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Editorial PANO DE FUNDO HISTÓRICO - RELIGIOSO DO NATAL Estamos a poucas horas de uma importante data, 25 dezembro. Dia em que se comemora em quase todo mundo o nascimento do menino Jesus. Com o passar do tempo esse dia, que antes era de reflexão confraternização, passa se chamar dia de Natal, dia da chegada não, do Redentor, mas do bom velinho Papai Noel. Aquele que trará presentes, sorrisos e felicidades. Dará aos comerciantes boas vendas grandes lucros, tudo por obra e graça do Papai Noel figura que em outra época era apenas coadjuvante. Mas, essa data vista pelo cunho histórico apresenta outra controvérsia. Sem intenção de querer criar sensacionalismo, a apresentação deste fato revela outra origem da celebração do Natal conforme é praticada hoje em dia pelo mundo ocidental. Vejamos: Não existe nenhuma evidência histórica que mostre que os primeiros seguidores de Yeshua ("Jesus"), que eram chamados netzarim, no primeiro século, nem os cristãos que vieram depois, antes do século quatro, celebraram o Natal durante o mês de Dezembro e muito menos que tenham separado a noite do dia 24 como "Noite de Paz" ou "Noite Feliz" e o dia 25 como a data do nascimento de Yeshua ("Jesus"). Se isto é assim, como surgiu esta festividade? Quem a estabeleceu? Como foi estabelecida e por que razões? Vamos tomar aqui o depoimento de um sociólogo venezuelano, Axel Capriles M., que afirmava o seguinte "A celebração do Natal no mês de Dezembro é uma perspicaz mostra da sabedoria e o virtuosismo da igreja Católica no manejo hábil e prático das emoções ligadas ao fundo pagão da alma humana’. Nos evangelhos não identificamos dia do nascimento de Cristo e os primeiros cristãos não celebravam o Natal. No calendário Juliano aparece o 25 de Dezembro como o dia do solstício de inverno… tempo no qual se celebrava em Roma o nascimento do Sol… no Egito também se celebrava. Era simbolizado por uma virgem que dava a luz uma criança em Dezembro e estava vinculado ao festival popular do nascimento do deus Hórus e sua mãe Isis. Os adeptos destes cultos se fechavam em templos escondidos e à meia-noite gritavam: "A virgem deu a luz". Na Síria, as celebrações eram bastante parecidas e se JHC Mídia Digital - Edição 012 Ano 2012 3


mostrava uma criança, recém nascida à multidão. A virgem mãe era uma forma da deusa semita Astarte. Os cultos solares e de fertilidade do solstício de inverno encontrados no Mediterrâneo e no Oriente Médio, apareciam também na Europa central e nórdica. A penetração das religiões solares em Roma se deu, principalmente, através da tremenda Popularidade que obteve em todo o Império Romano uma velha divindade persa: o deus Mitra. Sendo Mitra uma divindade solar, identificada com o Sol Invencível, seu nascimento caia em 25 de Dezembro. Alguns historiadores afirmam que a extensão da adoração solar sucedeu durante o reinado do imperador Heliogábalo (218-222), fixando-se o 25 de Dezembro como data para a celebração do nascimento do astro inconquistável. As festividades não só expressavam as aspirações mitráicas de pureza moral e imortalidade, senão que incluía toda a magia, a sexualidade, o êxtase orgiástico e a instintividade das práticas rituais da religião de Emesa. Em todo caso, é provável que tenha sido durante o Governo do imperador Aureliano (270-275) que se estabeleceu a data de celebração do festival pagão "NATALIS SOLIS INVICTI" o qual seria mais tarde transformado no "NATALIS CRISTI". A religião mitráica foi, durante muito tempo, um dos principais rivais do cristianismo primitivo. O conflito de interesse e o enfrentamento entre estas duas religiões insurgentes mantiveram-se durante longo tempo em equitativo balanço. Contudo o povo cristão costumava assistir os festivais solares e eram movidos emocionalmente por seus rituais. Com uma agudeza psicológica extraordinária e um sentido prático admirável, os doutores da igreja se deram conta do poder de atração que o simbolismo, os rituais e as celebrações do nascimento do Sol invicto exerciam sobre a alma humana. Com o objetivo de capturar e canalizar as tendências inconscientes da população e como fórmula para transferir a devoção dos pagãos… a igreja cristã escolheu o fim da Saturnália como data do nascimento de seu fundador. Durante o período que hoje chamamos de Natal, os romanos festejavam a "Saturnália" (17-24 de Dezembro) e a "Kalandae" (1º de Janeiro). Nesta última festa, os cidadãos do império costumavam distribuir e intercambiar presentes, chamados "strenae", como presságio e sinal de boa fortuna… a prática ritual se originava na crença antiga de que, durante esta época os espíritos e demônios saíam para castigar ou premiar os humanos... A igreja do oriente absorveu esta comemoração como sendo o "Dia da Circuncisão do Senhor, pois de acordo com a Torah judaica, o varão deve ser cincurcisado após oito dias de nascido, assim eles conciliavam com o dia 25 de Dezembro, alegada data de nascimento de Jesus, os cristãos egípcios tinham começado há considerar o dia 6 de Janeiro como o dia do Natal. A igreja do Ocidente nunca aceitou essa data e foi a princípios do século IV que a igreja JHC Mídia Digital - Edição 012 Ano 2012 4


decidiu adotar o 25 de Dezembro como a verdadeira data de nascimento de Jesus. Na igreja Oriental, o costume foi adotado posteriormente, introduzindose em Antioquia no ano de 325 aproximadamente. O motivo que levou os pais da igreja a transferir e fixar a data da celebração do Natal foi à necessidade de contra atacar e competir com as famosas e muito populares festas pagãs celebradas nesse mesmo dia. Outro lado, não somente a religião pagã do Império Romano celebrava estas festividades, senão que por sua vez, os romanos a herdaram dos persas. Os descobrimentos arqueológicos mostram que no oriente próximo e no distante, tanto os persas como os árabes e os orientais, celebravam o nascimento do deus MENI, associado com a Lua, de onde procede ao dito de "o homem da Lua" ou "a cara da Lua." O Mitraísmo tinha dois dias sagrados: o primeiro dia da semana (Domingo), que veio a ser reconhecido como "o venerável dia do Sol", no lugar do Sábado (shabbath) Bíblico e 25 de Dezembro, conhecido como "Dies Natalis Solis", ou seja, "O Nascimento do Sol". Assim que, no império Romano se celebrava estas três festividades.

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Gastronomia

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SAÚDE Índia perde muito dinheiro graças a falta de instalações sanitárias e práticas de higiene Por Natasha Romanzoti

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egundo o Banco Mundial, a falta de instalações sanitárias e práticas de higiene na Índia custam ao país quase 91,15 bilhões de reais por ano. Mortes prematuras, tratamentos para os doentes, desperdício de tempo e produtividade, e receitas de turismo perdidas são os principais motivos para as elevadas perdas econômicas. No país, milhões de pessoas em áreas rurais e urbanas ainda têm de defecar ao ar livre, sem condições de lavar as mãos e ainda tendo que lidar com sistemas de drenagem pobres.

O estudo “Impactos econômicos das condições inadequadas de saneamento na Índia” é baseado em dados colhidos em 2006, mas que, segundo os especialistas, são semelhantes aos atuais. JHC Mídia Digital - Edição 012 Ano 2012 15


Não é de hoje que os pesquisadores conhecem os impactos significativos do saneamento inadequado na Índia. O relatório apenas quantifica as perdas econômicas para o país, e mostra que as crianças e famílias pobres é que têm que suportar o peso dessa falta de saneamento. Os especialistas do Banco Mundial afirmaram que morrem 450 mil pessoas de 575 milhões de casos de diarréia todos os anos na Índia. Somente o número de mortes prematuras, os tratamentos de enfermos de doenças como diarréia, malária, tracoma e vermes intestinais, e o tempo perdido devido a doenças está custando à Índia 64,99 bilhões de reais. Outros 18,6 milhões de reais são perdidos em “tempo de acesso”, o tempo gasto procurando um banheiro compartilhado ou local de defecação a céu aberto, em relação a ter um banheiro em sua própria casa. JHC Mídia Digital - Edição 012 Ano 2012 16


Sanitários inadequados nas escolas e locais de trabalho também causam perdas, já que as mulheres e meninas frequentemente se ausentam da escola ou do trabalho, ou se recusam a usar tais “banheiros” devido à indignação da falta de privacidade. As receitas de turismo também sofrem com a falta de saneamento adequado, e custam aos cofres do país cerca de 438,86 milhões de reais. Segundo os pesquisadores, os turistas estão relutantes em visitar a Índia devido à preocupação com problemas de saúde, o que causa prejuízos ao país. [Reuters]

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Qual a pior crise de saúde da atualidade: fome ou obesidade? Por Natasha Romanzoti

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e acordo com um relatório global publicado recentemente na revista médica britânica The Lancet, a obesidade é uma crise de saúde global maior do que a fome, e a principal causa de incapacidade em todo o mundo. Cerca de 500 pesquisadores de 50 países compararam dados de saúde de 1990 a 2010 para criar o relatório “Global Burden of Disease Report” (veja o relatório inteiro, em inglês, aqui), revelando o que eles chamam de uma grande mudança nas tendências globais de saúde. No Brasil, mais de 65 milhões de pessoas, ou 40% da população, estão com excesso de peso, enquanto 10 milhões são considerados obesos. Segundo o relatório, todos os países, com exceção dos subsaarianos, enfrentam taxas de obesidade alarmantes – um aumento de 82% globalmente nas últimas duas décadas. Países do Oriente Médio estão mais obesos do que nunca, vendo um aumento de 100% desde 1990. Sendo assim, problemas de saúde relacionados a índices de massa corporal elevados agora superam os relacionados à fome. Pela primeira vez, doenças não transmissíveis, como acidente vascular cerebral (derrame), diabetes e doenças cardíacas estão no topo da lista de causas que deixaram as pessoas doentes ou feridas por mais tempo.

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A mudança “Nós descobrimos que houve uma grande mudança na mortalidade. Crianças que morriam de doenças infecciosas estão se saindo muito bem com a imunização”, disse Ali Mokdad, coautor do estudo e professor da Universidade de Washington (EUA). “No entanto, o mundo agora é obeso e estamos vendo o impacto disso”. O chamado “estilo de vida ocidental” está sendo adaptado em todo o mundo, e as consequências são todas iguais. “Estamos vendo até uma grande porcentagem de pessoas que sofrem de dor nas costas agora. Se pudéssemos reduzir as taxas de obesidade, veríamos o número de doenças não transmissíveis e de dor diminuírem também”, afirmou Mokdad.

Qualidade de vida Cada ano que passa, a expectativa de vida aumenta. As pessoas podem estar vivendo mais tempo do que em 1990 – em média, 10,7 anos a mais para os homens, e 12,6 anos a mais para as mulheres -, mas, para muitas delas, a qualidade de vida durante esses anos não é boa. Em média, diz o relatório, as pessoas são atormentadas por doença ou dores durante os últimos 14 anos de vida. “Nós descobrimos como manter uma pessoa que sofreu um derrame viva, mas ela vive incapaz por muitos anos depois. Essa não é a qualidade de vida que a pessoa esperava”, explica Mokdad. Nos países ocidentais, as mortes por doenças cardíacas são abaixo de 70%. No entanto, o número de pessoas diagnosticadas com doenças cardíacas está aumentando em taxas alarmantes. De acordo com a Dra. Margaret Chan, diretora-geral da Organização Mundial de Saúde, as doenças não transmissíveis são um desafio global de “proporções epidêmicas”. Em um discurso para a Assembleia Geral da ONU no ano passado, ela disse que são um “desastre em câmera lenta”. No mesmo ano, a ONU aprovou uma “declaração política” destinada a conter a onda crescente de doenças não transmissíveis. Mudar o foco de tratar doenças não transmissíveis a preveni-las pode ser muito benéfico não só para nós, mas para a economia também. Elas nos vão custar mais de US$ 30 trilhões (cerca de R$ 60 tri) nos próximos 20 anos. Um adicional de US$ 16 trilhões (R$ 32 tri) será gasto com saúde mental – custos que poderiam levar milhões de pessoas à pobreza. “Esperamos que os políticos prestem atenção a esses números e descubram que podem implementar programas para intervir sobre estas tendências”, conclui Mokdad. CNN,ObesidadenoBrasil] JHC Mídia Digital - Edição 012 Ano 2012 19


Por que é tão difícil acabar com a fome no mundo? Por Rafael Alves

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m relatório datado de 2010, do setor de Agricultura e Alimentação da ONU, indica que ainda há 1 bilhão de pessoas (portanto, um sexto da população)

dentro da linha da desnutrição, ou seja, passando fome. Pesquisadores têm debatido, afinal, qual o problema que impede a redução desse número, se é a falta de alimentos em si ou a dificuldade de acesso das populações mais pobres a esse alimento. De acordo com o levantamento, o motivo é realmente a pobreza. Não falta alimento, as pessoas é que não tem dinheiro para comprá-la. É claro que, por via das dúvidas, a ONU estimula práticas para aumento da tecnologia e da produção agrícola, que gera mais alimentos, mas a pesquisa aponta que o foco do problema não está aí, e dessa maneira a fome irá persistir.

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Há um dado alentador, no entanto: o número de pessoas desnutridas está em queda, não apenas na porcentagem, como também em números absolutos . Em 1970, quando havia 3 bilhões e 700 milhões de seres humanos na face da Terra, 1 bilhão e 300 milhões eram desnutridos. Já era mais do que hoje e representava expressivos 37% do total. Vinte anos mais tarde, já havia 5 bilhões e 300 milhões de pessoas no planeta. Destas, 20% passavam fome, ou seja, 1 bilhão e 60 milhões.

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Agora, outros 20 anos depois, estamos em 1 bilhão de desnutridos, mas a pobreza impede que esse valor caia mais rapidamente. A crise econômica de 2008, onde houve aumento no preço dos gêneros alimentícios básicos, freou a evolução. Agora, dados desoladores: 30% de todo o alimento produzido no mundo é jogado fora.

Não é apenas em países desenvolvidos, nos próprios países pobres há desperdício, já que muitas vezes há alimento disponível, mas a maioria não pode comprar, razão pela qual os excedentes de estoque vão direto para o lixo. A maioria dos desnutridos, em números absolutos, está na Ásia, mas em números relativos é a África subsaariana quem mais sofre com a fome devido à pobreza. JHC Mídia Digital - Edição 012 Ano 2012 22


Não é o crescimento populacional que atrapalha, exatamente. Os cientistas há muito temiam que o aumento do número de pessoas inviabilizasse a erradicação da fome, mas o crescimento populacional está diminuindo. E deve se estabilizar até 2050, quanto o tamanho da família em quase todos os países pobres cairá para 2,2 filhos por mulher. Mesmo que a população aumente, portanto, a disponibilidade total de calorias por pessoa crescerá ainda mais. Produzir comida suficiente para todos, no futuro, é perfeitamente possível. É claro que a escassez de alguns recursos que hoje ainda são abundantes, como água e terras férteis, vai dificultar, mas o foco da questão não a população. O problema tampouco está na área disponível para produzir. Estimativas da ONU afirmam que pode haver mais 1 bilhão e 600 milhões de hectares de terras cultiváveis a se explorar. Isso equivale a 16 milhões de km², quase o dobro da área do Brasil, e a maioria destas áreas está espalhada pela África e América Latina. Este número, claro, sem precisar invadir áreas florestais ou reservas naturais. O problema, entretanto, pode permanecer mesmo com o uso destas terras: os cientistas afirmam que o empecilho realmente não está na produção, e sim na distribuição. [The New York Times] JHC Mídia Digital - Edição 012 Ano 2012 23


ESPORTE Arena do Grêmio impressiona Confira fotos e números do novo estádio

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estádio foi construído em 27 meses e será inaugurado neste sábado, em amistoso do Grêmio contra o Hamburgo, da Alemanha

João Pontes - enviado iG a Porto Alegre A Arena do Grêmio Construída respeitando os padrões Fifa, o estádio pode ser considerado um dos melhore do mundo.

Foto: Kracker/Site

Juliano Arena

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Vestiário da Arena do Grêmio. Foto: Divulgação/Grêmio

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Arena em números: Investimento total: R$ 540 milhões Investimento em tecnologia: R$ 100 milhões Tempo de construção: 27 meses Receitas durante 20 anos: 65% do Grêmio e 35% da OAS Capacidade total: 60.170 pessoas Estacionamento: 5.400 vagas Cabines de imprensa: 34 Bares: 58 Área do terreno: 200 mil metros quadrados Altura do estádio: 56 metros Dimensão do campo: 68m x 105 m Distância do gramado para as primeiras cadeiras: 10 metros Iluminação: 408 refletores Câmeras de monitoramento: 239 Elevadores: 18 Assentos para deficientes: 106 Banheiros: 90 Vestiários padrão Fifa: 4 Camarotes: 135 Telões: 2 de 96 metros quadrados cada JHC Mídia Digital - Edição 012 Ano 2012 27


Meio Ambiente Brasil perdeu um RJ de áreas protegidas

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studo quantifica perda em unidades de conservação desde 1981; hidrelétricas concentram redução nos últimos cinco anos

Bruno Deiro, Herton Escobar - O Estado de S.Paulo O Brasil perdeu mais de 45 mil quilômetros quadrados de áreas protegidas nos últimos 30 anos - uma área maior do que a do Estado de Rio de Janeiro - segundo levantamento feito por pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco. O estudo, ainda não publicado em revista científica, contabilizou todos os eventos de redução, desclassificação e reclassificação (RDR) em unidades de conservação do País desde 1981.

Nacho Doce/Reuters

Desmate ilegal no Parque Nacional da Amazônia em Itaituba, no Pará

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s dados cobrem um período de mais de 30 anos, mas é nos últimos 5 que a história se complica, por conta, principalmente, das obras de infraestrutura do governo federal na Amazônia ligadas ao setor elétrico. Quase 70% dos casos de RDR no País ocorreram a partir de 2008. "O que era para

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ser uma exceção vai se tornar a regra? Essa é a dúvida", diz o pesquisador Enrico Bernard, do Departamento de Zoologia da universidade, que orientou o trabalho do estudante de graduação Luan Amim (leia entrevista na página ao lado). No período todo, os pesquisadores registraram 48 eventos de RDR. Entre 1981 e 2000, houve apenas dois. Em 2001, ocorre um primeiro pico de oito eventos, relacionados à aprovação da lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (Snuc), em julho de 2000. "Foram eventos de adequação à nova lei", explica Bernard. Em 2008, começa um novo pico. Só em 2010, último ano do governo Lula, houve 14 eventos de RDR. Nos dois primeiros anos da gestão de Dilma Rousseff, foram 10, incluindo 8 eventos de redução em unidades de conservação federais e 2 de reclassificação em unidades estaduais.

Eletricidade O setor mais associado a casos de RDR foi o de geração e transmissão de eletricidade, principalmente na Amazônia. Segundo o estudo, ele foi o motivador de 21 eventos (44% do total), incluindo 11 declassificações (em que unidades de conservação deixaram de existir), 9 reduções e 1 reclassificação. "A maior parte desses eventos ocorre a partir de 2010, com a publicação do plano de energia do governo, que aponta a Amazônia como grande reservatório de energia do Brasil", afirma Bernard. Cerca de 40% da Amazônia Brasileira já é "coberta" por unidades de conservação e terras indígenas, segundo o último relatório da Rede Amazônica de Informações Socioambientais Georreferenciadas (Raisg), divulgado no início deste mês. Assim, à medida que aumenta a demanda por eletricidade e os projetos de geração de energia se multiplicam, a briga por espaço entre áreas protegidas e obras de infraestrutura tende a se agravar. "Acho que vamos ver com mais frequência e mais intensidade a alteração dos limites legais de áreas protegidas na Amazônia", avalia Bernard. Além do setor elétrico, aparecem com destaque na lista de "motivadores" a especulação imobiliária, com 7 eventos, e o agronegócio, com 5. Há apenas dois casos de "reclassificação positiva", em que áreas protegidas tiveram seu status de proteção elevado para categorias mais rígidas de conservação: o da Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie) do Murici, em Alagoas, que foi reclassificada como Estação Ecológica (Esec) em 2001; e o da Área de Proteção Ambiental (APA) de Jericoacoara, no Ceará, que passou a Parque Nacional em 2002. O estudo não levou em conta territórios indígenas, apenas unidades de conservação estaduais e federais. JHC Mídia Digital - Edição 012 Ano 2012 29


ICMBio Roberto Vizentin, presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), admite a existência de uma relação direta entre o aumento de ações de RDR e as demandas do setor energético nos últimos anos. "Geralmente os potenciais hidrelétricos se concentram na Amazônia, e boa parte passa por unidades de conservação e terras indígenas", afirma Vizentin. "É uma situação real que acaba obrigando o governo a tomar decisões. Não há como tapar o sol com a peneira, é preciso fazer as opções." Ele garante, porém, que o crescente impacto observado no estudo refletiu o crescimento no País desde a última década e não deverá ter um aumento substancial nos próximos anos. "Entendo que a tendência é estabilizar o número de ações em unidades de conservação. Uma coisa era o País há cinco ou dez anos. O grosso da afetação está concluído", afirma Vizentin. Segundo o presidente do ICMBio, o órgão ainda teve de atender a demandas específicas do governo, como a exclusão de áreas de pesquisa em mineração em algumas UCs. Outro obstáculo, afirma, envolve questões burocráticas. "Não conseguimos criar a Estação Ecológica de Maués (município a 276 quilômetros de Manaus), por exemplo. Apesar de termos alinhado tudo na esfera federal, o governo do Amazonas não aceitou as condições. Então, a coisa não é assim tão simples", diz Vizentin. A estação, de Proteção Integral, foi sugerida pelo governo como compensação aos danos ambientais causados pela construção de três usinas hidrelétricas que serão implantadas no Rio Tapajós, no Pará. "É preciso conduzir os processos do PAC de tal maneira que se reduza as perdas de biodiversidade. Temos tentado compensar estas perdas, indicando a criação de outras áreas", afirma Vizentin. "O esforço é para mostrar que modificar uma área nem sempre tem como resultado a perda biológica." A reportagem do Estado procurou os ministérios do Meio Ambiente e de Minas e Energia, que optaram por não comentar o estudo da UFPE.

Sistema Nacional não resolveu fala de plano de manejo Criado há 12 anos, o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc) não resolveu o problema da falta de plano de manejo e zona de amortecimento em diversas unidades no País. Especialistas da área jurídica afirmam que a lei federal, mesmo com muitos avanços, não define responsabilidades sobre o JHC Mídia Digital - Edição 012 Ano 2012 30


entorno de algumas áreas de proteção. "O problema ocorre principalmente com as unidades criadas antes da publicação do Snuc, em 2000. É preciso que o Ministério Público Federal exija que os planos de manejo sejam implementados", diz Luiz Fazzio, especialista em Meio Ambiente e Sustentabilidade do escritório Braga Nascimento e Zilio. O advogado cita o caso da Mata de Santa Genebra, área remanescente de Mata Atlântica em Campinas. "É uma unidade criada pelo governo Sarney, em 1985, e administrada pelo município. A indefinição ameaça a licença ambiental de todos os empreendimentos num raio de 2 quilômetros, que inclui zona industrial", diz Fazzio. / B.D.

Fotos do Meio Ambiente e de suas Lindas Paisagens

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meio ambiente nos proporciona lindas imagens, das mais diferentes e até as mais tristes e catastróficas imagens, pois o ser humano está destruindo o meio em que vive, e isso acaba gerando cenas tristes, como o desmatamento, a extinção de animais, a fuga para a parte urbanizada das cidades, e tudo que possa ser ruim contra a natureza.

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Em algumas fotos podemos ver o descaso com o meio ambiente e a poluição que integra o nosso planeta, e isso tudo também tem parte no perigoso aquecimento global, que produz fotos do meio ambiente que nos fazem entristecer, aqui como nós não queremos deixar você triste com as imagens de poluição e descaso, colocamos apenas as fotos mais lindas que encontramos. Algumas imagens do meio ambiente são de encher os olhos, com belos espetáculos formados pelas mãos de Deus, que deixou para nós um bem muito precioso, que temos de cuidar para que ele não se acabe de modo que muita gente possa também ter o prazer de poder usufruir do meio ambiente ao passar das gerações.

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Fotos das mais belas paisagens estão disponíveis na internet, tais como um por do sol na praia, um campo belo e florido na mata, são coisas assim que deixam a natureza com mais perfeição ainda, pois imagens valem mais que palavras, e no mundo em que vivemos isso não é diferente.

Tudo o que o mundo nos proporciona tem uma beleza única, quem nunca ficou observando o céu estrelado, o arco-íris, o nascer e pôr do sol, montanhas, cerrados, campos floridos,florestas, bosques, rios, cachoeiras, lagos, o oceano, e até um dos espetáculos mais lindos da natureza que é a aurora boreal mesmo que a grande maioria das pessoas só tenham visto apenas por foto ou vídeo é uma das coisas mais bonitas que a natureza nos proporciona. JHC Mídia Digital - Edição 012 Ano 2012 33


Quando avistamos uma bela paisagem, queremos logo fotografar também, para mostrarmos aos amigos, parentes e vizinhos, e quem sabe assim mostrando a beleza do meio ambiente para algumas pessoas consigamos mobilizar ao menos mais uma pessoa para que ela também lute na preservação desse que é um dos bens mais preciosos do homem, que é a natureza. Segue abaixo várias imagens do meio ambiente e paisagens lindas que a natureza nos dá de presente todos os dias.

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HISTÓRIA E ARTE A Decadência da mentira

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esses últimos dias vivemos um período de felicidade “ilusória” manifestada pelo imaginário coletivo de sociedades em quase todo o planeta. Induzidas por parte da mídia em fração de segundo o mundo torna-se humano, fraternal. O amor aflora em todos os seres. Todos se amam entre si e, desejam-se. Porém, passado essa histeria coletiva, voltamos à realidade onde os fatos reais ou não, continuam ditar normas, regras, costumes, ora alicerçados na verdade verdadeira ora, na mentira repetida. O Papa Bento XVI disse que a questão da homossexualidade é tão grave quanto o aquecimento global. Em outro episodio, ao discursar na “inauguração” da Cidade da Música, o Sr Cesar Maia citou, talvez numa ilação ao acontecimento, “A Decadência das mentiras” de Oscar Wilde. Richard Miskolci “Art is a symbol, because man is a symbol.” De Profundis Publicado originalmente na revista Temas- UNESP/Araraquara, Pós-Graduação em Sociologia, 1995. Ano II N.3 p.33-46 Resumo: O texto aborda a inserção social de um artista, eminentemente um esteta, na sociedade vitoriana. Os ensaios teóricos de Wilde aproximam-no das idéias de Nietzsche, sem que ele as tenha conhecido. Um panorama de sua obra é esboçado dentro desta perspectiva e a interpretação de seu amoralismo como forma superior e mais sofisticada de moral perpassa a análise. Wilde era um irlandês na sociedade britânica, devasso descuidado no reino da hipocrisia. Coerente com sua persona de poeta maldito escolheu o caminho mais trágico para encerrar sua carreira, escolha que o levou ao cárcere e à abjeção nacional. Oscar Wilde - Um Esteta na Pátria do Utilitarismo O termo esteta tem uma conotação pejorativa em nossos dias, a compreensão das razões dessa atitude é reveladora. Ao esteta atribui-se uma excessiva valorização da arte, falta de conexão com os problemas reais da existência humana e características ainda menos lisonjeiras. Kierkegaard via o homo aestheticus como o oposto do homem ético e durante todo o século XIX o esteticismo

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e o antiesteticismo congregaram forças. O estilo caracteristicamente idealista do pensamento alemão foi mais hospitaleiro à investigação estética do que o racionalismo francês ou o empirismo inglês. A estética surge como categoria teórica quando a produção cultural ganha autonomia em relação às várias funções sociais a que servia tradicionalmente. Devemos iniciar caracterizando a estética como uma ciência autônoma da sensibilidade, mais precisamente, um discurso sobre o belo que desafia a lógica. O Aesthetica (1750) de Alexander Gottlieb Baumgarten representou uma inarticulada rebelião do corpo contra a tirania do teórico. Essa virada criativa em direção ao corpo sensual relaciona-se a uma preocupação libertadora com o particular e uma forma astuciosa de universalismo. Assim, é possível compreender a estética como reação à crescente racionalização que ocorre junto com a ascensão da burguesia e do sistema econômico capitalista. O belo, na tradição platônica, era visto como “apresentação sensível”, como ilustração do verdadeiro, como uma transposição materializada de uma verdade moral ou intelectual. No platonismo, na teologia cristã ou no cartesianismo, o mundo inteligível é sempre superior ao sensível. Deus, por ser inteiramente inteligível, não é afetado pela marca da imperfeição e finitude humana que é a sensibilidade. A estética é uma ruptura com a teologia e a filosofia de inspiração platônica. O objeto da estética é o próprio homem. A autonomia do “sensível” (mundo onde o divino se retira para dar lugar ao humano) se realizou em três etapas. A primeira se deu com a publicação do Aesthetica de Baumgarten e a Fenomenologia de Johann Heinrich Lambert (1766, a primeira de uma longa linhagem), com estas obras toma forma o projeto de se isolar uma lógica própria dos “fenômenos” sensíveis. Depois, a Crítica da Razão Pura de Kant declarou a autonomia radical do sensível com relação ao inteligível abrindo espaço para a Crítica da Faculdade de Julgar. Por fim, Nietzsche suprime pura e simplesmente o mundo inteligível eliminando toda a referência a Deus, mesmo como idéia. O mundo sensível, o propriamente humano, é alçado à categoria de único mundo. A estética desafia a lógica ao declarar o objeto belo radicalmente nãointeligível (irracional). A filosofia racionalista não tem como desviar os olhos do que está fora da razão. De Leibniz a Freud isso será o problema central do pensamento germânico. Na Inglaterra, pátria do utilitarismo, encontraremos uns poucos que ousaram adentrar nessa esfera de reflexão idealista. Walter Pater foi um dos pioneiros, mas Oscar Wilde (1854-1900) tornar-se-ia o maior esteta inglês. Seria o defensor teórico da estética como apologia radical das potencialidades humanas como fins em si mesmas na pátria do utilitarismo burguês, o responsável pela estreiteza espiritual da era moderna. A estética, como herança da nobreza, é a exaltação da “riqueza do ser”, inimiga do egoísmo burguês. Ressalta uma visão de sociedade como comunidade de JHC Mídia Digital - Edição 012 Ano 2012 39


sensibilidade com seus iguais. Julgar esteticamente eqüivale a livrar-se de preconceitos em nome de uma humanidade comum e universal: “O desgosto que sentimos frente à tirania e à injustiça é anterior ao cálculo racional, como o nojo que sentimos diante de um alimento estragado. O corpo é anterior à racionalidade interesseira e forçará sua aprovação ou aversão instintiva às nossas práticas sociais.” (Eagleton: 1993, p.34) Na França e na Inglaterra, a estética materializou-se mais como movimento artístico do que como discurso teórico, o qual se manteve especialidade germânica. O esteticismo guarda similaridades com a estética, mas caracterizase pela aplicação de um de seus pressupostos: a obra artística é superior a qualquer discurso teórico racional sobre ela. Assim, se o esteticismo perde em clareza conceitual ganha por conceder à arte o poder questionador e, esperavase transformador, que o discurso teórico revelava-se incapaz de concretizar. Na segunda metade do século XIX, decadentismo e esteticismo eram muito ligados e as críticas atribuídas a eles versavam sobre sua suposta morbidez e presunção, seus excessos técnicos e lingüísticos, sua preocupação exclusiva com a sensação, seu artificialismo e anormalidade. Essas críticas ignoravam o fato de que decadência pode significar aperfeiçoamento; não tem ligação necessária com morte e fim, mas antes pode ser um melhoramento da vida. Wilde dizia que os decadentes eram sinceros, honestos e austeros. A decadência de algo está sempre associada ao nascimento de outra e, no caso de Wilde, na tentativa de contribuir para a criação de um novo homem, o qual denominaremos de homo aestheticus. A figura do esteta foi acidamente utilizada em romances de escritores tementes à moral, o que ajudou a formar a imagem do esteta como homem preguiçoso, superficial e de sexualidade ambígua. Em Patience (1881) de Gilbert, o esteta Bunthorne aparece como um tipo efeminado e narcisista. Henry James, cujo primeiro romance é uma reação ao esteticismo de Pater, tem uma coleção de personagens estetas. Em The tragic muse (1889), Gabriel Nash, presume-se, é sua visão de Oscar Wilde. James ironiza sua atitude de cidadão do mundo fazendo com que o personagem apareça sempre indo para “algum outro lugar” e também sua ociosidade, mas permite que ele responda às críticas de farsante e de nunca ter dado provas de seu talento. Wilde diria um dia a André Gide que colocara todo seu gênio em sua vida e apenas seu talento em suas obras, um gracejo de quem deixaria uma genial e volumosa obra. A imagem não muito desfavorável do esteta no livro do circunspecto e anti-esteticista James é reveladora. Wilde não foi um mero seguidor da doutrina estética, mas talvez seu maior transformador. Wilde abraçou o esteticismo quando ainda estudava no Trinity College, em Dublin. Seu irmão Willie chegou a falar sobre “a moral esteticista e sua influência sobre nossa época” na sociedade filosófica do colégio. Em Oxford, com vinte e um anos, leu Studies in the history of the Renaissance de Walter Pater, o qual se tornou seu “livro de ouro” e teve influência ímpar em sua vida. Pater detinha-se, principalmente, em análises sobre Leonardo, Michelangelo JHC Mídia Digital - Edição 012 Ano 2012 40


e do iniciador da historiografia da arte, Winckelmann. Sem segurança quanto ao rumo de sua vida, Pater pareceu-lhe uma bússola. O capítulo final do livro de Pater, que originalmente correspondia às últimas páginas de um artigo sobre poesia estética publicado em 1868, oculta sob um disfarce de manual de instrução para críticos de estéticas uma introdução ao homoerotismo. Na segunda edição do livro o autor retirou o capítulo e só o reintroduziu na terceira, com ressalvas. Pater exaltava uma densidade de gosto e sabor, da arte e da vida. Insistia na fugacidade e na deriva de todas as coisas e neste fluxo só caberia recorrer às paixões, sensações, momentos. Seu sensualismo era um meio de exaltação do mundo sensível e libertação do homem para a fruição do mundo numa sociedade marcada por rígidas e restritivas normas de comportamento. Ainda assim, Wilde vacilava diante das repreensões morais que, ao mesmo tempo, recebia em conversas e conferências de John Ruskin. Wilde começou a ganhar fama mais por sua conversa espirituosa e acidamente crítica e seu modo exótico no vestir do que por seus poemas e resenhas. Conta-se que em 30 de abril de 1877, na inauguração da Grosvenor Gallery, compareceu com um casaco com a cor e o formato de um violoncelo. Afirmou ter sonhado com a roupa. Às vezes usava lenços de cores muito vivas e acessórios que chocavam a sofisticada (leia-se padronizada) sociedade londrina. Foi exótico no vestir na época em que isso representava uma espécie de rebeldia. Dizia que não nascera para regras, mas sim para exceções. O século XIX marca a consolidação da alienação dos indivíduos com relação à existência pública. Wilde foi uma figura pública numa sociedade viciada na vida privada. As pessoas temiam revelar suas intimidades pelas aparências. A indiferenciação das roupas era patente já na década de 1840 e revelava a aparência neutra como busca de proteção aos olhos da sociedade. A sofisticação, atributo cosmopolita, eqüivalia à capacidade de passar desapercebido pela multidão. Os dois fenômenos que os burgueses mais temiam revelar nas aparências eram a classe social e o sexo. Wilde recusou-se a cindir sua vida pessoal em duas como fizeram seus contemporâneos, afirmou a unidade de sua personalidade frente a uma sociedade baseada na vida dupla. Em 1883, surge o romance de Huysmans, À rebours (Às Avessas), que daria força programática ao decadentismo do outro lado do canal. O protagonista do romance, Des Esseintes, é um nobre decadente com gostos incomuns. De tanto buscar prazeres inauditos termina numa glamurosa neurastenia. Esta obra estabeleceu a figura do esteta como degustador, aquele que passa de um desejo exótico ao outro. O romance logo caiu na predileção de Wilde que adotou até mesmo o uso do cravo verde. De Esseintes afirma que se as flores artificiais são preferíveis às naturais, então as flores naturais que parecessem artificiais seriam mais belas ainda. Logo um florista da Burlington Arcade passaria a tingir todos os dias cravos brancos de verde. Essa tendência wildeana de romper a barreira entre a ficção, ou imaginação no caso do sonho sobre o traje em forma de violoncelo, e a realidade revela uma aptidão filosófica. Schopenhauer afirmou sem rodeios que o dom de considerar, em certas ocasiões, os homens e todas as coisas como imagens oníricas era JHC Mídia Digital - Edição 012 Ano 2012 41


tipicamente filosófico. Nietzsche ressalta em O Nascimento da Tragédia que nosso ser mais íntimo, o que é comum a todos nós, encontra na experiência onírica um prazer profundo e essencial. Wilde queria levar isso ao paroxismo. Sua opção pelo humor para manifestar as agudas críticas à sociedade vitoriana é coerente com sua percepção de que a distorcida moral burguesa que queria denunciar tinha na aparência de seriedade seu alicerce. Nos sérios e fleumáticos rostos dos burgueses descobriu uma máscara que queria retirar. Por detrás delas encontraria o culto ao sacrifício pessoal, o qual uma vez comparou como remanescente da automutilação dos selvagens e parte da adoração da dor. Wilde sabia que no culto ao sacrifício e à dor está inscrita a aceitação da realidade, a conformação, mas era um espírito irrequieto e rebelde por natureza. Afirmaria que não podíamos voltar ao santo, havia muito mais a ser aprendido com o pecador. O pecado é um elemento essencial da evolução humana, ele enfatiza a originalidade do indivíduo e nos salva da monotonia do tipo. Queria transformar o que não lhe agradava e exaltar o prazer como mais humano do que a dor. Até o início da década de 1890 oscilou entre duas versões do esteticismo: a derivada de Gautier e defendida por Whistler que exaltava a arte por seu elitismo e sua absoluta inutilidade, além de dissociá-la da vida e da natureza e a versão que sustentava a capacidade da arte refazer o mundo. A arte é realmente inútil aos olhos de uma sociedade pautada pela economia, mas nisso reside sua subversão. O inútil para o burguês não o é para o esteta. Em sua passagem pelos Estados Unidos em 1882, Wilde apresentou a doutrina estético-decadentista sob o título de “A Renascença Inglesa” e alcançou a mescla perfeita das versões do esteticismo negando seu elitismo. Em suas conferências ficou claro que abandonara a aprisionante teoria pateriana da apreciação do instante e dirigia-se a uma espécie de socialismo, através do qual poderia ensinar ética aos moralistas. Aproximava-se cada vez mais de uma concepção da estética como transformadora do homem moderno de seu decadente estado para um “homem maior”, como dizia Wallece Stevens. Wilde defendia um esteticismo repensado. A idéia de renascença apareceria de maneira mais clara em The soul of man under socialism (A Alma do Homem Sob o Socialismo) e designa uma era de surgimento de um novo helenismo onde a propriedade seria abolida. O casamento é apresentado como transposição da propriedade para a esfera das relações amorosas e, assim, também seria eliminado. A sociedade utópica possibilitaria a concretização do homo aestheticus, do livre e completo desenvolvimento das capacidades humanas. O esteta vê na arte a concretização do nobre espírito humano. As obras artísticas são modelos aos quais devem recorrer os homens espiritualmente vazios de nossa era. No final da década de 1880, Wilde deixou claro que não aceitava a arte pela arte. Essa máxima só tinha sentido ao se referir ao que sente o artista enquanto está compondo, mas nada tinha a ver com o motivo geral da arte. Em “The decay of JHC Mídia Digital - Edição 012 Ano 2012 42


lying” (“A Decadência da Mentira”) expõe sua teoria invertendo Aristóteles ao afirmar que a vida imita a arte. Esta afirmação paradoxal sintetiza sua visão do esteticismo como transformador da vida humana. Seu elogio à artificialidade é nada mais do que a exaltação da imaginação humana ante um mundo cada vez mais aprisionado à estéril e dolorosa realidade objetiva. Quando fala que o pôrdo-sol é uma invenção de pintor quer dizer que a criação artística é instigadora da percepção humana. A apologia da beleza em seus textos é também a do bom. Neste sentido devemos compreender frases como esta: “Olhar uma coisa e vê-la são atos muito diferentes. Não se vê uma coisa enquanto não se compreendeu sua beleza. Então, e só então nasce para a existência.” (Wilde: 1961 , p.1088) . Em “The critic as artist” Wilde afirma sua visão da crítica como empregadora da “experiência concentrada da espécie” de maneira a opô-la às obras dos artistas tomados individualmente para evitar que caíssem no conformismo. A arte, para ele, é uma grande subversiva, mas sempre corre o risco de esquecer a subversão. O verdadeiro artista é crítico, destrói enquanto cria. O decadentismo seria, então, a exposição acelerada dos meios de transformação para que se alcançasse algo melhor no novo que se criava. Como ironiza Nietzsche em sua autobiografia espiritual Ecce Homo, se diziam que ele era um decadente então, também era o contrário. Sem ter lido Nietzsche, Wilde chegou a uma visão próxima da do filósofo alemão com relação a muitas coisas. Destacamos seu questionamento de todos os valores consagrados e a exaltação da vida como fenômeno estético. Não conhecia a elaborada teoria nietzscheana da genealogia da moral, segundo a qual o cristianismo derrubou as virtudes pagãs e instituiu uma moral de escravos; mas percebia que a moral devia ser reavaliada. Referia-se, às vezes, a uma “ética superior” que reveria todos os valores. A decadência estava em todas as virtudes que os vitorianos gostavam de exibir como prova de vigor. A hipocrisia vigorava disfarçada de seriedade e o artista deveria ousar desmascará-la. Wilde e Nietzsche, cada um a seu modo, estavam construindo um homem novo. A defesa que Wilde faz da arte como transformadora do real não está muito distante da estética como ciência desenvolvida pelo pensamento filosófico alemão. Não deixa de ser curioso o fato de, paralelamente e ao mesmo tempo, Nietzsche na Alemanha e Wilde na Inglaterra estarem avaliando as relações entre ética e estética. O questionamento da moral os aproxima, mas suas conclusões são distintas. Nietzsche parece professar um perspectivismo absoluto enquanto Wilde encontrou uma perspectiva moral não viciada pela sociedade burguesa. Sua descoberta foi mais intuitiva, mas nem por isso menos importante. Explicitaremos essa perspectiva ao analisar sua obra ficcional, ou seja, seus contos e seu único romance. Consideramos essencial compreender sua visão do artista na sociedade. Para Wilde, o artista é um transviado não apenas por escolha. A consciência de seu próprio desvio sexual o ajudou a perceber isso. No final do século XIX não se JHC Mídia Digital - Edição 012 Ano 2012 43


empregava ainda o termo “homossexual” e Wilde defendeu essa orientação sexual basicamente através do ataque às máximas morais simplistas dos puritanos em suas peças da década de 1890. Nunca defendeu abertamente a homossexualidade, exceto uma vez em seu julgamento. Negou-se a assumir o papel de vítima da sociedade de forma contundente porque se considerava um rebelde, não um mártir ou missionário. Em três obras entre 1889 e 1892 investiu contra a fatuidade heterossexual como insulto à presunção contente consigo mesma: The Portrait of Mr. W. H. que jogava com a idéia de que Shakespeare era homossexual e teria escrito os sonetos a seu querido sr. W. H.* , The Portrait of Dorian Gray e Salomé, peça redigida em francês. Em The Portrait of Dorian Gray revela sua compreensão da necessidade de união entre ética e estética. Numa resposta a uma crítica de seu romance como imoral destaca o fato de na verdade ele ser moralista. A moral do romance seria a de que todo excesso, como toda renúncia, atrai seu próprio castigo ( vide Wilde: 1961, p.1318). Dorian arruina homens e mulheres, portanto as duas formas de amor são apresentadas como corrompidas. Não há celebração da homossexualidade, mas sim sua exposição diante de uma sociedade que fingia que ele não existia. Foi um ato de coragem e para Wilde pessoalmente, com os acontecimentos que o envolveriam com Lord Alfred Douglas, uma temeridade. Wilde dizia que a base da ação é a falta de imaginação. A ação é o único recurso dos que são incapazes de sonhar. Essa crítica dirigia-se claramente ao homem moderno cuja vida baseia-se na atividade irrefletida, no hábito de cumprir tarefas. A estreiteza espiritual do homem de ação revela-se em sua aceitação da realidade objetiva. A irreflexão e a servidão voluntária derivadas da atividade são sinônimos. Em “A Decadência da Mentira” (1889) observa que o pensamento não era contagioso na Inglaterra e aqueles que eram incapazes de aprender dedicaram-se ao ensino. A educação em moldes utilitaristas estava tornando estúpidas as pessoas. Uma sociedade baseada na ação é, na verdade, fundada na ignorância. Wilde cultuava a figura do “lagarto preguiçoso”, aquele que só aparece depois das cinco da tarde. Na Inglaterra vitoriana viciada pela atividade econômica era necessário compreender o que ele definia como “a importância de não se fazer nada” (citado em Ellmann: 1991, p.14). Wilde propunha a transformação da sociedade pelo ócio e neste aparente pedantismo reside a condenação do homo oeconomicus que se estabelecera como padrão através do capitalismo. O homem de ação é, acima de tudo, o burguês. A Inglaterra é a pátria do sistema econômico capitalista, nela a burguesia ascendeu ao poder já no século XVII com a Revolução Gloriosa. A Revolução Industrial lançou as bases de toda a sociedade contemporânea, uma sociedade cuja principal característica é a atividade econômica. O materialismo que permeia a vida do homem moderno é a ilusão que sustém a sociedade pautada pelo sistema econômico-produtivo. Por isso, Wilde dizia que o homem de ação tem mais ilusões do que o sonhador. Denominamos de homo aestheticus o novo homem que surgiria a partir da decadência do homo oeconomicus. Em “The Critic as Artist”, Wilde afirma que JHC Mídia Digital - Edição 012 Ano 2012 44


o espírito crítico pode tornar possível a (re)descoberta da vida contemplativa, aquela que tem por objetivo não fazer mas ser, e não apenas ser, mas transformarse. Sua defesa do ócio revela-se bem diferente da atitude da figura quiescente que se lhe atribui. O ócio, na verdade, proporciona o tempo necessário para qualquer atividade espiritual e que estava sendo tomado pela atividade oca e incessante do homo oeconomicus. O ser humano precisa resgatar sua dignidade perdida no sistema econômico que emperra a transformação e mascara um crescente vazio espiritual. A moral burguesa precisa ser revista pois coaduna e justifica este estado de coisas. O que é considerado vício pelo burguês merece ser reavaliado. Assim, em De Profundis, extensa carta escrita na prisão para Lord Douglas, Wilde afirma que o supremo vício é a estreiteza de espírito. O vazio espiritual burguês repousa em seu utilitarismo. A atividade incessante exaltada como moralmente virtuosa esconde a criação de servos de um sistema econômico que promete a satisfação de desejos humanos através de objetos. A apologia estética da arte ressalta o fato de que na imaterialidade reside o humano e apenas através dela podemos saciar nossas aspirações. A beleza desafia a materialidade de sua fonte objetal, inscreve-se na alma distanciandose de qualquer lógica. A reformulação que Wilde faz do esteticismo é uma rejeição do homo eroticus pateriano. Este passa de sensação em sensação buscando saciar mais instintos do que aspirações e seu fim mais coerente seria a auto-aniquilação orgiástica. Mais uma vez torna-se inevitável uma comparação com Nietzsche e sua inestimável afirmação da superioridade da unificação do dionisíaco com o apolíneo, a qual via na forma do herói trágico. Aqui encontramos também uma importante coincidência com o escritor inglês, que sabia grego e conhecia a Antigüidade Clássica, o que contribuiu para que alcançasse quase intuitivamente a sábia visão nietzscheana do mito como “subversor” do presente utilitarista. Wilde conseguiu isso com a criação de seus famosos contos de fada. Esta forma de narrativa guarda similaridades com os mitos e permitiu, mais uma vez, que se revelasse o intuito wildeano de junção da ética à estética. Seus contos de fada são moralizantes, exemplares de uma concepção de moral mais aguda e humana do que a vigente na sociedade vitoriana. Ele percebia cada vez mais que o problema reacionário não era a moral, mas seus guardiães deformadores puritanos. Como observaria Freud mais tarde, em nossa sociedade os preceitos morais aplicam-se exclusivamente à manutenção do princípio de propriedade e à restrição da sexualidade ao que se considera normal, mas as mentiras, traições e desonestidades em geral vigoram absolutas. A moral wildeana parece professar que o bom, o belo e o agradável estão na alma humana. A moral burguesa é distorcida porque baseia-se no espírito corrompido pelos interesses utilitaristas da sociedade pautada pela economia. Ao ler um conto de fada como “O Príncipe Feliz”, temos a confirmação dessa sua percepção. Neste conto, a estátua de um príncipe ornada por ouro e pedras JHC Mídia Digital - Edição 012 Ano 2012 45


preciosas conta com a amizade de uma ave para auxiliar pessoas necessitadas através de elementos de seu próprio corpo. A ave abdica de migrar para o Sul e morre de frio enquanto a estátua, sem seus adornos preciosos, é demolida como inútil pelos administradores da cidade. Mas os amigos são recompensados divinamente por sua bondade. Em “A Decadência da Mentira”, ensaio no qual insiste no resgate da mentira, ou seja, do relato das belas coisas falsas, chega a gracejar afirmando que mentir para fomentar o progresso da juventude é a base da educação familiar. Este jogo proposital com o sentido do vocábulo mentira é sintomático de sua compreensão aprofundada da moral. Desde crianças ouvimos censuras a quem mente, mas a mentira é tão dúbia quanto a moral humana. Pode ser utilizada para o bem, como no caso da educação dos jovens, mas pode ser utilizada como meio de concretização de perfídias. O que Wilde intenta é o resgate da moral pura. A arte e a beleza exaltadas pela estética seriam o melhor meio de transformação do homem, mas perdem seu poder num mundo dominado pela realidade objetiva. A distinção extrema entre realidade e fantasia que caracteriza nossa era impede a arte de atuar sobre a realidade. A arte é o símbolo da perfeição alcançada pelo espírito humano e que pode salvar o infeliz homo oeconomicos. A arte é o modelo perfeito que o homem moderno deveria imitar, mas sua distinção entre real e imaginário desqualifica a imaginação e o aprisiona na materialidade que o agride e o deforma. Apenas quando a vida imitar a arte e, portanto, alcançarse o ideal do homo aestheticus, o ser humano terá resgatado sua dignidade. Vivemos na era da decadência da mentira, da imaginação, do humano. O termo decadência é utilizado no título do ensaio como justa homenagem ao decadentismo. A decadência da mentira é ilustrada através de uma sucinta análise da ascensão do realismo na literatura. O realismo era, na época, o modernismo. Wilde criticou a fascinação pelo moderno observando que ele sempre envelhece. Através dos personagens que dialogam no ensaio, recusase a ver a realidade de maneira distinta da ficção. Compreendemos assim, sua asserção de que o século XIX, tal como o conhecemos, é em grande parte uma invenção de Balzac. Se tal observação fosse aceita descobrir-se-ia que La Comédie Humaine é, além da compilação das melhores obras desse autor, a concretização de tudo que a sociologia do século XIX aspirou fazer. Só que melhor. Wilde com seu The Picture of Dorian Gray (O Retrato de Dorian Gray) foi o responsável pela criação do principal exemplar romanesco inglês do decadentismo esteticista. O romance narra a história de um jovem de extraordinária beleza, Dorian, que é retratado por um pintor e passa a seguir os ensinamentos de um esteta teórico, Henry Wotton. Dorian deseja ser sempre belo e por razões inexplicáveis seu retrato passa a revelar os sinais do envelhecimento e das transformações de sua personalidade que seu rosto perfeito esconde. A cada experiência em busca do prazer que sempre se frustra e resulta em amargor e embrutecimento, a pintura expõe os sinais que JHC Mídia Digital - Edição 012 Ano 2012 46


o rosto real de Dorian não revela. O fato do jovem terminar por esconder o quadro é uma metáfora sobre a atitude tomada pela sociedade burguesa com relação à arte. Ao invés de aprender com ela, de reconhecê-la como modelo denunciatório das corrupções do humano na realidade, a sociedade burguesa prefere desviar os olhos. A figura do esteta enquanto degustador dos pecados é criticada através do protagonista. Os ensinamentos de Pater são (re)apresentados pelo personagem de Henry Wotton apenas para serem desacreditados. O próprio Pater, em resenha sobre o livro, observa que lorde Wotton não consegue reconhecer que a vida da mera sensação é anárquica e autodestrutiva. Dorian Gray é seu discípulo e termina mal, é o primeiro mártir do esteticismo à la Pater e a negação wildeana da divisão entre ética e estética. A dicotomia entre vida e arte é negada no romance. O real e a fantasia são invertidos a partir do momento em que o retrato de Dorian passa a revelar as marcas do tempo e os sinais de degradação advindos da entrega aos prazeres enquanto o Dorian real permanece jovem e aparentemente virtuoso aos olhos dos outros. No final do romance, o Dorian verdadeiro é o velho decaído do retrato e, mais uma vez a arte revela ao homem sua face que quis ocultar. Através da destruição do quadro, Dorian se suicida e a tela volta a estampar a figura bela retratada pelo pintor, a qual deveria ter mantido como modelo para sua vida. Wilde ousou tocar em feridas com sua obra e na maneira como conduziu sua vida pessoal. Seu julgamento e condenação por homossexualismo revela a resposta cruel da sociedade que intentava mudar. Em De Profundis encontramos uma observação de extrema lucidez sobre o fatídico erro de Wilde, o processo por difamação contra o pai de seu amante que terminou por incriminá-lo: “‘A única ação vergonhosa, imperdoável e absolutamente desprezível de minha vida foi permitir que me obrigassem a recorrer à Sociedade em busca de ajuda e proteção.[...] Evidentemente, assim que pus em movimento as forças da Sociedade, ela voltou-se contra mim e disse: ‘Você viveu todo esse tempo desafiando minhas leis, e agora recorre a essas leis em busca de proteção? Vai ter essas leis exercidas integralmente. Vai submeter-se àquilo a que recorreu’. O resultado é que estou no cárcere.’” (citado In: Paglia: 1993, p.520) Na longa carta afirma que o prazer pode ser concedido ao belo corpo, mas à bela alma só é concedida a dor. A sociedade castigou Wilde. Sem nunca ter aceito o sofrimento em sua obra, experimentou em sua própria vida a humilhação e a dor que o alçariam à condição de herói trágico. A realidade foi vil com um de seus maiores críticos, mas confirmou sua crença na superioridade da arte como modelo de perfeição humana. Em suas obras encontramos exemplares desta perfeição diante da qual a realidade não consegue esconder os olhos turvos de culpa.

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Política Lula diz que não será derrotado por nenhum "vagabundo" Raphael Di Cunto

Luiz

Carlos

Murauskas/

Folhapress

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ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que voltará a andar pelo país em 2013. Em meio a denúncias que envolvem seu nome, o expresidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nessa quarta-feira (19) que voltará a andar pelo país em 2013 e que não será derrotado por nenhum "vagabundo". "Só existe uma possibilidade de me derrotarem: trabalhar mais do que eu. Se ficar um vagabundo numa sala com ar condicionado falando mal de mim, vai perder", discursou o petista, sem dar nomes.

Lula discursou por mais de 40 minutos na posse do novo presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, entidade a qual presidiu na década de 70 e que o lançou para a vida política nacional. Lula fez elogios ao próprio governo e à presidente Dilma Rousseff e pediu otimismo aos brasileiros diante da crise internacional. "Temos que pensar da forma mais positiva possível. Não é porque nosso vizinho está doente que a gente vai ficar doente. Não é porque a Europa está em uma crise que a gente tem que entrar em crise."ria de Lula nos palanques. JHC Mídia Digital - Edição 012 Ano 2012 48


O ato, que teve a presença de políticos do PT, PC do B e do presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), além de sindicalistas e integrantes de movimentos sociais, virou uma manifestação de desagravo ao ex-presidente, com faixas de "Lula é meu amigo, mexeu com ele mexeu comigo" espalhadas pelo salão e discursos inflamados contra os meios de comunicação e o Poder Judiciário. Nos últimos dias, o ex-presidente teve seu nome envolvido no escândalo do mensalão pelo publicitário Marcos Valério, que em depoimento ao Ministério Público Federal (MPF), depois de ter sido condenado, acusou Lula de ter recebido dinheiro do esquema para pagar despesas pessoais e ter autorizado a atuação da quadrilha. Lula evita dar declarações sobre os casos e negou as acusações. O PT e partidos da base aliada iniciaram, então, uma mobilização para defendê-lo. Ontem, recebeu oito governadores que lhe prestaram solidariedade e apoio de deputados em ato na Câmara. Hoje, foi homenageado nos discursos durante a posse do novo presidente do sindicato. Vagner Freitas, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), entidade ligada ao PT, disse que as acusações são fruto de perseguição da elite brasileira, que ainda não aceitou os avanços promovidos pelo governo Lula. "A elite percebeu que não consegue ganhar as eleições, então quer jogar no tapetão, no Poder Judiciário", afirmou. "Se quiserem colocar a democracia em jogo, vamos para a rua pelo direito de eleger quem quisermos." JHC Mídia Digital - Edição 012 Ano 2012 49


Julgamento do Mensalão Gurgel diz que irá analisar denúncias de Valério que envolvem Lula no mensalão Fernanda Calgaro Do UOL, em Brasília

Nelson Jr/SCO/STF

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procurador-geral da República, Roberto Gurgel, durante julgamento do mensalão no STF O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou nesta quarta-feira (19) em Brasília que irá analisar as novas denúncias feitas pelo publicitário Marcos Valério e tomar as providências cabíveis. Entre outras acusações, Valério disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve contas pessoais pagas com dinheiro do esquema do mensalão. Se houver indícios para investigar Lula, Gurgel disse que isso acontecerá na primeira instância da Procuradoria, porque, como ex-presidente, ele não detém mais foro privilegiado. É a primeira vez que o procurador-geral fala sobre o depoimento de Valério, dado ao próprio Ministério Público em setembro deste ano. O depoimento foi revelado na semana passada em reportagem do jornal "O Estado de S.Paulo", mas Gurgel ainda não havia confirmado nem desmentido o conteúdo da fala de Valério. "Vamos ver o que existe no depoimento que possa motivar futuras investigações. Como sempre, nada deixará de ser investigado. Quanto especificamente ao presidente Lula, eventual investigação já não compete ao procurador-geral da república, já que o ex-presidente já não detém prerrogativa de foro. Então se estiver algo relacionado ao ex-presidente isso será encaminhado à Procuradoria da República de primeiro grau." Indagado se sente pressionado a tomar alguma medida em relação a Lula, Gurgel disse que "as pressões fazem parte do cotidiano do Ministério Público". JHC Mídia Digital - Edição 012 Ano 2012 50


Acrescentou ainda que irá "continuar trabalhando com a mesma firmeza de sempre e a mesma serenidade de sempre". "Concluído o julgamento, agora eu vou sim analisar o depoimento e serão tomadas as providências, enfim, que são cabíveis para completa investigação de tudo que demande apuração." Gurgel confirmou que Valério entregou alguns documentos, como dois comprovantes de depósito, que agora serão examinados. "Tem que ser avaliado quem são os beneficiários desses depósitos, em que contexto isso foi feito. Tudo isso, enfim, tem que ser aprofundado para que a atuação depoimento prestado pelo operador do mensalão no fim de setembro à Procuradoria Geral da República, Valério disse que o ex-presidente Lula deu "ok" aos empréstimos bancários que abasteceram o esquema de corrupção de parlamentares. A estratégia do empresário, condenado a mais de 40 anos de prisão no julgamento do mensalão, é que a Procuradoria leve em conta a contribuição dele para revelar detalhes do esquema e tenha a sua pena atenuada, como aconteceu com o delator do esquema, Roberto Jefferson. O procurador afirmou que teria sido mais oportuno se Valério tivesse se manifestado antes do julgamento da ação penal 470. "Desde o início da ação penal 470, a conduta de Marcos Valério foi de afirmar esse interesse, mas não concretizar esse interesse com declarações efetivamente importantes para o Ministério Público. Temos agora esse depoimento prestado em setembro e ele será avaliado." Gurgel negou que Valério tenha prestado um novo depoimento depois de setembro. Segundo o procurador, a defesa de Valério disse que, "por enquanto", ele não corre risco de vida. "Tão logo haja uma sensação de Marcos Valério estar em perigo, isso seja comunicado ao Ministério Público para que sejam adotadas as providências necessárias para resguardar a sua segurança." Gurgel se disse ainda "extremamente satisfeito pelo encerramento do julgamento", que, segundo ele, terminou "felizmente, com um resultado excelente".

Entenda as novas denúncias de Valério Em depoimento ao Ministério Público em 24 de setembro, a que o jornal "O Estado de S. Paulo" teve acesso, o empresário Marcos Valério, considerado o operador do mensalão, teria dito que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou dinheiro do esquema para "despesas pessoais". Os recursos teriam JHC Mídia Digital - Edição 012 Ano 2012 51


chegado a Lula por meio de depósito na conta da empresa de Freud Godoy, exassessor do petista. Segundo o depoimento de Valério reproduzido pelo jornal, Lula teria ainda dado "ok" para empréstimos de Valério junto a bancos para financiar o esquema do mensalão. A contrapartida pela ajuda de Valério teria sido o pagamento da defesa do publicitário no julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal, no valor de R$ 4 milhões. O PT nega ter pago os honorários, e o advogado de Valério, Marcelo Leonardo, não se manifestou. As novas denúncias de Valério citam ainda o senador Humberto Costa (PTPE) e o prefeito de São Bernardo do Campo (SP), Luiz Marinho (PT). Sobre Costa, Valério afirma que Costa teria recebido, em sua campanha de 2002, R$ 512.337,00, por meio de sua tesoureira de campanha, Eristela Feitoza. "Isso é um assunto requentado. Isso é um assunto de 2005, levantado e devidamente respondido", respondeu o senador. Já sobre Marinho, Marcos Valério diz que ele teria sido o intermediário para a edição de uma medida provisória que beneficiou o banco BMG, dando à instituição exclusividade, por 90 dias, na exploração de crédito consignado. Em nota, o prefeito negou a acusação. O depoimento de Valério ao MP acusa ainda Paulo Okamotto de tê-lo ameaçado de morte. Okamotto é o atual presidente do Insituto Lula e amigo pessoal do ex-presidente. Procurado pelo jornal, Okamotto disse que falará sobre o caso quando tiver mais informações. Outra denúncia agora revelada pelo depoimento de Valério afirma que o PT teria pedido ao publicitário R$ 6 milhões para que o empresário Ronan Maria Pinto, de Santo André (SP), deixasse de chantagear Lula, o então secretário da Presidência Gilberto Carvalho e o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Segundo o jornal, Valério teria se recusado a interferir nesse caso. Em nota, Ronan nega conhecer Valério. Na edição do dia 12, o jornal trouxe mais revelações de Valério. Segundo o publicitário, dirigentes do Banco do Brasil estipularam, a partir de 2003, um "pedágio" às agências de publicidade que prestavam serviços. De acordo com Valério, 2% de todos os contratos eram enviados para o caixa do PT. De acordo com o depoimento de Valério, a cobrança foi criada por dois exdirigentes do Banco do Brasil vinculados aos petistas: o ex-diretor de marketing condenado pelo STF no julgamento do mensalão, Henrique Pizzolato, e o expresidente do Banco Popular do Brasil, subsidiário do BB, Ivan Guimarães.

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Mundo Foto Premiada

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Unicef, braço da ONU para a infância, anunciou os vencedores de seu concurso internacional de fotos, cujo objetivo é documentar a vida de crianças no mundo. O fotógrafo italiano Alessio Romenzi foi o vencedor, com esta imagem de uma menina na sala de espera de um hospital em Aleppo, na Síria

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Conflito sírio é "abertamente sectário", diz comissão da ONU Genebra, 20 dez (EFE) - O conflito na Síria se transformou em um fenômeno "abertamente sectário" no qual se enfrentam grupos étnicos e religiosos, afirmou nesta quinta-feira a comissão independente patrocinada pela ONU para investigar a situação no país árabe.

Imagem dos conflitos que deixaram 200 mortos - em maioria civis

"À medida que os combates entre as forças do Governo e os grupos armados de oposição se aproximam do final do seu segundo ano, o conflito passou a ser abertamente sectário em sua natureza", disse a comissão em uma atualização das suas pesquisas. A comissão, que é presidida pelo brasileiro Sérgio Pinheiro, indicou que há na Síria "uma guerra desgastante que produziu uma incalculável destruição e muito sofrimento humano", com as partes em conflito agindo "de maneira mais violenta e imprevisível". EFE Mulher síria tenta proteger criança durante confronto entre forças do governo e rebeldes em Damasco

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Brasil recua de intenção inicial de condenar Damasco Jamil Chade, correspondente em Genebra GENEBRA - A alta-comissária de Direitos Humanos das Nações Unidas, Navi Pillay, conclamou, a comunidade internacional para que adote medidas para frear o massacre de civis sírios. "À luz da manifesta falha das autoridades sírias em proteger seus cidadãos, a comunidade internacional precisa tomar medidas urgentes e efetivas para proteger o povo sírio", discursou Pillay na abertura da reunião do Conselho de Direitos Humanos sobre a situação na Síria. Jamil Chade, correspondente em Genebra Denis Balibouse/Reuters

Pinheiro: 'Não dá pra entender'

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a mesma reunião, o Brasil recuou de sua intenção inicial de apoiar uma resolução que condenasse a repressão de Damasco. Um texto crítico às ações do regime de Bashar Assad acabou aprovado por ampla maioria – com base no relatório da comissão internacional liderada pelo brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro. O documento conclui que o regime de Assad cometeu crimes contra humanidade, como o assassinato e estupro de mais de 250 crianças.

Brasília, por seu lado, justificou o recuou na condenação à Síria sob o argumento de querer evitar que a situação dos direitos humanos na Síria seja usada como justificativa para uma intervenção militar, como ocorreu na Líbia. Enquanto países árabes tomavam a palavra para condenar a Síria, Brasília explicou, horas depois do fim da reunião, que é preciso "preservar um espaço mínimo para um diálogo". O Brasil, que neste ano é apenas observador no órgão, apoiou a convocatória da reunião de emergência. O Itamaraty fez saber nesta semana que, mesmo sem direito a voto, adotaria uma posição de "forte apoio" à condenação. Mas o Brasil surpreendeu a ONU, diplomatas ocidentais e mesmo os árabes adotando um silêncio total na sexta. Com 37 votos a favor, 6 abstenções e 4 votos contrários, o conselho aprovou a resolução que condena a Síria por violações e cria um mecanismo permanente de monitoramento da situação. Mas, em razão da profunda divergência entre JHC Mídia Digital - Edição 012 Ano 2012 55


as maiores potências, o texto da resolução foi esvaziado e a reunião acabou marcada pelo descompasso entre China, Rússia, Europa e EUA. "Não dá para entender", lamentava Pinheiro ao Estado, ao ver que o Brasil manteve um silêncio durante as seis horas de reunião e nem sequer registrou que a investigação havia sido conduzida por um ex-ministro brasileiro. O Brasil é conhecido nos círculos diplomáticos por comentar todo e qualquer assunto na ONU. A embaixadora brasileira Maria Nazareth Farani Azevedo nem mesmo permaneceu na sala à tarde e apareceu apenas cinco minutos antes da votação.

Frustração O Brasil também optou por não copatrocinar a versão final da resolução, o que deixou diplomatas europeus frustrados. Antes da reunião, o embaixador britânico na ONU, Peter Gooderham, chegou a dar entrevistas para elogiar a "posição construtiva do Brasil". Horas depois, ao ver que a resolução não teria o apoio brasileiro, sua missão foi até a delegação brasileira queixar-se do comportamento. O Itamaraty havia feito questão de sugerir mudanças no texto da resolução durante os últimos dias em reuniões fechadas. O Estado apurou que um dos problemas encontrados pelo Brasil no texto era a tentativa explícita dos patrocinadores de politizar a questão das violações aos direitos humanos e de levar o caso ao Conselho de Segurança. Apesar de considerar que Assad está dificultando as ofertas de diálogo, o governo de Dilma Rousseff mantém a posição de que é contrário à adoção de sanções, embargos ou levar o caso ao Tribunal Penal Internacional. O Itamaraty ainda deixou claro que via com desconfiança a tentativa de ter uma resolução e uma reunião que servisse de plataforma para conseguir uma condenação no Conselho de Segurança. Para o porta-voz do Itamaraty, embaixador Tovar Nunes, o Brasil não aceitaria um exercício que se "prestasse a outra finalidade". Na prática, o Brasil quer evitar a manipulação da situação de direitos humanos para justificar uma eventual intervenção militar, como ocorreu na Líbia. "Acreditamos que o fórum adequado é Genebra para tratar da questão de direitos humanos", explicou Nunes. "O fato de não termos copatrocinado a resolução não significa que não estamos acompanhando com grande interesse a situação dos direitos humanos na Síria", disse. "Países que são contra levar o tema ao Conselho de Segurança terão de explicar ao povo sírio o que pretendem fazer para acabar com o massacre", disse Philippe Dam, da entidade Human Rights Watch. A resolução original apresentada pela UE pedia que a Síria fosse levada ao Conselho de Segurança da ONU para que sanções fossem adotadas e para que Assad fosse citado pelo Tribunal Penal Internacional. Mas a proposta teve de ser amenizada para obter apoio.

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Profecias do Apocalipse assombram a Humanidade desde a antiguidade

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ilúvios, tempestades de areia, abóboras famintas, fogos universais: o temor de que o mundo vai acabar está presente desde o começo da Humanidade, adquirindo características diferentes, segundo as civilizações e o nível de conhecimentos.

Confrontados a grandes ciclos naturais, os povos expressaram desde o começo dos tempos a angústia por uma catástrofe que acarretaria inverno ou noite eternos. Mais recentemente, o temor do fim do mundo ressurgiu em forma de catástrofe ecológica, de "inverno nuclear" ou de asteroide gigante. "Cada mundo parece provisório. Antes do monoteísmo, as civilizações temiam que estes ciclos naturais acabariam um dia. Muitos ritos estavam associados a este medo", explica à AFP o historiador Bernard Sergent, autor do livro "La fin du Monde" (O Fim do Mundo, em tradução literal). JHC Mídia Digital - Edição 012 Ano 2012 57


Assim, "os astecas consideravam que a cada 52 anos o Sol corria o risco de desaparecer e faziam sacrifícios humanos para garantir seu renascimento", destaca este especialista em mitos, que evoca também narrativas sobre o fim do mundo na Mesopotâmia e na antiguidade greco-romana, entre outras civilizações.

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O mito do dilúvio universal é um dos mais antigos, anterior ao da Arca de Noé do Antigo Testamento, destacou. Já aparece, por exemplo, na epopeia da origem suméria "Gilgamesh", considerada a narrativa escrita mais antiga da História. Foi escrita em tábuas de argila, aproximadamente 13 séculos antes da nossa era. Na África ocidental, o mito mais generalizado é o da abóbora gigante que devora aldeias e inclusive a humanidade inteira. O mito do fogo universal existe na Grécia, na Escandinávia, na Índia e nas culturas pré-hispânicas. Os astecas evocavam quatro catástrofes sucessivas, causadas pela água e pelo fogo. Com as religiões monoteístas, prosperaram os profetas do Apocalipse, uma palavra que vem do grego "revelação". Na Bíblia, o Apocalipse segundo o apóstolo São João, também conhecido como o Livro das Revelações, descreve uma série de cataclismos e dramas cósmicos que destroem uma parte da Terra e os astros. O Islã também tem narrativas de tempestades, invasões ou incêndios que põem fim ao mundo. Também existe o Dia do Juízo Final e da Ressurreição. Na Idade Média, a chegada do ano mil provocou pânico de que o mundo fosse acabar em uma Europa arrasada pela peste e pela fome. Em 1013, um eclipse solar provocou também temores apocalípticos, que ressurgiram com força no ano 2000. "O que está em jogo nestes eventuais finais do mundo é a nossa responsabilidade frente aos deuses ou à natureza e os castigos desencadeados por ter desafiado uma ordem que nos supera", destaca Jean-Noel Lafargue, autor do livro "Les fins du monde de l'antiquité à nos jours" (Os fins do mundo, da antiguidade aos nossos dias, tradução literal). "Antes, Deus punia os homens ou os recompensava. Hoje, não precisamos de deuses, as catástrofes causadas pelo homem bastam", disse.

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As Melhores fotos esportivas

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CAPA

O SONHO DO PAI NATAL

O Pai Natal sonhou um sonho lindo, tão lindo que não queria acordar. E não queria acordar porque neste ano os Humanos encheram-se de boa vontade e fizeram um acordo de Paz, que silenciou todas as armas. Em todos os cantos do planeta, mesmo nos lugares mais recônditos da Terra, as armas calaramse para sempre e os carros de combate e outras máquinas de guerra foram entregues às crianças para neles pintarem flores brancas de paz.

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O Pai Natal sonhou um sonho lindo, tão lindo que não queria acordar. E não queria acordar porque nesse sonho não havia fome: em todas as casas havia comida, havia até algumas guloseimas para dar aos mais pequenos. Mesmo as crianças de países outrora pobres tinham agora os olhos brilhantes, brilhantes de felicidade. Todas as crianças tinham acabado de tomar um esplêndido pequeno-almoço e preparavam-se para ir para a escola, onde todos aprendiam a difícil tarefa de crescer e ser Homem ou Mulher. O Pai Natal sonhou um sonho lindo, tão lindo que não queria acordar. E no seu sonho não havia barracas, com água a escorrer pelas paredes e ratos pelo chão, nem gente sem tecto, a dormir ao relento. No sonho do Pai Natal, todos tinham uma casa, um aconchego, para se protegerem do frio e da noite. O Pai Natal sonhou um sonho lindo, tão lindo que não queria acordar. E no seu sonho não havia instituições para acolher crianças maltratadas e abandonadas pelos pais nem pequeninos e pequeninas à espera de um carinho, de um beijo... de AMOR. Todas as crianças tinham uma família: uma mãe ou um pai ou ambos os pais, todas as crianças tinham um colo à sua espera. O Pai Natal sonhou um sonho lindo, tão lindo que não queria acordar. E no seu sonho não havia palavrões e outras palavras feias, não havia empurrões, má educação e desentendimentos. Toda a gente se cumprimentava com um sorriso nos lábios. Nas estradas, os automobilistas não circulavam com excesso de velocidade, cumpriam as regras de trânsito e não barafustavam uns com os outros. O Pai Natal sonhou um sonho lindo, tão lindo que não queria acordar. E no seu sonho não havia animais abandonados pelos seus donos, deixados ao frio, à fome e à chuva, nem animais espetados e mortos nas arenas, com pessoas a aplaudir. Mas, afinal, quando despertou verdadeiramente, o Pai Natal viu que tudo não tinha passado de um sonho; que pouco do que sonhara acontecia de verdade. Ficou triste, muito triste, e pensou: « - Afinal, ainda é preciso que, pelo menos uma vez por ano, se celebre o Natal!». E, nessa noite, o Pai Natal começou os preparativos para dar, mais uma vez, um pouco de alegria a todas as crianças do Mundo.

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Natale hilare et Annum Faust

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Ser ou não ser

Pare de chorar e preste atenção: Eu sou uma ilusão... Não tenho culpa de ser assim. Não espere de mim alguma coisa que eu possa lhe oferecer, a não ser o engano, porém, na maior parte desse processo , a minha ausência será símbolo de esperança para você e seus amigos.

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Natale hilare et Annum Faust

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Eis a Questão JHC Mídia Digital - Edição 012 Ano 2012 87


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