Projeto FUNDÃO 2017

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PROJETO FUNDÃO 2017


para cada ordem, um caos


Ponti fí cia Universidade Católica de Campinas Centro de Ciências Exatas e de Tecnologias Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Trabalho Final de Graduação Campinas I 2017

PROJETO FUNDÃO

JARDIM VERA CRUZ

Projeto Fundão - Jardim Vera Cruz Adriana Medeiros Pereira Beatriz Chiacchio Michelazzo Camila Borges de Oliveira Danilo Pena Maia Gabriel de Souza Ramires Helder Ferrari Isabelle Bertoloto Cocetti Kaena Justo Maria Clara de Oliveira Calil Maria Kathelijne Vrolijk Paloma Rodrigues Pâmela Rodrigues Castro Patricia Corrêa Desenzi Priscilla Franco Guadaguini Raissa Gatt era Begiato Vivian Helena Peronti Procópio Orientadores Prof. Antonio Fabiano Junior Profa. Dra. Vera Santana Luz Banca examinadora Antonio Carlos Barossi Francisco Fanucci Maria Beatriz de Camargo Aranha Maria Eliza de Castro Pita

Toda quarta a gente escuta o que o território fala Ele é sujeito capaz de ação, por isso fala Ele pede, suplica, quase chora Chora o rio que enche a Guarapiranga Choram as vozes de quem mora, de quem vive e de quem pede por viver E toda quarta a gente escuta e tenta ajudar Vamos ajudar Já estamos ajudando Este novo amanhã é possível e está sendo desenhado Porque nada é sobre nós É sempre sobre ele.


Agradecimentos Somos gratos a todos aqueles que foram professores na arte de ensinar. Pois o resultado do que pensamos, refl eti mos, dominamos e somos capazes, hoje, vem com a metade da semente daqueles que ti veram algo a nos dar. Comparti lhar. Aqueles: professores de formação profi ssional e professores formados pela vida. A vivência e a experiência, o conhecimento e a compreensão do que é a vida e o que são as pessoas, na realidade, exprimem a real complexidade do mundo. Só a parti r do momento em que sabemos com o que estamos lidando podemos de fato propor predicados coerentes com seu respecti vo sujeito. Pois todo ti po de conhecimento que vem de quem junta e agrega, faz crescer. Evoluir. Sozinhos somos “eu”, mas juntos somos “nós”. E nós, junto “daqueles”, somos todos. Somos um mundo inteiro. E se não fosse o mundo, e as suas pessoas, para quem haveria de ser um projeto? Melhor conhecer para saber projetar. Portanto, a todos aqueles que fi zeram com que este trabalho fosse mais “nós” do que “eu” e, assim, em sua essência, mais humano. Agradecer.


ÍNDICE 11 I Introdução 13 I Contextualização da área de estudo 19 I Localização

20 I Caracterização da área de estudo 53 I Intenções iniciais: Os corações do Jardim Vera Cruz 60 I Projeto urbano 119 I As ações que criam projetos 122 I Projetos individuais: Os novos equipamentos para o território 128 I Ações 132 I Anexos 141 I Considerações Finais 143 I Bibliografia


I Introdução I “A cidade continuará a existir. Justamente porque é uma incansável invenção do homem.” (PIANO, 2011, p.70)

“perto de muita água, tudo é feliz” (ROSA, 2016, p.26)

A proximidade à água é um fator decisivo e primordial e advém indissociável ao surgimento das cidades. É da condição humana essa confi guração. Esta relação também foi decisiva para a escolha do local de atuação do presente Trabalho Final de Graduação – TFG – do curso de Arquitetura e Urbanismo. Se no princípio do surgimento de São Paulo estar perto das margens do rio era uma necessidade vital, hoje os próprios rios sofrem marginalização, junto com mais dois milhões de paulistanos que habitam as margens das represas Guarapiranga e Billings. O desenvolvimento da região Sul da cidade de São Paulo se deu devido ao crescimento e a valorização do seu centro que, com o processo de eliti zação, fez com que a classe trabalhadora se visse obrigada a procurar um novo lugar para morar, já que não podia arcar com os elevados custos de vida da região. Dessa forma, a população com menor renda se deslocou para as zonas periféricas. No entanto, como com a água, a cidade, que precisa tanto da sua população, deu as costas a esses trabalhadores. O Fundão do Jardim Ângela – território de estudo e de proposições deste trabalho

– é uma dessas áreas periféricas. Hoje, seus moradores passam grande parte do dia se deslocando até o trabalho, na zona infraestruturada, para que, no fi m do dia, regressem à periferia onde as necessidades básicas, como o saneamento adequado, ainda é escassa, quando não inexistentes. Essas pessoas, tão essenciais para a dinâmica da cidade, são marginalizadas e não têm possibilidade de desfrutar de grande porção do local que vivem. O Fundão do Jardim Ângela compreende os bairros Jardim Vale Verde, Parque do Lago, Jardim Aracati , Vila Gilda, Cidade Ipava, Chácara Flórida, Jardim São Pedro, Parque das Cerejeiras, Jardim Tamara, Parque Santa Bárbara, Jardim Capela, Vila Guiomar, Vila Dom José, Vila Nova Cidade, Vila do Sol, Vila Calu, Chácara Sonho Azul, Comunidade João Cândido, Vila Zélia, Bairro Chácara Bananal, Comunidade dos Bombeiros, Jardim do Éden, Bairro Chácara Balbina, Jardim Sonia, Jardim Vera Cruz, Chácara Enseada, Jardim Jacira, Jardim do Carmo I e II, Jardim Horizonte Azul, Morro da Mandioca, Parque São Francisco, Parque São Lourenço, Três Chaves, Jardim Analândia I e II, Jardim Horacina, Jardim Nogueira, Conjunto Habitacional (MCMV) Jardim Horizonte Azul e o Parque da ilha dos Eucaliptos. 11


I Contextualização da área de estudo I

O trabalho apresenta propostas urbanísticas de grande escala, abrangendo infraestrutura e transporte para a Região Metropolitana de São Paulo, além de desenvolvimento de desenho urbano para o Bairro Jardim Vera Cruz, no distrito Jardim Ângela. A estrutura metodológica de identificação por levantamentos, análises, diagnósticos, prognósticos, diretrizes e ações projetuais apresenta situação delicada e contraditória no binômio centro-periferia, tendo como busca novos paradigmas e exemplaridades na relação urbano x rural x ambiental na metrópole, onde lutar é cenário constante entre a necessidade de morar e a necessidade de preservar o meio ambiente. Seus desenhos buscam propostas de autonomia e independência à população que ali habita para a melhoria da qualidade de vida, aumento da participação social e valorização da cidadania, respeito aos tempos e formas do território, valorização de sua história e uso racional de recursos ambientais trabalhando fragilidades com sensibilidade e entendendo que a dicotomia homem x natureza não existe, pois o homem é parte indissociável dela própria e a relação homem x homem em equidade é um dever. 12

Era uma vez um homem que usava as águas dos rios para sobreviver. No primeiro momento da história, o homem, sem grande domínio da técnica, era vulnerável às mudanças e às condições que o meio lhe proporcionava. Sobrevivia daquilo que a natureza era capaz de lhe dar e usava apenas materiais naturais para construir seus objetos e utensílios que o auxiliavam em suas atividades cotidianas. Esses sistemas técnicos – sem, no entanto, objetos técnicos – não eram agressivos, pelo fato de serem dissolúveis, como matéria orgânica, ao tempo. Assim, o homem-artesão mítico teria vivido em harmonia com o meio natural, uma vez que dependia totalmente dele para seu sustento. O comportamento humano tinha como razão a preservação e a continuidade do meio de vida e procurava, também, sobreviver próximo aos recursos hídricos, pois a água era um recurso indispensável. A água não podia faltar. Com o passar do tempo, o homem aprendeu e desenvolveu a técnica de domesticar animais e cultivar seus próprios alimentos. A partir desse momento, o homem foi capaz de dominar e mudar a natureza ao seu redor, impondo suas próprias leis e privilegiando seus interesses. As ações humanas passam a se impor às condições do meio ambiente, iniciando prejudiciais interferências diretas ao meio e indiretas a si próprio. Os recursos hídricos não mais, necessariamente, precisavam estar perto do seu alcance, mas ainda assim eram indispensáveis a sua sobrevivência. Mesmo assim, a água não podia faltar.

O período técnico vê a emergência do espaço mecanizado. O domínio da técnica, porém, fez do homem um criador de coisas industrializadas na atual configuração em que se extrai, se rejeita, se consome em escala insustentável, cuja matriz de acumulação e concentração de renda resulta em desigualdade social em um sistema incompatível com a capacidade suporte da natureza. Os objetos que formam o meio não são apenas objetos culturais; eles são culturais e técnicos. Quanto ao espaço, o componente material é crescentemente formado do “natural” e do “artificial”. A natureza , no caso em estudo, em grande medida, os recursos hídricos passaram a ser um problema para o desenvolvimento. O homem deu às costas para aquilo que faz parte da sua essência como ser vivo. O problema: o homem não parou para refletir que sem essa natureza, ele não vive. Não só ele, como todo um bioma natural. A água não podia faltar, mas pode. No meio ambiente os resultados das interferências desta relação mostramse sobre o aspecto material e visível. É sobre o meio natural que os predicados das ações humanas são demonstrados em obras, ao passo que as mesmas são capazes de perdurar por anos, mostrando o quão responsável o homem é para com suas ações. O homem, porém, não deve se esquecer de que sua essência foi, é e sempre será de um ser natural e pertencente à natureza. Afinal, qual a natureza do homem?

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Este trabalho vai à busca deste princípio: explorar alternativas e possibilidades que propiciem o homem viver em harmonia com a natureza, uma vez que ele é parte indissociável como ser biológico. Hoje a natureza está em crise. O capital que domina o mercado e a sociedade está afundando em si mesmo ou ao menos levando a tudo e a todos em sua vitória trágica. São Paulo é uma cidade desigual, poluída. É uma estrutura que não deu certo. As periferias, bordas ou franjas da cidade, são as que mais sentem estes reflexos, pois não são de interesse do capital, estão esquecidas. Mas é lá que vive a Dona Maria dos Anjos, líder comunitária que luta diariamente pela proteção dos mananciais da região e da mata remanescente; é de lá que também vem a água que abastece o centro da cidade. Centro financeiro, desenvolvido. É uma relação antagônica que, se pararmos para pensar, não faz sentido. O centro histórico, hoje, também é periferia, em grande medida.

homem e natureza sempre se encontram. O compromisso deste trabalho, portanto, é real com o território. Paisagem vem do francês paysage, que se compõe do nome pays, “país”, e do sufixo age, análogo francês do sufixo português “ada”. Paisagem é portanto um bocado ou uma porção de país, assim como o seria a palavra “paisada”. É possível construir paisagem? É possível entender a construção da dinâmica urbana através da utilização de sistemas naturais como estratégia de desenho e planejamento regional? Que forma tem o nosso aparato intelectual nesse jogo todo? O arquiteto pensa em ambos – forma e uso. Atuações do constructo efetivo, sonho realizado, ato-em-ação. A paisagem nada mais é do que um retrato de uma realidade ou a realidade em si mesma. A realidade de uma visão de mundo. A realidade de várias vidas. Porque, no fundo, tudo o que queremos é dar forma ao mundo para todo mundo.

Desde o início, foi entendido como um discurso rico o trabalho em um lugar onde os conflitos são realidade e os opostos são recorrência. As regras tradicionais ditadas e impostas desde o século passado não mais acompanham o processo social na qual a população está inserida. Há a necessidade da busca pelo novo. Para tanto, fundamenta o trabalho o ensaio de paradigmas alternativos nas relações homem x homem e homem x natureza, assumindo como urgência a flagrante situação de desequilíbrio ambiental e desigualdade social.

Mapa dos rios da cidade de São Paulo Fonte: Prefeitura do Estado de São Paulo I GeoSampa 14

Ato é ação. Sempre agimos por algo. Nos aproximando ou nos distanciando, criamos fricção entre nós, atores primários, com o outro e entre nós com o meio. Por embate ou por comunhão, 15



I Localização I

Localização metropolitana Área de Preservação

A região está compreendida, ao sul pelas Serras do Mar e, ao norte pela Cantareira, as quais representam, ainda que em resquícios, o bioma de Mata Atlânti ca. A rede hídrica, abastecida pelo Rio Pinheiros e seus contribuintes, o qual é afl uente do Rio Tietê, mantém a capacidade das duas represas pela inversão de seu curso para provisão de energia elétrica para o sistema industrial de Cubatão.

Represa Guarapiranga e Billings

Localização recorte ambiental e Jardim Vera Cruz Localização área de influência Área de Manancial Represa Guarapiranga e Billings Área de Preservação

Abrangência Ambiental Represa Guarapiranga Jardim Vera Cruz Jardim Ângela

A capital do estado de São Paulo está localizada numa região estratégica no território. Considerada, hoje, uma cidade global pela sua importância e infl uência fi nanceira, mercanti l e corporati va no cenário mundial, estabelece e exerce relações diretas e indiretas na região metropolitana assim como no país como um todo. Sistema global perverso em que o ditame de desenvolvimento somente se aplica a determinadas porções do território e parte dos homens. A sua localização no território compreende as represas Billings e Guarapiranga, haja vista toda sua área de mananciais.

N

São Paulo represa billings represa guarapiranga serra do mar cantareira mata atlântica mananciais rio pinheiros rio tiête distrito Jardim Ângela Jardim são luís m’boi mirim capão redondo jardim vera cruz clube esportivo náutico centro de educação unificado avenida dos funcionários

O Distrito Jardim Ângela, o qual diz respeito a este trabalho, está localizado a extremo sul da cidade de São Paulo e faz margem a leste com a represa Guarapiranga, segundo maior sistema de águas da região Metropolitana. Juntamente com o Jardim São Luís, o Jardim Ângela conforma a região conhecida como M’Boi Mirim. Os distritos, que antes faziam parte de Capão Redondo, com o novo Plano Diretor da cidade, ganharam, no ano de 2000, autonomia e uma subprefeitura: a Subprefeitura de M’Boi Mirim. O Jardim Vera Cruz, foco da área de estudo, está localizado ao extremo sul do distrito do Jardim Ângela, a 32 km do centro da cidade de São Paulo, às margens da represa Guarapiranga. Tem como principal equipamento de referência o Clube Esporti vo Náuti co, anti go Clube dos Funcionários Públicos do Estado de São Paulo, recentemente desapropriado pela Prefeitura do Município de São Paulo, na gestão do Prefeito Fernando Haddad, o qual faz parte do histórico de fundação da área, bem como o Centro de Educação Unifi cado (CEU) que perfaz, junto com a represa Guarapiranga e a Avenida dos Funcionários Públicos, os limites do recorte de estudo. 19


I Caracterização da área de estudo I O todo é feito de partes, logo a compreensão do todo se dá pelo entendimento de cada uma das suas partes. Para apreender o complexo sistema que representa o Jardim Ângela não é diferente. Trata-se de um grande organismo composto por diversos pequenos subgrupos capazes de atuar ativamente no seu funcionamento. Caracterizou-se a área de estudo através de um delicado e minucioso trabalho de investigação e levantamento de dados de cada um dos temas que fazem parte desta realidade. São os fatos. Esta metodologia de entendimento se faz necessária, pois, para que possamos intervir de forma coerente no todo, é necessário, a zero minuto, dominar cada um dos subgrupos de informações que exercem direta e total influência nas grandes problemáticas. Trata-se de uma visão “de baixo para cima”, a qual traduz mais do que um raciocínio de trabalho, mas uma visão de mundo. De respeito. Uma visão que contempla também os pequenos e entende que os menores dos problemas interferem, sim, nos maiores. As raízes são a grande questão deste entendimento: se os alicerceares estão fixados e sendo nutridos por uma boa terra, as folhas, no alto da copa, estarão verdes e com vida.

análise histórica O presente é passado, assim como o futuro também é passado. Para que possamos entender e saber para onde estamos indo, precisamos, primeiramente, saber: de onde viemos, o que fizemos e como fizemos. Porque o passado justifica e pré-determina muitos das respostas que são realidade, hoje, no mundo. Se somos obrigados a conviver com o fato de que milhares de brasileiros vivem em situação de extrema pobreza, hoje, no Brasil, é porque algo no passado permitiu que essa situação perseverasse. Contudo, queremos mudar este presente, que é feito de passado, para que, no futuro, estas famílias possam sonhar com um futuro digno e inclusivo na sociedade. É por esta razão que se faz necessário um estudo da história de formação do Jardim Vera Cruz, o qual está intrinsecamente ligado ao desenvolvimento da cidade de São Paulo. Começaremos, então, por São Paulo. 20


São Paulo

O planalto localizado às margens do Rio Anhangabaú e do Rio Tamanduateí era o local ideal para o desenvolvimento de uma comunidade: o Ribeirão Anhangabaú fornecia água limpa e suprimentos e o Rio Tamanduateí dava acesso direto ao Rio Tietê. Foi assim que a Companhia de Jesus, com o objeti vo de catequizar a população nati va brasileira, fundou em 1554 a Villa de São Paulo de Pirati ninga. A Villa era pobre e isolada e sobrevivia das lavouras de subsistência e da mão de obra indígena. Foi somente no início da época da expansão do café que esta realidade começou a mudar e a Villa crescia em direção do que hoje é a grande cidade de São Paulo. Com a fundação da ferrovia Santos-Jundiaí da São Paulo Railway Company em 1867 São Paulo passou a se tornar um ponto estratégico na rota do interior ao litoral. Foram construídas outras ferrovias e a cidade se consolidou como ponto de convergência de todas as linhas, cujo desti no principal era o Porto de Santos. A chegada da “modernidade” começou a alterar as relações dos aglomerados urbanos com a natureza. Os rios, razão de ser da cidade, começaram a ser considerados empecilhos para a expansão. Com a proibição do tráfi co negreiro e a necessidade de mão-de-obra, inicia-se a chegada dos imigrantes,

no caso de São Paulo, principalmente os italianos. A nova valorização do café, após o reinado de Dom Pedro II, esti mulou o desenvolvimento dessa economia e incenti vou o crescimento do comércio e de serviços. A Vila se tornou cidade e a burguesia começa a se consolidar. A parti r destas mudanças econômicas e em sequência, a parti r das Guerras Mundiais e da crise do café, o surgimento das indústrias refl eti u rapidamente no traçado urbano. Com a República a cidade se estrati fi ca. Em 1892 foi construído o Viaduto do Chá, que marcou a expansão da cidade, pois conectava o velho centro, com o novo centro econômico à oeste da cidade, cujos loteamento eram desti nados aos fazendeiros ricos que vieram morar na Capital. O crescimento industrial acelerado trouxe consigo o crescimento populacional. “A cidade que não pode parar” viu sua população crescer 65% entre 1910 e 1920, crescimento caóti co que deixou suas marcas. De um lado vivia a elite, com a água encanada e a cidade embelezada, do outro lado havia a população que não podia acompanhar

Fundação da Ferrovia Santos-Jundiaí Rota de Transporte e Escoamento da Produção Início da Modernidade

1867

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essa infl ação descontrolada. Essas pessoas se viram obrigadas a se estabelecer em áreas distantes, que não desfrutavam da cidade equipada e moderna. Começam a surgir as periferias de São Paulo, cujas primeiras localizações foram em áreas mais baixas, onde os rios tomam o que é deles na época das chuvas. Nas áreas centrais a preocupação passa a ser reti fi car com os rios que levavam o esgoto embora. Os rios, razão pela qual o padre Manuel da Nóbrega escolheu aquele ponto para fundar a Villa de São Paulo de Pirati ninga, já não eram mais os mesmos. A companhia São Paulo Tramway Light & Power também ti nha interesse nessas reti fi cações, para a construção de hidrelétricas e investi mento imobiliário nas áreas aterradas.

Construção do Viaduto do Chá Crescimento Industrial Crescimento Populacional

Reeficação dos Rios Tietê e Pinheiros

1892

1920

1554

1892

1910

Formação da Vila de São Paulo do Piraaninga

Chegada dos Imigrantes Valorização do Café

Urbanização e eliização do centro de São Paulo Estraaficação Social

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O Jardim Angela e a Represa Guarapiranga

Apesar de ter sua primeira ocupação em 1607, com algumas ati vidades de extração de minérios, por muito tempo funcionou como rota de passagem primeiramente através de estradas vicinais e posteriormente das linhas férreas. Somente no ano de 1829 ocorreu uma ocupação mais efeti va do território, com a chegada de imigrantes alemães convidados por Dom Pedro I para incenti var o desenvolvimento de ati vidades agrícolas e industriais. Em 1907, a Tramway Light & Power decidiu criar a Represa de Guarapiranga para regularizar a vazão do Rio Tietê, que vinha sofrendo com a falta de chuvas. No entanto, outra esti agem no começo dos anos 20 levou à decisão tomada em 1928 de que ela também cumpriria a função de abastecimento. Com isso, a represa fomentou o crescimento da Vila de Sto. Amaro e a busca por chácaras para produção agrícola. A região recebeu linhas de bonde instaladas pela empresa canadense Light & Power, tornando o percurso para Interlagos mais rápido e incenti vando o uso recreati vo de suas margens. Alguns anos mais tarde, em 1929, a Reparti ção de Água e Esgotos inicia a exploração do potencial de abastecimento da represa, transformando-a em um reservatório de água com tratamento para tornar-se potável. Os caminhos rurais, que se tornaram a Estrada de Itapecerica e a Estrada do M’Boi Mirim, ti veram grande infl uência na mudança da paisagem, sendo os principais vetores de urbanização da região do Campo Limpo, Capão Redondo e Jardim Ângela. Zonas industriais seguem os eixos ferroviários cuja mão de

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obra se instala em regiões distantes. Estas ligações foram maximizadas com a políti ca de transporte rodoviarista, o aumento da especulação imobiliária e a explosão demográfi ca da capital. Incenti vou a criação de loteamentos de alto padrão na região de Interlagos e empurrou grandes conti ngentes de trabalhadores para as franjas de sua ocupação territorial. No entanto, não podemos esquecer da incapacidade do planejamento urbano em fazer frente efeti va à voracidade deste processo cuja consequência é a carência de infraestrutura básica em uma região ambientalmente sensível. Em 1975, a Lei de Proteção aos Mananciais criou critérios rígidos para a ocupação das áreas de contribuição do reservatório. A falta de fi scalização somada ao aparecimento de uma grande quanti dade de loteamentos clandesti nos tornaram grave a precariedade da infraestrutura urbana, a falta de equipamentos públicos e a proteção ambiental aliados à ausência do poder público, acabando por confi gurar uma periferia extremamente excluída e condenada a aceitação do descumprimento da legislação. Ainda que as represas de Guarapiranga e Billings e suas bacias hidrográfi cas

tenham sido formalmente protegidas pela Lei de Mananciais de 1975 e 1976, foram “(...) desconsideradas as ocupações existentes e em acelerado processo de expansão e não se implementaram programas ou projetos para incentivar atividades compatíveis com a preservação do manancial e para abrigar a população atraída pela oferta de empregos da região sul da cidade de São Paulo (polo industrial de Santo Amaro).” (LAGRECA, SCHUTZER, FILARDO, 2005, p.6 e 8). Atualmente, a região que cerca a Estrada do M’Boi Mirim é uma amostra da inefi ciência do planejamento como agente de proteção ambiental e urbanizador das regiões periféricas e de um adensamento que não teve o acompanhamento de uma políti ca efi caz de transporte, deixando-se adensar ao longo e a parti r das margens da via, confi gurando eixos como o de uma “espinha-de-peixe”, onde grandes loteamentos clandesti nos surgem sem conexão alguma a não ser com a própria estrada. A despeito de ser uma região de mananciais, a área sofre grande pressão da demanda reprimida por moradia que, percebida pelos grileiros, a loteiam clandesti namente e desesperadamente até hoje.

Criação da Represa do Guarapiranga Função de regularizar a vazão do Rio Tietê

Moradias Irregulares Falta de infraestrutura Região de mananciais Necessidades sobrepostas

Amostra da ineficiência planejamento urbano e de proteção ambiental

1907

1930

Hoje

1829

1928

1975

Ocupação mais efeeva do território por imigrantes alemães Proletariado industrial

Represa assume função de abastecimento Vila de Santo Amaro Eliização do centro

Criação da Lei de Proteção aos Mananciais

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Dados da população

Consolação Consolação Jd. Jd. Ângela Ângela

Taxa Taxa de de Mortalidade Mortalidade Geral Geral 2014 2014 4,09 4,09 % %

0,95 0,95 % %

8,44 8,44 % %

Segundo o censo do IBGE (2010), o distrito do Jardim Ângela apresenta uma área de 37 km² e uma população total de 295.434 habitantes. Sua densidade média é de 78,02 Hab./Ha. e seu IDH de 0,750, considerado médio. O adensamento anual gira em torno de 3,63% ao ano. O norte do distrito tem uma ocupação densa e homogênea e trata-se de uma área mais urbanizada, provida de infraestrutura e equipamentos, como por exemplo, a proximidade com estações das linhas de transporte de metrô e da CPTM. À medida que se caminha para o sul do distrito, a ocupação torna-se um pouco mais dispersa, intercalando grandes glebas vazias com loteamentos extremamente densos e precários. Esta região é caracterizada por habitações cada vez mais precárias, quanto mais próximas à represa do Guarapiranga. “Da ponte do Socorro para cá, as coisas são mais difíceis.” SHIRLEI DO CARMO É perceptí vel a diferença na qualidade de vida numa mesma cidade. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que toma como base os indicadores: renda, educação e saúde, por exemplo, tem como nível máximo o índice 1; o Distrito do Jardim Ângela apresenta índice 0,75, enquanto o bairro Consolação, por exemplo, apresenta índice 0,95, quase o nível máximo. 26

Consolação Consolação Jd. Jd. Ângela Ângela

Taxa Taxa de de Natalidade Natalidade 2014 2014 8,58 8,58 % %

19,11 19,11 % %

Índice Índice de de Envelhecimento Envelhecimento 2016 2016 32,77 32,77 % %

235,69 235,69 % %

Consolação Consolação Jd. Jd. Ângela Ângela

Taxa Taxa de de Analfabeesmo Analfabeesmo + 15 + 15 anos anos 2010 2010 Consolação Consolação Jd. Jd. Ângela Ângela 0,40 0,40 % %

5,60 5,60 % %

Consolação Consolação Jd. Jd. Ângela Ângela

Índice Índice de de Desenvolvimento Desenvolvimento Humano Humano 2000 2000 Consolação Consolação 0,75 0,75 % % Jd. Jd. Ângela Ângela

Consolação Consolação Jd. Jd. Ângela Ângela

Crescmento Crescmento Anual Anual da da População População 2016 2016 0,03 0,03 % %

1,45 1,45 % % Renda Renda perper Capita Capita emem R$ R$ 2010 2010 427,48 427,48

3787,88 3787,88

Nascidos Nascidos Vivos Vivos de de Mães Mães com com menos menos de de 18 18 anos anos 2014 2014 1,42 1,42 % %

Índice Índice Paulista Paulista de de Vulnerabilidade Vulnerabilidade Social Social (IPVS) (IPVS) 2010 2010 11,1 11,1 % % 28,1 28,1 % %

7,57,5 % % 24,3 24,3 % %

94,2 94,2 % %

Grupo Grupo 2 2 Muito Muito Baixa Baixa Grupo Grupo 3 3 Baixa Baixa Grupo Grupo 4 4 Média Média

As cidades brasileiras têm se caracterizado – ao contrário da perspecti va de uma desejada universalização do acesso aos equipamentos, mobilidade, habitação, vida pública – por diferenças gritantes e que já foram sufi cientemente apontadas por pesquisas acadêmicas e de enti dades ligadas à sociedade civil.

8,98 8,98 % %

Consolação Consolação Jd. Jd. Ângela Ângela

Índice Índice Paulista Paulista de de Vulnerabilidade Vulnerabilidade Social Social (IPVS) (IPVS) 2010 2010 4,5 4,5 % % 1,31,3 % %

Grupo Grupo 1 1 Baixíssima Baixíssima Grupo Grupo 2 2 Muito Muito Baixa Baixa Grupo Grupo 3 3 Baixa Baixa

“Com diferença de grau e de intensidade, todas as cidades brasileiras exibem problemáticas parecidas. Seu tamanho, tipo de atividade, região em que se inserem etc. são elementos de diferenciação, mas, em todas elas, problemas como os do emprego, da habitação, dos transportes, do lazer, da água, dos esgotos, da educação e saúde são genéricos e revelam enormes carências. (...) Isso era menos verdade, na primeira metade do século XX, mas a urbanização corporativa (...) constituiu um receptáculo das consequências de uma urbanização capitalista devorante dos recursos públicos, uma vez que esses são orientados para os investimentos econômicos, em detrimento dos gastos sociais” (Santos, 2008, p.105).

20 % 20 %

Grupo Grupo 5 5 AltaAlta Grupo Grupo 6 6 Muito Muito AltaAlta

Dados sobre as diferenças entre os distritos da cidade de São Paulo são bastante conhecidos e divulgados, reforçando a nossa vivência e a clara percepção de que cada porção territorial guarda característi cas de vida urbana e possibilidades de acesso às infraestruturas muito desiguais, resultado de processos conformados historicamente regidos em grande medida pelo poder público e pela ação dos agentes privados orientados pelo capital. 27


Geomorfologia A alti metria do Jardim Vera Cruz varia entre 733 a 833 metros em relação ao nível do mar. Suas declividades são bastante acentuadas, apresentando signifi cati vas áreas com alta declividade (acima de 45%), enquanto que as áreas mais planas e de baixa alti tude também são recorrentes, com grande quanti dade de cursos d’água. A leitura do território, auxiliada por metodologia do arquiteto Carrilho da Graça, exemplarizada para a cidade de Lisboa, deu-se a parti r de duas linhas geomorfológicas estruturadoras: as linhas de vale e as linhas de cumeada. Essas linhas facilitam o entendimento de como o homem ocupa o espaço. “A simples observação do imaginado relevo descarnado permite-nos pensar no território como estrutura esquelética de suporte inicial, na evidência da cidade sobre ela... permiti-nos pensar na transformação desse mesmo território em cidade.” (GRAÇA, 2015, p.25)

Desta forma, o homem ocupou inicialmente as linhas de cume não só pela facilidade de locomoção através da regularidade de cota, mas também por não cruzar os cursos d’água além da dominação visual do território. Com essas áreas de maior alti tude já ocupadas, a mancha urbana vai caminhando de cima para baixo, ocupando a meia encosta até chegar à lugares mais vulneráveis como: nascentes, beira de córregos e áreas extremamente inclinadas, trazendo consigo um grande impacto sobre o território. Muitas vezes, as estradas de fundo de vale, como é o caso da Estrada do M’Boi Mirim, remetem a esta lógica. Em consequência, aliada às característi cas do solo, a área apresenta dois ti pos principais de riscos geológicos: o solapamento e o deslizamento. O Solapamento acontece quando o solo começa a ceder, ocasionando a abertura de fi ssuras, vales ou crateras. Esse fenômeno ocorre em grande medida em áreas de baixa declividade devido à pouca profundidade do lençol freáti co, onde o solo tem baixa capacidade de suporte. O deslizamento se concentra nas áreas de maior declividade, pois, além do solo possuir baixa resistência ao cisalhamento, a reti rada da cobertura vegetal original, uma das responsáveis pela consistência do solo, impede a drenagem das águas pluviais fazendo com que estas escoem com maior velocidade, proporcionando o desabamento das encostas.

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ESTRUTURA DE TRANSPORTES Um dos principais articuladores entre pessoas e cidade é o sistema dos meios de transportes. Responsável, não apenas por levar e trazer ou ir e vir, os grandes eixos de mobilidade dizem mais sobre a cidade do que os carros em si. Entender que a partir do oferecimento ou não do transporte público existe uma mensagem nas entrelinhas de segregação sócio espacial de uma grande parcela da população. E quem rege esta dinâmica é o capital: ele leva para o centro a cidade os que tem posse financeira e tempo de sobra, pois as viagens da periferia ao centro levam cerca de 3 horas. Portanto, entender para onde levam e quem levam estes leitos rodoviários, ferroviários e hidroviários também diz respeito ao projeto e às pessoas que moram na mais precária rua do Jardim Vera Cruz.

Escala Metropolitana RMSP: Região Metropolitana de São Paulo Tudo é uma questão de escala. É necessário compreender a macro escala da região metropolitana de São Paulo para estabelecer a conexão da atual rede de mobilidade entre as cidades deste aglomerado urbano. Pois é disto que se trata uma região metropolitana: cidades que partilham, de forma dinâmica, um conjunto de disciplinas em comum, sendo que os principais canais de fluxo e conexão também podem ser chamados de infovias. Por este motivo é feito, primeiramente, o estudo do funcionamento das redes viárias da região ao redor da metrópole. 30

SISTEMA RODOVIÁRIO O Estado de São Paulo possui uma das maiores redes rodoviárias do Brasil, as quais conectam, direta e indiretamente, as cidades do interior à Região Metropolitana. Tendo como centro a cidade de São Paulo, as principais rodovias radiais são: • Rodovias Anchieta e Imigrantes, as quais fazem ligação com o Porto de Santos, com o Pólo Petroquímico de Cubatão, com as indústrias e fábricas do ABCD (Santo André, São Bernardo, São Caetano do Sul e Diadema) e as praias da Baixada Santista; • Rodovias Ayrton Senna e Presidente Dutra que ligam ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, ao litoral norte do Estado de São Paulo e também ao Rio de Janeiro; • Rodovia Fernão Dias conecta-se ao sul de Minas, Belo Horizonte, passando pelas cidades paulistas de Mairiporã e Atibaia; • Rodovia Anhanguera que faz conexão com as cidades mineiras de Uberlândia e Uberaba e também ao Distrito Federal, passando por Jundiaí, Campinas, Americana e outras cidades; • Rodovia dos Bandeirantes que é a principal ligação com a cidade de Campinas e ao Aeroporto Internacional de Viracopos; • Rodovia Castello Branco, principal ligação com o Centro Oeste Paulista (Rio Pardo, Araçatuba, Bauru e Presidente Prudente); • Rodovia Raposo Tavares que conecta São Paulo à Cotia, Votorantim, Sorocaba, entre outras cidades do interior paulista; • Rodovia Régis Bittencourt, responsável pela ligação entre São Paulo e o sul do Brasil, sendo o principal acesso para Curitiba; • A mais recente obra rodoviária proposta para a Região Metropolitana de São Paulo, ainda não totalmente concluída, é o Rodoanel Mário Covas. Tem como principal objetivo aliviar o intenso tráfego de caminhões de carga oriundos do interior do estado e das diversas regiões do país evitando que cruzem as regiões centrais e a Marginal Tietê e a Marginal do Rio Pinheiros, que provocavam situação crônica de congestionamento nas mesmas. A obra interliga as principais rodovias radias formando um cinturão cuja proposta também seria de contenção do espraiamento urbano 31


Sistema Ferroviário e Metroviário O advento da era rodoviarista no Brasil se deu segundo um contraponto muito precoce e predatório à ferrovia. A rodovia foi dada como uma situação imposta no momento em que o modelo fordista e, posteriormente, o styling da General Motors fomentou o consumo do automóvel como um valor de status e liberdade cidadã no pós-guerra, dado inseparável da redução da capacidade da indústria bélica, fomentando a ampliação da Volkswagen alemã, por exemplo. Diversas montadoras internacionais automobilísticas implantaram polos no país em um arranjo de aliança aos Estados Unidos, grandes vencedores da II Guerra Mundial, em um pacto internacional com os países industrializados. As linhas férreas até então implantadas e caminhos ferroviários que abriram frentes pioneiras a partir do século XIX, para escoamento da produção cafeeira, passaram por desvalorização, subutilização e, em muitos casos, paralisação e sucateamento. Atualmente, este contexto se reflete no frágil e precário cenário de mobilidade da Região Metropolitana de São Paulo. O tecido urbano da RMSP possui trechos de linhas férreas desativadas e em operação de transporte de cargas, muitas delas de passagem, majoritariamente no sentido do porto de Santos e também do porto do Rio de Janeiro, as quais convivem simultaneamente com o transporte de passageiros, que é deficitário. A existente, porém, restrita, rede ferroviária presente na cidade de São Paulo trabalha, hoje, com baldeações entre a CPTM (Companhia Paulista de Transporte Metropolitano) e o metrô, complementando um ao outro. No entanto esses modais ainda não atingem todas as 32

SISTEMA hidroviário regiões da metrópole, concentrando-se apenas nas áreas centrais estratégicas da cidade, do ponto de vista econômico. O centro, portanto, trata-se da área com maior oferecimento de transporte coletivo, num sistema radial; as demais linhas formam tangenciais, as quais têm como critério de traçado a maior conectividade da rede. No âmbito ferroviário, vale ressaltar a presença da linha da antiga Companhia Estrada de Ferro Sorocabana que cruza o sul de São Paulo, ligando a antiga Estação de Mairinque ao Porto de Santos. Mairinque desempenhou, no passado, um importante marco para as estradas de ferro, uma vez que quebrou o monopólio da Companhia Inglesa com o mar. Ainda sobre as ferrovias, destaca-se a presença da estação de Grajaú (linha esmeralda CPTM) a leste da represa do Guarapiranga, a qual faz ligação com a mesma linha citada anteriormente da Sorocabana. Este trecho, porém, está desativado hoje. No âmbito metroviário, destaca-se a presença da linha lilás, a norte do Jardim Ângela, mas que atualmente estabelece conexão com o terminal do bairro apenas através do sistema rodoviário.

Abordou-se, no momento de levantamento, a incorporação da proposta de diretriz urbana do Grupo Metrópole Fluvial. Trata-se da constituição do Anel Hidroviário Metropolitano defendida pelo pesquisador e coordenador do grupo de estudos da Universidade de São Paulo (USP) Metrópole Fluvial, Alexandre Delijaicov e equipe, para a cidade de São Paulo. [1]

transporte de carga, passageiros e lazer, propicia um cenário permeável para a macrodrenagem urbana.

Diz respeito a uma rede de vias navegáveis para cargas e passageiros, que incorpora os Rios Tietê e Pinheiros, as represas Billings e Taiaçupeba, com um canal artificial ligando essas duas represas e atualmente a represa Guarapiranga. Em uma escala de maior abrangência, procura extensão ao sistema Paraná-Rio da Prata. Nesta proposta se propõe a intensificação do transporte hídrico e lacustre e a construção de um ambiente urbano com uma infraestrutura que preserve as águas, ao mesmo tempo em que gera espaços públicos de convivência e lazer em contato com a natureza construída para a cidade, com importante inclusão das regiões com fragilidade sócio espacial. Considerar nas margens um espaço público principal da metrópole reforça o caráter público da água, bem como a conscientização da sua valorização e preservação.

Alguns dos conceitos norteadores do Hidroanel para São Paulo são:

Trabalha-se com o conceito de uso múltiplo da água, o qual deve ser racionalizado e diversificado, possibilitando seu acesso a todos e, ancorado nas diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana, contribuir para o acesso universal à cidade, relacionado com o desenvolvimento urbano sustentável e o bem-estar social. A utilização integrada dos recursos hídricos, através do funcionamento de vias de

Como define Delijaicov: “(...) os rios urbanos de São Paulo são hoje canais de esgoto a céu aberto emparedados por rodovias.” Assume a existência da água no ambiente urbano não mais como um agente passivo, mas ativo.

I. Restabelecer os rios urbanos como eixos estruturadores das cidades, com parques, praças, bulevares fluviais às suas margens; II. Consolidar um território com qualidade ambiental urbana nas orlas fluviais, que comporte infraestrutura, equipamentos públicos e habitação social; III. Navegação fluvial urbana: portos de origem e destino inseridos na área urbana; IV. Navegação fluvial em canais estreitos e rasos em águas restritas (entre barreiras artificiais); V. Transporte fluvial urbano de cargas públicas (são consideradas cargas públicas: sedimentos de drenagem de canais e lagos, lodo de Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) e Estações de Tratamento de água (ETAs), lixo urbano, entulho, terra e rocha de escavação); VI. Logística reversa: reinserção no mercado dos resíduos sólidos transformados em matéria prima; 33


Escala Local Jardim Ângela Apesar da estrutura de transporte de São Paulo ser bastante extensa, ela é inefi ciente e preserva uma mentalidade exclusivista, heterogênea e parti cular no que se diz respeito a políti cas de desenvolvimento do planejamento urbano e regional. No entanto, existe uma infraestrutura já consolidada que são os leitos ferroviários e que estão, em sua maioria, subuti lizados ou desati vados. Se pensarmos nesta malha e relacionarmos com a proposta do Hidroanel Metropolitano teremos como resultado uma ampla, complexa, abrangente e efi ciente rede de mobilidade metropolitana.

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Apesar de espacialmente não se localizar tão distante do centro da cidade, o distrito do Jardim Ângela não se encontra integrado ao sistema de transporte da cidade de São Paulo. O terminal rodoviário Jardim Ângela, situado ao norte da movimentada Estrada M’Boi Mirim, é o único ponto de conexão com a estação de metrô mais próxima, o terminal Capão Redondo, que fi ca a apenas 4 km de distância. Leva-se em torno de meia hora nesse percurso em ônibus. A falta de conexão entre modalidades e de dependência do modal exclusivo do ônibus tornam o acesso aos equipamentos das regiões mais centrais da cidade muito mais difi cultosos e passam a impressão de estar muito mais longe do que de fato estão. 匀쌀伀 䨀伀匀준  䐀伀匀 䌀䄀䴀倀伀匀

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Mapa da atual rede de transportes da região metropolitana de São Paulo 34

Das grandes rodovias da região metropolitana de São Paulo se chega ao Jardim Ângela. Como as redes viárias se tratam de uma questão de escala, conforme há uma aproximação no território, nota-se uma mudança nos meios de transporte mais corriqueiros e usuais do local. Hoje, o principal meio local de locomoção são os carros e as linhas de ônibus, os quais priorizam cada vez mais o transporte individual e o super adensamento das ruas e avenidas.

Ônibus O transporte público no Jardim Ângela, atualmente, resume-se a um único modal: o ônibus. Existem diversas linhas que penetram no território, mas que convergem para um único eixo, a Estrada do M’Boi Mirim. O Terminal Rodoviário Jardim Ângela, situado nessa estrada, torna-se um ponto de distribuição para os que adentram e saem do Distrito. Uma pesquisa, sobre origem e desti no, realizada em 2007, pela Prefeitura Municipal de São Paulo, aponta que o principal moti vo de locomoção é o trabalho. Entrevistas realizadas pelo Insti tuto Cidade em Movimento, tanto no anti go como no novo Terminal do Jardim Ângela, afi rmam este mesmo resultado. Apesar de haver vários pontos de ônibus, conforme apresenta esquemati camente ilustração acima, o problema de mobilidade na área se dá pelo fato de que o principal e único eixo de locomoção arterial é a estrada M’Boi Mirim, a qual se mostra saturada pelo trânsito que infl uencia no aumento do tempo de percurso.

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Mapa dos tempos de percurso de ônibus até os principais equipamentos do Jardim Ângela 35



III. Vazios intersti ciais: frestas, quintais, áreas remanescentes das construções;

tecido e vazios urbanos A análise dos ti pos de ocupação existentes na área, realizada a parti r de critérios gerais, como a existência visível de delimitação de lotes, a presença de pavimentação e edifi cações, foi possível destacar três manchas que podem ser interpretadas como “momentos” da ocupação, já que todo o espaço passou ou passa por processo semelhante de consolidação. O primeiro momento, representado grafi camente no mapa pelo vermelho mais vivo, é caracterizado pela necessidade vital urgente do morar. São as áreas mais periféricas, sem nenhuma infraestrutura. As construções são de madeirite e telhas de fi brocimento, os acessos para as casas são improvisados, com caminhos tortuosos de terra bati da ou tábuas de madeira. Como a maior parte dos vazios são passíveis de ocupação, percebe-se o movimento espontâneo de novas construções, sendo que algumas dessas áreas ainda possuem locais remanescentes desocupados enquanto outras já contam com grande adensamento de unidades. O segundo momento, representado pelo vermelho intermediário, é formado por construções cuja a necessidade básica do morar foi parcialmente suprida e a busca por infraestrutura se torna prioridade. São casas que começam a se consolidar com construções de alvenaria e os acessos são substi tuídos por ruas, mas os lotes são de difí cil identi fi cação devido ao adensamento e a falta de recuo, dado o caráter de ocupação espontânea. O terceiro momento, representado pelo vermelho mais claro, traz uma comunidade consolidada, com lotes delimitados e providos de infraestrutura, 38

sendo que o objeti vo da busca se torna a melhora da qualidade de vida. Quando delimitadas, as três manchas estudadas evidenciam o movimento histórico que a direção das ocupações faz em direção à Represa Guarapiranga, indicando um dos principais desafi os deste trabalho: a busca por um modelo possível neste contexto urbano x rural x ambiental em direção ao equilíbrio do homem com a natureza.

IV. Terrenos não ocupados; V. Passagens: vielas, escadarias, etc. Esses vazios são entendidos como espaços potenciais no que se refere à conexão entre os indivíduos e a natureza e os próprios indivíduos entre si.

Olhando para esses vazios as perguntas que surgem; evocam a complexa ideia de plano para o futuro da cidade. Qual será a forma de democracia que conseguiremos expressar, aceitando a ideia de que nos próximos 20 anos as áreas urbanas conti nuarão a crescer a um ritmo ao menos igual aos atuais? “Cada tijolo vermelho exposto é o sonho de cada pessoa ter o que é dela por direito.” SHIRLEI DO CARMO

Apesar das diferenças entre as morfologias do tecido urbano do Jardim Vera Cruz, há algo comum a toda cidade informal: o intenso adensamento. A necessidade urgente de morar transforma áreas com condições mínimas de edifi cações em aglomerados densos, não prevendo espaços de uso coleti vo como função primordial. Porém, mesmo com intenso adensamento e ausência de um padrão espacial dos desenhos dos lotes – assim como a cidade formal e infra estruturada – a periferia também tem vazios, mesmo que intersti ciais, espaços não construídos e sem uma função propriamente dita a não ser a função natural de fazer a cidade respirar. Função que a princípio não lhes foi atribuída. Esses vazios têm diversas razões de existi r e, neste território, foram analisados e classifi cados seus ti pos mais comuns, segundo o entendimento deste grupo de trabalho: I. Áreas alagadiças à beira dos córregos não ocupadas, pela difi culdade de apropriação; II. Áreas de declividade acentuada com grande risco de deslizamento; 39


INFRAESTRUTURA Apesar de estar ao lado de uma grande e considerável infraestrutura hídrica que abastece a Região Metropolitana de São Paulo – a represa Guarapiranga – o Jardim Vera Cruz apresenta profundas falhas na administração das mais básicas infraestruturas, como, por exemplo, na rede de abastecimento de água, na coleta de esgoto, na coleta de resíduos sólidos e rede elétrica, os quais infl uenciam diretamente na qualidade de vida de seus – milhares – de moradores.

Água O órgão responsável pela rede de abastecimento de água do Jardim Ângela é a SABESP. Segundo informações da própria empresa, a rede existe e funciona atendendo a população do bairro, porém os únicos dados encontrados sobre o Jardim Ângela são de 2008 e indicam que apenas 63,42% do bairro era atendido pela rede pública de água, sendo que, neste mesmo ano, a área construída do bairro era cerca de 50% menor do que a atual (2017). Mesmo com a falta de informações ofi ciais da Concessionária e do DAEE é perceptí vel a ausência da infraestrutura na maior parte do bairro através de visitas locais, conversas com moradores e com informações obti das em arti gos de jornais e sites na internet.

Energia A rede elétrica existente no bairro é a de posteamento público, de onde grande parte dos moradores fazem ligações clandesti nas – gatos -, para abastecer suas residências. A Concessionária responsável por tal serviço é a AES-Eletropaulo, empresa privada de capital nacional e estrangeiro.

Esgoto Também aos cuidados da SABESP, o sistema de coleta de esgoto no Jardim Vera Cruz sofre com problemas semelhantes às da rede de abastecimento de água. Uti lizando a mesma fonte de informações, com dados de 2008, é indicado que apenas 8,79% dos esgotos do bairro eram coletados, sendo 76,01% dos mesmos desti nados a fossas e 15,21% correndo a céu aberto, ou seja, nos cursos d’água próximos e dentro do bairro. A parti r desse dado é importante frisar que o bairro está localizado em área de mananciais e que todos os rios desaguam na represa Guarapiranga, a qual abastece grande parte da cidade de São Paulo.

A parti r dos dados mais recentes fornecidos pela prefeitura de São Paulo, foi possível a identi fi cação de uma rede de coleta de esgotos que abrange todo o bairro e a existência de uma estação elevatória de esgotos, que envia os resíduos para a ETE de Barueri. Contudo em visita à área foram identi fi cados problemas gravíssimos em relação ao esgoto. Primeiramente, a Estação Elevatória aparenta abandono e/mau funcionamento e os três rios existentes na área se mostram altamente poluídos com os dejetos provenientes das construções locais.

área de estudo ETA Alto da Boa Vista ETE Barueri fluxo 0

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25Km


equipamentos urbanos

Através de análise geoestatí sti ca observa-se que a porção norte do território é mais densa e homogênea, representada grafi camente no mapa pelas cores mais escuras da mancha vermelha, enquanto o sul do distrito possui uma ocupação mais dispersa e espraiada, embora ainda com pontos de alta densidade, como é o caso do bairro Vera Cruz.

Mapa de localização dos principais equipamentos urbanos e seus raios de abrangência relacionados à densidade demográfi ca e aos tempos de percurso de ônibus do Jardim Ângela

Também os equipamentos assim se organizam, resultando carência de equipamentos ao sul.

No entanto, ainda é notável a carência de equipamentos educacionais no bairro, principalmente creches e escolas de ensino infanti l. O Conselho Tutelar do Distrito Jardim Ângela divulgou, em 2013, que cerca de 11.000 crianças aguardavam por uma vaga nas escolas. Quanto aos equipamentos de saúde, também há carência. O Hospital Municipal Dr. Moysés Deutsch (Estrada do M’Boi Mirim) localizado ao norte, conta com atendimento exclusivo para rede SUS e serve de referência para mais 31 UBSs, 11AMAs e 1 ambulatório especializado no Distrito inteiro, porém apenas 6 desses equipamentos estão localizados a sul, incluindo uma única UBS no bairro Vera Cruz. Abastecimento, serviços, cultura, esportes e lazer também se localizam a norte, em semelhança aos equipamentos anteriores. No entanto, no Jardim Vera Cruz, há o Clube Esporti vo Náuti co Guarapiranga, anti go Clube dos Funcionários Públicos do Estado de São Paulo, recente conquista da área, servindo de referência não só para o Distrito Jardim Ângela, como também para os distritos vizinhos. 42

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est m’borada do i mir im

Senti ndo a falta desses equipamentos, líderes comunitários importantes para a região lutam para que esse cenário mude. É o caso de Dona Maria dos Anjos, Conselheira na Câmara Municipal, que faz parte, com mais 72 pessoas do grupo “Amigos do Fundão”. Eles conquistaram através de abaixo-assinados e ações civis públicas a construção de equipamentos para o bairro Vera Cruz, como o Centro Educacional Unifi cado (CEU) Vila do Sol, que contou com mais de 10 mil assinaturas para sua aprovação, o Centro de Educação Infanti l (CEI) Jardim Vera Cruz, a UBS do bairro, uma quadra de futebol, entre outras conquistas.

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Equipamentos de Educação Equipamentos de saúde Equipamentos de serviços Equipamentos de cultura Equipamentos de esporte Equipamentos de abastecimento Terminais de ônibus Linhas de ônibus Ciclovias

Tempos de percursos 1-2 1-3 1-4 1-5 2-3 2-6

40 minutos 40 minutos 30 minutos 45 minutos 55 minutos 10 minutos

DISTRITO JARDIM ANGELA

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marcos referenciais Baseando-se em Kevin Lynch, entende-se como Marcos Referenciais elementos fi xos de paisagem, associados à ideia de monumentalidade ou objeto singular. Procura-se ampliar essa defi nição considerando que a relação de se ler determinados marcos inseridos num contexto urbano muitas vezes está além de simplesmente orientar um percurso. À medida que a cidade se transforma e abriga camadas sociais mais afastadas dos núcleos centrais, essa relação se confi gura mediante relações socioespaciais muitas vezes de confl ito e luta pela terra, ambientais e de identi dade local. Nota-se que no Jardim Ângela a fragilidade socioambiental, em paralelo à dinâmica do modo de vida das pessoas, é o principal ponto que permite à leitura do cenário no qual atua este projeto. Para que os principais marcos referenciais pudessem ser defi nidos, estabeleceu-se uma hierarquia de escala que compreenda cada marco de acordo com seu raio de infl uência e sua signifi cância para a área. A Represa Guarapiranga, com grau de infl uência 1, é um elemento fí sico da paisagem, que, apesar de apresentar um grande potencial hídrico, é um marco para Metrópole e não necessariamente que a população do Fundão usufrua, uma vez que estes nem sempre se apercebem da presença da represa. Há exceções, pois nota-se o uso esporádico das águas lindeiras para a pesca, lazer e contemplação. O Parque Estadual Guarapiranga, outro equipamento, marco do distrito, está localizado a norte do CEU Vila do Sol - também um marco referencial entre escala metrópole e distrito. Possui uma área de 152.600 m² e pode ser considerado como grau 2 de infl uência. O Parque conta com equipamentos internos como: campo de futebol, campo de terra, quiosques, churrasqueiras, trilha, quadras poliesporti vas, playgrounds, sanitários, paraciclos, bosque, pista de caminhada, bebedouros. Em 1924, a represa passou a ser reservatório para abastecimento de água. Formada como um grande lago, se tornou centro de excursões e passeios dos paulistanos. Com o passar dos anos foram surgindo clubes náuti cos em suas margens e residências de recreio para os fi ns de semana. 45


02 02 02 02 02

A Estrada M’Boi Mirim, identi fi cada como um terceiro elemento referencial, dialoga entre a escala da Metrópole e do distrito Jardim Ângela, uma vez que é a principal via estruturadora da área e funciona como um grande fi xo com estrutura unifi lar, conectando o fundão com o centro de São Paulo. Nesse senti do fí sico e social, a M’Boi Mirim acaba se tornando um marco para a população residente do Jardim Ângela e/ou àqueles que parti cipam da densidade fl utuante decorrente na área.

01 01 01 01 01

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O Clube Esporti vo Náuti co Guarapiranga está localizado a sudeste do bairro Vera Cruz. O Clube conta, hoje, com alguns líderes comunitários que buscam por soluções para que haja parcerias entre Comunidade e poder público, objeti vando medidas efi cazes para sua gestão e ampliação de uso pela população.

13,5’ 13,5’ 13,5’ 13,5’ 13,5’ 13’ 13’ 13’ 13’ 13’

04. PRAÇA COM EQUIPAMENTOS DE ESPORTET E LAZER 01. CÉU VILA DO SOL 05. DEEQUIPAMENTOS TRATAMENTO DEDE ESGOTO 02. PONTO FINAL DE ÔNIBUS 04. PRAÇA 04. ESTAÇÃO PRAÇA COM EQUIPAMENTOS COM DE ESPORTET ESPORTET E LAZER E LAZER 01. CÉU 01.VILA CÉUDO VILA SOL DO SOL 06. CLUBE ESPORTIVO NÁUTICO 03. CEI JARDIM VERA CRUZ 05. DE COM TRATAMENTO DEEQUIPAMENTOS TRATAMENTO DEDE ESGOTO DE ESGOTO 04. ESTAÇÃO PRAÇA DE ESPORTET E LAZER 02. 02. VILA PONTO FINAL FINAL DE DE ÔNIBUS 05. 01. CÉU VILA DOÔNIBUS SOL 04.ESTAÇÃO PRAÇA COM EQUIPAMENTOS ESPORTET E LAZER 01.PONTO CÉU DO SOL 06. 06. ESTAÇÃO CLUBE ESPORTIVO NÁUTICO NÁUTICO 05. DEPRAÇA TRATAMENTO DEPOLIESPORTIVA, ESGOTO 03. 03.JARDIM CEI JARDIM VERA CRUZ CRUZ REFERENCIAIS 02. PONTO FINAL DE ÔNIBUS 05.CLUBE ESTAÇÃO DEESPORTIVO TRATAMENTO DE ESGOTO 02.CEI PONTO FINAL DE VERA ÔNIBUS MAPA DE PERCURSO E MARCOS COM QUADRA 06. CLUBE ESPORTIVO NÁUTICO 03.JARDIM CEI JARDIM VERA CRUZ 06. CLUBE PLAYGROUND E PISTA SKATE ESPORTIVO NÁUTICO 03. CEI CEU VILA VERA DO SOLCRUZ TERMINAL DE ÔNIBUS VERA CRUZ CEUDO VILA CEU VILA SOLDO SOL TERMINAL TERMINAL DE ÔNIBUS DE ÔNIBUS VERA CRUZ VERA CRUZ QUADRA SOCIETY TERMINAL DE ÔNIBUS VERA CRUZ TERMINAL DE ÔNIBUS VERA CRUZ CEI JARDIM VERA CRUZ QUADRA QUADRA SOCIETY SOCIETY QUADRA SOCIETY QUADRA CEI JARDIM CEISOCIETY JARDIM VERA CRUZ VERA CRUZ CEI JARDIM VERA CRUZ CEI JARDIM VERA CRUZ

PRAÇA PRAÇA COM QUADRA COM QUADRA POLIESPORTIVA, POLIESPORTIVA, ESTAÇÃO ELEVATÓRIA DE TRATAMENTO DE ESGOTO PLAYGROUND E PISTA ESKATE PISTA SKATE PRAÇA COM QUADRA POLIESPORTIVA, PRAÇAPLAYGROUND COM QUADRA POLIESPORTIVA, PLAYGROUND E PISTA SKATE PLAYGROUND E PISTA SKATE CLUBE ESPORTIVO NÁUTICO GUARAPIRANGA ESTAÇÃO ESTAÇÃO ELEVATÓRIA ELEVATÓRIA DE TRATAMENTO DE TRATAMENTO DE ESGOTO DE ESGOTO ESTAÇÃO ELEVATÓRIA DE TRATAMENTO DE ESGOTO ESTAÇÃO ELEVATÓRIA DE NÁUTICO TRATAMENTO DE ESGOTO CLUBE ESPORTIVO CLUBE ESPORTIVO GUARAPIRANGA GUARAPIRANGA PONTOS DE NÁUTICO ÔNIBUS ESPORTIVO NÁUTICO GUARAPIRANGA CLUBECLUBE ESPORTIVO NÁUTICO GUARAPIRANGA PONTOS PONTOS DE ÔNIBUS DEEM ÔNIBUS DISTÂNCIA MINUTOS PONTOS DE ÔNIBUS PONTOS DEEM ÔNIBUS PERCURSO DISTÂNCIA DISTÂNCIA MINUTOS EM MINUTOS DISTÂNCIA DISTÂNCIA EM MINUTOS PERCURSO PERCURSO EM MINUTOS PERCURSO PERCURSO

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• CEI Jardim Vera Cruz; • Praça ao lado, com equipamentos de recreação infanti l e quadra poliesporti va (equipamento este que foi uma conquista dos moradores através de recolhimento de assinaturas);

06 06 06 06 06

MAPA MAPA DE PERCURSO DE PERCURSO E MARCOS E MARCOS REFERENCIAIS REFERENCIAIS MAPA DE PERCURSO E MARCOS REFERENCIAIS MAPA DE PERCURSO MARCOS REFERENCIAIS CEU VILA CEU DOVILA SOLDOESOL

Na escala local ao Jardim Vera Cruz foi mapeado, principalmente, através das visitas de campo. Equipamentosreferências, por serem marcos para a população residente, foram destacados:

Além dessas estruturas fí sicas e construídas no território, que demarcam certa lógica entre função e escala de abrangência, expandimos o conceito de marco a parti r de situações geradas pelo poder de ações comunitárias e contratos sociais existentes em áreas de fragilidade socioambiental, como é o caso do Fundão do Jardim Ângela. Neste senti do, podese afi rmar que o próprio tráfi co é um marco, uma vez que induz o controle de intervenções na comunidade, áreas de ocupação, privati zação informal de espaços públicos, entre outros. Percebese que há camadas e pactos sociais que vão além do imediatamente visível. O território é um ente complexo. Para este grupo de trabalho, a própria Dona Maria Dos Anjos, moradora do Fundão e líder comunitária, uma das principais responsáveis por muitas conquistas e ações da comunidade, é considerada um marco referencial. Podemos concluir que a atmosfera existente nas periferias tende a evidenciar conceitos que extrapolam problemáti cas propriamente fí sicas e tradicionalmente consideradas. E quando gente vira marco é que se compreende melhor o senti do de referência: aquilo que se refere, conta, relata.

• Terminal de ônibus Vera Cruz; • Quadra Esporti va; • Estação Elevatória de Tratamento de Esgoto; • Escadarias. Todos esses equipamentos formam um sistema de fl uxos e fi xos que corroboram para uma mínima estrutura local. 47


legislação

Se analisarmos as diretrizes direcionadas à zona Sul de São Paulo, Estatuto da Cidade onde localiza-se o Jardim Ângela e outros importantes distritos da cidade, como Capão Redondo e Santo Amaro, percebe-se que ainda existem soluções genéricas e sem resultados estruturais efeti vos que necessariamente deverão ser

O município, assim como toda a região metropolitana de São Paulo, é regido por um conjunto de regras. Regras estas que devemos conhecer e entender para poder projetar ou resignifi car. Projetar em cima daquilo que é fato para todos. Resignifi car aquilo que não faz senti do com a realidade pra qual está pré-determinada. Os itens a seguir exprimem o nosso entendimento do que dizem as principais legislações urbanísti cas, hidrográfi cas e ambientais.

Desenvolvido em 2016, no governo do prefeito Fernando Haddad, tem como princípio básico o Pacto Social, no qual o desenvolvimento da cidade estaria ligado à parti cipação da população e do Estado. Os principais objeti vos do plano são: a diminuição do potencial construti vo, através da imposição de gabarito máximo para existi r um limite na produção imobiliária; aumento do potencial construti vo em áreas de corredores de transporte público para adensamento, maior socialização e potencialização dos equipamentos e espaços públicos; aproximar a moradia do emprego; incenti var o uso do meio rural, por meio da produção de alimentos, manutenção da biodiversidade, geração de emprego, abastecimento de água e turismo. Desta forma, São Paulo deixaria de ser uma cidade onde apenas o centro é repleto de ofertas de emprego, moradia, comércio e serviços e a periferia, hoje, vulnerável, passaria a parti cipar de uma cidade descentralizada, com uma rede de oportunidades mais bem distribuídas. O plano divide a cidade de São Paulo em cinco ZEIS (Zonas Especiais de Interesse Social), sendo que a área de 48

estudo e projeto está em conformidade com duas delas: a ZEIS 1, que se caracteriza por regiões com presença de favelas e loteamentos irregulares, habitadas principalmente por população de baixa renda; e a ZEIS 4, glebas ou lotes não edifi cados, propícios a habitação e com a presença de edifi cações localizadas em áreas de Proteção de Mananciais. Com a intenção de dinamizar a vida urbana e tornar a cidade de São Paulo minimamente mais heterogênea na sua totalidade de espaço, o Plano prevê diretrizes habitacionais, esti mulando o uso misto e a criação de novas ZEIS e Habitações de Interesse Social (HIS), além de buscar a integração de diversas áreas, facilitando o acesso às áreas mais centrais da cidade, com menor tempo de deslocamento a parti r de criação de corredores de ônibus e a valorização do pedestre. Apesar do Novo Plano Diretor representar um esforço de como pensar a cidade, ele ainda discute superfi cialmente algumas questões relacionadas à mobilidade e, principalmente, a integração de áreas urbanas consolidadas com a região central.

A existência de diretrizes e projetos só se efeti va a parti r de ações, transformando a cidade em um lugar democráti co e para as pessoas.

Leis ambientais de preservação dos mananciais Estatuto da Cidade Estatuto da Cidade

O Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo

mais detalhadas nos Planos Estratégicos Regionais. Estatuto da Metrópole

Estatuto da Cidade

Estatuto da Metrópole Plano diretor estratégico do município de São Paulo Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo

Estatuto da Metrópole Plano diretor estratégico do município de São Paulo

Metrópole Plano diretor estratégico doEstatuto município da de São Paulo

Código Florestal

Leis ambientais de preservação dos mananciais

cidade, sociedade,cadê cadêaaigualdade? igualdade? SouSou cidade, sociedade,

A Lei n°12.233

Leis ambientais de preservação dos mananciais Área de Proteção e Recuperação dos Mananciais da Bacia Hidrográfi ca do Guarapiranga (APRM-G)

percentual construti vos, que funcionariam Com o passar dos anos, cada vez como guardiões da mata e da represa. mais as áreas de proteção e recuperação dos mananciais foram sendo ocupadas. É urgente preciso disciplinar o uso e A Bacia do Guarapiranga é um bem Leis ambientais de preservação dos mananciais ocupação do solo nessas áreas. de interesse regional, por isso tem como objeti vo assegurar a ampliação da Código Florestal sociedade, cadê a igualdade? Para o conveniente entendimento do Sou cidade, produção de água para o abastecimento local e aplicação da lei às áreas lindeiras da população e ati ngir a meta de qualidade Código Florestal Sou cidade, sociedade, cadê a igualdade? à represa, estas foram divididas cinco da água através da redução de carga subáreas, sendo a área de estudo localizada poluidora; preservação e recuperação na Subárea Envoltória da Represa (SER). tanto ambiental quanto urbana; controle Para a preservação, são incenti vadas da ocupação do solo e a ampliação das ações de Educação Ambiental com toda áreas protegidas ou dedicadas à produção a população e, para isso, foi necessário Código Florestal Sou cidade, sociedade, cadê a igualdade? de água. É preciso que sejam estabelecidas também o direcionamento da expansão as diretrizes e parâmetros de interesse urbana para além das áreas de produção regional para possibilitar uma gestão hídrica. Ao mesmo tempo em que existe parti cipati va e descentralizada, por meio a reorientação urbana, persiste a ideia da arti culação do governo e da sociedade de que essas áreas não são intocáveis, civil. podendo existi r equipamentos, com baixo 49


A Lei nº12.651 (25 de maio de 2012) Proteção da Vegetação Nati va

A lei 12.651 trata especifi camente das questões ambientais a parti r da abordagem das característi cas, signifi cado e especifi cidade de cada recurso natural, explicando cada termo ambiental uti lizado, o seu signifi cado, a sua importância e necessidade perante a natureza. A lei estabelece normas gerais sobre a proteção da vegetação, áreas de preservação permanente e as áreas de reserva legal, insti tuindo arti fí cios de controle da exploração fl orestal, controle da origem dos produtos fl orestais e a prevenção de incêndios. Um dos principais focos desta lei é enfati zar o modo como deve ser tratado o meio ambiente. A questão central abordada é a Área de Preservação Permanente (APP), a parti r da defi nição do que é uma APP, do que deve ser considerado para delimitação de uma área de preservação e o que pode ou não ser feito nessas áreas. A APP é uma área protegida, coberta ou não por vegetação nati va que possui função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a fauna e fl ora, proteger o solo e o bem-estar da população. Levando em consideração suas funções, fi ca clara a importância de uma APP para a cidade, porém atualmente áreas de preservação são cada vez mais cenários de destruição, poluição e ocupação, impactadas de maneira negati va pela forma de desenvolvimento das cidades. Enraizado na cultura brasileira, o fato de que uma área de preservação é intocável e que a natureza não deve se misturar com as pessoas, a lei 12.651 explicita que há maneiras funcionais de se intervir em Áreas de Preservação Permanente (APPs) 50

sem acarretar em problemas ambientais, evidenciando também formas de proteger o ambiente através de instrumentos localizados dentro de áreas preservadas. Alguns meios possíveis são através de implantação de ofi cinas, que tratam a questão sustentável a parti r da conscienti zação do homem perante a sua infl uência na natureza, uti lizando como método de estudo/trabalho o entendimento das situações atuais da degradação do meio ambiente (lixo, resíduos) e poluição das águas converti dos na implantação de equipamentos educacionais e de pesquisa cientí fi ca; na proteção das áreas de preservação através de ati vidades de exploração agrofl orestal sustentável prati cada na propriedade rural familiar ou em comunidades tradicionais, desde que estas não descaracterizem a cobertura vegetal e não prejudiquem a função ambiental da área; implantando instrumentos que desenvolvam o ecoturismo, um atrati vo turísti co para tornar presente a natureza na vida da população. Outros modos que podem ser parte e estar presentes nestas áreas são ati vidades culturais ao ar livre, ati vidades voltadas ao lazer e ao esporte, infraestruturas básicas como instalações de equipamentos geradores de energia que não impactem drasti camente a vegetação, implantação de instalações necessárias à captação e condução de água, abertura de pequenas vias de acesso, pontes e ponti lhões para travessia sob um curso d’água e construção de rampas para lançamentos de barcos, todos esses recursos trabalhando em harmonia com o ambiente de modo a ser eco-guardiões. Todos estes dispositi vos

são vistos pela lei como métodos de proteção ambiental podem estar conectados de maneira direta e positi va com arquiteturas suporte. O planejamento destas áreas e apropriação destes espaços de forma racional, ecológica e consciente, tem força para diminuir e controlar o uso inadequado de áreas de preservação permanente. A natureza preservada deve fazer parte da cidade e da vida da população, pois é através desta integração entre a vida em harmonia com os recursos naturais que há o fortalecimento e o desenvolvimento das cidades como polos ecológicos, conscientes e conectados, tornando possível a realidade de um mundo mais sustentável e ecológico.

Código Florestal

“Urbanizado, mas sem urbanização.” MARIA DOS ANJOS 51


I Intenções iniciais: Os corações do Jardim Vera Cruz I

No Coração, talvez No coração, talvez, ou diga antes: Uma ferida rasgada de navalha, Por onde vai a vida, tão mal gasta. Na total consciência nos retalha. O desejar, o querer, o não bastar, Enganada procura da razão Que o acaso de sermos justifique, Eis o que dói, talvez no coração. JOSÉ SARAMAGO 53


A ARTÉRIA: TRANSPORTE

O SANGUE: AMBIENTAL

(Palavras chave: Modais alternati vos; Intermodalidade; Direito à mobilidade; Inserção e indução)

O projeto acredita no transporte público de qualidade, com intermodalidade e grande abrangência. Desse modo, são propostos novos modais capazes de suprir a necessidade de transportar-se pela cidade além da complementação e conti nuidade de linhas dos modais existentes, uma vez que uma cidade heterogênea e complexa como São Paulo requer mais de uma solução para atender sua demanda. Na organização atual das cidades a defi nição de cidade não vai além do perímetro urbano sendo que as periferias são desprovidas em grande medida de acesso à urbe e as infraestruturas básicas. Ao prover um transporte que facilite e possibilite os deslocamentos diários dos moradores a locais da cidade que vão além do centro, de forma efi caz, o entendimento do que é a cidade onde se vive também muda. Por isso, as mudanças estruturais propostas procuram resolver mais do que somente um problema emergencial, mas de conceito. As diretrizes destas novas propostas lidam com o problema intrínseco à questão do transporte, que é o seu papel social, uma vez que se entende que inserir as pessoas na vida urbana também é induzir a sua vida na cidade.

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(Palavras chave: Homem + natureza; Disciplinar o uso e a ocupação do solo; Bioconstrução)

Assim como o sangue percorre todo o corpo humano, as questões ambientais são recorrentes, uma vez que a área de estudo se localiza em uma região de mananciais pertencente ao bioma Mata Atlânti ca. Devido à urgência do morar, esta área que deveria ser de preservação, foi ocupada e intensamente adensada. Dessa maneira pensou-se em diretrizes que pudessem buscar um equilíbrio entre homem e natureza a parti r de incenti vo a agricultura familiar (agro fl orestas), planti o de árvores nati vas tomando como exemplo o projeto “fl orestas de bolso” desenvolvido por Ricardo Cardim e a uti lização dos recursos naturais para a construções sustentáveis e de baixo impacto, tanto habitacionais como de equipamentos. Para a segurança das famílias, é preciso remover algumas casas situadas em locais de alto risco como: áreas com declividade superior a 45° e áreas de várzea de inundação, muito próximas aos leitos fl uviais. Realocá-las em áreas próximas ao bairro, no centro de São Paulo ou em áreas rurais mantendo baixa densidade e ocupação e próximas ao limite urbano para proteger as bordas ambientais da represa Guarapiranga, de modo a disciplinar o uso e a ocupação desse solo frágil e criar uma alternati va para a necessidade e urgência de morar, favorecendo e esti mulando a agricultura familiar e cooperati va e o desenvolvimento local em bases ambientais. 55


O ÁTRIO: VAZIOS

OS CAPILARES: INFRAESTRUTURA

(Palavras chave: Paisagismo produtivo; Jardins urbanos; Vazios conectores)

Os territórios ocupados de maneira espontânea possuem como característi ca recorrente o grande adensamento que ocorre devido ao défi cit habitacional que a cidade formal, infra estruturada, possui. Sendo o morar necessidade básica e primordial neste território, o Jardim Ângela teve grande parte de seu espaço preenchido por construções residenciais, restando pouco, ou nenhum espaço para as áreas de convívio, comunitárias e espaços verdes.

As diretrizes de infraestrutura urbana fundamentam-se não apenas na sua ausência, mas principalmente na fragilidade ecológica de todo o distrito Jardim Ângela. Nesse senti do os “capilares” são micro e macro infraestruturas alternati vas que formam uma rede de comunicação entre o meio urbano e o meio ambiente natural, através da forma como essas infraestruturas são implantadas, assim como onde elas são inseridas.

Levando em conta a fragilidade ambiental do território, o posicionamento em prol da manutenção dos atuais vazios residuais se fez necessário. A parti r do reconhecimento e análise das vocações de cada um desses espaços, a proposta se construiu com base na percepção de que o espaço onde a construção é ausente, mas enuncia uso, cuidado, conta com uma barreira imaginária que o protege contra apropriações inadequadas à sua essência.

Tendo em vista que a ausência da rede de esgoto causa a poluição dos rios que abastecem a represa Guarapiranga, são propostos dois ti pos de infraestrutura para o tratamento de esgoto, uma na escala macro: Wetland (ou jardins fi ltrantes) e outra na escala micro: Bacias de evapotranspiração. Em relação aos resíduos sólidos, foram elaboradas diretrizes para que o todo lixo produzido na área seja reciclado ou reuti lizado, através da criação de ofi cinas de reciclagem e da implantação de composteiras, de forma que o primeiro poderá ainda contribuir na economia local e, o segundo, auxiliar no abastecimento de matéria orgânica para adubar as hortas das comunidades rurais, procurando estabelecer metas já preconizadas pela Legislação de Resíduos Sólidos.

A parti r de pequenas hortas comunitárias, fl oresta de bolso, entre outras pequenas intervenções ancoradas em aspectos parti culares de cada vazio, surge uma maneira de preservar o local sem maior adensamento da região, fazendo com que eles se tornem parte de um sistema de áreas verdes, permeáveis e comparti lhadas. Propõe-se o congelamento de todas as áreas livres remanescentes e residuais para esse fi m.

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(Palavras chave: Criação de infraestruturas alternati vas)

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O VENTRÍCULO: EQUIPAMENTOS (Palavras chave: Equipamentos alternati vos de saúde, educação, cultura e lazer; Ofi cinas de autoprodução; Comércio de rua, Autonomia)

O Ventrículo é a cavidade do coração responsável pelo bombeamento do sangue na circulação pulmonar. Nesse senti do, os equipamentos urbanos regem todo um sistema responsável por atender demandas locais da população residente no território. A priori, foram determinados três sub tópicos que estruturaram diretrizes organizadas a parti r do tema “Equipamentos”, sendo eles: Equipamentos Alternati vos (em seu uso ou sistema construti vo), Incenti vo ao Comércio de Rua e Autonomia Local. ● Equipamentos alternati vos: Entende-se como uma primeira possibilidade a implementação de equipamentos que se adequem à leitura de toda dinâmica existente na área de estudo e projeto buscando usos que não se limitem a motes tradicionais da produção entre Arquitetura e Cidade. Destacam-se usos como: locais de reuniões comunitárias, estruturas que permitam a manifestação da cultura local, apropriação das garagens como espaços com potencialidades para a construção e práti ca de ofí cios, locais de troca, produção literária, lavanderias comunitárias e arquiteturas muitas vezes obsoletas na cidade. Todas estas são capazes de fortalecer o vínculo entre comunidade, local do habitar, do construir, do trabalhar, do culti var, do preservar e, por fi m, entender o território dentro de uma óti ca de necessidades, onde as questões ambientais e do homem devem trabalhar de forma mútua. 58

● Incenti vo ao comércio de rua: Através do levantamento de informações a parti r da plataforma de dados g e o r r e f e r e n c i a d o s (GEOSAMPA), foi possível identi fi car a ausência de feiras livres no Jardim Ângela. Isso levou a pensar em uma dinâmica que seria de extrema importância para um território que apresenta uma relação de comércio incipiente e específi ca, propondo diretrizes que reforcem a produção comunitária e a disseminação da economia local, geradoras de renda para quem vive no Fundão. ● Autonomia local: Sabe-se que, em síntese, a periferia da cidade é tratada de modo opressor, resultando num tecido que compete por área de solo, que também sofre por falta de infraestrutura básica. Desse modo, propõem-se a implantação de equipamentos que fomentem uma dinâmica local, trazendo a cidade e fortalecendo a cidadania no Fundão, seja em escala micro ou a que melhor atender as necessidades. 59


I projeto urbano I

Temos que saber ver. Olhar com cuidado, olhar diferente. Temos que saber entender. Entender as possibilidades, entender as necessidades. Vermos cada fresta, fenda, viela, travessa, pequena ou grande. Espaรงo coletivo. E com isso tudo saber ver a beleza no inacabado. Entender que todo desejo, traduzido pelo traรงo E que toda luta diรกria pelo direito de viver, transforma.


ambiental As diretrizes ambientais foram desenvolvidas a parti r de um recorte ti po que pode se desdobrar e ser reaplicado ao longo de toda a borda da represa Guarapiranga, de acordo com as especifi cidades de cada local. A primeira diretriz surge da necessidade de uma preservação imediata, onde nada deve ser ocupado, desmatado e explorado. Desta forma, criase uma primeira linha que demarca uma preservação absoluta, protegendo o verde e a água das interfaces da urbanização, onde a taxa de ocupação deve ser zero. Sendo assim, a primeira diretriz propõe um cinturão verde de no mínimo 100 metros a parti r do nível máximo das águas das margens da represa Guarapiranga, o qual se estende por todo seu leito. Este limite pode ser maior que 100 metros

quando o território permiti r, ou seja, se houver algum maciço arbóreo signifi cati vo já existente; este pode ser “abraçado” e englobado por esta linha denominada “guardiã”. Além de ter como princípio a preservação dos grandes maciços arbóreos e o refl orestamento de clareiras, também foram localizados “equipamentos guardiões” do meio ambiente natural que se relacionam de forma direta com a água e com a vegetação, com o intuito de proteger sua área envoltória e de infl uência. Estes “guardiões” podem, eventualmente, corresponder a portos localizados na borda da represa, ou outros equipamentos relacionados à questão ambiental, sejam educati vos, de preservação ou comunitários, onde o olhar de vigia dos frequentadores do local funcionará como protetor da área.

LINHA DE PRESSÃO

LINHA DEFAIXA DE CONTENÇÃO PRESSÃO

FAIXA DE

CONTENÇÃO A segunda diretriz surge através da intensa ação do homem, unida com a necessidade de morar, com relação à natureza, fi cando evidenciado que, nessa disputa, quem perde LINHA seu espaço primeiro é a natureza. Desta forma, convencionou-se o entendimento de uma GUARDIÃ ÁREA linha de “pressão”, correspondente à borda entre o urbano e o natural existente na qual a ÁREA CONSOLIDADA CONSOLIDADA urbanização tende a avançar.

LINHA DE PRESSÃO

FAIXA DE CONTENÇÃO LINHA GUARDIÃ

ÁREA CONSOLIDADA

EQUIPAMENTOS

HÍDRICO EQUIPAMENTOS

HÍDRICO

- Aplicar a legislação CONEXÕES VERDES - APLICAR A LEGISLAÇÃO CONEXÕES VERDES - APLICAR A LEGISLAÇÃO QUANDO POSSÍVEL florestal e ambiental QUANDO POSSÍVEL - Todo vazio remanescente terá - APROPROAÇÃO DOS quando possível - APROPROAÇÃO DOS - conexões TODO VAZIOverdes, REMANEsCENTE TERÁ VAZIOS EXISTENTES -baixa TODO taxa VAZIOde REMANEsCENTE TERÁ - apropriação dos vazios VAZIOS EXISTENTES UM USO PÚBLICO COM BAIXA TAXA - APROPRIAÇÃO DOS ocupação e densidade UM USO PÚBLICO COM BAIXA TAXA - APROPRIAÇÃO DOS existentes DE OCUPAÇÃO VAZIOS PROVENIENTES - piers; recomposição daDE OCUPAÇÃO DA REMOÇÃO DE OCUPAÇÕES VAZIOS PROVENIENTES - CALÇADÕES; CANTEIRO CENTRAL; apropriação dos vazios - CALÇADÕES; CANTEIRO CENTRAL; DA REMOÇÃO DE OCUPAÇÕES SIMBÓLICA vegetação nativa DE ALTO RISCOprovenientes da remoção SIMBÓLICA DE ALTO RISCO de ocupações de alto risco

Mapa esquemáti co de aplicação das propostas de realocação, dos equipamentos guardiões e da linha guardiã. 62

Esquemas de aplicação das diretrizes propostas em relação aos vazios e às legislações e mapa esquemáti co da faixa de contenção e da linha de pressão. EQUIPAMENTOS CONEXÕES VERDES

HÍDRICO - APLICAR A LEGISLAÇÃO QUANDO POSSÍVEL

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LINHA GUARDIÃ


Com a urgência de barrar a pressão urbana em direção à área ambiental, foram identi fi cadas e analisadas quatro situações que demonstram, de formas disti ntas, essa urbanização já consolidada que disputa o mesmo espaço fí sico com o meio ambiente. Foram, portanto, criadas diretrizes de contenção, as quais têm como objeti vo barrar essa invasão à APP (Área de Preservação Permanente): ● I. Quando a linha de pressão invade a APP: realocação de todas as pessoas que estão morando na área de preservação (linha dos 100 metros a parti r da borda da represa) para lugares alternati vos, como: comunidades rurais próximas à Guarapiranga, freando a linha de pressão com alvéolos rurais; cinturões agrícolas metropolitanos; áreas desocupadas no centro de São Paulo ou no tecido urbano local, dependendo da disponibilidade de vagas nessas áreas. ● II. Quando a linha de pressão toca a APP: preconiza-se a implantação de um equipamento guardião com a intenção de proteger a natureza e conter a urbanização, podendo ele estar relacionado à cultura, educação, saúde ou a habitação, sendo este de baixa taxa de ocupação e densidade.

metros, com o intuito de preservar a área estancando-se a pressão por urbanização ou ocupação. Com a ocupação acelerada, as nascentes e a mata perderam seu espaço primeiro. Foi estabelecida uma terceira diretriz que lhes devolve o espaço tomado. Nas áreas rurais, o primeiro ato é a aplicação da legislação vigente, a qual garante que os 30 metros de cada margem do rio devem ser preservados, lembrando que estas áreas podem ser ampliadas quando o território permiti r. Nas áreas urbanas, é necessária análise mais profunda, caso a caso, aplicando a legislação quando possível, apropriandose dos vazios e interstí cios existentes e dos vazios provenientes das remoções das habitações em situação de extremo risco. Esses vazios remanescentes da urbanização deverão ser de uso público, sendo que a taxa de ocupação nesses locais deve ser baixa ou resumida a zero. Estes vazios devem ser arti culados aos equipamentos novos e existentes, através de maciços arbóreos, vias arborizadas, calçadas largas, e outras alternati vas que genti lmente reestruturem o lugar como propriamente natural, mati zando a urbanização existente.

● III. Quando a linha de pressão está distante da APP em até 500 metros: implantam-se equipamentos de infraestrutura ambiental, como wetlands ou jardins fi ltrantes de efl uentes e glebas rurais, as quais têm o intuito de preservar e refl orestar a mata e estão aliadas a uma habitação de baixo impacto. ● IV. Quando a linha de pressão está afastada mais de 500 metros da APP: predica-se a implantação de glebas rurais e equipamentos guardiões com raio de infl uência de aproximadamente 500 64

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1° CASO: REALOCAÇÃO

4° CASO: GLEBAS PROTETORAS + GUARDIÃO

2° CASO: GUARDIÃO

DIRETRIZES AMBIENTAIS

DIRETRIZES AMBIENTAIS Área alagável Linha Guardiã (100 metros) Área de Preservação Ambiental Linha de Pressão Limite da Área de Contenção Comunidade Rural Infraestrutura Sustentável Cursos / Corpos d’ água Área de Preservação Permanente

Área alagável Linha Guardiã (100 metros) Área de Preservação Ambiental Linha de Pressão Limite da Área de Contenção Comunidade Rural Infraestrutura Sustentável Cursos / Corpos d’ água Área de Preservação Permanente Vazios Remanecentes Conexões Equipamentos Área de Abrangência

3° CASO: GLEBAS PROTETORAS *ATÉ 500m

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TRANSPORTE - metropolitano

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BELO HORIZONTE

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RIO DE JANEIRO

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Nos entroncamentos das rodovias existentes com a linha de trem Mairinque – Santos, haverão estações de baldeação de carga e logística de armazenamento bem como paradas de passageiros em horários chave; vale ressaltar novamente que estas são regiões localizadas em áreas

JUNDIAÍ/CAMPINAS

ang

68

A linha férrea ramal da antiga da Sorocabana, que liga Mairinque ao porto de Santos, a qual no passado quebrou o monopólio da Companhia Inglesa com o mar, voltará a receber como principal vocação o transporte majoritário de cargas, sendo que as viagens de passageiros ocorrerão ponto-a-ponto direto ao porto de Santos, como receptora de cargas rurais e provedora de insumos ou de forma turística e intermitente. O objetivo é que esta linha remanescente volte a funcionar potencializando o cinturão rural sul e facilitando o transporte de cargas, fora do tecido urbano da metrópole e direto para Santos. Porém, não é desejado que se polvilhem estações de parada ao longo deste trajeto, pois não é interessante fomentar novas centralidades ou ocupações urbanas no meio rural ou ambiente natural a ser preservado.

construção com previsão de término para final de 2018, segundo a Secretaria de Transportes Metropolitanos de São Paulo. Os resquícios dessa linha que continuam até articular-se à linha Mairinque – Santos deverão ser utilizados somente para turismo, pois a ideia não seria induzir a urbanização às áreas de proteção permanente. Poderá haver, por exemplo, a reativação da estação de parada em Marsilac, com horários intermitentes mantendo a demanda baixa, como um no período matutino, ao meio dia e outro no período vespertino.

Assume-se, como realidade, a extensão da linha esmeralda da CPTM até a estação de Varginha que já está em

Anh

A implantação do ferroanel articularia a linha de CPTM em alça no sentido oeste-sul-leste até alcançar a linha CPTM, antiga Santos-Jundiaí, além de desafogar o trânsito de trens de passageiros e cargas, que atualmente funciona em sistema radio-concêntrico passando dentro da Capital. Também teria um papel importante em fomentar planos que potencializem ferrovias da macrorregião, que interligam ao interior, aos Portos de Paranaguá, Santos e Rio de Janeiro, como corredores efetivos de transporte de pessoas e mercadorias. A segregação do ferroanel permitirá aos trens de carga circundar a Região Metropolitana sem a necessidade de utilizar a rede da CPTM, que passará, então, por um processo de aumento acentuado da oferta de capacidade, com redução dos intervalos entre trens e melhoria da qualidade e da segurança do serviço prestado. A migração significativa do asfalto para a ferrovia pode aliviar a matriz do transporte paulista, hoje sufocada pela predominância absoluta dos caminhões na prestação do serviço

A implantação do ferroanel em paralelo ao rodoanel, pela margem externa, reforça a hipótese de contenção do espraiamento urbano sobre as áreas de preservação, especialmente na região sul e da Serra do Mar.

de preservação, não sendo desejável induzir a urbanização ou a hipótese de ocupação, portanto minimiza-se a parada e horários de passageiros fomentando principalmente a ligação a dois polos de trabalho – São Paulo-Santos. Para a infraestrutura de logística que demanda fluxo de pessoas para trabalho orientarse-ía o zoneamento sem categorias de uso de solo habitacional.

Ba

O rodoanel parte do conceito que o transporte de cargas e circulação rodoviária de passagem contorne a metrópole criando um anel rodoviário que abraça o tecido urbanizado. Propusemos, em paralelo a este, um sistema de ferroanel.

de cargas (superior a 80%). Os estudos realizados indicam que cerca de 40% das viagens destinadas ao transporte de cargas são feitas com caminhões vazios, pois nem sempre as empresas conseguem serviço no retorno à origem.

Re

Tendo em vista as atuais circunstâncias de mobilidade e circulação no território da macrometrópole de São Paulo, é fato que o sistema rodoviarista vigente não comporta a crescente demanda de fluxo de pessoas e mercadorias que passam, diariamente, pelo solo urbano superadensado.

CURITIBA

0

10

10

20

conexões macro - PROPOSTA RODOVIA METRÔ TREM DE CARGA

TREM CARGA RURAL

ENTRONCAMENTO LIMITE MUNICÍPIO DE SÃO PAULO

TREM PASSAGEIROS E CARGA FERROANEL

TREM TURISMO

JD. ÂNGELA

Mapa das propostas de transporte da escala metropolitana. 69


sobre água Considerando o território de projeto como pertencente à matriz hidroviária de São Paulo, por ser área de mananciais tributários à Represa Guarapiranga, procurou-se dar a devida importância a este fato. Como diretrizes, incorporaram-se as premissas defendidas pelo grupo de estudo da Universidade de São Paulo, Metrópole Fluvial, para o hidroanel metropolitano de São Paulo. São Paulo nasceu entre rios. A urbanização hoje espraia-se na UGRHI 6 – Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Alto Tietê, caracterizada por uma miríade de córregos, riachos, ribeirões e rios principais, os quais são majoritariamente invisíveis (muitos foram canalizados e os que não foram são depósitos de esgoto e dejetos). Seus leitos hoje são vistos como problema e perderam seu valor de paisagem, de uso e evocati vo, indispensável para a cidade, embora atualmente hajam discussões que valorizam a sua integração, pensados sob o ponto de vista de uma rede de vias navegáveis e do uso múlti plo das águas como matriz urbana e ambiental.

sobre pneus A represa do Guarapiranga insere a área do Jardim Ângela no projeto Metrópole Fluvial. Sendo assim são incorporados os portos propostos pelo grupo além da implantação de novos pontos uti lizando como norteadores de suas implantações a proximidade de vias urbanas, a topografi a menos acentuada e a proximidade de equipamentos urbanos como por exemplo parques. Neste senti do, a conexão entre estes portos é feita por linhas de mobilidade, sendo elas: a linha “expressa” e a linha dos “sete parques”. As linhas expressas têm como objeti vo o transporte rápido e efeti vo sob às águas, conectando um lado a outro da represa, transportando pessoas, mercadorias e lixo. Já a linha dos sete parques contempla um passeio mais lento e prazeroso, o qual passa pelos sete parques da Guarapiranga, propiciando ao visitante ou ao estudioso da região conhecer e parti cipar desse local e seus pontos estratégicos.

Mapa dos portos propostos pelo grupo Metrópole Fluvial e pelo grupo deste trabalho urbano. 70

A Estrada do M’Boi Mirim é a principal e prati camente única via de acesso ao distrito do Jardim Ângela. É por esta estrada – atualmente de calha estrangulada que, diariamente, os moradores entram e saem do bairro, uma vez que o local não oferece oferta de trabalho, de estudo ou de saúde sufi cientes para a população, que seriam equipamentos mais urgentes, sendo escassos também os de convivência, cidadania, lazer, esporte, cultura. Ora, os fl uxos gerados, de natureza pendular, em termos de distância e tempo de percurso são anômalos, potencializados pela inexistência de infraestrutura e equipamentos, o que é uma aberração em termos de situação socioespacial excludente. Os moradores são obrigados a locomover-se diariamente às regiões centrais da cidade em busca de oportunidades. O transporte público - linhas de ônibus - é o único meio de fl uxo e integração desses cidadãos à vida urbana equipada e infraestruturada da cidade de São Paulo. Pode-se assumir, portanto, que os meios de transporte são indutores do cumprimento do papel cidadão desta população. As atuais linhas de ônibus são efeti vas. A baixa oferta e a péssima qualidade de transporte em áreas periféricas da cidade, como é o caso do Fundão do Jardim Ângela, é recorrente: não é interessante para a classe dominante que seus trabalhadores morem próximos às suas áreas residenciais, fato que é potencializado pela gentrifi cação que advém da especulação do mercado imobiliário, cujo efeito é o aumento do valor da terra em locais estratégicos e dotados de infraestrutura. 71


Haja vista esta problemáti ca, dois fatores são condicionantes e agravam a situação socioespacial e de mobilidade: primeiro, uma única modalidade de transporte público existente na área – o ônibus - e segundo a capacidade insufi ciente da calha viária da Estrada do M’Boi Mirim. Assume-se que o ônibus não deva ser o único meio indicado para dar suporte ao sistema de mobilidade. Atentou-se para a questão multi modal, uma vez que este território é um local complexo. Não haverá uma única mobilidade para atender à demanda. Pensou-se num meio de transporte binário, de alta capacidade ao eixo da Estrada do M’Boi Mirim, o qual garanti ria acesso rápido e direto de passageiros por toda a estrada até ligar-se, em ramifi cação, com a Estação Santo Amaro - linha lilás do metrô - e com a estação Socorro - CPTM. A parti r do momento em que o passageiro está nessa malha de mobilidade o seu deslocamento por São Paulo fi ca assegurado. Por que não estender a linha, atual, fi nal de metrô Capão Redondo até o Terminal Jardim Ângela? Primeiro, por conta da calha viária. Uma vez que se trata de um trem de superfí cie, não há uma conexão de vias com traçado direto e amplo para tal. Segundo, pelo fato da região estar num solo de mananciais: os cursos d’água, assim como os lençóis freáti cos da região devem ser preservados. Ancorado nesse modal principal, os ônibus conti nuariam presentes, mas com função e rota alterada evitando a interferência no fl uxo dessa estrada. O novo trajeto dos ônibus consisti ria em bolsões que adentram o bairro e cruzam perpendicularmente a Estrada do M’Boi em determinados pontos estratégicos. Trata-se, portanto, de uma forma de se adequar o modal à calha viária e à demanda de fl uxo existente sem concentrações regionais, mas com uma certa capilaridade e pulverização como um modo local coletor. O novo desenho da rota destes anéis parti u do levantamento do atual percurso que os mesmos fazem, modifi cando-o de acordo com a topografi a, o adensamento e as distâncias de caminhada, tendo-se em conta que o pedestre não terá que andar mais que 500 metros para ser alcançar os pontos de parada do percurso desses ônibus. Os bolsões nada mais são do que uma costura do território, amarrando as partes que antes se mostravam desconexas e reinserindo essa população moradora da franja paulista no sistema sobre trilhos de mobilidade da cidade. 72

Mapa dos bolsões de ônibus predicados para circularem perpendicularmente à Estrada do M’boi Mirim (em vermelho) 73


SOBRE TRILHOS

Av. Guido Caloi

EST. SANTO AMARO EST. SOCORRO

A capacidade viária atual da Estrada do M’Boi Mirim é a problemáti ca regional do sistema de mobilidade do Jardim Ângela, uma vez que o trânsito, e acidentes por ele causados são crescentes. No trecho norte do distrito, quando a Avenida Guarapiranga toma nome de Estrada do M’Boi Mirim, a calha viária é ampla; são quase 5 faixas de rolamento para veículos, sendo uma exclusiva para o ônibus. Porém, conforme a via vai avançando para sul do distrito, o número de faixas de rolamento começa a diminuir, chegando ao trecho em que há apenas duas faixas binárias de ida e volta. Considerando que grande número de pessoas precisa necessariamente passar por esta via, notadamente em horários de pico, para ir trabalhar diariamente, este sistema está caóti co e fadado a agravar-se. Foi realizado estudo de cada trechoti po da Estrada do M’Boi Mirim, que podem ser observados pelos cortes respecti vos de cada uma das calhas viárias, separadas pelas cores em cada um dos cinco trechos, na ilustração ao lado. Foram identi fi cados os pontos mais críti cos e os mais favoráveis, quanto ao número de faixas de rolamento, e, para cada um destes trechos, adotou-se um modal, de alta capacidade, compatí vel com o espaço disponível, evitando desapropriações em massa na faixa lindeira de urbanização consolidada. Os modais defi nidos foram: o monotrilho suspenso e o VLT de superfí cie (ponti lhado no mapa), onde, hoje, os ônibus possuem corredores próprios, bem como vias com até três faixas de rolamento; o VLT de superfí cie é implantado deixando livres duas faixas para demais veículos, assim como para ambulâncias e veículos de infraestrutura

urbana de coleta de resíduos. Nos trechos mais críti cos, onde não há espaço na calha viária foi proposto o monotrilho suspenso (tracejado no mapa). Este monotrilho contará com estações de parada a cada 500 metros, alternando sua circulação verti cal, hora escada, hora elevador a cada lateral da via, que promoverá o acesso dos usuários ao território. A circulação verti cal contará com um novo arranjo das construções existentes, as quais cederão espaço de apoio para esses acessos e receberão, em contraparti da, permissão para aumentar o número de pavimentos da edifi cação ou concessão de outros benefí cios. Desta maneira, o nível das lajes de cobertura, agora acessíveis, poderá se transformar em espaço público, permiti ndo o encontro, a convivência e a permanência, arti culados a usos convenientes incluindo comércio e serviços. Em situações em que não houverem construções pré-existentes, arti culadas como apoio de mobilidade, as estações deverão apropriar-se de terrenos livres, contando com uma leve estrutura capaz de dar conta a circulação verti cal e horizontal que podem estender-se, dependendo das circunstâncias, a acessos a ruas lindeiras contí guas em declive e/ou aclive.

Av. Vitor Manzino PREF. REG. M’BOI MIRIM Estrada M’ Boi Mirim

T. ROD. JD. ÂNGELA Hospital

Estrada M’ Boi Mirim

CENÁRIO MONOTRILHO SUSPENSO

Av. dos Funcionários

Rua de Embu Guaçu

125 62.5

74

250 125

CENÁRIO VLT - VEÍCULO EM NÍVEL

0

1.2

0.3 0.6

500 250

m

km

500 METROS

500 METROS

500 METROS

500 METROS

ESTRADA DA M’BOI MIRIM

75


SEÇÕES - TIPO NA M’ BOI MIRIM: CENÁRIO ATUAL / DESEJADO

SITUAÇÕES ESQUEMÁTICAS - RELAÇÃO MONOTRILHO SUPENSO - VLT / MICRO ESTAÇÕES

ATUAL

Av. Guido Caloi

ATUAL - Trecho 2

Estrada M’ Boi Mirim

ATUAL Av. dos Funcionários

Situação 1: Íngrime

ATUAL

Rua de Embu - Guaçu

PROPOSTA - Trecho 2 Estrada M’ Boi Mirim

ATUAL

Situação 2: Plana

Trecho 1

Av. Vitor Manzino

PROPOSTA monotrilho no chão PROPOSTA Trecho 1 Av. Vitor Manzino

Situação 3: Plana e Inclinada

ATUAL

ATUAL

Trecho 3

Trecho 4

Estrada M’ Boi Mirim

Estrada M’ Boi Mirim

PROPOSTA monotrilho suspenso

PROPOSTA

PROPOSTA

Trecho 3

Trecho 4

Estrada M’ Boi Mirim

0

76

Situação 4: Transição entre monotrilho e VLT

Estrada M’ Boi Mirim

3

6

12

m

77


as calhas viárias chuva, criando corredores permeáveis de vegetação. Em terceiro lugar têm-se as vias comparti lhadas onde o pavimento é único, tanto para pedestres como para veículos eventuais como os emergenciais – ambulâncias- e os para coleta de resíduos, por exemplo; dado que o transporte público efi ciente é garanti do, haveria desestí mulo aos moradores pela posse de carros individuais, afi rmando a não necessidade de ruas exclusivas os mesmos, entendendo o lugar sem disti nção entre calçada e leito viário.

Uma vez entendido o conceito de proposta modal relacionado à hierarquia viária, cabem aos bolsões de ônibus a responsabilidade do trajeto público de pessoas na escala local do bairro, e o VLT funciona, então, como conector bairrocidade. Foram identi fi cados três ti pos de calhas viárias, as quais indicam padrões de mobilidade. Primeiramente têm-se as vias funcionais por onde passam as linhas destes bolsões de ônibus locais em senti do único e onde há necessidade de ampliação das calçadas, levando em consideração o pedestre como a fi gura dominante da paisagem. Em segundo lugar têm-se as vias verdes que são localizadas estrategicamente segundo a topografi a, pois canalizam a água de

78

Desse pressuposto decorre a obsolescência de garagens que poderão ser uti lizadas como elementos de “fachada ati va” abrigando ati vidades para geração de renda e o que denominamos “ofí cios esquecidos”.

3,50

3,00

3,50

3,50

3,00

3,50

3,50

3,00

3,50

3,75

2,50

3,75

3,75

2,50

3,75

3,75

2,50

3,75

10,00

via funcional

via verde

via compartilhada


conexões e equipamentos públicos

Através do cruzamento da proposta de transportes com o levantamento dos equipamentos públicos existentes - culturais, educacionais - escolas técnicas e universidades e de saúde -, que possuem um raio de infl uência capaz de abranger além do Jardim Ângela, observou-se a necessidade de uma rede de equipamentos conectada na área. A proposta de melhoria do transporte público garante acesso a alguns equipamentos de grande porte localizados no distrito e também no seu entorno. É o caso do único hospital existente à margem da Estrada do M’boi Mirim, cujo raio de infl uência atende a área de interesse. Com relação aos equipamentos educacionais, a Universidade de Santo Amaro, a leste da represa Guarapiranga, tem sua conexão através dos portos propostos, e a ETEC Zona Sul localizada na Avenida Ipiranga, é de fácil acesso. Com os poucos porém existentes equipamentos de educação, saúde e cultura a norte do território, fez-se necessária a proposição de equipamentos de apoio local no Jardim Vera Cruz. Para tanto, equipamentos não convencionais em escala local, de maneira mais direta e condizente com o coti diano dos moradores da região poderiam propiciar enfoques alternati vos, representações e registros não só de práti cas sociais, mas de memórias coleti vas, apontando para desenhos de resistência capazes de costurar também novas relações com o espaço construído e natural, por vezes de execução factí vel e com técnicas simples de construção civil, com potencialização de ofi cinas e manufaturas de pequena escala locais, incluindo o processamento de resíduos recicláveis com uti lização de baixa energia e maquinário elementar. 80

81


Propostas aplicadas no Jardim Vera Cruz Escala de Abrangência

comunidade rural 2,75ha

Através de escala mais aproximada as diretrizes urbanas propostas se consolidam e ganham forma, pois permiti u enxergar pormenores e parti cularidades do território e as especifi cidades que cada área requer, em um modelo de investi gação e proposição de desenho urbano.

manutenção e regeneração de ecossistemas

manutenção e regeneração de ecossistemas

No contexto da faixa mínima de preservação de 100 metros, estabelecida ao longo da orla da represa Guarapiranga, foi proposta, em uma construção já existente, a criação de uma escola técnica de caráter ambiental com a função de guardiã dessa faixa em área envoltória deste polo. Outro guardião existente é o Clube Esporti vo Náuti co Guarapiranga, anti go Clube dos Funcionários Públicos do Estado de São Paulo, onde foram propostas, além da associação com um porto-mercado, ati vidades educacionais e de lazer voltadas aos moradores da região.

comunidade rural 3,4ha

Área de Proteção Ambiental

wetlands

RECORTE DE ABRANGÊNCIA

nente

EQUIPAMENTOS PROPOSTOS manutenção e regeneração de livre ecossistemas Espaços

Venda Rural Divisão das Glebas Rurais

Oficinas

Linha guardiã (100m)

Floresta de bolso

Área de Preservação Permanente EQUIPAMENTOS PROPOSTOS Rios Espaços livre Maciço arbóreo Wetlands Oficinas Floresta de bolso Parque Linear Comunidades rurais Feira

Feira

Vazios Internos UBS Represa Guarapiranga UPA Área alagável Ponto de Tuc-Tuc e Bicicleta Via Funcional Via Verde Coleta e oficina de Reciclagem Limite Recorte RECORTE DE ABRANGÊNCIA Creche Venda Rural Ensino Técnico Divisão das Glebas Rurais Centro Linha Cívico guardiã (100m)

Área de Preservação Permanente Rios Maciço arbóreo Wetlands Parque Linear

UBS UPA Ponto de Tuc-Tuc e Bicicleta

De acordo com as diretrizes ambientais, foram propostas duas comunidades rurais em clareiras já existentes no território, capazes de assegurar a permanência EQUIPAMENTOS PROPOSTOS RECORTE DE ABRANGÊNCIA dos remanescentes verdes presentes e Espaços livre Venda Rural implementado sistema de infraestrutura Oficinas Divisão das Glebas Rurais para tratamento de esgoto por meio de Linha guardiã (100m) Floresta de bolso jardins fi ltrantes -wetlands, localizados de EQUIPAMENTOS PROPOSTOS Área de Preservação Permanente Feira maneira estratégica para que cumpram a Espaços livre Rios função de tratamento do esgoto do bairro, UBS Oficinas Maciço arbóreo sistema calculado preliminarmente com UPA Wetlands Floresta de bolso área de de ⅓ do bairro. Ponto de Tuc-Tuc e Bicicleta

DE ABRANGÊNCIA Coleta e RECORTE oficina de Reciclagem Venda Rural Creche Divisão das Glebas Rurais Ensino Técnico Linha guardiã (100m) Centro Cívico Área de Preservação Permanente Rios

EQUIPAMENTOS PROPOSTOS Maciço arbóreo Espaços livre Wetlands Oficinas Parque Linear Comunidades rurais Floresta de bolso

Vazios Internos Feira Represa Guarapiranga UBS Área alagável UPA Via Funcional Via Verde Ponto de Tuc-Tuc e Bicicleta

Parque Linear Feira Comunidades rurais UBS Vazios Internos UPA Represa Guarapiranga Ponto de Tuc-Tuc e Bicicleta Área alagável Via Funcional Coleta e oficina de Reciclagem Via Verde Creche Limite Recorte Ensino Técnico Centro Cívico

Coleta e oficina de Reciclagem Creche Ensino Técnico Centro Cívico

Com base nas diretrizes de transporte, o bolsão de ônibus traçado garante mobilidade urbana aos moradores realizando de maneira efi ciente a entrada e saída do bairro. O traçado do bolsão seguiu como ponto de parti da e chegada

à Avenida dos Funcionários, via coletora de escoamento que contorna as bordas sudeste e sudoeste do bairro, envoltória do território. Como vias funcionais, além do transporte público, essas vias receberiam o transporte que faria a coleta do de resíduos excedentes. Com o pressuposto de desincenti vo do uso do veículo parti cular e a garanti a de acesso ao transporte público e escoamento pelas vias funcionais, todas as demais tornam-se vias comparti lhadas, onde o carro deixa de ser o protagonista para dar lugar às pessoas. Foram implantados pontos para serviço de tuktuks (motos adaptadas para transporte de passageiros de maneira rápida e efi caz), elevadores e funiculares de pequeno porte para a microescala de circulação. Somando-se às vias comparti lhadas, consti tuíram-se eixos verdes capazes de conectar os vazios e os equipamentos públicos e coleti vos existentes e propostos, estabelecendo um sistema em rede, distribuído e resiliente. Alguns vazios receberão equipamentos de educação e saúde, suprindo a demanda necessária do bairro, a serem implantados, calculados conforme necessidades locais, de seus raios de abrangência; outros permanecerão como vazios ou fl orestas de bolso, respiros no meio urbano que garantem a preservação de um micro ecossistema. Poderão funcionar também como genti lezas urbanas, através da criação de ofi cinas diversas, pontos de troca, bicicletários, feiras-livres, centros cívicos, e outros, de acordo com as demandas locais. 83


Equipamento de Educação existente Equipamento de Educação proposto 300 m 300 m 300

0m 30

Equipamento de Educação existente Equipamento de Educação existente Equipamento de Educação proposto Equipamento de Educação proposto

m

EE DD EUU DCC UAA CÇÇ AÃÃ O Ç O Ã O Equipamento Equipamento de de Educação Educação existente existente Equipamento de Educação Equipamento de Educação proposto proposto Equipamento de Educação existente Equipamento de Educação proposto

10 00 m 10

10

SS AA Ú SÚ ADD ÚEE D E

Equipamento de Saúde existente Equipamento de Saúde proposto

m

00

00

Equipamento de Saúde existente Equipamento de Saúde existente Equipamento de Saúde proposto Equipamento de Saúde proposto

m 10 00

Equipamento Equipamento de de Saúde Saúde existente existente Equipamento Equipamento de de Saúde Saúde proposto proposto

m

Equipamento de Saúde existente Equipamento de Saúde proposto

Equipamento Equipamento de de Grande Grande influência influência Rede Rede de de Equipamentos Equipamentos Equipamento de Grande influência Rede de Equipamentos

EE Q Q EUU QII UPP AIA M P M AEE NN M ETT O N O TSS O S

Equipamento de Grande influência Rede de Equipamentos

“Ao invés de sistesmas centralizados ou descentralizados, propomos sistestemas distribuídos e Equipamento de Grande influência resilientes” (PAUL BARAN, 1964)

Equipamento de Grande influência Rede de Equipamentos Rede de Equipamentos


desejos-diretrizes

...um desejo orientado por uma defesa, por uma luta diária pelo direito de viver, que possibilita uma vida mais digna.

A favela tem urgências e a primeira delas é morar. Depois de morar é preciso ter luz, água, esgoto e dignidade. Dada a necessidade de qualifi car a vida das pessoas da comunidade foram traçadas diretrizes que norteassem o projeto a fi m de que as soluções implementadas causassem o menor impacto possível para a área de mananciais. As diretrizes são respostas para o suprimento de infraestrutura local de maneira alternati va ao modelo implementado pelo poder público, ou seja, o trabalho criti ca a aplicação de soluções sem a perspecti va local. Pelo grande potencial hídrico do bairro é desejável que sua dinâmica seja coerente com o ciclo natural da água e que ela volte sempre para seus cursos originais se for captada. A Represa Guarapiranga permite que o território esteja conectado a toda metrópole de São Paulo em conti nuidade com as demais vias hídricas, seja para promover conexão e mobilidade como para solucionar o manejo de resíduos e cargas. 87


Conquista do território ocupado

infraestrutura esgoto

Por estar em um território na interface urbana/rural/ ambiental, as pessoas moram onde a água brota e onde cidade e rio lutam por espaço. Esse território tem urgências. É urgente morar, é urgente preservar. Preservar homem e natureza.

Posse Coletiva

Gás

Devido à urgência de se morar dignamente propõe-se realocar as famílias em áreas de risco iminente (desabamento e solapamento) ou em condições extremamente precárias às margens dos rios que estejam sujeitas a alagamento. 88

1000L 1000L 1000L

Vazios comuns 20l mistura 50% água 50% esterco

Preservar os Vazios Criar centros de cidadania

Como parte do entendimento da questão fundiária de ocupação deste território, se uti lizará como critério o que denominamos de “posse coleti va”. A posse coleti va confi gurouse como um pacto no qual todos os moradores do bairro serão os responsáveis legais por esse lugar e, portanto, os mantenedores da vida, dos espaços públicos e da comunidade. Uma vez que todos serão responsáveis pelo território, a existência dos muros e divisas perde o senti do.

FOSSA SÉPTICA BIODIGESTORA

Preservar os Vazios Criar centros de cidadania

Vazios comuns

Agricultura

Tanque de Evapotranspiração

remoção de casas em área de risco

Remoção e Realocação

Terra Areia Brita Entulho cerâmico

Uso compartilhado

Foram pensadas como soluções alternati vas com autonomia de tratamento dos esgotos desde a micro escala como as fossas sépti cas biodigestoras, os tanques de evapotranspiração, wetlands e os jardins fi ltrantes fl utuantes. A Fossa sépti ca biodigestora é composta de 3 tanques, onde o primeiro deles (que recebe primeiramente a carga de esgotos) precisa de aproximadamente 20 litros de uma mistura de 50% de água e 50% de esterco por habitação. Esse ti po de tratamento gera efl uentes que podem ser uti lizados na agricultura ou podem seguir para um segundo tratamento, a fi m de ser devolvido aos cursos d’água sem causar impactos negati vos. Os tanques de evapotranspiração não geram efl uentes, ou seja, não devolvem para o ecossistema local nenhum ti po resíduo líquido. Seu funcionamento se dá pela construção de tanques selados, preenchidos com entulho cerâmico e camadas de areia e brita, sobre os quais são plantadas espécies com folhas grandes, 89


como a bananeira. Essas espécies são capazes de uti lizar a água e nutrientes desse esgoto para seu crescimento e suas grandes folhas devolvem para o meio ambiente a água através da evapotranspiração. Quanto maior as folhas, maior a transpiração e mais efi ciente o sistema. Os tanques por não permiti rem contato do esgoto com o solo, previnem que os lençóis freáti cos sejam contaminados pelos microrganismos presentes. A rede de esgoto atual do bairro encaminha os dejetos para uma estação elevatória que o desti na para a estação de tratamento Barueri, bastante distante. O bombeamento e maquinários não funcionam de forma efi ciente atualmente. A estação elevatória muitas vezes apresenta falhas e interrupção de funcionamento, com graves problemas de transbordamento em seus arredores. Como alternati va a esse sistema, considerou-se a neutralização dos afl uentes domésti cos por wetlands, localizadas numa área não urbanizada do Jardim Vera Cruz. A área delimitada pelas wetlands é aproximadamente 1/3 da área servida, convenientemente localizada, conforme anteriormente descrito. Este processo de fi ltração se dá por 4 etapas: sendo o primeiro o de gradeamento, que retém os resíduos sólidos, depois o esgoto é conduzido para para o Sistema de Despoluição Hídrica com Solos Filtrantes (Sistema D.H.S.), que é a segunda etapa, culti vados com plantas de arroz que estão confi gurados em módulos de solo fi ltrante ascendente e descendente. Na terceira etapa o efl uente é conduzido para um módulo com um Canal de Macrófi tas Aquáti cas (CMA) que contém plantas fl utuantes, como aguapés, alface d’água e salvinia e plantas emergentes. Essa condução ocorre sequencialmente pelas plantas fl utuantes > emergentes> fl utuantes, para que depois disso o efl uente chegue na quarta etapa. Ali ela passa para o Sistema de Despoluição Hídrica com Solos Filtrantes (Sistema D.H.S.) culti vados com plantas de arroz (Oryza sati va), confi gurado em 02 módulos simples de Solos Filtrantes de Fluxo Descendente projetados para a operação rotacional com funcionamento de 10 dias para cada módulo. Passado por todas estas etapas, o efl uente tratado pode ser clorado e uti lizado para água de reuso ou conectado à rede de águas pluviais. Já as águas cinzas, que são provenientes da pia e do banho, podem ser tratados pelos jardins fi ltrantes. Este processo é similar aos wetlands, fi ltrando a água por meio de plantas macrófi tas, porém menos complexo porque não há esgoto sanitário a ser tratado. Este sistema considera aproximadamente 2 m² por pessoa. (EMBRAPA, 2017) 90

Como limpeza e preservação dos curso d’águas existentes propõe-se o planti o de pantas macrófi tas e a uti lização do Biomatrix Water, sistema desenvolvido composto por jardins fi ltrantes fl utuantes, que, segundo o arti go, Bimatrix Water, publicado pela revista escocesa Floati ng Islands, 2012, correspondem à ilhas fl otantes de espécies de plantas macrófi tas com raízes submersas, que funcionam como fi ltros.

Wetlands/Jardins Filtrantes Ecossistemas flutuantes

Rio

Plantas macrófitas

Plantas macrófitas água areia pedrisco brita manta impermeável cano perfurado

Ecossistemas flutuantes

Paisagismo

Rio Tanque tratamento de esgoto

91


resíduos

alternativas para consumo de energia Resíduos Orgânicos

A solução para desti nação dos resíduos foi pensada de forma sistêmica e cíclica. A proposta busca ressignifi car a ideia de “lixo” e elevá-lo a condição de “valor”, conforme já preconiza o Plano Nacional de Manejo de onsumidor Resíduos Sólidos. Alimento

A parti r da ideia de entender os resíduos como matéria prima para uti lizações no coti diano, o aquecedor solar com garrafas pet criado pelo Jose Alcino Alano em 2004, se colocou como uma alternati va para o aquecimento de água sem uti lização da energia elétrica. Essa alternati va economiza energia, diminui os gastos das famílias com energia e reduz os impactos para o meio ambiente, visto que as resistências elétricas que geram calor são responsáveis pelo maior consumo de energia.

O que fica?

Compostagem - resíduos sólidos recicláveis; - resíduos orgânicos para compostagem.

Sobras de alimentos

O que sai?

Minhocas decompõem o alimento

ompostagem

Horta - Resíduos sólidos recicláveis que necessitam de grande energia e processamento complexo; - Resíduos Orgânicos não compostáveis e rejeitos; - Residuos sólidos não recicláveis; - Lixo eletrônico.

Troca e Reciclagem

Consumidor O que sai?

O que fica? Papel Plástico Vidro Metal Onde?

Alimento

Compostagem

Eletrônico Hospitalar

Alimento

Sobras de alimentos

Como? Compostagem

- Pontos de troca - Oficinas de reciclagem (matéria prima - produto)

Resíduos Orgânicos

Compostagem

- Central de triagem mecanizada de santo amaro - Estação transbordo ponte pequena - Triportos (metrópole fluvial)

Horta

Horta

Energia

Aquecedor solar de garrafa PET Aquecedor solar de garrafa PETPET Aquecedor solar de garrafa Desenvolvido por José Albino em 2004

Água quente

Entrada e saída de água na rede

Água fria

Outro sistema adotado foi o “Vortex Haste Oscilante Flexível Haste Oscilante Flexível Bladeless” desenvolvido por David Yàñes, Raúl Martí n e David Suriol. Composto por hastes de fi bra de Haste Oscilante Flexível Fibra de Carbono carbono e fi bra de vidro, com mastros Fibra de Carbono e de Vidro e de Vidro Haste Oscilante Flexível fl exíveis, oscilam com o vento, capazes Energia cinética recolhida por um alde converter a energia cinéti ca em Energia cinética reAté 150m ternador linear na base da hast colhida por um aleletricidade. Fibra de Carbono Haste Oscilante Oscilante Flexível AtéFlexível 150m Haste ternador linear na e de Vidro base da hast A Vortex Mini, com 12.5m de altura, Energia cinética reSistema magnético Fibra de Carbono com potência de 4kW, é capaz de gerar colhida por um alprolonga os moviAté 150m ternador na e de Vidro mentoslinear oscilantes base hast energia sufi ciente para abastecer uma porda horas Fibra de Carbono Fibra de Carbono Sistema magnético 13m deVidro Vidro Energia cinética re-foi apresentado ee de residência. O modelo prolonga os movicolhida por um al4KW mentos oscilantes Energia cinética reSistema magnético Energia cinética repara o mercado residencial e porpara Até 150m ternador linear na horas colhida por por um umprolonga alos movicolhida albase da hast Até 150m 150m 13m ternador linear linearmentos na oscilantes Até ternador na outras aplicações eólicas de pequena base da da hast hast por horas base 13m Haste Oscilante Flexível escala. 150m

Adubo e chorume

Resíduos Orgânicos

Resíduos Sólidos

92

Energia Energia

Minhocas decompõem o alimento Adubo e chorume

Sistema magnético prolonga os movimentos oscilantes por horas

1 casa

Sistema magnético magnético Sistema prolonga os os movimoviprolonga mentos oscilantes oscilantes mentos 4KW por horas por horas

4KW

1 casa 4KW 1MW

1 casa

4KW Uma das alternati vas para consumo 400 casas 1MW 4KW 1MW Oscilante Flexível Haste Oscilante Flexível 13m de energia elétrica proposto são Haste 13m 150m 150m 13m geradores elétricos, baseado no modelo Sobras de alimentos casa 11 casa de Leandro Felipe, confeccionados com Hélice 400 casas GERADOR EÓLICO 1 casa 1MW 1MW 400 casas materiais reciclados, como hélices Haste Oscilante Flexível Haste Oscilante Flexível 150m 150m Capacitores 1MW de ventidecompõem ladores anti gos, motor de Minhocas Motor de Passo Haste Oscilante Flexível o alimento impressora e capacitores provenientes 150m GERADOR EÓLICO Diodos Hélice 400 casas casas 400 de placas de circuito de rádios. Um Hélice Capacitores GERADOR EÓLICO gerador isolado consegue gerar tensão Iluminação PúblicaMotor de Passo Adubo e chorume 400 casas sufi ciente para uti lização em aparelhos Diodos Hélice GERADOR EÓLICO Hélice LED Capacitores Placa de Circuitos de baixo consumo de energia, no GERADOR EÓLICO Motor de Passo LED entanto um conjunto de geradores Capacitores LED Iluminação Pública Capacitores MotorDiodos de Passo Passo Motor de consegue, facilmente, gerar tensão Hélice Diodos Diodos GERADOR EÓLICO Placa de Circuitos sufi ciente para alimentar residências.

Iluminação PúblicaIluminação Pública Iluminação Pública Capacitores

LED

93

Motor de Passo

Diodos

Placa de de Circuitos Circuitos Placa

LED

LED


transporte Para que a solução de transporte proposta nesse trabalho seja efi ciente e inclusiva é preciso que ela contemple a mobilidade em todas as escalas possíveis. O sistema de espinha dorsal (monotrilho e o VLT) complementada pelos bolsões de ônibus por si só consegue suster a população que vive no extremo sul da cidade de São Paulo.

Mo

su ilho notr

spen

so

Bolsões de ônibus TUK TUK

Biciletas Transportes

Como resolução para a microescala dos bairros e suas ruas e vielas estreitas, muitas vezes com grande declividade que difi cultam o deslocamento das pessoas, foram propostas como alternati va ao veículo individualizado a uti lização dos tuk-tuks, elevadores urbanos, plataformas elevatórias e funiculares e por vezes bolsões estratégicos de bicicletas. Esse modais conseguem vencer alguns obstáculos apresentados pelo território e permite a fl uidez das pessoas pelo território.

RESSIGNIFICAÇÃO DO ESPAÇO CONSTRUÍDO A existência de um sistema de transporte público coleti vo efi ciente além de melhorar a qualidade de vida das pessoas, desesti mula o uso do automóvel individual. Essa apreensão é importante para entender que os espaços dedicados exclusivamente ao uso de veículos podem ser ressignifi cados e devolvidos para a comunidade como espaços da cidade, do coleti vo. As garagens, com as soluções de transporte público, fi cariam obsoletas

com o passar do tempo, podendo transformar-se em espaços de produção e uso coleti vos e conectados, como ofi cinas de reciclagem de resíduos, comércios, serviços, reuniões ou outras ati vidades para a qual tenham vocação. Tudo o que toca o ar é coleti vo dado que foi preconizada a posse e direito de uso coleti vo do território. As lajes horizontais ou que sejam passíveis de conexão com outras, passam a ser espaços do bairro. As pessoas do jardim Vera

Cruz, que convivem com uma realidade de superadensamento, podem vislumbrar uma outra forma de estar na cidade e de ocupar seus espaços. O projeto busca dar luz ao valor da cultura e às experiências locais e construir porosidade para trocas com toda a cidade.

RESSIGNIFICAÇÃO Das vielas “Ainda vão me matar numa rua. Quando descobrirem, principalmente, que faço parte dessa gente que pensa que a rua é a parte principal da cidade.” Leminski; Toda Poesia - [quarenta clics em Curitiba; 1976] A rua, por princípio, é o lugar imediato mais público da cidade e por isso deve-se permiti r que as pessoas a usem coleti vamente como extensão de suas casas. A não soberania do carro sobre o espaço público pode permiti r que os quintais individuais das residências tornem-se coleti vos estendendo-se e conectando-se à rua, como lugar de viver, de brincar, e de todas as ati vidades humanas que dão conta da complexidade da vida. A não existência de muros torna as passagens, escadarias e vielas convidati vas e menos enclausuradas, permiti ndo maior permeabilidade, fl uidez e segurança. Desta forma, esses lugares podem confi gurar pólos de cidadania e se tornar pontos oportunos para o desenvolvimento de pequenos comércios geradores de renda, serviços locais, convivência e fortalecimento de laços de cidadania.

Rua para pessoas

“Eu não quero tirar os meninos da rua, eu quero mudar a rua” - Tião Rocha

Polos de Cidadania

squema ma Garagens Garagens Esquema Esquema Garagens Garagens

Esquema Esquema LajesLajes Esquema Esquema Lajes Lajes

Incentivo ao comércio em vielas

94

95


RESSIGNIFICAÇÃO Dos vazios

RESSIGNIFICAÇÃO da água

Os vazios urbanos remanescentes têm diversas razões de existência, como a difuculdade de construir por razão da declividade acentuada, vazios residuais entre edifi cações, áreas alagadiças.

A água é a grande questão desse lugar e sua preservação é urgente, tanto como morar e viver dignamente. Visando cidade e natureza em harmonia, propusemos: • requalifi car os rios, tratando suas águas e devolvendo-as limpas após consumo aos cursos naturais;

Entende-se que esses vazios são importantes para dar respiros à cidade, para dar espaço à natureza e as ações humanas das mais prosaicas às mais extraordinárias. Portanto, determinou-se que esses vazios seriam manti dos como vazios qualifi cados ou ocupados por causas coleti vas.

• evidenciar, recuperar e preservar as nascentes, as margens e os cursos d’água invisíveis; • inverter a lógica da frontalidade, permiti ndo que as casas também se voltem para os rios, não mais confi gurando-se como barreira.

Esses espaços podem abrigar: hortas e composteiras coleti vas de forma sistêmica, cada uma servindo a um pequeno grupo de casas; fl orestas de bolso visando a recuperação em microescala do ecossistema original de mata atlânti ca que, associadas a um sistema maior de espaços verdes, pode ganhar potência e relevância na preservação ambiental; cozinhas, lavanderias e banheiros coleti vos que podem ser aplicados a cada pequeno conjunto de casas, desta forma, possibilitando aos moradores em situação de emergência, acesso às condições mínimas de moradia.

Ressignifi car não somente córregos e rios, mas também a represa Guarapirangae sua orla como infraestrutura de transporte, lazer, esportes e contemplação, de modo a permiti r que ela faça parte do coti diano das pessoas. Paisagismo Funcional

Paisagismo Funcional

Lavanderia coletiva Sistemas de vazios

Paisagismo Funcional

Sistemas de vazios Sistemas de vazios

Paisagismo Funcional

Limpar os rios Recuperar as nascentes

Paisagismo Funcional

mo Funcional

Cozinha coletiva

Sistemas de vazios

Lazer e Contemplação Lazer e Contemplação Regeneração de ecossistemas Lazer Contemplação Regeneração deeescala ecossistemas em micro Lazer em escala micro

Regeneração de ecossistemas em escala micro

Pesca Pesca

e Contemplação

Pesca

Sistemas de vazios

Lazer e Contemplação Cinema Cinema Lazer e Contemplação

Regeneração de ecossistemas em escala micro

96

Cinema flutuante

ecossistemas em escala micro Nado

Pier

Pier

Nado Nado Pier

em escala micro Pesca

Cinema flutuante Nado Cinema Regeneração de flutuante

PierPier

Pesca

flutuante flutuante

Cinema Lazer e Contemplação Pesca flutuante Cinema flutuante Regeneração de ecossistemas Pesca

Rios

Pier Pier Nado

Pedalinho

Pedalinho Pedalinho Mirante

Mirante Mirante

97 Mirante


economia colaborativa O sistema de consumo baseado no capital é falho e excludente. As pessoas mais próximas da matéria prima, a mão de obra, são também as mais distantes do produto fi nal. É necessário estabelecer um sistema no qual o valor dos produtos não seja somente monetário mas um sistema sócioeconômico consti tuído através do comparti lhamento de recursos não só fí sicos mas humanos e intelectuais. Propõe-se a existência de pontos de troca onde o sistema econômico funcione através de dois ciclos: o do material-produto e o do capital em um ti po de relação de economia colaborati va. Nos pontos de coleta de recicláveis, esses materiais tornam-se matérias-primas para ofi cinas, que as transformam em um produto com valor agregado. Nos pontos de coleta de humus (resultado fi nal da compostagem de resíduos orgânicos), essa matéria pode virar insumo para a produção agrícola. Desta forma o consumidor que leva matéria-prima até os pontos de troca recebe um cupom de desconto. Os pontos de troca, por receberem a matéria-prima sem custo, as vendem aos mercados e feiras locais por um preço justo. Por sua vez, este mercado que agora possui um custo-benefí cio mais baixo pode ser capaz de completar esse ciclo econômico, vendendo o produto fi nal aos consumidores. 98

desejos-desenho

PRODUTO

SISTEMA DE TROCA DE RESÍDUOS

PRODUTO

SISTEMA DE TROCA DE PRODUTOS RURAIS

Desejos, enquanto vivem ainda no mundo das ideias, são apenas desejos. Calmarias. Mas não estes. Estes são desejos fogo. Desejos que traduzidos pelo traço do desenho, têm força, quase vontade própria. Querem sair do papel, querer correr às ruas, incontroláveis. Querem sair anunciando possibilidades, gritando já quase roucos por ações. Ações pensadas juntas, ações transformadoras de um espaço de peculiaridades.


O recorte de 10 a 20 ha, defi nido como organização deste trabalho, surge da necessidade de propor um desenho urbano efeti vo no território. Através dele foi possível entender melhor as necessidades, demandas, desejos e, por consequência, realizar desenhos específi cos diante das parti cularidades da área. O recorte urbano viabilizou um olhar mais aprofundado e diferente da escala regional, coomprendendo assim as necessidades reais e as possibilidades diversas que cada lugar pode conter. É sobre aprendermos a olhar atentos aos signifi cados do que já existe, sem que precisemos passar por cima de tudo criando coisas novas. É sobre olharmos para esse território e fortalecer pré-existências ou ressignifi cá-los, sobre entendermos a importância de cada ti jolo, de cada parede de madeira. De entendermos o território como um espaço coleti vo, onde tudo que não é edifi cado é direito de todos, portanto público, em um entendimento que vem da vontade de diluir a fronteira entre o que é público e o que é privado. De entendermos a importância e a necessidade dos vazios, pequenos ou grandes, respiros em meio a tanta dureza, para a estruturação de uma rede distribuída e resiliente. Desta forma foi defi nido um recorte de estudo que abrange o rio central do bairro Vera Cruz e sua nascente próxima à escola CEI Vera Cruz, tendo como limite ao norte a escadaria de acesso a CEI e ao sul o encontro dos três rios no limite da linha de pressão da urbanização. O recorte abrange os vazios da malha urbana, as ruas e as casas à margem do rio. Vale ressaltar a presença de três marcos da conquista de lideranças locais: a CEI, a quadra de futebol e a escadaria. Entendemos a exemplaridade do recorte escolhido perante todo o território através da existência de três estágios de ocupação da área: 1- construções consolidadas ao norte, 2- construções em processo de melhoras construti vas, 3- construções recém ocupadas ao sul e, não disvinculadas suas diferentes relações com a água presente. 100

101


Tal classifi cação de estágios de ocupação foi defi nida mediante análise casa a casa pós visitas de levantamento e identi fi cação iniciais, analisando usos, ocupações, gabaritos e ti pos de vegetação presentes. Através deste estudo foi possível identi fi car as construções em condições críti cas que teriam a necessidade de ser realocadas. Foram levantadas um total de 50 famílias internas ao perímetro da área de recorte a serem realocadas, tendo como princípio a qualidade das habitações e a localização em áreas de risco por desabamento ou inundação. Os espaços livres resultantes dessas desapropriações permiti ram a consti tuição de espaços livres conferindo qualidade ao rio e tornando-o acessível aos moradores. Como diretriz 50% das famílias seriam realocadas dentro da própria malha urbana próximas às suas comunidades devido aos laços criados sendo 25% dentro do próprio bairro em habitações autossustentáveis e 25% ocupando as áreas de contenção da pressão urbanizadas perante a orla de preservação permanente das margens da represa Guarapiranga, em habitações de comunidades agrícolas guardiãs. Os demais 50% seriam instalados em edifí cios ociosos nas áreas desocupadas centrais e infraestruturadas da cidade, atendendo famílias que trabalham nessas imediações evitando, assim, o trajeto diário Jd. Vera Cruz – Centro. Evidentemente trata-se de um ensaio teórico cuja necessidade de parti cipação social consolidaria as alternati vas propostas. O desenho urbano proposto dividiu o recorte em três trechos que denominamos: o Território da Letra (Trecho A), a Cidade Brincante (Trecho B) e o Espaço de Regeneração (Trecho C). 102

I M P L A N T A Ç Ã O D O R E C O R T E


C O R T E S


trecho a - território da letra Os equipamentos urbanos e elementos de passagem e/ou naturais, presentes no recorte, foram os principais norteadores dos programas desenhados para o cenário desejado. A presença da CEI Vera Cruz e da Escadaria, além de representarem uma conquista comunitária por meio de levantamento de assinaturas apresentadas ao poder público e conselhos, foram fundamentais para defi nição de um desenho que buscasse dignifi car um solo esquecido. A parti r da leitura de vazios remanescentes presentes no território identi fi cou-se a oportunidade de intervenção em vazios correspondentes aos recuos das edifi cações lindeiras à escadaria existente. Esse “fundo de lote” uma vez sem uso passa a dialogar com um

tecido urbano que postula novas conexões entre percurso, permanência e práti cas comunitárias tornando espaços até então inacessíveis em locais que afi rmam a noção de lugar. Uma rua de acesso foi desenhada entre o fundo das edifi cações, a parti r de cota intermediária encontrada, confi gurando um passeio entre rua comparti lhada, fl oresta de bolso, laje-mirante e escadariaestante, permiti ndo acessos às lajes comparti lhadas. Entende-se como laje comparti lhada, “um elemento que toca o ar”, portanto diz respeito à cidade e não mais somente ao possuidor ou proprietário daquela edifi cação; estreitadas as devidas relações entre morador e dando licença ao 107


território como premissa, compreendido como posse e direito de uso, propõese uma nova lógica entre espaço e uso, permitindo que se façam novas aberturas para convivência, comércios e serviços; lajes que viram mirante e taludes que somados aos decks de passagem, propõem também permanência, bem como a própria escadaria remanescente redesenhada, antes exclusivo elemento de passagem, agora também se configura como permanência, recebendo, como exemplo, estantes de livros em sua lateral como pontos de troca. Além de buscar um programa que dialogasse com a CEI Vera Cruz entendendo sua estrutura educacional, o Território da Letra propõe que as garagens, - já utilizadas pelos moradores como pequenos comércios: cabeleireiros, pequenas vendas, bares, restaurantes, oficinas, e outros, recebam micro estruturas capazes de fomentar produção literária local criando unidades de apoio com impressoras, mesas, computadores e oficinas de lambe-lambes, de apropriação e uso comunitários. Uma pesquisa realizada em 2016 pela Escola do Parlamento da CMSP aponta que 52,4% dos paulistanos nunca leram ou pouco lêem livros. O Indicador de Analfabetismo Funcional (Inaf), elaborado pelo Instituto Paulo Montenegro e pela ONG Ação Educativa, mostra que 27% das pessoas entre 15 e 64 anos são analfabetas funcionais, incapazes de interpretar textos simples ou entender um gráfico. Em 2006 o governo federal criou o Plano Nacional do Livro e Leitura, com objetivo de promover o hábito da leitura e combater os altos índices de analfabetismo funcional. Este plano se equilibra em quatro eixos: 108

1- Democratização do acesso: valorização e expansão das bibliotecas públicas; 2- Fomento à leitura e formação de mediadores: pessoas que apresentam a leitura àqueles que não têm o hábito de ler; 3- Valorização institucional da leitura e incremento de seu valor simbólico: transformar o incentivo à leitura em Política de Estado e criar ações para conscientizar a população sobre a importância do ato de ler; 4- Desenvolvimento da economia do livro: ferramentas que incentivem a produção, distribuição e a circulação de títulos. Em dez anos de criação do Plano Nacional, mudanças positivas, foram percebidas, como a exemplo, a grande diminuição do número de cidades sem bibliotecas no país, que caiu de 1.700 para 30. Atualmente a leitura não faz parte do cotidiano das pessoas, mesmo na escola ela não está presente como poderia. As pessoas precisam compreentender que a leitura não está apenas nas letras e palavras, e sim no universo que as rodeia. Qualquer vida e sua história, por mais simples que seja, pode se transformar em um livro. Antonio Cândido defende o Direito à Literatura como um direito fundamental da vida humana. O Território da Letra busca, portanto, compreender a relação entre o território e a identidade de quem ali está, por meio da leitura, práticas e hábitos correlatos. Território esse nomeado de

Rua dos Ofícios, conectado por uma “Travessia da expressão”, pré-anunciando as práticas ali realizáveis, visando constituir um laboratório-cidade. Antes mesmo das dinâmicas locais, o território é consolidado por seus elementos físicos e naturais, que precisam de urgentes melhorias. Como a CEI está localizada numa área mais plana e de fundo de vale, quando chove, é comum que se acumule água e que esta invada a escola. Foi definido e desenhado um piso-grama capaz de drenar esse contingente de água pluvial além de pré-anunciar a proximidade a um ambiente escolar. Para evidenciar as questões ambientais vividas no Fundão, florestas de bolso extrapolam o limite das testadas de edificações lindeiras, enfatizando o afloramento desse organismo que resiste. Optou-se pela remoção dos muros da CEI Vera Cruz e rebaixamendo de meio metro da área gramada/playground da escola, amenizando seu perímetro com o próprio perfil topográfico e contribuindo para o fluxo das águas pluviais. Acredita-se na cidade não murada, cujo espaço é de todos. Entende-se a cidade como espaço educador onde seus diferentes espaços, tempos e atores são compreendidos como agentes pedagógicos que podem, ao assumir intencionalidade educativa, garantir a perenidade do processo de formação dos indivíduos para além da escola, em diálogo com as diversas oportunidades de aprender e ensinar com o que a comunidade oferece e a caracteriza. 109


e comunitário, antes becos e ruelas dominadas pelo tráfi co e outras ati vidades ilícitas. A existência da “prainha” só pode ser considerada a parti r do pressuposto de que o projeto urbano contempla a neutralização ou suprimento de rede de esgoto para as moradias ao redor. Uma vez que o córrego não recebe essa carga de esgoto, esse curso d’água será limpo e, assim, passível de uso para recreação - como medida, a implantação de ecossistemas fl utuantes ou biomatrix water - que melhoram a qualidade da água com jardins fl utuantes compostos de plantas nati vas.

trecho b - cidade brincante

A primeira aplicação das diretrizes de projeto nesse trecho visa revitalizar e evidenciar os afl oramentos e linhas d’água. Para isso, foi pensado no acesso à nascente a parti r de degraus em pisos permeáveis confi gurando uma pequena arquibancada a fi m de criar espaço de referência que enfati ze simbolicamente o nascer da água.

pequena barragem de água no ponto onde os dois pequenos cursos d’água se encontram antes de chegar à represa. Essa barragem, além de reduzir a velocidade com que a água corre para os trechos mais críti cos, cria uma lâmina d’água com profundidade de aproximadamente 50 cm que, além de ser infraestrutura, passa a compor a paisagem e requalifi car uma área antes ti da como fundo das casas, espaço para o qual a cidade dá as costas. A presença desse alagamento, inti tulado “prainha”, também proporciona lazer para os moradores e pode incenti var o surgimento de outros usos para as habitações lindeiras, possibilitando novas gerações de renda.

Como estratégia de prevenção a futuros alagamentos no trecho seguinte, a jusante do rio, onde justamente as casas são mais precárias, se propõe uma

No que diz respeito à segurança, a ressignifi cação a parti r da água pode permiti r que as pessoas usufruam e estejam presentes no espaço público

O trecho “Cidade Brincante” possui duas conquistas recentes da população do Jardim Vera Cruz: uma quadra de esportes e a pista de skate, ambas em uma pequena praça à margem do córrego. O nome procura evocar o potencial de abrigar os espaços coleti vos de esporte e lazer.

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Para que se possa melhorar a qualidade de vida das pessoas moradoras neste trecho foram propostas realocações necessárias. A não existência de algumas construções nesse núcleo permiti rá melhora na incidência da luz solar nas residências, além de possibilitar o usufruto e melhorar a mobilidade das pessoas nos vazios gerados.

fauna e fl ora que, consequentemente, voltarão a aparecer. O maior dos vazios mapeados nesse trecho encontra-se defronte à praça. Atualmente seu terreno encontra-se recortado em patamares e possui duas edifi cações lindeiras de garagem. Foi proposta a remoção destas garagens - dado que o projeto urbano contempla em larga escala o incremento do transporte público e comparti lhado e desesti mula o uso do automóvel parti cular -, a reti fi cação dos patamares de terra e grama de forma análoga a uma arquibancada e a construção de 2 grandes patamares de madeira para uso livre das pessoas. Nesse trecho foi proposta a colocação de chuveirões de “saída de praia” como apoio à prainha e à praça de esportes e lazer.

Outra diretriz projetual diz respeito às fl orestas de bolso como estratégia de preservação dos vazios ainda existentes que dão respiro a essa região superadensada. É proposta a recomposição de pequenos ecossistemas nos vazios remanescentes que, além de salvaguardar os espaços não construídos, também recompõem pequenos trechos de mata nati va na área que, a despeito de muito adensada, é de preservação ambiental. Essas fl orestas de bolso, pulverizadas pelo território, compõem um micro-sistema de espaços verdes que preserva o meio ambiente local e dá suporte à vida de espécies nati vas de 111


fi que claro que cidade e natureza devem conviver, que o rio ocupe o espaço que necessita e que seja a prioridade. Água, fogo e homem metaforicamente são o início da cidade.

trecho c - espaço de regeneração O Espaço de Regeneração é considerado o trecho mais críti co do recorte. São as ocupações mais recentes, sem nenhuma infraestrutura de tratamento de esgoto e com difi culdade de acesso à rede de abastecimento de água e luz. É o trecho com a maior quanti dade de vazios urbanos e o mais próximo à área de preservação ambiental, mas que também pressiona a linha de urbanização por novas moradias. É o espaço de regenerar, de dar nova vida, de revivifi cação urbana e ambiental. É sobre lutar contra a precariedade da vida, por uma vida mais digna, pelo direito de viver. O ponto inaugural deste trecho é o espaço transcendental e simbólico do fogo. Do contato do homem com sua própria natureza, afi rmando que o homem é natureza indissociável. Nesse ponto atualmente existe uma pequena 112

passagem de terra sobre uma tubulação pela qual passa o córrego que inunda em dias de chuva. A cidade atrapalha o rio. A solução para essa questão se dá através da não priorização do carro e da retomada da calha hídrica. O pavimento se estende cruzando o córrego mas sem criar ponte, ele acompanha a calha do rio que nesse trecho não é natural e evidencia a existência da água na cidade invertendo a lógica da cidade sobre a água. Para que os pedestres possam transpor o curso hídrico é proposta uma estrutura com grelha metálica vencendo o vão correspondente ao que seria a ponte. Essa grelha permite que o rio seja visto - evidente. A frente há mais uma pequena passarela de madeira e gabião, onde o rio afl ora, portanto essa ponte de pedestre é também um espaço para a passagem e contemplação. O que se deseja conquistar nestes espaços não é apenas um passadiço, e sim um local onde

Uma das principais diretrizes para esse trecho é a uti lização de tanques de evapotranspiração, um paisagismo produti vo associado ao tratamento de esgotos. Estes tanques possuem plantas como bananeiras, que através de suas grandes folhas fazem a evapotranspiração. Para cada habitante é necessário 2 m² de área de tanque de bananeiras, que se dissolvem compondo com a paisagem. Produtos desse paisagismo produti vo também passam a ser produtos de troca na feira proposta para um dos vazios dessa malha. A recuperação desse rio também conta com o sistema de biomatrix water, um artefato fl utuante composto por plantas macrófi tas capazes de fi ltrar e limpar a água. Desta forma é possível regenerar o meio ambiente e realizar a infraestrutura autônoma - urgente e necessária - e restabelecer os laços com a natureza. Por serem ocupações mais recentes do território, a infraestrutura básica das casas é precária e/ou quase inexistente. Foram implantados, principalmente neste trecho do recorte, equipamentos de uso coleti vo como cozinhas, lavanderias e banheiros capazes de atender determinados conjuntos de casas arti culadas por meio de decks de madeira em diferentes patamares, de acordo com a topografi a. A implantação de equipamentos com possíveis usos coleti vos em áreas que sequer os tem em caráter individual, essa área pode virar exemplar para todo o

território, reverberando o sistema coleti vo para demais localidades. Como modo de conexão do bairro, foi criada uma plataforma elevatória, elemento público que potencializa o lugar, para acesso da parte mais alta do território a leste. Ela realiza a ligação com o pomar urbano, a passagem sobre o rio e com outro eixo verde existente na área de abrangência, conectando até o centro cívico próximo à Avenida dos Funcionários. Propõe-se que a estação elevatória de esgotos existente seja uti lizada de maneira efeti va e que sua importância enquanto marco seja evidenciada através da criação de um espelho d’água ao seu redor. É o local onde também se encontra um dos pontos de moto-táxis – tuktuks - e bicicletários, transportes propostos para a escala do bairro. Na faixa de preservação ambiental, foi estabelecido um deck circular suspenso de madeira para evidenciar o encontro dos rios e conectar a malha urbana do bairro Vera Cruz com a orla da represa Guarapiranga e o Clube Esporti vo Náuti co. Defronte a este produtos da comunidade rural do bairro poderão ser levados até o porto-mercado próximo ao Clube.

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vegetação Tendo em vista a importância que se procurou dar para a ressignifi cação e a incorporação de novas alternati vas para a regeneração da vegetação nati va do local, foi feito estudo mais profundado do bioma tí pico desta área. A região de mananciais do Guarapiranga está inscrita no Bioma Mata Atlânti ca, a qual é caracterizada pelo clima tropical e reconhecida pela sua ampla e rica biodiversidade de espécies animais e vegetais. Hoje, porém, mais de 70% da urbanização das cidades brasileiras

e áreas rurais está localizada dentro de regiões de mata atlânti ca e mais de 90% da sua cobertura natural está devastada. O desmatamento dessa vegetação está levando muitas das espécies tí picas da mata atlânti ca à exti nção, uma vez que este habitat é propício para o desenvolvimento de linhagens disti ntas. Vistas essas característi cas, aliadas à necessidade de conscienti zação pela sua proteção, esta reserva foi declarada síti o do patrimônio natural mundial da UNESCO.

Bioma: Mata Atlânti ca

● I. Árvores de dossel: são as árvores de maior porte. A vida é mais intensa no estrato alto, nas copas das árvores, que se tocam, formando uma camada contí nua. Esta cobertura forma uma região de sombra que cria o microclima tí pico da mata, sempre úmido e sombreado. Jacarandá mimoso, Jatobá, Paineira rosa e Pau Brasil, são alguns exemplos de espécies de dossel. ● II. Arbustivas: indicadas para canteiros em ruas com fi ação elétrica e pavimentadas, pois suas copas são de altura mediana e não apresentam raízes profundas. Podem ser frutí feras e também medicinais. Manacá da serra, Quaresmeira e Palmito Juçara são alguns exemplos. ● III. Trepadeiras: trata-se de espécies que necessitam de outras para sua sobrevivência, como substrato de fi xação. Alguns exemplos são as bromélias e orquídeas.

Dentro deste bioma, estão compreendidos subgrupos ecossistêmicos. A região do Guarapiranga está inscrita no Ecossistema Floresta Ombrófi la Densa, o qual garante altas temperaturas e grande volume pluviométrico, sendo que as nuvens de chuvas são formadas nos topos das montanhas. Trata-se de uma fl oresta com vegetação perenifólia, sempre verde, a qual conta com grande variância nos padrões de altura de copa das árvores. Ecossistema: Floresta Ombrófi la Densa

Com base nesta informação, foi realizado levantamento de espécies tí picas dessa fl ora passíveis de ser implantadas visando ressignifi car o bioma. As espécies foram subdivididas em grupos a parti r do seu porte ou tamanho de altura de copa. Elencaram-se cinco categorias de espécies de fl ora: 114

● IV. Rasteiras: gramíneas ou herbáceas, musgos ou limbos e até temperos que possuem micro folhas capazes de manter outra camada de vida dentro da fl oresta e de indicar os padrões de qualidade do ar destas regiões. ● V. Macrófitas: usadas exclusivamente nos tanques de evapotranspiração, são plantas de folhas grandes e largas, as quais auxiliam na transpiração, e podem ser representadas por bananeiras, taiobas e mamoeiros. Entende-se que, a parti r do momento em que o habitat vegetal está propício, as espécies animais voltam naturalmente para seu espaço, em busca de alimento e de um lar. Neste senti do, identi fi caram-se, também, quais espécies da fauna que seriam atraídas pelas espécies vegetais propostas, dentre uma gama de aves, mamíferos, anfí bios, peixes, répteis e insetos. A interação entre animais e plantas na Mata Atlânti ca se dá através de um processo de co-evolução. Podem-se observar espécies de inseto que tem a capacidade de polinizar uma determinada espécie de planta. A arara azul, as maritacas e os papagaios, por exemplo, voltariam em busca dos frutos do Jerivá, o bicho preguiça pelas folhas da Embaúba e as abelhas sem ferrão pelo Ipê Amarelo. 115


BROMÉLIA (Bromeliaceae)

- Epífitas: não são parasitas, apoiam-se em outras plantas para obter luz e ar - folhas longas, caule reduzido: armazena água (proliferação de insetos e aracnídeos) - flores simétricas / frutos: baga (abacaxi)

BEGÔNIA-DO-BANHADO

(Begonia cucullata) - planta nativa de territórios úmidos - se desenvolmem mesmo contra ataque de insetos e adversidade de clima - flores perenes (o ano todo) - variações de cores

ORQUÍDEAS

(Orchidaceae) - insetos são os principais predadores - convive com outras espécies (mutualismo) - floração demora cerca de 2 semanas a um mês para acontecer no ciclo completo - variação de cores e tipos de flor

JACARANDÁ-MIMOSO

(Jacarandá Mimosifolia) - Porte até 15m de altura - Outono: frutos lenhosos - Inverno: perda de folhas - Primavera/Verão: floresce (lilás/azul) - Ideal ruas: sem raízes agressivas

ERVAS / temperos

GRAMÍNEAS / HERBÁCEAS

MUSGOS / LIMBOS

BANANEIRA

TAIOBA

MAMOEIRO

- erva doce - manjericão - camomila - coentro - hortelã

(musa sp) - Planta que necessita de muita água e possui folhas largas (água sai em vapor) - Preferência por solos ricos em matéria orgânica - “fossa de bananeiras”: usadas em bacias de evapotranspiração

- forrações e cobertura do solo - manutenção da umidade do solo - proteção contra processos erosivos - proteção e morada de animais pequenos (anfíbios, répteis pequenos)

(Xanthosoma sagittifolium) - possui folhas largas e raízes razas (auxiliam no processo de evapotranspiração) - participa no processo de degradação do composto orgânico, nao gera resíduos - rua raiz deve ser cozida para consumo

JATOBÁ

(Hymenaea Courbaril) - Porte até 40m de altura - Inverno: fruto maduro - Uso medicinal (casca, semente, resina) - Primavera/Verão: floresce (branca) - flor atrai abelhas jataí (mel medicinal)

PAU FERRO

(Caesalpinia leiostachya) - Porte: até 30 metros altura - Inverno: fruto maduro - verão/outono: floresce (amarela) - madeira muito resistente - ideal ruas: sem raízes agressivas

PAINEIRA ROSA

YPÊ AMARELO

PAU BRASIL

EMBAÚBA

JERIVÁ

GOIABEIRA

JABUTICABEIRA

URUCUM

(Ceiba speciosa) - Porte: até 30 metros altura - aos 20 anos caem espinhos: sem flores e frutos, mas recebem ninhos de pássaros - inverno: fruto (cápsulas paina-sedosa) - verão/outono: floresce (rosa)

(Tabebuia chrysotricha) - Porte: até 30 metros altura - inverno: queda as folhas - início primavera: floresce (amarela) - flores atraem abelhas e pássaros: agentes polinizadores (beija-flor)

(Caesalpinia echinata) - Porte: até 15 metros altura - madeira pesada avermelhada - primavera: floresce (amarela / vermelha) - verão: maturação dos frutos - fruto: vagem espinhenta – sementes

(Cecropia pachystachya) - Porte: até 15 metros altura - bicho preguiça se alimenta dos frutos - primavera: floresce - inverno: frutos - desempenha várias propriedades medicinais (frutos, caule, folhas, casca)

- indicadores qualidade do ar na região - morada de fungos, bactérias e pequenos insetos - típicos de locais com alta umidade - vida no seu estágio mais singelo

(Carica papaya) - o topo da árvore é caracterizado por folhas grandes, sustentadas por nervuras - floração: início 9-10 meses após plantio (brancas ou amarelas, perfumadas, atraindo aves e insetos que fazer polinização)

MANACÁ-DA-SERRA

(Tibouchina mutabilis) - Porte: até 8 metros altura - verão: floresce (branca-violeta-rosa) - outono: maturação dos frutos - fruto pequeno: capsula com sementes - ideal ruas: sem raízes agressivas

QUARESMEIRA

(Tibouchina granulosa) - Porte: até 8 metros altura - frutos: cápsulas com diversas sementes, amadurecem no outono e inverno - frutos serve de alimento às aves - floresce: inverno e verão (rosa e roxa)

PALMITO JUÇARA

(Euterpe edulis) - Porte: até 10 metros altura - folhas pinadas e arqueadas - espécie perenifólia - produção palmito - frutos globosos: semente única (escuro)

(Syagrus romanzoffiana) - Porte: até 9 metros altura - folhas longas, arqueadas, pendentes - frutos: amarelos, polpa suculenta e doce, o ano todo, cacho grande pendente (atrai maritacas, papagaios, raposas)

(Psidium guajava) - Porte: até 10 metros altura - perde parcialmente as folhas secas - fruto: consumido por aves e larvas por peixes (plantio beira de rios) - flor: primavera / frutos: verão

(Myrciaria cauliflora) - Porte: até 6 metros altura - primavera: cai folhas, floresce (branca) - polinização: surgem frutos esféricos com sementes (atrativos às aves silvestres) - amadurecimento: proporcional às chuvas

(Bixa orellana) - Porte: até 5 metros altura - flores (rosas), à beira de rios - frutos (cápsula arredondada, revestida por espinhos moles, sementes tipo corante) - benefícios medicinais (folha, semente)


Considerando os períodos de fl oração destas espécies vegetais, pode-se fazer uma previsão de quais seriam as cores tí picas e predominantes de cada estação.

● I. Verão: lilás como predominância, por conta do Jacarandá mimoso e Manacá da Serra.

● II. Outono: amarelo como predominância, por conta do Ipê Amarelo.

I as ações que criam projetos I Todo tecido urbano precisa de equipamentos de reforço, sejam eles de qual natureza for. A cidade, por sua vez, também precisa ser equipada por conectores sociais capazes de estabelecer vínculos e costuras. Uma vez que o Jardim Vera Cruz convive, simultaneamente, com espaços superadensados e vazios urbanos, cabe a estes vazios receber propostas e diretrizes de ocupação de fato, como novos equipamentos, ou de vazio absoluto, afi rmando sua essência inicial. Deste modo, cada caso deve ser olhado de forma única e coerente, atentando-se à escala e à vocação do lugar. As ruas, principalmente nas periferias, expressam-se como pólos de cidadania e educação. São lugares de passar, mas também de encontrar, de prosear e também de manifestar, de brincar

e de trabalhar. A cidade é educadora de fato: todo esse conjunto de ações que acontecem no âmbito do espaço público são pistas de possibilidades a serem exploradas no âmbito de projeto. Ações e possibilidades são resultados de uma leitura de como as pessoas usam o território e, portanto, entendê-lo numa visão de “baixo para cima” resulta numa compreensão real de suas necessidades. Não apenas olhar, mas enxergar a realidade, como de fato ela funciona, leva a outra consideração do que vem a ser um programa projetual, o qual sai do pragmáti co e toma a vida como base. A vida não é estanque. As coisas de naturezas disti ntas acontecem e reverberam ao mesmo tempo: ai está a possibilidade de todas as vidas e teias de cruzarem. Ai está o senti do social da vida, na qual as ações são educadoras e construtoras dos laços sociais.

● III. Inverno: rosa como predominância, por conta da Quaresmeira.

● IV. Primavera: vermelho como predominância, por conta do Urucum.

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Recorte 1

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RECORTE 1


I Projetos individuais I os novos equipamentos para o território 01. Sutura por Adriana Medeiros Pereira O corpo rasga, a gente sutura. O corpo é casa. casa abrigo lugar terra território O território se rasga ou é rasgado. O rasgo abre caminho O rasgo divide O rasgo segrega O rasgo sangra .sutura Projeto de farmácia viva tipo 3 como proposta de equipamento guardião, que visa atender a comunidade no âmbito da saúde ao mesmo tempo que previne a apropriação indevida da área de preservação ambiental. O projeto de farmácia viva tipo 3 apresenta área de cultivo de plantas medicinais, laboratório de manipulação, área de atendimento não emergencial e espaços de educação sobre medicina fitoterápica. 02. Polo ambiental para jovens por Beatriz Chiacchio Michelazzo O Polo Ambiental para Jovens é um espaço organizado por ações educacionais, pesquisa e práticas implantadas pelo projeto, espera-se fornecer conhecimento à população jovem, permitindo que estes 122

possam colaborar como multiplicadores, fornecendo o conhecimento à população da região em geral. Um dos grandes objetivos da educação ambiental é proporcionar aos sujeitos o conhecimento, os valores atitudes necessários para proteger e melhorar o ambiente. Como principal foco desse projeto é a função de “Guardião da Mata”. Sendo sua localização em área de preservação ambiental, a implantação deste só foi permitida a partir de umas das diretrizes do Projeto Urbano onde esses guardiões protegeriam a mata de invasões da comunidade.

04. Abrigo de Ideias por Danilo Pena Maia

orbitando-o da mesma forma que se adequa ao território em declive.

Um pequeno volume prismático, translúcido, que paira sobre a água e está imerso na cidade. É costurado ao território por uma linha importante, dando sentido e evidenciando seu caráter urbano e completamente público. Um vazio cheio de possibilidades delineado por uma pele fina e suave.

A cobertura, o grande elemento estruturador do projeto, tem como estrutura pilares, vigas e terças de bambu e telhas cerâmicas. Já os edifícios satélites são de alvenaria armada, sendo que alguns são cúpulas e outros são cobertos por abobadilhas radiais. O programa consiste basicamente em quartos, biblioteca, refeitório, auditório, banheiros, lavanderia, oficinas manuais e suporte emocional e físico. Contudo, resultando em um grande vazio central que representa união, unidade e resistência.

O projeto se insere no território como um espaço de paz. Uma pedrinha de luz que acolhe sem sufocar todas as atividades humanas que dão conta da complexidade da vida na cidade. É um trabalho sobre o direito à cidade, aos espaços da cidade. Sobre ser silêncio no caos, sobre coletividade e harmonia com a rua. Rua como concentradora de gente, de atividade humana, de encontro e troca. Uma investigação sobre o espaço livre público.

03. Conviver por Camila Borges de Oliveira O Projeto Conviver ensaia uma possibilidade de guardião para área ambiental que margeia a Represa Guarapiranga e, concomitantemente, supre uma urgente demanda por moradia, criando uma opção alternativa de habitação compartilhada que tem como prioridade estabelecer um convívio harmônico entres os usuários e deles com o meio ambiente. Para isso o projeto conta com a implantação do sistema agroflorestal, proporcionando proteção e cultivo para a área, além dos pavilhões de apoio e das habitações compostas por áreas comuns, compartilhadas e individuais, com capacidade de 30 a 60 famílias que cooperam e partilham o mesmo espaço.

05. Projeto Ser por Gabriel de Souza Ramires O Projeto Ser é um espaço dedicado a comunidade LGBT. Um abrigo para os que foram expulsos de casa e uma casa para os que precisam de uma. Um tributo ao respeito, dignidade e resistência, unindo ideais tão diferentes como o da Religião e Liberdade Sexual. Localiza-se na região do Guarapiranga, área de preservação ambiental, próximo a um “bolsão” de ônibus e a um porto da metrópole fluvial, sendo implantado entre a Natureza e a Igreja “Associação Brasileira de Jesus Cristo dos Santos Últimos dias”. O conjunto é, basicamente, uma grande cobertura circular o “sol” com diferentes edifícios de alvenaria “os planetas”,

06. O Calor da Rua por Helder Ferrari Ensaios de uma cidade-escola. O projeto tem como proposta um programa educativo e apresenta um partido que converte a rua em pátio. Visto que nos dias atuais há certa recorrência nos padrões arquitetônicos escolares e em sua configuração com pátio central e distribuição tangente em salas. Com este trabalho, além de utilizar a própria rua como manifesto desse pátio escolar urbano, pretende-se reconhecer vazios urbanos que darão uso aos espaços de aprendizagem, refeitório, auditório, etc. O programa pedagógico é pautado no sistema da Escola da Ponte em Portugal, a fim de estabelecer novas relações entre espaço projetado e reconhecimento social, mediante pedagogias alternativas. Este trabalho critica a mimetização produzida na cidade contemporânea e pretende desenhar exemplaridades de novos meios de abordagem na arquitetura enquanto o próprio papel do Arquiteto Urbanista. 123


07. Projeto Cuidar por Isabelle Bertoloto Cocetti O Projeto Cuidar trata da reabilitação e do desenvolvimento de crianças com deficiência mental e/ou motora. As condições sociais de pobreza, além da precariedade do atendimento primário à saúde e a exclusão social influenciam diretamente no desenvolvimento da criança. Porém, se estimuladas a desenvolver suas habilidades em um ambiente que influencia positivamente na qualidade do seu aprendizado, faz com que os resultados se intensifiquem. Portanto, o principal desejo do projeto é buscar na natureza, estímulos que contribuam para o desenvolvimento da criança.

08. Educar entre jardins por Kaena Justo Equipamento educativo extracurricular de apoio à criança, ao campo e ao meio ambiente. O projeto Educar entre jardins surgiu como resultado do cinturão verde e da faixa de contenção de urbanização, exercendo papel de equipamento guardião de seu entorno mais próximo, respeitando o primeiro princípio ambiental urbanístico desenvolvido para o território. O território sede o lugar. O equipamento protege o mesmo. Pela necessidade em criar e fortalecer atitudes e posturas de responsabilização e preocupação com o território e, de atender crianças (3 a 5 anos) no período pós-escola, mantendo-as sobre 124

a guarda de tutores, haja visto a falta de equipamento educativos na área e a marginalização do local, o projeto almeja incentivar vivências que incorporem o cotidiano, desenvolvendo atividades voltadas à preservação dos recursos naturais e o fortalecimento de hábitos e comportamentos de respeito ao campo e ao meio ambiente. A educação está determinada pelo contexto onde ocorre. Destaca-se o papel fundamental da participação direta das crianças em todo o processo: produção de mudas, plantio, cultivo, colheita, técnicas de conservação e manuseio dos alimentos, preparo, aulas de reeducação alimentar e consumo. Dessa forma, almeja à conscientização da criança, da família e da comunidade desenvolvendo um novo pensar e agir. A democratização do espaço externo permite a livre circulação da comunidade dentro do projeto, oferecendo e estimulando a participação como um todo.

09. Projeto Navegar por Maria Clara de Oliveira Calil O Projeto Navegar é um espaço onde a comunidade, que já produz seus próprios barcos, podem aprimorar suas técnicas e conhecer novas formas para construí-los, além de praticar esportes ligados à água, como o remo e vela. Desta forma, o projeto almeja, a partir desta identidade local, a criação de laços entre a comunidade que aumente o sentimento de pertencimento, e que juntos possam sonhar e descobrir uma identidade para embarcação do Jardim Vera Cruz.

10. Casa Atemporal por Maria Kathelijne Vrolijk A Casa Atemporal é um espaço intergeracional onde idosos e crianças, que não têm teto ou nada além disso, são abrigados. O projeto almeja incentivar a troca de vivências entre diferentes gerações oferecendo um espaço de acolhimento diário. Deste modo a casa contribui na valorização do idoso, que, no imaginário comum, ainda é muito marginalizado e na formação das crianças, dado que na área estudada há uma grande carência por creches. Além disso há um abrigo para aqueles que não possuem mais lar e desejam criar novos laços. Pois, afinal de contas, a união intergeracional é o encontro das duas pontas da mesma linha.

11. Pátio das Expressões por Paloma Rodrigues O pátio das expressões é um espaço que visa a integração entre as expressões do homem e da natureza, mais especificamente a integração de cada gesto gerado por ambos. O projeto visa estimular uma relação harmoniosa entre homem e território, este qual necessita ser visto e sentindo para que através da conscientização ambiental de que a natureza é necessária para a existência, passe a ser preservado e adorado. Além disso é um lugar de contemplação e lazer que por estar em um vazio em meio a densa natureza foi carinhosamente chamado de pátio, pátio das expressões.

Portanto, é um projeto gentil, que tem como intenção a afetiva relação, nada mais do que gerar possibilidades, de uso, de estar e de ser, ser o que é de fronte a si mesmo.

12. Centro Político por Pâmela Rodrigues Castro As inquietações que deram origem ao projeto nascem das vozes do território. Um lugar desacreditado na política partidária, mas que faz política no grito; distante de políticas públicas urbanas, mas que cria suas próprias alternativas, sobrevivendo em meio ao caos. A escolha do tema do projeto partiu, então, dessas observâncias e pelo entendimento da política como algo inerente ao homem, exclusivamente público e, extremamente necessário. A linha que conduz o estudo e o desenvolvimento do projeto pauta-se nas relações urbanas e coletivas, e no próprio indivíduo como ser pensante, empoderado e formador de opinião. O centro político, é então, espaço de escuta e fala, espaço público por natureza, buscando naturalizar as discussões políticas e sociais

13. Farol da Comunidade por Patricia Corrêa Desenzi O Farol da Comunidade existe para que a subjetividade de cada indivíduo periférico seja reconhecida, exaltada e fortalecida.

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Para lembrar que a favela sente e pensa. Através de seu programa, procura oferecer acompanhamento terapêuti co, ati vidades preventi vas a saúde mental e emocional além de tratamento especializado no caso de patologias diagnosti cadas. O projeto é um facilitador de encontros, para que as dores e afl ições, antes encobertas pelo dia a dia, sejam desvendadas e dividas. Aumentando a empati a e o senso de comunidade. Proporcionando um desenvolvimento mais saudável do um e, consequentemente, do todo.

14. Sobre Trilhos por Priscilla Franco Guadaguini O Projeto Sobre Trilhos contempla três momentos no cenário urbano em que, tanto a micro com a macro acessibilidade, são resolvidas através de infraestruturas a base de trilhos. A localização do projeto, assim com a sua essência, apoia-se em um conjunto de diretrizes estabelecidas anteriormente no projeto urbano da área. A parti r deste conjunto de aspectos o projeto nasceu e se desenvolveu com o objeti vo de incluir, no âmbito da cidade, do ponto de vista social e espacial, a população não apenas do Jardim Ângela, mas da região sul da megalópole de São Paulo como um todo. Unindo técnica e função. Na difi culdade que as periferias encontram, hoje, para se deslocar até o centro, comercial e econômico, está implícita uma ditadura capitalista que barra e exclui do seu espaço (e processo) todos aqueles que não lhe convém. 126

Portando, este projeto vai na contramão dessa realidade imposta: fazer-se-á fl uir, com efi ciência e qualidade, os meios de transporte, em suas variações de escala apropriadas, até onde de fato as pessoas precisam estar, diariamente.

15. Atravessado por Raissa Gatt era Begiato Uma linha desenhada. Conexão. Uma ligação singela de dois pontos, um caminho da permanência. Costura de um todo, plural como o meio. Um todo capaz de se reconhecer como parte. Risco enquanto ação, caminhar como parte do processo de pertencimento, como forma de intervenção urbana. Entendimento de que esse espaço, um espaço do entre, um meio-lugar, também é um espaço de possibilidades e descobertas. Porque no fi m, o que é arquitetura se não um ato de coragem capaz de começar com uma primeira e singela linha?

16. Píer do Sol por Vivian Helena Peronti Procópio Píer do Sol, assim denominado por sua implantação permiti r observar tanto o nascer quanto o pôr do sol. É um projeto de um espaço multi uso, que vai desde um lugar passagem, com a chegada de pessoas e mercadorias, até a permanência, onde as pessoas poderão aproveitar a paisagem e estar em contato com a natureza e com a Represa Guarapiranga, um elemento muito importante para o local, como também para toda a cidade de São Paulo.


I AÇÕES I

FÓRUM DE AMIGOS DO FUNDÃO sEMINÁRIO: “AS ÁGUAS E A COMUNIDADE: O QUE FAZER?” Produção de cartazes, colaboração na organização, convite a participantes e apresentação dos trabalhos acadêmicos dos trabalhos finais de graduação de 2016 e 2017 no Fórum de Amigos do Fundão.

Os projetos de arquitetura buscaram a materialização de enfoques, representações e registros não só de práticas sociais, mas também de memórias coletivas, apontando para posicionamentos de resistência capazes de costurar novas relações com o espaço construído e natural no sentido de consubstanciar propostas efetivamente realizáveis que são ofertadas como conhecimento à comunidade somáveis aos saberes locais de onde os próprios projetos partiram, seja com respeito ao programa, aos sistemas construtivos como ao agenciamento no território. Tal direcionamento gerou também atuações efetivas no território, da micro escala local à sistêmica, articulando essas possibilidades como horizonte possível, vislumbrando reflexão crítica e a proposição efetiva e, em certa medida, um apoio aos modos e formas de articulação da parceria academiacomunidade-poder público como modelo de participação comunitária para o fortalecimento dos sistemas de estabelecimento de programa de necessidades, projetos realizáveis e colaboração à gestão territorial. A seguir apresentamos exemplos das atividades executadas ou em execução, tendo como premissa sua continuidade desde a realização dos trabalhos finais de graduação do ano de 2016. 128

O Forum dos Amigos do Fundão é uma iniciativa periódica organizada por diversos líderes locais articulados para, por meio de um eixo temático a cada encontro, tecerem estratégias para avanço nas deliberações relativas às urgências e necessidades da região. O modelo acadêmico proposto pelos orientadores Antonio Fabiano Junior e Vera Santana Luz pressupõe, além do ensino estrito da atividade de projeto, realizar laços de colaboração e propostas de ações concretas no território, como uma forma de extensão voluntária em diversas escalas de atuação. Quando se trabalha com a vida de um território é essencial que, de alguma forma, as pessoas dessa comunidade sejam sujeito do processo de desenvolvimento e amadurecimento de diretrizes inerentes. É fundamental que as pessoas que vivem a realidade diariamente participem e opinem, pois é para elas que o projeto está sendo realizado. E é dessa vontade de querer fazer algo além do papel que nascem as ações deste trabalho. Ações efetivas no território. Para o território. No caso deste Seminário o objetivo foi participar do fortalecimneto da rede local e colaborar na construção coletiva de leituras e estratégias capazes de promover a adoção de práticas e iniciativas sustentáveis na região.

A elaboração dos cartazes para divulgação do evento, assim como a participação efetiva na apresentação deste estudo urbano foi a primeira ação. Uma forma de mostrar à comunidade o trabalho desenvolvido a partir do que o próprio território pedia. Uma forma de criar laços, de mostrar soluções, de abrir possibilidades. Uma maneira de mostrar como os espaços podem ser entendidos, reforçados e, em certos casos ressignificados, valorizando suas potencialidades e particularidades. De como podemos entender as potencialidades educativas desse território, de como articular soluções sustentáveis a ele e como considerar o potencial hídrico da região, de forma efetiva. Poder fazer parte desta ação, pensando em estratégias em conjunto, não só contribuiu para o trabalho, como também para a compreensão e aproximação do desenvolvimento integral da comunidade e daqueles que, de alguma forma, estão cativados por esse propósito.¹ O seminário ocorreu no dia 31 de Maio de 2017, no CEU Vila do Sol, no distrito Jardim Ângela, bairro Jardim Vera Cruz, objeto de estudo e projeto do trabalho final de graduação apresentado neste memorial. A organização foi feita pelo grupo Amigos do Fundão, em parceria com a Cidade Escola Aprendiz e colaboração dos professores Vera Luz e 129


Antonio Fabiano Junior – orientadores deste trabalho – na organização do programa e contribuição na seleção de convidados. [2] Contou com a presença de membros da comunidade do Fundão do Ângela, assim como a educadora Helena Singer, o arquiteto Tomaz Lotufo, o empresário André Graziano e Américo Sampaio, da Rede Nossa São Paulo. Foram apresentados os TFGs Trabalhos Finais de Graduação dos alunos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da PUC-Campinas de 2016 e 2017, orientados pelos professores Vera Luz e Antonio Fabiano Junior e, a convite dos mesmos, o Grupo Metrópole Fluvial, da FAU USP, coordenado pelo professor Alexandre Delijaicov. Ao final dos seminários ainda houve um encontro com os participantes, os líderes locais e a comunidade com o objetivo de levantar sugestões para um plano de ação local, fomentador das discussões nas próximas reuniões daqueles que estão lutando pelo futuro do Fundão. Foram estabelecidos eixos temáticos de: agricultura urbana, contando com a participação de professores da Fundação Getúlio Vargas e da Psicologia da PUC de São Paulo; mapeamento das micro-bacias com participação de alunos das escolas locais; discussões subsequentes para apropriação, uso e gestão do Clube Esportivo Náutico; instrumentos de defesa da área de proteção permanente da Represa do Guarapiranga declarada com DUP – Declaração de Utilidade Pública, com ingerências junto aos órgãos competentes. ¹ Ver Anexo I relacionando as ações realizadas ou em curso desde 2016 até a corrente data.

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Bienal de arquitetura - 2017 “Plantar na cidade é ato necessário. Necessidade de entender a nossa essência e de conversar com a nossa raíz. Plantar na cidade é ato humano. Se em um primeiro momento fazer um buraco na calçada na frente de casa parece pouco é porque isso é um início. Um início inacabado de uma ação sem fim. O gesto de sujar a mão com terra não flerta com grandes ações, ele está acima disso justamente porque é base. É o alicerce entre o homem e o lugar. A retomada do espaço público é vital para a construção de uma sociedade porque a luta pela rua é uma luta coletiva. Na rua somos seres público por essência. O que é cidade, senão o lugar onde qualquer moleque que está andando solto, pode descobrir o que quer fazer para o resto da vida? Não é em outro lugar senão na rua que o homem pode expressar seu encontro com o mundo.”¹ Por isso, no sábado, dia 25 de novembro de 2017, ocorreu o plantio de 40 árvores de espécies nativas da Mata Atlântica em área pública para criar espaço de estudo ambiental, convívio e sombreamento para o ateliê de artes e atividades comunitárias da escola Emei Chácara Sonho Azul. A ação teve como produto enviado a bienal registros fotogáficos e em forma de vídeo e foi coordenado por Profa. Dra. Vera Santana Luz e Prof. Ms. Antonio Fabiano Junior (Professores da Fau Puc-Campinas) com parcipação dos alunos do TFG de 2016 e 2017, amigos do fundão e alunos da Emei Chácara Sonho Azul (coordenação pedagógica do historiador Dr Antonio Norberto Martins e educadoras Shirlei do Carmo e Kelly Batista). ¹ Ver Anexo II relacionado a descrição da ação na Bienal

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I anexos I anexos i - ações realizadas ou em curso ação 01 Construção de forro acústico, em 2016, com isopor utilizado pelos alunos da faculdade para produção de maquetes

ação 03 Crowdfunding internacional em 2016 para arrecadar dinheiro para criação de ateliê de arte para a comunidade. Realizado pelas alunas: Laura Zura-Puntaroni e Matilde Valagussa em regime de coorientação da profa. Vera Luz de seu TFG da Politécnica de Milão com bolsa de estudos internacional. Trabalho em elaboração para publicação.

ação 04 Representação à Promotoria de Direitos Humanos e Habitação para preservação da área verde envoltória do território da Escola, área pública que hoje sofre processo de invasão permanente. ação 02/01 Máscaras de argila feitas no primeiro dia de aula do TFG de 2016 com o rosto de todos os alunos. Máscaras pintadas na última semana de curso do ano como ação coletiva.

ação 05 Fórum Amigos do Fundão | Seminário: As Águas e a Comunidade: o que fazer?

ação 02/02 Plantio de árvores em área pública, em Novembro de 2017, para criar espaço de convívio e sombreamento para o ateliê de artes da escola. As máscaras voltaram para a terra, sendo base para a plantação das mudas. escola

visualização das crianças para as copas das árvores

árvore

máscara

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proteção do sol para a lateral longitudinal da escola

Apresentação Jose Jailson, líder comunitário 8:30 . 9:00| Início de montagem de Mural de Ideias 9:00 . 9:10| Boas Vindas - Gestão do CEU 9:10 . 9:20| Boas vindas: Padre Jaime 9:20 . 9:30| A voz da Comunidade: Maria dos Anjos, líder comunitária 9:30 . 9:40| Abertura do Fórum: Norberto Martins, diretor EMEI Chácara Sonho Azul 9:40 . 10:20| Projeto e Ação: TFGs no fundão do Jardim Ângela 2016/2017 sob orientação de Vera Luz e Antonio Fabiano Junior 10:20 . 11:00| Metrópole Fluvial: grupo de pesquisa do LabProj sob coordenação de Alexandre Delijaicov 11:00 . 11:30| Cidade Educadora: diálogos para somar. Helena Singer e Natacha Costa, Cidade Escola Aprendiz 13:00 . 13:30| Experiência no território: Pedra Verde Ambiental, André Graziano 13:30 . 14:00| Plano de Metas: como acompanhar? Américo Sampaio, Movimento Nossa São Paulo 14:00 . 14:10| Apresentação de grupos de discussão e líderes locais, Norberto Martins, diretor EMEI Chácara Sonho Azul 14:10 . 16:00| Posicionamentos e direções. 133


ação 06 Produção Cartazes para Fórum Amigos do Fundão | Seminário: As Águas e a Comunidade: o que fazer?

ação 07 I pesquisa Pesquisa dos professores Antonio Fabiano Junior e Vera Luz junto à Fundação Vanzolini para determinação do Perfi l de Qualidade Ambiental do Clube Esporti vo Náuti co Guarapiranga segundo os indicadores técnicos do sistema AQUA-HQE visando a identi fi cação do grau de sustentabilidade do projeto e obra realizada como instrumento de fortalecimento do Clube em seu valor como conjunto arquitetônico e paisagísti co. Poderá servir como instrumento para a construção de gestão parti cipati va e solicitação de tombamento perante órgãos de patrimônio e apresentação de encaminhamento por enti dades como o Docomomo, futuramente. ação 08 I pesquisa, projeto e ato Pesquisa para realização de projeto de Wetland para tratamento de esgotos da EMEI Chácara Sonho Azul como sistema piloto exemplar a parti r do levantamento da micro bacia correspondente.

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anexos II - BIENAL DE ARQUITETURA 2017 Descrição da ação: Plantio de árvores de espécies nativas da Mata Atlântica em área pública para criar espaço de estudo ambiental, convívio e sombreamento para o ateliê de artes e atividades comunitárias da escola Emei Chácara Sonho Azul.

anexos IIi Visita ao Fundão - Jardim Vera Cruz Primeira visita dos alunos do TFG de 2017 ao Jardim Vera Cruz, ocorrida em 24 de Fevereiro, para conhecimento do território em percurso com líderes locais, com os quais tiveram o primeiro contato.

Justificativa: Plantar na cidade é ato necessário. Necessidade de entender a nossa essência e de conversar com a nossa raiz. Plantar na cidade é ato humano. Se em um primeiro momento fazer um buraco na calçada na frente de casa parece pouco é porque isso é um início. Um início inacabado de uma ação sem fim. O gesto de sujar a mão com terra não flerta com grandes ações, ele está acima disso justamente porque é base. É o alicerce entre o homem e o lugar. A retomada do espaço público é vital para a construção de uma sociedade porque a luta pela rua é uma luta coletiva. Na rua somos seres público por essência. O que é cidade, senão o lugar onde qualquer moleque que está andando solto, pode descobrir o que quer fazer para o resto da vida? Não é em outro lugar senão na rua que o homem pode expressar seu encontro com o mundo.

Programação listada: Data Horário Participação

Material Instrumentos para plantio Produtos para a Bienal

25 de novembro, sábado 10:00| Plantio. 14:00| enfeite da área com atributos feitos no ateliê de artes. comunidade; alunos da emei; alunos participantes do projeto; interessados via bienal. 40 árvores em mudas de pequeno porte, terra vegetal, adubo orgânico, máscaras de barro. sacos de entulho, enxada, pá curva, carrinho de mão, regador, pá manual. registro fotográfico e em vídeo.

Nome dos Autores: _____ Coordenação: Profa. Dra. Vera Santana Luz, Prof. Ms. Antonio Fabiano Junior. Professores da Fau Puc-Campinas _____ Emei Chácara Sonho Azul: coordenação pedagógica do historiador Dr Antonio Norberto Martins e educadoras Shirlei do Carmo e Kelly Batista. _____ Amigos do Fundão. _____ Alunos envolvidos: Barbara Titoto, Camila Pereira, Daiane Fontes, Diego Pereira, Flávia Carneiro, Gabriela Cardim, Helena Amaral, Paula Pereira, Branca Bacci-Brunelli, Gabriel Rios, João Gabriel Minosso, Mariana Amparo, Maria Rubio, Marina Franco Cintra de Almeida, Michelle Wakatsuki, Stephanie Ribeiro, Adriana Abdalla, Beatriz Michelazzo, Camila Borges, Danilo Maia, Gabriel Souza, Helder Ferrari, Isabelle Cocetti, Kaena Justo, Maria Clara de Oliveira Calil, Marjolijn Vrolijk, Paloma Rodrigues, Pâmela Castro, Patricia Desenzi, Priscila Franco, Raissa Gattera, Vivian Helena, Stephanie Rubia, Thaissa Ferreira, Laura Zura-Puntaroni, Matilde Valagussa.

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anexos IV

anexos V

Levantamento casa a casa Segunda visita dos alunos do TFG de 2017 ao Jardim Vera Cruz, ocorrida em 07 de Maio, para levantamento de dados de casa a casa da área do recorte do projeto urbano. A visita aconteceu novamente com a presença de líderes locais. O grupo também desenvolveu previamente uma base para o levantamento, subdividindose em 4 grupos dentro da área do recorte, cada qual responsável por analisar em seu respecti vo trecho: os usos, gabaritos, materiais construti vos, lajes e coberturas, presença de garagens, estágio da ocupação, casas em área de risco, vazios e áreas verdes.

Workshop com Marcos Acayaba O arquiteto Marcos Acayaba, convidado pelos professores orientadores deste trabalho, realizou workshop com os alunos no dia 20 de Setembro de 2017, na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da PUC-Campinas. A ati vidade se desenvolveu na parte da manhã com a apresentação do projeto urbano e no período da tarde com o arquiteto convidado assessorando alguns dos trabalhos de arquitetura.

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I CONSIDERAÇÕES FINAIS I

E assim foi a última em dezesseis. Dezesseis que formavam um, que representavam milhares. Que acreditavam, que sonhavam. E que por acreditar e sonhar, ajudavam. Dezesseis que viam milhares, ouviam milhares. A última de uma etapa que dá início a uma nova. A última que é também começo. A última que não é fim, porque deve continuar. Que precisa continuar. Que vai continuar. Em um, em dezesseis, em milhares. Porque os dezesseis não só acreditavam, sonhavam, ajudavam, viam e ouviam. Ainda acreditam, sonham, veem e ajudam. Porque os milhares sempre serão vistos e ouvidos pelos dezesseis.


I BIBLIOGRAFIA I [1] Para acesso pesquisa completa e aos estudos desenvolvidos pelo grupo Metrópole Fluvial FAUUSP, São Paulo, disponível em: www.metropolefl uvial.fau.usp.br/hidroanel.php, acesso em setembro de 2017. [2] Reportagem completa com acesso à vídeos das apresentações e discussões do fórum, disponível em: htt p://portal.aprendiz.uol.com.br/2017/06/01/fundao-angela-searti cula-para-defender-seu-patrimonio-socioambiental/ acesso agosto 2017 ou htt p:// periferiaemmovimento.com.br/no-extremo-sul-evento-debate-relacao-das-comunidadescom-agua/ acesso em junho de 2017. ALANO, José Alcino. Manual sobre construção e instalação do aquecedor solar com descartáveis. Santa Catarina, 2012. BUENO, Laura Machado de Mello; OLIVEIRA, Giovanna Orti z de. Assentamentos precários em áreas ambientalmente sensíveis. Portal Vitruvius, São Paulo, nov. 2010. Seção Arquitextos. Disponível em: htt p://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/10.114/9 , acesso em maio de 2017 . BUENO, Laura M. M. O tratamento especial de fundos de vale em projetos de urbanização de assentamentos precários como estratégia de recuperação das águas urbanas, em: ANAIS I: Seminário Nacional sobre regeneração ambiental das Cidades Águas Urbanas. Rio de Janeiro, 5 a 8 dezembro de 2005. CALDEIRA, Teresa Pires do Rio. Cidade de Muros. São Paulo: Editora 34. 2000 GRAÇA, João Luís Carrilho da; et. Al. Carrilho da Graça: Lisboa. Porto: Dafne Editora, 2015. IKEDA, Eloísa Balieiro. São Paulo – Paris Metrópoles Fluviais, ensaio de projeto de arquitetura das orlas do Canal Pinheiros Inferior, Córrego Jaguaré e Córrego Água Podre. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016. LAGRECA, Marta, SCHUTZER, José e FILARDO, Angelo. Habitação em áreas periféricas protegidas: os cuidados com o meio ambiente. in Habitação social: direito à arquitetura. São Paulo: ed. Projeto, 2005. LUZ, Vera; JUNIOR, Antônio Fabiano. Mundos e fundos. Portal Vitruvius, São Paulo, nov. 2010. Seção Arquitextos. Disponível em: htt p://www.vitruvius.com.br/revistas/read/ arquitextos/18.208/6741 , acesso em setembro de 2017. MACIEL, Marina. Sistema de Tratamento escológico recupera rios poluídos e cria jardins fl utuantes. Super Interessante, jun. 2014. Disponível em: htt ps://super.abril.com.br/ blog/planeta/sistema-de-tratamento-ecologico-recupera-rios-poluidos-e-cria-jardinsfl utuantes/ , acesso em setembro de 2017. PIANO, Renzo. A responsabilidade do arquiteto/ Renzo Piano: conversas com Renzo Cassigoli. São Paulo: BEI Comunicação. 2011.

obrigado, fundão.

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