
A
té o final do ano, os sócios e suas famílias poderão se reunir e comer em mais dois novos locais: no edifício da Sede, o bufê será de responsabilidade da Gastronomia Red e uma nova lanchonete na Praça Carmel terá o serviço e a qualidade já consagrada de Salomão Haifaz, que desde o mês passado acrescentou os almoços servidos aos alunos da Escola Alef à lista de colégios que atende em refeições kasher. “Assim, além da escola, Salomão responderá pela lanchonete kasher na Praça
Carmel”, anunciou o presidente do clube Avi Gelberg. Os contratos entre os empresários e a diretoria foram assinados na Sala do Conselho, perante alguns dos principais líderes religiosos. Segundo o rabino Shabsi Halpern, do Chabad, a ocasião para o este evento foi muito bem escolhida porque “coincidentemente, a porção semanal desta semana trata do que se pode considerar o primeiro restaurante da história. É que quando Abraão construiu sua tenda, viu três árabes do lado de fora
e os convidou para uma refeição no interior da barraca”, observou. Segundo o vice-presidente administrativo do clube, Isy Rahmani, foi difícil chegar a uma decisão a respeito do fornecimento de alimentação kasher no clube. “A ampliação do mercado resultou em muitos interessados e contamos com o apoio dos rabinos para atingir nosso objetivo de oferecer comida 100 % kasher e de alto padrão”, afirmou. O presidente do clube, Avi Gelberg, partilhava o entusiasmo dos responsáveis pela Gastronomia Red, os jovens Daniel Cohen e David Deutsch, e Salomão Haifaz, e disse que “com esses dois restaurantes, que ainda não têm nomes definitivos, chegaremos mais perto do objetivo dessa diretoria, que é abrir o clube para toda a comunidade e com conforto, segurança e tranquilidade. Aqui todos que quiserem poderão saborear refeições kasher de qualidade e sabor”. Em seguida, saudou a todos propondo um “Le Chaim” regado a vodka e quitutes. (M. B.)
DAVID E DANIEL, DO RED, GABY MILEVSKY, O SECRETÁRIO FERNANDO ROSENTHAL, AVI GELBERG, ISY RAHMANI E SALOMÃO HAIFAZ
HEBRAICA
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cul tu ral +social
16 HEBRAICA
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cultural + social > réveillon
Uma festa inesquecível VENHA PARA A HEBRAICA PASSAR O FINAL DO ANO, POIS ESTÁ SENDO PREPARADO UM
RÉVEILLON ESPECIAL EM LOCAL ABERTO
E ABRIGADO, A ESPLANADA, E NA
PISCINA À QUAL SE TERÁ ACESSO POR UMA RAMPA
O
À MEIA-NOITE, QUEIMA DE FOGOS PARA DAR BOAS VINDAS AO NOVO ANO
s organizadores do Réveillon 2016 garantem que nunca se viu festa igual e, para isso, estão colocando à prova toda a criatividade.Foi contratada a Banda Sun 7 e o bufê da Now MKT/N1 Soluções em Eventos, responsável também pela decoração. Canapés variados, prato quente, tudo no sistema finger food, além do serviço de bar. As crianças terão monitores, que trabalham com recreação infantil. À meia-noite haverá queima de fogos. Para um Réveillon completo, entre em contato com a Central de Atendimento (38188888/8889) e reserve os convites R$ 150,00 para sócios e R$ 80,00 para crianças
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cultural + social > gourmet
Dois dias de Mercado Gourmet EM NOVEMBRO, MERCADO GOURMET,CURSO DE ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL E APRENDER A “CHURRASCAR” À DISPOSIÇÃO DO SÓCIO
E
m sua quinta edição, o Mercado Gourmet vem com novidades. O sucesso dos anos anteriores levou a programar um fim de semana, nos dias 12 e 13 de dezembro, ocupando toda a quadra de esportes, como sempre. Para as famílias aproveitarem o festival gastronômico. Várias barracas e food trucks venderão doces e salgados, além de bebidas, a preços de R$5,00 a R$25,00, das 12h às 17h. A adesão dos chefs aumenta a cada dia. Até o fechamento da edição, estavam confirmados Irene Uehara Gastrô, Amuse Food Truck, Kombuteco, Falafeando, Sweet Julia, Dona Mazza, S.O.S. Cupcakes ... e muito mais!
Comer de forma saudável
A
nutricionista Alessandra Ades terá quatro encontros para passar seu conhecimento sobre os pilares da alimentação saudável e prazerosa no Espaço Gourmet. Café-da-manhã, sobremesas funcionais e, principalmente, a facilidade de preparar uma refeição saudável fazem parte do cardápio das aulas nos dias 4, 11, 18 e 25, de novembro, sempre às 19h30. Para mais informações, entre em contato com espaçogourmet@hebraica.org.br.
Ao redor do fogo
C
ausa espanto ver mulher no lugar do churrasqueiro, mas é isso que a gaúcha Clarice Chwartzmann propõe: ensinar como preparar a carne, dominar o fogo e preparar assados. Clarice aprendeu com o pai, e em Porto Alegre ou em São Paulo, é convidada para programas de TV e workshops. A Churrasqueira é o nome do projeto dela para ensinar as mulheres a fazer o churrasco desde a escolha dos utensílios, das carnes, os cortes, como preparar o fogo e, em seguida, o cuidado com o assado, seja na churrasqueira ou na parrilla, usando grelhas para assar em brasas. A aula/degustação será realizada no domingo, dia 29 deste mês, ao redor da churrasqueira no Espaço Gourmet. (T. P. T.)
HEBRAICA
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cultural + social > headtalks
Diversões e perigos da vida on line UM BILHÃO DE PESSOAS NO MUNDO UTILIZA REDES SOCIAIS, E ISSO CRESCE DIARIAMENTE, SEM PARAR. ESSE FOI O TEMA ESCOLHIDO PARA MAIS UM HEADTALKS NA HEBRAICA
D
os brasileiros, 90,8% possuem contas nas redes sociais e colocam o país como o de maior número de notificações de problemas entre os usuários. Por aí se vê o interesse do público, que quase lotou o Teatro Anne Frank para ouvir o especialista em direito digital e secretário da Conib, parceira da realização, Rony Vainzof, a coordenadora de orientação para o uso seguro da internet da OAB/SP Alessandra Borelli e o psicólogo e coordenador do Programa de Dependências Tecnológicas do Hospital das Clínicas Cristiano Nabuco de Abreu. “Somos a última geração analógica, a próxima será plugada, ou seja, há uma nova dimensão no ar para as relações sociais”, disse Vainzof. “A sociedade não tolera pessoas sem limites. Seu filho está preparado para ter um perfil na rede social?”. Para ele, participar da vida digital dos filhos não é opção, é um desafio,
vencido apenas pelos pais que educam por amor e estabelecem limites. O conteúdo digital não tem devolução: postou, é como escrever na pedra e a identidade digital é considerada pelas empresas quando o jovem procura emprego. “Não agrega valor ao currículo e poderá fazer parte de um dossiê”, exemplificou Alessandra. Sua apresentação focou o papel das escolas e dos pais na educação digital, o cyberbullying e suas consequências. Como proposta, o HEADtalks está aberto ao diálogo e à contribuição dos ouvintes. Uma delas informou que seu filho, aluno do Dante Alighieri, tem educação ética nas redes sociais como disciplina escolar. Cristiano Nabuco de Abreu tratou dos efeitos da tecnologia na saúde mental e apresentou o Facebook e o Twitter como novos vícios, ao lado do fumo e da bebida. Por quê? “Antes, a hipótese era antro-
pológica, a conexão era importante; hoje, a hipótese é biológica. Macho e fêmea têm necessidade de exarcebação e, nas redes sociais, as pessoas conseguem se tornar importantes, até criar um avatar. É a criação do que não conseguem ser na vida real e a troca desta pela virtual.” Eis algumas dicas: não use o celular como despertador pois apenas meia hora com o luminoso aceso confunde dia e noite, e conserve o telefone no silencioso. Não deixe a tecnologia “roubar” esta geração, use-a de maneira controlada. O novo HEADtalks Andrea Bisker se entusiasma a cada edição do HEADtalks e, nem bem termina um, pensa no próximo. “Serão histórias que emocionam”, diz Andrea se propõe a inovar em cada encontro, mostrar formas diferentes que estimulem as pessoas. “Queremos trazer mais entretenimento sem preconceito”, explica, “por meio de palestras, workshops, vivências”. Na primeira quinzena de dezembro, o encontro terá de seis a dez histórias, contadas por diferentes pessoas, cada de dez minutos. Relatos de vida – românticos, de superação, aprendizagem, conquistas, doenças ou sucessos. Pessoas que queiram dividir seus momentos com outras. Saindo da tecnologia do encontro anterior para conhecer o lado humano das relações sociais. (T. P. T.)
NO TEATRO ANNE FRANK, OS PALESTRANTES E A MEDIAÇÃO DE
ANDREA BISKER
20 HEBRAICA
| NOV | 2015
cultural + social
Crise e judaísmo O RABINO WEITMAN VALEU-SE DE PARÁBOLAS, CONTOS HASSÍDICOS, MAIMÔNIDES, EINSTEIN PARA EXPLICAR O MODO JUDAICO DE ENFRENTAR UMA CRISE DURANTE TRÊS ENCONTROS REALIZADOS NA HEBRAICA
P
elo menos 120 pessoas em cada um dos três encontros, realizados no final de setembro e meados de outubro, ouviram o rabino David Weitman tratar didaticamente e de forma simples os mais complicados mistérios da vida diária resumidos nos temas: “A crise econômica está ai, o que fazer? Como crescer em momentos de crise? Quais as melhores ações do mercado para investir agora?” O diretor superintendente Gaby Milevsky fez um balanço do ciclo afirmandoque “David Weitman é um ícone religioso, exerce uma liderança de fato. A presença dele eleva a espiritualidade e a
compreensão da procura por um mundo mais justo. Ele trouxe uma mensagem otimista”. Há vários tipos de crises e de reaçõesdas pessoas e, ao falar a respeito de parnassá, (“sustento”, em hebraico), Weitman afirmou que o homem precisa trabalhar. “Deus ajuda a ganhar, porém é preciso trabalhar. Quem abençoa é Deus, nós somos receptáculos para receber a bênção. Devemos sempre lembrar que o sucesso é Dele”, enfatizou como exemplo para qualquer crise. À pergunta por que Deus precisa mandar uma crise, Weitman explica: “É um teste. É na dificuldade que se testa uma
pessoa, sua lealdade, seu compromisso. O ser humano tem dons e talentos, poderes ocultos revelados e a dificuldade revela os talentos ocultos. Em cada dificuldade há uma oportunidade: crescer, amadurecer, usar a criatividade, ver os fatos por outro ângulo. Nessas situações difíceis surgem as maiores realizações possíveis, e isso vale para tudo, não só para o judaísmo. Pode beneficiar também as empresas. A crise tem seu lado positivo, tudo é uma faca de dois gumes. É necessário ver os prós e os contras. A crise permite pensar, cogitar, enxergar a oportunidade na dificuldade, revelar talentos ocultos e adormecidos”.
A plenitude na vida Em dois encontros pré-início do curso “O Poder da Cabalá”, Marcelo Steinberg, do Kabbalah Centre de São Paulo, introduziu noções sobre a sabedoria milenar judaica que revelam como o Universo e a vida funcionam. Nessa parceria com a Hebraica, durante este mês, Steinberg dará um curso básico, no qual, através de técnicas e exercícios, cada um poderá achar seu espaço, seu caminho para ter uma vida equilibrada, com saúde, amor e parnassá (sustento).
Dia 3 de dezembro, conheça Frida Kahlo Uma nova Saída Cultural está programada no dia 3 de dezembro. Para a exposição “Frida Kahlo – Conexões entre Mulheres Surrealistas no México”, no Instituto Tomie Ohtake. Informações: Central de Atendimento, fone 3818.8800 (T.P.T.)
C 22 HEBRAICA
| NOV | 2015
por Tania Plapler Tarandach
coluna comunidade
Nacionalidade portuguesa em pauta
Assim como a Espanha há alguns anos, Portugal iniciou a concessão da nacionalidade portuguesa a descendentes de judeus sefaraditas. Prevista desde 2013, somente este ano entrou em vigor, com um decreto-lei aprovado em fevereiro que regulamenta a concessão a quem provar descendência dos judeus perseguidos na Península Ibérica. Entre os solicitantes há 23 cidadãos brasileiros.
Encontro com os Anjos da Cidade Andrea Pludwinski fundou e coordena o Anjos da Cidade/SP, voluntários que se reúnem, há duas décadas uma vez por semana, para distribuir refeições a moradores de rua. Ela foi a convidada de Novas Gerações do CJL/ Brasil e World Union for Progressive Judaism na casa de Lina e Eduardo Wurzmann. Andrea falou da atuação do grupo que, além de alimento, dá aos sem teto, que se tornaram invisíveis aos olhos dos passantes, um pouco de amor. O encontro ocorreu na semana de Sucot e a educadora Karin Zingerevitz referiu-se à fragilidade humana e a importância de estender os braços ao semelhante, de acordo com o Talmud.
No Vaticano, a comunidade e o papa
O
presidente da Conib, Fernando Lottenberg, e o rabino Michel Schlesinger, da Congregação Israelita Paulista (CIP), e representante para o diálogo interreligioso, foram recebidos no Vaticano pelo papa Francisco, acompanhados do cardeal dom Odilo Scherer para marcar as comemorações dos cinquenta anos da declaração Nostra Aetate, que aproximou
judeus e católicos após dois mil anos. “Esta declaração não perdeu a atualidade, ela continua servindo como bússola na reconciliação”, declarou o papa, diante da atual onda de antissemitismo. Lottenberg presenteou o papa com uma mezuzá e entregou uma carta na qual pede tolerância e entendimento entre as religiões.
Morashá tem novo site
A
s edições trimestrais da revista Morashá estão na internet. Ao abrir o site www. morasha.com.br, mais interativo e rápido, lá estão os artigos nas seções judaísmo, história, Israel, mundo judaico e personalidades. Mais um clique, e o leitor terá os temas correlatos. A nova ferramenta de busca facilita as pesquisas.
Bibi recebe delegação brasileira
A
Federação Israelita de São Paulo (Fisesp) levou, como todo ano, um grupo de líderes voluntários no programa Hassefá Ba’Aretz (Reunião em Israel). Este ano, os viajantes foram recebidos por 45 minutos pelo primeiro-ministro israelense Biniamin Netaniahu. China, Índia e Brasil são prioridades da política externa, disse Bibi, que ressaltou a comunidade cristã brasileira como aliada de Israel e disse estar cansado das mentiras criadas pelas autoridades palestinas.
HEBRAICA
23
| NOV | 2015
COLUNA 1 O Fio Invisível da Felicidade, livro idealizado por Katia Lohn e escrito por Eugênio Benito Jr., desenha o microuniverso dos Eliaschewitz, família judia que vivia em Berlim no final dos anos 1930. Conta a trajetória da família, de Berlim até São Paulo, passando pela Bolívia: uma história construída com a força dos afetos. Fábia Terni Leipziger lança Aventura em Paraty, seu décimo segundo livro juvenil dia 5 de dezembro, das 15 às 18 horas, na Livraria da Vila/Lorena. “Excelente, bem escrito, de texto ágil e ideia genial”, escreveu a historiadora e professora Mary Del Priore. O ator Marcos Wainberg foi escalado para participar da campanha #EUdigonaoaobullying #CiaAtoresdeMar, cuja mensagem reprova o bullying. Raquel Dawidowicz leva a grife UMA para o circuito internacional com sua moda antenada. O primeiro endereço da loja em Nova York é na West Village.
Imagens inéditas da construção de Brasília compõem “Thomaz Farkas – DF” expostas no Museu da Imagem e do Som, que resultaram em livro homônimo, o quarto da Coleção Ipsis de Fotografia Brasileira. Kiko Farkas é o editor dos livros de seu pai,Thomaz (z’l), Deborah Bahbout Zular coordena há cinco anos o projeto “Brincar, um Direito da Criança”. Ela, mais Desirée Suslick, Perla Mosseri e a ajuda de amigas, realizaram este ano a festa para 460 crianças da periferia paulistana, na E.E. Mathilde Macedo Soares.
∂ O 45º Chapel Art Show reuniu 146 artistas e homenageou Nelson Leirner, um dos mais importantes nomes da arte contemporânea brasileira e reconhecido internacionalmente. Uma sala especial da mostra reuniu cerca de oitenta trabalhos de Leirner.
São de Lethícia Bronstein os 78 modelitos românticos da nova coleção da Riachuelo, lançada após a São Paulo Fashion Week. Pipelineo, o escritório de fusões e aquisições de negócios digitais de Alon Sochaczewski, intermediou a negociação entre a Dentsu Aegis Network (DAN) e a Pontomobi, antes controlada pelo e.Bricks, do Grupo RBS. Em noite tradicional do Conselho Estadual Parlamentar das Comunidades de Raízes e Culturas Estrangeiras (Conscre), seu presidente Sérgio Serber homenageou o jornalista Jaime Spitzcovsky, representando a comunidade judaica. “Lasar Segall – Navio de Emigrantes” é o título da mostra itinerante exposta na Galeria de Arte Patrícia Galvão, em Santos. Parceria do Museu Lasar Segall, Associação Cultural de Apoio ao Museu Casa de Portinari e realizada pelo Sistema Estadual de Museus (Sisem-SP).
Sérgio Luis Blay é o novo professor titular do Departamento de Psiquiatria da Escola Paulista de Medicina, da Unifesp. Ator e produtor da Cia. de Teatro Acidental, Artur Kon está no Tusp, até dia 15, no espetáculo Peça Esporte, texto inédito no Brasil da novelista austríaca Elfriede Jelinek, Nobel de Literatura em 2004. O lançamento do livro Alexandre Herchcovitch 1:1, na Livraria Cultura/ Shopping Iguatemi, celebrou os vinte anos da carreira do estilista, evento replicado dias depois com noite de autógrafos no Rio de Janeiro. Além do badalado desfile no saguão da Prefeitura paulistana, aplaudido pelo prefeito Fernando Haddad e a mulher dele Ana Estela. O grupo Shrit Miriam, que se reúne mensalmente na CIP, convidou Suzana Chwartz para falar a respeito “Do Jardim do Éden e as Relações entre Deus, o Homem, a Mulher e a Serpente”.
Embaixador israelense é cidadão honorário O embaixador de Israel Reda Mansour, de origem drusa, recebeu o título de cidadão honorário de Brasília na Câmara Legislativa do Distrito Federal. Antes receberam a honraria o então presidente de Israel Shimon Peres e o prefeito de Jerusalém Nir Barkat. E pouquíssimos embaixadores receberam esse título nos 55 anos de Brasília. Prestigiaram a solenidade o empresário Paulo Octávio, o conselheiro Eduardo Uziel, chefe da Divisão do Oriente Médio no Itamaraty, embaixadores dos Estados Unidos, Canadá, Turquia e Azerbaijão. A comunidade foi representada pelo presidente do Congresso Judaico Latino-Americano Jack Terpins, o assessor da Conib Boris Ber, e o presidente da Associação Cultural Israelita de Brasília, Hermano Wrobel. A presidente da Câmara Legislativa deputada Celina Leão, enalteceu sua “dedicação à capital do Brasil por meio de muito trabalho e de doar sua vida ao melhoramento da eficiência na representação do seu povo como promotor da paz”. Este ano, Mansour também recebeu o prêmio Homens de Valor, da Hebraica-Rio, e a Medalha do Mérito JK, entregue pela Academia de Letras e Música do Brasil.
Einstein e a neurociência O Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein organizou o VI Congresso Internacional de Atualização em Neurociências, no Auditório Moïse Safra. Especialistas da área de neurologia apresentaram estudo na atualização da pesquisa básica à neurociência em ambiente hospitalar e as práticas clínicas do dia-a-dia.
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cultural + social > comunidade+coluna 1
COLUNA 1
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Da adversidade para a oportunidade
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o Espaço Adolpho Bloch da Hebraica, o jornalista e publicitário João Doria participou de um almoço-palestra exclusivo para convidados da Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria (Cambici). Eleito por quatro anos consecutivos uma das cem pessoas mais influentes do país e do mundo pela revista Isto É e um dos cem líderes de melhor reputação do Brasil em pesquisa da Exame.com, Doria lembrou, que militou três anos no futebol de salão da Hebraica. Destacou a convivência com a comunidade judaica desde a infância e lembrou que a viagem a Israel com vinte empresários, junto com a Cambici, foi muito importante e ouviu o então presidente Shimon Peres dizer que a “melhor forma de defesa é a paz”. Fundador e presidente do Grupo Lide, Doria lembrou a cassação e o exílio do pai, deputado federal, e as dificuldades da mãe para criar os filhos. Pré-candidato a prefeito, Doria ressaltou a disciplina que o impressionou em Israel. “A determinação na busca do espaço faz a diferença entre o sucesso e o fracasso”, afirmou.
KKL Brasil na Feira das Nações
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Keren Kayemet LeIsrael (KKL), com o apoio do Consulado de Israel, participou da Feira das Nações do Instituto Madre Mazzarello, tradicional escola da zona norte paulistana, cujo tema foi “A Desertificação”. Orientados por professoras da turma do segundo ano do ensino médio, os alunos daquela escola prepararam a exposição que mostrou o contraste da Israel bíblica com a Israel moderna. “Nossa missão é contribuir para desenvolver a consciência ecológica e disseminar conhecimento”, disse o diretor executivo do KKL Brasil, Marcelo Schapo.
O arquiteto José Ricardo Basiches foi o convidado do ciclo de palestras Arquitetura + Desenho: Projetar em diferentes escalas, realizado pelo Museu da Casa Brasileira e do portal Arq!Bacana. Um encadeamento cronológico levou Basiches a discutir ideias e soluções arquitetônicas desde o desenho conceitual à execução de projetos em diferentes escalas. Jacob Klintowitz é um dos autores do livro O Rastro do Pássaro: Gênese do Método de Marianne Peretti, homenagem à artista plástica francesa, que vive no Brasil. Em seu estande na 43ª Abav – Expo Internacional do Turismo, a Avianca Brasil mostrou a entrada da empresa na Star Alliance e celebrou a aliança global com ação fotográfica e exclusiva na sala VIP.
“Cobri três Macabíadas pelo rádio e tenho enorme carinho por todos os amigos que fiz.” Frase de Milton Neves, convidado da Confederação Brasileira Macabi. Texto completo e fotos estão no blog http://zip.net/ bbr0wt.
∂ No espaço da Sky, no Rock in Rio, o músico George Israel ganhou uma guitarra Fender, manufaturada especialmente para o evento e entregue por Paul Waller, master criador da marca. A obra The Complete Works of Primo Levi, sobrevivente de Auschwitz, levou dezessete anos para ser concluída. São três mil páginas em três volumes e envolveu mais de uma dúzia de tradutores. Lançamento nos Estados Unidos pela W.W. Norton & Company.
Assunto do momento – como falar para seu filho ouvir e como ouvir para seu filho falar – foi o tema de sete encontros com as psicólogas Adri Dayan, Dina Azrak, Elisabeth Wajnryt e Sharon Wachockier. Realização no Instituto ComoFalar. Moda verão na passarela. A top Isabeli Fontana abriu o desfile de Tufi Duek, em loja flagship na Oscar Freire. A marca Amir Slama ficou na Trattoria Fasano. O curso de relações internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing (Espm) convidou especialistas de diversas áreas para um ciclo de debates sobre economia criativa. Entre eles o presidente da Associação Brasileira de Estilistas, Roberto Davidowicz, Fábio Cesnik, do escritório Cesnik, Quintino & Salinas Advogados, o cineasta e pesquisador cultural Leonardo Brant e o diretor do Instituto Itaú Cultural, Eduardo Saron.
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Estudante egípcio convidado da Conib
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Outro título de Ziraldo nas livrarias israelenses: Flicts é o terceiro livro traduzido para o hebraico.
∂ Entre tantos títulos recebidos, Celso Lafer acrescenta o prêmio Professor Emérito de 2015 – Troféu Guerreiro da Educação – Ruy Mesquita. Entregue pelo Centro de Integração Empresa-Escola (Ciee) e jornal O Estado de S. Paulo.
Simchot comemoradas na Sinagoga do clube: Ciro Leibovicius foi chamado à Torá antes de se casar com Kati Alquezar. Ele reuniu seus professores de bar-mitzvá, Gerson Herzskowicz e Nelson Rozenchan. O bar-mitzvá Felipe leu a Torá e comemorou com os pais, Eliana e Fernando Rovner, mais o irmão Henry. Adi e Daniel Grabarz acompanharam a primeira filha se tornar bat-mitzvá. Na USP, a sessão Curta-Nação, durante a minimostra de filmes no XV Encontro de Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa teve debate com Sandra Trabucco Valenzuela e Aron Freller.
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Eduardo Krasilchik recebeu Marcos Pereira e Celso Russomano na Inauguração da unidade Dr. Hollywood, em Higienópolis.
aisam Haassaneim é egípcio, estudou e foi o orador da sua turma na cerimônia de formatura na Universidade de Tel Aviv. Fez o mestrado em estudos do Oriente Médio. Este mês, participa como convidado da 46ª. Convenção Nacional da Conib e de um encontro com os Jovens sem Fronteiras da Hebraica. No discurso na faculdade, contou que sua experiência em Israel desmentiu tudo que viu e ouviu no Egito a respeito do Estado judeu. “É fascinante estar em uma cidade na qual você pode ir a uma praia no centro e ver uma mulher muçulmana, um casal gay e um chassid no mesmo pequeno espaço de areia. Israel me ensinou que a vida é cheia de complexidades e paradoxos e a sempre questionar nossas premissas.”
Cineasta israelense na Hebraica
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diretora Ariela Alush do filme Independente, lançado durante o 7º. Festival Internacional de Filmes sobre Deficiência, no Centro Cultural Banco do Brasil (Ccbb) esteve na Hebraica porque, ao saber do grupo Chaverim, a cineasta quis conhecer o clube, onde foi ciceroneada por Daniela Karmeli.
Honra a quem merece
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oré Nelson, como é conhecido o cidadão Nelson Rozenchan, foi homenageado por jovens bar-miztvá, pais e jovens casais em um Kabalat Shabat na Congregação Beth-El. Em nome das quatro gerações da família, Jorge Feffer, falou do carinho e valor do aprendizado, da figura do moré. A filha de Nelson destacou o pai, o marido e o amigo que todos apreciam. “Para meu pai, nada é difícil, tudo é bom”. Rabino Yehuda presenteou Rozenchan com o diploma do plantio de árvores do KKL em Israel.
A inclusão faz sucesso
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exposição “A Essência do Momento”, com trabalhos de fotógrafos profissionais e de integrantes do grupo Chaverim, foi um sucesso durante os 25 dias expostos no Memorial da Inclusão da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Durante os 25 dias de sua permanência no Memorial da Inclusão da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, a mostra recebeu 1.276 visitantes
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Nanotecnologia, a revolução do século 21
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Jornada do Holocausto Durante a VI Jornada de Ensino do Holocausto em Porto Alegre, organizada pela B’nai B’rith, foi exibido o filme Sobrevivi ao Holocausto, de Márcio Pitliuk, contando a trajetória do sobrevivente Júlio Gartner. O presidente do Conselho da Rede de Comunicação RBS Nelson Sirotsky doou quinhentos DVD’s para distribuir aos professores da rede pública presentes à Jornada.
Jovens capixabas em Israel Em 2014, Laís, Rafaela e Jéssyka, alunas do Espírito Santo, venceram o Prêmio Jovem Jornalista, criado pelo Instituto Vladimir Herzog para a melhor reportagem que trata da consciência crítica pelos direitos humanos. As estudantes viajaram durante dez dias por Israel, como prêmio. A CIP e a Conib convidaram as jovens para debater com membros dos seus grupos juvenis. Contaram: “Em Jerusalém, há um peso forte dos lugares sagrados das várias religiões, todos muito bem preservados, ainda que estejam em um Estado judeu”. A visita ao Yad VaShem foi “pesada, tensa”. As estudantes admitiram que antes da viagem pouco sabiam sobre o Holocausto. Chocou-as, a “máquina de propaganda nazista contra os judeus”. “No museu, fica tudo palpável. Daqui, é uma coisa muito distante. Contamos aos colegas o que vimos e eles tiveram a mesma reação que tínhamos antes da viagem. É necessário ver de perto”.
diretor do Centro de Nanotecnologia da Universidade Hebraica de Jerusalém (UHJ), Uriel Levy, reuniu-se com jovens investidores e empreendedores em São Paulo a convite dos Amigos da UHJ no Brasil e da Cambici. Levy contou a respeito dos novos produtos desenvolvidos no Centro: “the invisible cloak”, material que, colocado sobre um objeto, o torna invisível; um sistema de navegação autônomo, sem necessidade do GPS, que funciona em túneis, locais fechados e até embaixo da água; e uma nova tecnologia para criar cores artificiais sem pigmentos. “Tudo a partir da nanotecnologia, que pode ser empregada nos campos da energia, meio ambiente, saúde, co-
municação e segurança, entre outros”, explicou Levy. Várias startups de sucesso nasceram na UHJ e os produtos nanotecnológicos são vendidos ao redor do mundo, movimentando mais de quatrocentos milhões de dólares anualmente.
Congresso Sefardita no Rio de Janeiro
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XI Congresso Sefardita (Confarad) foi realizado no Clube Israelita Brasileiro, no Rio de Janeiro e se debateu a atual situação de Israel e as relações internacionais, os sefarditas e a globalização, a nacionalidade portuguesa e espanhola para os descendentes de sefarditas, e a situação mundial dos Bnei Anussim e sua relação com Israel. A sessão de abertura teve a presença do embaixador da Espanha, Manuel de la Camara Hermoso, do cônsul espanhol no Rio de Janeiro Manuel Salazar, do presidente da Confarad Samuel Benoliel e de Arnaldo Niskier, da Academia Brasileira de Letras. O embaixador de Israel Reda Man-
sour, de origem drusa, disse que “esta noite me sinto um judeu sefardita, pois em Israel é grande a família de judeus sefarditas com o sobrenome Mansour. E servi dois anos na embaixada em Portugal antes de me transferir para a América do Sul”.
Outubro Rosa no Einstein
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Grupo Estée Lauder, da família do ativista comunitário Ronald Lauder, realiza a Campanha de Conscientização sobre o Câncer de Mama desde 1992. Sua idealizadora, Evelyn H. Lauder, é a responsável pela criação do laço rosa, atual símbolo universal da luta pela saúde da mulher. Ativa em setenta países, a campanha tem a Clinique como marca apoiadora no Brasil. Este ano, 23 pacientes do Hospital Israelita Albert Einstein com câncer de mama tiveram um dia de beleza da Clinique Brasil, quando participaram de um desfile dentro do centro médico.
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AGENDA
Samaritano recebe a Wizo
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grupo Tzehirot, da Wizo, preparou uma festa, no Dia das Crianças, para mais de setenta atendidos pelo Projeto AMA (Programa de Assistência Multidisciplinar Integrada), no Hospital Samaritano, em parceria com a Secretaria da Saúde da cidade. O grupo Tzeirot distribuiu brinquedos e guloseimas recebidos em doação, interagiu com os assistidos, e Perla Mosseri contou histórias. “Enfim, uma tarde linda”, resumiu uma das meninas com seus pacotes.
A Árvore Genealógica
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ascendência genealógica está presente no Tanach assim como na Amidá, a oração que inclui o trecho “bendito é o eterno, nosso Deus e Deus de nossos antepassados, Deus de Jacó, Abraham e Isaac”. Assim como os nomes: Abraham ben Moshé, Abraão filho de Moisés, Ester bat Sara, Ester filha de Sara. Pela coleta de dados e a ajuda de documentos é possível encontrar familiares, ascendentes e descendentes, uma valiosa lembrança para as novas gerações. Essa é a Árvore Genealógica Judaica que Franklin Kuperman idealizou há
mais de uma década, hoje com mais de 139 mil nomes e sobrenomes. A preservação da memória judaica passa pela genealogia e esse projeto faz com que cada pessoa tenha a sua Árvore Judaica e de sua família, como presta um bem à comunidade. Ao enviar dados como nomes/sobrenomes (de solteira, no caso de mulheres), data de nascimento, casamento e falecimento, local do enterro para fkuperman@arvorejudaica.com.br, as pessoas receberão um número maior de nomes que fazem parte da Árvore Genealógica.
Israel recebe turistas
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ais de cem mil turistas passeiam por Israel, em grupos ou individualmente. Um vasto programa de eventos acontece em diversos pontos do país, como a Tune in em Tel Aviv, encontro internacional da indústria de música ao vivo, o mais importante des-
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se tema no Oriente Médio, de 11 a 15 de novembro. Também o Festival de Órgão Terra Sancta, com atividades culturais em Tel Aviv-Yafo, Nazaré e Jerusalém, produzido pela Custódia da Terra Santa”, conta o diretor-geral do Ministério de Turismo israelense, Amir Halevi.
9, 16, 23 e 30/11 – Ciclo de palestras: “Brasileiros Sobreviventes do Holocausto”, às 19h, na Livraria Cultura/ Conjunto Nacional 10 a 12/11 – Simpósio Internacional na USP, “Setenta Anos do Fim da Segunda Guerra Mundial”, com emissão de certificados. Programação e inscrição, gratuita, pelo site www.segundaguerramundial.fflch.usp.br 16 e 17/11 – Das 11h às 19h, OBazar no Buffet França. Serviço de vallet. Realização do Grupo Chaverim 16/11 – Palestra do economista Alexandre Schwartsman, “Para Entender a Crise”, na sede da Wizo, às 20h numa realização Grupo Barak. Convites com Liane, fone 3257-0100 24/11 – 20h, Buffet França. Amigos Brasileiros do Sheba Medical Center de ISrael convidam para jantar com o diretor e CEO do centro médico israelense Zeev Rotstein 30/12 a 3/1 – Viagem de Réveillon da Na’amat Pioneiras, no Spa Sport Resort em Itu. Informações e reservas, fone 3667-5247 ou pelo e-mail naamat@naamat.org.br 29/12 a 3/1 – Réveillon é com a Wizo em Limeira, Águas de São Pedro, Campinas e Holambra. Seguro viagem e brinde. Informações, com Liane pelo fone 3257-0100
Lembrando Ben Abraham
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á mais de trinta anos o nome dele era sempre anunciado na maioria dos eventos da comunidade: “Também está presente o presidente da Associação dos Sobreviventes do Holocausto, senhor Ben Abraham”, e lá vinham as palmas para um homem baixo, de terno e gravata, passos firmes, olhar grave que não desviava para os lados e que falava o português típico e meio atrapalhado dos imigrantes europeus recém-chegados, embora estivesse no Brasil desde o final dos anos 1940. O lugar da Sherit Hapleitá, a Associação dos Sobreviventes, por enquanto estará vago porque Ben Abraham, aliás Henry Nekricz, nascido em dezembro de 1924, na Polônia, morreu dia 9 de outubro, aos 91 anos. Ele foi, no Brasil, uma das mais importantes memórias e testemunhas do Holocausto, escritor
de muitos livros a respeito do tema, dono de prêmios e honrarias como a Chave de Ouro do Memorial Yad Vashem, lutador incansável do lembrar para nunca esquecer, um batalhador em favor de dar voz aos que foram calados e vida aos que foram desumanizados por aquela que se pode considerar uma das maiores tragédias da humanidade, a Shoá. Entre 1943 e 1945, Ben Abraham passou por vários campos de concentração e sobreviveu ao final da guerra em Auschwitz, onde a família de duzentos parentes, menos ele e um primo, virou cinzas. Quando se descobriu vivo em meio aos mortos assumiu a tarefa de pregar contra o obscurantismo, a intolerância, o racismo, a discriminação e o antissemitismo. Ele sabia do que falava. (B.L.)
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1. Médico da Faculdade de Medicina da USP, Jamal Azzam atendeu a Feliz Idade com exames de audiometria; 2. No Centro Novo Horizonte, Alexandre Altman leu a Torá no dia do bar-mitzvá; 3. Felizardo, Davis Kelton Fridman vai viajar no MSC Splendida, por conta da Promoação Eventos. Ganho no sorteio do show Roupa Nova; 4. Einstein foi o personagem do encontro com o cineasta João Roberto Gaiotto, José Luiz Goldfarb, historiador Alfredo Tolmasquim e José Goldemberg, presidente da Fapesp; 5. Esther Schattan falou sobre sua Ornare no Seminário Lide Mulheres Empreendedoras; 6. Passa o tempo e Lúcia Akerman confirma o acerto da ideia de cercar a área das tartarugas, no clube; 7, 8. e 9. Na Galeria de Arte: Carol Birenbaum, diretor Olívio Guedes, artista Franchini e Mônica T. Huzler; Miriam Nigri Schreier; o pintor e Avi Gelberg; 10. Lúcia Chermont, do Arquivo Histórico Judaico Brasileiro, falou sobre “Os Judeus em Higienópolis”, para a Feliz Idade; 11. Disney Rosseti, novo superintendente da Polícia Federal em São Paulo recebeu diretores da Conib e Fisesp; 12. Aventura em Paraty é o décimo segundo. livro escrito por Fábia Terni
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1. 2, 3, 4 e 7. A noite do HEADTalks levou quase 150 participantes ao clube: Joana Hidal, Dana Revi Chayo e Elisa N. Griner; Karin Didio Sasson, da Conib; jornalista Mona Dorf; David e Jacques Benadiba; e Andréa Bisker na apresentação; 5. Gabriel Jarovsky e Daniel Setton mostraram a criatividade do Viking Labs no badalado Pixel Show; 6. Renato Hersz e Nelson Milner no encontro com o professor Uriel Levy, do Centro de Nanotecnologia da UHJ; 8. Na Assembleia Legislativa, Bruno Lascowsky e Ricardo Berkiensztat, da Fisesp, com Sérgio Serber, em
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homenagem do Conscre a Jaime Spitzcovsky; 9. Junto ao Fit Center, a lembrança merecida a Horácio Lewinsky (z’l). A matriarca Rebeca, filhos, nora e netos receberam o carinho da diretoria e sócios do clube; 10. No Casual Mil, a família Fleischman comemorou o bar-mitzvá de Danilo com a música de Soli Mosseri; 11. José Ricardo Basiches convidado do ciclo de palestras MCB-ARQ!BACANA 2015, no Museu da Casa Brasileira
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1.Ao lado de Felipe, papai Fernando Rovner viveu a emoção da cerimônia de bar-miztvá na Sinagoga do clube; 2. Presidente Roberto Cappellano e diretores do Clube Pinheiros em visita de boa vizinhança a Avi Gelberg; 3, 4, 5 e 6. Cem anos bem comemorados. Na Sala São Paulo, convidados pela Unibes: Dan Stulbach e Didi Wagner, apresentadores da noite; Beth Szafir, Beth Arbaitman e Celia Parnes; Bruno Assami, secretário estadual Floriano Pesaro e Marcelo Araújo com a anfitriã Celia Parnes; senador José Serra e Décio Goldfarb; 7, 8, 9 e 11. A Noite do Rock bombou na Praça Carmel: badalação total, Banda Zero Onze e Charles Edward com seu bar reviveram a música que embalou e continua agitando gerações
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capa | festival carmel | por Magali Boguchwal
OS GRUPOS DA HEBRAICA ENCERRAM OS SHOWS PRINCIPAIS COM UMA COREOGRAFIA MASSIVA
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Ritmo, fôlego e muita tradição DOIS GRUPOS DE ISRAEL, UM DO URUGUAI E OUTRO DA ARGENTINA SE JUNTAM ÀS OITENTA LEHAKOT DO BRASIL PARA DAR SIGNIFICADO AO TEMA DO 35º FESTIVAL CARMEL: LE OLAM (“PARA SEMPRE”, EM HEBRAICO), DIAS 11, 12 E 13 DE DEZEMBRO
DANÇA APRESENTADA PELO GRUPO MISGAV, DE ISRAEL, HOMENAGEANDO O EXÉRCITO, FEZ SUCESSO NA 34ª EDIÇÃO
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grupo de danças Misgav vem ao Brasil pela terceira vez ao Brasil se apresentar no Festival Carmel. Já o grupo de dançarinos cadeirantes mantido pela prefeitura de Hertzlia embarca no início de dezembro para estrear na 35ª edição, que será realizada dias 11, 12 e 13 de dezembro. Além deles, o grupo Shorashim, do Uruguai, e Na’alé, da Argentina, serão as atrações internacionais >> do evento
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capa | festival carmel
NO SHOW EM PARCERIA COM O GRUPO CARMEL, OS DANÇARINOS DA LEHAKÁ KADIMA SUPERARAM AS EXPECTATIVAS
>> “Também teremos a participação de Eran Bitton, o jovem e dinâmico coreógrafo que fez muito sucesso no ano passado. Ele chega a São Paulo com alguma antecedência e lidera uma harkadá e um workshop na véspera do Festival”, informa a coordenadora do Centro de Danças e diretora artística do Festival, Nathalia Benadiba Segundo ela, a coincidência do 40º aniversário do grupo Carmel e a 35ª edição do festival inspiraram a escolha do tema. “Os shows e atividades vão tratar de como é importante eternizar o amor, a paz e cultivar a tradição e as boas recordações”, comenta. A comemoração do aniversário do grupo Carmel, reunindo ex-dançarinos e coreógrafos na Praça Carmel serviu de bom ponto de partida para divulgar a 35ª edição do Festival. “Estamos trabalhando há meses no planejamento do festival e também na pesquisa de dados e imagens a respeito da história do grupo, conhecido durante alguns anos como a lehaká da Hebraica. No encontro das gerações anteriores e atual do grupo Carmel sobraram menções à passagem do tempo e histórias de via-
gens e shows que entraram para a história do grupo”. “Nessas semanas que antecedem o festival, vamos colher depoimentos de ex-dançarinos que serão exibidos sem interrupções durante as 72 horas do festival. A reação provocada pelas fotos exibidas hoje e a animação dos dançarinos, que vieram ao encontro, revela o sucesso da coreografia que será apresenta-
da por todos os que integraram o grupo Carmel”, declarou Nathália dirigindo-se às famílias presentes ao encontro. Até há pouco tempo, ela era coreógrafa do grupo, depois de passar por todos os estágios e grupos antes de se tornar dançarina do Carmel. Como novidades, faz parte da programação do Festival Carmel na noite de sábado haverá um show dedicado aos movi-
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AGENDA DA JUVENTUDE 7 e 8/11, no Espaço Adolpho Bloch – O evento “A Ponte” com o grupo Jovens sem Fronteiras vai ser realizado em um final de semana para debater as pontes visíveis e invisíveis na cidade e como cada setor pode contribuir para atravessá-las. Inscrições gratuitas e obrigatórias para participação no link http://goo.gl/forms/cFVAUUMXT9. 8/11, às 16 horas, no Teatro Anne Frank – Festival Taiguarinha, em cinco apresentações beneficentes em prol da Casa Taiguara, para encantar a criançada. Agora é a vez de o Trilili agitar o palco. As entradas podem ser adquiridas no site www.casastaiguara.org.br.
TODOS QUISERAM PARTICIPAR DO BRINDE, NO ENCONTRO COMEMORATIVO DO 40O ANIVERSÁRIO DO GRUPO CARMEL
mentos juvenis. “A ideia é realizar um torneio entre as torcidas na plateia”, adianta Nathalia. E anuncia um espaço destinado à convivência em família na forma de “um grupo formado por pais e filhos, além de muita gente que gosta de curtir a família durante uma harkadá ao ar livre”. O Kabalat Shabat de abertura da 35ª edição será no Centro Cívico, como nas edições anteriores do festival. “Existe
muita expectativa em torno do show dessa primeira noite”, comenta a coordenadora. “Enfim, muito melhor do que falar a respeito do que haverá no 35 Festival Carmel é aproveitar cada minuto do evento, shows, atividades e a convivência que sempre nos leva a desejar que nunca acabe...”, convida a coordenadora. Veja mais fotos na pág. 43
Dois ícones no palco
PRESENÇA CONFIRMADA NESTE FESTIVAL
CARMEL DO GRUPO AMEINU, DE PORTO ALEGRE
Os grupos de Porto Alegre Carmel e Kadima se apresentaram juntos no Teatro Arthur Rubinstein para uma plateia lotada. Antes da abertura das cortinas, gaúchos e paulistas passaram dois dias em intensa convivência, alternando ensaios e atividades de integração que se refletiram na performance de ambos os grupos, e inspiraram ideias para parcerias futuras.
15/11, às 16 e 19 horas, no Teatro Anne Frank – O Centro de Música Naomi Shemer apresentará dois shows realizados pelos alunos em conjuntos ou em performances solo, sempre com o apoio dos professores e entrada gratuita. 15/11, às 11 horas, na Praça Carmel – O Ateliê Hebraica promove mais uma ateliê com artes, atividades durante as quais crianças e adultos se divertem manipulando materiais específicos e construindo objetos a partir da técnica proposta pelas professoras. O evento é gratuito. 19/11 – Depois que as inscrições se esgotaram rapidamente, o Hebraica Adventure embarca para Inhotim, em Minas Gerais, para visitar a galeria a céu aberto e participar das atividades propostas pelos monitores do Adventure. 30/11 – Os alunos da Escola Maternal e Infantil participam de programação especial de final do ano letivo e o encerramento de ciclo escolar para os alunos do Jardim 2.
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juventude > teatro
ENSAIOS DO GRUPO QUESTÃO INCLUÍRAM OFICINAS DE CAPOEIRA, QUE AJUDARAM OS ATORES NA COMPOSIÇÃO DOS PERSONAGENS CRIADOS POR JORGE AMADO
Educação através do palco EM 1985 HEITOR GOLDFLUS REALIZAVA O SEU PRIMEIRO TRABALHO, O GÊNIO DO CRIME. AGORA, DIA 14 DE NOVEMBRO, ESTREIA GRUPO QUESTÃO CONTA CAPITÃES DA AREIA, MAIS UMA PRODUÇÃO DEPARTAMENTO DE TEATRO DA VICE-PRESIDÊNCIA DE JUVENTUDE
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notem. 14 de novembro, 21 horas, é o primeiro espetáculo de Grupo Questão Conta Capitães da Areia no Teatro Anne Frank. O diretor, Heitor Goldflus, aproveitou a sugestão dos atores do grupo e se debruçou sobre o livro de Jorge Amado, escrito em 1937, cujo tema é o cotidiano de adolescentes abandonados na periferia de Salvador. O público terá mais quatro oportunidades para assistir à montagem, dias 15, 20, 21 e 22, esta última com a presença dos jurados do Festival de Teatro Acesc. “Cinco sessões são um luxo comparado à única sessão de O Gênio do Crime, encenada pelo grupo NDA em 7 de dezembro de 1985”, diz Goldflus,
que adaptou os textos e a direção dos espetáculos. Em 1985, O Gênio do Crime, livro de autoria de João Carlos Marinho, foi best-seller entre os adolescentes e ganhou uma versão cinematográfica. “Os personagens do livro tinham aproximadamente 14 anos, a mesma faixa etária dos garotos que na época aceitaram integrar o novo grupo de teatro. A proposta partia do Chevrat Neurim, movimento juvenil que antecedeu o Hebraikeinu “A Hebraica se firmara como produtora de teatro, participava e servia de sede para os festivais da época. Completei o elenco desse novo grupo com alguns dançarinos que conheci numa machané
do grupo Shalom. O coreógrafo da época, Gingi (Alberto Worcman), me convidou para ministrar algumas atividades para os dançarinos no evento e concordamos que o convite seria uma boa ideia. Fixamos os ensaios, ao sábados, logo após o almoço, o que permitia aos atores participarem também das outras atividades. Ajudou muito o fato de quase todos se conhecerem”, lembra o diretor. Antes de liderar o grupo que viria a se chamar NDA (de “Nenhuma das Anteriores”), Heitor, jovem estudante de engenharia, era assistente de direção de Aparecido Leonardo (Cido), funcionário do clube que cuidava da manutenção e das montagens teatrais. “Cido não se interessou pelo projeto do novo grupo, me propôs trabalhar com os garotos e se ofereceu para ajudar quando eu precisasse”, conta Heitor. O nome do grupo surgiu durante o processo de montagem da primeira peça e se refere a uma das opções em testes de múltipla escolha comuns em provas escolares. Até 1992, sucessivos elencos montaram espetáculos de várias temáticas. Encenar O Gênio do Crime de tal forma marcou os atores que, em recente encontro para comemorar o trigésimo aniversário da peça, quem conseguiu comparecer trouxe exemplares do texto manuscrito, ingressos, programas, esboços do que seria o cenário e até uma camiseta com a qual o grupo divulgou o espetáculo. “Guardei duas camisetas com o logo da peça durante todo esse tempo. Há alguns anos entreguei uma delas para o Caco Ciocler, no programa do Faustão. Era um quadro em homenagem à carreira do Caco e é claro que o NDA foi mencionado ”, lembra Sabrina Strul, que estreou no teatro como a protagonista da peça junto com os irmãos Filip e Willly. Quando se menciona o Gênio, uma história puxa a outra. “Não dá para esquecer a saída para fotografar as cenas de perseguição. Os slides ficaram prontos no dia em que outro elenco do clube se apresentaria no Paulistano e por causa deles chegamos atrasados para cuidar da luz e do som. O Cido ficou muito bra-
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vo e pediu de volta o molho de chaves do do teatro. Senti muito a perda dessa regalia de poder entrar e sair da cabine e dos camarins à vontade”, conta o arquiteto Paulo Elman, responsável pela montagem do audiovisual apresentado na peça. “Na época, o que se fazia era coordenar a sequência de slides com a trilha sonora gravada em fita de rolo”, lembra. “Dava um trabalhão”, completa. Do grupo que encenou O Gênio do Crime, só Heitor e Caco seguiram carreira profissional como atores. A bióloga Déborah Gidali fez teatro enquanto cursava a universidade e Henry Jasinovodolinsky (Pudim) trabalha com psicodrama em Israel, onde vive desde os anos 90. “Ao longo da história do NDA, outros atores seguiram a carreira artística, opção que ganhou aceitação por parte das famílias. Recentemente, uma das atrizes do grupo Questão, Tatiana Steinecke, tornou-se estagiária da área de teatro, o que me deixa muito orgulhoso”, informa Heitor. Depois da estreia de O Gênio do Crime, Heitor embarcou para Israel onde permaneceu um ano. O grupo se manteve ativo, mas nada produziu até ele voltar, quando encenaram uma versão de Os Meninos da Rua Paulo com parte do elenco original e alguns acréscimos. Ronaldo Borger, um dos que não pode vir ao encontro de trinta anos, vive nos Estados Unidos e via internet rememorou um detalhe que marcou a carreira da segunda peça do NDA. “Acho que todos lembram de um ensaio para um representante da censura. Foi péssimo, mas pelo menos a peça passou pela censura. E isso foi depois 1985. Resquícios da ditadura. Anacrônico e terrível”, opinou. O grupo continuou sua trajetória e montou, entre outras peças Pic Nic no Front(1989), Liberdade, Liberdade (1990). Na esteira de lembranças, um projeto inacabado que tratava da Semana de 22: “Eu e o Borguinho (Ronaldo Borger) fomos ao Estadão revirar os arquivos de publicações do jornal a respeito da Semana de Arte Moderna”, lembrou Daniel Hamaoui, via internet. Heitor e mais outros profissionais e vo-
luntários construíram uma filosofia de trabalho que prioriza o crescimento pessoal dos envolvidos. É forte o estímulo para os pequenos sócios experimentarem o palco ainda como chanichim do Hebraikeinu, depois nos cursos e dali para frente em grupos como o Questão, para jovens entre 15 e 18 anos. “Há trinta anos os atores de O Gênio do Crime tiveram aulas com uma fonoaudióloga, além de outras atividades extrapalco. O grupo Questão participou de uma oficina de capoeira para incorporar os personagens de Capitães da Areia e tenho certeza de que, daqui a trinta anos eles se lembrarão de um ou mais fatos da época em que atuavam na Hebraica”, completa o diretor. Cara a cara com o autor Uma lembrança coletiva dos atores de O Gênio do Crime foi o suspense a respeito da autorização do autor João Carlos Marinho para a apresentação da peça. “Quem faz teatro na Hebraica sabe a dificuldade que é garantir datas, divulgar e, afinal, concretizar o projeto. Entreguei o roteiro manuscrito para o João e ele demorou para dar um retorno e marcar uma conversa”, lembra Heitor. “Acertamos dia e hora para ir à casa dele, em Guarulhos, e na volta tínhamos um ensaio importantíssimo. Já na entrada, eu, o Paulinho (Paulo Elman) e o Felício Hamaoui vimos
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que o João Carlos tinha em mãos nosso roteiro todo marcado e não parecia inclinado a autorizar. Declarou ter odiado a versão para o cinema, mas a nossa parecia boa, a mais fiel que já vira até aquele momento. Respondi que eu apenas transpusera o livro para o palco, na medida do possível”, continua Goldflus. “Ele imaginava uma temporada completa, queria acompanhar os ensaios e nossa estreia seria dali a alguns dias. Imploramos para pelo menos deixar passar a estreia. O tempo corria e ele analisava cada personagem”, narra o diretor. Nesse ponto, o arquiteto Paulo Elman dá um aparte. “Por sorte, não percebeu que em razão do grande número de meninas no elenco, o Heitor dera o papel principal para a Sabrina.” Heitor volta à narrativa. “Pela insistência dele, percebi que o livro era autobiográfico e que ele vivera a aventura do protagonista na infância. Antes de nos dar a permissão, ele se enfureceu por algum detalhe, quase arremessou um cinzeiro na gente, mas depois se acalmou”, detalha. “Enfim, voltamos para o teatro e demos a feliz notícia ao elenco que nos esperava apreensivo. A estreia foi dia 7 de dezembro de 1985, sem a presença do autor. Foi uma das ocasiões em que o teatro da Hebraica lotou e até hoje, não soubemos de outra montagem do livro”, finaliza Elman.
Agenda do teatro Grupo Questão Conta Capitães da Areia Dia 14, às 21h, e dias 15, 20, 21 e 22, às 19h, no Teatro Anne Frank
E Como vocês… Romeu e Julieta Dia 5/12, às 15h Uma Imagem 100 Revelações Dia 5/12, às 19h, no Teatro Anne Frank
Uma Questão de Classe (Hebraikeinus I e II) Dia 28, às 15h, no Teatro Anne Frank
A Grande Confusão Dia 6/12, às 15h, no Teatro Anne Frank
A Ilha do Soldado Dia 28, às 19h30, no Teatro Anne Frank
Sherlock Holmes e o Misterioso Caso do Retrato Oval Dia 6/12, às 19h, no Teatro Annte Frank
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juventude > fotos e fatos 1.
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7. 1. e 7. Ilan Brenman ministrou palestra sobre literatura infantil para alunos do Meidá e sócios; 2. e 3. A exibição do filme O Menino e o Mundo despertou o interesse da garotada. Gustavo Kurlat e Ruben Feffer satisfizeram a curiosidade do público sobre a trilha sonora e outros aspectos técnicos da produção; 4. Duas harkadot infantis movimentaram a Praça Carmel durante a programação do Dia das Crianças; 5. O Hebraica Adventure levou um grupo de sócios para o Scape 60 uma das atrações mais procuradas na cidade; 6. A apresentação da professora Lucila Novaes na Praça Carmel encantou as crianças e transformou o perfil da programação do Hebraica Meio-Dia
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1. O coral da Hebraica e o maestro Leon Halegua foram um dos protagonistas do programa “Gente que Faz”, gravado no Teatro Anne Frank; 2. e 6. Bela Vaie, coordenadora pedagógica da Escola Maternal, e a vice-presidente de Juventude, Elisa Griner, deram as boas-vindas ao público no encerramento da programação dedicada ao Dia da Criança. O show “Beatles para Crianças” mostrou o quanto a garotada curte um bom rock; 3. e 4. Carolina Caliman e Carla Catap Strauss, da empresa Assinatura de Estilo, ministraram uma oficina para as jovens que participam da programação “Meu Momento”, promovida pelo Centro de Danças; 5. Os chanichim dos Hebraikeinus 3 e 4 participaram de um workshop dentro da temática da Corrida e Passeio Rios e Ruas
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juventude > danças
Várias gerações de dançarinos e coreógrafos que integraram o grupo de danças Carmel compareceram ao encontro comemorativo do quadragésimo aniversário da lehaká. Sobraram risadas diante das fotografias das apresentações e viagens feitas em várias épocas. Depois de duas apresentações feitas por ex-dançarinas, todos se animaram e recordaram os longos ensaios, sequências de passos e a alegria de pertencer ao Carmel
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Em clima de comemoração do aniversário do grupo Carmel e de preparação para o Festival Carmel, o Centro de Danças promoveu um show com a participação dos grupos Carmel, de São Paulo, e Kadima, de Porto Alegre. Semanas depois, todos os grupos de dança da Hebraica participaram de um luau que lotou a Esplanada de cores e movimentos
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esportes > ginástica artística
Primeiro obstáculo ESTE FOI O DÉCIMO QUINTO ANO EM
QUE O CLUBE FOI SEDE DA SEGUNDA FASE DO TROFÉU SÃO PAULO DE GINÁSTICA ARTÍSTICA, O INÍCIO DA CARREIRA COMPETITIVA DOS ATLETAS INSCRITOS EM AGREMIAÇÕES DA GRANDE SÃO PAULO E DO INTERIOR
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carreira competitiva, na Hebraica, de 52 atletas começou com a disputa do Troféu São Paulo de Ginástica Artística – segunda fase, realizado no Centro Cívico com equipes mantidas pelas prefeituras de Osasco, Jandira, Bragança Paulista, São Roque, Salto e Mogi das Cruzes e pelas agremiações Associação Atlética Banco do Brasil, São Paulo Futebol Clube, Escolas Ibirapuera, Paulo de Andrade, CCSS Osasco, Sociedade Esportiva Palmeiras, Anhembi Tênis Clube, Escola Paulo de Andrade, Clube de Regatas Tietê, Clube Athlético Paulistano, Sesi, Mercedes Benz e Adeco. Trata-se do maior torneio de massificação para equipes de base. É nesta competição que se iniciam o desenvolvimento e formação dos atletas avaliados por árbitros da Federação Paulista de Ginástica Artística e os técnicos recebem as diretrizes para preparação técnica dos ginastas estreantes. “O medalha de ouro na Olimpíada de Londres, em 2012, na prova de argolas, Arthur Zanetti, por exemplo, estreou como atleta em uma das edições do Troféu São Paulo”, informou a coordenadora da modalidade, Rose Lamarca. Além de medalhas e diplomas de participação distribuídos aos participantes do torneio, a Hebraica conquistou o segundo lugar nos níveis A e B masculino e sexto lugar nos níveis A e B feminino. (M. B.)
ATLETAS DA HEBRAICA TIVERAM BOM DESEMPENHO NA SEGUNDA FASE DO TROFEU SÃO PAULO DE GINÁSTICA ARTÍSTICA
AGENDA DE ESPORTES 15 e 29/11, às 8h30, com saída da portaria da rua Angelina Maffei Vita – O Hebike programou dois encontros para os adeptos de passeios ciclísticos com segurança e apoio. Pessoas de qualquer idade podem participar, com bom fôlego e entusiasmo. Em dezembro, o próximo será dia 13. Sábados e domingos – Dezenas de sócios frequentam as aulas abertas de hidroginástica em vários horários na piscina semiolímpica II. O Departamento Geral de Esportes quer ampliar o grupo e dar aos sócios de todas as faixas etárias a possibilidade de atividade física, entretenimento e oportunidades de socialização. 2/12 – Rematrícula dos alunos da Escola de Esportes para o ano letivo 2016. Terão vaga garantida os alunos que frequentaram as aulas em 2015. As rematrículas podem ser feitas pessoalmente ou por meio do portal do associado na página da Hebraica (www.hebraica.org.br). Zumba – A modalidade do Fit Center caiu no gosto do sócio que procura atividades com dança e fitness inspirada em ritmos latinos (salsa, cumbia, regaeton, merengue e outros). As aulas são animadas, empolgantes, de fácil assimilação e indicadas para todas as idades. Inscrições e grade de horários no Fit Center.
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triatleta David Nisenholz foi convidado a complementar seu treinamento na Hebraica e, por isso, o nome do clube estará na sua camiseta e veiculado nos meios de comunicação, em 2016. O ex-presidente Marcos Arbaitman apresentou Nisenholz ao presidente Avi Gelberg que concordou em a Hebraica apoiar a carreira do jovem. “Em 2016, participarei em nome da Hebraica do Triathlon 70.3, prova prevista para acontecer no Rio de Janeiro na mesma época das Olimpíadas. Em seguida, correrei em Dubai”, conta David. O publicitário de 33 anos treina diariamente corrida, bicicleta e natação. “Completei 15 Ironman, além de outras provas que combinam duas modalidades, mas o 70.3 é diferente, pois embora envolva metade das distâncias do Ironman – normalmente 3,8 quilômetros de natação, 180 quilômetros de bicicleta e 42 quilômetros de corrida –, o tempo da prova que é menor”, explica. Ele está satisfeito com os resultados das provas disputadas nos últimos três anos. “Venho conseguindo boas colocações em provas de biathlon (natação e corrida) e em travessias de mar aberto, que representam um grande desafio
Triatleta veste camisa da Hebraica DAVID NISENHOLZ COMEÇA A TREINAR NA PISCINA OLÍMPICA
DO CLUBE ESTE MÊS COM VISTAS A DUAS PROVAS INTERNACIONAIS, UMA NO RIO DE JANEIRO E OUTRA EM DUBAI EM 2016 principalmente de resistência. Recentemente, completei a travessia entre as Ilhas Cagarras e a praia de Ipanema, no Rio de Janeiro, restrita a atletas convidados. Dos 74 participantes, apenas a metade completou a prova e eu era o único paulista entre eles”, destaca. Ao incluir a Hebraica na sua rotina de treinamento, David será presença constante na piscina, onde permanecerá três a quatro horas se exercitando. “Nós, triatletas, alternamos as modalidades, então eu me revezarei entre a Hebraica, o Parque Ibirapuera e a USP, onde pratico ciclismo e
corrida respectivamente”, explica. Para o triatleta, o apoio da Hebraica representa uma espécie de volta às origens, pois no início dos anos 2000, treinava no clube. “Tenho boas lembranças da piscina e também do Centro de Preparação de Atletas, onde praticava musculação e fiz muitos amigos”, recorda. “Depois passei a treinar em outros locais, especialmente quando praticava surfe e morei por seis meses no Havaí, mas frequento os serviços religiosos de Rosh Hashaná e Iom Kipur”, completa o triatleta. (M. B.)
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esportes > curtas
Futebol society Em meados de outubro, começou a 3ª Liga Interna de Futebol de Base, com empolgantes partidas realizadas durante horários de treinos das categorias sub-11/12, sub-13 e sub-15. A denominação dos times tem por base as seleções da Copa das Confederações. Serão cerca de cinquenta jogos até a final, em dezembro, com direito a transmissão em tempo real por ∂ meio do instagram: futebolhebraica.
Atletas na TV Os atletas Felipe Wu e Rafael Silva (Baby) estrelaram o programa “Vila Bandsports”, comandado pelo jornalista Elia Júnior. Baby, judoca da seleção brasileira, que treina no Esporte Clube Pinheiros e o campeão pan-americano de tiro esportivo, Felipe Wu, que treina na Hebraica, experimentaram a modalidade um do outro.
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Basquete sub-10 No final de setembro, os alunos da Escola de Esportes representaram o clube no Festival de Basquete Sub-10 no Esporte Clube Pinheiros, evento promovido pela Federação Paulista de Basquete. Os garotos ganharam todas as partidas.
Futsal em Curitiba Na última semana de setembro, a Hebraica disputou a Copa Interestadual de Futsal sub-15 em Curitiba, promovida pelo grupo NB Football de Curitiba. Sob o comando do técnico Celso Passos, os atletas enfrentaram outros quatro clubes. ∂
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Macabíada escolar A equipe pré-mirim de vôlei feminino disputou os XXXI Jogos Macabeus Nacionais Infantis, em São Miguel, na Argentina, e trouxe duas medalhas, uma de prata (6 x 6) e outra de ouro (quartetos). Ambas as finais foram contra times argentinos.
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Três modalidades Alunos da Escola de Esportes da Hebraica participaram do XXIV Festival das Escolas de Esportes do Clube Paineiras do Morumby. Neste evento, a Hebraica inscreveu atletas em judô, natação e futebol de campo.
Handebol invicto Até o fechamento desta edição, a equipe júnior masculina de handebol seguia invicta e com boas perspectivas para a fase final do torneio prevista para este mês (novembro). Já as categorias juvenil (sub-18), cadete (sub-16) e infantil (sub-14) masculinas estão entre as quatro melhores do estado e à espera de saber quem serão adversários nas semifinais. ∂
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Prata no squash A Hebraica foi medalha de prata no X Torneio Acesc de Squash, disputado no início de outubro contra seis outros clubes, sendo eles Esporte Clube Pinheiros, Ipê, Paineiras do Morumby, Clube Athlético Paulistano, São Paulo Athlético Club e Alphaville Tenis Clube.
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Tênis de mesa
Em clima de camaradagem e incentivo, o tênis de mesa realizou o sétimo ranking, cujo objetivo é colocar em prática os fundamentos aprendidos durante as aulas semanais e aumentar o número de integrantes da equipe competitiva. A cada rodada, os participantes acumulam pontos de acordo com o desempenho. Os oito primeiros colocados em cada uma das três categorias disputarão a grande final Top 8. (M. B.)
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magazine > entrevista | por Ariel Finguerman, em São Paulo
Entre dois mundos RENATO MEZAN (FOTO) REVISITA SEU CLÁSSICO LIVRO PSICANÁLISE, JUDAÍSMO E FALA DE CASAMENTOS MISTOS NO BRASIL, ESTADO DE ISRAEL E SIGMUND FREUD DURANTE ENCONTRO EM SÃO PAULO COM O NOSSO CORRESPONDENTE
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m todo o mundo as pessoas gostam de viver a saborosa nostalgia dos anos 1980. Exposições, livros e clubes noturnos revivem marcos como o hit We Are the World, cabelos cortados no estilo Duran, Duran, o rock da banda Legião Urbana e dos ternos com enchimentos nos ombros. E daquela época também vale lembrar o lançamento de um dos mais importantes livros de cultura judaica escritos no Brasil: Psicanálise, Judaísmo, do fi lósofo e psicanalista Renato Mezan. O livro, baseado em palestras de Mezan promovidas pelo falecido empresário Leon Feffer, marcou época ao tratar do judaísmo de Sigmund Freud e de que maneira isso influenciou a criação da psicanálise. Na obra, Mezan ainda tratou de antissemitismo, Estado de Israel, Cabala, Talmud e até da “angústia e dilaceração” em razão dos casamentos mistos que se intensificavam naquela época na comunidade judaica paulistana. Antes de se tornar um dos mais importantes teóricos a respeito de Freud e psicanálise no Brasil, Mezan lecionou história judaica no Colégio I. L. Peretz, flertou com a ideia de aliá e escreveu dois volumes de Caminhos do Povo Judeu, livro didático muito popular naqueles anos. Ele formou-se na Faculdade de Filosofia da USP, onde foi aluno da pensadora Marilena Chauí. Já sua educação judaica foi produto da CIP, da Chazit e do ano que passou no programa Machon Le-Madrichim, em Jerusalém. “Ali aprendi hebraico, Bialik e lia o Maariv”, lembra. Mezan, 65 anos, casado e pai de um casal de filhos, e o sócio 292 da Hebraica, que frequenta pelo menos durante o serviço religioso das Grandes Festas. Ele recebeu a reportagem da revista Hebraica em seu consultório, para uma entrevista de quase duas horas.
Hebraica – No livro, hoje um clássico, Psicanálise, Judaísmo, o senhor se revelou um erudito da cultura judaica. Mas de lá para cá, consagrou-se mesmo como um dos mais importantes pensadores da psicanálise no Brasil. Este interesse pela cultura judaica continua até hoje? Renato Mezan – Meu interesse não continuou com a mesma intensidade. Mas nas minhas últimas férias, deitado numa rede, li um livro muito bom, As Filhas de Rashi, de Maggie Anton. É um romance histórico a respeito da ideia de que este sábio teria ensinado Talmud às filhas. É um livro fantástico, que me fez voltar a consultar a literatura rabínica, agora pela internet. Mas não sou uma pessoa religiosa, nem observante. Em seu livro, o senhor busca a influência do judaísmo na psicanálise, mas isto fica sem uma resposta clara no final. Freud considerava esta influência essencial, no entanto tua conclusão pessoal é que esta ligação é improvável. Mezan – O meu livro começa com a frase de Freud de que somente um judeu descrente poderia ter inventado a psicanálise. Isto é uma asneira. Esta afirmação só merece atenção porque foi dita pelo próprio Freud e, convenhamos, como não dizia besteiras, então deveria ter alguma razão para dizer isto. Freud falava de uma forma judaica de pensar, e neste ponto dou razão a ele. O Talmud já trazia um legado de interpretação, de penetrar fundo num texto, descobrir camadas. A interpretação de Freud tem elementos comuns com o pensamento rabínico. Mas acho que não se deve exagerar isto. Há um livro de uma professora no qual tenta fazer uma ligação de Freud com o Zohar, e eu garanto que nas 6.500 páginas da obra dele não há uma menção sequer a esta obra da Cabala. O senhor aponta no livro algo importante: o judaísmo é uma cultura dinâmica que vai se transformando com o tempo. Por exemplo, um elemento que não havia na época de Freud é
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enquanto já esperassem violência por parte dos árabes. Quando um judeu fanático esfaqueia alguém, isto chama mais a atenção. Nesta linha, para o senhor a identificação com Israel acaba se tornando um fardo para o judeu paulistano? Mezan – Acho que não. Os judeus escrevem para a seção de leitores dos jornais, sentem-se identificados com Israel. Veja o que acontece na Hebraica, o maior centro da comunidade, durante o Iom Kipur. O serviço acaba com o Hatikva, todo mundo canta, mostrando identificação, orgulho. Isto atravessa todas as linhas, desde o apikores [herege] até o observante. Isto também tem a ver com o perfil da comunidade. Nos anos 1950, havia na comunidade muitos judeus de esquerda, membros do Partido Comunista. Hoje isto acabou e a utopia socialista foi substituída pela utopia israelense. No passado, Israel vivia com sua existência ameaçada, e lembro como acompanhávamos as guerras pelo rádio. Hoje o país é um fato, mais uma nação do mundo, e virou parte da vida cotidiana do judeu.
a existência de um Estado judeu no mundo, com todas as suas consequências. Nesta linha, como o senhor sentiu, por exemplo, no ano passado, a enorme repercussão do conflito em Gaza? O espaço dado na mídia brasileira foi impressionante. Mezan – Questões como a ocupação, algumas políticas discutíveis de Israel e o aumento da influência religiosa no país ganham muito destaque na mídia. Já coisas excelentes que acontecem em Israel não são divulgadas. Há uma percepção generalizada de que Israel é Golias, e os palestinos, David. Até o Hamas é visto como uma reação legítima, quer gostemos ou não. A maior parte dos leitores “pega o bonde andando” a respeito do conflito, esquecendo o que aconteceu no passado. É algo paradoxal: os brasileiros são mais sensíveis à brutalidade dos israelenses do que a dos árabes, como se esperassem um outro comportamento dos judeus,
No final do seu livro, quando esperamos uma grande conclusão acerca do que significa ser judeu, o senhor diz que este é um segredo que escapa pelos dedos. Será que vivemos como judeus, reproduzimos a cultura dos nossos ancestrais, mas passamos a vida sem saber ao certo o que isto significa? Mezan – Há muitas variações sobre como viver o judaísmo. Há pessoas para quem o judaísmo é o centro das suas vidas, como os religiosos. E há os laicos, para quem não é o único elemento. Entre estes A e Z, há muitas formas diferentes, com todas as letras do alfabeto. Não há um papa no judaísmo ou uma hierarquia, mas sim uma tradição de 2.500 anos de discussão. Judeu é aquele para quem a pergunta “o que é ser judeu” faz sentido. Eu, pessoalmente, me ligo ao judaísmo pelo intelecto. E acho o humor judaico a prova suprema do gênio humano, da capacidade de sempre se adaptar. >>
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magazine > entrevista >> Afinal, os judeus produzem o judaísmo ou é o judaísmo que nos dirige, sem sabermos ao certo para onde vamos, de forma inconsciente? Mezan – Há judeus que produzem judaísmo, tanto na cultura quanto na religião. E existe a maioria, que é levada por este movimento com maior ou menor grau de adesão. Mas isto acontece também com outras culturas. Ser brasileiro é simplesmente ter nascido no Brasil, gostar da música daqui, viver a história que é a nossa, e não necessariamente pensar no assunto. Por outro lado, há brasileiros como Gilberto Freyre e Darcy Ribeiro que procuraram entender isto de forma intelectual. Mas não te parece mais dramático pertencer ao judaísmo que à brasilidade? Mezan – Diria que é mais complicado, em função da história judaica. A complicação começou com a ocidentalização dos judeus, a partir da Revolução Francesa. Ali apareceu uma angústia. Antes, os judeus nasciam no judaísmo e morriam como judeus, tanto para si mesmos como para o olhar do outro. Depois, surgiu uma nova sociedade, de indivíduos em que se poderia mudar de classe social. A grande maioria dos judeus entrou nisso de cabeça, mas acabou vivendo entre dois mundos, numa grande ambivalência. Uma atração fantástica pela cultura ocidental, pela liberdade, conforto e avanços científicos, coisas muito atraentes para pessoas inteligentes como os judeus. Por outro lado, uma escolha também pela fidelidade à tradição judaica. É algo dilacerante. Neste sentido, seu livro também trouxe uma discussão importante sobre os relacionamentos mistos naqueles anos 1980, que como escreve, podem levar à uma “angústia e dilaceração”. Hoje, os filhos daquela geração, também vivem estes sentimentos difíceis ao optar por seus parceiros de vida? Mezan – O casamento misto se tornou mais aceito entre os judeus liberais. Com ou sem conversões, é algo mais tranquilo que nos anos 1980. Há pouco tempo, fui à CIP e passei os olhos na lista de membros da sinagoga. Acho que metade não tem nomes judaicos. Depois reparei na lista de nomes dos fundadores da sinagoga, gravados na parede, e ali todos os nomes eram ashkenazim. Como fenômeno social, os casamentos mistos tendem a aumentar. Do ponto de vista de um terapeuta, o que está em jogo quando uma pessoa escolhe ativamente pelo casamento judeu, escolhendo evitar que se desenvolva uma relação amorosa com um não judeu? Mezan – Significa que esta pessoa projetou uma ideia de família futura e chegou à conclusão que é mais importante a pertinência na comunidade do que aquela relação afetiva específica. Leve em conta que tudo isto mudou desde os anos 1980. Hoje, os jovens “ficam” nas baladas, ou seja,
não é um namoro, são beijos e abraços, num ambiente escuro, onde não dá para enxergar quem é judeu ou não. Há também as relações nas redes sociais, no Facebook. Os jovens de hoje têm uma imensa liberdade, não tem como limitá-los. Mas no momento do casamento há a opção definitiva. Pela minha percepção, hoje há uma abertura muito maior no sentido de reconhecer os casamentos mistos como um fenômeno irreversível. E eu acho que vale mais abrir as portas para esses casamentos do que excluí-los da comunidade. Entre os judeus liberais, essas pessoas estão sendo acolhidas. Qual o problema? No final das contas, o que importa é se meu filho está feliz e se meus netos têm boas mães. A alternativa é uma batalha perdida. E como fica a felicidade, quando a alternativa é aceitar ou rechaçar o casamento misto? Mezan – Felicidade é completamente independente da religião. O shalom bait [bom relacionamento do casal] vai depender das afinidades culturais, dos interesses comuns. Não basta atração física para um casamento sólido. As afinidades culturais são realmente o cimento da relação, e isto não está ligado ao fato de ambos serem judeus. A afinidade pode ser os dois concordarem com a importância de aprender uma língua diferente ou que para ambos faça sentido passar férias em Paris. É difícil generalizar, há casamentos entre judeus desastrosos, há uniões mistas felizes e outras, não. Muitas pessoas que iniciam um relacionamento sério com um parceiro fora da comunidade falam de um sentimento de tristeza pelo afastamento da tradição ou até mesmo de traição ao judaísmo. Mezan – Neste caso, se este sentimento for forte, não haverá uma boa união. Como estar com alguém que o simples fato de permanecerem juntos ofende a outra parte de você mesmo? Não vai rolar uma boa relação. O casamento vai esfarelar no primeiro conflito.
“Há muitas variações sobre como viver o judaísmo. Há pessoas para quem o judaísmo é o centro das suas vidas, como os religiosos. E há os laicos, para quem não é o único elemento. Entre estes A e Z, há muitas formas diferentes, com todas as letras do alfabeto” (Renato Mezan)
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por Ariel Finguerman | ariel_finguerman@yahoo.com
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Dona inflação
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Boa notícia: o Banco Central israelense anunciou que a inflação nos próximos doze meses será de 0,5%. E, em seguida, nos demais doze meses, 0,8%. O Estado judeu está com as contas controladas: o custo de vida caiu 0,4% no último ano. Desta forma, os juros mantêmse baixíssimos no país, em 0,1%. Contribui para este bom quadro a queda no preço da energia ao consumidor, depois da descoberta de grandes reservas de gás natural na costa israelense. Além disto, o governo aboliu o famigerado imposto sobre TV’s e baixou o Icms para 17%.
Pesquisa publicada pelo jornal Haaretz aponta a quantas anda a vida sexual do israelense. Metade dos casais do país fazem sexo pelo menos uma vez por semana. Entre os separados ou divorciados, vale o mesmo que os solteiros: somente um terço relatou que mantém esta mesma frequência. O número é um pouco menor entre os estudantes – apenas 32% disseram fazer sexo uma vez por semana. A surpresa ficou entre os judeus ortodoxos: mais de 25% têm relações sexuais “várias vezes na semana”. A conclusão do jornal: o grupo mais sexualmente ativo no país é “ortodoxo, casado e com diploma”.
Salvação amarela Para enfrentar a falta crônica de apartamentos à venda em Israel e ainda abaixar os preços, o governo aprovou a vinda de 22 mil trabalhadores chineses especializados em construção civil. A ideia é “dar um gás” no setor, diminuindo o prazo de construção em 25% do tempo gasto atualmente e barateando os custos em 50 mil shekalim (R$ 50 mil) por apartamento. A chegada dos chineses deve derrubar o custo para o consumidor em até 4%, e baratear em 7% as renovações de propriedades já existentes. Detalhe: ninguém mais fala em contratar palestinos, mão-de-obra clássica da construção civil israelense até a segunda intifada.
Sexy Israel
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Orgulho azul-e-branco Tel Aviv foi eleita a 25ª cidade mais importante das finanças mundiais, segundo pesquisa da prefeitura de Londres e do Centro Financeiro do Qatar. Deixou para trás Beijing (29ª), São Paulo (31ª), Paris (37ª) e Moscou (78ª). No topo da lista ficaram Londres, Nova York e Hong Kong. A lista foi elaborada ouvindo agentes financeiros mundiais nos setores de banco, investimentos e governo, e investigando índices macroeconômicos. Recentemente, Tel Aviv foi eleita pelo Wall Street Journal o mais importante centro tecnológico da região europeia.
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12 notícias de Israel
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Holocausto visitado O Yad Vashem, de Jerusalém, foi considerado o 22º melhor museu do mundo, segundo o site de viagem Tripadvisor. Ganhou de “gente grande”, como o museu de terracota dos guerreiros e cavalos de Xian, na China. Mas ficou atrás do museu de arte de Inhotim, em Minas Gerais, que o site considera “mantido impecavelmente como a Disneylândia”. Ano passado, o Yad Vashem estava na décima posição. O ranking do Tripadvisor é feito a partir de um algoritmo que leva em conta a quantidade e qualidade das críticas deixadas no site por visitantes.
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Finalmente, acabou a maratona anual dos chagim judaicos em Israel, que praticamente parou o país durante 25 dias, de Rosh Hashaná até Simchat Torá, passando por Iom Kipur e Sucot. Foi tanta sopa, que as galinhas simplesmente sumiram dos supermercados. Para tanto também colaborou o fato de, na mesma época, os muçulmanos terem comemorado a Festa do Cordeiro e os açougueiros kasher viajarem de férias. Tomates e o queijo cottage também não aguentaram a procura e sumiram. Senhora dona de casa atenção: o quilo do tomate chegou a R$ 15,00 em Israel, e o produto teve de ser importado às pressas.
Bait sheli
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A galinha sumiu
Depois de mais de cem anos da sua fundação, finalmente Tel Aviv terá o primeiro plano diretor urbano da história. Nunca antes conseguiram chegar a um acordo a respeito das zonas de construção na cidade, mas finalmente este mês sai do papel um plano para os próximos dez anos. O resultado é imediato: começarão as obras de duzentas mil novas unidades na cidade, o que dobrará a oferta atual. Um dos focos é a área do atual aeroporto Sdé Dov, de onde partem aviões para Eilat, que em breve será desativado e dará lugar para quinze mil novos apartamentos. A expectativa é que Tel Aviv vai contribuir para aliviar a atual escassez crônica de novos domicílios em todo o país.
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Preço da gelada Mais uma boa notícia originária do popular ministro das Finanças, Moshé Kahalon: o imposto cobrado no país pela cerveja, o mais alto entre os países desenvolvidos, vai cair 20%. Com isto a expectativa é de que o preço da “loira” seja reduzido na mesma proporção nos bares e supermercados israelenses. Hoje não existe nas prateleiras cerveja mais barata que R$ 10,00 (a popular Maccabi) e um chopp num restaurante custa fácil, fácil R$ 20,00. Somente de impostos o governo cobrava R$ 4,00 por litro – o restante do preço absurdo é ganância mesmo dos donos de restaurante.
Amigo turco Os líderes Netaniahu e Erdogan estão longe de fazerem as pazes, mas enquanto isto os dois povos se reaproximam depois dos arranhões do passado recente. Segundo o ministério do turismo turco, aumentou em 101% o número de israelenses visitando o país vizinho muçulmano, especialmente nas recém-encerradas férias de verão. Desde janeiro, mais de 142 mil turistas saíram do Aeroporto Ben-Gurion para diferentes destinos na Turquia. Por lá, o turismo vai bem, com 25 milhões de visitantes/ano. Já por aqui, é preciso suar bastante a camisa para alcançar meros três milhões de turistas.
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Os deputados da Knesset verão em janeiro seus vencimentos mensais aumentarem em 3%, chegando a equivalentes R$ 41.000,00. O presidente Reuven Rivlin também ganhou um aumentozinho legal, para R$ 58.000,00. Já o primeiro-ministro Netaniahu vai manter o salário sem nenhum aumento, mantendo seu holerite em R$ 47.000,00. Mas não veja nisso nenhum ato de benevolência de Bibi, pois segundo a lei do país, os salários dos deputados e do presidente seguem os aumentos do mercado, enquanto o do premiê está vinculado ao índice de custo de vida, que este ano não aumentou.
Francisco revê como utiliza a mais moderna tecnologia a favor da Igreja. Ele é o primeiro papa da história a “abraçar a tecnologia das redes sociais para se conectar com as audiências globais, católicas e não católicas”, diz a matéria. Francisco, que usa com frequência sua conta com 23 milhões de seguidores no Twitter (@Pontifex), já chamou a internet de “presente de Deus”. Com a tecnologia, ele dribla os censores do Vaticano, liga-se diretamente com a nova geração e, claro, espalha sua religião mundo afora. Agora, vejamos qual é a postura do establishment religioso de Israel neste quesito. Os rabinos daqui não são ignorantes – eles sabem das maravilhas que a tecnologia da nossa era proporciona. Mas eles temem o outro lado da moeda: a pornografia pesada e liberada para qualquer um nos sites eróticos abertos, além de games viciantes e conversas de whatsapp que “comem” todo o tempo livre da moçada. Resultado: a liderança rabínica israelense proibiu o uso da internet. Se algum ortodoxo necessita para o trabalho – digamos, se mexe com bolsa de diamantes ou comércio internacional – deve colocar um filtro no seu computador para todos os demais sites. Há por aqui o chamado celular kasher, que só atende chamadas e têm bloqueados torpedos e internet. Em outras palavras, enquanto a Igreja decidiu se acomodar com a nova tecnologia, a Sinagoga proibiu-a. Indo mais a fundo, na realidade temos aqui entre nossos rabinos uma avaliação pessimista do ser humano. Para nossos líderes espirituais, no choque entre o bom e o mau na internet, a humanidade vai fazer a escolha errada. Quem está com a razão? Façam suas apostas. Como dizia Zé Ramalho, é a eterna peleja do diabo com o dono do céu.
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Escorregada de um mestre Ele é um dos mais importantes jornalistas da história do Brasil, editor de grandes jornais em suas melhores fases e autor da excelente biografia de Stefan Zweig, Morte no Paraíso. Difícil encontrar um jornalista no Brasil que não reconheça o legado de Alberto Dines. Agora que a TV Cultura disponibiliza no Youtube semanalmente seu excelente programa “Roda Viva”, tanto o da semana quanto os de arquivo, pude ver aqui em Israel uma entrevista coletiva com Dines, feita em 2012. Bem no finalzinho do excelente programa, uma jornalista pergunta a ele como via o Estado de Israel. Dines responde que o país “se perdeu” e cita uma frase que ouviu certa vez do pai, em 1948, de que “ou Israel se tornaria um país diferente ou não vale a pena tê-lo”. Deixou a frase pairando no ar, o programa acabou bem neste instante, mas Dines deixou a entender sua conclusão pela segunda opção. Posição bastante esquisita, especialmente agora que vemos centenas de milhares de refugiados muçulmanos zanzando pelo mundo e encontrando portas fechadas em suas caras. Coisa de idealista achar que um país ou deve ser um lugar excelente ou então deve se dissolver e entregar as chaves para a ONU. O que dizer então do Brasil, novamente vivendo uma crise severa, deveria também entregar as chaves? Vamos então nós, 6,5 milhões de judeus vivendo em Israel, voltar a nossos países de origem (Hungria, entre eles) e deixar o lugar vago aos palestinos, iranianos e libaneses, porque certo governo não segue a linha ideológica sonhada por cada um de nós? Achar que a existência de Israel, ou qualquer outro país, depende da politica de certo partido no poder é uma grande tolice, especialmente se trata-se de uma democracia onde há rodízio de governos. Ou então esta opinião é um erro fatal, que cai nas mãos perversas de gente como líderes iranianos e libaneses que acham mesmo que “Israel não vale a pena”. Tolice deste grande mestre, Alberto Dines.
Tecnologia e religião
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Eles merecem
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magazine > literatura | por Adam Kirsch *
PRIMO LEVI NA SACADA DO APARTAMENTO ONDE MORAVA, EM TURIM, EM 1985, DOIS ANOS ANTES DE SUICIDAR
O mundo e a morte de Primo Levi PRIMO LEVI TINHA 67 ANOS, EM 1987, QUANDO SE ATIROU
DO ALTO DA ESCADARIA DO PRÉDIO ONDE MORAVA, EM TURIM, E QUANDO SEU AMIGO ELIE WIESEL, ESCRITOR E TAMBÉM
SOBREVIVENTE DO HOLOCAUSTO LEU O RELATÓRIO DO LEGISTA FEZ UM PEQUENO ACRÉSCIMO: “PRIMO LEVI MORREU EM
AUSCHWITZ QUARENTA ANOS MAIS TARDE”
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e certa forma, o suicídio dele foi uma tragédia anunciada e adiada que repetiria eventos semelhantes: em 1978, Jean Améry, que sobreviveu às torturas da Gestapo e de Auschwitz, tomou uma overdose de pílulas para dormir; Paul Celan passou a guerra em um campo de trabalho escrav*o na Romênia, viu os pais serem assassinados e afogou-se no Sena, em 1970; durante a ocupação nazista da Polônia, Jerzy Kosinski sobreviveu na clandestinidade e asfi xiou-se no banheiro de casa em 1991. Ao saltar do terceiro andar, Levi parecia passar a mesma mensagem: ele não tinha mais forças para carregar o peso do fardo de uma experiência intolerável e deixou-o cair. Mas entre Levi e esses outros escritores do Holocausto havia uma diferença fundamental e que brilha nas páginas de
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suas obras: enquanto Améry foi o autor de On Suicide (“Sobre o Suicídio”), Celan era o poeta da agonizante incomunicabilidade e o The Painted Bird (“O Pássaro Pintado”) de Kosinski, era uma fantasia surrealista acerca da morte e da tortura, o tema de Primo Levi do primeiro ao último livro não era a morte, mas a sobrevivência e não o triunfo do mal, mas o desafio ao mal. Foi um homem que sobreviveu a Auschwitz na forma de um humanista. Isso fez dele, para muitos leitores – e, especialmente, para muitos judeus que compartilharam com esse judeu italiano uma educação assimilada e irreligiosa – um dos espíritos heróicos do século 20. Como George Orwell ou Aleksandr Solzhenitsyn, o nome de Primo Levi representa a sobrevivência dos valores humanos diante da violência avassaladora. Isso fez do seu suicídio um ato sombrio e deprimente, como se dissesse que até ele não podia encontrar uma maneira de viver em um mundo em que Auschwitz era possível. De fato, o conjunto da obra de Levi é um esforço para se distanciar da ideia de suicídio como resposta ao Holocausto. Em Os Afogados e os Sobreviventes, Levi desenhou um contraste entre a própria visão de mundo e a de Jean Améry, pseudônimo em forma de anagrama de Hans Mayer, judeu nascido em Viena preso pela Gestapo na Bélgica em 1943 e que passou o resto da guerra em campos de concentração. Aliás, Améry e Levi estiveram juntos no campo de trabalho industrial de Monowitz, que fazia parte de Auschwitz. Embora Levi tivesse escrito não se lembrar de Améry, Améry se recordava dele. Nos seus livros de pós-guerra, Améry insistia na impossibilidade de superar a experiência de ser torturado: “Quem foi torturado, permanece torturado. A confiança no mundo... não será recuperada”, escreveu Levi, o que, para Améry, a vida após Auschwitz foi “uma morte sem fim”. Mas Levi dissociou-se desta maneira de pensar e sua diferença em relação a Améry é que Améry se definia como um intelectual. Levi, não, embora tenha recebido boa educação, era um homem imerso em literatura e cultura italianas. Um dos momentos inesquecíveis em É Isto um Homem? é o capítulo “O Canto de Ulisses” no qual descreve as tentativas de se lembrar de alguns versos do Inferno, de Dante, aqueles em que Ulisses sai em sua jornada final pelo Estreito de Gibraltar – uma viagem por um mar desconhecido, onde nenhum homem jamais esteve, e que, segundo a tradição, é impossível ir. No entanto Ulisses, em um momento descrito como demonstração clássica do humanismo ocidental, diz aos marinheiros para desafiar tais tabus: “Vocês não foram feitos para viver suas vidas como brutos,/mas para serem seguidores do valor e do conhecimento”. Levi recitou estes versos para Jean, um companheiro de prisão, enquanto carregavam um caldeirão de “sopa”, que ouviu os versos como um “toque de trombeta, como a voz de Deus. Por um momento, eu me esqueci quem eu era e onde estava”. Esta é, de fato, a experiência de um intelectual e um dos exemplos mais inspiradores do século 20 de uma ideia que
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já foi óbvia, e que agora é duvidosa, segundo a qual as humanidades nos humanizam. Levi ainda insistiu em que não era um intelectual no sentido estrito do termo usado por Améry, para quem intelectual é alguém que “vive dentro do que é uma estrutura espiritual de referência no sentido mais amplo... [e] por inclinação e capacidade tende a sequências abstratas de ideias”. Améry acreditava que este intelectual estava em desvantagem profunda em Auschwitz, do ponto de vista físico, por não estar habituado ao trabalho manual, e mental, porque sempre perguntava “por que” em um lugar onde, como Levi escreveu, “não há nenhuma razão”. Lições de vida para não morrer Levi escreveu em Os Afogados e os Sobreviventes, que em Auschwitz beneficiou-se do fato de não pensar em termos abstratos a respeito do significado de sua experiência. “Talvez porque eu fosse mais jovem ou mais ignorante do que ele (Améry), menos prejudicado ou menos consciente, eu quase nunca tinha tempo para me dedicar à morte”, escreveu. Em vez disso, Levi estava fixado em problemas tangíveis e tarefas imediatas da vida naquilo que sempre se referia como, usando a palavra alemã, o Lager: “Surrupiar um pouco de pão, evitar o trabalho cansativo, consertar meus sapatos, roubar uma vassoura... O negócio de viver é a melhor defesa contra a morte, e não só nos campos”. Ele atribuiu o hábito de prestar atenção à realidade, e tentar dominá-la, em grande parte à educação científica em vez de literária. Ele foi preso em fevereiro de 1944, com amigos, por atividades guerrilheiras na Itália ocupada pelos alemães. Tinha 24 anos. Foi levado para Auschwitz e havia acabado de se formado químico industrial com louvor e especializações. Continuaria a exercer a profissão depois de libertado do campo e até morrer. Em Auschwitz, essa profissão ajudou a salvar a vida porque foi designado para trabalhar em um laboratório de química em Monowitz, e poupado do trabalho fí>>
Como George Orwell ou Aleksandr Solzhenitsyn, o nome de Primo Levi representa a sobrevivência dos valores humanos diante da violência avassaladora. Isso fez do seu suicídio um ato sombrio e deprimente, como se dissesse que até ele não podia encontrar uma maneira de viver em um mundo em que Auschwitz era possível
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magazine > literatura >>
sico pesado e das intempéries que mataram muitos prisioneiros. Essa condição também lhe deu oportunidade de roubar itens que podiam ser trocados no mercado negro por comida, algo absolutamente indispensável para não morrer de fome com as magras rações oficiais. Ser químico ajudou Levi de formas menos tangíveis, como ele mesmo observou: deu-lhe o que chamava de “um legado de hábitos mentais”, o interesse na análise e resolução de problemas, do atômico ao humano: “Se eu agir de uma determinada maneira, como reagirão a substância que estou segurando ou o interlocutor humano? Por que ele (humano), ou ela (substância), se manifestam, interrompem ou alteram um comportamento específico? Posso antecipar o que vai acontecer à minha volta em um minuto, um dia ou um mês? Se puder, quais os sinais importantes e quais devem ser ignorados?”. Esse tipo de curiosidade foi importante para dominar os muitos códigos secretos e desafios da vida em Auschwitz e também o manteve mentalmente saudável e interessado na vida como um problema. “Para mim, o Lager era uma universidade: ele nos ensinou a olhar ao redor de nós mesmos e avaliar os outros”, escreveu Levi. Preservar a ideia de educação em um cenário em que a probabilidade de sobreviver no dia a dia era pequena e a ideia de futuro, ausente, foi, ao mesmo tempo, bênção e dom espiritual. Isso é tanto mais impressionante porque, de acordo com o próprio Levi, entrou e saiu do Lager ateu, sem mudar suas convicções. Segundo ele, a única vez em que se viu tentado a orar, pedindo ajuda a Deus, foi quando estava prestes a ser levado à comissão de médicos da SS que decidiriam quais prisioneiros seriam mandados para as câmaras de gás. Mesmo nesse momento, no entanto, Levi não rezou porque violaria suas convicções, pois afinal, “as regras do jogo não mudam só porque o jogo está prestes a acabar, ou porque você está perdendo”. Ele não foi apenas um ateu em uma trincheira, mas um ateu na porta da câmara de gás: esta
LEVI EM 1947, AOS 27 ANOS, JÁ RESTABELECIDO DAS SEQUELAS DE AUSCHWITZ
é a força espiritual e a autossuficiência em um grau normalmente associado, e por ironia, aos santos. Levi não queria ser caracterizado apenas como um escritor do Holocausto, condição que lhe faz lamentável injustiça. É certamente verdade que Levi escreveu muito mais do que trata o ano de experiências vividas em Auschwitz, e que, aliás, representa apenas um dos 67 anos que viveu. Ele também escreveu A Trégua, livro de memórias de depois de libertado e que trata da difícil e picaresca jornada de retorno à casa no pós-guerra; o romance Se não Agora, Quando?, acerca de um grupo de guerrilheiros judeus na Polônia; A Tabela Periódica, instigante livro de memórias científicas; A Chave Estrela, intrigante livro semificcional que trata do glamour da engenharia, e numerosos contos na linha de ficção científica ou de especulação científica, reunidos nos livros Histórias Naturais e Vício de Forma. Desses, A Tabela Periódica é outro clássico que se junta a É Isto um Homem?, Os Afogados e os Sobreviventes e A Trégua. Os outros trabalhos têm valor principalmente por completar o quadro do pensamento e do caráter de Levi, especialmente A Chave Estrela, ilustração mais convincente das virtudes do trabalho. É justo dizer que Levi é mais importante como escritor do Holocausto. Ele não tinha o dom de inventar enredo e personagens, algo evidente no único romance real, Se não Agora, Quando? Levi se destacou no registro e na reflexão a respeito da própria experiência e a que lhe absorveu a imaginação foi Auschwitz. Sobrevivência em Auschwitz é certamente menos evocativo do que o original É Isto um Homem?, extraído de uma frase do poema de Levi que prefacia o livro:
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VISTA DA ENTRADA DE AUSCHWITZ AINDA DURANTE A GUERRA. AO FUNDO, PRISIONEIROS E SOLDADOS ALEMÃES
“Considere se este é um homem Que labuta na lama Quem não conhece a paz Que luta por metade de um pão Quem morre por um sim ou por um não.” No entanto, Sobrevivência em Auschwitz pode realmente ser um título mais fiel ao espírito do livro de Levi do que aquele escolhido por ele. É a crônica mais universalmente popular do Holocausto – aquela que especialmente os jovens leitores acham atraente – porque o foco está menos em questões metafísicas, como a natureza da humanidade, e mais nos aspectos práticos da vida no Lager. Levi relatou de forma clara a vida do prisioneiro: como duas pessoas dormiam, ou não conseguiam dormir, no mesmo beliche estreito; como uma dieta à base de sopa tornava frequentemente necessário urinar, e como isso era torturante à noite; como o mercado negro era operado; qual o preço por um naco de pão ou uma pedra de isqueiro para acender cigarros. Levi escreveu sobre a atividade no Lager, em vez da passividade mortal dos Mussulmanner, os prisioneiros derrotados que desistiram da vida. Sem poupar o leitor do horror de Auschwitz, seu foco na atividade – o que significa vida e possibilidade – ao mesmo tempo evitou transformar o livro em leitura dolorosa. Do ponto de vista literário, é até possível comparar É Isto um Homem? a um romance de Jack London, no sentido de que também Levi estava interessado em como os seres humanos sobrevivem em condições de extrema dificuldade. Como London, Levi sente que tais condições expõem a luta darwiniana pela sobrevivência, algo normalmente escondido na vida civilizada.
Em É Isto um Homem?, Auschwitz, era um “experimento rigoroso para determinar o que é inerente e o que é adquirido no comportamento do animal humano confrontado com a luta pela vida”, escreveu Levi. Uma das conclusões perturbadoras desta experiência é que a bondade moral, assim como a definimos na vida cotidiana, não era necessária nem possível para alguém que quisesse sobreviver – isto é, estar entre os “salvos” e não entre os “afogados”. Manual de sobrevivência É normal pensar na bondade como algo que signifique obedecer à lei. Todavia, em Auschwitz, onde as regras foram projetadas para matar aqueles que as seguiram, essa definição era inútil. Levi: “A coisa mais fácil é sucumbir: basta executar todas as ordens recebidas, comer apenas a ração, manter a disciplina do trabalho e do campo”. Portanto, para o prisioneiro sobreviver significava rejeitar os hábitos com os quais entrou no campo. Era necessário roubar comida, transferir a carga de trabalho para os outros, aproveitar cada pequena vantagem. Ou seja, “uma luta cansativa de um contra todos, e >>
“Surrupiar um pouco de pão, evitar o trabalho cansativo, consertar meus sapatos, roubar uma vassoura... O negócio de viver é a melhor defesa contra a morte, e não só nos campos.” (Primo Levi)
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>> não uma soma insignificante de aberrações e concessões”. A distinção entre os salvos e os afogados introduzida por Levi em É Isto um Homem?, em 1947, pesou tão fortemente em sua consciência que dedicou um livro inteiro a essa questão, quase quarenta anos depois. Em Os Afogados e os Sobreviventes, publicado em 1986, ele voltou à complexidade moral da sobrevivência a que ele agora dava o nome de “zona cinzenta” de Auschwitz. Levi achava impossível tratar de “dois blocos, vítimas e perseguidores”. Em vez disso, havia uma hierarquia de perseguição, em que os prisioneiros privilegiados roubavam aqueles abaixo deles, e os presos comuns eram mais rivais do que camaradas entre si. O que o impressionava mesmo eram os Sonderkommando, os prisioneiros de Auschwitz encarregados de descarregar cadáveres das câmaras de gás, e íntimos colaboradores dos crimes nazistas. De todo modo, insistia em que “ninguém tem autoridade para julgá-los, nem aqueles que experimentaram o Lager e, especialmente, nem aqueles que não o fizeram”, pois, procurar lições de moral em Auschwitz é procurar no lugar errado. E, ainda assim, a experiência do Lager fez de Levi uma espécie de moralista. A expressão mais clara da sua ética pode ser encontrada não em seus dois livros famosos sobre o Holocausto, mas nos menos conhecidos, como A Chave Estrela, o quase-romance de 1978. Este estranho livro consiste nas histórias contadas ao narrador, por acaso o próprio Primo Levi, por Faussone, operário especializado em montagens. As histórias de Faussone relatam casos de amor ou assuntos de família, mas o tema verdadeiro é o trabalho: os desafios da construção de uma ponte ou da montagem de uma grua descritos em detalhes. Em A Chave Estrela, Levi tentou testar se o tra-
VINTE E CINCO MIL PARES DE SAPATOS, CORRESPONDENDO A UM DIA DE FUNCIONAMENTO DAS CÂMARAS DE GÁS
balho construtivo pode ser tão dramático e fascinante como na maioria dos romances, a destruição. O leitor se emociona com a utilidade tão facilmente como faz com a maldade? A resposta, infelizmente, é “não”: A Chave Estrela não é um grande romance exatamente porque lhe falta o drama humano. Mas é neste livro que a reverência de Levi pelo trabalho é mais evidente. “Ao ouvir Faussone, senti que coerente em mim uma hipótese embrionária que eu nunca articulara antes e que tenho a honra de apresentar ao leitor: como todos sabem, o termo ‘liberdade’ tem muitos significados, mas talvez a forma mais acessível de liberdade, a mais subjetivamente apreciada e a mais benéfica para a ordem social derive de ser competente em seu próprio trabalho e, assim, ter prazer ao fazê-lo”, reflete Levi, o narrador. Leva um átimo perceber que Levi está realmente dizendo que “o trabalho liberta” – aliás, significado literal da saudação aos presos nos portões de Auschwitz e de outros campos, Arbeit Macht Frei. Segundo Levi, nessas palavras reside uma grande verdade, não menos verdadeira porque terrivelmente pervertida e parodiada pelo fascismo. Levi destacou a forma como o Lager fez do trabalho instrumento de tortura. Em Monowitz, os prisioneiros deveriam construir uma fábrica de borracha sintética para ajudar os alemães a ganhar a guerra, mas eram obrigados a trabalhar sem ferramentas, sem treinamento, desnutridos e privados do sono e esse conjunto transformava o trabalho em algo tão doloroso e inútil que nenhuma borracha foi produzida em Monowitz. Em “O Trabalho”, um capítulo de É Isto um Homem?, ele descreve como teve de carregar dormentes de 68 quilos: “Depois da primeira viagem, eu estava surdo e quase cego do esforço, e eu faria qualquer baixeza para evitar a segunda viagem”. A tarefa de Faussone em A Chave Estrela é o oposto deste trabalho-tortura: com objetivo, qualificado e realizado livremente. Em certo sentido, Faussone é o anti-Jean Améry, um homem que vive para fazer em vez de morrer por pensar.
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De modo similar, Levi conseguiu realizar um trabalho gratificante durante a longa carreira de químico em uma fábrica de tintas, a que se referiu em detalhes em A Tabela Periódica. Este livro de memórias incomum, publicado em 1975, é dividido em capítulos com nomes de elementos químicos, cada um dos quais com um papel mais ou menos central na história. Em “Hidrogênio”, por exemplo, Levi lembrava de uma experiência clandestina de adolescência que terminou em uma explosão. Levi conta que foi precocemente atraído para a química porque ela representava, em parte, uma maneira de dominar o mundo físico. Ele sentia que esta habilidade tinha sido perdida pela comunidade de judeus italianos: “O que sabemos a respeito de o que fazer com as nossas mãos? Nada, ou quase nada... Nossas mãos eram desajeitadas e fracas, insensíveis: a parte menos educada de nossos corpos”. Química significou educar mãos e mente ao mesmo tempo; e como mostrado em vários capítulos de A Tabela Periódica a química envolvia solucionar problemas tão complicados e tão perigosos, como qualquer coisa que Faussone, o operário especializado em montagem, tenha realizado. Era “um caso particular, uma versão mais cansativa da ocupação de viver”. Deste modo, convergiriam as técnicas profissionais do químico e as de sobrevivência do prisioneiro. Levi descreveu a primeira, mas poderia muito bem estar se referindo à última,: “Você prossegue de qualquer forma no escuro por uma semana ou um mês, acha que vai ser escuro para sempre, e sente vontade de jogar tudo longe... então você vislumbra um raio de luz na escuridão, tateia o caminho nessa direção, e a luz fica mais brilhante, e, finalmente, a ordem segue o caos”. No entanto, ele sabia que a verdade de Auschwitz era mais parecida com a descrição amarga do chamado do químico que seu amigo oferece em resposta: “Era sempre escuro, nunca se via o raio de luz, batia-se a cabeça mais e mais vezes contra um teto que ficava cada vez mais baixo”. A leitura da obra de Levi evidencia que ele sobreviveu a Auschwitz por sua ética do pragmatismo e o fascínio pela solução de problemas, e a experiência de Auschwitz reforçou aquela ética e fascínio, transformando-os em pilares de uma visão humanista de mundo. Mas Levi era suficientemente honesto e perspicaz para afirmar que somente mãos hábeis e cérebro aguçado eram, em si mesmos, capazes de vencer o mal, ou fazer alguém passar pelo Lager. Em vez disso, a sobrevivência de Levi dependeu de uma combinação de fatores fora de seu controle ou do de qualquer um. Ele viveu porque quando foi deportado tinha 24 anos, e, por isso, foi designado para trabalhar em vez de ser enviado diretamente para as câmaras de gás, como todas as mulheres, crianças e homens idosos do seu comboio. Ele viveu porque não foi deportado até 1944, num momento em que, como observou em É Isto um Homem?, os nazistas atrasaram o programa genocida para explorar o trabalho judeu. Viveu porque conhecia química e os nazistas precisavam de prisioneiros no laboratório de química. Viveu porque contraiu escarlatina no momento
em que o campo estava prestes a ser evacuado e por isso foi deixado para trás na enfermaria, em vez de ser forçado à marcha da morte que matou quase todos os outros prisioneiros. Viveu porque a escarlatina não o matou, como matou muitos de outros companheiros doentes. Em resumo, viveu devido a tal combinação de motivos irracionais a que se pode dar o nome de acaso. E nenhuma ética humana é mais poderosa que o acaso. Há, portanto, duas maneiras de ler a vida e a obra de Primo Levi: 1-) pode ser a história de esperança de um homem que sobrevive à pior tortura imaginável e consegue encontrar sentido, propósito e felicidade na vida; ou 2-) pode ser a história de um homem que escapa acidentalmente à morte e é tão assombrado pela nulidade moral da sobrevivência que, décadas mais tarde, por culpa ou desespero, tira a própria vida. Muito está em jogo. Nesta análise da morte de Levi há tanta coisa em jogo que chega a ser um estranho tipo de alívio saber que, segundo alguns observadores, como o cientista Diego Gambetta, especialista em teoria dos jogos, segundo o qual a queda fatal não foi suicídio, mas um acidente. As razões de Gambetta para esta teoria são fortes, pois Levi, o escritor, não deixou nota de suicídio; era muito reservado e exigente consigo mesmo para cometer suicídio tão público; era muito científico para escolher um método – saltar do terceiro andar – com grande chance de falhar e deixá-lo gravemente ferido ou paralítico; ele tomava uma medicação que poderia ter reduzido a pressão arterial, deixando-o zonzo e sem equilíbrio. A cronologia declara que, em 11 de abril de 1987, “Levi morre, um suicídio”. Mas deveria haver um ponto de interrogação a respeito desta versão dos acontecimentos – uma dúvida que deixa pelo menos uma pequena margem para a esperança. * Adam Kirsch é editor contribuinte da Tablet Magazine e autor de Benjamin Disraeli, uma Biografia na série de livros Nextbook Press Jewish Encounters
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leituras magazine
por Bernardo Lerer
Hereges Leonardo Padura | Boitempo Editorial | 571 pp. | R$ 56,00
Este livro tornou-se ”herético”, segundo o autor, porque é, ao mesmo tempo, romance histórico e novela policial em três tempos – a Cuba de Fulgêncio Batistanos anos 1930-1940, a Holanda do séc. 17 e a Havana dos anos 2000, uma família de judeus e um quadro de Rembrandt. A trama se passa em Cuba e a questão central da obra é a busca do indivíduo pela liberdade, uma questão universal. Nos vários debates de que participou no Brasil para o lançamento do livro, Padura discorreu longamente a respeito da história dos judeus em Cuba, sua amizade com Jaime Sarusk, um escritor judeu da ilha.
Os Outros Schindlers Agnes Grunwald-Spier | Cultrix | 304 pp. | R$ 37,90
O livro trata dos heróis anônimos que arriscaram a vida para salvar judeus e os capítulos são dedicados aos voluntários por motivos religiosos, com motivos humanitários e com outros motivos. A respeito do trema é quase completo pois é impossível reunir todos os que ajudaram, mas explica bem o tema, fala do programa “Justo entre as Nações” do Yad Vashem, dá detalhes dos resgatadores citados e informantes, dos resgatadores e resgatados. Vale muito a pena conhecer como funcionava esta rede de salvamento. A autora nasceu em Budapeste em julho de 1944, foi com a mãe para o gueto da cidade libertado em janeiro de 1945.
A Garota Inglesa Daniel Silva | Arqueiro | 331 pp. | R$ 39,90
De 1996 até agora, este ex-jornalista nascido de pais açorianos nos Estados Unidos já escreveu quinze livros, todos bests-sellers como este no qual conta a história de um fictício primeiro-ministro do Reino Unido, Jonathan Lancaster, que recebe um vídeo e um bilhete ameaçando de morte Madeline Hart, funcionária do partido do político e no qual confessa ser sua amante. Na negociação, Lancaster pede ajuda a um espião israelense, Gabriel Allon, em dívida com o governo britânico, experiente, mas incapaz de resolver o caso.
Diários de Berlim 1940-1945 Marie Vassiltchikov | Boitempo Editorial | 475 pp. | R$ 63,90
O livro é muito elogiado por gente do ramo e que considera este diário escrito a partir de notas tomadas no calor dos acontecimentos, um dos mais extraordinários já escritos e retrata a morte da Velha Europa pelo olhar de uma bela e jovem aristocrata alemã. Ela descreve um evento digno de um gran finale de ópera trágica: a fracassada conspiração para matar Hitler em 20 de julho de 1944 cuja repressão dizimou parte da alta oficialidade das forças armadas e destacados diplomatas
O Tempo entre Costuras Maria Dueñas | Planeta | 471 pp. | R$ 41,90
A autora conseguiu montar uma história habilidosa em torno de uma promissora costureira de Madri que, às vésperas da Guerra Civil Espanhola (1938-1938), se apaixona por um aventureiro que a leva para Tânger, no Marrocos. O amor acaba e ela vai para Tetuan, capital do protetorado espanhol em Marrocos, onde forja uma nova identidade, monta sofisticado ateliê e se envolve em tramas diplomáticas com personagens reais entre eles, por exemplo, o ministro de Assuntos Exteriores do primeiro governo franquista Juan Luís Beigbeder, sua amante e o adido naval britânico na Espanha durante a Segunda Guerra. Parece filme.
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Número Zero Umberto Ecco | Editora Record | 207 pp. | R$ 35,00
Número Zero é o nome que se dá às experiências que os jornalistas fazem antes de lançar uma revista ou jornal. O noticiário é montado com notícias passadas, futuras ou simplesmente fictícias. Jornalistas se reúnem em 1992 para fazer um jornal com o objetivo de difamar, caluniar, chantagear e prestar serviços duvidosos e de propósitos inconfessáveis ao editor proprietário. Um redator paranoico perambula por Milão e reconstitui cinquenta anos de história sobre um cenário diabólico em torno do cadáver putrefato de um pseudo-Mussolini. Aliás, uma história que se aplica ao Brasil de hoje.
Um Pequeno Herói Fiódor Dostoiévski | Editora 34 | 88 pp. | R$ 32,00
Este livro narra as circunstâncias em que foi escrito quando o autor estava encarcerado na Fortaleza de Pedro e Paulo, em São Petersburgo, entre julho e dezembro de 1849, e depois desterrado para a Sibéria. Trata-se de uma obra luminosa e delicada reveladora de sua capacidade de entrar na alma de um personagem, no caso um garoto de 11 anos que vive uma primeira experiência amorosa significativa mesclada à percepção difusa da sua sexualidade e da dos adultos. O cenário é uma propriedade no campo, no verão, e os jogos de entretenimento da rica sociedade russa.
O Quarto Livro dos Fatos e Ditos Heroicos do Bom Pantagruel François Rabelais | Editora Unicamp | 411 pp. | R$ 120,00
Este é considerado o mais radicalmente satírico de toda a obra do mestre francês (1483-1494?-1553), a ponto de um dos trechos, aquele que trata da busca do oráculo da Diva Garrafa, ser considerado uma das mais agudas sátiras jamais escritas em qualquer língua e em qualquer lugar: a profundidade e o caráter da viagem de Pantagruel e companheiros, visitando ilha após ilha, avançam além da comicidade. As ilhas são povoadas por seres fanatizados pela intolerância e sectarismo e uma reflexão mais séria vai revelar o teor universal da visão crítica de Rabelais e que se aplica a qualquer época.
Pouso Forçado Daniel Leb Sasaki | Editora Record | 487 pp. | R$ 38,00
Este jovem jornalista conta uma história tão triste quanto espantosa, tão absurda quanto trágica do assassinato, esquartejamento e tentativa de ocultação de cadáver da Panair do Brasil, uma das mais majestosas e emblemáticas empresas aéreas brasileiras. A obra dá uma contribuição inestimável para que “não se repita mais a mistura letal que juntou ditadura com instituições tíbias e indivíduos miseráveis”. De fato, na esteira da destruição não sobraram nem vestígios da Celma, uma das mais qualificadas empresas de manutenção de aviões e do departamento de telecomunicações, a mais bem montada infraestrutura da América Latina de apoio a voos internacionais.
Por Trás das Máscaras Flávio Morgenstern | Editora Record | 571 pp. | R$ 60,00
Este livro se propõe a descrever os eventos de meados de 2013 a partir das manifestações do Movimento Passe Livre e que convulsionou o Brasil fazendo governantes de todos os níveis se movimentar para responder a reivindicações que pediam de tudo e que, num determinado momento, foram desvirtuadas pela entrada em cena dos black blocs. O autor pertence ao Instituto Liberal, entidade considerada de direita e é um dos redatores do site Implicante.
Presos que Menstruam Nana Queiroz | Editora Record | 292 pp. | R$ 40,00
Esta jornalista investigativa quis descobrir como vivem as mulheres encarceradas nas prisões brasileiras e das quais pouco se sabe, porque os meios de comunicação silenciam a respeito e só se manifestam quando uma presa célebre, como Suzane von Richtofem, por exemplo, mudou de companheira e se recusou a sair em liberdade provisória para ficar com ela. Já na capa revela que vai contar a brutal vida destas mulheres tratadas como homens. Este é, provavelmente, o mais completo e ambicioso panorama da vida de uma presidiária no Brasil.
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M HEBRAICA
músicas magazine
por Bernardo Lerer
Palast Orchester Monopol | Revivendo Músicas | R$ 24,90
Quem vê a capa do cd e as músicas que executa, a grande maioria datada do período da República de Weimar (1922-1933), tem certeza de que se trata da remasterização de gravações daquela época. Engano: a Palast Orchester foi formada em 1985 por alunos da Universidade de Artes de Berlin, dirigidos por Max Raabe que procurou e encontrou em antiquários e mercados de antiguidades as partituras de arranjos originais. Eles só se apresentaram em 1987 como aperitivo de um espetáculo no lobby inferior do teatro. O sucesso levou-os ao palco principal. A orquestra só tem uma mulher, violinista. Imperdível
Dave Brubeck Mops | R$ 61,90
O maestro e pianista João Carlos Martins tem razão quando afirma que Brubeck (1920-2012) revolucionou o jazz dando ao ritmo norte-americano feições clássicas e o nome de cool jazz. O saxofonista Paul Desmond foi um parceiro inseparável e importante de sua carreira e autor de “Take Five” escrita para saxofone e música mais conhecida do quarteto e depois do octeto de Dave.
Nat King Cole Mops | R$ 59,90
Nathaniel Adams Coles, aliás, Nat King Cole (1919-1965), começou a carreira no jazz como um promissor pianista que mandava bem onde quer que se apresentasse até o dia em que perguntaram se não gostaria de se fazer acompanhar cantando. Afinal, tinha uma boa voz de barítono. A partir de então, em 1935, cantou, tocou piano e foi um dos primeiros negros a ter um programa de tv, o “Nat King Cole Show”.
Nelson Gonçalves – Duetos Som Livre | R$ 11,90
Nelson (1919-1998) era gago, por isso tinha o apelido de Metralha e foi o terceiro maior vendedor de discos com 75 milhões de cópias, atrás de Roberto Carlos e Tonico e Tinoco. Antes de cantar foi campeão de boxe aos 16 anos, tentou a carreira artística e era gongado em todos os programas de calouros sendo aconselhado por Ari Barroso a desistir. Não desistiu.
Jack de Johnette ECM | R$ 128,90
De Johnette é baterista, compositor e pianista e começou a estudar aos 4 anos em Chicago, influenciado por um tio, músico. É um dos precursores do jazz fusion, um dos primeiros a notar a influência do rock no jazz. Ganhou muitos prêmios como um dos maiores bateristas do século 20, entre eles o cobiçado Modern Drummer Hall of Fame. Dele se diz que sua “batida é parte da construção interna da música”.
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Afro-Bossa Duke Ellington | Reprise | R$ 27,90
Este foi o primeiro álbum produzido por este compositor, arranjador e pianista, um dos mais importantes de todos os tempos, e pelo qual assumiu total responsabilidade, a maior, segundo os críticos, de toda a sua longa carreira. Ele deu o nome de Afro-Bossa porque queria experimentar aquilo que ironicamente chamava de “une nouvelle vague exotique”. Foi um sucesso.
Journeys Sony | R$ 24,90
O Emerson String Quartet é um dos mais importantes dos Estados Unidos que se constituiu em 1976 a partir de um conjunto formado por estudantes da renomada Juilliard School. Eles tomaram o nome emprestado ao filósofo e poeta americano Ralph Waldo Emerson. Desde então – e até maio de 2014, quando este cd foi gravado – lançaram trinta álbuns.
Rossini Overtures Warner Music | R$ 35,90
Gioachino Rossini (1792-1868) foi provavelmente o mais popular compositor de óperas até o primeiro quarto do século 19. Rossini escreveu 39 óperas, das quais a mais conhecida é O Barbeiro de Sevilha. Quando, em Paris, ao sentir que já tinha dado sua colaboração para a música dedicou-se mais intensamente a uma de suas paixões: cozinhar, para comer bem.
As Criaturas de Prometeu Beethoven | Berlin Classics | R$ 76,90
O fato de o compositor ter escrito uma obra para ballet não condiz com a imagem que se fazia dele no século 19 como o estereótipo de um gênio heroico e de alguém que possa ser associado à simples música para divertir e entreter. Ao contrário, essas duas obras deste álbum revelam um compositor que apresenta renovados desafios aos intérpretes e aos ouvintes especialmente.
Sinfonia Coral Beethoven | Warner Classics | R$ 27,90
Este cd faz parte de uma série chamada Masters exatamente para celebrar a glória das grandes interpretações e que integram os mais importantes catálogos de música gravada. O disco foi remasterizado e os críticos elogiam principalmente a parte final da sinfonia pela felicidade em reunir quatro solistas da maior qualidade. A Filarmônica de Viena é dirigida pelo maestro Simon Rattle.
Choral Works Decca | R$ 76,90
Em pouco menos de setenta minutos de gravação é possível conhecer o fundamental da obra desse mestre alemão em canções, com a grande vantagem de serem interpretadas pelo Coral Monteverdi e a regência de John Elliot Gardiner. A última faixa do cd, a canção opus 104 foi escrita um ano antes de ficar doente e, depois, soube-se que estava com câncer, não se sabe de pâncreas, ou fígado.
Os cd’s acima estão à venda na Livraria Cultura ou pela internet www.livrariacultura.com.br. Pesquisem as promoções. Sempre as há e valem a pena
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HEBRAICA
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magazine > ensaio | por Gabriel Schoenfeld
Judeus contra judeus
UM NOVO LIVRO MOSTRA QUE O ÓDIO AOS JUDEUS PODE SER INFECCIOSO – E ALGUNS DOS PIORES PORTADORES
SÃO JUDEUS QUE DIFAMAM
O SEU PRÓPRIO POVO. É UM
PADRÃO QUE SE REPETE COM ESTRANHA PERSISTÊNCIA
J
O SOCIAL DEMOCRATA EDUARD BERNSTEIN ERA CHAMADO POR
MARX DE “O PEQUENO JUDEU BERNSTEIN”
Street é uma organização norte-americana que se intitula como “pró-Israel” e se proclama “dedicada e comprometida com o futuro de Israel”. No entanto, segundo Edward Alexander em Jews Against Themselves ( Judeus Contra Si Mesmos), JStreet “não perde nenhuma oportunidade para denegrir a reputação de Israel e poucas oportunidades de incentivar campanhas de deslegitimá-lo”. E a JStreet tem a companhia de organizações judaicas similares, algumas sem as mesmas pretensões de JStreet de um compromisso sionista, e que se nos últimos anos se multiplicam nos Estados Unidos e no resto do mundo, a saber: Jews for Justice for Palestinians (“Judeus por Justiça para os Palestinos”), Jewish Voice for Peace (“Voz Judaica para a Paz”), Jews against the Occupation (“Judeus contra a Ocupação”), Jews for Free Palestine (“Judeus por uma Palestina Livre”), Jews for Justice in the Middle East (“Judeus pela Justiça no Oriente Médio”), e respectivas ramificações em capítulos e seções. Edward Alexander é professor emérito da Universidade de Washington e autor de The Jewish Idea and Its Enemies (A Ideia Judaica e
HEBRAICA
seus Inimigos, 1988), um exame de várias linhas intelectuais – liberalismo, racionalismo e relativismo – que emergem do Iluminismo, há muito têm estado em forte oposição aos princípios fundamentais da tradição judaica. Em Judeus Contra Si Mesmos, Alexander trata dos judeus que difamam o próprio povo. Segundo Alexander, ao longo dos séculos tem havido “uma frutífera interação” entre judeus apóstatas e antissemitas do mundo, que se traduz em uma contribuição judaica especial para “a política e a ideologia do antissemitismo”. É um padrão que se repete com estranha persistência. No século 13, Nicholas Donin de Paris trocou o judaísmo pela ordem franciscana, e seu primeiro ato foi ajudar a açular os cruzados contra seus correligionários franceses; milhares morreram em consequência disso. No rescaldo do testemunho de Donin contra o Talmud, na chamada Disputa de Paris (1240), os judeus da França foram obrigados, sob pena de morte, a atirar seus textos sagrados às chamas. Mais tarde, no mesmo século, o apóstata Pablo Christiani convenceu o rei Luís IX da França a obrigar os antigos irmãos judeus, por decreto papal, a usar um emblema de identificação. No alvorecer do século 15, outro apóstata, Johannes Pfefferkorn, ganhou destaque pregando a mensagem de que “quem aflige os judeus faz a vontade de Deus, e quem procura seu benefício incorrerá danação”. Seguiram-se assassinatos, torturas, sevícias, etc. Mas o foco principal do livro é o período moderno, a começar pelo século 19, em que a traição pela submissão à cruz foi substituída e suplantada pela rota mais fácil, mas ainda complicada, da assimilação. Karl Marx, por exemplo. Nascido judeu, foi batizado aos 6 anos na igreja luterana, tornou-se ateu militante por convicção, mas desprezado por muitos como “o judeu Marx”, o revolucionário primeiro desencadeou sua fúria contra os antigos patrícios, especialmente se fossem rivais políticos ou intelectuais. Assim, para Marx, o social-democrata Eduard Bernstein era “o pequeno judeu Bernstein”, o socialista Ferdinand Lassalle “um descendente dos negros que se uniram à marcha de Moisés do Egito (supondo que sua mãe ou avó pelo lado paterno não tenha cruzado com um preto”), e os judeus poloneses, que se multiplicaram como piolhos, eram “a mais imunda de todas as raças”. No século 20 e, especialmente, neste 21, o autorrepúdio dos primeiros apóstatas judeus tomou nova direção. Mesmo mantendo a marca de ódio contra os judeus, com o Estado de Israel servindo mais frequentemente como conveniente substituto, o autorrepúdio atua muitas vezes acenando a bandeira do judaísmo ou dos próprios “valores” judaicos: enquanto “os Nicholas Donins e Pablo Christianis de eras passadas abandonaram seus laços judaicos mesmo quando os subvertiam,... os Nicholas Donins e Pablo Christianis da nossa própria época correm para abraçar seus laços judaicos mesmo quando os denigrem”. Grande parte de Jews against Themselves é uma excursão pelas várias maneiras que a inversão histórica se esgotou em nosso próprio tempo. Assim, “Sionistas contra Israel” é o paradoxo irônico que se emprega para descrever judeus que pro-
clamam amor a Israel, mesmo quando o caluniam. É o caso de Peter Beinart, “a alma de JStreet” e autor de The Crisis of Zionism (A Crise do Sionismo, 2012), segundo o qual o pior (e único) inimigo de Israel é ele próprio. Beinart seria um sionista, mas um ‘sionista democrático’”, expressão que lhe dá licença para, sempre que pode achincalhar Israel. Assim, embora Israel tenha se retirado de Gaza em 2005, evacuando seus próprios cidadãos, causando trauma nacional e grandes gastos, Beinart insiste em que o território continua a ser “ocupado”, porque Israel mantém um “bloqueio” pelo mar. Segundo Alexander, “Beinart poderia possivelmente não ter consciência de que o Hamas vai para a guerra contra Israel a cada dois ou três anos, não porque esteja ‘resistindo’ à ocupação inexistente, ou porque espera obter um triunfo militar ao disparar milhares de foguetes contra civis israelenses. Pelo contrário, o Hamas vai para a guerra sabedor de que o contra-ataque israelense para destruir foguetes e túneis inevitavelmente vai provocar a morte de civis árabes, e o triunfo da propaganda elaborada e disseminada pelos liberais (especialmente judeus), para quem todas as barbaridades palestinas são prova da malevolência israelense”. O livro também trata do movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), que destacou Israel entre todos os países do mundo, como o único merecedor de ser expulso da família das nações. Segundo Alexander, alguns dos judeus que lideram este boicote com surpreendente dedicação exibem “os enfeites exteriores da apostasia medieval”. Marc Ellis, por exemplo, um ativo membro do BDS no âmbito acadêmico e ex-diretor de estudos judaicos na Universidade Baylor, admite orgulhosamen>>
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“O Hamas vai para a guerra sabedor de que o contra-ataque israelense para destruir foguetes e túneis inevitavelmente vai provocar a morte de civis árabes, e o triunfo da propaganda elaborada e disseminada pelos liberais” (Edward Alexander)
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magazine > ensaio
>> te de não se ter arrependido, em Iom Kipur, das suas próprias transgressões na santidade de uma sinagoga, mas “confessando publicamente, diante de um público cristão, os pecados dos (outros) judeus contra árabes palestinos”. Enquanto, de acordo com Alexander, “o apóstata judeu da Idade Média era especialmente útil para a sua nova igreja se fosse instruído e pudesse ler textos judaicos, ou tinha sido ele próprio um praticante do que os cristãos consideravam traição judaica e, portanto, por experiência própria sabia o que se passava no judaísmo. Além disso, de acordo com a própria lei judaica (Halachá), ele ainda era um judeu apesar de ter perjurado sua antiga lealdade e identidade, e assim trazia uma poderosa autenticidade e confiabilidade às suas revelações caluniosas sobre judeus”. Com diferentes graus de realização e identificação judaica, os apóstatas judeus da nossa era moderna desempenham um papel análogo em relação a Israel, “o judeu das nações”. Para os que odeiam Israel e que se multiplicam no mundo muçulmano, na Europa e em recintos acadêmicos, os Ellises, os Noam Chomskys, as Judith Butlers, os Glenn Greenwalds e outros são os “bons judeus”, aqueles cujas palavras escritas e faladas são “evidências” que provam as afirmações mais fantásticas a respeito do Israel satânico: que “Tel Aviv” (segundo Richard Falk) estava por trás do atentado à Maratona de Boston; que Israel (segundo Norman Finkelstein) realizou experiências médicas ao estilo de Mengele em prisioneiros palestinos; que Israel (de acordo com Philip Weiss) é uma “mancha na civilização”, sendo a sua própria existência um ato de agressão e um câncer que precisa ser extirpado da face da terra. Como se explica tal patologia? Pode-se entender o impulso que levou alguns a abandonar a fé dos pais quando, no mundo medieval, os judeus foram confrontados com a conversão na ponta da espada. O milagre é quantos permaneceram firmes, e como poucos, mesmo entre aqueles que escolheram o batismo à morte, passaram a trair seus antigos irmãos. A apostasia moderna com traição é mais misteriosa. Não se tem uma explicação única, embora seja possível encontrar indícios fugazes na névoa da psicologia humana individual. Aqui e ali, somos capazes de ter um vislumbre da natureza dessa perturbação mental. Karl Marx oferece um deles. Ainda jovem, escreveu: “O autodesprezo é uma serpente que rói constantemente o peito de alguém. Suga o sangue para fora do coração e mistura-o com o veneno do ódio do homem e do desespero”. Como observa Alexander, essas palavras re-
veladoras “prefiguram o próprio destino psíquico [de Marx]”. Figura menor na história do pensamento ocidental, o falecido professor de história da Universidade de Nova York Tony Judt, oferece um vislumbre de outra direção. Pouco tempo antes de morrer, em 2010, Judt pediu, em artigo no New York Review of Books, a dissolução do Estado judeu, como se o seu desaparecimento fosse algo sem importância para os milhões de judeus vivos que habitam aquela terra. Para justificar sua proposta, Judt escreveu: “judeus não-israelenses sentem-se mais uma vez expostos às críticas e vulneráveis a ataques por coisas que não fizeram... O comportamento de um Estado judeu autodescrito afeta a maneira como todos olham para os judeus”. Esta é uma apostasia que não se fixa no medo da morte pela espada ou pelo fogo, mas na angústia do ostracismo social, nas agonias do constrangimento em um jantar ou na sala dos professores.: “Judt não viu nada ‘desproporcional’ nesta recomendação de politicídio – o fim de Israel – como a cura para a sua insegurança”, ou, por que não, como suporte para a sua auto-estima. A leitura do livro resulta na combinação de alarme e repulsa. Vivemos em uma era em que os sobreviventes da maior catástrofe que se abateu sobre o povo judeu ainda vivem entre nós; mesmo assim, um quadro pequeno, mas influente de judeus, imitando o comportamento de má reputação de um número menor de seus antepassados, fortalece as intenções mais virulentas dos antissemitas de hoje, incluindo os genocidas que estão entre eles. Como se sabe, o ódio aos judeus tem caráter infeccioso. E pelas histórias relatadas no livro o vírus parece ter encontrado um hospedeiro mesmo entre alguns daqueles a quem ele destruiria primeiro. * Gabriel Schoenfeld é membro sênior do Instituto Hudson, é o autor de, entre outros livros, The Return of Anti-Semitism (“O Retorno do Antissemitismo”, 2004)
Pode-se entender o impulso que levou alguns a abandonar a fé dos pais quando, no mundo medieval, os judeus foram confrontados com a conversão na ponta da espada. O milagre é quantos permaneceram firmes, e como poucos, mesmo entre aqueles que escolheram o batismo à morte, passaram a trair seus antigos irmãos
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magazine > curta cultura | por Bernardo Lerer
Imagens da loucura Para quem quiser ver, está na internet um tesouro na forma de imagens do Gueto de Lodz, Polônia, onde cerca de duzentos mil judeus ficaram confinados durante a Segunda Guerra. Destes, sobreviveram cerca de dez mil habitantes que se mudaram da cidade quando a guerra começou, e outros oitocentos que se esconderam até o gueto ser liberado pelo Exército Vermelho. O tesouro em questão é representado por cerca de três mil negativos dos seis mil que o fotógrafo Henryk Ross enterrou pouco antes das últimas deportações, em agosto de 1944. Os outros três mil não resistiram à deterioração de permanecer sete meses enterrados. Henryk foi um dos sobreviventes e morreu em Israel, em 1991. Ele nasceu em Varsóvia, em 1910, e como era repórter fotográfico foi convocado pelo departamento de estatística do Conselho Judaico do Gueto (o Judenrat) para documentar a vida – e, claro, a morte - no gueto e fotografar milhares de pessoas para as carteiras de identidade. O fato de ser fotógrafo oficial lhe possibilitava transitar quase livremente pelo gueto e, com uma máquina escondida sob o casaco, registrar, clandestinamente, o que o Judenrat e as autoridades nazistas queriam esconder, a saber: a morte, a intimidade da destruição e da degradação humanas apesar das cenas de crianças brincando, de um casamento, amigos fantasiados de palhaços e um casal se beijando. Em 1987, quatro anos antes de morrer, Ross escreveu que “era minha tarefa deixar um documento da tragédia da eli-
minação total dos judeus de Lodz pelos assassinos nazistas. Como fiz isso desde a ocupação a cidade, em 1940, de certa forma estava antecipando a destruição total do judaísmo polonês. Eu queria deixar um registro histórico do nosso martírio. Acho que consegui”. E pôde morrer em paz consigo mesmo.
Pinóquio nazista Albert Speer, o arquiteto do nazismo, morreu em 1981 em Londres, a cidade que pretendia varrer do mapa com as bombas V-1 e V-2, pouco depois de conceder uma entrevista à BBC e minutos antes de se encontrar com a amante. Ganhou obituários respeitosos porque gozava de imprensa favorável que o apresentava como o mais decente e menos corrompido da corte de Hitler. Apresentava-se como um tecnocrata apolítico por quem, no entanto, Hitler estava fascinado: um jovem arquiteto capaz de transformar em realidade seus sonhos megalomaníacos. Speer, que fora ministro dos armamentos e municiava os exércitos alemães apesar do bombardeio aliado, acabou se voltando contra o líder nazista desobedecendo a uma das suas últimas ordens que, se cumprida, deixaria um panorama de terra arrasada por onde as tropas passassem. Para azar dele e dos admiradores, surgiu uma demolidora biografia de Speer, segundo a qual os grandes espetáculos do partido nazista inspiraram-se em desenhos do período de Weimar – o teatro de Max Reinhardt e os projetos da Bauhaus; a “catedral de luzes” do épico comício de Nurenberg, em 1936, foi ideia de Leni Riefenstahl. Ele inflou o ego de Hitler prometendo transformar Berlim em Germânia, uma monstruosidade neoclássica em esca-
la inumana. Foi inspetor geral de obras e enriqueceu ganhando 2% de comissão nas obras públicas e despejando os judeus de casa e expropriando bens. Foi bem próximo de Heinrich Himmler nos planos dos campos de concentração, providenciando material de construção. Usou milhões de trabalhadores escravos que trabalharam até morrer. Era íntimo de Hitler e nada fez para interrompê-lo; ao contrário, imaginava sucedê-lo. Teve papel crucial no Terceiro Reich. Mentiu muito. Essa biografia o desmascara.
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O Golem e Herzl
A verdadeira história do libelo de sangue Assim como “Os Protocolos dos Sábios de Sion”, a mentira e falsificação antissemita publicada na Rússia, em 1903, virou justificativa para o genocídio, na Inglaterra, no século 12, o “libelo de sangue”, a falsa acusação de que os judeus mataram William of Norwich, uma criança cristã para, do sangue dela, fazer matzot, pode ser considerada a justificativa para dar ao mundo pretexto de negar aos judeus um lugar na sociedade civilizada. Esse suposto crime nunca foi bem explicado. O libelo de sangue, ou “morte ritual”, apesar de, por séculos, ter sido repudiado por cristãos e muçulmanos, sempre esteve à disposição de interessados em uma eficiente ferramenta de incitamento e como se observa até hoje com as provocações antissemitas no mundo muçulmano. E de que também se valeu o cristianismo como, por exemplo, nos anos 1990, a Igreja Ortodoxa Russa deu ares de seriedade à investigação de que o assassinato a família do czar, em 1918, teria sido uma “morte ritual”. Em 1913, em Kiev, no Império Russo, Mendel Beilis (foto), foi acusado de assassinato ritual e condenado à morte Mas um pesquisador da Universidade de Oxford, E. M. Rose, descobriu que o chamado “libelo de sangue” tinha, além da religião, razões políticas, sociais, econômicas e históricas. Segundo um certo Irmão Thomas, que se dizia hagiógrafo (biógrafo de santos), em 1144, William, aprendiz em um curtume, convencido a trabalhar na casa do diácono, foi, em vez disso, levado à residência de um eminente judeu, banqueiro em Norwich, submetido às mesmas “torturas de Cristo” e, depois, assassinado. O corpo foi pendurado numa árvore. Os judeus nunca foram acusados do suposto crime, mas a crise política, econômica, social e religiosa porque passava a região de East Anglia em razão da guerra civil e do fracasso da Segunda Cruzada exigia um bode expiatório. E os judeus estavam à mão, ainda que tivessem liberdade de culto e o judaísmo não fosse uma heresia.
Um dos lugares mais visitados de Praga é o Altneuschul (A Velha-Nova Sinagoga) a respeito do qual se montaram as mais diversas lendas, como, por exemplo: ela foi construída sobre fundações de pedras do Templo de Jerusalém, trazidas nas costas de judeus; ou terão sido anjos os que as carregaram? Mas o termo altneu pode ser uma variação da expressão hebraica altenai (depende, em que condições). No entanto, qualquer que seja a explicação – e aí vai mais uma lenda – os judeus de Praga se comprometeram a devolver as pedras embebidas em sangue judeu para a reconstrução do Templo. E há, também, a lenda mais conhecida a respeito do grande líder daquela sinagoga, o rabino Judah Loew, conhecido como o Maharal de Praga que criou um golem para proteger os judeus da cidade da destruição em algum momento do século 16. A sinagoga já existia trezentos anos antes do Maharal, duzentos quando se relatou pela primeira vez a história do Golem e tem mais a ver com os eventos do século 19. Theodor Herzl inspirou-se no nome dela para escrever seu romance utópico Altneuland (“Velha Nova Terra”). Ele a visitou em 1885 e em agosto de 1899 escreveu no seu diário que a “epifania do romance de Sion” e seu título surgiram durante um passeio pela capital tcheca e prognosticou que “virá a ser uma palavra famosa”. O romance de Herzl nunca foi visto nem lido como uma façanha literária embora tenha exercido influência em aspectos fundamentais da sua visão política liberal e que, em 1896, ao lançar o manifesto Der Judenstaat (O Estado Judeu) recebeu pouca ou quase nenhuma atenção apesar do seu caráter de divisor e águas no debate a respeito da Palestina.
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Gestão 2015/2017 s/ ͲWZ ^/ Ed W dZ/DKE/ > ŝƌĞƚŽƌ ĚĞ WĂƚƌŝŵƀŶŝŽ Ğ KďƌĂƐ ŝƌĞƚŽƌ ĚĞ DĂŶƵƚĞŶĕĆŽ s/ ͲWZ ^/ Ed d/s/ ^ ^K / /^ h>dhZ /^ ƐƐĞƐƐŽƌĞƐ
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84 HEBRAICA
| NOV | 2015
vitrine > informe publicitário ARMANDO FERNANDES JUNIOR
Proteja os seus talheres e baixelas Armando Fernandes Junior oferece serviços profissionais de forração de talheres em gavetas e sistema de plataforma removíveis (tabuleiros) forrados em feltro de lã 100% nas cores marrom café, azul marinho, vinho, preto e verde. Também realiza orçamento para colo-
cação de baixelas e forrações de armários. Av. Eng. Heitor A. Eiras Garcia, 1023, Jardim Bonfiglioli Fones 3731-4345 / 3735-6614 / 997-020-817 E-mail armandoroinuj@terra.com.br Site: www.nangaparbat.hpg.ig.com.br
CERVEJARIA BRAUGARTEN
O sabor da Alemanha perto de você A Braugarten é a única rede de comida alemã em São Paulo, com sete restaurantes. Oferece o que há de melhor e de mais moderno da cozinha germânica e internacional, além do autêntico chope artesanal, fei-
to com água mineral, como sugerem os melhores cervejeiros alemães. Braugarten Site www.brau.com.br
VIA CASTELLI
Trinta anos de tradição em Higienópolis Via Castelli é uma opção de tranquilidade aos clientes que buscam, na frenética São Paulo, um refúgio para reunir amigos e família no almoço, jantar ou em comemorações especiais. Com cozinha variada, oferece um cardápio diversificado com massas, aves, carnes,
peixes e frutos do mar, elaborado por uma equipe de habilidosos cozinheiros. No centro do salão principal, uma frondosa jaqueira de 89 anos. Via Castelli | Rua Martinico Prado, 341 Fone 3662-2999
NELLO’S
Patrocínio musical na Hebraica S’Imbora, o Musical – a História de Wilson Simonal narra a trajetória, o talento e a capacidade única de entreter do maior cantor do Brasil nos anos 60 – Wilson Simonal. O espetáculo volta a São Paulo em curtíssima temporada no Teatro Arthur Rubinstein na He-
braica, de 5 a 15 de novembro, com apresentações de quinta a domingo, sendo duas sessões no sábado, patrocinado pelo restaurante Nello’s, entre outros.
BOBERTUR
Natal e Réveillon entre focas e pinguins De Santiago a Buenos Aires, cruzeiro do Norwegian Sun explora o extremo sul do continente, visita a Patagônia e os fiordes chilenos. A viagem de quatorze noites começa dia 19 de dezembro em Santiago, (Valparaíso), segue para Puerto Montt,
Puerto Chacabuco, Punta Arenas, Ushuaia, Port Stanley, Puerto Madryn, Montevidéu e Buenos Aires. Bobertur Informações e reservas, Fones (011) 3676-1154 ou (011) 991-332-505
indicador proďŹ ssional
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indicador profissional ADVOCACIA
ADVOCACIA
COLOPROCTOLOGIA
ANGIOLOGIA
DERMATOLOGIA
CIRURGIA PLÁSTICA
HEBRAICA
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indicador profissional DERMATOLOGIA
DERMATOLOGIA
EVENTOS
FISIOTERAPIA
ESTÉTICA
GINECOLOGIA
88 HEBRAICA
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indicador profissional GINECOLOGIA
MANIPULAÇÃO
NEUROLOGIA
NEUROCIRURGIA
HARMONIZAÇÃO INTERIOR
NEUROPEDIATRIA
HEBRAICA
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indicador proямБssional NEUROPSICOLOGIA
ODONTOLOGIA
ODONTOLOGIA
90 HEBRAICA
| NOV | 2015
indicador profissional OFTALMOLOGISTA
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
/ IDOSOS
ORTODONTIA
PSICANÁLISE
PSICOLOGIA
PSICOLOGIA
HEBRAICA
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indicador profissional PSICOLOGIA
PSICOLOGIA
PSICOTERAPIA
PSIQUIATRIA
PSICOTERAPIA
REPRODUÇÃO
92 HEBRAICA
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indicador profissional RESIDENCIAL
RESIDÊNCIA TERAPÊUTICA
RPG/PILATES
TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL
TERAPIAS ALTERNATIVAS
HEBRAICA
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indicador profissional TERAPIA
compras e serviços
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compras e serviรงos
HEBRAICA
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compras e serviรงos
NA
PARA ANUNCIAR REVISTA HEBRAICA
LIGUE:
3815-9159 3814-4629
96 HEBRAICA
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roteiro gastron么mico
HEBRAICA
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roteiro gastron么mico
98 HEBRAICA
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conselho deliberativo
CALENDÁRIO JUDAICO ANUAL 2015
Duas assembleias O dia 8 de novembro representa um marco no calendário do Conselho Deliberativo e do clube em geral. Além das eleições periódicas, está marcada uma assembleia extraordinária para a votação de alguns artigos nos Estatutos Sociais que adequarão a Hebraica às exigências da Lei Pelé e que habilitarão o setor esportivo a pleitear as verbas e incentivos que já auxiliam outros clubes semelhantes ao nosso. Quanto às eleições, mesmo antes da data, já nos enchem de orgulho em face do criterioso trabalho feito na divulgação da abertura das inscrições de candidatos, o que nos mostrou um grande número de interessados em trabalhar a favor do clube. A partir das propostas de candidaturas, a mesa diretiva e um grande número de colaboradores estudaram cada formulário em relação às condições necessárias para a confirmação das candidaturas. Em face desse cuidado, chegamos ao número de 185 candidatos na chapa geral, que consideramos suficiente em face do potencial de trabalho demonstrado por todos e da qualidade que muitos já demonstraram em gestões anteriores. Desse grupo de candidatos, 59 pleiteiam a reeleição baseados em um histórico de trabalho no Conselho, nas comissões ou em cargos diretivos no clube. Já o grupo de 128 sócios titulares que tentam a primeira oportunidade de trabalhar no Conselho é muito significativo. Mostra que o interesse pelos rumos futuros do clube aumenta entre os jovens pais de família e pressupõe uma forte renovação do Conselho, uma vez que muitos desses estreantes provavelmente serão eleitos. Outro item que salta aos olhos na chapa geral de candidatos é o número de mulheres interessadas em ocupar as cadeiras do Conselho. São 39 sócias titulares que se propõem a abrir espaço em suas agendas diárias para colaborar com o clube, estudando os projetos propostos pela diretoria ou acrescentando itens às ideias já em debate. Em face dos fatos acima, é com grande satisfação que nos aproximamos do dia 8 de novembro com a certeza de que os 185 candidatos e também os conselheiros em exercício saibam que representam o quadro associativo e que seu papel é defender os interesses daqueles que, em confiança, assinalaram seu nome na cédula eleitoral. Shalom Mauro Zaitz Presidente do Conselho Deliberativo
Reuniões Ordinárias do Conselho em 2015 8 de novembro (eleições) 23 de novembro 7 de dezembro
Mesa do Conselho Presidente Vice-presidente Vice-presidente 1o secretário 2a secretária Assessores
Mauro Zaitz Célia Burd Fábio Ajbeszyc Alan Bousso Vanessa Kogan Rosenbaum Eugen Atias Jairo Haber Silvia L. S. Tabacow Hidal
NOVEMBRO 5
5ª FEIRA
DIA EM MEMÓRIA DE ITZHAK RABIN
DEZEMBRO 6 13
DOMINGO AO ANOITECER, 1ª VELA DE CHANUKÁ DOMINGO AO ANOITECER, 8ª VELA DE CHANUKÁ
2016 JANEIRO 25 27
2ª FEIRA 4ª FEIRA
TU B’SHVAT DIA INTERNACIONAL EM MEMÓRIA DO HOLOCAUSTO (ONU)
23 24 25
4ª FEIRA 5ª FEIRA 6ª FEIRA
JEJUM DE ESTER PURIM SHUSHAN PURIM
ABRIL 22 23* 24* 29* 30*
6ª FEIRA SÁBADO DOMINGO 6ª FEIRA SÁBADO
EREV PESSACH - 1º SEDER PESSACH - 2º SEDER PESSACH - 2º DIA PESSACH - 7º DIA PESSACH - 8º DIA
MAIO 5 11
5ª FEIRA 4ª FEIRA
12
5ª FEIRA
26
5ª FEIRA
IOM HASHOÁ - DIA DO HOLOCAUSTO IOM HAZIKARON - DIA DE LEMBRANÇA DOS CAÍDOS NAS GUERRAS DE ISRAEL IOM HAATZMAUT - DIA DA INDEPENDÊNCIA DO ESTADO DE ISRAEL - 68 ANOS LAG BAÔMER
JUNHO 5 11 *12 *13
DOMINGO SÁBADO DOMINGO 2ª FEIRA
IOM IERUSHALAIM VÉSPERA DE SHAVUOT 1º DIA DE SHAVUOT 2º DIA DE SHAVUOT
MARÇO
JULHO 24
DOMINGO JEJUM DE 17 DE TAMUZ
AGOSTO 13
SÁBADO
14
INÍCIO DO JEJUM DE TISHÁ BE AV AO ANOITECER DOMINGO FIM DO JEJUM DE TISHÁ BE AV AO
19
6ª FEIRA
TU BE AV
OUTUBRO ** 2 ** 3 ** 4 ** 11 ** 14 16 * 17 * 18 23
DOMINGO 2ª FEIRA 3ª FEIRA 3ª FEIRA 4ª FEIRA DOMINGO 2ª FEIRA 3ª FEIRA DOMINGO
* 24 * 25
2ª FEIRA 3ª FEIRA
VÉSPERA DE ROSH HASHANÁ 1º DIA DE ROSH HASHANÁ 2º DIA DE ROSH HASHANÁ VÉSPERA DE IOM KIPUR IOM KIPUR VÉSPERA DE SUCOT 1º DIA DE SUCOT 2º DIA DE SUCOT VÉSPERA DE HOSHANÁ RABÁ 7º DIA DE SUCOT SHMINI ATZERET- IZKOR SIMCHAT TORÁ
ANOITECER
* NÃO HÁ AULA NAS ESCOLAS JUDAICAS
** O CLUBE INTERROMPE SUAS ATIVIDADES, FUNCIONAM APENAS OS SERVIÇOS RELIGIOSOS