O calor da rua: ensaios de uma cidade-escola

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O CALOR DA RUA



O calor da rua:

ensaios de uma cidade-escola

Helder Ferrari Orientação: Prof. Ms. Antonio Fabiano Junior

Banca examinadora:

Antonio Carlos Barossi Maria Eliza de Castro Pita

Pontifícia Universidade Católica de Campinas Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Trabalho Final de Graduação Campinas - Dezembro de 2017 calor da rua

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ERA UMA VEZ UMA CIDADE QUE POSSUÍA UMA COMUNIDADE, QUE POSSUÍA UMA ESCOLA. MAS OS MUROS DESSA ESCOLA ERAM FECHADOS A ESSA COMUNIDADE. DE REPENTE, CAÍRAM-SE OS MUROS E NÃO SE SABIA MAIS ONDE TERMINAVA A ESCOLA, ONDE COMEÇAVA A COMUNIDADE. E A CIDADE PASSOU A SER UMA GRANDE AVENTURA DO

CONHECIMENTO.

Texto extraído do DVD “O Direito de Aprender”, uma realização da Associação Cidade Escola Aprendiz, em parceria com a UNICEF.

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DEDICO ESTE TRABALHO a todos aqueles que passaram pelo ensino regular, em especial os da escola pĂşblica, que ainda seguem acreditando na possibilidade de se desenhar um mundo mais justo.

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A GRADEÇO:

À minha família, que sempre me apoiou para que eu continuasse nessa trajetória mesmo com tantos obstáculos. Aos meus amigos da faculdade, da GC, e do Intercâmbio, que sempre acompanharam, mesmo de longe, o percurso da graduação e os intensos trabalhos. Ao Antonio, orientador e amigo, por me guiar desde o começo da faculdade e me mostrar a beleza do mundo através de cada traço. À prof.ª Vera, pelas sábias palavras, respeito e comprometimento com o trabalho de cada aluno. Ao prof. Fábio Boretti, pela postura e profissionalismo, além de me orientar no Projeto de Extensão. À prof.ª Renata Baesso, pela oportunidade dada na Pesquisa de Iniciação Científica e permitir o aprofundamento do território acadêmico. A tantos outros professores da PUC-Campinas que trouxeram além de aprendizado, depositando em mim confiança e estímulo para continuar fazendo o melhor. À minha prima Jaqueline, que do outro lado do Oceano Atlântico, me ajudou e acreditou em mim. Ao Fernando Haddad, por ter criado o PROUNI, permitindo que nao só eu, como milhares de pessoas pudessem ter a oportunidade de ingressar em uma universidade. calor da rua

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S UMÁRIO

P.9 | APRESENTAÇÃO P.12 | A ESCOLA: SURGIMENTO E PROBLEMÁTICA P.15 |TERRITÓRIO-ESCOLA: A ESCOLA PERIPATÉTICA P.16 | A CRÍTICA AO MODELO PEDAGÓGICO TRADICIONAL

P.19 | FAZER A PONTE P.24 | EMEF AMORIM LIMA: A ESCOLA SEM PAREDES P. 26 | DO PAVILHÃO À CABANA

P.30 | CIDADE PARA PESSOAS: A ESCALA DA CRIANÇA

P.34 | O TERRITÓRIO: FUNDÃO E O JARDIM VERA CRUZ

P. 35 | OCUPAÇÃO TERRA PROMETIDA

P. 36 | OS DADOS | P.36 P. 40 | AS CALHAS VIÁRIAS: A RUA COMPARTILHADA

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“East-West/West-East” / Richard Serra. Imagem © Nelson calorGarrido da rua


O RECORTE | P.43 O VAZIO [MAPA DE EVOLUCÃO] | P. 46 FUNICULÌ FUNICULÀ | P. 54 MAPEAMENTO DA ESCOLA SEM FIM | P.57

O PARTIDO: A RUA CONVERTIDA EM PÁTIO | P.60 O PROJETO | P. 64 O MÓDULO MÍNIMO 3x3 EXPANSÍVEL | P. 82

MATERIALIDADE E CONSTRUCTO | P.84

METABOLISMOS - INFRAS | P. 90

CONSIDERAÇÕES FINAIS | P. 95

REFERÊNCIAS | P.97 BIBLIOGRAFIA | P.102

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Uma escola da experimentação para um aluno - sem luz cujos olhos brilham desde o primeiro segundo que viu a luz no mundo. Um abrigo para milhares de vozes em um lugar que poucos ouvem seus questionamentos. A retomada do espaço público é vital para a construção de uma sociedade porque a luta pela rua é uma luta coletiva. Na rua somos seres públicos por essência. O que é cidade, senão o lugar onde qualquer moleque que está andando solto, pode descobrir o que quer fazer para o resto da vida? Não é em outro lugar se não na rua que o homem pode expressar seu encontro com o mundo. Não é outro lugar se não na escola que cada criança deve expressar seu mundo para todo mundo. Antonio Fabiano Jr.

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A PRESENTAÇÃO:

Lá no fundão* tinha gente na rua, gente brincando, bola correndo, a chuva caindo... Eu vi uma quadra de futebol: o gol era feito com um par de chinelos de um dos meninos, daqueles de sola gasta, que um dia foi freio de carrinho de rolimã. Amanhã será o que a imaginação quiser.

A partir da leitura do território, o projeto surgiu junto a vários questionamentos enquanto espaço-lugar, uso e práticas da cidade contemporânea. Associar uma questão de urgência (escola) com os interstícios da favela, possibilitou encontrar meios de exemplaridade para a construção de espaços pedagógicos capazes de fortificar noções de comunidade e questionar práticas da pedagogia tradicional. A pesquisa em torno da Escola da Ponte (Porto, Portugal) foi fundamental para compreender e desenvolver os primeiros ensaios do que poderiam ser aplicados no território. Na Escola da Ponte assim como no "Projeto Âncora", - adotado por algumas escolas brasileiras -, o aluno é quem monta seu próprio plano de ensino e troca conhecimentos com alunos de outras idades, sem existir dentro desse conceito salas com carteiras enfileiradas e organização por séries. Dada à liberdade programática e possibilidade de articulação por meios conectores entre espaço escolar, cidade, e comunidade, a pessoa passa a se reconhecer socialmente e recebe parâmetros indutores capazes de estabelecer leituras que extrapolam noções dos saberes do homem racional. A ideia é fazer com que o programa educativo tome espaço na cidade e dê suporte para o entendimento do constructo utilizado neste trabalho, como uma possível solução de intervenção em diferentes territórios, dialogando, quando necessário, com outros programas e funções.

*Fundão: é o nome dado pelos próprios moradores à região localizada no extremo sul do Jardim Ângela, um dos distritos mais populosos e de maior vulnerabilidade socioeconômica da cidade de São Paulo. (fonte: http://www.cidadeescolaaprendiz.org.br/fundao-jardim-angela/) calor da rua

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NA CIDADE DE UM SOLO ESQUECIDO, OS Pร S PODEM V O A R ... Pรกg | 10

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Árvore Que me dê a respiração. (Yamile Gaviria, 7 anos) calor da rua

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A ESCOLA: SURGIMENTO E PROBLEMÁTICA

“Eu penso em escola como um ambiente onde se é bom aprender. As escolas começaram com um homem, que não sabia que era professor, discutindo suas percepções debaixo de uma árvore com uns poucos que não sabiam que eram alunos. Os estudantes refletiram sobre a troca de conhecimentos e sobre como era bom estar na presença desse homem. Eles esperavam que seus filhos também o escutassem. Em pouco tempo, espaços foram erguidos e apareceram as primeiras escolas. O estabelecimento de escolas era inevitável, porque fazia parte do desejo do homem. Nosso amplo sistema de educação, hoje investido 84 em instituições, é proveniente dessas pequenas escolas – o espírito do começo, porém, foi esquecido. As salas solicitadas por nossas instituições de ensino são estereotipadas e nada inspiradoras. As salas de aula uniformes, os armários alinhados nos corredores e outras áreas e dispositivos chamados funcionais, requisitados pelo instituto, são certamente ajeitados em pacotes organizados pelo arquiteto, que acompanha com atenção as áreas e seus limites orçamentários de acordo com o que foi solicitado pelas autoridades escolares. As escolas são boas para olhar; no entanto, são vazias em arquitetura, porque elas não refletem o espírito do homem debaixo da árvore. Todo o sistema escolar que se seguiu, desde o início, não teria sido possível se a origem não estivesse em harmonia com a natureza do homem. Pode-se também dizer que o desejo de existência da escola estava lá mesmo antes do homem debaixo da árvore.” (Kahn. In: Forma e design, 2010, p. 9) Segundo Kahn, a escola teria surgido a partir de uma reunião de pessoas em baixo de uma árvore, por meio de troca de conhecimento, sugerindo ainda uma potencial expansão educativa para com as pessoas que não estivessem ali presentes. Mas, além disso, Kahn demonstra que ao longo dos anos a essência do surgimento da escola foi cada vez mais se tornando obsoleta, distanciando o homem da natureza e impondo cada vez mais arquiteturas que repetiam moldes de um sistema estereotipado e que pouco se preocupava em pensar o próprio espaço como condutor da formação do ser humano. O alinhamento e a organização exacerbada em seu sentido de “ordem” só fundamenta o fato de que a própria arquitetura deve ser passível de mudanças conforme as práticas sociais e culturais, se desvencilhando de formas engessadas de conduzir seus processos, sejam eles pedagógicos ou não. A escola de hoje confunde escolarização com aprendizado. E mesmo que ambos estabeleçam relações, um não implica, necessariamente, no outro. É preciso compreender a legitimidade do conhecimento obtido fora da escola, tal qual o obtido dentro dela. O conhecimento pode se dar em qualquer espaço Pág | 12

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físico que possibilite situações em que o indivíduo se depare com seus interesses, problemas, desafios, medos e desejos. A ideia de aprender não deve se limitar ao espaço com alvenaria, parede, teto, cadeiras, mesa, professor, sinal, tabuada. Muito menos quando tudo está enfileirado, nomeado, separado em séries, segregado. Até que ponto vale a pena insistir em um modelo que não nos prepara para vida e sim para a lógica do vestibular? Aliás, nem para o vestibular somos preparados. O sucateamento da educação no Brasil, principalmente em escolas públicas, é alarmante. Essa configuração e dinâmica recorrente nas escolas da periferia não são revistas e continuamos a tratar um ciclo vicioso de mentes sem fomento, sem critério social e com pessoas que terminam o ensino médio com enormes lacunas no ensino. É fundamental que retomemos ao poder transformador e livre, porém sempre presente, da sombra da árvore. A essência da troca se mostra fundante para a construção de um cidadão. O termo cidadania tem origem etimológica no latim civitas - cidade e estabelece um estatuto de pertencimento de um indivíduo a uma comunidade politicamente articulada. Comunidade que atua como o calor da rua, morada do coletivo como descreve Walter Benjamin (BENJAMIN, 1994), mesmo em fundões esquecidos de cidades tão gigantes.

A palavra “escola” tem sua origem na Grécia antiga, com SKHOLE, que foi evoluindo até o Latim SCHOLA. Os termos de ambas as línguas tem o mesmo significado, “discussão ou conferência”, mas também significavam “folga, ócio”. Este último significado, no caso, seria um tempo ocioso onde era possível ter uma conversa interessante e educativa. calor da rua

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Crianças, jovens e adultos tribais um momento de aprendizado cotidiano. Aino Tuominem, 2011. (retirado de TFG – UFGM Dezembro 2016: Escola Peripatética Primeira Água – Foto: https://pixabay.com – Colono, Povos indígenas)

A Escola de Atenas, por Rafael. Pintada entre 1509 e 1511. Pág | 14

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T ERRITÓRIO-ESCOLA: A ESCOLA PERIPATÉTICA

Na Grécia Antiga, onde a cultura valorizava o ócio como uma oportunidade para a prática do exercício intelectual e da política, surgiram ciclos de discussão, ensino e debates como a Escola Peripatética de Aristóteles, fundada em c.366 a.C., no liceu em Atenas, durando até o século IV. Por não ser cidadão de Atenas, ele não tinha direito a propriedade onde pudesse estabelecer sua “escola”, sendo obrigado a proferir suas lições andando pelos corredores do templo de Liceu (Furley, 2003 p. 1141, tradução dos autores). Daí vem o termo peripatetikós, que significa “dado a caminhar ao redor, especificamente ao ensinar ou debater” (em Liddell, Henry and Scott, Robert. Greek-English Lexicon). Os ensinamentos eram compartilhados em espaços livres, caminhando enquanto lia e dava preleções, por sob os portais cobertos do Liceu, conhecidos como perípatoi, ou sob as árvores que o cercavam. Nesse sentido, o projeto se expande a fim de questionar os limites da escola e da educação, apostando em um conceito que diz respeito à leitura de toda territorialidade como fomento para discussão, aprendizagem, e fortificação de laços comunitários. Ainda hoje a cultura aristotélica é bastante estudada e relida para a realidade nos moldes da cidade contemporânea. É comum encontrarmos programas dentro das escolas que estimulem saídas e caminhadas para que se possam articular relações com o mundo exterior através dos muros. Entretanto, notoriamente muitas cidades não tem suporte ou infraestrutura adequada para permitir este tipo de ação. Tão pouco sistemas pedagógicos que visam uma ruptura no contexto tradicional dentro das escolas. É ai que o arquiteto urbanista entra como suporte: desenhar uma cidade para as pessoas e sua fase transitória de vida.

Espaço O espaço é o que sobra para se colocar. (Juan rafael Trelles, 10 anos) calor da rua

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A CRÍTICA AO MODELO PEDAGÓGICO TRADICIONAL

Antes de apresentar o modelo adotado pela Escola da Ponte, é preciso abrir parênteses para a pedagogia tradicional aplicada no Brasil. Como conhecido, a maioria das escolas atualmente opera num sistema dividido em séries. Primeiro temos a creche e a préescola para crianças de 0 (zero) a 5 (cinco) anos. (Após uma ementa de 2009 e conforme LEI Nº 12.796, DE 4 DE ABRIL DE 2013, a matricula escolar de crianças a partir dos 4 (quatro) anos de idade passou a ser obrigatória no Brasil.) Posterior a esta idade, a criança de 6 (seis) anos, que geralmente está na fase de alfabetização, entra no ensino fundamental. Após essa fase a criança passa por 9 (nove) séries, chamadas de primeiro, segundo, terceiro ano e assim por diante. As áreas do conhecimento são divididas por disciplinas como Matemática, Português, Ciências, Artes, Educação Física, etc. Quando a criança atinge uma idade próxima aos 14-15 anos de idade, no nono ano, segue para o ensino médio, aprofundando seus conhecimentos e completando o ciclo escolar. O modo de aprendizado é obtido através de salas individuais, com carteiras enfileiradas, um atrás do outro, voltadas à lousa com o professor que passa a conteúdo de cada matéria. Tudo muito próximo ao sistema de produção em série desenvolvido durante a revolução industrial. Cada ano lhe é cobrado um nível acima do ano anterior, de modo que o aluno deve domina-lo até o final do ano, quando chega o período de provas. Caso o aluno não obtenha um bom desempenho, entra em recuperação ficando um período a mais na escola para atingir a nota necessária. Em casos de escolas particulares, por exemplo, se o aluno reprova mais de uma vez,

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muitas vezes é convidado a se retirar. Esse sistema adotado, além de remeter-se a uma produção em serie, trata a idade escolar como algo igualitário, no sentido que todas as crianças que tem 8 (oito) anos de idade por exemplo, tendem a ter o mesmo grau de dificuldade em seus estudos. O que não é verdade. É necessário reconhecer a individualidade e potencialidades de cada indivíduo, para que este estimule suas habilidades, sejam elas de lógica, criatividade, cientifica etc. Seguir esse modelo tem como consequência a segregação das camadas sócio espaciais além de criar um grande afastamento entre o desenvolvimento desse indivíduo perante sua vida pessoal e profissional. Contudo é necessário abrirmos os olhos para a educação dentro das comunidades. É preciso entender que uma criança que é estimulada a estreitar laços comunitários transformará o seu olhar diante do espaço em que habita. Trazer essa mudança na ótica de quem sofre por um território esquecido é fomentar a esperança e dar oportunidades. Pois o homem da periferia só é reconhecido na cidade, se diploma possuir. “O centro é mais organizado. Aqui há brigas porque um está melhor vestido que o outro” “Muitos sentimos o preconceito por morar aqui. Não é falado diretamente, mas está ai. As pessoas acham que temos menos capacidades” (retirado de: relatórios da 1ª etapa do programa Passagens Jardim Ângela)

Colégio

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Casa cheia de mesas e cadeiras chatas. (Simón Peláez, 11 anos)

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Poesia

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Expressão de reprimidos. (Eulalia Vélez, 12 anos) calor da rua


F AZER A PONTE

A Escola da Ponte é uma instituição Pública de ensino e está localizada na vila de Aves, no distrito do Porto, Portugal. Foi em 1976, com apoio da comunidade, que o programa educativo “Fazer a Ponte” começou sua construção, sendo hoje referência mundial. O que a faz ser diferente é sua não adoção ao modelo de salas, séries ou ciclos. Os estudantes tem autonomia para se organizarem em grupo independente da idade, se relacionando conforme afinidade, abordagem e identificação quanto ao assunto que tem mais domínio/interesse. A organização pedagógica e o processo individual de cada estudante passam por três etapas: iniciação, consolidação e aprofundamento. Na fase da iniciação o aluno recebe tutorias com maior frequência e passa a compreender melhor o funcionamento desse sistema, assim como entender a importância do coletivo e do esforço individual que terá que desenvolver para cumprir seus trabalhos. É nessa fase que o estudante ainda está em processo de alfabetização. Na consolidação, o estudante não tem tanto acompanhamento dos seus tutores e transitam com maior frequência pela escola, passando maior tempo nela e gerindo de forma autônoma o currículo nacional destinado ao 1º ciclo do ensino básico. Ainda nesta fase, são capazes de trabalhar em grupo, efetuar pesquisas, se auto avaliarem, além de dominar um número de objetivos nas diferentes áreas do currículo, referente ao que é definido em Portugal como ensino Básico. No núcleo de aprofundamento, as crianças e jovens adolescentes estão preparadas para ingressarem ao que seria equivalente ao 2º ciclo do ensino básico. Passam a gerenciar melhor suas atividades coletivamente além de desenvolverem projetos de extensão, pesquisas e de pré–profissionalização. Este ultimo processo, permite que os estudantes tenham total autonomia para dinamizar seu horário de trabalho em relação a cada recorte de estudo abordado. O que faz o estudante transitar de um núcleo para o outro é o nível de autonomia dentro desse processo. A qualquer momento o aluno que esteja preparado pode avançar no nível de consolidação para aprofundamento. Essa aprovação é feita mediante observação dos tutores junto ao aluno através de avaliações que podem ser desde provas escritas, orais, ou outro meio de avaliação decidido entre ambas às partes. A grande chave desse método adotado pela Escola da Ponte está na heterogeneidade à medida que os alunos se relacionam para estudar temas em comum, orientados pelo seu tutor. Este os auxilia num plano de trabalho durante 15 dias. Se ao final o resultado for satisfatório, aquele grupo é desfeito e um novo é formado para estudar outro tema e outra abordagem. Os estudos ocorrem em pavilhões com mesas em calor da rua

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dimensões adequadas para que se possa trabalhar sempre em grupo, amparados por computadores e acervo bibliográfico para pesquisas. Os alunos são orientados para recorrer ao orientador somente quando tiverem esgotado seus meios de pesquisa. A ideia permite ainda que os próprios orientadores se espalhem pelos espaços auxiliando os alunos quando necessário, fazendo com que os próprios tutores também estabeleçam relações de trabalho entre eles no momento de educar. A escola é dividida em três saberes, e cada saber é praticado em determinado espaço chamado pavilhão. O primeiro pavilhão é o de estudos das dimensões linguística e indenitária. O segundo, dimensões naturalistas e lógico-matemática e o terceiro, dimensões artísticas. Mesmo que os espaços estejam direcionados para cada tema abordado e pesquisas em grupo, o aluno pode permear a escola para praticar esse estudo em qualquer local. Cada aluno tem a flexibilidade na decisão de como será feita sua avaliação com o tutor orientador. Além de seu plano de estudos a criança é incentivada a produzir um plano diário para que estabeleça metas quanto ao conteúdo de estudo escolhido. Isso faz com que seu processo de autonomia seja explorado e a mesma consiga pontuar suas habilidades e dificuldades. Ao considerar que já tem domínio em certa condição do processo pedagógico, o aluno escreve numa folha chamada “eu já sei”, afixada no mural da sala. Desse modo o professor consegue controlar quem, teoricamente, está preparado para passar pela avaliação, direcionando-se ao aluno para alinhar qual o melhor método de avaliação segundo a ótica do próprio aluno. Além desse método, existe outra lista chamada “eu preciso de ajuda”. Essa lista serve para que outro aluno ou o tutor possa ajudálo com o assunto que está tendo dificuldade. Esse método acaba por estimular a interação dos alunos, fazendo com que um estudante que tenha dificuldades em matemática possa receber ajuda de outro, que pode retribuir auxiliando alguém que tenha dúvidas sobre língua portuguesa por exemplo. Esse modelo adotado respeita a capacidade e o tempo de cada indivíduo, diferentemente de escolas tradicionais, que criam aulas especiais para alunos que estejam “atrasados”, sem compreender as habilidades, estímulos e ritmo de cada pessoa.

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INICIAÇÃO ALFABETIZAÇÃO

- A CRIANÇA RECEBE TUTORIAS COM MAIOR FREQUÊNCIA - INÍCIO DO PROCESSO PEDAGÓGICO - FASE DE ACOLHIMENTO

CONSOLIDAÇÃO 1º CICLO DO FUNDAMENTAL

- MENOR QUANTIDADE DE TUTORIAS - DISPOSIÇÃO DE TRABALHOS EM GRUPO - ALUNOS TRANSITAM COM MAIOR FREQUÊNCIA PELO AMBIENTE ESCOLAR

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APROFUNDAMENTO 2º CICLO DO FUNDAMENTAL

- AUTONOMIA REFERENTE À CARGA HORÁRIA DE ESTUDOS - PODEM SE ENVOLVER EM PLANOS DE PESQUISA E PROJETOS DE EXTENSÃO

Professor É uma pessoa que não se cansa de copiar. (María José Garcia, 7 anos) Pág | 22

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E MEF AMORIM LIMA: A ESCOLA SEM PAREDES

A EMEF Desembargador Amorim Lima é uma instituição pública municipal, localizada na Vila Gomes, na zona Oeste de São Paulo. Foi a partir de 1996, com a chegada de Ana Elisa Siqueira, atual diretora, que a escola passou por transformações que trouxeram uma nova relação pedagógica ao local. Visto que na época, a escola passava por muitos problemas de evasão, buscou-se medidas junto à comunidade para que os alunos ficassem dentro da escola o maior tempo possível. Nessa época, os alambrados que dividiam o pátio foram derrubados e a sala da diretoria deixou de ser um espaço de ameaça para sempre estar de portas abertas. O papel das famílias e da comunidade foi fundamental para a construção da nova pedagogia. A escola passou a ser aberta aos sábados oferecendo oficinas de capoeira, teatro, cultura brasileira e educação ambiental. Em 2002 houve uma reunião com os pais para que se pudessem discutir meios de melhorar o nível de aprendizado e de convivência na escola e em 2004 o projeto da Escola da Ponte foi incorporado, aprovado pela Secretaria Municipal de Educação. O grande estopim que afirmou a nova mudança aconteceu com o derrubamento das paredes que dividiam as salas, transformando-as em grandes pavilhões. Diferente da Escola da Ponte, a EMEF Amorim Lima ainda rege o sistema de séries, entretanto os pavilhões podem abrigar crianças de anos diferentes permitindo que elas trabalhem umas com as outras. A escola conta com um público muito diverso de diferentes classes sociais, e isso é decorrente do próprio contexto urbano onde a escola está inserida. Muitos pais com alto grau de escolaridade acabam se interessando pelo método abordado e apostam na matricula de seus filhos na unidade. Isso faz com que a escola ganhe uma proporção muito grande em sua diversidade também de classes econômica/ social entre os alunos. Essa construção é importante do ponto de vista da cidade, pois é a própria reprodução diária da dinâmica existente de um fluxo urbano gerado por uma grande parcela da população, que a todo o momento lida com essas questões de segregação sócio espacial. A escola prova não só que medidas como a da Escola da Ponte podem resultar em grandes transformações mas evidencia a necessidade, ao menos, de pensar em novas políticas e experiências educacionais. Pág | 24

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D O PAVILHÃO À CABANA

Do estúdio de arquitetura equatoriano Al Borde, os Projetos Escuela Nueva Esperanza (2009) e Esperanza Dos (2011), merecem destaque também não só por possuírem um programa voltado à comunidade mas por imprimir no constructo a essência do território em que está inserido. Os dois projetos estão localizados em uma vila de pescadores em El Cabuyal, Manabí, Equador e remetem em sua arquitetura uma linguagem muito similar a das ocas ou cabanas indígenas. “Aqui em Cabuyal as pessoas vivem sem eletricidade, sem esgoto ou água corrente. As pessoas não usam dinheiro, não possuem empregos ou profissões. As pessoas não medem o tempo com relógios; não usam metros ou réguas. Aqui não há propriedade privada, nem instituições. A vida é simples: se estão cansados, dormem; se estão entediados, brincam. Eles ignoraram as fronteiras, a moral e os sapatos. Eles não precisam de deuses, leis ou graus. Satisfazem suas necessidades do modo mais óbvio: o mar e a terra são o supermercado e as árvores das florestas são os materiais para construir suas casas. Esta comunidade visa o progresso. Mas para eles, o progresso só é conseguido através do enriquecimento pessoal. Este enriquecimento não tem nada a ver com dinheiro, mas com entretenimento, tecnologia, jogos e compartilhamento. Decidimos fazer parte do projeto, compreendendo que o caminho para resolver os problemas é direto, sem intermediários.” (Trecho retirado de: https://www.archdaily.com.br). O projeto segue preceitos da Arquitetura Vernacular uma vez que nasceu de materiais oriundos do próprio território sem projeto prévio. A geometria aplicada à própria arquitetura serve de apoio ao método de ensino do professor, resultando um desenho que retoma a variação das construções locais respeitando a técnica e materiais da pequena cidade. A escola conta com auxilio totalmente voluntario de um professor que se mudou para vila há mais de 10 anos e pais da comunidade auxiliam no processo de alimentação, manutenção e aprendizado. [Consultar o documentário “Esperanzas”, disponível em: https://vimeo.com/111908559] Estudo Escrever com um lápis. (juan Miguel Mejía, 7 anos) Pág | 26

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“Fala-se exclusivamente do ensino dos conteúdos, ensino lamentavelmente quase sempre entendido como transferência do saber. Creio que uma das razões que explicam este descaso em torno do que ocorre no espaço-tempo da escola, que não seja a atividade ensinante, vem sendo uma compreensão estreita do que é a educação e do que é aprender. No fundo, passa desapercebido a nós que foi aprendendo socialmente que mulheres e homens, historicamente, descobriram que é possível ensinar. Se estivesse claro para nós que foi aprendendo que percebemos ser possível ensinar, teríamos entendido com facilidade a importância das experiências informais nas ruas, nas praças, no trabalho, na sala de aula das escolas, nos pátios dos recreios, em que variados gestos de alunos, de pessoal administrativo, de pessoal docente se cruzam cheios de significação. (...) Há uma pedagogia indiscutível na materialidade do espaço.” (FREIRE)

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“O espaço é um lugar praticado. Assim a rua geometricamente definida por um urbanismo é transformada em espaço pelos pedestres. (...) Deste ponto de vista, ‘existem tantos espaços quantas experiências espaciais distintas’”, (CERTEAU, M.)

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C IDADE PARA PESSOAS: A ESCALA DA CRIANÇA

Com o avanço acelerado das grandes cidades, os espaços de uso públicos foram sendo oprimidos, e quem sofreu com isso foram às próprias pessoas que sempre usufruíram desses locais. Ao crescer dentro de casa, nos primeiros anos de vida, nossa relação espacial é dada através do berço, da cama, do tapete e dos objetos envoltórios que compõem o espaço estimulando os sentidos do nosso corpo e nos apresentando um primeiro contato e noção de escala com o mundo. Quando vamos para a rua, as percepções se tornam mais aguçadas através dos cheiros, sensação térmica e ruídos urbanos provenientes da escala tão diversa e extensa. Sabe-se ainda que com o forte impacto do capital e processo industrial, o automóvel ocupou espaços da cidade que na verdade deveriam ser de uso para lazer, cultura, e atividades coletivas que dessem um novo significado ao espaço urbano. O resultado desse processo acabou por desenhar uma cidade insegura, segregada e pouco acolhedora. Mesmo a cidade projetada é carimbada por ruas que dão prioridade aos carros e desvincula o pedestre de sua percepção ao caminhar. A questão da mobilidade deve ser resolvida por meios alternativos de transporte coletivo de boa qualidade e não reproduzir paralelamente o fortalecimento do individualismo. A retomada dos prazeres cotidianos vividos na cidade aproximam relações de forma orgânica e imprevisível: Estar mais perto da natureza, reconhecer a dificuldade de atravessar uma rua, de chegar até determinado local, evidencia a condição pedagógica que a cidade tem a oferecer. Se a criança ou mesmo o adulto não se deparar com questões como essas numa relação direta, jamais teremos formadores de opinião com noção das problemáticas e da diversidade no mundo. Aprender na rua é ter a possibilidade de ver no outro algo que lhe chame a atenção e te faça refletir. Absorver uma cultura e trocar a partir dela novas experiências possibilita que aprendamos a partir da vivência das próprias questões. Contudo, o bloqueio existente entre a liberdade da criança ao caminhar pela cidade e a preocupação dos pais ao colocarem seus filhos em “caixas-casa”, “caixas-carro” é muito crítico. Sem falar das “caixas-shopping”. Com a ausência de espaços públicos que respeitem a escala da criança e ofereça qualidade para se brincar, correr, ler e estar, as pessoas acabam levando as crianças para “se divertirem” no pior lugar para a criança estar. Criança

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O que estou vivendo é criança. (Johanna López, 10 anos) calor da rua


"A função social do arquiteto é, antes de tudo, conhecer a maneira de viver do seu povo em suas casas e procurar estudar os meios de resolver as dificuldades que atrapalham a vida de milhares de pessoas. Para um arquiteto, o mais importante não é construir bem, mas saber como vive a maioria do povo." Lina Bo Bardi.

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LOCALIZAÇÃO | ÁREA DE INFLUÊNCIA

ZONA SUL JARDIM ÂNGELA REPRESA GUARAPIRANGA E BILLINGS

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LOCALIZAÇÃO AMBIENTAL

JARDIM ÂNGELA ABRANGÊNCIA AMBIENTAL REPRESA GUARAPIRANGA

LOCALIZAÇÃO ABRANGÊNCIA

ABRANGÊNCIA AMBIENTAL JARDIM VERA CRUZ REPRESA GUARAPIRANGA calor da rua

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O TERRITÓRIO: FUNDÃO E O JARDIM VERA CRUZ [consultar trabalho urbano]

O Fundão é o nome popular, atribuído pelos próprios moradores do Jardim Ângela, distrito de São Paulo localizado a extremo sul da metrópole. O nome se refere apenas a uma região do distrito, a mais direcionada a sul, distante do centro e com menos infraestrutura e oportunidades. Fundo, fun.do (adj) 1 Que não tem bom preparo; despreparado, fraco, ruim; 2 Que tem fundura ou profundidade; profundo. O território é carente de todas as infraestruturas básicas e possui grandes problemas ambientais, de mobilidade, déficit habitacional, educacional, entre outras questões. Através do trabalho urbano, procurou-se possíveis soluções e alternativas de desenho que respeitasse o pré-existente e dignificasse a vida da população residente no Fundão. A grande questão do território é sua própria implantação. Milhares de pessoas moram em cima das águas. O que nos faz refletir que a ação do homem cada vez mais corrobora para a resolução de problemáticas provocadas por ele próprio. Obviamente, existem diversos fatores que fogem da alçada do arquiteto urbanista, entretanto, para se fazer um bom projeto, é preciso compreender o histórico do local de estudo, ter domínio das questões físicas do território, bem como as resoluções e dinâmica entre as pessoas que usufruem daquele espaço. Neste caso, não podemos negar que o próprio tráfico é uma existência e um marco local. “O Jardim Ângela se tornou tristemente famoso quando foi qualificado nos anos 2000 como a região mais violenta do mundo pela ONU” (CIDADE EM MOVIMENTO, 2016). O Jardim Vera Cruz é um bairro interno do Jardim Ângela e está localizado a seu sul, sendo ladeado a leste pela Represa Guarapiranga. A Água é uma existência, assim como seu entorno de mata vigente. A luta entre ocupar e preservar é a grande questão do território, portanto mediador do trabalho urbano, o qual permitiu que a equipe encontrasse, em desenho, meios indutores para fosse estabelecido minimamente pontes de equilíbrio e respeito ao cenário apresentado. No Vera Cruz, mesmo que se consiga caminhar pelas ruas com a presença de líderes comunitários, faz-se saber a notória presença do tráfico que ocupa, administra, controla e produz esse aumento de habitações irregulares de forma descontrolada. Uma das questões levantadas por este trabalho foi se haveria a necessidade, dentro do contexto do programa educacional, da proposição de uma quadra de esporte, uma vez que existe um equipamento deste caráter no bairro de uso coletivo e público. Entretanto para usar, os moradores são obrigados a pagarem cerca de R$ 80,00 (oitenta reais). Quem cobra esse valor são os mesmos que controlam essas ações do bairro. Então, se implantar pode resultar em ocupação e poder de domínio do terceiro setor, porque não encontrar modos de reconhecer práticas do próprio meio físico como motes capazes de serem incorporados no ato do projeto afim de Pág | 34 calor da rua estabelecer posicionamentos de resistência a esta realidade?


O CUPAÇÃO TERRA PROMETIDA O projeto Ocupação Terra Prometida é uma existência que não pode ser ignorada. Está localizado a sudoeste do Jardim Vera Cruz e cada vez mais toma proporção. É reconhecido pela secretaria da cultura de São Paulo como espaço comunitário, apesar de estarem numa posição esquecida em relação à mesma. (SP CULTURA, 2017). O Espaço conta com habitações nos moldes mais simplórios feitas em de madeirite e telhas de fibrocimento. Os acessos para as casas são improvisados com caminhos tortuosos de terra batida ou tábuas de madeira, organizado por famílias que lutam diariamente por direito à moradia. A comunidade possui ampla organização em suas práticas e a área possui creche, horta comunitária, eventos, capoeira, atividades de recreação infantil e cinema. Fez-se importante a citação dessa ocupação para este trabalho visto que a pluralidade de práticas existentes é evidente, assim o projeto acolheria muitas crianças que aguardam vagas nas escolas. O programa educativo, da maneira com que foi desenhado também surgiu a partir da leitura dessas práticas, além do próprio conceito da ideia cidade-escola (Consultar neste trabalho: Corte conceitual do Vesúvio, que chega até a área da Ocupação / Nascente).

[4] calor da rua

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O S DADOS

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Gabriela, 10 anos

O caminho é longo, inseguro, cansativo e desagradável. Fico cansada e suada pelas subidas e ladeiras Da avenida (M'Boi Mirim) acho que as calçadas são ruins, fica difícil saber quando posso atravessar, os carros vão muito rápido, há muita poluição! Tenho medo que um automóvel me atropele e de que alguém faça uma maldade comigo. O que mais gosto é de ficar levando sol no campo, ouvindo o silêncio, a calma, levando vento. Gosto da escola porque aprendo coisas novas e fico com os amigos, porém é difícil me concentrar na aula, também é difícil aprender coisas novas. Quais queria aprender? as que a professora já sabe! E mais coisas sobre vulcões, universo, estrelas, meteoros... sobre ciência. Nos sábados e domingos com a família e amigos, vou no parque, na praça, na sorveteria. Nos lugares longe, de carro; os que ficam perto vou a pé e outros lugares de ônibus, perua ou também a pé. Dependendo do lugar, demoro entre 5 minutos e uma hora. Sinto falta de ter teatro e música no bairro.

Depoimento da Gabriela, 10 anos. Os percursos vividos. (retirado do relatório final "Passagens Jardim Ângela Caminho Escolar" do programa Passagens Jardim Ângela. IVM – Instituto Cidade em Movimento)

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A S CALHAS VIÁRIAS: A RUA COMPARTILHADA A partir do urbano, foram propostas três tipos de calhas viárias, as quais indicam padrões de mobilidade: Vias funcionais, que conta com a rota dos ônibus circulares, tal qual a necessidade de ampliação das calçadas. As vias verdes, estariam localizadas estrategicamente de acordo à topografia, contribuindo com a canalização da água da chuva, criando corredores permeáveis de vegetação. A terceira calha desenhada e adotada neste trabalho, sao as vias compartilhadas, com pavimento único tanto para pedestres, como bicicletas, tuktuk, ou eventuais passagens de carros emergenciais. Ainda nessa construção de paisagem, há o pressuposto do compartilhamento das garagens, que poderão ser utilizadas como elementos de “fachada ativa”, abrigando atividades para geração de renda e reestimulando as práticas dos ofícios esquecidos.

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Rua para pessoas

“Eu não quero tirar os meninos da rua, eu quero mudar a rua” - Tião Rocha

Polos de Cidadania

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Incentivo ao comércio em vielas

(CONSULTAR URBANO)

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O RECORTE

O Projeto o Calor da Rua, nasceu de um recorte estabelecido através do trabalho urbano. A etapa do Pré–TFG, tem como plano pedagógico o desenvolvimento de um projeto urbano em grupo. O levantamento nomeado Mapa de Abrangência [Mapa ao lado Pág 42] pontua equipamentos urbanos propostos e alguns existentes no Jardim Vera Cruz. No ponto destacado à sul, está um vazio urbano que tem como proposta, receber algum equipamento de programa educacional. Feita essa primeira pontuação, o Calor da Rua incorpora este vazio, assim como vazios remanescentes presentes na mesma via, chamada Rua Caminho da Servidão. O segundo mapa nas páginas 44 e 45, destaca os 16 projetos de arquitetura desenvolvidos também a partir da etapa urbana. O calor da rua está destacado pelo número 6.

Calor É uma coisa que faz a gente ver até o diabo. (Juan Esteban Buitrago, 9anos)

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O VAZIO [MAPA DE EVOLUÇÃO]

Determinado o vazio, foi feito primeiramente, um mapa de evolução da área para compreender seu processo de ocupação, bem como, interstícios remanescentes, relação topográfica, e o surgimento da nova via, Caminho da Servidão. Com este estudo, comprovou-se a dificuldade de implantação na área, devido a declividade acentuada bem como a proximidade com áreas alagadiças à sul, beirando um dos ramais do leito do rio. Ao longo do tempo, com o surgimento da rua, as curvas foram sendo assentadas conforme configuração de novas passagens. Percebese ainda, que a área do entorno a este vazio, principalmente à sudoeste, foi uma das últimas áreas do Jardim Vera Cruz a ser ocupada. [As imagens abaixo foram retiradas do software Google Earth Pro através da ferramenta de linha do tempo. Sem escala.]

Vazio Sem ninguém dentro. (Mauricio Osorio, 7 anos)

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2002


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2008

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2009


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2012

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2016

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DO VAZIO CONTIDO AO VAZIO QUE SE E S P R A I A...

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F UNICULÌ FUNICULÀ Historicamente, o funicular do monte Vesúvio na região de Nápoles, Itália foi construído com o intuito de alcançar o topo do vulcão comodamente para que se pudesse apreciar a bela vista. Entretanto com o passar dos anos, o funicular passou a ficar obsoleto e as pessoas voltaram ao antigo costume de subir a pé. Inserido no projeto, o funicular é desenhado como elemento urbano a fim de responder às demandas locais e da cidade, sem se restringir ao uso do perímetro de ação do projeto. Ele liga a rua compartilhada do projeto (Caminho da Servidão) com a próxima via onde passa o Ônibus Público. Seu desenho não tem como propósito a vista mas a operacionalização do uso cotidiano. A relação da metáfora com o monte Vesúvio se expande, associando o SOPÉ (parte mais baixa da montanha) com A RUA DA ESCOLA: RUA CAMINHO DA SERVIDÃO, o ponto mais alto quando se atravessa o funicular sendo o próprio VESÚVIO (neste ponto, leu-se novas oportunidades de transição entre “lotes” que possuem vazios com tamanhos notáveis e passíveis de atravessamento), e chegando à LAVA: a NASCENTE, nas proximidades da Ocupação Terra Prometida. Permitindo que a população deste último participe desse “Caminho escolar” sugerido neste trabalho. Além de criar um percurso até a nascente evidenciando a NATUREZA que ainda RESISTE, pretende-se firmar o conceito de que estamos falando de uma ESCOLA SEM FIM.

Poeta Alguem que descobriu algo no mundo. (Nelson Fernando Londroño, 9 anos) Pág | 54

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A LAVA

O VESÚVIO O FUNICULAR O SOPÉ

CORTE CONCEITUAL | RELAÇÃO ESCOLA - FUNICULAR - NASCENTE ESCALA 1.500



M APEAMENTO DA ESCOLA SEM FIM O módulo se expande para além da área em que está implantada no território. Propõem uma continuação da rede pedagógica através do módulo mínimo, suas possíveis implantações e soluções de expansão. Compreende-se que existem vazios com potencialidades e vocações para receber o módulo mínimo e intervenções de projeto que fortificam o conceito de uma cidade educadora. Assim, seria possível em outras áreas propor programas como educação infantil, ensino médio, técnico ou outro programa que melhor atender.

Distância A distância é algo que nunca se pode unir. (Jorge Alejandri Zapata, 12 anos)

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Sistema de vazios vocacionais | proposta do programa expansĂ­vel calor da rua


“Na periferia as pessoas ainda soltam pipa, vão para o campo de futebol, batalhas de rima, pista de skate, e bailes de diferentes ritmos, isso é ignorado pela educação, o que é uma pena.”

Shirlei do Carmo, moradora do Fundão e Educadora Infantil.

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O PARTIDO: A RUA CONVERTIDA EM PÁTIO

“As ruas são a morada do coletivo. O coletivo é um ser eternamente inquieto, eternamente agitado, que entre os muros dos prédios, vive, experimenta, reconhece e inventa tanto quanto os indivíduos ao abrigo de suas quatro paredes. Para esse ser coletivo, as tabuletas das firmas, brilhantes e esmaltadas, constituem decoração mural tão boa, ou melhor, que o quadro a óleo no salão burguês; os muros com “défense d’afficher” – proibido colar cartazes – são sua escrivaninha, as bancas de jornal, suas bibliotecas, as caixas de correspondência, seus bronzes, os bancos, seus móveis do quarto de dormir, e o terraço do café, a sacada de onde observa o ambiente. O gradil, onde os operários do asfalto penduram a jaqueta, isso é o vestíbulo. E o portão que, da linha dos pátios, leva ao ar livre, o longo corredor que assusta o burguês, é para ele o acesso aos aposentos da cidade. A galeria é o seu salão. Nela, mais do que em qualquer outro lugar, a rua se dá a conhecer como o interior mobiliado e habitado pelas massas”. (BENJAMIN, 1994, p.194). O projeto tem como partido o uso da rua como pátio da escola, a fim de descontruir a ideia de pátio central com salas separadas, tão recorrentes nos equipamentos educacionais. Além disso, a vida na rua na periferia é muito rica e permite que as crianças a ocupem, desenvolvendo brincadeiras e práticas que foram esquecidas, tomadas pelos tablets, smartphones e brinquedos eletrônicos. Através dos dados obtidos nos relatórios do programa Passagens Jardim Ângela (http:// cidadeemmovimento.org/) , ficou claro que grande parte da população participante dos caminhos escolares faz o trajeto casa-escola a pé, o que relaciona ainda mais o indivíduo com a escala da cidade. Desse modo, esse trabalho acredita que em um território já consolidado, suas práticas devem ser respeitadas e incorporadas ao projeto, de modo a compactuar com dinâmicas existentes e cada vez mais relacionando a arquitetura com as pessoas e a cidade.

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Espaço É quando não passam carros. (Milton Anderson Bedoya, 6 anos)

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“Em uma cidade a rua deve ser suprema. É a primeira instituição da cidade. A rua é um cômodo por convenção, um ambiente comunitário, as suas paredes são dos doadores, dedicadas à cidade para uso comum. Sua cobertura é o céu.” (Kahn. In: Lobell, 1979, p. 46) calor da rua

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IMPLANTAÇÃO calor da rua

ESCALAPág 1:500 | 65


O CALOR DA RUA

PAV. DIMENSÕES LÓGICOMATEMÁTICA E NATURALISTA.

PAV. DIMENSÃO ARTÍSTICA

PAV. DIMENSÕES IDENTIDÁRIA E LINGUÍSTICA

IDADE ESCOLAR CORRELATA

ALFABETIZAÇÃO

IDADE 6-7

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FUNDAMENTAL 1

IDADE 6-11

FUNDAMENTAL 2

IDADE 11-15

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O projeto começou a ser desenhado a partir de traços que se estendiam

das próprias edificações, a fim de seguir uma mesma lógica na configuração espacial, com a produção de espaços que não fugissem da escala local. Foi a partir dessa leitura que surgiu a ideia do módulo mínimo de 3X3 (estudouse a possibilidade de 5x5, mas este não atenderia a maioria das condições de muitos vazios urbanos). Todo o projeto é modulado por essa dimensão, inclusive o refeitório e a área da tutoria localizados na mesma rua. Para vencer uma encosta de 4 metros de desnível, foram necessárias gaiolas de agregados de restos de construção para contenção. Neste caso, o uso das gaiolas, assim como o corte aterro, são exemplaridades projetuais para que se pudessem contextualizar soluções passíveis de intervenção no território. A escolha de não tocar nas edificações e evitar grandes intervenções na topografia é o primeiro manifesto. Pois se o homem ocupou indevidamente uma área de mananciais, é nosso papel pressionar a inversão dessa lógica. Por isso foi projetado uma plataforma-deck que está a 40cm do chão em relação à rua. Essa simples distância não só afirma a intenção do projeto como também permite obter certa moderação entre as pessoas que estão “dentro” da escola. Além do que, é possível que pessoas consigam sentar e observar o que acontece nesse grande pátio, sentadas a esse chão que flutua.

Criado o nível do Deck, os espaços foram distribuídos por saberes, assim como na escola da Ponte. A saber: Pavilhão das Dimensões LógicoMatemática e Naturalista [ 1 ], Pavilhão de Estudos das Dimensões Artísticas [ 2 ] e o Pavilhão de Estudos das Dimensões Indenitária e Linguística [3]. Cada Pavilhão conta com mesas apoiadas nos pilares, pequeno acervo bibliográfico para consulta e pesquisas e lousas suspensas nas vigas compostas de madeira. Cada pavilhão é ladeado por uma pia urbana. Essas pias são tanto de uso da escola como da cidade. Ainda na cota da rua 761.00, foi implantado o funicular [12] de uso público, para vencer um desnível de 12 metros com a finalidade de conectar a rua do projeto com a rua que passa ônibus. Durante algumas visitas no Jardim Ângela, pudemos observar que existem algumas escadarias que cortam vazios para ligar duas ruas mas muitas vezes essas passagens são extremamente cansativas devido ao declive acentuado. Os banheiros [7] são coletivos e tendem a estender-se no conceito pedagógico pois a medida que o mundo avança em suas discussões, a calor da rua

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Arquitetura também precisa avançar e colocar o seu papel através do projeto. Entende-se que um banheiro coletivo dá margem não só para discussões de gênero, como também inclui esse tema de maneira didática no programa pedagógico. É o próprio espaço educativo, no seu sentido mais intrínseco. O trabalho trata disso: entender o espaço como elemento transformador, lugar que transcende a bagagem do conhecimento adquirido. A rua-pátio [8] é o ato que deposita no projeto a grande articulação das espacialidades. É a rua que media a transição e a possibilidade de se permear entre os pavilhões e os vazios defronte. Além disso, é um ato político, pois propõem a ruptura entre leito carroçável, passeio, faixa de rolamento. A escala é voltada para uso público, compartilhada e para as pessoas. A rua é da população, da música, do teatro, das brincadeiras, do folclore, da chuva, do vento, do som ao redor, do atuar enquanto indivíduo. A rua é o espaço do educar a sociedade. Defronte aos pavilhões, buscou-se a oportunidade de expandir o programa para outros vazios, articulando os espaços e reforçando a ideia de um edifício em explosão. No segundo vazio fez-se o anfiteatro [ 4 ], tirando partido da própria declividade, estruturando os bancos ora com gaiolas de agregados de restos de construção com uma ideia de deck sobreposto para sentar e se acomodar, ora deixando a própria vegetação rasteira aflorar como solução de drenagem e permitindo que a pessoa possa deitar se desejar. Na cota mais baixa há uma edificação e como proposta, desenhou-se a partir de um deck elevado, a ideia de se apropriar da empena para projeção de filmes, transformando o anfiteatro em um cinema-auditório. No terceiro vazio concomitante, projetou-se o refeitório [ 5 ], que recebe uma cobertura e segue a mesma modulação de 3x3, mas não possui fechamentos. A ideia é manter a cozinha e o refeitório aberto à comunidade. Esse espaço é convertido em espaço educador seja para experimentos, questões nutricionais ou da gastronomia popular. A mesa nasce da cota da rua e é possível andar sobre ela. Neste instante o projeto novamente predica mais um ato político: a rua em outra linguagem, a rua como chão que se espraia e vira mesa, objeto onde eu como, bebo e compartilho informações. No refeitório há a proposta de uma arquibancada onde eu posso sentar e estar em volta do fogo e da lareira* lugar onde o alimento é preparado. Pág | 68

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TE B

CORTE A

COR

S

758.75

758.00

CORTE C

760.25

5

6

S

4 760.25

S

761.00

761.00

761.00

RUA CAMINHO DA SE

RVIDÃO 761.00

762.00

761.00

O

REC

TA-T

CA

PROJEÇÃO COBERTURA

S

FUNICULAR

761.00

PROJEÇÃO COBERTURA

2 ECO

761.40

BE RA

RTU

761.40

1

3

Rampa i=8%

Rampa i=8%

7 7

EA RT CO

CORTE C

CORTE B

Rampa i=8%

PLANTA NÍVEL RUA 761 | ESCALA 1:250

761.00 PATAMAR

S

761.40

761.40

CO

S

ÇÃO

761.40

OJE

762.00

CORTE D

PR

-TR

TA CA

PATAMAR

761.40

ESCORREGADOR

S

761.40

Rampa i=8%

Rampa i=6%

COR


PÁTIO | RUA COMPARTILHADA

3.00

764.35

3.00

764.35

761.40

761.00 760.50

759.00

758.00

CORTE A-A: PAVILHAO DIM. ARTÍSTICA - AUDITÓRIO

ESCALA 1:125


No quarto vazio se implanta o espaço de tutoria [6], destinado aos professores, para que guardem seus pertences, façam consultas e pequenas reuniões periódicas. Na esquina dos pavilhões, revelou-se a partir de vários desenhos, o surgimento de uma rampa-sala. Que nasce da cota da rua 761 e se conecta à rua projetada no pavimento superior. A rampa está dentro da norma de acessibilidade assim como todo o projeto. O Cadeirante pode acessar o segundo nível seja pelo funicular ou pela rampa-sala. Há a viabilidade de se atingir as cotas através das rampas ou das escadas que se encontram com os mesmos patamares intermediários. Ao atingir um dos patamares intermediários a pessoa tem a oportunidade de parar e estudar em uma bancada observando a cidade. Há ainda neste espaço a proposta de um equipamento lúdico: trepa-trepa feito de pneus, atingindo uma outra camada do processo, deixando livre para que as crianças possam subir de uma rampa para a outra. Os usos dos pneus se estendem também em alguns balanços pendurados nas vigas. Transformando um elemento do carro como reaproveitamento de atividades voltadas para a escala da criança.

*Lareira: A palavra vem do nome dos deuses romanos Lares, que protegiam cada família em sua casa e eram simbolizados pelo fogo aceso em cada domicílio. Etimologicamente, a palavra Lareira também está relacionada a palavra LAR. A lareira reforça a escala para quem estamos projetando, e também a própria escala do constructo pré-existente.

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A rua projetada é uma linha tênue entre a oportunidade de se sonhar e construir coletivamente. É poder dar a oportunidade de se deslocar. Poder voar num solo ainda esquecido. Para dar acesso aos pavilhões e ao mesmo tempo garantir a permeabilidade da escola e da cidade bem como a relação com o funicular, projetou-se uma rua de acesso no pavimento superior, cota 764.35. A rua se eleva do solo com um desenho de deck e distribui o fluxo aos três pavilhões, banheiro superior e acesso à segunda parada do funicular. Também possui determinadas solturas em relação a edificação proposta e não encosta na pré-existente. Entende o afloramento da natureza do território e configura um desenho que evidencia essa potencialidade. No Pavimento Superior dá-se o acesso aos mezaninos dos pavilhões [11]. No pavilhão das Dim. Indenitário e Linguística propõem-se redes de trapézio para que a pessoa possa deitar, ler e compartilhar informações com outros alunos. Algumas bancadas-mesas se encaixam entre os vãos dos pilares e se voltam para o externo, permitindo o contato visual entre a rua projetada e quem está do lado de dentro. Quando há o vazio com pé direito duplo, para se atravessar, foi desenhada uma ponte em grelha metálica. Enfatizando os momentos internos do desenho: vazio mezanino, piso de deck, rede de trapézio. No Pavilhão Central das Dim. Artísticas, o elemento articulador do espaço é a arquibancada-biblioteca. Ao mesmo tempo em que é escada, serve de estante para o acervo bibliográfico. Assim como é possível sentar e observar a rua e possíveis apresentações. Foi desenhado que metade da arquibancada possa ser removível e tome as ruas e espaços públicos. Este pavilhão ainda conta na sua cota térrea com porta-trecos na fachada: Gavetões de depósito de lixo reciclável seco. Através desse material é possível criar brinquedos, mobiliários, esculturas, etc. O terceiro pavilhão é o das Dim. Lógico-Matemático e Naturalista. Neste, devido ao seu layout interno ser dividido por dois mezaninos, a ideia foi justamente destinar esses dois espaços para a sala de acolhimento e sala de administração e serviços vinculados à secretaria [10]. Na sala de acolhimento, ou sala primeira-vez [9], o aluno que chega pela primeira vez, é orientado sob a perspectiva do plano pedagógico oferecido e há um preparo inicial para que o mesmo se sinta instruído e confortável para lidar com questões coletivas.

Corpo É como uma coisa que anda em alguém. (Andrés David Posada, 6 anos) Pág | 72

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TE B

CORTE A

COR

CORTE C

758.00

4

761.00

761.00

RUA CAMINHO DA SE

RVIDÃO

8 9

PROJEÇÃO COBERTURA

PROJEÇÃO COBERTURA

761.00 S ÇÃO CO

764.35

RA

RTU

BE

761.40

OJE

PR

11

762.00

S

S

761.40

ESCORREGADOR

762.00

Rampa i=8%

11

9

764.35

10

764.35

764.35

764.35

S

761.00

S

761.85

762.70

Rampa i=8%

764.35

764.35 763.55

764.35

764.35

Rampa i=8%

S

S

8 CORTE B

7

CO

RT

EA

P2

CORTE C

CORTE D

12

PLANTA NÍVEL RUA PROJETADA 764.35 | ESCALA 1.250

CORTE


PÁTIO | RUA COMPARTILHADA

3.00

3.00

3.01

3.00

764.35

3.00

3.00

3.00

3.00

3.00

3.00

764.35

762.00 761.40 761.00

761.00 760.25

758.75

CORTE B-B: PAVILHAO DIM. LÓGICO MATEMAT. - REFEITÓRIO

ESCALA 1:125


ACESSO AO FUNICULAR

PÁTIO | RUA COMPARTILHADA

3.00

3.00

3.00

764.35

762.00

CORTE C-C: FUNICULAR E APOIO TUTORES

762.40

ESCALA 1:125



PAV. DIM. INDENTIDÁRIA E LINGUÍSTICA

3.00

3.00

3.00

3.00

3.00

764.35

PAV. DIM. ARTÍSTICAS

3.00

3.00

3.00

3.00

PAV. DIM. LÓGICO-MATEMAT. E NATURALISTA

3.00

764.35

3.00

3.00

3.00

764.35

3.00

764.35

3.00

3.00

3.00

764.350

763.55 762.70 762.00

761.85 761.40

CORTE D-D: PAVILHOES DOS SABERES

761.40

761.40

ESCALA 1:200



"Você recebe uma ordem da diretoria da escola que diz "temos uma grande ideia. “Nossa escola não deveria ter janelas, porque as crianças precisam de espaço na parede pra pendurar suas pinturas, e também, janelas podem distrai-las do professor.” Agora, que professor merece tanta atenção? Eu gostaria de saber. Porque afinal, o pássaro lá fora, a pessoa procurando abrigo da chuva, as folhas caindo das árvores, as nuvens passando, o sol penetrando: são todas grandes coisas. São lições em si mesmas. Janelas são essenciais para escola. Você é feito da luz e, portanto, você deve viver com a nação de que a luz é importante- Tal ordem da diretoria dizendo qual o sentido da vida deve ser resistida. “Sem luz, não há arquitetura.” Louis Kahn. calor da rua

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Céu De onde sai o dia. (Duvián Arnulfo Arango, 8 anos) calor da rua

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O MÓDULO MÍNIMO 3x3 EXPANSÍVEL

VIGA 6/16

VIGA COMPOSTA

PILAR COMPOSTO

SARRAFOS DE MADEIRA

BASE CILÍNDRICA DE CONCRETO Pág | 82

VIGOTAS calor da rua


EDIFICAÇÕES

O MÓDULO MÍNIMO 3X3

PRÉ - EXISTENTES 3m 3m

3m 3m Leitura média variável das “testadas” das edificações existentes

POSSIBILIDADES DE IMPLANTAÇÃO

TOPOGRAFIA PLANA

ÁREAS DE ENCOSTA OU DECLIVE calor da rua

CORTE / ATERRO E MURO DE ARRIMO [UTILIZADO NESSE TRABALHO]

MÓDULO FLUTUANTE Pág | 83


M ATERIALIDADE E CONSTRUCTO “Duas pessoas conseguem carregar uma viga que vence uma malha estrutural de 3 metros”. Os pilares são de madeira compostos, permitindo que com a viga 6/16 se resolva inclusive a construção deste elemento estrutural. As vigas também são compostas, permitindo que o projeto ganhe novas dimensões e seja possível pendurar as lousas, prateleiras de livros, trabalhos expositivos, etc. Esses pilares são apoiados em bases cilíndricas de concreto que estão fixadas ao solo. Como a ideia é distanciar o piso projetado do solo, criou-se um sistema de ripas de madeira, apoiadas em vigotas que se travam entre os pilares. Os pilares vencem pé direito duplo até chegar à cobertura. A cobertura é desenhada a partir de uma telha metálica sanduíche, com caída de duas aguas, tendo na centralidade a canaleta que faz a captação das águas pluviais. A decisão de inclinar a cobertura com duas aguas permitiu melhor fluidez de ventilação e luz solar. As gaiolas de contenção com restos de construção civil são mais uma exemplaridade do projeto no sentido de operacionalização e racionalização de como construir. A ideia é utilizar agregados descartados no próprio território. Como grande parte desse muro de contenção está voltada para a área interna dos pavilhões-cabanas, foi necessário à inclusão de telas de fibra de vidro de PVC (telas tipo mosqueteiro), para proteção de possíveis ações naturais externas. Quanto à questão da umidade, o projeto assume metabolismos como parte do todo e, para isso, projetou-se canaletas capazes de fazer a captação dessa água/gotejamento, levando-a para a cidade. Linguagem Coisa que sai da boca. (Tatiana ramirez, 7 anos)

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Pensando em estratégias econômicas, mas que também garantissem questões térmicas pressupõe-se a utilização de telhas sanduíches metálicas também na elevação dos pavilhões como fechamento. Dialogam com uma linguagem do próprio entorno e território e produzem minimamente uma lógica construtiva espacial de conforto termo acústica. Os portões são em geral metálicos de enrolar. Fazem referência às garagens do Fundão e, quando abertas, maximizam a ideia entre a transição do que é rua e o que é pavilhão. Quando aberto, ganchos recebem corda de varal caso queiram proteger a circulação de crianças por essa área. No pavilhão das Dim. Artísticas, há três portões basculantes. Optou-se por essa solução, uma vez que se conecta com a ideia da arquibancada e anuncia uma marquise, configurando a rua como grande palco. As janelas são basculantes de vidro reciclado e garantem a permeabilidade visual entre o que acontece na rua e dentro da escola. Acompanha em sua concepção, a ideia de painéis padronizados que se encaixam entre os vãos dos pilares. Além das janelas, foram projetados fechamentos com painéis de madeira com isolante termo acústico como restos de isopor. Na parte superior, venezianas de trama de bambuzinho contribuem com a ventilação natural. Todas essas soluções são colocadas como exemplaridades, deixando livre para que a própria população intervenha e atribua outros tipos de vedações e fechamentos.

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PAVILHÃO DOS ESTUDOS DIMENS. ARTÍSTICA [ isométrica explodida - exemplo estrutural]

AQUECEDOR SOLAR DE GARRAFA PET

TELHA METÁLICA SANDUÍCHE VENEZIANAS DE TRAMA DE BAMBUZINHO

PORTAS METÁLICAS DE ENROLAR

CAIBROS

TELAS DE FIBRA DE VIDRO EM PVC

FECHAMENTOS COM TELHA METÁLICA SANDUÍCHE NA FACHADA

JANELAS BASCULANTES DE VIDRO RECICLADO

ARQUIBANCADA MÓVEL PORTAS DE MADEIRA DE CORRER FECHAMENTOS COM Pág | 86 PAÍNEIS DE MADEIRA COM ISOLANTE> ISPOR

PORTA-TRECO> GAVETÕES PARA COLETA SELETIVA DE LIXO RECICLÁVEL SECO

PORTÕES BASCULANTES RIPADOS DE MADEIRA

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ARQUIBANCADA - ESTANTE | SITUAÇÕES

A ARQUIBANCADA SE DESLOCA

E NA RUA FAZ-SE O PALCO

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MEZANINO PAV. DIMENSÕES ARTÍSTICAS


PAVILHÃO DIM. MATEMAT. E NATURALISTA


PAVILHÃO DIM. IARTÍSTICA


PAVILHÃO DIM. IDENTIDÁRIO E LINGUÍSTICA


MAQUETE FÍSICA | SITUAÇÃO IMPLANTAÇÃO


MÓDULO MÍNIMO ESTRUTURAL | MODELO FÍSICO


M ETABOLISMOS [infras] - consultar urbano

As infraestruturas, são entendidas neste trabalho, para além das necessidades do homem: são elementos pedagógicos.

6 7 7 4

4

1

2

2 3

6 5

Natureza Eu nao andei por lá. (Yeison David Pérez, 6 anos) Pág | 94

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AS ÁGUAS As águas pluviais serão captadas pelas calhas da cobertura e as que escorrerem naturalmente pelo declive serão direcionadas pelas canaletas desenhadas no projeto (verificar cortes), que recolhidas por uma cisterna central, poderão ser reaproveitadas.

[1]

[2]

O ESGOTO Para o esgoto, a alternativa sugerida é o uso dos tanques de evapotranspiração, onde se alimenta de plantas, as quais transpiram em forma de água limpa para o meio ambiente.

TERRA AREIA BRITA ENTULHO CERÂMICO

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[3] A ENERGIA A geração de energia alternativa apresentada, também discorre de questões pedagógicas, de modo que as pessoas consigam praticar exercício físico enquanto se movimentam em bicicletas . Convertendo um elemento de infraestrutura para uma aula de educacao física, por exemplo.

ENTRADA E SAÍDA DE ÁGUA NA REDE

[4] ÁGUA QUENTE

E para aquecer as águas dos chuveiros, propõem - se a intalação de garrafas pet nas coberturas, através de um projeto desenvolvido pelo aposentado José Alcino Alano em 2004, que ganhou um prêmio de ecologia.

ÁGUA FRIA

[5]

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Ao lado do percurso do funicular, o vento se propaga com maior intensidade na clareira. Como estratégia, é sugerido o uso de cataventos caseiros para contribuir com a difusão de energia no projeto.

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O LIXO

RESÍDUOS ORGÂNICOS

[6] CONSUMIDOR

ALIMENTO

O lixo orgânico poderá ser utilizado no processo de compostagem, para que contribua com o plantio em horta comunitária, além de fomentar discussão em aula sobre temas relacionados, ou oficina experimental.

COMPOSTAGEM

COMPOSTAGEM

HORTA

[7] No caso do lixo reciclável, o projeto recebe gavetas de coleta seletiva na fachada do pavilhão das Dimensões artísticas. A ideia é que com esse material coletado, seja possível tirar partido para a construção de esculturas, brinquedos, e outras atividades.

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C ONSIDERAÇÕES FINAIS

"A forma de ensino tem que ser repensada. Essa história de tentar formatar as pessoas não é mais assim, pelo contrário. Hoje os valores em questão são muito mais os da criatividade, do desenvolvimento, da inteligência, das relações, da empatia." Giselle Groeninga, Diretora Nacional de Relações Interdisciplinares do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM), vice-presidente da Sociedade Internacional de Direito de Família (ISFL) e doutora em Direito Civil pela Universidade de São Paulo (USP). Levo com esse trabalho, não apenas conhecimento adquirido, mas uma grande vontade em poder arriscar. Arriscar tanto em seu sentido de enfrentar as barreiras do mundo, mas também no contexto conotativo da palavra, que remete ao traço, ao desenho. É com este desenho que pretendo seguir na Arquitetura: procurando o papel mediador entre cidade, homem e projeto. A vida lá fora é a grande educadora, e me fez observar durante anos na escola pública que a educação é transformadora quando passamos a questioná-la, e não só pode como deve estar em todos os lugares e não-lugares. O não-lugar não de definição urbana, mas cuja relação de espaço não é atribuída diretamente. Pois o próprio convívio, troca, respirar, sentir, é falar de educação. É transformar a empatia em desenho. Imprimo um pouco da minha vivência nesse trabalho, mas pretendo com ele reverberar a ótica de muitos estudantes que acreditam numa cidade mais justa. Acredito que a Arquitetura reproduzida feito um mimetismo, reforça uma certa linguagem mas acaba invalidando novos meios de se conduzir leituras contemporâneas da cidade, sejam pelas discussões trazidas à tona ou pelos motes antrópicos que cada vez mais se transformam. Quando nos posicionamos em desenho, estamos também refletindo sobre quem somos e sobre o que pretendemos. O desenho é um ato político e um ato de coragem e deve ser cada vez mais correlacionado com a escala dos usuários. O distanciamento entre usuário e espaço muitas vezes é construído de forma latente e pressupõem um dos grandes desafios para os profissionais da área. Daqui pra frente, tudo se inicia. Há 6 anos desenhando o primeiro traço e agora ele tende a tomar proporção, forma e escala. Que a escala seja sempre a do respeito, do dever e do cumprir, do dialogar e do pensar, do aprender e do educar.

Mundo Maravilhas. (David Piedrahita, 11 anos) calor da rua

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Calor Da Rua Francisco, El Hombre

Já sei pra onde vou Vai maria cansada de apanhar

Eu vou sentir o calor da rua

(Não sou pedra mas posso endurecer)

Já sei pra onde vou

Vai josé se arrastar pela cidade

Eu vou sentir o calor da rua

(Não sou lenha mas eu incendeio) Vai Maria cansada de rezar Vai Maria encontrar com seu José

(Não sou pedra mas posso endurecer)

Se afogar no refúgio da cachaça

Chama o Zé com olhar de gasolina

Santo oco uma hora vai quebrar

(Não sou lenha mas eu incendeio)

(Não sou pedra mas posso endurecer) Vai Maria encontrar com seu José A ressaca faxina sua raiva

Que a recebe com tato de polícia

(Não sou pedra mas posso endurecer)

Santo oco tua hora é de quebrar

E a engole pra baixo do tapete (Não sou lenha mas eu incendeio)

(Não sou pedra mas posso endurecer)

Vai Maria encontrar com seu José

Já sei pra onde vou

Paz e glória na terra da falácia

Eu vou sentir o calor da rua

O que é oco uma hora vai quebrar

Já sei pra onde vou

(Não sou pedra mas posso endurecer)

Quando o tambor explodir a rua

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PROJETOS DE REFERร NCIA

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| 101 Escola Baan Nong Bua / Junsekino Architect AndPรกg Design


PĂĄg | 102

calor da rua Moradias Infantis / RosenbaumÂŽ + Aleph Zero


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ResidĂŞncia RR / Andrade Morettin Arquitetos Associados PĂĄg | 103


Pรกg | 104

TYIN tegnestue Architects

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calor da rua Expandida Arquitectura

| 105 ALPรกg Borde


BIBLIOGRAFIA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050. Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro: ABNT, 2004. BARDI, lina bo. primeiro: escolas. em revista habitat n. 4, 1951. BAROSSI, Antonio Carlos. O edifício da FAU-USP de Vilanova Artigas. São Paulo, SP: Editora da cidade, 2016. BENJAMIN, Walter. “Obras escolhidas III”. São Paulo, SP: Brasiliense, 1994. FERREIRA, Avany de Francisco; MELLO ,Mirela Geiger De. Estruturas pré-fabricadas : arquitetura escolar paulista. São Paulo, SP: FDE, Diretoria de Obras e Serviços, 2006. FRANÇA, Elisabete; BARDA, Marisa; Entre o céu e a água: o cantinho do céu = Sky and water, the living in betwenn: the cantinho do céu. São Paulo, SP : Secretaria da Habitação do Município de São Paulo, 2012. GEHL, Jan. Cidades para pessoas. São Paulo, Perspectiva, 2013. NARANJO, Javier. Casa das Estrelas - O universo contado pelas crianças. Editora Foz, 2013.

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO ALMEIDA, Frederico; MELLO, Henrique de. Escola Peripatetica Primeira Água. (Trabalho Final de Graduação) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Belo Horizonte, MG: Universidade Federal de Minas Gerais, 2016. BARBOSA, Mariana Alves. Cidade em f.r.esta | Cultura popular em degraus. (Trabalho Final de Graduação) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. São Paulo, SP: Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2017. BARTH, Ana Gabriela. Brincar, o espaço da infância. (Trabalho Final de Graduação) Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. São Paulo, SP: Escola da Cidade, 2013. Bianchi, Paula Aleksa. Vazio Praticado. (Trabalho Final de Graduação) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Campinas, SP: Pontifícia Universidade Católica de Campinas, 2016. Pág | 106

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BOIN, Nara Helena Diniz. Cortes no tempo contínuo a vida urbana como partido. (Trabalho Final de Graduação) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. São Paulo, SP: Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2016. CARDIM, Gabriela. Casa da Letra. (Trabalho Final de Graduação) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Campinas, SP: Pontifícia Universidade Católica de Campinas, 2016. CARLOVICH, Fernanda. Projeto de um edifício em explosão. (Trabalho Final de Graduação) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. São Paulo, SP: Universidade de São Paulo, 2015. CAVALCANTI, Luiza Orsini. Fazer a Ponte - projeto de uma escola. (Trabalho Final de Graduação) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. São Paulo, SP: Universidade de São Paulo, 2011. CRUZ, Taissa Tiemi Tanobe da Cruz. A Relaçao do Pedestre com a Cidade. (Trabalho Final de Graduação) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. São Paulo:, SP Universidade de São Paulo, 2013. DIAS, Jéssica Barisson. 5 a 100 Centro de Aprendizado - São Paulo. (Trabalho Final de Graduação) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Campinas, SP: Pontifícia Universidade Católica de Campinas, 2013. DIEZ, Marina. ENSAIOS ENTÓPICOS | urbanismo tático em São Paulo. (Trabalho Final de Graduação) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. São Paulo, SP: Universidade de São Paulo, 2016. FERREIRA, Rovy Pinheiro Pessoa Ferreira. Escola Pública Integral no Monte Cristo em Florianópolis. (Pesquisa de conclusão de curso) - Arquitetura e Urbanismo. Florianópolis, SC: Universidade Federal de Santa Catarina, 2011. FONTES, Kubo Daiane. ECO - Ladeira do Morro do Fundo. (Trabalho Final de Graduação) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Campinas, SP: Pontifícia Universidade Católica de Campinas, 2016. GONÇALVES, Frederico Gualberto Castello Branco. Entre atravessar e ocupar; o miolo de quadra como articulador urbano. (Trabalho Final de Graduação) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. São Paulo, SP: São Paulo, SP: Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2016. KAWABATA, Marcia Yoshiko. Centro de Educação Infantil dos ofícios esquecidos. (Trabalho Final de Graduação) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Campinas, calor da rua

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SP: Pontifícia Universidade Católica de Campinas, 2016. LUSSANI, Daniel Martini. Escola de Educaçao Infantil Atlântico. (Trabalho Final de Graduação) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Erechim, RS: Universidade Federal da Fronteira Sul - UFFS, 2011. MEJIAS, Guilherme A. Da Ordem ao Design: o Kósmos de Louis I. Kahn. (Trabalho Final de Graduação) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. São Paulo, SP: Universidade de São Paulo, 2014. OLIVEIRA, Natália de. Experiencias urbanas: o caminhar, o percurso e a pausa. Trabalho Final de Graduação) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. São Paulo, SP: Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2017. RIBEIRO, Marieta Colucci. A Criança no Espaço Urbano: Caminhos Escolares. (Trabalho Final de Graduação) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. São Paulo, SP: Universidade de São Paulo, 2014. ROSSI, Luis; NICOLAS, Le Roux. A cidade em outra escala | caderno um. (Trabalho Final de Graduação) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. São Paulo, SP: Universidade de São Paulo, 2017. SATO, Bruna. IMPERMANÊNCIAS: Ensaios de Urbanismo Tático no Centro de São Paulo. (Trabalho Final de Graduação) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. São Paulo:, SP Universidade de São Paulo, 2016.

CONSULTAS ONLINE ALMEIDA, Alexandra Ozorio de. Perfil: A diretora da escola sem paredes <http:// www1.folha.uol.com.br/folha/sinapse/ult1063u908.shtml>. CC - Electiva Convive XI -VIVIENDA DE MANGLAR EN URBO. <http://portfolios. uniandes.edu.co/gallery/51607215/Concurso-CONVIVE-XI>. Cecília Maria B. Coimbra. As funções da instituição escolar: análise e reflexões. < h t t p : // w w w. s c i e l o . b r / s c i e l o . p h p ? s c r i p t = s c i _ arttext&pid=S1414-98931989000300006> CIDADE EM MOVIMENTO. “Veja os relatórios da 1ª etapa do programa Passagens Jardim Ângela” Disponível em http://cidadeemmovimento.org/3051-2/) acesso em outubro de 2017. Constanza Martínez Gaete. ““Hibridização”: A rua como extensão dos espaços Pág | 108

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PROJETOS DE REFERÊNCIA Acampamento Permanente / Casey Brown Architecture” [Permanent Camping / Casey Brown Architecture] 04 Out 2016. ArchDaily Brasil. (Trad. Delaqua, Victor) Acessado 25 Nov 2017. <https://www.archdaily.com.br/br/796665/acampamento-permanentecasey-brown-architecture> Escola Baan Nong Bua / Junsekino Architect And Design” [Baan Nong Bua School / Junsekino Architect And Design] 05 Jun 2016. ArchDaily Brasil. (Trad. Sbeghen Ghisleni, Camila) Acessado 25 Nov 2017. <https://www.archdaily.com.br/br/788765/ escola-baan-nong-bua-junsekino-architect-and-design> Escola em El Coporito / Antonio Peña + Juan Garay + Alexis Ávila” [School for El Coporito / Antonio Peña + Juan Garay + Alexis Ávila] 18 Jun 2013. ArchDaily Brasil. Pág | 110

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(Trad. Alves, Jorge) Acessado 25 Nov 2017. <https://www.archdaily.com.br/121091/ escola-em-el-coporito-slash-antonio-pena-plus-juan-garay-plus-alexis-avila> Jardim de Infância Hakusui / Yamazaki Kentaro Design Workshop” [Hakusui Nursery School / Yamazaki Kentaro Design Workshop] 19 Ago 2015. ArchDaily Brasil. (Trad. Santiago Pedrotti, Gabriel) Acessado 25 Nov 2017. <https://www.archdaily.com.br/ br/772115/jardim-de-infancia-hakusui-yamazaki-kentaro-design-workshop> Joanna Helm. “Residência RR / Andrade Morettin Arquitetos Associados” 21 Dez 2011. ArchDaily Brasil. Acessado 25 Nov 2017. <https://www.archdaily.com. br/15140/residencia-rr-andrade-morettin-arquitetos-associados> Moradias Infantis / Rosenbaum® + Aleph Zero [Children Village / Rosenbaum + Aleph Zero] 20 Set 2017. ArchDaily Brasil. Acessado 26 Nov 2017. <https://www.archdaily. com.br/br/879961/moradias-infantis-rosenbaum-r-plus-aleph-zero> Casa em Chau Doc / NISHIZAWAARCHITECTS” [House in Chau Doc / NISHIZAWAARCHITECTS] 21 Set 2017. ArchDaily Brasil. (Trad. Moreira Cavalcante, Lis) Acessado 26 Nov 2017. <https://www.archdaily.com.br/br/879814/casa-emchau-doc-nishizawaarchitects>

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VÍDEOS Aprender em comunidade | José Pacheco | TEDxPraçaSantosAndradeED. < https:// www.youtube.com/watch?v=a5Ua7Xq9I6Y> Ciclo Autoral e o Trabalho Colaborativo de Autoria - TCA. <https://www.youtube.com/ watch?v=X8k6TZCwYzU> Projeto Âncora (Brasil) | Destino: Educação - Escolas Inovadoras. <https://www. youtube.com/watch?v=kE6MlnwML8Y&t=468s> Quando sinto que já sei. < https://www.youtube.com/watch?v=HX6P6P3x1Qg&t=319s> Rubem Alves Fala sobre a Escola da Ponte. < https://www.youtube.com/ watch?v=MtGyHzIafLc&t=83s> UMA ESCOLA SEM PAREDES com Ana Elisa Siqueira em Diálogos 145 < https://www. youtube.com/watch?v=l7YaibWygUQ&t=355s> Esperanzas - [Entre-Temps en Amérique du Sud #07] - VOSTFR. < https://vimeo. com/111908559>

IMAGENS ENUMERADAS 1. Fotos da escola da ponte retiradas de pesquisa na internet. 2. Fotos da escola EMEF AMORIM LIMA retiradas de pesquisa na internet. 3. Imagens retiradas de: http://www.albordearq.com e https://www.archdaily.com. br 4. Imagens retiradas da Página Oficinal do Facebook: Projeto Terra Prometida. 5. AVISO. Placa vista nas proximidades da Escola EMEF Vila Munck, ao lado da Rodovia Raposo Tavares. Retirado de "a criança no espaço urbano: caminhos escolares" Trabalho Final de Graduação, julho de 2014. FAU USP. Marieta Colucci Ribeiro. Pág | 112

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”QUAL O DESENHO IDEAL DE UMA ESCOLA?”

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Muitas รกrvores. ร gatha.

Rede. Hugo.

Parque. Maria Eduarda.

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“Nós na sala”. Vitória E.

Areia brilhante. Janelas Verdes. Letícia.

Desenhos feitos por crianças de 4 a 6 anos de idade. CEMEI MARIA BATRUM CURY - Campinas/SP. “Corda”. Augusto.

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