Hell Divine Nº17 - Dezembro 2013

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EDITORIAL

Que ano fértil para o Heavy Metal meus amigos! Puxando pela memória, relembrei quanto trabalho macabramente ótimo foi lançado em 2013! As listas dos melhores vão começar a pipocar logo no mês de dezembro, mas a nossa oficial sairá na edição de janeiro, onde iremos comemorar três anos de existência! Enquanto muitos ainda insistem na teoria diabólica sobre o fim do Metal (devido a diversos fatores como escassez do público e baixa venda de material), as bandas continuam bradando e lutando contra essas forças obscuras, mantendo o estilo firme e incrivelmente em ascendência! São trabalhos cada vez mais incríveis, discos bem produzidos, que possuem alma própria. Aquela semente que foi plantada na cena brasileira há anos, agora ferve e rende bons frutos! Bandas novas estão surgindo em cada esquina da cidade e as mais antigas estão retomando suas atividades. Um exemplo claro disso foi a volta do Dark Avenger, que fez um mega evento em Brasília no lançamento do seu novo disco. Ou seja, deixem de pessimismo e abram os olhos para o bom momento em que estamos vivendo! Vamos tentar apoiar mais os eventos, ler e se interar mais sobre o assunto (seja através de biografias das bandas, seja com os sites ou revistas), interagir com as bandas, com os músicos e com as fan pages. Vamos nos mexer mais, fazer a coisa rodar e como um trator, derrubar tudo pela frente! E preparem os ouvidos, pois em breve iremos lançar mais um volume da “Upcoming Hell”, nossa tradicional coletânea! Temos orgulho de fazer parte disso tudo e queremos verdadeiramente sacudir a bandeira do Heavy Metal pelo país, fortalecendo e divulgando as bandas, trazendo material de qualidade pra você leitor que nos acompanha há tanto tempo! Vou fechar com uma frase de uma música do Kreator (que, aliás, o novo DVD está um arregaço!) “We Are Legion United In Hate”! Go To Hell!!

EQUIPE

Por Pedro Humangous.

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Editor Chefe: Pedro Humangous Redatores: Augusto Hunter e Yuri Azaghal Designer: Ricardo Thomaz Publicidade: Maicon Leite Revisão: Fernanda Cunha Web Designer: William Vilela Colaboradores: Christiano K.O.D.A, Marcos Garcia, Júnior Frascá, Vitor Franceschini e João Messias Jr. Envio de Material: Rua Alecrim, Lote 4, Ap. 1301 - Ed. Mirante das Águas Águas Claras Brasília/DF - CEP: 71.909-360


INDICE EDITORIAL

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Nota do Editor Chefe.

EQUIPE

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Conheça quem faz a Hell Divine.

ENTREVISTAS

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Gama Bomb, Torture Squad, My Dying Bride, Masterplan, Eminence, Karmaflow, Confronto e Cauldron.

ESPECIAL

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Cerveja e metal: o mosh ganha novos sabores.

RESENHAS

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Diversas avaliações da revista pra você acompanhar.

WISH LIST

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Fique por dentro dos lançamentos de luxo de sua banda favorita.

DIVINE DEATHMATCH

31

Veja a análise da revista sobre os útimos laçamentos para PC, PS3 e XBOX360.

LIVE SHIT

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Resenhas dos últimos shows no Brasil.

UPCOMING STORM

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Conheça as bandas que estão surgindo.

MOMENTO WTF

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Bizarrices do mundo do rock.

RASCUNHO DO INFERNO

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Espaço reservado aos leitores para divulgarem sua arte.

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ENTREVISTA

Talvez o Gama Bomb seja um dos pilares que sustentou o triunfal retorno do Thrash Metal ao topo como subgênero do Metal. Talvez, porque o Thrash Metal nunca se deu por vencido e porque de uns dez anos pra cá um mar de boas bandas do estilo surgiram. Mas, com certeza, esses britânicos são dos principais nomes da nova safra dos anos 2000 para cá. Com a cabeça lá nos anos oitenta (reparem que o baixista Joe Mcguigan se refere aos álbuns como LP na entrevista), a banda consegue reproduzir a destreza do Thrash clássico com uma sonoridade atual e coesa. Atualmente divulgando o ótimo “The Terror Tapes”, lançado no Brasil pela Shinigami Records, o Gama Bomb se mantém musicalmente do jeito que veio ao mundo. Rápido, coeso e sarcástico. HELL DIVINE: Apesar de ter surgido em 2002, o primeiro trabalho do Gama Bomb, “Survival of the Fastest”, saiu em 2005, ano que o Thrash Metal começou a retomar força no cenário mundial. Isso favoreceu a banda ou vocês se sentiram como mais uma gota d’água em um tsunami? Aliás, como vocês vêem esse retorno triunfal do Thrash Metal ao topo da música pesada? JOE MCGUIGAN: Sim! Acho que demos sorte em lançar um álbum em 2005, pouco antes de surgirem muitas bandas novas de Thrash. Acho que éramos apenas nós, Toxic Holocaust e Municipal Waste naquele tempo. Então, ainda não éramos uma banda bem conhecida em 2005 e com o álbum nos tornamos uma banda estabelecida de Thrash Metal e ficamos em uma boa posição em 2008 para lançar o segundo LP.

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HELL DIVINE: Sei que as bandas costumam sempre julgar o último trabalho como o melhor. Mas, “The Terror Tapes” realmente tem recebido boas críticas. Esse seria o melhor momento do Gama Bomb? JOE: Sim, nosso novo álbum foi muito bem recebido e estamos muito felizes de estar no auge de nossa carreira. Também estamos felizes em tocar para um grande público como nunca havíamos tocado antes. Está tudo ótimo na terra do Gama Bomb! HELL DIVINE: Como foi o processo de composição de “The Terror Tapes”, vocês seguiram a mesma metodologia de sempre ou resolveram mudar na forma de compor? JOE: Bem, como tivemos um ano para escrever o álbum, tivemos muito mais tempo do que nos outros LPs. Pudemos realmente olhar para as músicas e tentar escrever melhores linhas de coros e riffs. Houve muita pressão


EXPLODINDO O THRASH METAL EM PEDAÇOS devido ao sucesso do trabalho anterior (N.R.: “Tales from the Grave in Space”, de 2009) e somente três anos depois eu me senti confortável escrevendo as músicas. HELL DIVINE: Este é o quarto trabalho da banda. Considerando que os três lançamentos anteriores da banda são acima da média, houve alguma pressão ao gravar o novo trabalho? JOE: Nem por isso. Sempre mantivemos nossas armas na hora de compor e nunca tentei escrever qualquer coisa além de um Metal mais rápido. De resto é tudo opinião do público. Como eu disse, sabíamos o que esperar da banda, já que tivemos um longo intervalo em relação ao último LP, sabíamos que poderíamos corresponder. HELL DIVINE: Apesar de explorar um som agressivo e rápido em seus trabalhos, vocês primam pela coesão, além da produção não soar datada. Isso fica evidente em “The Terror Tapes”. Fale-nos um pouco sobre isso. JOE: Scott Atkins produziu nossos três primeiros discos e ele parece realmente conhecer o nosso som, além de ter uma ótima maneira de trabalhar com Philly (N.R.: Byrne, vocalista). Antes, sempre íamos com as músicas prontas para o estúdio, mas desta vez colocamos os arranjos para Scott ouvir e ele ajudou muito na moldagem final das composições. HELL DIVINE: Outra coisa interessante e característica da banda é que vocês investem em um Thrash Metal, mas os vocais de Philly Byrne, apesar de não exagerar na técnica, são de certa forma melódicos. JOE: É muita sorte ter Philly conosco. Não há cantores como este maluco bobo idiota por aí. HELL DIVINE: Outro destaque são os backing vocals de Domo Dixon (guitarra) e seus que se encaixam perfeitamente nos refrãos e trazem uma veia Crossover.

Joe: Yeah! Todos nós gostamos de gritar um pouco (gargalhadas)! HELL DIVINE: É interessante notar, que apesar de se utilizar de temas ácidos em suas letras, elas possuem um bom senso de humor. Hoje em dia, parece que as bandas de Thrash Metal atual perderam essas características. Você concorda? O que pode falar sobre isso? JOE: Sim, eu acho que o senso de humor é uma ótima ferramenta para se usar nas letras do Metal. Odeio bandas com letras sérias, sem generalizar. Acho algumas bandas como o Violator legais. Acredito que há mais bandas com senso de humor hoje em dia do que há 20 anos. HELL DIVINE: O novo trabalho foi lançado no Brasil pela Shinigami Records. Vocês têm uma boa base de fãs por aqui. Como é ter seu trabalho lançado em nosso país? JOE: Tocamos no Brasil, em 2011, e lançamos nosso álbum anterior por aí também. Por isso estamos ansiosos para voltar e divulgar o novo álbum em uma série de shows! HELL DIVINE: Vocês também fizeram uma turnê europeia com nossos conterrâneos do Torture Squad. O que podem dizer dessa turnê? JOE: Tocamos com o Torture Squad pela Europa, em 2009, e neste ano novamente. São grandes amigos e temos certeza que os encontraremos quando voltarmos ao Brasil. HELL DIVINE: Muito obrigado pela entrevista. Deixem um recado aos “thrashers” do Brasil! JOE: Keep thrashing! Nos veremos em breve para algumas cervejas! http://www.facebook.com/gamabomb Por Vitor Franceschini

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ENTREVISTA

A Tortura não para! Essa frase é perfeita para definir a atual fase dos paulistanos do Torture Squad. Após a saída do vocalista Vitor Rodrigues (atual Voodoopriest), a banda não deixou a peteca cair e optou por permanecer como um trio, deixando a tarefa dos vocais para o guitarrista André Evaristo. Assim, André, Castor (baixo) e Amilcar Christófaro (bateria) arregaçaram as mangas e lançaram em novembro seu novo trabalho, o álbum “Esquadrão de Tortura”. O disco possui como tema o período em que o país foi comandado pela ditadura militar e, além do conteúdo diferenciado, recebe participações especiais de músicos de destaque da cena como João Gordo (R.D.P.), Fernanda Lira (Nervosa) e do ex-guitarrista da banda, Augusto Lopes. Nessa entrevista, realizada com o baixista Castor e o guitarrista/vocalista André Evaristo, os músicos nos falaram das mudanças de formação, da escolha do tema e até dos trabalhos dos antigos membros da banda. Confiram. HELL DIVINE: Vamos voltar um pouco no tempo antes de falarmos do novo trabalho. Uma notícia que pegou os fãs de surpresa foi a saída do vocalista Vitor Rodrigues, em 2012. Como vocês receberam a notícia e em algum momento a banda pensou em uma pausa nas atividades? CASTOR: Em momento algum pensamos em uma pausa! Assim que ele anunciou sua saída do TS, imediatamente fomos atrás da solução e continuar as atividades e metas da banda. Recebemos naturalmente a decisão dele e a respeitamos.

HELL DIVINE: Pouco tempo depois, vocês decidiram continuar como trio, com o guitarrista André Evaristo assumindo os vocais. Como foram os ensaios e os primeiros shows com essa nova formação? CASTOR: Fomos trabalhando nas vozes dele, como na minha também, aprendendo muito nos ensaios e nos shows decorrentes da banda. Fomos nos adaptando até ficarmos satisfeitos com o resultado de como começou a soar dentro da nossa música. ANDRÉ EVARISTO: Logo nos primeiros ensaios, sentimos uma vibração muito boa, com muita energia. A cada música sentíamos que estávamos na direção certa. Antes do primeiro show, fiquei um pouco ansioso pela novidade. Mas o astral da banda e a resposta do público foram tão positivos que me senti à vontade de cara. HELL DIVINE: Com a casa em ordem, vocês surpreenderam com o novo trabalho, chamado “Esquadrão de Tortura”, que tem como tema o período que o Brasil foi governado pela ditadura militar. Qual a motivação pelo tema e como foi o trabalho de pesquisa sobre o assunto? 6

CASTOR: O Amílcar trouxe a ideia do conceito do álbum ainda quando a banda era um quarteto. Curtimos demais a ideia, pois é um período muito importante e que muita gente no nosso país ainda tem o conhecimento muito superficial sobre esse assunto. Começamos a nos aprofundar mais sobre o tema, indo conversar com o historiador Alexandre Rossi e o escritor Roniwalter Jatobá, que nos deram uma grande orientação, assim como alguns documentários na Internet, reportagens, filmes, etc. HELL DIVINE: Curiosamente, o disco foi lançado no dia 15 de novembro, data em que se comemora a Proclamação da República. Temem algum tipo de represália por terem usado um tema que não digo que é polêmico, mas de difícil digestão por parte dos comandantes do país? CASTOR: Não tememos de forma alguma! Esse foi um fato

E A TO CONT


verdadeiro que ocorreu no nosso país num período que durou 21 anos. Apenas estamos reportando-o no nosso novo álbum! Quem se sentir incomodado com esse assunto, em minha opinião, é porque deve alguma coisa ou fez algo de errado durante o regime militar, ou seja, quem não deve não teme! ANDRÉ EVARISTO: Nossa Presidenta da República foi perseguida, presa e torturada por lutar contra o regime. Gostando ou não, tudo faz parte da nossa história e o que queremos é que se discuta mais sobre o assunto e sobre política em geral. HELL DIVINE: O disco contará com diversas participações, dentre elas João Gordo, Fernanda Lira (Nervosa) e o antigo guitarrista da banda, Augusto Lopes. Como chegaram aos convidados e o que a contribuição de cada um trouxe de melhor ao CD? CASTOR: Sim, tem alguns convidados que tivemos muita honra em ter no nosso novo álbum. Tivemos a participação do João Gordo cantando um trecho da musica “Pátria Livre”, o Augusto Lopes fazendo o primeiro solo em “Wardance” que, aliás, era um solo dele na época em que estava no TS e a Fernanda Lira juntamente com o Tommy Morriello (manager da banda) fazendo a narração em “For the Countless Dead”. Também tem a participação da Sphaera Rock Orchestra que toca num trecho de “Conspiracy of Silence” e arranjos em “For the Countless Dead”. O Brendan Duffey (produtor) também participou numa narração em “Fear to the World” e o

ORTURA TINUA

percursionista Paulinho Sorriso tocando queixada no meio da “Archtecture of Pain”. ANDRÉ EVARISTO: Todos os convidados são conhecidos da banda e foi um privilégio tê-los conosco. Foram ótimas performances que se tornaram contribuições essenciais para alcançarmos um resultado tão satisfatório. HELL DIVINE: Além da nova formação, “Esquadrão de Tortura” será o primeiro álbum lançado pela nova gravadora da banda, a Substancial Music. Que fatores os fizeram optar por essa nova parceria? Castor: Já tínhamos contato com eles anteriormente nos relançamentos nesse ano dos nossos álbuns “Asylum of Shadows” e “The Unholy Spell”. Eles mostraram interesse em lançar o “Esquadrão de Tortura” e então assinamos com eles para esse trabalho também. O álbum também será lançado aqui pela gravadora Wikimetal em formato digital! ANDRÉ EVARISTO: Já no exterior, o álbum será lançado na Europa pela Quality Steel, nos Estados Unidos pela End Of The Light e na América Central e México pela Ozz Productions. HELL DIVINE: Agora vou perguntar sobre os shows. Quais músicas do disco entrarão no repertório e dentre elas, qual vocês consideram que será um clássico da banda no futuro? CASTOR:Já estamos ensaiando o set-list para começar a turnê do “Esquadrão de Tortura”, mas eu prefiro manter em segredo nesse momento o repertório (risos). Acho que quem pode considerar alguma música de uma banda um clássico são os fãs, eu particularmente curto o álbum como um todo... ANDRÉ EVARISTO: Vou estragar a surpresa do Castor (risos). Vamos tocar todas (mais risos). Claro que gostaríamos de tocar o álbum inteiro porque adoramos todas as músicas, só que temos muitas outras, afinal, são sete discos. Fica cada vez mais complicado montar o repertório... (risos). HELL DIVINE: E o exterior? Quais os planos da banda na promoção de “Esquadrão de Tortura” pelos continentes europeus e asiático? CASTOR: Sim, temos planos de turnês no exterior no próximo ano divulgando o novo álbum, e assim que tivermos as datas confirmadas nós divulgaremos! HELL DIVINE: Ainda falando em shows, o que acham da cena de hoje, em que o público pouco comparece nas casas quando essas recebem bandas autorais e preferem ver grupos covers. Acham que existe uma solução para que os bangers acreditem mais em sua própria cena? CASTOR: Na minha visão, a cena nacional está mais forte do que nunca! Eu vejo os bangers acreditando e apoiando as bandas que merecem! Quem é banger 7


de verdade sabe distinguir o que são bandas “BANDA” e bandas “da boca para fora”. Eles comparecem aos shows das bandas nacionais, apoiam e compram o merchandising delas! Quem tem problemas com cenário de banda cover estão vivendo numa outra realidade em minha opinião, e não a mesma das bandas que estão na estrada conquistando seu publico na unha a cada show. Nós do TS temos muito ORGULHO dos bangers que apoiam a cena verdadeira do nosso país! ANDRÉ EVARISTO: Heavy Metal verdadeiro é arte; tocar cover e vender pastel são a mesma coisa. Tudo depende da fome... (risos). HELL DIVINE: Para encerrar, vocês chegaram a ouvir as bandas de ex-membros do grupo como o Distort, Voodoopriest e Fanttasma? CASTOR: O Cristiano Fusco me arrumou uma cópia quando saiu o CD do Distort. Achei muito bom, pois para mim soa o TS nos seus primórdios antes de gravarmos a nossa primeira demo tape. O Voodoopriest eu apenas ouvi um som quando eles divulgaram na Internet, não ouvi o trabalho todo ainda. Conheço pessoalmente além do Vitor é claro, o Edu Nicolini e o Covero que são grandes músicos da nossa

cena. O Augusto Lopes também me descolou o CD do Fanttasma e devo dizer que o trampo que ele fez eu achei ducaralho e bastante original em minha opinião! É bem o estilo musical dele. ANDRÉ EVARISTO: Matanza live... Sou fã de todos e só não tenho o CD do Voodoopriest porque ainda não saiu (risos). HELL DIVINE: Amigos, obrigado pela entrevista. Deixem uma mensagem aos leitores da Hell Divine! CASTOR: Muito obrigado a todos que vêm nos apoiando ao longo dos anos e também agradeço a você João pelo espaço e a oportunidade em podermos divulgar mais ainda o trabalho do TS aqui na grande e respeitada Hell Divine! www.torturesquad.net Por João Messias Jr.



ENTREVISTA 10

S A H L A F M E DOOM S Uma das bandas mais conceituadas da cena Doom Metal atual, o My Dying Bride sempre surpreende seus fãs a cada novo lançamento, com uma variedade de influências impressionante. E após o lançamento do excelente “A Map of All Our Failures”, em 2012, a banda não perdeu tempo, e já lançou um novo EP, intitulado “The Manuscript”, com faixas compostas no mesmo período de seu último full length. Conversamos com Shaun MacGowan, tecladista e violinista, que nos conta um pouco mais sobre essa atual fase da banda, e os planos para o futuro. Confiram. HELL DIVINE: O último disco da banda, “A Map of all Our Failures”, lançado em 2012, foi muito bem recebido pela crítica especializada em todo o planeta, sendo considerado pelos fãs como um dos melhores álbuns da banda até o momento. O que você pensa a respeito disso? Houve algo de especial durante o processo de composição do material?

SHAUN MACGOWAN: Houve uma mudança no processo de composição de “For Lise I Sire” para o novo álbum (incluindo “The Barghest of Whitby” depois disso) onde grande parte do material foi gravado em casa. As ideias eram passadas entre nós e revisadas até irmos para o estúdio, onde eu acredito que muitas destas coisas foram feitas unicamente no estúdio. Então, creio que o tempo adicional revisando o material tenha ajudado neste resultado.


HELL DIVINE: A faixa que mais chamou minha atenção no álbum foi “The Tapestry Scorned”, com ótimos arranjos, que mostram o grau de maturidade atingido pela banda, levando o ouvinte a experimentar várias sensações durante a audição. Isso foi algo que vocês procuraram ao compor: que as canções realmente marcassem o ouvinte? SHAUN MACGOWAN: Eu não acredito que intencionalmente tenhamos procurado retratar alguma emoção ou sentimento específico; é mais algo que sentíamos, e traduzimos através da música. HELL DIVINE: Em maio deste ano, vocês lançaram o EP “The Manuscript” com quarto músicas novas. Quais as expectativas de vocês com esse lançamento? Vocês já planejam lançar um novo álbum em breve? SHAUN MACGOWAN: O EP aparenta ter sido muito bem recebido. As músicas foram compostas e gravadas ao mesmo tempo das que entraram em “A Map of all Our Failures”, e elas possuem em muito a mesma pegada. HELL DIVINE: Realmente, as quarto novas faixas soam como uma continuação natural de “The Map of All Failures”. Você acredita que a banda encontrou seu próprio estilo, e que será seguido daqui para frente, nos próximos lançamentos, ou vocês ainda pretendem incluir novos elementos em sua sonoridade no futuro? SHAUN MACGOWAN: Poderemos ter algumas outras faixas um pouco mais comercias no futuro, como “The Poorest Waltz”, mas tenho certeza que os ouvintes do MDB nunca ficarão um ou dois riffs longe de nosso Doom característico.

HELL DIVINE: O que você pensa sobre a atual cena do Doom Metal? Você costuma ouvir novas bandas do estilo? E sobre esta nova safra de bandas de Occult Rock, como Ghost e Blood Ceremony, o que pensa a respeito? SHAUN MACGOWAN: Pessoalmente, acredito não ter ouvido qualquer música dessas duas bandas citadas. Eu gosto da nova safra de bandas de Death/ Gothic-Doom, mas gasto a maioria do meu tempo descobrindo bandas antigas, como Asphyx e Autopsy. HELL DIVINE: E quais são os planos da banda para o futuro? SHAUN MACGOWAN:: Nós ainda temos alguns shows para realizar este ano, e então iremos concentrar mais em escrever e gravar o próximo álbum. Talvez ainda planejemos algo para o nosso 25° aniversário! Por Junior Frascá

HELL DIVINE: Vocês tocaram no Brasil pela primeira vez em apenas um show no Rio de Janeiro. Quais foram suas impressões de nosso país, e do público brasileiro? E por que vocês SHAUN MACGOWAN: Brasil é sempre ótimo! Os promotores e os fãs foram incríveis. A gente curtiu muito as churrascarias (risos)! Visitamos o Cristo Redentor, mesmo não sendo muito minha praia, mas deu uma boa foto! Gostaríamos de ter ficado mais tempo e ter feito mais shows, mas infelizmente não deu por conta dos nossos prazos, afinal também temos nossos trabalhos normais do dia a dia.

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ENTREVISTA Quando o guitarrista Roland Grapow e o baterista Uli Kusch deixaram o Helloween e anunciaram que estariam com uma nova banda e seu vocalista seria o místico Jorn Lande, todos imaginaram que esse novo grupo, o Masterplan, alcançaria o mesmo sucesso do seu antigo conjunto. Mas, nessas armadilhas do destino, o grupo sofreu com mudanças de formação, como a saída de Jorn e Uli e sobrou para Roland tocar o barco. Atualmente, a banda conta com Roland Grapow (guitarra), Axel Mackenrott (teclados), Jarí Kainulainen (baixo), Martin Scaroupka (bateria) e Rick Altzi (voz) e esse time lançou “Novum Initium”, cujo significado “um novo começo” traduz o atual momento do grupo. Nessa entrevista com Roland, ele nos conta da repercussão do trabalho, do antigo vocalista Jorn Lande e sobre uma visita ao nosso país em 2014. Confiram. 12

O Ç E M O RECO


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HELL DIVINE: A banda lançou recentemente um novo disco, “Novum Initium”. Como está a repercussão até o momento? ROLAND GRAPOW: Realmente, tenho que dizer que ficamos bastante surpresos com a ótima repercussão desse trabalho nos mais diversos países! Estamos muito felizes! HELL DIVINE: “Novum Initium” significa “um novo começo”. Do lineup original a banda manteve somente você e o tecladista Axel Mackenrott. Após várias trocas de membros, qual a motivação para continuar em busca de novos músicos para o grupo? Seria esse “novo começo” para vocês? ROLAND GRAPOW: Sim, é exatamente isso. Eu comecei essa banda com o Uli Kusch, e quando ele deixou o grupo, senti que era hora de ser o líder da banda e, para ser honesto estou amando essa posição. Axel e eu somos os principais compositores e tenho que admitir, estou adorando que os fãs estejam gostando nesse “novo” Masterplan. Estamos muito orgulhosos desse momento atual.

ROLAND GRAPOW: Com todos esses anos, acho que aprendi a controlar e entender melhor o que iremos manter e o que pode ser descartado dentro da música do Masterplan quando estamos compondo, o que é bom para a banda ou para nossos fãs. É algo que jamais queremos mudar. HELL DIVINE: Rick Altzi é um dos destaques desse álbum. Ele tem um timbre de voz muito parecido com seu antecessor, Jorn Lande. Como o encontraram? Vocês temiam que ele pudesse não se encaixar no estilo da banda? ROLAND GRAPOW: Na verdade, nós acabamos nos encontrando por acaso. Ele sempre foi um grande fã do Masterplan e isso ajudou muito. Quando eu o ouvi cantar, sabia que era o cara certo para o posto deixado por Jorn. Estamos felizes que ele possa cantar e se apresentar ao vivo conosco!

HELL DIVINE: Ainda falando sobre o lineup, Rick está no At Vance e Martin no Cradle Of Filth. Como conseguem organizar as agendas das bandas para evitar os choques de datas? ROLAND GRAPOW: Não é fácil realmente, especialmente o Martin... Mas com Rick não HELL DIVINE: Tirando o fato de a banda estar tocando com músicos diferentes, o estilo que os temos muitos problemas. Nós fazemos um grande consagrou ficou intacto – músicas como “Keep planejamento anual das turnês e tem dado certo até Your Dream Alive” e “Night of Black Magic” são agora! dois belos exemplos disso. Como conseguem manter essa mesma estrutura intocável? 14


HELL DIVINE: Sei que é difícil responder esse tipo de pergunta, mas temos que fazer para que os fãs saibam o que se passa com a banda. Você acha que se Jorn Lande não tivesse se envolvido em tantos projetos e vocês não tivessem tido tantas trocas de membros, poderiam estar em uma melhor posição, com melhor status mundial? ROLAND GRAPOW: Concordo plenamente com você. Jorn só pensava em si próprio e queria ficar famoso. Sinto que agora estamos chegando onde sempre merecemos estar, com maior reconhecimento. Não acho que uma banda tenha sucesso por um talento individual, tudo se resume a um trabalho em equipe, tem que haver química. Estamos de volta às turnês, tocando em grandes festivais novamente e é isso que nos deixa satisfeitos! HELL DIVINE: Aqui no Brasil (e acredito que isso aconteça no mundo todo) a venda dos discos caiu drasticamente. Hoje em dia, as bandas tentam vender mais merchandise para tentarem continuar na ativa. Como é a situação de bandas de pequeno e médio porte? A Internet tem ajudado nessa questão? ROLAND GRAPOW: Hmm… Não muito. As vendas não estão lá essas coisas, as pessoas curtem mais

ir aos festivais. Depois de sete anos longe da cena, preciso de mais experiência nesse assunto. Mas confesso que nunca entrei nesse ramo pelo dinheiro somente. Mas é óbvio que precisamos dele para nos mantermos vivos, caso contrário, todos iremos morrer em breve. HELL DIVINE: O Masterplan tem uma grande base de fãs no Brasil. Existem planos para uma turnê aqui pela América do Sul para o fim do ano ou início do ano que vem? Tem a chance de gravarem um DVD em nossas terras? ROLAND GRAPOW: Sobre o DVD acho mais complicado, mas é certo que iremos ao Brasil em 2014! Temos grandes planos para o ano que vem! HELL DIVINE: Muito obrigado pela entrevista Rolland! Deixe um recado para os leitores da revista e para seus fãs brasileiros! ROLAND GRAPOW: Agradeço pelo espaço e esperamos ver todos vocês em breve! Como eu disse, nos vemos em 2014! www.masterplan-theband.com Por João Messias Jr. Tradução: Pedro Humangous


ENTREVISTA Desde os primeiros anos do estilo, o Metal sempre teve inovações, abrindo caminho para novas experiências e projetos na cena, uns melhores que os outros, e agora, é a hora de um grande projeto se levantar do underground, sob o nome de “Karmaflow: The Rock Opera Videogame”, um jogo com tema musical em Metal e outras surpresas. Tivemos a chance de falar com o idealizador da obra, Ivo van Dijk, para saber mais sobre este projeto grandioso.

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, O H N O S O D N A U E Q S O G O J , L A T E M E M N U E S A I S A T N FA 17


HELL DIVINE: Primeiro de Tudo, agradecemos por nos conceder esta entrevista, Ivo, então a primeira pergunta é: como a ideia de “Karmaflow” surgiu em sua mente pela primeira vez? E por falar nisso, acreditamos que foi uma evolução lenta, certo? IVO VAN DIJK: A ideia de “Karmaflow” surgiu por volta de um ano e meio atrás. Eu estava pensando em como eu poderia fazer uma nova Ópera Rock, mas também em como transformá-la em um videogame. De primeira, eu estava pensando em fazer um novo show, mas como sou especializado em áudio de jogos, a ideia inicial não faria sentido. Criei um conceito de como este jogo deveria funcionar, e qual o papel que cantores e músicas deveriam ter. Uma vez que eu tinha pronta a ideia para ele, conversei sobre ela e qual o estilo que eu queria seguir: aventura, exploração e, principalmente, visando uma experiência em vez de muita ação. Eu tenho um amor para este tipo de jogos, e eu sempre achei que os temas para este tipo de jogos já estavam encaixados no conceito de Ópera Rock muito bem, por isso, então, de alguma forma, fazia sentido para mim. Começamos as iterações (fazer alterações) no conceito original, mas a ideia de explorar e aventura ainda era a central. HELL DIVINE: Por favor, alguns de nossos leitores ainda não conhecem a concepção de “Karmaflow”, logo, conte-nos um sobre o que ele é, falando alguns dos aspectos do projeto, e como você espera que ele esteja quando tudo estiver finalizado. IVO VAN DIJK: “Karmaflow” é o primeiro videogame Ópera Rock do mundo. Estamos explorando como uma estória pode ser contada através da combinação entre música e videogames: algo que nunca foi feito antes desta forma! Temos alguns ótimos cantores e uma das melhores orquestras do mundo participando. No game, você joga como o Karmakeeper. Você viaja para outros mundos, onde seu Guardião perdeu o controle da balança. Os jogadores encararão um conflito e, durante a aventura, você aprende o que aconteceu nesses mundos. HELL DIVINE: Ivo, você lançou um projeto há alguns anos, uma Ópera Rock com sua banda, Xystus, chamada “Equlibrio” que foi lançada até aqui, no Brasil. Você crê que exista uma ligação entre os dois projetos? Poderia “Equilibrio” ser um tipo de ponto de partida para “Karmaflow”? IVO VAN DIJK: Bem, antes de tudo, ambas as Ópera Rock são sobre o equilíbrio perdido, que tem que ser restaurado por um personagem “externo”. Isso é um tema muito importante para mim. Se olhar

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para o estado atual do mundo, creio que podemos dizer que também estamos perdendo o equilíbrio. Mas restaurá-lo é uma tarefa difícil, todos têm sua própria opinião sobre o que seria melhor, ou até mesmo sobre o que é verdade ou não... É claro que “Equilibrio” foi a primeira Ópera Rock que fiz (com o Xystus) e gostei de trabalhar com um conceito e fazer um longo trabalho com um certo som. Com “Karmaflow”, acredito que levarei o conceito ainda mais longe, e o tornarei maior e melhor! HELL DIVINE: Por falar nisso, não podemos esquecer a estória por trás do jogo, a concepção dele, então, poderia nos contar um pouco dela? E pelo que podemos ver por agora, é um tipo de RPG, certo? Mas a estória está fechada, sem que nada novo a ser inserido nela? IVO VAN DIJK: Como eu disse antes, é sobre o Karmakeeper, que tem que restaurar o equilíbrio. Você faz isso explorando, falando com os personagens, resolvendo enigmas e jogando. Lentamente, você entenderá o que está se passando no mundo, e uma vez que você tem diferentes lados das estórias, cabe ao jogador escolher quem ele irá ajudar. Então, a estória está “fechada”, mas você tem que escolher como ela terminará... É mais um jogo do tipo de resolução de enigmas e aventura. Nossa maior inspiração jogos como Zelda, Journey e Darsiders. HELL DIVINE: Sabemos que o projeto ainda está em seu início, mas já existe algo feito, em termos de programação? IVO VAN DIJK: Sim, estamos trabalhando atualmente em um primeiro protótipo, e alguns modelos, texturas, etc., já estão feitos enquanto falamos. Atualmente, estamos em tempo integral no jogo, e esperamos apresentar um nível completamente funcional em janeiro (N.R. de 2014). É claro, a produção musical começa em fevereiro (que é uma parte grande e difícil de toda a produção por si só!), então, acho que estará totalmente funcional como deve ser em dois meses depois. HELL DIVINE: Bem, “Karmaflow” terá alguns músicos bem interessantes trabalhando com você, como Simone Simons (Epica), Mark Jansen (Epica), Marc Hudson (Dragonforce), Henning Basse (Metallium, Firewind), Elize Ryd (Amaranthe, Kamelot), Mariangela Demurtas, e mesmo Dani Filth (Cradle of Filth), mostrando um espectro musical bem amplo. Então, como é trabalhar com pessoas tão diferentes, de países e culturas diferentes, e mesmo de estilos musicais bem distintos? IVO VAN DIJK: É ótimo ter tantos músicos


talentosos a bordo, e ainda não consigo crer que temos um elenco tão incrível. É uma espécie de quebra-cabeça que lentamente tem que ser montado nos próximos meses, mas acho que todos são bem informados e espero que se sintam envolvidos. Temos muita sorte de viver numa época em que você pode entrar em contato com todo mundo por meio da Internet, e manter em contato com facilidade atualizar a todos sobre o que está acontecendo. Todas estas vozes diferentes vão dar aos personagens do jogo um amplo e colorido espectro de vozes, que também estão influindo na concepção dos diferentes personagens. HELL DIVINE: Um importante aspecto que devemos mencionar é que “Karmaflow” é um projeto de financiamento coletivo (NR.: crowdfunding project). Poderia nos dizer porque escolheu ser desta forma, e o que estes que ajudarem terão com ele? Óbvio, é uma obra de arte, e algumas contribuições são bem vindas, mas algumas pessoas só pensam de uma maneira “e-o-que-eu-ganho-comisso?” IVO VAN DIJK: Sim, nós fizemos uma campanha de crowdfunding um tempo atrás. E graças a todas as pessoas que contribuíram, fomos capazes de contratar todos os músicos maravilhosos que estão envolvidos. Eu realmente penso que as pessoas estão curiosas de verdade e interessadas em como isso irá acabar, e querem experimentar “Karmaflow” por elas mesmas. Isso é muito inspirador para nós, e sentimos que não estamos fazendo isso apenas por nós mesmos, mas para um grande número de fãs leais que já temos! Ainda estamos atendendo as encomendas de pré-venda em nosso site, e todo o dinheiro angariado irá diretamente para o desenvolvimento do jogo. HELL DIVINE: O projeto foi divulgado para a imprensa mundial em julho, então, como as coisas estão indo nesse momento? Está sendo muito difícil de lidar com tudo, ou está certo de que irá superar as dificuldades nesse estágio do projeto? IVO VAN DIJK: As coisas estão ótimas atualmente! Fizemos um bom planejamento de quando anunciaríamos na imprensa, então ela não chegou a interferir na fase artística como um todo. Está nos tomando todo o tempo, claro, mas sabíamos que isso aconteceria e estávamos prontos para isso. Isso é um trabalho de amor de todo o time, e não ligo de dedicar todo meu tempo para fazer nosso sonho coletivo de criar “Karmaflow” acontecer! HELL DIVINE: Aqui no Brasil, alguns músicos já fizeram projetos de crowdfunding, e eles realmente conseguiram bons resultados, mas

não sabemos como esses projetos funcionam na Europa e em todo mundo. Então, você pode dizer que na Europa e nos EUA, as pessoas estão abraçando o projeto? IVO VAN DIJK: Sim, pessoas de todo o mundo mostraram seu apoio ao projeto. O fato que todos os cantores e fãs ajudaram a espalhar a novidade por nós no Facebook e Twitter é uma ajuda incrível para nós. Como o jogo e a trilha sonora estarão disponíveis para download, podemos alcançar todos no mundo. Algo que era bem difícil de conseguir com “Equilibrio” no passado. E mal podemos esperar para mostrar nosso jogo para o mundo, mas por agora, ainda temos um bom caminho até lá. HELL DIVINE: E por falar nisso, você já tem uma data planejada para o lançamento de “Karmaflow”? Alguns fãs não conseguem esperar por ele, especialmente no Brasil, onde Metal e videogames estão realmente ligados para muitas pessoas. IVO VAN DIJK: Temos o objetivo de lançar o jogo e a trilha sonora no final de 2014. Estamos fazendo nosso melhor e trabalhando muito duro no jogo neste momento, para ter certeza que ele irá acontecer! HELL DIVINE: Agradecemos muito a você, Ivo, e desejamos que “Karmaflow” seja um sucesso, e, por favor, deixe sua mensagem para nossos leitores. IVO VAN DIJK: Primeiramente, obrigado por ter tempo de escrever sobre o nosso projeto. A equipe de “Karmaflow” espera que nossa ideia e visão ressoarão com outras pessoas, e que elas compreendam as ideias que tivemos. Temos o objetivo de oferecer uma experiência única de trazer um novo gênero (O Videogame Ópera Rock) para a vida de todos vocês de uma maneira especial. É ótimo saber que pessoas de todo mundo, incluindo o maravilhoso Brasil, estão nos aguardando terminar o game. Você pode apoiar o projeto por meio de compra prévia em nosso site www.karmaflowgame. com, e todo o dinheiro irá para o desenvolvimento do jogo. Para atualizações regulares, vocês podem nos seguir no Facebook (https://www.facebook.com/ karmaflowgame), onde iremos postar as notícias mais recentes, artes conceituais, e iremos revelar mais cantores nos meses seguintes. Obrigado novamente e muitos agradecimentos do pequeno país da Holanda! www.karmaflowgame.com www.facebook.com/karmaflowgame www.twitter.com/karmaflowgame info@karmaflowgame.com Por Marcio Garcia 19


ENTREVISTA

O D N I U G SE RTE O F E E M R FI

Um disco recém lançado e extremamente elogiado por público e crítica: é da carioca Confronto, que soltou o petardo “Imortal” e, mesmo mantendo a brutalidade, muito longe de uma proposta comercial, vai ganhando espaço no meio musical. Formada por Eduardo Moratori (baixo), Felipe Ribeiro (bateria), Maximiliano Moraes (guitarra) e Felipe Chehuan (vocal), o grupo executa uma mistura visceral de Hardcore e Metal que conquista cada vez mais fãs. O baterista concedeu uma entrevista à Hell Divine, falando sobre o novo álbum, a mescla de estilos e a carreira. São quase quinze anos de luta e agressividade musical. 20


HELL DIVINE: Como foi a concepção de “Imortal”? FELIPE RIBEIRO: “Imortal”, antes de qualquer coisa, acho que foi o disco que mais curtimos o processo de criação, tanto das músicas, quanto o processo de produção do álbum. Trabalhamos na ideia do disco durante um tempo legal e acho que somando tempo de composição, gravação, até a master final, foi mais ou menos um ano e meio de trabalho. E hoje tenho certeza que fizemos um bom trabalho, inclusive, superando até mesmo as nossas expectativas. A recepção do álbum tem sido incrível, tanto pelo público, quanto pela mídia e isso está se refletindo em uma procura avassaladora pelo CD. Estamos muito satisfeitos! HELL DIVINE: Em geral, bandas dizem que seu álbum mais recente é o melhor da carreira. Tentando abstrair essa ideia e analisando friamente, para vocês, “Imortal” é o melhor até o momento? FELIPE RIBEIRO: Pois é, acho que pelo menos desta vez nós não vamos conseguir sair do clichê. Acho que “Imortal” é o álbum mais completo que já fizemos em todos os aspectos. Conseguimos implementar muitos elementos que não havíamos colocado em prática nos álbuns anteriores e isso fez com que ele se tornasse mais completo, mais rico, mais encorpado... Apontando novas direções, e consideramos isso, foi uma evolução muito importante. Sempre tentamos melhorar e trazer coisas novas. Acho que “Imortal” consegue expor muito bem essa nossa ideia. 21


HELL DIVINE: A faixa-título recebe grande destaque no álbum, sendo que inclusive vocês lançaram um videoclipe da música. Além dela, que outras vocês destacariam no trabalho? FELIPE RIBEIRO: Sinceramente, nós gostamos do álbum como um todo. Cada música tem sua história, sua mensagem e sua ideia particular. A música “Imortal” acho que sintetiza melhor a ideia do CD e por isso a escolhemos para ser o primeiro single já com videoclipe, mas na sequência já lançaremos o próximo vídeo oficial da banda. Mas se é para destacar, eu destacaria as músicas “Meu Inferno”, “Flores da Guerra”, “1 hora” e por aí vai... HELL DIVINE: Aliás, existe alguma história curiosa por trás de alguma(s) dela(s)? FELIPE RIBEIRO: Pois é, como eu disse, cada música e letra que escrevemos têm histórias diferentes. Por exemplo, “Mariah” foi a primeira que começamos a escrever para o álbum, no entanto, foi a última que terminamos para fechar o disco e isso aconteceu porque durante o processo de composição nós fizemos muitas modificações nela. Teve músicas que estavam prontas, mas que não entraram no CD. A música “Aos Dragões” começou a surgir e ganhar forma em um quarto de hotel, em Quito, quando fomos fazer um show no Equador. As coisas vão acontecendo naturalmente e nem sempre é como imaginávamos anteriormente, mas no final acabam ficando melhor do que esperávamos. Acho que o grande lance é ter essa sensibilidade de perceber isso na hora certa. HELL DIVINE: Qual foi a inspiração para compor a instrumental “Rosaly”? Afinal, foge completamente dos padrões das outras faixas. FELIPE RIBEIRO: Eu curto bastante músicas acústicas com clima de jam e ambiências, sabe? Gosto de músicas construídas no violão e coisas que vão de Johnny Cash e Bob Dylan a Jorge Ben, e por mais absurda que pareça a diferença entre esses estilos, eu particularmente vejo muitas similaridades artísticas, elementos... Gosto das “batidas” e dos climas que transmitem cada um à sua maneira. Quando temos tempo, alguns de nós passam um bom tempo com violão, criando coisas diferentes, e essa música surgiu um pouco disso. Eu já tinha a música na cabeça e também já tinha em mente os arranjos para ela, uma ideia já elaborada, mas que ainda faltava finalizar. Uma vez, passando por um bairro próximo a minha casa, de madrugada, consegui finalizar a música na minha cabeça... Descobri naquele momento o que deveríamos fazer para poder fechá-la do jeito que queríamos. O lugar durante o dia é muito agitado, muita gente na rua, com muito barulho e movimento, mas durante a madrugada parecia um outro lugar... Muito silêncio, deserto e calmo, e achei na hora que isso tinha muito a ver com o clima da música, em relação às outras faixas do álbum. Esse bairro é aqui na Baixada Fluminense e se chama Vila Rosali. Coincidentemente, é o bairro 22

onde Felipe Chehuan foi criado e passou sua infância e adolescência, e na realidade até hoje faz parte da vida dele. Isso tem muito a ver com as nossas origens... Daí surgiu o nome e a inspiração para a música. HELL DIVINE: As letras saem um pouco do tradicional, naquele conteúdo mais direto, e ganham mais profundidade nas letras de “Imortal”. São escritas de um jeito quase poético. Concordam com isso? O que poderiam dizer a respeito? FELIPE RIBEIRO: Eu acho que sim. Na verdade, sou eu e o Chehuan que escrevemos as letras. Eles escreve umas e eu escrevo outras. Temos formas bem diferentes de escrever. O Chehuan escreve letras mais diretas, com uma linguagem mais objetiva e incisiva. Eu escrevo de maneira mais poética, gosto de metáforas, associações.... Alusões. Isso sempre foi assim. Talvez a diferença em relação aos outros álbuns é que desta vez eu acabei escrevendo mais letras para este CD do que o Chehuan. Porém, nesse novo trabalho, conseguimos quase que incidentalmente, escrever algumas letras em conjunto, o que ficou bem legal também. Nunca tínhamos conseguido fazer isso antes e essa experiência foi muito boa. É o caso de letras como “Meu Inferno”, “Flores da Guerra” e “Sangria”, por exemplo. Se reparar bem, essas músicas têm as duas características em suas letras, com formas distintas em sua escrita, mas que se encaixaram muito bem. HELL DIVINE: O disco conta com participações especiais de peso: João Gordo (Ratos de Porão), Carlos “Vândalo” Lopes (Dorsal Atlântica), Felipe Eregion (Unearthly), além de Jonathan Cruz, Caio Mendonça e Paulo Doc (Lacerated and Carbonized). Eles contribuíram de alguma forma a mais nas músicas, além dos vocais? Em algum ponto, ajudaram a compor algo? FELIPE RIBEIRO: Na verdade, não. As músicas e letras já estavam prontas quando houve os convites para as participações. Todos eles acrescentaram muito em termos de presença mesmo, pois são grandes amigos e influência para nós, do Confronto. HELL DIVINE: Aliás, curiosamente, o único “forasteiro” aí é João Gordo, que é do estado de São Paulo. O restante é carioca. Que bairrismo é esse? (risos) FELIPE RIBEIRO: Não... Não tem essa de bairrismo não (risos)! Ficamos muito felizes pelo Rio de Janeiro estar passando por um ótimo momento, com grandes bandas e grandes shows. Mas esse negócio de bairrismo nunca vai acontecer, muito pelo contrário, gostaríamos de ver muito mais bandas de outros estados passando por aqui, pois temos ótimas bandas por todo Brasil! Além do que, São Paulo é praticamente a nossa casa também!


HELL DIVINE: O som do Confronto é sempre uma mistura fina entre o Hardcore e o Metal. Todos os integrantes curtem os dois estilos igualmente ou há uma divisão aí? FELIPE RIBEIRO: Não, acho que todos nós sempre transitamos entre os diferentes estilos naturalmente, desde a nossa adolescência até os dias de hoje, e a música do Confronto reflete bem isso. Nossas influências musicais sempre foram de bandas de Metal e até mesmo, mais no início da banda, quando tínhamos influências mais latentes de Hardcore, eram bandas de Hardcore que já faziam um som muito mais Metal do que as bandas da velha escola. Mas isso para nós sempre foi uma coisa muito normal e espontânea, pois crescemos ouvindo as bandas de Metal e Hardcore. Acredito que os dois estilos sempre andaram muito próximos e em determinados momentos da história chegaram a ser praticamente um só. E a verdade é que essa junção de sonoridades não é uma peculiaridade do Confronto: talvez nós tenhamos apenas resgatado isso com mais força. Bandas como Ratos de Porão, Dorsal Atlântica e o próprio Sepultura já traziam essa junção em suas músicas, posturas e atitudes. Acredito que o Confronto seja apenas a renovação de nossas próprias raízes dentro do Metal Latino Americano. As pessoas têm nos dito que o Confronto hoje representa uma nova geração que consegue trazer essa essência, essas raiz, de uma maneira autêntica. E nós ficamos muito felizes com isso!

FELIPE RIBEIRO: Arrependimento não, pois no meu modo de ver, as coisas ruins também fazem parte do aprendizado e pode ser um caminho para as melhorias. Mas ficamos felizes pelo fato de termos infinitas conquistas e pouquíssimas coisas ruins em nossa história. Estamos construindo a nossa história com muitas vitórias, com muitos shows, CDs lançados no mundo inteiro, muitas turnês nacionais e internacionais, e caminhando sempre para frente. Muitas pessoas acham que estamos no topo junto às grandes bandas nacionais, mas sinceramente, acho que ainda temos muito a fazer e muito a conquistar. Queremos sempre coisas novas, buscar novidades, conquistar espaço, chegar a diferentes lugares e vejo o Confronto com muita disposição para isso. Vivemos em função da banda e sabemos que temos uma responsabilidade grande, mas gostamos disso, assumimos essa responsabilidade e vamos adiante! HELL DIVINE: Agradeço a entrevista! É hora de se despedir, por favor. FELIPE RIBEIRO: Nós que agradecemos demais pelo espaço e foi um prazer enorme responder essa bela entrevista. Vocês sempre representando e dando muita forma para a música independente brasileira! Muito respeito! Nós agradecemos muito a todos os fãs do Confronto que vêm acompanhando a banda e pela ótima recepção que têm dado ao nosso novo CD, “Imortal”. Realmente estamos fascinados com tudo que está acontecendo com a banda nesse momento, onde as coisas estão tomando proporções gigantescas! “Imortal” está sendo sucesso absoluto de vendas e sendo aclamado pela mídia. Tudo isso é fruto de muito trabalho e apoio incondicional dos nossos fãs, que nos apoiam a cada passo! Para quem quiser ver o nosso novo videoclipe, fotos, notícias, agenda e tudo sobre a banda, é só dar um “Curtir” em nossa página oficial no Facebook: www.facebook.com/confrontobrazil. Seguimos firmes e fortes. Essa é a Revolução do Metal Latino Americano!

HELL DIVINE: Nesse sentido, como são compostas as músicas? FELIPE RIBEIRO: Não temos uma fórmula específica e todos participam do processo de criação. Todos participam de alguma forma. Às vezes, criamos coisas durante os ensaios e outras vezes levamos coisas prontas e elaboramos juntos. É um processo que curtimos bastante. Eu, particularmente, gosto de criar e escrever músicas, e nos moldamos um ao estilo dos outros da banda. Isso acontece de uma maneira muito fácil pelo fato de já termos um entrosamento de catorze anos de banda. Sendo assim, já nos conhecemos muito Por Christiano K.O.D.A. bem e em um olhar já sabemos exatamente o que cada um está pensando. HELL DIVINE: Em 2014, vocês completam 15 anos de atividade. Como planejam comemorar a data? FELIPE RIBEIRO: Quando completamos 10 anos de banda, gravamos o DVD. Por enquanto, não sabemos exatamente o que faremos para a comemoração de 15 anos, mas com certeza teremos boas surpresas para o ano que vem. Isso é uma promessa! HELL DIVINE: E aliás, analisando todos esses anos de carreira, há arrependimentos? Que balanço fazem desse período?

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ENTREVISTA

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! O R C U L É R E I V QUE


Houve um tempo em que o Metal tradicional havia “sumido” do mapa, e aquelas bandas que faziam um som baseado na N.W.O.B.H.M. jaziam no mais profundo underground. Mas, como num passe de mágica, eis que começa a surgir uma nova cena, que ganhou o nome de N.W.O.T.H.M. (Nova Onda do Heavy Metal Tradicional), apresentando Helvetet’s Port, Enforcer, Skull Fist, RAM e os canadenses do Cauldron, só para citar alguns exemplos. A história da banda remete a 1999, com o nascimento do Goat Horn, que fazia um som similar e chegou a lançar dois discos. Em 2006 mudaram de nome e desde então conquistaram o mundo com seus três álbuns, “Chained to the Nite” (2009), “Burning Fortune” (2011) e “Tomorrow’s Lost” (2012), que serve de pano de fundo pra atual turnê, que está passando pelo Brasil nos próximos dias. E antes do vocalista/guitarrista Jason Decay descer do avião, conversamos sobre diversos assuntos. A turnê passará por seis cidades brasileiras, sendo elas: 26/11 (Belo Horizonte/MG), 27/11 (Rio de Janeiro/RJ), 28/11 (São Paulo/SP), 29/11 (Curitiba/PR), 30/11 (Atibaia/SP) e 01/12 (São Leopoldo/RS). 25


HELL DIVINE: Na discografia do grupo constam apenas três álbuns, “Chained to the Nite”, “Burning Fortune” e “Tomorrow’s Lost”, todos lançados pela Earache Records. Como eles chegaram até vocês? Pretendem continuar esta parceria no próximo disco? JASON DECAY: Eles entraram em contato conosco após o lançamento do nosso primeiro EP, “Into The Cauldron”. Estávamos fazendo um bom trabalho de forma independente, já tínhamos excursionado no Canadá, tocamos na Europa e os EUA e o burburinho era bom em torno da banda. Temos mais um álbum HELL DIVINE: O Cauldron surgiu em 2006 e desde então tem chamado a atenção pela sua sonoridade calcada nos anos 80, englobando influências de Metal tradicional e Doom Metal, resultando num som único e bem particular. Hoje em dia criar algo original é bem difícil, mas, como vocês analisam o som que fazem? JASON DECAY: Nós apenas tentamos criar o que nós enquanto fãs, gostaríamos de ouvir, é isso. Não estamos tentando inventar nada além de uma nova canção. Em primeiro lugar, não nos consideramos inventores, apenas fãs de música. Se formos capazes de chegar a algo inovador ou original no processo, é um bônus! HELL DIVINE: Ao mesmo tempo, surgiram outras bandas do gênero, criando assim a “New Wave of Traditional Heavy Metal”, ao lado do Skull Fist, Enforcer, Helvetet’s Port, Ram, Portrait, White Wizzard, entre outras. Qual a relação do Cauldron com esta nova leva de bandas e o que o futuro reserva para o estilo? JASON DECAY:Nós estávamos por ai antes dessas bandas. Quando nós estávamos tocando esse estilo em 1999 com o Goat Horn, não havia bandas como estas para que nós pudéssemos tocar juntos. Então é legal que elas tenham surgido, porque nos ajudou. Não sei o que o futuro reserva para essas bandas, mas nós provavelmente vamos estar ainda por aí fazendo a mesma coisa da mesma forma que eram antes, independentemente do que está acontecendo. HELL DIVINE: A cena canadense sempre teve grandes representantes, cabendo ao Exciter, Voivod, Razor, Anvil, Thor e Annihilator colocar o Canadá no topo do Speed/Thrash Metal mundial, sem esquecer, é claro, dos dinossauros Rush e Triumph na cena Hard/Progressiva. No que diz respeito a influências do Cauldron, o que estas bandas representam? JASON DECAY: Cada uma das bandas que você mencionou teve uma influência sobre nós, especialmente sobre mim. Há também o Sacrifice, Slaughter, Reckless, Killer Dwarfs e assim por diante. Mas o Rush é o principal!

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com a Earache no qual estamos trabalhando agora e que provavelmente vai sair em 2014. HELL DIVINE: Algo que sempre me chama a atenção são as trocas de integrantes, e no caso da banda, houve apenas no posto de baterista. Myles Deck, o atual dono das baquetas, entrou no ano passado e até então não registrou nada em estúdio. Sua permanência é efetiva? Algo em especial fez com que os bateristas não permanecessem na banda? JASON DECAY: Nunca havíamos tido nosso próprio baterista até agora. Nós sempre pegávamos emprestados os bateristas de outras bandas, porque ninguém estava comprometido com esse tipo de


música da maneira como eu e Ian somos. Todos os nossos bateristas ao longo dos anos têm sido amigos nossos nos fazendo um favor, mas o seu compromisso sempre era com outra banda, até o Myles aparecer. Ele é o primeiro baterista que tivemos que não está em outra banda. Ainda somos grandes amigos de todos os nossos bateristas anteriores. HELL DIVINE: Do ponto de vista musical, quais seriam os grandes diferenciais do Cauldron? Hoje em dia, com a demanda muito grande por lançamentos e com a quantidade de bandas

HELL DIVINE: “Tomorrow’s Lost”, lançado em outubro do ano passado, destaca-se pelas composições recheadas de riffs marcantes e ritmos à la NWOBHM, sendo “Nitebreaker” o grande “hit”, rendendo inclusive um videoclipe bem “anos 80”. Até que ponto o visual e temática são importantes para o estilo da banda? JASON DECAY: É importante para nós ser como queremos ser e não prestar atenção em “como você deveria ser”. Acho que isso também nos faz com que nos destaquemos entre os demais. Quanto aos vídeos, apenas tentamos chegar a algo que seja interessante o suficiente Esperamos que seja interessante o bastante para que alguém queira mostrar aos seus amigos e que não seja apenas mais um “vídeo”. E tentamos nos divertir com eles. HELL DIVINE: O Cauldron iniciou suas atividades quando a internet já tinha se tornado a principal ferramenta de divulgação das bandas e gravadoras, ao mesmo tempo em que vem prejudicando em relação aos downloads x vendas de discos. Sendo vocês uma banda jovem, como veem este processo? JASON DECAY: Eu sou um colecionador de discos, então eu não me importo muito com download em MP3, mas eu gosto de possuir o material físico. Mas se é isso que você faz, faça, eu não poderia me importo. HELL DIVINE: Em poucos dias o Cauldron fará sua primeira turnê brasileira. O que esperam destes shows e o que já ouviram falar do nosso público? Estão ansiosos? JASON DECAY: Estamos muito animados em ir para o Brasil, é sempre emocionante para nós ir a novos lugares. Eu também ouvi dizer que os fãs são loucos aí, então eu estou realmente ansioso para isso. Porém, eu não vou esperar nada, tudo o que vier é lucro! Por Maicon Leite Tradução: Juliet Schuster

surgindo, tornar-se especial é uma tarefa dura. Como a banda tem trabalhado neste quesito? JASON DECAY: Na verdade não, nós apenas fazemos o que fazemos e tentamos fazê-lo da melhor forma possível. Eu acho que uma coisa que se destaca a nosso respeito com relação a muitas outras bandas são nossas músicas. Nós sempre nos concentramos primeiro nas composições, que é o mais importante para nós. Também a nossa produção, nosso som é muito real e orgânico e não é processado até a morte como em um monte de outras bandas.

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ENTREVISTA

Com os anos de estrada, discos gravados e shows pelo Brasil e exterior, a tendência é que boa parte dos grupos tenha (mesmo que de forma inconsciente) uma acomodação por terem, de certa forma, atingido todas as metas planejadas. Só que essa regra não cabe ao quarteto mineiro Eminence. Com 17 anos de estrada e, atualmente, formado por Bruno Paraguay (voz), Alan Wallace (guitarra), Thiago Correa (baixo) e André Marcio (bateria, ex-Overdose) lançaram seu melhor trabalho até hoje. “The Stalker” mantém o peso existente do álbum anterior, “The God of All Mistakes”, mas apresenta novas texturas, timbres, proporcionando ao ouvinte uma música extrema, caótica, que instiga ser ouvida por repetidas vezes. Nesta entrevista feita com o Bruno e Alan, os músicos contam da repercussão do trabalho, apresentações, a gravação dos baixos do disco, que foi feita a seis mãos e a disponibilização do trabalho em download gratuito. HELL DIVINE: Primeiramente, parabéns pelo excelente álbum lançado, “The Stalker”. Apesar de pouco tempo de lançamento, o que vocês têm achado das resenhas em relação ao disco? ALAN WALLACE: Estão sendo muito positivas especialmente aqui no Brasil e nos EUA. BRUNO PARAGUAY: Mais do que esperávamos, com certeza. O fizemos de coração, nos preocupando primeiramente em estarmos tocando bem, se as músicas tinham aquela energia... E, felizmente, estamos recebendo muitas resenahs do mundo inteiro falando bem do álbum, e acho que foi consequência de um trabalho intenso e verdadeiro.

HELL DIVINE: Mais uma vez vocês surpreenderam com um álbum visceral e ao mesmo tempo instigante, com influências variadas, que tem como meta fazer músicas pesadas e brutais. Essa era a intenção quando “The Stalker” foi composto? ALAN WALLACE:: Queríamos fazer um álbum diferente dos anteriores com uma pegada mais pesada.

CAÓTICO

BRUNO PARAGUAY: Tínhamos a missão e o “peso” do “The God of All Mistakes” (2008), então era um pouco daquela coisa: “não pode ser inferior ao anterior” e essas coisas. Mas fluiu legal, as ideias foram vindo e quando vimos já havíamos misturado um bocado de influência e estava ali, pesado. Que acho que será uma coisa que vamos sempre buscar. HELL DIVINE: O disco está disponível para download gratuito. Como é para vocês o negócio de dar a música para os fãs? “The Stalker” terá sua versão física? ALAN WALLACE: Hoje em dia está cada vez mais difícil vender CDs físicos, então resolvemos lançar todos os nossos álbuns para download gratuito em nosso site oficial. BRUNO PARAGUAY: Os tempos, com certeza, são outros, mas não impede de quem gosta de ter o material físico de comprar. Então já que sabemos que o álbum iria vazar, resolvemos sair na frente (risos). HELL DIVINE: Um dos destaques é atuação do vocalista Bruno Paraguay, que apesar dos berros e urros, faz lances inusitados, como na música “Eyetricity”. Como ele cria essas passagens? ALAN WALLACE: O Bruno é um vocalista incrível e muito versátil. Criamos todas as linhas de voz e riffs juntos neste álbum novo. BRUNO PARAGUAY: Muito obrigado! Fico sempre feliz quando ouço algo do tipo (risos)! Mas foi aquela coisa: tínhamos ali o riff, letras picadas e no começo de cada musica gostava que o Alan tocasse alto 28


e eu fechava o olho e saia no improviso, sem preocupar com a letra, tentando expressar o que sentia naquela passagem... E assim foi criada a linha de vocal do disco. HELL DIVINE: “Unfold” é o primeiro vídeo de trabalho, que possui um ambiente caótico e escuro, cujas gravações aconteceram numa espécie de galpão. Conte-nos o conceito do clipe e o que acharam do resultado final? ALAN WALLACE: Bruno, André e eu queríamos fazer as tomadas de maneira diferente neste clipe e o Paulo Fernando e o Leandro Miranda da Toca Filmes nos ajudaram muito e o resultado final ficou muito bacana. BRUNO PARAGUAY: Olhávamos para os clipes anteriores e vinha aquela sensação: “cara, agente precisa conseguir fazer algo diferente dos outros clipes”. Foi quando chegamos no galpão e a formação na pegada “ensaio” misturado com cenas paralelas que remetem à letra da musica, pontos como ganância, beleza, manipulação e etc. E, mais uma vez, com a produção da Toca filmes que, como sempre, sabem e entendem a nossa linguagem e são metaleiros também (risos)! HELL DIVINE: O disco também possui interlúdios atmosféricos, como em “Reverse” e “Mutation”. Esses climas servem como refresco para o pescoço? ALAN WALLACE:Essa foi a minha ideia inicial de tirar um pouco a pancadaria e criar um ambiente diferente do álbum.

E EXTREMO

HELL DIVINE: Interessante citar o trabalho da produção, que foi realizado aqui no Brasil por Tue Madsen, que já havia trabalhado no disco anterior de vocês. O trabalho dele deixou o som nítido e com uma sonoridade jovial. Quais os motivos de trabalhar em com alguém de fora do país? ALAN WALLACE:Primeiro, a experiência do Tue. É um grande nome em produção musical e a nossa parceria deu muito certo desde o “The God of All Mistakes” e, em time que está ganhando, não se mexe (risos). Gostamos muito do trabalho dele. BRUNO PARAGUAY: Tue, além de um grande produtor que trabalhou com varias bandas no mundo inteiro, se tornou amigo e sabe absorver e sugar o máximo de cada integrante da banda! Sentíamos-nos mais seguros e a vontade em trabalhar com ele naquele momento! HELL DIVINE: O disco contou com os baixistas Paulo Xisto (Sepultura), PJ (Jota Quest) e o atual dono dos graves, Thiago Correa. Qual a sensação de terem na gravação músicos de estilos tão distintos?

ALAN WALLACE:: Esta variação de estilos ajudou muito para o resultado final do trabalho fizemos linhas de baixo bem diferentes. BRUNO PARAGUAY: “Baixaria mineira reunida!” (risos). Com certeza, algo inusitado e que nos deixou muito honrados! Essa é a sensação ao ver pessoas com histórico e experiência monstros reunidos ali para ajudar a banda na gravação do nosso novo álbum! E, com certeza, ajudou muito, porque cada um ali tem um estilo diferente de tocar e influencias, o que agregou bastante no trabalho feito em cada faixa do disco. HELL DIVINE: Agora falando de shows, vocês já tocaram em países que não fazem parte da rota de shows como Nova Zelândia, Equador e Suriname. Como o nome Eminence chegou a essas localidades e qual foi o saldo dessa experiência? ALAN WALLACE: Sempre tocamos em lugares diferentes e foram convites de produtoras locais e amigos músicos que fizeram a nossa ida a estes países incríveis. HELL DIVINE: Falando em apresentações, quais os planos para o Brasil e exterior? ALAN WALLACE: Pretendemos fazer uma turnê na Europa, EUA e Japão no ano que vem e com toda certeza algumas datas no Brasil. HELL DIVINE: Para encerrar, a banda tem quase 20 anos de estrada e, nesse tempo, conquistou várias vitórias, como gravar com os maiores produtores do estilo, terem se 29


apresentado por todo o mundo e sem abrir mão de suas convicções. Para vocês, o quão importante é ter chegado longe, sem opiniões de gravadoras e terceiros? ALAN WALLACE: Fazemos o que gostamos e tocamos em boa parte do mundo com a nossa música e, enquanto tivermos força, estaremos levando a bandeira do metal nacional para o mundo. Bruno Paraguay: Música, Metal, Eminence é um projeto de vida “despretensioso” que vem dando certo! Acredito que tudo que é feito de coração, com verdade se colhe bons frutos! HELL DIVINE: Obrigado pela entrevista. Deixem uma mensagem aos leitores da Hell Divine. BRUNO PARAGUAY: Nós é que agradecemos! Continuem firmes com a Hell Divine! A cena metal nacional só tem a crescer cada vez mais! E aos leitores: continuem apoiando a cena local, apoiem quem tenta fazer a diferença, seja organizando um show, tocando numa banda, fazendo zines e etc. Isso fará toda a diferença no final! Mais uma vez, obrigado. Nos vemos nos palcos em breve! Alan Wallace: Muito obrigado a todos da Hell Divine e para quem não conhece o Eminence visitem nosso site: www.eminence.com.br Por João Messias Jr.


CERVEJA E METAL: O MOSH GANHA NOVOS SABORES.

Mesmo que você não seja adepto a uma boa cerveja, é indiscutível que um show de Rock/Metal fica sempre melhor quando acompanhado de uma gelada! O público já começa a encher a lata horas antes dos shows, do lado de fora nas dependências da casa de eventos (isso quando o evento já não acontece dentro de um pub/bar). Antes de continuar, tenho que lamentar por aqueles que, por pura imbecilidade, deixam de entrar só para ficar ali fora comendo coxinha e se embebedando, em vez de entrar e prestigiar as bandas. E que tipo de cerveja a galera mais consome? Normalmente, as mais toscas possíveis (entenda por mais barata) como Skol, Antartica, etc. Mas dá até para entender, o cara gasta menos e pode beber várias, já que são cervejas mais simples e mais leves. Porém, de uns tempos para cá, surgiu essa onda da cerveja gourmet ou especiais. Aos poucos, o público foi selecionando melhor o que comprar e seu paladar foi evoluindo, podendo, agora, degustar e entender melhor o produto que está consumindo – e até disposto a pagar um pouco mais por isso. Creio que o assunto já não seja novidade para ninguém, afinal, estamos sendo bombardeados pelos mais diversos rótulos de cerveja, seja nos grandes mercados ou mesmo nos quiosques espalhados pelos shoppings. Já que o assunto virou “moda” e o público está curtindo, por que não unir ao Heavy Metal? As bandas então resolveram entrar no clima e criar suas próprias cervejas. As mais recentes e mais famosas são a The Trooper do Iron Maiden (uma English Pale Ale) e a Back In Black do AC/DC (uma German Pilsner).

ESPECIAL

Por Pedro Humangous

Nos últimos meses, vimos uma avalanche de outros títulos como Deep Purple, Kiss, Motorhead, Angra, Claustrofobia, Korzus, Sepultura, João Gordo, Matanza, etc. Até nós, da Hell Divine, lançamos nossa própria cerveja (isso já tem mais de um ano)! A mais recente nessa lista é a cerveja do Mastodon, uma incrível Double Black IPA! Algumas são realmente muito boas, outras nem tanto – depende do gosto de cada um. Eu vejo mais como uma estratégia de marketing e encaro com bons olhos, pois movimenta o mundo da música e principalmente o das cervejas. Em uma era onde a música propriamente dita perdeu seus valores (com a queda na venda do disco físico), nada mais justo do que buscar novas alternativas para arrecadar grana e manter a coisa toda funcionando. Seja como for, não deixem jamais de ir aos shows e tomar uma boa cerva! P.S.: Para uma banda cervejeira como o Tankard, ainda não ouvi falar da cerveja deles... no mínimo curioso, não?

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RESENHAS

PANKREATITE NECRO HEMORRÁGICA/ BONEACHE/INSEPSY/FETAL DEFORMITY “4 Ways Methods Of Illegal Pathology” Old Grindered Days Rec/Virus Productions Por Christiano K.O.D.A. Trata-se de um 4 way split com bandas Goregrind barulhentas e desgraçadas do underground, sendo três nacionais e uma estrangeira. Mas não é só barulho gratuito, não! A pegada aqui tem qualidade! Abrindo a porteira, vem a Pankreatite Necro Hemorrágica, uma das melhores do disco, com um som brutal e vocais levados às últimas consequências. E há um cover violento de “Buracos Suburbanos”, da banda Psykose. O material é muito bem gravado, um atrativo a mais para o grupo. Na sequência, vem a BoneAche, que sempre teve a proposta de fazer um Goregrind que flerta com o Noise. Aqui, eles se saíram muito bem, embora a bateria programada ainda seja artificial demais para a sonoridade do conjunto. No quesito sujeira, mantiveram os padrões. Mas é interessante ressaltar que as faixas em si são bem legais. Fico imaginando se tivessem um baterista de verdade. Não teria para ninguém! E agora, abram alas para uma das mais empolgantes do estilo no Brasil atualmente, a Insepsy. Os caras têm uma sonoridade que lembra a da Dead Infection, mas têm personalidade para fazer um som mais próprio. E que som! Só tem boas composições aqui, impressionante! O peso das guitarras também deixa qualquer um assustado. Aliás, essa é outra que caprichou na gravação e, obviamente, se sobressaiu no registro. Por último, a Fetal Deformity, do México, manda ver na porradaria que, assim como a BoneAche, também é sujona e extrema. O vigor com que executam suas composições é incrível, já que não há descanso nessa metralhadora. E assim termina esse conto mórbido de fadas doentias, com a pele em estado avançado putrefação. Nota: 8.0 ANEUROSE “From Hell” Independente Por Pedro Humangous

O ano de 2013 realmente não foi fácil, diversos lançamentos fantásticos, desde os de bandas consagradas quanto das debutantes. O Aneurose veio preparando esse “From Hell” desde o ano passado e resolveu guardar seu melhor para o fim deste. E a espera valeu a pena! O disco conta com a ótima produção de Gus Monsanto (Symbolica, ex-Adagio, Revolution Renaissance) e Celo Oliveira (que ainda fez a mixagem e masterização), deixando o som super agressivo e balanceado. “From Hell” é aquele disco perfeito para acordar e começar seu dia com sangue nos olhos – incrível como ele desperta a ira em você! O som é basicamente o Thrash Metal, mas não se esquece jamais do Groove – lembrando um pouco de Korzus, Anthrax e Testament. As músicas são carregadas de energia, que logo se encarregam de passar para você, que quando menos percebe já está “bangeando” na sua sala de estar. Faixas como “Hunting Knife” (que ganhou um videoclipe) e “Drink Like A Man” empolgam logo de cara e, ao vivo, devem abrir um buraco no chão! O baixo, que tem um peso absurdo, faz uma aliança dos infernos com a bateria, que encontra a forma perfeita de encaixar seus tempos variados nas músicas. Acho que a única música que ficou meio destoando foi “Black Widow”, seu ritmo mais cadenciado deu uma esfriada na audição. Para compensar, desceram a lenha na sequência com “Train From Hell” e “Square In Flames”! A arte da capa é bem legal, trazendo um trem desgovernado, aparentemente vindo do inferno para aterrorizar a terra – além do símbolo da banda, fiquei curioso para saber do que se trata o número 30/09 que está na frente do trem. “From Hell” é um ótimo début e um belo cartão de visitas, confira sem medo! Espero encontrá-los em breve e conferir essas músicas ao vivo! 32

Nota: 8.0


ANTIVOID “Senseless” Independente Por Vitor Franceschini Pelo jeito não é apenas o vinho do Porto que é de excelente qualidade na região do Douro, em Portugal. Afinal, de lá também vêm os patrícios do Antivoid, banda que iniciou sua carreira em 2005 sob a alcunha de The Endgate e, desde 2012, atende pelo nome atual. “Senseless” é o primeiro full-lenght da banda e um belíssimo cartão de visitas. O Death Metal praticado pelo quarteto mostra uma potência incrível e flerta com o Grindcore em alguns momentos sofrendo influências de bandas como Benediction, Napalm Death (atual) e até Extreme Noise Terror. Que fique bem claro que essas influências são notadas se o som for ouvido com bastante atenção, já que o grupo lusitano possui suas próprias características. Alternando riffs rápidos com momentos mais cadenciados, a sonoridade da banda dispensa solos e dá mais espaços para a brutalidade em si. Com uma cozinha direta, mas que prima por algumas quebradas “vítimas” da variação de andamento das composições, as 15 (!) faixas contidas soam cada vez mais prazerosas a cada audição do disquinho. A produção um pouco suja e não soando artificial caiu como uma luva e só enalteceu a qualidade de “Senseless”. “Born To Die”, “Believe”, “Endgate”, “Silence Sucks” e “Grind My Gears” são alguns dos destaques, mas resumem pouco a qualidade do trabalho desses caras. Então, aproveite e vá ao site da banda que o download de “Senseless” é gratuito. http://www.antivoidband.com/ Nota: 8.5 ARANDU ARAKUAA “Kó YbY Oré” MS Metal Records Augusto Hunter Os brasilienses do Arandu Arakua, que quer dizer “saber dos ciclos dos céus” ou “sabedoria do cosmos” em tupi guarani vem com um disco com muita qualidade sonora e uma brasilidade jamais imaginada, pois a incrível mescla da sonoridade pesada e às vezes extrema, com muita incursão de música regional se encontram com o tupi guarani, língua de origem indígena. A banda mostra, no decorrer das 13 incríveis faixas, uma maturidade musical ainda não vista, já que a dificuldade inerente de casar todos os elementos encontrados na música da banda com a língua, as músicas tradicionalistas indígenas e o peso das guitarras, um baixo marcante e uma bateria tocante. Vale, ainda, falar que a audição do disco é altamente recomendada a todos aqueles que, como eu, curtem ser surpreendidos, pois músicas como “Gûyrá”, “Tupinambá”, “Aué!”, “Tykyra” e todas as outras são de atmosferas maravilhosamente bem construídas e de passagens marcantes, mostrando ao Brasil que Zhândio Aquino, Najila Cristina e todos os correligionários da banda estão indo em uma simples e única direção: crescer e ganhar ainda mais o país com o que poderíamos apelidar, carinhosamente, de Heavy Metal Brasileiro. Nota: 9.0 BOMBUS “The Poet and the Parrot” Century Media Por Maicon Leite A Suécia sempre nos presenteou com grandes bandas, desde o Pop do ABBA ao Death Metal clássico de bandas como Dismember e Entombed, passando pelo Melodic Death Metal do In Flames e Dark Tranquility, até chegar à nova geração, em especial bandas como Ghost, Noctum e In Solitude. Formado, em 2008, na cidade de Gotemburgo, o Bombus surgiu praticamente “do nada”, e 33


graças ao brilhante videoclipe para a música “Enter the Night”, que abre o disco, acabou chamando minha atenção, devido ao seu alto nível de criatividade. Feffe (guitarra/vocal), Matte (guitarra/ vocal), Jonas (baixo) e Peter (bateria) souberam dividir sua insanidade em oito faixas, que mesclam doses animalescas de Rock and Roll pesado com toques de Punk e Hardcore, resultando num disco orgânico e extremamente empolgante. Na verdade, fica até difícil definir em qual estilo os suecos se encaixam, mas, deixando isso de lado, o que importa é que se trata de um grande disco, de qualidade homogênea. Além da marcante “Enter The Night”, há inúmeros destaques, como “Liars”, “Apparatus”, “Let Her Die” e a faixa-título, carregando influências diversas e muito feeling. O visual “junkie” dos integrantes deixa bem clara a busca por uma aura setentista, independentemente se esta é a vontade da banda ou não. Na dúvida, ouça e tente decifrar o som destes malucos, é viciante! Nota: 8.0 D.A.D. (DEATH AFTER DEATH) “...infâmias...” Independente Por Christiano K.O.D.A. Permitindo-me um lado mais pessoal, devo dizer: por alguma razão, em um momento inicial, não botei fé nessa banda. Repito: por alguma razão obscura, mas já é passado. Mas o sofrimento acaba aqui, pois após escutar esse disco, aquela boa sensação de surpresa e satisfação percorreu meu corpo de imediato! Algum fã de uma sonoridade que abriga Crossover/Crust/Grind por aí? Pois já é lei: você PRECISA desse material! É só porradaria veloz, praticamente sem descanso, em dezessete temas aniquiladores. Mas eles têm mais um atrativo: o bom humor! Com o perdão do trocadilho, mas letras como “Todo Mijado” é de mijar de rir! Ou “Fedor” então, que conta com flatos impagáveis, entre outras insanidades desse pessoal, faz até o mais rabugento dar uma boa gargalhada. Mas há um lado sério e ácido em algumas músicas, como “Kallinger” ou “Desordem e Regresso”, por exemplo. Tensa! E como se não bastasse o conteúdo causar uma divertida empatia, as composições em si são de grande qualidade, viciantes mesmo. Merecem os parabéns os senhores Stressor Ixtremuh (vocal), Luiz Gore (baixo), Erick Fryer (bateria) e Mafe Musick (guitarra) – as guitarras foram registradas pelos músicos Bin Laden e Petrus Terrificus. Vale mencionar um cover de G.G. Allin, “My Sadistic Killing Spree”, que ficou caprichado. A gravação ficou boa, não ótima, mas passou direitinho a mensagem. Enfim, um CD indecente, de tão legal. Corre atrás, mermão! Nota: 8.0 DARKTOWER “Of Chaos And Ascension” Eternal Hatred Records Por Augusto Hunter Depois de muitos anos anunciando, finalmente ganha a luz a obra prima do clássico DarkTower e, mesmo tendo demorado e com uma mudança em sua formação, o disco veio assassino. Um trabalho mais que esperado, foi produzido pelos irmãos Murilo e Rômulo Pirozzi, no Pyro z Studios e a incrível capa foi concebida pelo baterista da banda, Rodolfo Ferreira. Com um trabalho altamente limpo, pesado e bem coeso, a banda mostra no decorrer de suas onze canções uma maturidade incrível. Depois da intro “Prediction”, o disco começa viciante com “Dawn Of Darkened Times”, uma música incrível, com variações vocais sensacionais, feitas pelo simpático Flávio Gonçalves, deixando a música ainda mais incrível. Se eu for destacar para vocês alguma música, seria injusto com esse material que nasceu para levar o nome DarkTower ao seu local de início, o destaque no cenário nacional e, com certeza, ele credencia a banda para seu ataque internacional, pois dentro desse Caos e Confusão que o DarkTower criou, eles têm pleno controle de toda a situação e eles estão prontos para crescer. Rise DarkTower!! Nota: 10 34


DEICIDE “In the Minds of Evil” Century Media Records Por Christiano K.O.D.A. Finalmente! O mais novo filho diabólico do Deicide nasceu, mantendo o legado brutal dos irmãos. Assim como o disco anterior, “To Hell with God”, o lançamento também conta com muita inspiração e suor. A primeira faixa, que dá nome ao petardo, já tem um refrão poderoso para berrar junto até a rouquidão. Ou os blast beats desesperados do baterista Steve Asheim em “Thou Begone” ou “Godkill”, por exemplo, que são um dos mais velozes da carreira do grupo, é outro bom exemplo desse suor... ou seria sangue? E o riff pegajoso de “Misery of One” que, em conjunto com o restante do instrumental, resultou numa bestialidade altamente viciante? Essa deve se tornar clássica... Mas o fato é que a enorme qualidade se espalha por todo o álbum, bem equilibrado entre as músicas mais rápidas e as mais “cadenciadas” (entre aspas, porque os bumbos do baterista nunca param). Analisando num parâmetro bem geral, há um aspecto que mudou perceptivelmente aqui, em relação aos últimos trabalhos da banda: a melodia dos riffs e o número de solos, pois agora ficou ainda mais evidente que o ótimo ex-guitarrista Ralph Santolla era o principal responsável pelos quesitos. Sem ele, o negócio voltou a ser mais malévolo. Não que os registros com o ex-integrante fossem ruins – muitíssimo pelo contrário, são espetaculares também – mas um Deicide com riffs mais graves é mais a cara do quarteto – hoje com Kevin Quirion nas seis cordas, fazendo dupla com Jack Owen, e o demônio em pessoa, Glen Benton, responsável pelos urros e pelo baixo, além do já citado Asheim. Portanto, “In the Minds of Evil” está não menos do que excepcional. E que produção fantástica! Pesadíssima – o que compensou a falta de sujeira – e cristalina ao mesmo tempo. Como conseguiram? Por fim, o décimo primeiro disco de estúdio dos norte americanos manteve a qualidade e entra para a lista dos grandes de 2013. É isso e ponto.v Nota: 9.0 DESCRATED SPHERE “Emancipate” Eternal Hatred Records Por Pedro Humangous Quando resenhei o “The Unmasking Reality” – primeiro trabalho da banda, lançado em 2011 – já tive uma ótima impressão sobre o Death Metal do Desecrated Sphere. À época, eu já estava assustado com a técnica dos músicos e a preocupação com a qualidade do material, algo não muito comum em bandas iniciantes. Dois anos após o primeiro disco, o grupo não perde tempo e lança mais uma pedrada, o maravilhoso “Emancipate”. O álbum foi gravado aqui no Brasil, mixado e masterizado na Alemanha pelo mestre Andy Classen, e a linda capa foi feita pelo artista brasileiro Raphael Gabrio. O novo trabalho está mais certeiro, mais reto e direto, com menos “firulas” que seu antecessor. Porém, ainda continua absurdamente agressivo, extremo e técnico. A cozinha, formada por Rodolfo Bassani (bateria) e José Mantovani (baixo) é realmente de cair o queixo, tamanha qualidade técnica – uma pena que os dois deixaram o grupo recentemente. A dupla de guitarristas Gustavo Lozano e Rubens Fraleone são dois monstros e esbanjam bom gosto e perfeição nos riffs (porém, alguma coisa no timbre das guitarras que me incomodou um pouco, acho que ficaram um pouco abafadas, faltando mais nitidez). Renato Sgarbi descarrega toda sua ira através de um vocal gutural potente e cavernoso, combinando perfeitamente com a parte instrumental intricada. O disco passa voando e você se vê apertando o play novamente, pois “Emancipate” é viciante! Destaque para “Transcending Materialism” e “Leaders Of Babylon”, que me fizeram pensar em uma mutação genética entre Krisiun e Obscura. Bandas de Death Metal no Brasil temos aos montes, mas com uma qualidade técnica e estética assim, são poucas. Aquisição e audição obrigatórias! Um dos melhores lançamentos do estilo do ano! Nota: 9.0

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DESTROYERS OF ALL “Into The Fire” Independente Por Vitor Franceschini No mínimo arriscada a proposta deste quinteto de Coimbra, Portugal. Afinal, ao ler a descrição do som da banda que mescla Death e Groove Metal, alguns conservadores podem passar reto e nem se interessar pelo som da banda. Isto será um erro gravíssimo, pois depois de botar a bolachinha para rodar, vemos, ou melhor, ouvimos um som de ótima qualidade, que alia técnica e brutalidade de forma concisa. “Into The Fire” é o primeiro EP da banda e, após a introdução, a faixa “Soul Retrieval” deixa bem claro o que a banda propõe. Breakdowns nervosos se alternam com insanos blasts beats com riffs carregados e solos rápidos e agressivos, de certa forma até desconexos. A faixa título, apesar de mais direta, ainda conta com uma quebrada seca mostrando que esta é uma das principais características do Destroyers Of All. Tanto que “M4” mostra que a banda não tem medo de exagerar nestas passagens e, incrivelmente, se sai bem. Mostrando um lado mais melódico, a composição mostra um esplêndido trabalho das guitarras tanto nas bases quanto nos ótimos solos muito bem encaixados. Por fim, “Astral Projection” segue a mesma linha de “M4” incluindo aí mais um belíssimo trabalho de guitarras e uma cozinha cheia de pegada e coesão, além de um final dramático (no bom sentido). Não poderia terminar a resenha deixando de citar as belíssimas linhas de baixo que ajudam ainda mais a enfatizar o peso das composições, com boas viradas e precisão. Menção também ao vocalista João Mateus que varia seu timbre berrando como poucos e “cantando” bem quando necessário. Mais uma grata surpresa vinda de Portugal! Nota: 9.0 DEUS MORTEM “Emanations Of The Black Light” Strych Promotions Por Yuri Azaghal “Emanations Of The Black Light” se trata do début da banda polonesa Deus Mortem, formada em 2008. De forma alguma o álbum deixa de cumprir bem o seu intuito, criando uma boa atmosfera sinistra, com bons riffs e bom vocal, sendo bem cru e bruto em muitos aspectos. Certamente, é um álbum que demonstra dedicação e fervor por parte dos envolvidos, tendo muitas faixas ótimas e bem compostas. No entanto, esse é um álbum que não deve ser ouvido superficialmente, ou irá passar a impressão de “mais do mesmo”. Infelizmente, em alguns aspectos o álbum falha em criar uma atmosfera variada, apesar do instrumental de cair o queixo. O ponto negativo aqui não é de forma alguma a falta de habilidade dos músicos, e sim a falta de empolgação que o álbum causa em muitas partes, pois apesar de ser bom soa como cópia de muitos álbuns do gênero Death/Black, o que pode acabar decepcionando algumas pessoas, principalmente levando em consideração que o álbum passa dos quarenta minutos. Não busque nada muito fora do habitual quando ouvir esse álbum. Caso essa seja exatamente a sua intenção, “Emanations Of The Black Light” continua sendo um ótimo álbum, e vale muito a pena prestar atenção tanto no seu instrumental quanto em suas letras. Nota: 8.0

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DOOMSDAY HYMN “Doomsday Hymn” Independente Por Cupim Lombardi Pode falar que agora a “última onda” é o Deathcore, Thrashcore e etc., mas é inegável que bandas de qualidade e com proposta vêm lançando materiais interessantes que sobrepassam tendências de moda! E o Brasil como pátria do peso não ficaria para trás! Com uma ótima produção, gravação limpa e peso inegável o Doomsday Hymn lança esse EP de chegada para já deixar todos apreensivos para o álbum de estreia previsto para 2014. Com timbre acertado e ótimas tomadas sem exageros de bateria, bom trabalho das pesadas guitarras e vocal gutural bem explorado com pouco uso de vocais limpos (que muitas vezes fica mal encaixado no estilo), as três músicas são bem completas para o próposito de Thrashcore, como eles mesmo se proclamam, sendo duas letras em português e uma em inglês. Pode-se dizer que, sem muita novidade para o estilo, mas um trabalho bem feito sempre merece destaque e por serem apenas três músicas muito bem feitas não cabe destaque para nenhuma. Certeza que lhe fará ouví-las novamente na sequência, apenas a recomendação da banda que virá com algo violento para nossos ouvidos. Nota: 9.0 ELECTRIC AGE “Good Times Are Coming” Independente Por João Messias Jr Alguns podem achar presunção, outros a mais pura verdade, mas não há de se negar que o quarteto paulista Electric Age foi ousado ao nomear seu EP de “Good Times Are Coming”. Só que, independentemente se época X ou Y foi a melhor para o estilo que amamos, o que vale dizer é que a banda formada por Luiz Felipe Cardim (guitarra), Otávio Cintra (baixo), Rafael Nicolau (bateria) e Junior Rodrigues (voz) consegue cativar o ouvinte com um Hard setentista de muito bom gosto. A faixa que abre o trabalho, “Rise”, na verdade é uma introdução que não diz muita coisa, então vamos para a seguinte, “Snake Eater”. Essa, sim, pode ser considerada um cartão de visitas da banda. Unindo licks e riffs gostosos de ouvir, baixo “gordão” e vocais agudos e ardidos, inspirados em Robert Plant e Ian Gillan, contagia logo de cara, assim como “All Night Long”. Esse som não se trata de uma regravação do Rainbow, mas se tivesse sido lançada na mesma época, teria feito tanto barulho (ou até mais) do que a do grupo do Richie Blackmore. Com uma veia bem Hard, a faixa é daqueles sons que fazem até o mais contido rocker dançar, graças à performance inspiradíssima de Junior Rodrigues. “Echoes of Insanity” segue uma linha bem setentista e, apesar de dar aquela sensação de que já ouvi isso em algum lugar, tem um refrão introspectivo bem sacado. “Dreamer” possui teclados interessantes e vai numa linha mais Heavy Rock que agradará aos fãs de Blue Murder. Uma pena que a faixa-título, talvez por ir numa linha mais Rock And Roll, encerra de forma morna o disco, mas que não ofusca o brilho e o talento do grupo que, com toda a certeza, merece todo o sucesso do mundo, pois apesar de muitas bandas investirem hoje numa sonoridade vintage, poucas fazem com o talento desses caras. Impressão reforçada pela produção que, apesar de suja e crua, não fica presa aos tempos antigos, ao contrário da capa, que convence a todos que se trata de um produto “das antigas”. E esse talento vem sendo reconhecido pelos bangers, tanto que, numa votação pela Internet, o grupo (ao lado do Project 46), foi contemplado a se apresentar no Monsters of Rock, realizado no mês de outubro. Nota: 8.0

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FORKA “Black Ocean” Independente Por Pedro Humangous Acompanho a banda Forka desde o disco “Enough”, quando fiz sua resenha para esta revista. Desde aquela época, o grupo formado por Ronaldo Coelho (vocal), Samuel Dias (guitarra), Alan Moura (guitarra), Ricardo Dickoff (baixo) e Caio Imperato (bateria) já demonstrava que tinha grande potencial e que, em pouco tempo, iria despontar no cenário nacional. Agora, com o disco “Black Ocean”, essa já é uma realidade latente. O impacto já começa com a bela e obscura arte da capa, desenvolvida pelo experiente Rafael Tavares e surpreende muito quando colocamos a bolacha para rodar. Uma mistura frenética de Thrash, Death e principalmente Hardcore invade seus ouvidos e te atordoa com facilidade, tamanha brutalidade imposta nas doze faixas que compõem o álbum. Após a interessante introdução, somos surpreendidos com a pedrada que leva o mesmo nome do disco, “Black Ocean”, que me fez lembrar uma mistura entre Hatebreed e Lamb Of God, com direito inclusive a breakdowns no meio da música! O peso é absurdo e a dose de modernidade também se faz presente, apesar das claras influências old school. Todos os integrantes estão simplesmente destruidores em suas performances, tanto individualmente falando quanto em conjunto, resultando em um trabalho muito coeso, forte e viciante. A sequência com “Last Confrotation” não deixa o ouvinte respirar, emendando outra pedrada ainda mais violenta, contando com guitarras bem interessantes e uma bateria insana, ultra veloz! Os vocais de Ronaldo Coelho estão realmente incríveis, com um timbre grave e rasgado, combinando perfeitamente com o som e dando ainda mais punch. A sessão de espancamento auditivo continua firme, faixa após faixa, deixando o pescoço dolorido ao fim da audição. Destaque para a faixa “Honor”, uma das mais legais de todo o álbum, remetendo aos melhores momentos do Devildriver. O Forka deve ser uma banda incrível de se ver ao vivo, pois o impacto causado nesse disco é algo surpreendente! Nota: 9.0 HELLLIGHT “No God Above, No Devil Below” Solitude Productions Por Pedro Humangous Difícil entender os motivos pela qual o brasileiro não aprecia tanto o Doom Metal. A parcela de admiradores do estilo por aqui ainda é bastante tímida infelizmente. E com isso, poucas bandas nacionais investem nessa sonoridade. A boa notícia é que as poucas que existem são muito boas. O HellLight é um desses excepcionais representantes do Metal arrastado, melancólico e obscuro. “No God Above, No Devil Below” é o quarto disco da carreira e, certamente, um dos melhores trabalhos apresentados até o momento. Atualmente, a banda é formada pela dupla Fábio de Paula (vocal/guitarra/teclado) e Alexandre Vida (baixo), que demonstra qualidade técnica e extremo bom gosto nas composições. São músicas que te prendem e emocionam pela beleza nas construções, no ritmo introspectivo e nas letras inteligentes. Fábio encanta com seu timbre de voz suave quando canta limpo e espanta (no bom sentido) quando traz seu gutural soturno. O termo Funeral Doom realmente se encaixa com perfeição ao estilo que o HellLight se propõe, você realmente sente aquela tristeza ao se despedir de alguém querido – uma verdadeira mistura de sensações. As oito faixas (contando com a introdução) te convidam para uma viagem de introspecção, para momentos de reflexão e você acaba se deixando levar pelos caminhos desenhados em sua mente ao ouvir o disco por completo. As músicas são longas (todas com mais de oito minutos) e desafiadoras, com diversas informações a serem digeridas. “Shades Of Black” é, sem dúvida, minha favorita, repleta de passagens melódicas e muito bonitas, sem falar na atmosfera envolvente que foi criada com os teclados e as vozes sussurradas. A arte da capa, bela e enigmática, fecha o pacote de forma brilhante. Um trabalho denso, de difícil assimilação, mas muito prazeroso de ouvir. Definitivamente, uma das maiores bandas do estilo, vale cada segundo da audição! Nota: 8.5 38


HELLISH WAR “Keep It Hellish” Voice Music Por Pedro Humangous Preciso mesmo apresentar o Hellish War? Com ótimos discos lançados e tantos anos de carreira creio que seja desnecessário, certo? A novidade aqui fica por conta do novo vocalista, Bil Martins, que se encaixou feito uma luva na formação. Seu vocal é potente, com bastante drive, sabendo dosar bem entre os momentos mais graves e os mais agudos. O Metal Tradicional aqui fala mais forte e nos faz arregalar os olhos com o bom gosto com que foi composto nesse trabalho. Quando colocamos “Keep It Hellish” para tocar, quase cai uma lágrima relembrando os bons e velhos tempos do estilo, remetendo a bandas como Manowar e Hammerfall, por exemplo. A capa é ilustrada por uma verdadeira obra de arte, uma pintura feita por Eduardo Burato. As músicas são empolgantes do início ao fim, com refrãos que viciam, solos incríveis, bateria veloz e um baixo pulsante. A gravação, feita no PiccoliStudio, ficou excelente, além da mixagem e masterização feitas por Ricardo Piccoli, que deixou tudo em seu devido lugar. Destaque para a épica “Phantom Ship”, com seus mais de oito minutos de puro Metal, sem falar na interessante letra que a acompanha. Nos últimos anos, as bandas desse estilo foram sumindo aos poucos, deixando seus fãs órfãos e sedentos pelo Metal Tradicional (ou naquela linha Melodic/Power). Mas, felizmente, a chama continua acesa e queimando forte através do Hellish War. Acompanhando a banda pela Internet, vemos que os caras dão duro e investem pesado nesse trabalho, fazendo grandes turnês de divulgação do novo disco mundo afora. São bandas como essa que merecem nosso respeito e admiração, continuamos torcendo para que continuem lançando grandes discos como este. Keep It Hellish! Nota: 8.0 PAGAN BLOOD “Lords Of The Seas” Le Crépuscule du Soir Productions Por Yuri Azaghal Particularmente falando, posso afirmar que esse álbum é uma das mais belas combinações entre o épico e o extremo. Com melodias comoventes e, ao mesmo tempo, “sujas”, com bases macabras e obscuras e ótimas letras, ouso dizer que esse é o melhor álbum de Pagan/Black Metal que ouvi nos últimos tempos. A forma de composição muitas vezes lembra diversas músicas de Bathory e Graveland. Na totalidade, se somam quarenta e cinco minutos de “porrada exemplar”, e não houve sequer um minuto em que eu desgostei ou não me empolguei tanto com o instrumental quanto as letras/vocal desse álbum. Muitos podem discordar, mas certamente essa é mais uma das hordas que faz jus à fama de excepcional que o metal extremo da França carrega consigo. E por ser o segundo álbum oficial de uma horda relativamente nova (2007) e de um único integrante (Jullien), não há dúvidas que Pagan Blood começou majestosamente; e sem dúvida alguma fará um grande nome para si no underground, caso continue com essa qualidade de composição. Não é necessário dizer que o álbum merece ser ouvido, tampouco se vale a pena ou não. Ouçam! Fora isso, não há muito mais o que dizer de “Lords Of The Seas”, que certamente é uma das composições mais épicas de 2013. Nota: 10

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METALIZER “The Thrashing Force” Gallery Productions / Rising Records / Rapture Records / Impaled Por Pedro Humangous Antes de qualquer coisa, que capa foda! Não é nada super especial em termos gráficos, mas é muito divertida e impactante! E já pelo nome do álbum e pela quantidade de bebidas ilustradas na capa fica fácil adivinhar o estilo que praticam. Se você pensou Thrash, acertou em cheio. O grupo formado por Sandro Maués (vocais), Nilão Bonebreaker (baixo), Thiago Agressor (bateria e backing vocals) e Douglas Lima (guitarras), investe naquele Thrash seco, veloz e inspirado nos mestres dos anos oitenta. A gravação, infelizmente, não está das melhores, deixou o som um pouco abafado, as guitarras sem brilho e a bateria bem seca. O baixo está bem “estalado” e orgânico. Mas isso não deixa o som ruim, ele fica até bem empolgante, com cara de show ao vivo ou de se estar na sala de ensaio com eles. Como sempre, tem que ter algum tipo de comparação para que o leitor se situe, o Metalizer lembra um pouco de tudo: Kreator na faixa “Alcoholic Madness”, Slayer em “Electric Homicide”, Hirax e Nuclear Assault em “Metalizer (The Thrashing Force)” e o Destruction na maioria das demais. Me empolguei tanto, que antes de terminar de ouvir o disco, fui à geladeira buscar uma cerveja para acompanhar – e o que já estava bom, ficou ainda melhor! Creio que seja óbvio que a ideia aqui não é ser a melhor banda, a mais técnica ou o disco do ano, mas sim se divertirem tocando o som que gostam e, consequentemente, fazer o ouvinte bater cabeça. Com uma melhor produção e gravação, o Metalizer tem tudo para conquistar o mercado mundial! Bela estreia! Nota: 7.5 MUQUETA NA OREIA “Blatta” Altenative Music Por Cupim Lombardi Com esse nome já sabe o que esperar e já dá para imaginar o estilo que a banda apresenta, não? Pois é, os paulistas de Embu das Artes fazem um Hardcore com boas pegadas pesadas de Thrash e letras às vezes sérias, às vezes sarcásticas. A produção é mais crua, melhor que seu álbum de estreia, porém nada que prejudique o ótimo trabalho da banda. Cozinha bem coesa, baixo aparecendo muito bem em muitos casos como em “Cabeça Vazia” sem frescura. Bateria com caixa bem no timbre Hardcore e guitarra sem muita fritação, mas na medida, o vocal vem a completar, pois também não faz uso exclusivo de guturais, mas trabalha variações guturais bem interesantes. Tudo isso fecha com as letras que fazem você rir e ter raiva, pois os caras realmente sabem “tirar onda” das situações, desde críticas à classe política, aos funkeiros e sertanejos até os rockeiros “Zé mané”. Cabe destacar várias músicas como “Hardware, Software e Tuppeware”, “Exu Caveira”, as thrasheiras “Imortal” e “Muqueta News” (que veio de bônus e tem clipe disponível) e a ótima “Excesso e Abundância” que encaixa ótima pegada com letra para dar uma porrada nos “drogaditos” de plantão. Para fechar a “zuera” fizeram uma pegada meio marchinha meio hardcore sem muito sentido, mas beleza… Enfim, sonzeira pesada que vale muito a pena ser conferida! Nota: 9.0

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ONIRO “Homeostase” Independente Por Vitor Franceschini O Brasil tem se mostrado fortíssimo na cena com um som que alia influências que vão do Thrash Metal passando pelo Metalcore e até New Metal. Nomes como Project46 e Ponto Nulo No Céu estão aí para provar isso, levando pessoas aos seus shows e destilando um som brutal e moderno cantado em nossa língua pátria. Os paulistas do Oniro, após dois singles, soltam este EP que segue exatamente esta tendência, obviamente com algumas particularidades. São quatro boas composições com letras em português que têm como principal temática mensagens da vida cotidiana. Com um som encorpado, a banda explora bem a agressividade e não economiza no groove. Apesar de a banda se influenciar pelo famigerado New Metal, características de Math Metal e Metalcore se fazem mais presentes em sua música, fato que pode ser extremamente positivo para a banda, afinal, são gêneros mais aceitos pelo público mais exigente. Sim, há a alternância de vocais guturais com vocais limpos, sendo que os primeiros são belos e potentes urros, enquanto os “clean” possuem aquela acentuação pop que chega a dar calafrios. Destaque para “O Dia” e “Quebre O Céu”. Ressalva para a produção um pouco suja que deixou os instrumentos levemente embolados, ou seja, nada que não se conserte em um próximo trabalho. E que este trabalho seja o début, por que não?! Nota: 7.5 ORPHANED LAND “All IS One” Century Media Records Por Augusto Hunter Os israelenses do Orphaned Land retornam três anos depois do lançamento de seu último disco com um bom álbum, trazendo toda a magia do oriente para o seu som altamente bem produzido, tocado e composto. Como de praxe, eles vêm falando de algo interessante e em “All Is One” a capa já diz tudo, a proposta de que todas as religiões levam somente a um local e que todos somos somente um. O disco começa com a incrível faixa título, “All Is One”, maravilhosa, completamente a cara da banda, grandiosa em todos os sentidos e muito bem feita. O disco em si é bem legal de se ouvir e temos músicas de fácil audição, como a linda “Brother”, “Let The Truce Be Known”, que junto da faixa título são as que mais me chamaram atenção em todas as vezes que eu ouvi o disco. Não que todas as outras faixas não mereçam destaques, mas essas três fazem o disco um pouco melhor. Um bom disco de uma boa banda. Para quem não conhece, fica a dica de ouvir o álbum e abrir um pouco mais os horizontes. Nota: 7.0 PANZER “Honor” Shinigami Records Por Pedro Humangous Como é legal ver grandes monstros do Metal retomarem suas atividades! Isso mostra que a paixão pela música pesada nunca morre, por mais adormecida que esteja. O Panzer teve seus altos e baixos, lançando ótimos discos, como o caso do “The Strongest”, de 2001. Porém a pausa que deram acabou dando uma esfriada. Felizmente, voltaram à ativa no ano passado, lançando um single e um EP, e agora nos brinda com esse maravilhoso disco de inéditas

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chamado “Honor”. Os caras arrebentam nossa cara com uma porrada Thrash, repleta de Groove e pitadas de Stoner. As influências (declaradas pelos próprios músicos) são realmente descaradas, é possível ouvir com clareza os toques de Black Sabbath, Lamb Of God e Pantera. Rafinha Moreira canta feito um louco, destruindo tudo com um timbre rasgado bem bacana! André Pars despacha a “rifferama” ladeira abaixo e derruba quem estiver de bobeira! O baixo de Rafael DM é consistente e agrega mais peso ao som, sempre acompanhado pelos bumbos duplos e frenéticos do excelente e veloz baterista Edson Graseffi. Seria uma injustiça apontar qualquer destaque nesse trabalho, tudo aqui está muito coeso, todas empolgam do início ao fim (mesmo assim tenho que dizer que “Victim Of Choices” me deu um baita torcicolo)! A gravação está bem legal, com uma pegada mais orgânica, nos dando a chance de curtir e entender cada instrumento com bastante clareza. “Alma Escancara”, cantada em português, fecha o disco de forma brilhante, nos deixando extremamente agradecidos por decidirem voltar! “Honor” se mostra um retorno digno dos veteranos do Metal brasileiro e quem sai ganhando somos nós! Sejam bem vindos de volta, Panzer! Nota: 9 .0 SEPULTURA “The Mediator Between Head and Hands Must Be The Heart” Substancial Music Por Junior Frascá E a maior banda de metal da história desse país continua firme e forte, e em uma de suas melhores fases. Desde o álbum “Roorback”, o Sepultura vem em uma crescente, e este novo álbum, sem dúvida, é o auge dessa nova fase da banda sem Max Cavalera. Com uma pegada brutal e moderna, o Sepultura traz dez ótimas faixas (na versão regular do álbum), incluindo um excelente cover para “Da Lama ao Caos”, de Chico Science e Nação Zumbi. E os dois pontos chave para o sucesso do material são Andreas Kisser e o novo baterista Eloy Casagrande. O primeiro, com seus riffs precisos e sujos, e ótimas composições, fez um de seus melhores trabalhos em anos. Já Eloy é de uma técnica e precisão que impressionam, e fica até difícil não dizer que o cara é o melhor baterista que já passou pela banda (o que não é uma tarefa fácil, visto seus antecessores), tamanha a competência com que o cara assumiu as baquetas de uma das maiores bandas de metal de todos os tempos. Nessa toada, faixas como “The Vatican” (tenebrosa e brutal), “Trauma of War” (com alguns dos melhores riffs do álbum) e “Grief” (com o contestado Derick Green mostrando toda sua versatilidade) provam que estamos diante de um dos melhores discos da carreira do Sepultura. Às viúvas de Max, só lamento... Nota: 9.5 SOULFLY “Savages” Nuclear Blast Por Junior Frascá Após lançar o brutal “Enslaved”, um dos melhores álbuns de sua carreira (isso mesmo, de sua carreira, não só do Soulfly), Max Cavaleira resolveu voltar ao experimentalismo com o seu Soulfly. E como se percebe das atuais entrevistas do vocalista, isso foi proposital, ou seja, era o que o cara queria fazer. Mas não se assuste, pois o lado mais pesado e agressivo não foi deixado de lado. E, partindo dessa premissa, o resultado, sem dúvida, é positivo, se analisarmos o contexto geral, e não ficarmos apenas comparando o álbum com os últimos lançamentos da banda, que davam indícios de que seguiriam por caminhos mais diretos, brutais e tradicionais. “Savages” traz de volta aquele groove característico do começo do Soulfly, mas dessa vez Max conseguiu uma maior harmonia entre o lado brutal e o experimental/moderno da banda, de forma bem mais orgânica (e interessante) que no passado, como fica claro nas faixas “Bloodshed”, “Cannibal Holocaust”, “Fallen” e “Ayatollah of Rock n Rolla”. O ponto fraco fica para as linhas da bateria, tocadas 42


por Zion Cavaleira, filho de Max, que embora toque tudo de forma correta, não acrescenta nada às composições em termos técnicos. Assim, “Savages” não chega a ser uma decepção, mas sem dúvida quem esperava por algo na linha dos últimos discos da banda, terá que esperar pelo próximo álbum, já que Max já prometeu que seguirá novamente por caminhos mais brutais e diretos. Nota: 7.5 TÝR “Valkyrja” Metal Blade Por Junior Frascá Apesar de ser uma banda considerada como praticante do chamado Viking Metal, o Týr toca muito mais um metal tradicional do que qualquer outro subgênero da música pesada. E isso fica ainda mais claro nesse seu novo disco, “Valkyrja”, sem dúvida um dos pontos altos de sua carreira ao lado do disco anterior, “Lay Of Thrym”. Desde a primeira faixa, a marcante e épica “Blood of Hero” (com um daqueles refrãos que grudam feito chiclete velho na cabeça do ouvinte), até a faixa título, a banda explora com muita facilidade aquele lado mais clássico do metal, com influências em especial da cena do Nwobhm (alguém ai pensou Iron Maiden?). E isso graças ao trabalho excelente das guitarras, melódicas e precisas, e das linhas vocais de Heri Joensen, que tem aqui a melhor performance de sua carreira. Assim, nessa toada, o disco se destaca por conter músicas marcantes, e que certamente farão a alegria de seus fãs. E a versão especial ainda vem com dois excelentes covers, para “Where Eagles Dare”, do Iron Maiden, e “Cemetery Gates”, do Pantera (essa de arrepiar). Nota: 8.5

AGENDA GUTURAL

Fiquem de olhos e ouvidos bem abertos! Esta é a lista de bandas que virão ao Brasil em 2014.

Amon Amarth Angel Witch Artillery Bad Religion Beehler Blaze Bayley Crucified Barbara Dark Angel Dark Tranquility Def Leppard

English Dogs Exodus Flotsam and Jetsam Hatriot Hypocrisy Iced Earth Kamelot Kataklysm Korpiklaani Lamb of God

Master Megadeth Metallica Midnight Mortuary Drape Onslaught Picture Sabaton Sonata Arctica Steelwing

Tarja Turunen Thyrfing Transatlantic TYR UDO Vicious Rumors Wehrmacht Within Temptation

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WISH LIST

DREAM THEATER – “Live At Luna Park” – Deluxe Edition A cada novo trabalho do Dream Theater, a banda costuma soltar no mercado um registro em vídeo da turnê de divulgação. “Live At Luna Park” retrata o grupo na Dramatic Tour of Events, que ocorreu em 2012. O show foi filmado na Argentina e traz a banda em uma de suas melhores performances da história, contando com o atual baterista Mike Mangini. A edição de luxo trará o Blu-Ray, 2 DVDs, e 3 CDs, além de 1 photo book, 2 chaveiros, 1 copo e 1 poster. Lá fora o preço até que não é abusivo, $125.00. Se for adquirir aqui no Brasil, é melhor começar a juntar a grana desde já. Por Pedro Humangous TESTAMENT – “Dark Roots of Thrash” – Steelbox Limited Edition Em todo o mundo temos bens de consumo que são aqueles grandes sonhos de todos e não seria diferente no mundo do Metal. Esse ano foi lançada essa lindeza chamada “Dark Roots Of Thrash” do grande Testament. Essa edição vem em um Steelbook lindo, que conta com um Blu Ray e dois CDs. Tá, até aí normal, o grande lance é uma réplica de um Special Vip Pass sensacional e uma fita onde virá preso seu VIP Pass, lindos. Sem contar com o material gravado que é fora do normal, qualidade Testament de aprovação. Esse é um material que valerá a pena correr atrás. Por Augusto Hunter

em breve! Nao perca! ESGOTADO!

Coletânea Upcoming Hell Vol. 12

O melhor do underground brasileiro e mundial! Em breve para download gratuito! 44

EM BREVE!


PS (R$)4.000 Por Yuri Azaghal Para alegria dos estrangeiros e para a nossa tristeza, o Playstation 4 não sairá por menos de quatro mil reais. Os amantes das teorias da conspiração já ousaram dizer que é uma tática suja da Microsoft para que a atenção se volte para o seu – totalmente absurdo e sem graça – Xbox One, mas a verdade é que esse problema que enfrentamos tem origem no mesmo mal de todos os outros: nossos governantes não passam de ratos corruptos que querem sugar cada vez mais e mais. Verdadeiras doenças éticas; vírus em forma humana que sugará toda a vida de seu hospedeiro (Brasil) até leva-lo para a morte. Para não perder a tradição de ser o país que mais paga impostos no mundo, novamente, estamos submetidos à vontade desses imundos e incompetentes, que não possuem ética ou QI sequer para administrar a fazenda do Facebook, muito menos um país de proporções gigantescas como o nosso. Bem, ao menos os estrangeiros estão felizes de terem supostamente se livrado do “povo mais odiado da Internet” – e ao julgar pelas minhas experiências traumáticas em multiplayer de jogos de vários tipos, observando o comportamento lamentável dos jogadores do Brasil, não posso de forma alguma discordar desse estereótipo. Alguém ai lembra como era o clima das lan houses na época do Counter-Strike? Pois é, não preciso dar mais exemplo nenhum...

DIVINE DEATHMATCH

MATÉRIA

A nossa “maravilhosa” presidente e sua corja de excrementos engravatados obviamente tinham que aprontar alguma. É bem capaz que, se questionados, vão dizer que isso é uma tática similar a tática do cigarro, para encorajar as pessoas a largarem o vício nocivo. Sim, vício nocivo, pois esses governantes adoram se apoiar em teses moralistas estúpidas quando precisam ganhar moral para que o “povão” tapado vote neles de novo; teses como “Videogame não é cultura. Ele deixa as pessoas violentas”. Claro, videogame não é cultura, agora micareta, carnaval, alienação via novela e futebol e dar apoio a “música” de criminoso é muita cultura... Se vocês mudassem a lei, permitindo que a polícia desse o devido tratamento aos criminosos que vocês adoram apoiar, certamente vocês não precisariam se preocupar mais com gente violenta. Eu me pergunto: por que diabos vocês não mudam a lei, em vez de fazer drogas cretinas como essa? Ah, sim! Eu lembrei! Se vocês mudam o código penal, permitindo que este faça justiça como se deve, todos vocês acabariam enforcados em praça pública... Vocês bem que tentaram, mas ainda existe uma parcela inteligente da população que luta contra essa falsa democracia, que não vê sentido em cumprir lei imposta por ladrões e criminosos, e desejam um belo “f*da-se” aos seus impostos, dona Dilma cara-de-ratazana aidética. Prevejo muitos lucros para o Paraguai no próximo ano...

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FAR CRY 3 Plataforma: PS3 / XBOX360 / PC Estúdio: Ubisoft Montreal Gênero: FPS / Survivor / Sandbox

Jason e seus amigos vão para a Ilha Rook para passear e comemorar, fazendo todas as loucuras que o dinheiro pode pagar, mas o que eles jamais imaginariam era que essa Ilha fosse dominada por piratas, controlados por Vaas Montenegro, um pirata perigoso e muito ardiloso. Preso em uma jaula com o seu irmão Grant, eles conseguem escapar e ao começarem a planejar sua fuga, Grant é morto por Vaas e ele liberta Jason que, na fuga, acaba caindo em um rio e sendo salvo por um habitante local e vira um heroi da resistência contra Vaas. Depois dessa breve história, você sabe um pouco do incrível background apresentado em Far Cry 3, um jogo de sobrevivência e aventura em primeira pessoal sensacional. Com personagens altamente cativantes e um visual incrível, a imersão na Ilha Raykat para a sobrevivência e luta pela liberdade é incrível, tudo no jogo é muito bem feito e os gráficos são alucinantes, melhor impossível. Sistema de IA, animais te atacando, sustos e muito mais coisas você encontra nesse título. Até dado momento, eu simplesmente deixava passar, mas, depois de jogar é simplesmente apaixonante. Esse vale a pena ter em casa.

Gráficos: 9.0 Enredo: 10 Jogabilidade: 9.0 História: 10 Por Augusto Hunter

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CASTLEVANIA – LORDS OF SHADOW 2 Plataforma: PS3 / XBOX360 / PC Estúdio: Mercury System/ Konami Gênero: Hack ‘N Slash/Aventura

Para judiar mais ainda os desesperados e ansiosos, a Mercury System liberou recentemente a demo de Lords of Shadow 2, continuação do reboot de uma das mais aclamadas sagas de todos os tempos. LoS2, que só dará as caras por aqui no final de fevereiro, mostra com sua demo que a continuação que não deixará nada a desejar, seja em gráficos, som, jogabilidade e, principalmente, enredo, que deixa claro que o reboot tomará proporções não imaginadas no primeiro jogo, fazendo alusão a momentos e personagens memoráveis dos jogos passados, causando o êxtase dos nostálgicos. Além dos gráficos incrivelmente detalhados, som e dublagem exemplar e amostra de enredo de cair o queixo, devemos nos lembrar de uma coisa: não é todos os dias que podemos jogar com o Drácula em Castlevania. Não é todos os dias que o maior antagonista da série se torna o protagonista. Se a demo demonstra essa qualidade, eu mal posso esperar pelo jogo completo.

Gráficos: 10 Enredo: 10 Jogabilidade: 10 História: 10 Yuri Azaghal

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LIVE SHIT

Lançamento do disco “Imortal” do Confronto, com participações de Lacerated and Carbonized, Bandanos e Cervical. Local: Teatro Odisseia – Lapa / RJ Horário: 17h Dia: 17/11/2013 Fotos: Daniel Croce Por Augusto Hunter

Domingo chuvoso no Rio de Janeiro e o Teatro Odisseia estava pronto para sediar o lançamento de uma das mais respeitadas bandas de Metalcore na atual cena nacional, o Confronto. Sem mais delongas, o Odisseia, casa que vem se mostrando um reduto de eventos undergrounds de qualidade intocada, estava bem cheio e, infelizmente, ao chegar tinha perdido o show do pessoal do Cervical, incrível banda de Hardcore, oriunda de Macaé, região dos lagos do Rio de Janeiro. Uma pena, pois já vi o show dos caras e sei que eles destroem. Ao entrar na casa, vi o pessoal do Bandanos, veterana banda de Crossover Thrash Metal paulistana que estava montando seu palco para trazer mais uma vez aos palcos cariocas seu som rápido e muito bem feito, o que foi comprovado com a energia forte do show dos caras. Eles foram extremamente competentes na escolha das músicas, tocando sons de todos os discos da banda, rendendo sempre graças aos donos da festa que ficaram vendo de bem perto a apresentação dessa incrível banda. E como os caras tocam Crossover, não poderiam deixar de tocar um som de uma das bandas mais difusoras desse tipo de som, fechando com maestria com “Subliminal” do Suicidal Tendencies. Passado um tempo, viria ao palco um dos grandes nomes do cenário extremo carioca, Lacerated and Carbonized. Com o recente lançamento de seu segundo disco, “The Core of Disruption”, o LAC era muito aguardado por muitos no local e o show não deixou por menos. É interessante ver como, em cinco anos, Jonathan Cruz, Caio Mendonça, Paulo Doc e Victor Mendonça adquiriram uma experiência e uma musicalidade simplesmente incríveis. Começaram a destruição sonora tocando “L.A.C”, do seu novo álbum, após a introdução do disco, um som simplesmente perfeito e uma apresentação

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matadora. Os antes “meninos” do Lacerated and Carbonized colocaram todos, inclusive eu, para banguear loucamente com suas músicas, e fizeram uma apresentação que, tenham certeza, qualquer banda de fora de nosso país se assustaria: energia, carisma e belo contato com o público é o que se vê com eles em palco. Mais uma atuação monstruosa e digna que essa banda tem se mostrado. Perfeito. Músicas como “Awake The Thirst”, “O Ódio e o Caos”, “Third World Slavery” e todas as outras funcionaram maravilhosamente bem. Para resumir o que foi aquela apresentação, sem exagero de minha parte: perfeita! Logo depois desse incrível show, veio o pessoal do Confronto que não tem nem o que comentar, um show avassalador! O Confronto subiu ao palco detonando “Abolição” e uma do seu disco novo, a maravilhosa “Imortal”, faixa título do novo álbum. Eles fizeram o que eles melhor sabem fazer, detonaram com tudo, concretizando ainda mais seu nome em todos os cantos. Grandes clássicos, como “De Igual Para Igual”, “Vale da Morte” foram tocados e recebidos pelo público como grandes hinos ou mesmo reais clássicos que, como propõe o novo álbum da banda, Imortais. As incríveis músicas do novo disco foram maravilhosamente bem recebidas e grande parte já cantava ensandecida as músicas. Para fechar a noite, nada como o grande hino da banda, do disco “Sanctuarium”, “Santuário Das Almas” veio para finalizar com maestria e perfeição aquela noite, que teve direito a parar a música para a clássica foto e depois seguir com toda a força que a banda tem. Final sensacional, uma noite em que o Metal/ Hardcore provou que não existe diferença entre estilos ou coisas do tipo, podem sim caminhar juntos e andar bem próximos, como irmãos. E que sejamos Imortais sempre.

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UPCOMING STORM

ZN TERROR Por Augusto Hunter Os paulistanos do ZN Terror fazem um Thrash Metal de qualidade, altamente calcado nas raízes do Thrash Metal. De São Paulo, a banda é uma ótima promessa de boa música, pois em seu EP “Self Destruction”, eles mostram personalidade e muita coerência em sua música e letra. Gravado e mixado pelos Irmãos D´ Angelo no Viabiliza Music, em Bertioga, São Paulo, a banda vem bem demais com o seu EP e espero ver demais ainda essa banda crescendo, pois ela está merecendo. Contatos: www.znterror.com, www.facebook.com/znterror, znterror@gmail.com Necromansy Por Yuri Azaghal Banda de Black Metal italiana formada nesse ano, com uma sonoridade bem Old School. Formada pelos integrantes Acid Witch, Fabio More Noize e Rubencharged, sua única demo até agora, “Pactum Satanicum”, é uma boa pedida para quem está interessado naquele característico das primeiras bandas do gênero. Atenção para a faixa quatro. Um bom cover do Sodom. Contato: https://www.facebook.com/pages/Necromansy/20193443 9902656?fref=ts LUCIFERIAN BLOOD Por Yuri Azaghal Banda sueca, maltesa e australiana que estreia esse ano com a demo “Satan, Death, Hell”, contando com Martin Ciappara (Black Vulture), Invisus e Satanic tony (Doomsday Prophet). As três faixas apresentam uma boa sonoridade, clássica e crua. Não é uma banda lá muito inovadora, mas tem seus pontos positivos, como as boas composições, o que a faz merecer ao menos uma chance de ser ouvida. Contato: https://www.facebook.com/LuciferianBlood

BLASPHEMY STORM Por Yuri Azaghal Ótima banda do Arizona comandada por Bläk Blüd (Bläk Blüd, Goat Lucifer, Nocturnal Funeral), responsável pela voz e por todos os instrumentos. O tipo do encarte faria qualquer pensar “mas que po**a...”, mas a sonoridade certamente compensa. A banda participou esse ano de um split com a banda Vaginal Vomit, que particularmente achei muito bom e digna de ser recomendado. Contato: https://www.facebook.com/pages/ Blasphemy-Storm/355080887927503?fref=ts DESPISED CRUELTY Por Yuri Azaghal Ótima banda da Polônia com composições mórbidas e deprimentes, cheias de ódio e misantropia. Até o momento o EP “Seasons” (2013) é o único trabalho da banda formada por Naymar, responsável pelos vocais e todo o instrumental. Existe algo de nostálgico no som dessa banda que não consigo explicar. Uma atmosfera que nos remete a sonoridade clássica dos anos noventa. Uma sonoridade única, que raramente se vê hoje. Altamente recomendado. Contato: https://www.facebook.com/DespisedCruelty

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O Rei da Pista VIP Por Yuri Azaghal

MOMENTO WTF

E, mais uma vez, o ser humano idolatra a futilidade, a ostentação, o ego e tudo mais o que é inútil e nocivo para ele mesmo. Claro, você provavelmente já deve ter pensado no tal Rei do Camarote, que é a mais recente “celebridade” do Facebook. Infelizmente, não é somente entre as pessoas “normais” e “previsivelmente fúteis” que isso acontece. Mesmo entre aqueles que se consideram mais nobres, inteligentes, cultos e acima do “povão”, a mediocridade e a necessidade de se exibir perduram há muitos anos...

Recentemente, temos visto uma verdadeira amostra de que mesmo os mais ricos e famosos podem ser tão pobres quanto qualquer pessoa ordinária na massa da sociedade. O tal Rei do Camarote esbanjando em uma noite uma quantia absurda de dinheiro, quantia que um trabalhador comum jamais sonharia em ter. Fora isso, tivemos o Justin Bieber dando chilique porque derrubaram o microfone com uma garrafada e molharam o bracinho de boneca dele, além de ter maltratado as fãs, usado drogas, dormido com prostituta e ter pichado um muro com total ciência e apoio das autoridades. Apesar do exemplo de desigualdade, corrupção e safadeza, falar aqui do Justin Bieber e de como famosos e ricos estão acima da lei no Brasil não tem nada a ver com metal. Então, por que eu estou falando aqui sobre esse cantorzinho teen sem talento algum e sobre esse babaca do rei do camarote? Simples: o motivo é a hipocrisia. Muitos dos que criticaram a ostentação das duas figurinhas já citadas acima, são as mesmas pessoas que fazem questão de tirar foto dos ingressos VIP para o show do Ozzy, do Metallica ou do Iron Maiden – mas em compensação não gastam dez reais para ver um show de uma banda underground nacional que é tão boa, senão até melhor que as ban ban bans do cas$ metal que todo mundo conhece. São as mesmas pessoas que gastam cinquenta reais em uma camiseta, mas acham caro demais gastar quinze em um CD original – claro, os “espertalhões” do mp3... Ou quando compram material original, fazem questão de bater foto dos seus CDs importados do Black Sabbath, do Metallica, do Iron Maiden (...) e novamente nada para uma banda underground, afinal bandas famosas dão mais créditos, atraem mais “baba-ovos” e contribuem mais para a faminha de pseudo-celebridade do Facebook, que é a meta de vida desses seres estúpidos, sem falar dos blogueiros e, principalmente, das blogueiras que ficam com o narizinho em pé e se acham “famosinho(a)s” graças a avalanche de comentário hipócritas de víboras interesseiras e bajuladoras. Como se ostentar já não fosse algo imbecil o suficiente, há também aqueles que ostentam sem ter o que ostentar igualzinho aos funkeiros que eles tanto dizem odiar. Pessoas sem nenhum amor próprio fazem álbuns de fotos de instrumentos musicais, shows e material original, mas na verdade são fotos que são encontradas facilmente no Google ou no álbum de outras pessoas, mas o cínico diz que é dele, que ele bateu as fotos, que ele esteve no show e que comprou o material. Que merda será que essa gente tem na cabeça? Qual é o problema deles? Se você tem uma vida de merda, por que não começa a viver de verdade e criar uma realidade que te agrade com o seu esforço em vez de viver em uma ilusão que é um falso mar de rosas? Nossa estada aqui é passageira. Caixão não tem gaveta para dinheiro. Para que tanta ganância? Lembre-se que o dinheiro é um meio, não um fim. Ele nada mais é do que uma ferramenta para o objetivo final, e não o próprio objetivo final. O problema não é o dinheiro, e sim como você o usa, e certamente usar para alimentar seu ego podre não é a maneira correta. Quando nós morremos inevitavelmente uma hora ou outra cairemos no esquecimento eterno, então para que perder tanto tempo alimentando ego, sentindo necessidade de ser bajulado, adorado? Acordem. Parem de ser idiotas e façam alguma coisa de útil e produtivo na vida, para terem algo do que realmente se orgulhar, para deixarem aqui algo realmente bom quando partirem. Caso contrário, vão olhar para trás e se arrependerão de terem vivido uma futilidade, uma ilusão criada por falsos amigos e falsos admiradores, e quando perceberem que não poderão voltar atrás, a dor só vai piorar. Quando envelhecerem, vão perceber que jogaram a vida e felicidade no lixo só para manter uma aparência, um status e uma imagem a troco de nada; e quanto a todos os seus “amigos e fãs”... Bem, você olhará em volta e perceberá que eles não estão mais lá...

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RASCUNHO DO INFERNO


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