Encontros de Outono da Mediação A AFM esteve presente, no decurso do mês de Outubro, em Paris, em dois eventos que vem por este meio partilhar com os seus sócios e com todos aqueles que se interessam pela mediação enquanto método de gestão de conflitos e nas suas potencialidades enquanto pedagogia e dimensão ética da comunicação e das relações humanas “Os Encontros de Outono” da Association Nationale des Mediateurs (A.N.M) moderados por Jacques Salzer, Mestre de conferencias na Universidade de Paris Dauphine e no Conservatoire National d´Arts et Métiers. Não obstante tais encontros se realizem num contexto oficial e cerimonioso, no Palais Bourbon onde está sedeada a Assembleia Nacional em França, a questão principal que dominou as apresentações “Que esperámos nós da mediação e qual é ou deverá ser o seu lugar? Que esperam da mediação, os magistrados, os advogados, o sistema judicial as autarquias, o patronato, as empresas, as associações profissionais, o sistema político, a escola, a comunidade, e até os próprios mediadores…? A transversalidade destas diferentes esferas relacionadas com o papel que pretendemos desenvolver pode dar uma sensação de vertigem face a multitude de papéis, de padrões comunicacionais e relacionais, de poderes, de linguagens. Quando o mediador chega esperámos dele uma presença pacificadora através de uma metodologia própria que seja facilitadora ou catalisadora de mudança no sentido de decidir em conjunto ou simplesmente de poder falar, de traduzir para o outro de forma aceitável o que não se consegue expressar. Segundo os estudos analisados por Jacques Salzer, a mediação em França conclui-se com um acordo em 70 % dos casos, mas também tem limites e há muita gente para quem ainda não representa nada. Os magistrados por vezes nada esperam de um processo que desconhecem e que não sabem como é gerido e não podem gerir…. Os advogados, se alguns já se convenceram do papel benéfico da mediação, muitos outros continuam a encará-la como uma ameaça para a sua identidade e para os seus honorários. O poder autárquico considera que a mediação ainda deve prestar as suas provas nomeadamente em termos comunitários e até ao nível da mediação escolar. O patronato, as empresas, os sindicatos, o cidadão comum questiona o papel do mediador que se posiciona como não sendo nem juiz nem árbitro. Ignora o papel do mediador no apoio à tomada de decisão, no acesso a uma metodologia responsabilizante na procura de soluções. Questiona ainda como é que alguém desapossessado de qualquer poder pode contribuir para reforçar o poder das pessoas em litígio. Da diversidade de intervenções é de realçar o relato de experiências e projectos de
mediação “autoridades policiais-grupos de jovens”, a pertinência da existência de estruturas mediadoras nas autarquias (conflitos no âmbito do alojamento camarário, com a administração autárquicas, conflitos de vizinhança. A justiça, através de magistrados também se expressou sobre as suas expectativas relativamente à mediação mas na realidade foi apenas através de uma a magistrada que é secretária geral do “Groupement européen pour la Médiation”(GEMME) e que defende que a mediação pode ajudar que seja prenunciada a finalidade do acto do juiz “ enquanto contributo para preservar paz social. Até a psicologia e a psicanálise se dispuseram a analisar os desafios colocados pela mediação e a forma como pode induzir alterações no quadro de pensamento e funcionamento enquanto metodologia que permite desemaranhar-se de um processo comunicacional alienante, visando o reconhecimento de uma palavra libertadora e propiciadora de autonomia. No dia seguinte, dia 20 de Outubro, decorreu a Assembleia, da organização profissional de mediadores, a “Chambre Professionnelle de la Médiation et de la Négociation”. Aí foram tomadas posições relativamente: - á mediação no âmbito penal relativamente à clarificação do papel de mediador; - à mediação no âmbito da saúde no que concerne à independência neutralidade e imparcialidade do mediador que faz parte do sistema de saúde, propondo que sejam criados serviços de mediação com profissionais independentes; - ao nível da mediação nos conflitos laborais questionou a questão da confidencialidade face à confusão existentes nos textos que legislam a intervenção do mediador; - em termos da mediação familiar questionou a dimensão cultural e sectorial do Diploma de estado do mediador familiar, propondo um diploma “especializado” para um campo de actividades cuja dimensão familiar reveste apenas um dos aspectos, solicitando a anulação dos diplomas existentes; - ao nível institucional, propõe uma clarificação do papel e terminologia nominação do Mediador da república (Provedor); A organização propõe ainda uma adaptação à instauração de mediação do sistema institucional judicial, jurídico, dos sistemas ao nível das leis contratuais (modelos de contratos de forma geral: sucessão, laboral, matrimonial…). Face a tais dimensões prevê desenvolver parcerias individuais e colectivas para consolidar tais propósitos, continuando ainda a desenvolver um modelo de formação baseada sobre uma visão evolutiva do comportamento humano centrado na qualidade relacional, adaptado á intervenção junto de pessoas singulares ou organizações diversas assentes numa prática sustentada do Código Ético e Deontológico dos Mediadores CODEOME http://www.forum-mediacao.net/CodigoEticoMediadores.pdf Tal viagem propiciou ainda o encontro com um projecto pioneiro de mediação escolar e comunitária desenvolvido pela "Ligue de l´enseignement" que nos permitiu analisar as perspectivas de intervenção já implementadas nesta area em que o medaidor é encarda como um facilitador da comunicação essencialmente entre a escola e a família, ficando em aberto trocas e experiências enriquecedoras (2007/11/01 | Dialogos Mediação)- Jacques Sazer
La médiation : révolutionnaire ou conservatrice? Jacques Salzer, formateur en gestion des conflits et en médiation à l'université de Paris IX ainsi qu'au Conservatoire National des Arts et Métiers, chercheur et lui-même médiateur, tente de définir en quoi les différentes pratiques de médiation qui se développent dans notre société la font évoluer dans le sens d'une plus grande prise en compte des gens, ou, au contraire, peuvent être un facteur de conservatisme social. Il fournit ces indicateurs à partir d'exemples concrets observés dans la réalité. Auteur : Jacques Salzer, Comité de Soutien de MEDIATION-NET Lire la suite...