Po I try de rodrigues

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POETRY Quando uma música te levar às lágrimas, fecha os olhos e voa com ela!

Rendição Rendo-me Rendo-me rindo-me porque me entrego Rio-me da alma e do coração Rendo-me às memórias Rio-me das estórias Rendo-me às entranhas inexoráveis Rio-me das garras intocáveis Rendo-me ao desprezo Rio-me do medo Rendo-me à evidência da ausência Rio-me da rendição da minha consciência Hélder Rodrigues, 23-10-15

Olho lá para fora Vejo caras sorridentes e recolho-me na frustração Porque já tive um sorriso daqueles, talvez até mais genuíno. Porém, olho lá para fora e o que vejo é a urgência da minha recolha Uma recolha nas palavras e nas acções. Uma recolha daquilo que um dia fora o meu sonho Uma expulsão do que se tornou doentio e medonho Um regresso àquilo que já fui, mas sem lembrar muito o passado. Um retorno à magia do que contemplavam os meus olhos Agora, olho lá para fora e não gosto do que vejo dentro de mim! Hélder Rodrigues, 10-10-15

A Lua Eléctrica

Sempre me confortou saber que a lua que vês é a mesma que eu vejo. Apesar da perspectiva e do contexto, sei que a vês! Olhar na mesma direcção nem sempre é o melhor. Foi assim que o destino quis. Dos beijos pedidos e perdidos fica a imagem que é levada pelos ventos e pelas marés. A impiedosa cronologia apaga o que não se esquece, mas a lua é a mesma! Ambos a vemos. Ambos sabemos que, apesar de não ter luz própria, a mesma electriza sistemáticas ondas de odores (o sim e o não), ondas que mimetizam as sensações exactas como se ontem fosse o então e o agora. A lua liga-nos levemente, mas liga-nos e eu cerro os olhos esperando que o sol traga novos ventos!

Hélder Rodrigues, 4/11/15 (o dia do nascimento do meu avô paterno)


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