Revista Muro

Page 1

Š Vanessa Izidorio

m u r o

1


DARA LIMA

m u r o DIEGO MEDEIROS

E D I TO R I A L A revista Muro surge do encontro das diferentes visões e experiências de seis estudantes de arquitetura e urbanismo, ligados às áreas das artes, política e urbanismo. Entre anseios coletivos e a necessidade de compartilhar e expandir discussões, a Muro nasce buscando instigar seus leitores a explorar novos meios de aprendizado e informação a partir das suas publicações baseadas em vivências do coletivo responsável pela editoração, curadoria e publicação da revista. A escolha do nome Muro vem da observação desse elemento tão presente na cidade, principalmente em São Paulo, e que serve de barreira entre pessoas e a arquitetura. Ao mesmo tempo em que é um elemento opressor e que reforça o conceito da vida privada, os muros têm um papel similar ao de uma folha em branco, abrindo espaços na cidade para a expressão artística de seus moradores. A revista iniciou-se com folhas em branco e, com a intenção de quebrar o obstáculo entre pessoas, arquitetura e o design brasileiro, apresenta e convida seus leitores a observar por cima do muro e aproximá-los da arte brasileira em suas diferentes formas e momentos.

HEITOR FERREIRA

IGOR VICENTE

VANESSA IZIDORIO

VITÓRIA MORENO

2


3


4


5


09.06 a 05.08

SER ESTAR SÉRGIO RODRIGUES A partir de sábado 9 de junho, o Itaú Cultural apresenta a exposição Ser Estar – Sergio Rodrigues, que homenageia o arquiteto e designer carioca que ganhou fama internacional com a icônica poltrona Mole. A mostra se propõe a apresentar muitas outras faces de seu trabalho para além da cadeira, que se tornou principal referência quando se fala do designer. Com curadoria de Daniela Thomas, Mari Stockler, Felipe Tassara e Fernando Mendes, a exposição evoca, já em seu título, o essencial do trabalho de Sergio – o estar como elemento inseparável do ser. Toda sua trajetória profissional foi marcada por uma preocupação em criar objetos e espaços para pessoas, priorizando o conforto e o aconchego. Em três pisos do instituto estarão distribuídos móveis, maquetes, desenhos e plantas dos seus mais de 60 anos de carreira, todos conduzidos pela voz do próprio Sergio, através de diferentes trechos de textos, palestras e entrevistas dele fixados nas paredes. Com a descontração que se nota mesmo em um texto escrito, o homenageado encanta ao demonstrar seu cuidado e apreço pela arquitetura e pelo mobiliário genuinamente brasileiros, além de sua paixão por nossas matérias-primas. 6


Próxima exposição a ocupar a JAPAN HOUSE São Paulo, Aromas e Sabores traz um ambiente lúdico, interativo e bastante didático, propondo um passeio pela diversidade de cheiros e gostos em uma imersão na cultura japonesa pelo viés sensorial. O formato da exposição possibilita ao visitante o aprendizado por meio de experiências práticas, elucidações conceituais, científicas ou artísticas, para responder questões como: quais os sabores básicos (doce, amargo, azedo, salgado e umami) e como o corpo humano os identifica? De onde vem o sabor dos alimentos? Ou, como o cheiro contribui na construção do sabor? E o perfume, desodorante, sabonete? Como se formam esses cheiros e como eles foram obtidos?

09.06 a 05.08

7


“Arlequim Sentado” (1923), de Pablo Picasso

8


“Menino com lagartixas� (1924), de Lasar Segall

06.04 a 10.06

9


“Genesis [Je n’isi isi]” (2016), de Kudzanai Chiurai

10


CCBB | SP

EX AFRICA

Exposição que traz ao CCBB pela primeira vez um grande e essencial panorama da arte contemporânea do continente e da identidade da África moderna, marcada por uma diversidade de encontros culturais e interações, por processos de intercâmbio e aculturações, através da recente produção de 18 artistas, vindos de 8 países africanos. A eles se juntam também dois artistas afro-brasileiros, Arjan Martins e Dalton Paula.

28.04 a 16.07 11


Hilma af Klint: Mundos possíveis 03.mar / 16.jul

Hilma af Klint frequentou a Real Academia de Belas Artes, principal centro de educação artística da capital sueca, mas logo se distanciou do seu treino acadêmico para pintar mundos invisíveis, influenciada por movimentos espirituais como o Rosa-cruz, a Teosofia e, mais tarde, a Antroposofia. Ela integrou o “As cinco”, grupo artístico composto por artistas mulheres que acreditavam ser conduzidas por espíritos elevados que desejavam se comunicar por meio de imagens e já experimentavam desde o final do século 19 a escrita e o desenho automático, antecipando as estratégias surrealistas em mais de 30 anos. A exposição inclui 130 obras. Destaque para a série intitulada “As dez maiores”, realizada em 1907 e considerada hoje uma das primeiras e maiores obras de arte abstrata no mundo ocidental, já que antecede as composições não figurativas de artistas contemporâneos a af Klint como Kandinsky, Mondrian e Malevich. Além deste conjunto, a exposição em São Paulo contará com algumas séries de obras que nunca foram apresentadas ao público.

12


13

Da série “As Dez Maiores” (1907)


14


© Igor Vicente Silva

CÂMARA DE ECOS Cresci sob um teto sossegado, meu sonho era um pequenino sonho meu. Na ciência dos cuidados fui treinado. Agora, entre meu ser e o ser alheio, a linha de fronteira se rompeu. WALY SALOMÃO 15


F E I TO N O 16


BRASIL Quatro poltronas de renomados designers braileiros do período moderno e da atualidade que exploram técnica e forma através de matérias primas brasileiras. 17


© ArchDaily

18


LINA BO BARDI Lina Bo Bardi, é um dos nomes mais importantes na arquitetura nacional. Após se formar em arquitetura em Roma, Lina muda-se para o Brasil, acompanhada de seu marido Pietro Maria Bardi. Entre 1955 a 1959 desenhou peças de mobiliário e começou a lecionar na Universidade de São Paulo (USP). Dez anos depois, projetou a nova sede do Museu de Arte de São Paulo (MASP) na Avenida Paulista, onde desenvolveu, através do concreto armado, um vão livre de 70 metros de extensão, sendo este o maior vão já alcançado até então. Nos anos 1970, participou de vários

planos de restauração de edifícios históricos em Salvador, foi também convidada para dirigir o Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), onde projetou o restauro do Solar do Unhão e sua adaptação para sede do museu. Em 1966, retomou o projeto do MASP, que após a sua inauguração em 1968 viria a ser um dos marcos na arquitetura moderna brasileira. Após a inauguração do SESC Pompéia em 1982, Lina abre uma nova fase em sua carreira, indicando a renovação que se fazia necessária à arquitetura brasileira.

19


Um ano após o nascimento do Studio de Arte Palma, fundada por Pietro Maria Bardi, Giancarlo Palanti e Lina Bo Bardi, a poltrona Tridente foi criada. O estúdio deriva

da inconformidade dos móveis encontrados após sua chegada ao Brasil, Lina decide desenhar seu próprio mobiliário para seus projetos de arquitetura.

P O LT R O N A TRIDENTE LINA BO BARDI / 1949

dimensões 85,00 x 59,5 x 82,0 cm (AxLxP)

© Apartamento 61

20

materiais couro e madeira [cedro, sucupira, imbuia e freijó]


“O ponto de partida foi a simplicidade estrutural, aproveitando-se a extraordinária beleza dos veios e da tinta das madeiras brasileiras, assim como seu grau de resistência e capacidade” Lina Bo Bardi à “Habitat – A Revista das Artes no Brasil”

A declaração acima descreve muito bem um dos pontos focais da poltrona: sua bela estrutura de madeira, que expressa leveza ao encontro dos pés da mesma com o chão e a sinuosa forma que torna a peça muito expressiva.

O design dialoga com a linguagem moderna da arquitetura e do mobiliário da época. Os tridentes em madeira emolduram o acolchoado do encosto e do assento, que sozinhos, não tem o efeito estético que torna este móvel único, desta forma o conjunto atribui à poltrona um aconchego ao olhar, tornando-a convidativo ao ato de sentar.

21

versão comercializada pela Etel


SÉRGIO RODRIGUES

Carioca de nascimento, Sérgio Rodrigues ingressou em 1947 na Faculdade Nacional de Arquitetura (FNA) da Universidade do Brasil – atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A convite do professor David Xavier de Azambuja, participou do projeto do Centro Cívico de Curitiba. Formado em 1951, transfere-se para Curitiba, onde cria a Móveis Artesanal Paranaense. Em 1955 retorna ao Rio de Janeiro e abre a Oca (centro de produção e comercialização do design brasileiro). Na década de 1950 lança sua criação mais famosa, a poltrona Mole. Com uma variação da poltrona Mole, recebe o primeiro prêmio no “Concorso Internazionale Del Mobile”, em 1961, na Itália. Tal premiação dá projeção internacional a sua carreira como designer de móveis

22


Š Casa de Valentina

23


© Dpot

P O LT R O N A K I L I N

SÉRGIO RODRIGUES / 1973 dimensões 70,0 x 65,0 x 65,0 cm (AxLxP) materiais madeira maciça e couro natural

24


© Um pra seis

A poltrona Kilin é uma das peças icônicas de Sérgio Rodrigues. O nome vem de uma homenagem a Vera Beatriz, esposa do arquiteto, chamada carinhosamente por ele de “esquilinha”. A peça surge do desejo de Sérgio de desenvolver um modelo mais econômico, que não demandasse materiais, produção e mão de obra tão caros como os utilizadas em outros modelos produzidos pela Oca, tudo isso sem deixar de lado o design e a beleza das peças mais sofisticadas. Para isso Sérgio desenvolveu a estrutura da Kilin através de duas peças laterais que unem pés, apoio de braço e suportes de encosto e assento, travadas por duas travessas com cunhas. A poltrona chama a atenção devido a leveza do couro recortado que flutua entre as peças de madeira e se molda ao corpo do usuário; as cunhas complementam o ar artesanal da composição em seus encaixes perfeitos e pelas cordas que as mantem conectadas à estrutura.

25


© Dpot

P O LT R O N A D I Z

SÉRGIO RODRIGUES / 2001 dimensões 71,0 x 78,0 x 89,0 cm (AxLxP) materiais madeiras maciça e compensada

26


Criada em 2001, a Poltrona DIZ é um dos clássicos de Sérgio Rodrigues. Construída em madeira maciça e assento e encosto em compensado moldado, tendo a opção de uma almofada em couro no assento, a poltrona possui um desenho leve e anatômico que proporciona o extremo conforto ao usuário, assim como a Poltrona Mole, porém, neste caso, inteiramente em madeira. Seja para atividades de curta duração ou para longos períodos sentado,

a poltrona mantém um nível surpreendente de conforto que Sérgio Rodrigues conseguiu através dos conhecimentos de ergonomia nos ângulos e inclinações esculpidos na madeira. Porém, assim como em muitas poltronas, a altura do assento, somada à profundidade, pode ser um empecilho para pessoas com mobilidade reduzida que podem encontrar um obstáculo ao se levantarem.

27


O ESTÚDIO Criado em 2004 pelos sócios Leonardo Lattavo e Pedro Moog, a LATTOOG busca unir o racionalismo das tecnologias de ponta e a subjetividade dos objetos de arte. Utilizando elementos da cultura brasileira como tacos de madeira, azulejos estampados, gradis de casas de subúrbios e os desenhos dos calçadões de pedra portuguesa, a Lattoog abre caminho em direção à internacionalização do design brasileiro sem perder sua ginga carioca. PATRÍCIA LATTAVO

P O LT R O N A V I D I G A L L AT T O O G / 2 0 1 0

dimensões 82,0 x 80,0 x 70,0 cm (AxLxP) materiais aço carbono e trama natural de taboa

© Lattoog

28


Lançada em duas versões: peluda (2010) e lisa (2013), a poltrona Vidigal recebe esse nome por fazer parte de uma coleção de peças que levam nomes de praias cariocas. Produzida em aço carbono e tramas de fibra de taboa natural, a poltrona surgiu através das experimentações de diferentes tramados da fibra, que é encontrada em abundância no Brasil. A peça foi projetada para uso externo, mas também funciona muito bem em interiores. Seu design marcante, principalmente na versão peluda, que recebe esse nome pelas pontas das tramas soltas na parte posterior, fazem da Vidigal um ícone de design. À primeira vista, a silhueta da poltrona se assemelha à Cadeira Panton, do designer dinamarquês Vermer Panton, e pode até aparentar certa fragilidade estrutural devido à ausência de uma peça vertical que sustente o encosto, porém essa fragilidade é apenas uma impressão.

Cadeira Panton 29


30


Š Vanessa Izidorio

31


32


EDIFÍCIO LO U V E I R A arquitetos responsáveis

João Batista Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi paisagismo

Roberto Burle Marx localização

Rua Piauí, 1.081, Higienópolis, São Paulo/SP ano

1946

área construída

5.400m²

foto: Pedro Kok

33


© Cristiano Mascaro

V I L A N O VA ARTIGAS C A R LO S CASCALDI 34


Engenheiro-arquiteto pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, João Batista Vilanova Artigas é um dos arquitetos que mais contribuiu para o ensino de arquitetura no Brasil, além de ser um dos nomes essenciais para a relação da profissão com o campo político, social e poético. Em 1945 se filia ao Partido Comunista Brasileiro, um ano depois ganha uma bolsa de estudos da Fundação Guggenheim nos Estados Unidos. Volta ao Brasil em 1948, e participa da criação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, onde atuou como professor. Escreve para a revista marxista Fundamentos, os textos Le Corbusier e o Imperialismo, em 1951, e Os Caminhos da Arquitetura Moderna, em 1952. Em 1961, com os projetos da Garagem de Barcos do Iate Clube Santa Paula, do

Anhembi Tênis Clube e do edifício da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, Artigas define diretrizes do que viria a se chamar Escola Paulista. O arquiteto é preso em 1964, após o golpe militar por sua participação no Partido Comunista Brasileiro, regressando de seu exílio no Uruguai para viver clandestinamente em São Paulo até que seja aceito novamente na FAU-USP. Em 1969, é afastado de seu cargo após o Ato Institucional n°5, retornando dez anos depois, com a anistia. Em 1984, participa do concurso de titulação da FAU-USP, processo cujo o mesmo chamou de “molecagem medieval”. Vilanova Artigas dá sua última entrevista em 1984, questionando a nova geração de arquitetos sobre sua responsabilidade quanto ao futuro da arquitetura brasileira.

Carlos Cascaldi foi um arquiteto formado pela Escola Politécnica de São Paulo em 1944, aluno de Vilanova Artigas e posteriormente sócio de seu escritório, juntamente com seu irmão Rubens Cascaldi, engenheiro formado no Mackenzie. Carlos Cascaldi esteve com Artigas em alguns de seus projetos, destacando-se: o Edifício Louveira, a FAU-USP da Cidade Universitária e o Estádio do Morumbi, todos em São Paulo.

Além disso, entre 1948 e 1955, foi convidado a projetar, junto à Artigas, uma série de edifícios públicos e privados na cidade de Londrina, no Paraná, entre os quais se destacam a estação rodoviária e o aeroporto. Apesar de sua grande importância nos projetos, Carlos Cascaldi é comumente deixado de lado na história da arquitetura, seja pelo protagonismo de Artigas, seja “pela personalidade introspectivas dos irmãos Rubens e Carlos.” 35


EDIFÍCIO LO U V E I R A

Com o crescimento da cidade de São Paulo no século XX diante da industrialização, a zona central ganhou projetos de reestruturação urbana, passando a ser verticalizada. E assim, nos anos de 1940, o bairro de Higienópolis ganhou edifícios residenciais de alto padrão. Surgia em 1946, um jardim semi-público apresentado pelo projeto do arquiteto Vilanova Artigas para o edifício Louveira, contribuindo para o avanço da Arquitetura Moderna Brasileira. O jardim, parte do térreo do edifício, funciona para o bairro como um prolongamento da Praça Vilaboim, integrando o projeto de arquitetura à cidade e à vida dos moradores, seus vizinhos e demais frequentadores da região.

36


foto: Pedro Kok

O Edifício Louveira, formado por dois prismas retangulares horizontais quase idênticos, composto por módulos de alvenaria e caixilharia, surge no bairro como exemplo de cuidado quanto à estética arquitetônica e soluções construtivas inovadoras. Sua modulação possibilitou que os apartamentos fossem implantados de maneira a aproveitar o lote sem que os moradores perdessem conforto térmico ou acústico, tornando-o diferente quanto aos edifícios que estavam sendo construídos durante o mesmo período na região.

foto: Cristiano Mascaro

37


No pavimento térreo, o jardim abraça os dois blocos e em seu centro a rampa dá acesso ao primeiro pavimento e ao estacionamento, que se expande sob os blocos. No primeiro pavimento, em ambos os blocos, foram locados o hall social que dá acesso para os elevadores e a escada, sendo que no edifício “A” – acesso pela Rua Piauí, há acesso a um apartamento e no edifício “B” – acesso com endereço para a Praça Vilaboim, há acesso a um apartamento e por meio da passarela, à residência do vigia.

38

Já a partir do segundo pavimento até o oitavo e último, estão distribuídos dois apartamentos por andar, com área de 160m² e 03 dormitórios cada, perfazendo um total geral de 30 unidades por lâmina. No térreo após a escadaria monumental que permite o acesso direto ao bloco A, localizamos no hall um painel de 2,98 x 4,00m pintado por Francisco Rebolo Gonsales (1902-1980), importante artista brasileiro. A obra que retrata uma cena campestre, hoje está bastante danificada e possui título desconhecido.


39


As lâminas dos edifícios se voltam face a face para o interior do lote, esse gesto aproxima os apartamentos vizinhos e cria a poética de uma praça central. Ao tomar essa decisão, o edifício se volta para o seu interior ao passo que se abre para a cidade através da lateral das lâminas, convidando o olhar dos pedestres que circulam na Praça Vilaboim para admirar as cores de um discurso utilizado na arquitetura paulistana. Sua implantação não nos convida somente a olhar, mas também nos induz a entrar, através da sinuosidade das rampas de acesso e a exuberância do jardim, que é como uma gentileza do edifício à cidade.

foto: Julio Roberto Katinsky

40

Quando estamos no meio da rampa e cercados pela vegetação, nos sentimos também abraçados pela edificação com suas cores quentes na fachada, que fazem toda a diferença na imersão sensitiva do usuário. Além disso, ainda nas rampas, as grandes janelas das salas dos apartamentos de um dos blocos instigam a curiosidade, enquanto do outro lado vemos o que seria a face posterior com os acessos de serviço de cada unidade, o que não é menos interessante que sua fachada oposta, voltada para a rua, uma vez que existe uma liberdade permeável ao olhar através das passagens e dos elementos vazados.


O acesso ao térreo é instigante pois pode se dar em momentos distintos: seja pela rampa, em frente à Praça Vilaboim, que se bifurca para atender os dois blocos ou seja pela imponente escadaria sob pilotis na esquina com a Rua Piauí que dá acesso direto ao hall envidraçado do bloco A. A permeabilidade se faz completa, tanto que no caso do apartamento localizado no térreo do bloco A, é possível acessar a entrada de serviço sem passar por qualquer barreira física. A portaria se encontra no bloco B, onde é possível observar toda a movimentação nas entradas e no estacionamento situado aos fundos com acesso pela Rua Piauí.

foto: Pedro Kok

A experiência de se estar no Louveira extravasa seu jardim central e se estende a todo seu entorno, nos convidando a apreciar o dia sentado num dos bancos da Praça Vilaboim e admirar a vegetação, as cores e a harmonia estabelecida com as edificações vizinhas e com a própria praça, que funciona como evidente extensão do projeto.

41


42


43


foto: Pedro Kok

44


EDIFÍCIOS PA U L I C É I A E S Ã O C A R LO S D O P I N H A L arquitetos responsáveis

Gian Carlo Gasperini e Jacques Pilon paisagismo

Roberto Burle Marx localização

Avenida Paulista e Rua São Carlos do Pinhal, Bela Vista, São Paulo/SP ano

1956-1959

área construída

28.470m²

45


46


O S A R Q U I T E TO S

G I A N C A R LO G A S P E R I N I Gian Carlo Gasperini, italiano nascido em 1926, iniciou seus estudos da faculdade de arquitetura na Università degli Studi, em Roma em 1944, mas em 1947 mudou-se para o Rio de Janeiro onde se formou arquiteto pela Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil em 1949. Após formado, veio para São Paulo para trabalhar no escritório do francês Jacques Pilon, onde trabalhou toda sua carreira conciliando posteriormente com a função de lecionar na FAU-USP, onde se formou doutor em 1972.

© ARCOweb

J ACQ U E S P I LO N

© Revista AU-Pini

Jacques Pilon, francês nascido em 1905, formou-se em 1932 pela Escola Nacional de Belas Artes em Paris, mudase para o Brasil em 1910. Volta para a França e estuda letras, direito e arquitetura, essa última concluída na Escola Nacional Superior de Belas Artes, em 1932. No final de 1934 associa-se ao engenheiro Francisco Matarazzo, fundando a construtora PILMAT, que se destaca pela construção de edifícios emblemáticos no centro de São Paulo, como a Biblioteca Mário de Andrade, Edifício Anhumas e os edifícios Paulicéia e São Carlos do Pinhal. Em 1939, juntamente com os arquitetos Herbert Duschenes, Franz Heep e Jerônimo Bonilha Esteves abrem um escritório de projeto.

47


Os edifícios Paulicéia e São Carlos do Pinhal são de uso habitacional e estão localizados na principal avenida de São Paulo, a Avenida Paulista, ao lado do prédio da TV Gazeta. Projetados por Gian Carlo Gasperini e Jacques Pilon no final da década de 50, os edifícios contam com 120 apartamentos de 70 a 190m² dispostos em 23 andares e, apesar do conjunto ocupar um grande lote, sua implantação ocupa pequena parte dele, deixando uma grande área livre para uso coletivo.

foto: Pedro Kok

A solução para as tipologias dos edifícios é bastante dinâmica e racional, propondo apartamentos de 1, 2 e 3 dormitórios, variando as metragens do programa de 70m² para o apartamento com 1 dormitório a 193 m² para os apartamentos com 3 dormitórios. A cada duas unidades há um núcleo de circulação vertical, sendo que entre os apartamentos centrais em que abrigam-se a as menores unidades, situamse os núcleos de circulação e hidráulica, deixando livre todo o volume da frente para instalações de grandes aberturas.

foto: Pedro Kok

48


49


50


Os prédios possuem características notáveis e fundamentais da arquitetura moderna, como as marquises e os pilotis no térreo e a fachada livre com pastilhas e venezianas e suas estruturas são de valor profundo à cidade, marcando a transição dos antigos casarões da elite dos anos 50 à urbanização da cidade, que passou a ter a Avenida Paulista como seu grande centro econômico e social, como foi apontado pelo professor de história da arquitetura, Hugo Segawa, da FAU-USP, “naquele momento, ele contrastava com a paisagem de casarões. Hoje,

chama atenção pela discrição, mas se destaca frente aos edifícios corporativos de vidro”. O conjunto foi tombado pelo Condephaat em 2010 após os moradores temerem a alteração de seu projeto paisagístico, assinado por Roberto Burle Marx, mas o processo já havia sido formalizado em 2003, visando conservar as características originais do projeto. A proteção do Condephaat compreende às áreas comuns de todos os andares, o projeto paisagístico e a fachada original dos edifícios.

51


Em seu projeto inicial, os edifícios desempenhavam um maior contato com a cidade, uma vez que o térreo livre permitia a fruição pública, servindo de abrigo e passagem entre a Avenida Paulista e a Rua São Carlos do Pinhal. Essa característica se perdeu com o tempo e a passagem se tornou privada e restrita aos moradores do conjunto.

para o edifício. Os jardins, projetados por Burle Marx são exuberantes e abusam da variedade de espécies nativas brasileiras, criando uma atmosfera florestal em meio à cidade.

As fachadas voltadas para a rua são marcantes e muito trabalhadas com janelas em madeira, detalhes azuis, azulejos decorados e plantas. Já as faces que voltadas para o pátio central Nos halls de entrada nota-se o uso de do edifício não possuem o mesmo tratamento matérias sofisticados como madeira e metais estético, sendo brancas, modulares e pouco dourados, além dos grandes panos de vidro convidativas ao olhar. que junto com os vãos no térreo trazem leveza

52


A parte traseira de ambos os edifícios se voltam para um pátio central pouco convidativo. A relação de escala entre os edifícios e o pátio causam uma sensação de desconforto ao usuário que se vê cercado por enormes paredes, inclusive as dos edifícios vizinhos, que geram sombra constante. Em contraponto, as fachadas voltadas para a rua são extremamente convidativas ao estarem recuadas e terem os acessos principais marcados por leves pórticos que

parecem flutuar sobre os finos pilotis de metal tubular. Além disso o piso em pedra portuguesa cria uma extensão da calçada da rua, um artifício bastante usado em edifícios modernos para quebrar a segregação espacial entre rua e interior do lote. A entrada da Rua Carlos do Pinhal conta com um jardim com espaços de descanso, assemelhando-se a um bosque mais silencioso e aparentemente distante de toda a euforia urbana que circunda os edifícios.

53


54


RE UR BA N IZAÇÃO DO SA P É

CON DOM ÍNI O A escritórios responsáveis

Base Urbana + Pessoa Arquitetos localização

Rua Celso Lagar - Jardim Ester Yolanda, São Paulo - SP, Brasil ano

2014

área construída

82.000m²

55


56


A S A R Q U I T E TA S

BASE URBANA + P E S S OA A R Q U I T E TO S Catherine Otondo e Marina Grinover, doutoras pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, e Jorge Pessoa, mestre pela mesma instituição, ainda como sócios-fundadores do escritório BASE 3 Arquitetos, trabalharam com projetos habitacionais entre os anos de 2007 e 2014, quando passam a ser dois escritórios distintos: Base Urbana e Pessoa Arquitetos. Em 2011, o BASE 3 recebe o primeiro lugar do concurso Renova SP, onde foram apresentadas mais de cem propostas de arquitetos de todo o país para o projeto de urbanização de 209 favelas na cidade de São Paulo. A atuação do escritório muda – por alguns anos, sua escala e foco social, de residências unifamiliares em bairros nobres para conjuntos habitacionais de interesse social. Já no fim de sua atuação como BASE 3, em 2014, junto à Secretaria da Habitação de São Paulo, os arquitetos entregam a 2500 famílias no bairro do Rio Pequeno, o projeto de reurbanização da favela do Sapé, iniciado quatro anos antes.

57


58


O edifício Condomínio A integra o projeto da reurbanização do Sapé, composto por mais sete condomínios. Concluído em 2014, o edifício propõe 98 novas unidades a serem entregues para as famílias que haviam sido remanejadas por alguns meses com um auxílio aluguel. A reurbanização da favela do Sapé no bairro do Rio Pequeno, em São Paulo, é uma iniciativa da Secretaria da Habitação Municipal de São Paulo e atende 2.500 famílias que se encontravam em condições precárias de moradia na região. Além de sete tipologias de unidade habitacional diferentes – 02 dormitórios, 03 dormitórios, duplex e unidade de acessibilidade integral, entre 50 e 46m², o condomínio também possui unidades de comércio e serviços para os seus moradores, constituindo-se como uma ferramenta de inclusão, com oportunidades de vivência, conexão, encontro social e troca no espaço público. Ao decorrer do projeto, as famílias participaram das decisões do escritório como a quantidade de cada tipologia habitacional e unidades de comércio e serviços, em reuniões frequentes com os arquitetos e com a SEHAB, o que possibilitou uma maior aproximação do projeto com a necessidade dos moradores. “A separação estrutural dos volumes da circulação horizontal, da vertical, e do volume das unidades nos permitiu criar uma flexibilidade para implantar os edifícios. Resultou das diversas articulações entre estes três elementos uma implantação que acomodou-se a cada particularidade de cada terreno, da relação com o entorno, da situação do lote na paisagem. Ao incorporarmos a paisagem do caminho verde com sua vegetação nos vazios entre os volumes integramos estes espaços modulando a passagem das áreas públicas para as privadas, neste sentido procuramos sempre proporcionar uma entrada pela rua e outra pelo caminho verde para todos os condomínios. Neste exercício de acomodação topográfica, o edifício pousa no terreno originando unidades no subsolo mais ligadas espacialmente ao caminho verde.”

59


60


foto: Pedro Vannucchi

Como resultado desta participação, há como exemplo a circulação horizontal avarandada e a circulação vertical aberta, criados para que os moradores ganhassem pontos de encontro nas áreas comuns, tornando os locais de passagem também possíveis de serem ocupados como parte de suas casas, o que consideramos como o ponto chave do projeto.

servem como uma barreira entre apartamentos adjacentes, de forma que as portas de entrada nunca estejam posicionadas lado a lado. Por todo o prédio é possível encontrar apartamentos de portas abertas e crianças brincando nas varandas e escadas, além de cada unidade ter a sua própria identidade através de plantas, gaiolas de pássaros ou móveis do lado de fora que contam sobre quem mora ali traz vida A criação das varandas permite o contato ao edifício e instiga o olhar de quem vê essa entre os moradores de apartamentos distintos, vivência de fora. mantendo a relação de solidariedade e a convivência que existe na comunidade. Porém, Hoje, às margens do córrego do Sapé, desta vez com o grau de privacidade necessário, os moradores possuem seus apartamentos uma vez que todas as janelas voltadas para a projetados com gestos cautelosos pela varanda contam com um vão logo a frente que equipe que durante anos buscou não somente não permite que quem passa pelo lado de fora redesenhar os seus lares, mas também inserir veja o que acontece nos apartamentos. Esse vão no bairro um parque linear, e causar uma também garante mais entrada de luz e ventilação mudança para além dos moradores dos novos constante. A planta das unidades também foi condomínios, já que o bairro de Rio Pequeno pensada nesse sentido: as áreas de serviço, ganhou cor, grama e rio. avançadas em relação às portas e janelas,

61


62


CONJ U NTO IM P É R I O DELA M A R E (SA BE S P 2 ) RESIDEN CI AL H EL I ÓPO LI S

arquiteto responsável

Ruy Ohtake localização

Avenida Almirante Delamare, Heliópolis, São Paulo – SP ano

2011

área construída

958m² (condomínio 2)

63


© ARCOweb

64


O A R Q U I T E TO

“A obra materializa a relação da arquitetura com as pessoas que a frequentam ou a usam: o diálogo com os espaços internos, a adequação dos materiais e a clareza funcional. É assim nas praças, nos centros de convivência, nos espaços culturais, nos aquários, nas moradias e nos complexos residenciais. São as emoções e as razões pelas quais tenho me empenhado para que meus projetos sejam construídos.” RUY OHTAKE

R U Y O H TA K E Ruy Ohtake, filho da renomada artista plástica Tomie Ohtake, formou-se arquiteto pela FAU-USP em 1960, foi aluno de Vilanova Artigas e esteve ligado à escola Paulista. Mais tarde, foi professor na USP, na Universidade Mackenzie e na FAU-Santos. Apesar de sua ligação com a escola Paulista, com o tempo seus projetos foram caminhando para uma arquitetura mais leve e que mostra seu gosto por curvas, inovação e tecnologia, características que podemos encontrar, por exemplo, nas obras de Oscar Niemeyer, de quem era amigo e de quem confessa ser um grande admirador. Do renomado e luxuoso Hotel Unique, um de seus principais projetos, ao Conjunto Residencial de Heliópolis, projeto de interesse social voltado aos moradores da comunidade de Heliópolis, Ruy Ohtake possui uma linguagem marcante – muitas vezes polêmica – e projetos de escalas e públicos bastante diferentes. Hoje, é considerado umdos mais importantes responsáveis pela construção da São Paulo contemporânea.

65


66


Foi através de um mal-entendido que começou a relação de Ruy Ohtake com a comunidade de Heliópolis. Em uma entrevista, questionado sobre o que achava de mais feio em São Paulo, Ruy responde que “achava gritante a diferença entre um bairro com recurso e uma comunidade carente”, neste caso comparando os bairros de Morumbi e Heliópolis, totalmente distintos. A revista para qual Ruy deu a entrevista distorceu a fala do arquiteto, dando a entender que Heliópolis era o que havia de mais feio em São Paulo. Após o ocorrido, líderes da comunidade entraram em contato com o arquiteto para saber como ele poderia colaborar para mudar a cara de Heliópolis e dessa forma começaram os projetos sociais na região, o primeiro deles sendo intervenções cromáticas em três ruas escolhidas pelos moradores e, logo após, com o patrocínio de um banco, a implantação de uma pequena biblioteca, com participação ativa dos moradores no que dizia respeito ao local de construção e suas características. Anos depois, quando a prefeitura estudava a construção de três creches para a comunidade, Ruy Ohtake foi o arquiteto lembrado pela

UNAS – União de Núcleos, Associações e Sociedades de Moradores de Heliópolis e São João Clímaco – e auxiliou na escolha dos locais de implantação dos equipamentos. As creches foram edificadas com projetos padrões da prefeitura e, depois dessa intervenção, nasceu o projeto do polo educativo e cultural, de realização de Ohtake. O projeto, um conjunto de cinco condomínios compostos por edifícios redondos, pintados com cores diferentes, pensados para habitação social de moradores da comunidade de Heliópolis, “nasceu com o projeto da cor, e em Heliópolis isso foi a sementinha, para a ideia dos redondinhos. Depois desse trabalho a comunidade pediu meu auxílio em um projeto que valorizasse a região, fui até lá. Em conjunto com a comunidade, decidimos trabalhar juntos, comigo não tem esse negócio de ajudar, eu quero trabalhar junto (...) Quando eu faço um projeto, como o de Heliópolis, a primeira coisa que faço é discutir com a comunidade, para que haja dupla responsabilidade, eu como arquiteto e cidadão e da comunidade como moradora local, que tem vivência da vida em comunidade.”

67


Se tratando de um condomínio de habitações de interesse social, o Conjunto Habitacional Heliópolis foge do padrão de formas ortogonais monótonas e se mostra através de cilindros cobertos com cores vibrantes, “cores de compromisso” nas palavras de Ruy Ohtake.

a hierarquia entre apartamentos da frente e do fundo, isto é, gerando insolação e ventilação para todas as unidades e vistas democráticas, de forma que os moradores não vejam apenas as paredes de prédio vizinho, mas tenham visuais para o horizonte da cidade. Esse é o ponto mais importante do projeto. Além disso, o desenho da planta reduz Os edifícios, carinhosamente a quantidade de corredores e aumenta apelidados de “redondinhos”, foram o aproveitamento do terreno. projetados em planta circular, quebrando

68


A estética é um fator primordial para Ruy Ohtake e, neste caso, os edifícios receberam cores vibrantes na fachada, através de faixas coloridas entre as janelas, que se alternam verticalmente, criando uma composição alegre e marcante na paisagem local. Através do olha do usuário que caminha pela praça central do conjunto é possível observar uma série de “surpresas visuais” criadas através do encontro das formas, cores, luzes e sombras dos edifícios. A implantação dos blocos acontece na periferia do lote com um considerável afastamento entre eles, conformando uma praça central que abriga um parque infantil e uma área de uso comum, permitindo a relação entre os moradores, algo que já fazia parte da rotina destes quando viviam na comunidade de Heliópolis, onde a rua serve como base da convivência coletiva. Porém, olhando através de uma escala maior, em relação com a cidade, o conjunto se encontra isolado, sem uma conexão direta com o bairro, já que é cercado de um lado pela estação de tratamento da Sabesp e do outro por um muro de divisa com Córrego dos Meninos. Os principais meios de transporte são o carro e os ônibus que passam pela Avenida Almirante Delamare e também é possível observar que a bicicleta é bastante utilizada pelos moradores como um modal alternativo. 69


70


71


72


73


74

Š Vanessa Izidorio


BIBLIOGRAFIA Bloco de habitação na favela do Sapé (2010/2017). Revista Monolito, São Paulo, n. 36, 2016; BASE URBANA. Favela do Sapé Cond. A. Disponível em <http:// baseurbana.arq.br/portfolio/favela-do-sape-edificios/>. Acesso em 4 de maio de 2018; PORTAL VITRUVIUS. Reurbanização da favela do Sapé. Projetos, São Paulo, ano 15, n. 170.03, Vitruvius, fev. 2015. Disponível em <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/15.170/5441>. Acesso em 4 de maio de 2018; Joanna Helm. “Concurso Renova SP - Grupo 3: Lote 12: Cabuçu de Cima 10 - 1° Lugar / Base 3 Arquitetos” 08 Out 2011. ArchDaily Brasil. Disponível em <https://www.archdaily. com.br/2771/concurso-renova-sp-grupo-3-lote-12-cabucude-cima-10-1-graus-lugar-base-3-arquitetos>. Acesso em 4 de maio de 2018; PORTAL VITRUVIUS. Concurso Renova SP. Notícias, São Paulo, 2011, Vitruvius, ago. 2011. Disponível em <http://www.vitruvius.com.br/jornal/news/read/990>. Acesso em 4 de maio de 2018;   ARCHDAILY BRASIL. Reurbanização do Sapé / Base Urbana + Pessoa Arquitetos. Disponível em <https://www.archdaily. com.br/br/796521/reurbanizacao-do-sape-base-urbana-pluspessoa-arquitetos>. Acesso em 3 de maio de 2018; Jacques Pilon. Enciclopédia Itaú Cultural. Disponível em <http: //enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa447753/jacquespilon>. Acesso em 06 de maio de 2018; Entrevista Gian Carlo Gasperini: Arquitetura exige criatividade e competência. Disponível em <https://www.arcoweb.com. br/projetodesign/entrevista/gian-carlo-gasperini-arquiteturaexige-12-02-2003>. Acesso em 06 de maio de 2018;

VILANOVA Artigas. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa13159/vilanova-artigas>. Acesso em 7 de maio de 2018; Cascaldi” 06 Ago 2014. ArchDaily Brasil. Disponível em <https:// www.archdaily.com.br/br/625199/classicos-da-arquitetura-edificio-louveira-joao-batista-vilanova-artigas-e-carlos-cascaldi>. Acesso em 6 de maio de 2018; MEDRANO, Leandro; RECAMÁN, Luiz. Vilanova Artigas e o Condomínio Louveira. Verticalização e ordem urbana. Arquitextos, São Paulo, ano 16, n. 191.00, Vitruvius, abr. 2016. Disponível em <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/16.191/6003>. Acesso em 6 de maio de 2018; KAMITA, João Masao. Vilanova Artigas. São Paulo, SP: Cosac Naify, 2000; Favela de Heliópolis terá mais dois novos conjuntos habitacionais. Disponível em: <http://piniweb17.pini.com.br/construcao/ arquitetura/favela-de-heliopolis-tera-mais-dois-novos-conjuntos-habitacionais-ate-188929-1.aspx>. Acesso em 06 de maio de 2018; Obras projetadas por Ruy Ohtake alteram a paisagem de Heliópolis. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/ saopaulo/782646-obras-projetadas-por-ruy-ohtake-alteram-apaisagem-de-heliopolis-veja-video.shtml>. Acesso em 06 de maio de 2018; OHTAKE, Ruy. Arquitetura para pessoas. São Paulo: Editora APC, 2016; Entrevista: Ruy Ohtake. “O arquiteto precisa ter sua postura desde o início”. ARCOweb. Disponível em <https://www.arcoweb. com.br/projetodesign/entrevistas/ruy-ohtake-01-10-2002>. Acesso em 06 de maio de 2018.

Paulicéia, na Paulista, vira patrimônio de São Paulo. Cotidiano, Folha de São Paulo. Disponível em <http://www1.folha.uol.com. br/fsp/cotidian/ff2005201017.htm>. Acesso em 06 de maio de 2018; PORTELA, Giceli. João Batista Vilanova Artigas, Curitiba, 19152015. Exposição “Nos pormenores um universo” no Museu Oscar Niemeyer. Resenhas Online, São Paulo, ano 14, n. 165.01, Vitruvius, set. 2015. Disponível em <http://www.vitruvius.com. br/revistas/read/resenhasonline/14.165/5675>. Acesso em 06 de maio de 2018;

75


m u r o

JUN . 2018

76


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.