Hell Divine Nº06 - Novembro/2011

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equipe

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editorial

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resenhas

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Conheça quem faz a Hell Divine.

Nota do Editor Chefe.

LANCAMENTOS

Últimas novidades pra você ouvir.

ouvindo now

O que os poderosos estão ouvindo no momento.

entrevistas Skeletonwitch, Claustrofobia, Six Feet Under, Nervochaos, Mysteriis, Breathless, Cleanse Kill e Cadaveria. Diversas avaliações da revista pra você acompanhar.

covering sickness Entrevista com Marcus Lorenzet, um monstro nas artes das capas.

old skull

Relembre ou fique por dentro de como foi o metal no passado.

live shit

Resenhas dos últimos shows no Brasil.

insanidade metal

Veja o que tem de mais insâno no nosso metal.

momento wtf

Bizarrices do mundo do rock.

upcoming storm

Conheça as bandas que estão surgindo.

wish list

Fique por dentro dos lançamentos de luxo da sua banda preferida.

rascunho do inferno

Sessão dedicada aos quadrinhos, pinturas e ilustrações de nossos leitores.

Equipe

Índice

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Editor Chefe: Pedro Humangous Redatores: Augusto Hunter e Yuri Azaghal Designer: Ricardo Thomaz Publicidade: Maicon Leite Revisão: Fernanda Cunha Salim Colaboradores: Igor Scherer, Marcelo Val, Luiz Ribeiro, Cupim Lombardi e Rachel Möss. Envio de Material: Rua Alecrim, Lote 4, Ap. 1301 - Ed. Mirante das Águas Águas Claras - Brasília/DF - CEP: 71.909-360


Editorial

O fim do ano vai se aproximando e mais uma edição da nossa querida revista é lançada, firme e forte rumo ao seu primeiro aniversário, completando um ano de existência e luta no mês de janeiro de 2012. A declaração do vocalista Edu Falaschi (Angra e Almah) sobre o metal nacional realmente deu o que falar. Ficamos, de certa forma, aliviados e com a consciência tranquila, pois desde a primeira edição da revista, procuramos dar espaço e evidência às bandas brasileiras. Mais uma prova disso são nossas coletâneas, lançadas a cada dois meses entre uma revista e outra. Falando nisso, saiu, em outubro, a “Upcoming Hell Vol. IV” com um track list incrível, vale a pena baixar e conferir. Nessa edição, contamos com a banda americana Skeletonwitch na capa, que vem crescendo bastante no cenário mundial, em uma entrevista na qual fala um pouco sobre seu mais novo álbum “Forever Abomination”. Fizemos, ainda, uma entrevista exclusiva com o Claustrofobia falando do vindouro disco “Peste”. Isso sem contar as outras incríveis entrevistas feitas por nossa dedicada equipe, sempre mantendo o equilíbrio entre as bandas gringas e nacionais – sejam elas conhecidas ou não. Falando em bandas nacionais, tivemos grandes lançamentos esse ano, como por exemplo: Project 46, Ponto Nulo No Céu, Against Tolerance, Dynahead, Killrape, entre tantas outras de qualidade – sem mencionar as grandes. Realmente, um orgulho para o Brasil! Preparem suas listas de melhores do ano, pois a briga vai ser acirrada!

Pedro Humangous. 03


lancamentos

HYPOCRISY “Hell Over Sofia”

CHARRED WALLS OF THE DAMNED “Cold Winds On Timeless Days”

ORPHANED LAND “The Road To Or-S halem”

ouvindo now

CEASED) Kingsley King Fowley (DE URIAH HEEP “Abominog” MSG “M.S.G.” gy” VOIVOD “Killing Technolo les” BLACK SABBATH “Mob Ru Y&T “Mean Streak”

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Chris Schmode (CLEANSE KILL) BERMUDA “Isolationist(s)” CYNIC “Carbon-Based An atomy” BETWEEN THE BURIED AN D ME “The Parallax: Hypersleep Dialogues” ANIMALS AS LEADERS “W eightless” SCALE THE SUMMIT “The Collective”

Juliano Regis (Sodamned) BELPHEGOR “Blood Magick Necromance” SWALLOW THE SUN “Hope” SHAPE OF DESPAIR “Illusion’s Play” ANAAL NATHRAKH “Hell is Empty and All the Devils are Here” PAIN OF SOUL “The Cold Lament”


SONATA ARCTICA “Live In Finland”

CARNIFEX hing” “Until I Feel Not

CT 46) Jean Patton (PROJE ting Light” as “W RS FOO FIGHTE “Ressurection” MOLOTOV SOLUTION ent” MISS MAY I “Monum orld Broadcast” W ew “N NE BULLET BA irrors” ANCHOR “Sea of M

KRISIUN “The Great Execution”

Sérgio “Baloff” (HEADHU NTER D.C.) POISONOUS “Perdition’s De n” NECROS CHRISTOS “Doom of the Occult” IMMOLATION “Majesty and Decay” AUTOPSY “Macabre Eterna l” DROWNED (GER) “Viscera Terrae”

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ENTREVISTA O Skeletonwitch vem se destacando nos últimos anos como uma das principais bandas dessa nova safra do Thrash Metal. Com o lançamento de “Forever Abomination”, um dos principais álbuns de 2011, batemos um papo descontraído com o baixista da banda Evan Linger que nos conta um pouco sobre a banda ter esse som único. HELL DIVINE: O Skeletonwitch é hoje uma das melhores e mais bem faladas bandas dessa nova safra do Thrash Metal. Como você vê o crescimento desse estilo nos últimos anos com bandas como Warbringer, Gama Bomb, Toxic Holocaust, Violator e Deathraiser? EVAN LINGER: Obrigado. Temos excursionado com algumas das bandas que você mencionou. Todos eles são talentosos e muito bons em seus respectivos estilos. Honestamente, no entanto, não consideramos o Skeletonwitch apenas uma “banda de Thrash”. Temos um monte de outras influências e acho que isso mostra, particularmente, em nosso novo álbum. Há um monte de bandas de Black Metal e Rock N Roll que também influenciam nosso som. Nós apenas nos consideramos uma banda de Heavy Metal. Na verdade tocamos apenas o bom e velho Heavy Metal!

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HELL DIVINE: Em “Forever Abomination” vocês trabalharam com um novo produtor, Matt Hyde (Slayer, Hatebreed) e podemos notar uma grande melhora na sonoridade em relação a “Breathing The Fire”. Conte-nos um pouco das gravações do novo álbum e o quanto Matt contribuiu para o resultado final desse belo trabalho. EVAN LINGER: Com Matt Hyde foi muito fácil trabalhar. Gravar este disco foi um processo bastante dolorido. Matt e nosso engenheiro (Chris Rakestraw) trouxeram muitas coisas boas e conseguiram transmitir da melhor maneira possível para o som que estávamos procurando. Esses caras são muito profissionais. HELL DIVINE: As capas dos álbuns do Skeletonwitch sempre são muito bem feitas e nesse novo lançamento não é diferente. Conte-nos o que representa a arte de “Forever Abomination”.


EVAN LINGER: O artista que fez este álbum também fez a arte do álbum anterior. Seu nome é Andrei Bouzikov. É sempre um prazer trabalhar com Andrei, pois ele entende das nossas necessidades artisticamente. Ele realmente pinta toda a arte em vez de fazê-lo em um computador. HELL DIVINE: O Skeletonwitch já teve diversos bateristas e “Forever Abomination” é o primeiro trabalho de Dustin Boltjes (ex-Demiricous) na banda. Como vocês chegaram a esse nome e o resultado foi o esperado? EVAN LINGER: O Skeletonwitch excursionou com Demiricous no passado e já sabíamos do potencial que ele teria dentro da banda. Dustin tomou conta das baquetas após o nosso baterista original Derick deixar a banda. Dustin é muito talentoso e muito apaixonado pelo que faz. Estamos muito contentes em tê-lo a bordo. HELL DIVINE: Outro ponto a ser destacado é o vocal de Chance Garnett que nos remete, em certos pontos, ao Black Metal. Esse seria uma dos grandes diferenciais da banda? EVAN LINGER: Os vocais de Chance sempre foram ligados e muito ao Black Metal. Na verdade, quando começamos, achávamos um pouco diferente e as pessoas tinham dificuldade em entender o seu estilo de vocal misturado com o nosso estilo de riffs, mas nós sabíamos o que queríamos. Nosso estilo de tocar misturado com o estilo vocal de Chance realmente faz disso “o som Skeletonwitch”.

HELL DIVINE: Vocês acabaram de fazer uma turnê pela América do Norte junto com o Arch Enemy e o Devildriver, certo? Como foi a recepção dos fãs em cima das musicas novas? EVAN LINGER: A turnê foi ótima. Foi um grande prazer para o Skeletonwitch tocar ao lado de todas as bandas envolvidas nessa turnê. Tivemos a oportunidade de tocar algumas músicas novas a cada noite. E a reação do público pareceu muito positiva. Todos estavam muito ansiosos em tocar o material novo e essas foram noites maravilhosas. HELL DIVINE: Com o lançamento do novo álbum vocês já pensam em uma turnê pela América do Sul passando, principalmente, pelo Brasil? EVAN LINGER: Nós adoraríamos fazer uma turnê por toda América do Sul. Eu acho que seria ótimo. Infelizmente, parece que as bandas americanas concentram uma grande quantidade de suas turnês pelos EUA e pela Europa, e com isso deixam o sul da América cair no esquecimento. Mas, com certeza, estaremos passando por alguns países e principalmente o Brasil em breve. HELL DIVINE: Muito obrigado Scott pela entrevista, eu gostei muito do novo álbum da banda e é um grande prazer ter o Skeletonwitch em nossas páginas. Espero vê-los em breve em terras brasileiras. EVAN LINGER: É um prazer estar nas páginas da Hell Divine. Espero que possamos chegar à América do Sul em breve. Por Luiz Ribeiro.

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A T S I V E R T N E

Talvez uma banda nacional que dispense grandes apresentações para os headbangers brasileiros se chama Claustrofobia. Com mais de 15 anos de estrada e com o quinto álbum de estúdio recém terminado, os ‘Maloka’ como também são conhecidos prometem espalhar a “Peste” no underground nacional. Com toda simpatia, sem máscaras e sem medir palavras nos brindam com essa entrevista para a HELL DIVINE em um papo franco e já deixando o recado: “Ninguém está imune, é peste mesmo!”. HELL DIVINE: A banda já está na batalha há um bom tempo e creio que tiveram muitos feitos e, com certeza, alguns tropeços. Qual o principal meio que a banda acha que colaborou na divulgação do trabalho? Marcus D’Angelo: Em minha opinião os shows, se jogar na estrada loucamente desde moleques nos deu uma estrutura de fãs e apreciadores! Esse é o verdadeiro alicerce da banda, temos seguidores que nos acompanham e isso a gente conquistou um a um sempre dando nosso melhor no palco! Mesmo que desorganizado em outras épocas, o trabalho sempre foi intenso e temos o mesmo objetivo dentro da banda, com apoio de aliados, chegamos até aqui e estamos ainda aprendendo muito! Acredito que cair na estrada é um meio verdadeiro de divulgar seu trabalho, literalmente sem máscara! HELL DIVINE: Vocês sempre tocaram os trabalhos de forma independente, correto? Como se deram as gravações e os contatos de divulgação dos trabalhos anteriores? E 08

o contrato com a Candlelight Records? Já colhem frutos dessa parceria? Daniel Bonfogo: Nossos dois primeiros álbuns foram lançados pela Destroyer Records, fizeram um trabalho legal, dentro da possibilidade e realidade deles e a nossa. Foi muito importante, acho que sem eles não teríamos lançado. O “Fulminant” foi lançado e distribuído pela Voice Music. Já o “I See Red” foi totalmente independente no Brasil por meio do Viabiliza Music que é uma produtora, estúdio e tudo relacionado à musica e lançado pela Candlelight Records na Europa e América do Norte. É o jeito que se tem para fazer atualmente no Brasil, muitas pessoas acham que prensar mil cópias, dar uma porcentagem mínima para banda e fazer um anúncio de 15 cm numa revista é ser uma gravadora. Pagar uma prensagem, hoje em dia, qualquer um paga e coloca o logotipo na contra capa, nem se compara com a dificuldade que era há 15 anos, por exemplo. Vai muito além disso o papel de quem tenta fazer esse tipo de trabalho.


Marcus D’Angelo: Apesar da Candlelight ter outras prioridades dentro do selo, eles foram extremamente importantes, pois deram uma credibilidade na Europa e nossos álbuns existem nas lojas especializadas. Com certeza, não foi um trabalho pesado em cima do álbum, mas para nós foi válido e abriu muitas portas. HELL DIVINE: E para o novo “Peste”? Conte-nos um pouco como se deram a produção e gravação do álbum. Marcus D’Angelo: Foi incrível! Acho que foi o álbum que fluiu mais rápido, da minha parte de composição eu tinha muita coisa pra falar e tocar. Toda historia de lições que tivemos nesses anos aliada aos últimos acontecimentos desde antes do “I See Red” até agora foram cruciais para finalizar o conteúdo que esse álbum deveria ter pra valer a pena. Foi honesto! Um dos fatores marcantes foi voltar a trabalhar com o Ciero no Da Tribo Studios, ele já produziu dois álbuns do Claustro o “Thrasher” e o “Fulminant”, nós temos uma afinidade musical grande! Ciero foi um cara importante e desde que nos conhecemos somos parceiros e amigos! Sempre esteve envolvido lado a lado e voltar a trabalhar dentro do estúdio depois de alguns anos foi sensacional! Tínhamos a certeza que com todo background adquirido nesses anos conseguiríamos tirar a sonoridade exata que representasse essa essência das músicas, algo bem orgânico e mais Old School! Acho que, basicamente, o “Peste” é isso: muito conteúdo desgraçado, honesto e real! Acho que é o disco que teve menos influência de fora, de outras bandas, músicas e etc. Foi 100% Claustrofobia ali viajando na própria vida! HELL DIVINE: Ano passado fizeram mais uma turnê pela Europa. Que tal as turnês no exterior? Como é o público por lá? Há planos para mais alguma ou outro local que não a Europa, por exemplo, pela América Latina? Alexandre de Orio: Em 2009, foi a última turnê que fizemos pela Europa. Começamos na Alemanha e Holanda, depois fomos para Finlândia de balsa (inclusive tem um vídeo na internet) e fomos descendo, passando pela Letônia, Polônia, Romênia e Bulgária. É um aprendizado enorme, é fundamental essa experiência. Dá para perceber que o público lá sempre fica curioso com banda brasileira, por causa do Sepultura, pelo sangue latino de como nos comportamos no palco e etc. Com certeza, temos planos para fazermos América Latina, EUA, Japão, etc. Marcus D’Angelo: Planos, temos um monte, queremos tocar em todos os lugares possíveis, mas é tudo sempre bem complicado! Eu acredito que cada show tem uma historia, um significado, um aprendizado... Cada lugar uma cultura, um estilo, então é sempre bom. Na Europa, por exemplo, as pessoas estão mais acostumadas com musica pesada, Metal em geral e prestam atenção nos riffs, nas musicas nos shows. O leste Europeu é mais selvagem, mas o publico de Metal é igual, uma legião que acredita na mesma parada e se diverte, faz a cabeça ouvindo um som. Cada lugar tem sua particularidade e tirando um som, fazendo o que gosta, tudo é valido! America Latina seria um sonho, mas ainda não conseguimos fazer. Creio que vai rolar na hora certa e do jeito certo, pois o sangue quente é incrível, é show que lava a alma! Tivemos uma experiência em Buenos Aires com Bruejria e Krisiun e deu pra sentir o gostinho de se fazer uma turnê Metal Malóka por lá!

HELL DIVINE: Voltando ao novo álbum, vocês já devem ter respondido isso, mas nos contem a opção das letras em português. Sempre foi uma opção da banda lançar uma ou duas músicas, mas dessa vez a opção foi de um álbum inteiro e não muito distante do lançamento e divulgação do “I See Red”. Marcus D’Angelo: Esse disco foi muito inspirado! Ele aconteceu, entende? Tínhamos vontade de fazer o álbum em português, já estávamos falando disso há algum tempo, aí fomos para a Europa divulgar o “I See Red” e a turnê foi uma loucura em todos os sentidos, aprendemos muito! Ali já começou a fluir muita coisa, tanto lance bom e ruim do Brasil, de ter banda, de correr, do valor à musica que fazemos, dos vermes, das falcatruas e etc. Aí não teve jeito, voltamos com o sangue no olho, parece que o “I See Red” deixou tudo assim, entende? Fomos fazendo e foi realmente rápido! Gostamos muito do “I See Red” acho que é um disco “raçudo” e incrível e, com certeza, vamos trabalhar mais ele junto com o “Peste”! Não podíamos nos autoboicotar e tinha chegado a hora de fazer o álbum com a mensagem certa para o nosso país, para nossos fãs compartilharem mais intimamente! Ele não é o melhor, nem nada disso, mas é a mais pura verdade do Claustrofobia! Doa a quem doer, a ideia é uma só! HELL DIVINE: O que esperar do novo álbum? Marcus D’Angelo: O mais puro Metal do Claustro, porém mais simples e reciclado, estilo brasileiro, sonoridade orgânica, muito groove extremo, porrada, algumas coisas bem inusitadas e uma música com samba brutal! O conteúdo lírico descarrega muito amor e ódio perante a nossa carreira, a música, a vulgaridade, a corrupção, a ignorância, a esbórnia e ao Brasil, uma trilha sonora de tudo isso, dessa realidade de ser brasileiro, Metaleiro que não segue os padrões que a sociedade impõe, que se joga no submundo do rock, e ainda faz parte do povo descontrolado e controlado, de viver no sistema mas não fazer parte dele! O álbum esta ai para todo mundo, para quem quiser apreciar. Serão bem vindos, é nossa vivencia até então, não tem limites, tem suas contradições, nada é perfeito, não existe segundas intenções, é integro e honesto entre nós quatro da banda, sem fronteiras! Ninguém esta imune, é Peste mesmo! HELL DIVINE: Suas letras sempre foram de características bem fortes e com tom político e/ou de protesto (para mim “Words from the Third World” foi muito marcante!), o que cria identidade com o público. De onde vem essa inspiração ou qual recado tentam passar? Daniel Bonfogo: No meu caso, quando escrevo letras é quando estou chateado com determinado assunto, coisas que me revoltam. Geralmente os temas são política, pessoas idiotas, mundo em geral e sentimentos internos. Não tem uma regra. Às vezes, vou escrevendo tanta coisa que a letra fica sem sentido e depois vou acertando com mais calma. Algumas letras eu deixo do jeito que ficarem, todas confusas, mas que são mensagens legais. Além de tudo isso, o Claustrofobia sempre tenta passar coisas positivas, não só revolta e protesto. Isso é muito importante para nós, mostrar que ainda há esperança para muita coisa. Marcus D’Angelo: Para mim, a mesma coisa que o Daniel disse, não escrevia tanto nos outros álbuns, mas no “Peste” escrevi muito, talvez pelos fatos citados anteriormente a inspiração bateu mais forte e tinha muita coisa engasgada, 09


entende? E meio que comecei a curtir escrever, com mais “responsa”, pois as letras são parte muito importante, damos muito valor à música, mas não fazemos musica somente para músicos, é para todo mundo. Somos uma banda de Metal, temos essa postura e a valorizamos, pois foi assim que chegamos até aqui. Então a mensagem existe e é forte! Acho as letras do “Peste” é um dos pontos altos da carreira toda! HELL DIVINE: E o termo “Maloka”, de onde surgiu? Marcus D’Angelo: Quem começou com isso foi o Ciero do Da Tribo Studios com quem , como disse, temos uma amizade e parceria de longa data sempre com o mesmo foco perante a arte de se fazer Metal no Brasil! É mais pelo lance de a gente ser brasileiro mesmo, estarmos vivendo no meio de toda “malokeragem” por aí, jogando um futebol, churrasco e afins, porém, com um amor infinito ao som pesado. Não somos daqueles que querem ser estilo europeu ou americano, com todo respeito, pois eles são sensacionais porque acreditam neles mesmos, na própria cultura e nós, apesar de tudo, acreditamos na nossa cultura musical que é rica e única. As porcarias que acontecem no nosso país nos envergonham, porém nos inspiram a falar a verdade com brutalidade, então o negócio é mais sujo! Fazemos Metal que é um estilo universal, um instinto que ninguém precisa provar nada, quem é; é e acabou. Sendo brasileiro, a coisa fica mais tensa e assim começou meio que na brincadeira e adotamos, a galera

curtiu! Fazemos o som pelos nossos motivos e não estamos preocupados com limitações. O Ciero que começou com isso e nós assinamos embaixo. Como disse anteriormente Ciero foi um cara importante pra nós e a gente curte falar que o Claustrofobia é o AC/DC (antes do Ciero e depois do Ciero) (risos)... Porra Metal Malóka na veia! HELL DIVINE: Quais os planos para o restante de 2011 e o próximo período? Marcus D’Angelo: Temos um show em Caraguatatuba no “Trinka Metal Festival” e mais um no Sul no “Zoombie Ritual” com várias bandas. Acredito que o álbum saia em novembro e talvez lançaremos no “Goiania Noise” e já era. Preparar todo bastidor para o ano que vem e descer a lenha! HELL DIVINE: Como fã de longa data e pelo apoio em conceder a entrevista, agradeço em nome da equipe da HELL DIVINE a disposição. Se quiserem deixar algum recado, mandem bala. Claustrofobia: Agradecemos a toda equipe da HELL DIVINE pelo espaço e por continuar a batalhar pelo metal no Brasil. Agradecemos o apoio de todos os amigos e fãs que lutam com a gente direta e indiretamente. Aguardem a nova “PESTE”. Por Cupim Lombardi.



ENTREVISTA Após longos anos o Six Feet Under, grande lenda do Death Metal mundial, está prestes a pisar em terras brasileiras, mas antes disso conversamos com o vocalista e líder da banda Chris Barnes sobre essa primeira visita da banda a América do Sul e sobre os últimos lançamentos da banda. HELL DIVINE: O último álbum de músicas inéditas da banda, “Death Rituals” saiu, em 2008. Ouvi dizer que o próximo lançamento da banda já está bastante adiantado. Poderia nos adiantar algumas coisas? CHRIS BARNES: Sim, o novo álbum será totalmente doentio. Ele vai pegar um monte de gente de surpresa. Na verdade, eu acho que todo mundo vai ser agradavelmente surpreendido com a brutalidade extrema desse nosso novo álbum. HELL DIVINE: Em 2010, a banda lançou a terceira edição da Graveyard Classics que foi bastante elogiada na mídia especializada. Como é feita a escolha das músicas para entrar em um álbum só de covers? CHRIS BARNES: A melhor maneira de escolher essas

músicas é por bandas que de alguma forma nos influenciaram a fazer música e por bandas que crescemos ouvindo, sendo assim trazemos para o nosso estilo Six Feet Under. HELL DIVINE: Vocês também lançaram um álbum em homenagem ao AC/DC no qual tocam o “Back In Black” do início ao fim. Como foi trazer esse álbum ao estilo Six Feet Under? CHRIS BARNES: Sim, foi a nossa ideia de fazer esse álbum e nós sentimos como se fosse algo que nunca tinha sido feito e foi uma experiência muito desafiadora. HELL DIVINE: Já existem algumas bandas em mente para uma quarta edição da Graveyard Classics?


CHRIS BARNES: Eu não acho que o Six Feet Under lançará um quarto álbum de clássicos, eu meio que vejo a Graveyard Classics como uma trilogia.

pel, ainda ouço muita coisa Old School Death Metal como Autopsy e, claro, o glorioso Death que ainda são algumas das minhas bandas de metal favoritas.

HELL DIVINE: O último DVD da banda “Wake In The Night! Live In Germany” está muito bem produzido com uma qualidade de imagem e som muito boa. Além disso, esse não é o primeiro DVD que a banda grava em um festival. Você acha que as estruturas dos festivais e o público muito maior os motivaram a fazer esses vídeos? CHRIS BARNES: Obrigado. Sim, o “Wake In The Night!” ficou muito bom e é fácil de fazer vídeos em festivais de grande porte, porque todos os equipamentos e a instalação são feitos da melhor maneira possível. Sendo assim, o resultado final sempre é o melhor, mas fizemos alguns vídeos e DVDs em casas de shows menores, como o “Double Dead”.

HELL DIVINE: Infelizmente, o show que vocês fariam esse ano foi cancelado e remarcado, para março de 2012. Essa será a primeira passagem do Six Feet Under em terras brasileiras. Quais as expectativas da banda para esse único show em São Paulo? CHRIS BARNES: Sim, é a primeira vez que o Six Feet Under irá tocar no Brasil e estamos realmente ansiosos por isso. Pelo que eu ouvi os fãs são muito entusiasmados e estamos realmente esperando para ver o quão grande os fãs brasileiros são, pois queremos encontrar novos fãs e novos amigos.

HELL DIVINE: Você foi o cara que, junto ao Cannibal Corpse, praticamente começou com o Death Metal. Como você vê a cena do metal hoje? Existem bandas novas que chamam a sua atenção ou você ainda é mais adepto ao metal Old School? CHRIS BARNES: Obrigado. Estou muito orgulhoso do trabalho que fiz com o Cannibal Corpse no passado e estou muito orgulhoso de todos os fãs que ainda tenho daqueles dias. Das novas bandas eu realmente gosto da Whitecha-

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HELL DIVINE: Muito obrigado pela entrevista, agora deixo esse espaço livre para que você possa convidar e deixar uma mensagem aos fãs da banda que os esperavam por um longo tempo. CHRIS BARNES: Muito obrigado por todo o apoio e muito obrigado a todos os nossos fãs no Brasil. É uma pena que nos levou tanto tempo para visitá-los, mas estamos prontos para vê-los agora e ter um grande momento ao lado de todos vocês em breve! Por Luiz Ribeiro.

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ENTREVISTA

A evolução assustadora pela qual o underground nacional anda passando faz do Brasil um país admirável entre os gringos quando o assunto é metal. Graças a isso, com certeza, não é uma tarefa fácil para nós selecionar uma banda para uma entrevista; afinal, são tantas bandas incríveis que mal conseguimos decidir. Após uma meticulosa pesquisa de fatos, circunstâncias e momentos favoráveis, nada seria mais justo que escolher a banda que vem apresentando um progresso exemplar dentre as bandas de seu gênero e, é claro que me refiro aos paulistanos da banda Nervochaos. Confira abaixo algumas palavras inéditas do baterista Eduardo Lane.

HELL DIVINE: Antes de tudo, muito obrigado por ceder essa entrevista. Levando em consideração que você é o dono da Tumba Records, como foi a trajetória da banda até os dias atuais? Obviamente, possuir seu próprio selo deu a vocês uma vantagem imensa, mas toda banda enfrenta diversas e variadas dificuldades no começo. Falenos como foi fazer o Nervochaos nascer. Eduardo Lane: Salve! Nós é que agradecemos pelo espaço cedido e pela oportunidade. Sim, fundei a Tumba mais ou menos na mesma época que fundamos o Nervochaos. Com certeza, ter um selo ajuda bastante, pois podemos atuar no formato “faça você mesmo”. É muito mais trabalho e o investimento é maior, mas por outro lado, há várias vantagens também. A banda foi formada, em setembro de 1996, quando saímos do Siegrid Ingrid. Desde então, estamos na batalha, fazendo turnês e lançando material (CDs, DTs,...). Houve várias dificuldades ao longo do caminho, mas isso faz parte da realidade de qualquer banda e com muita dedicação e amor ao Metal, estamos superando os obstáculos e evoluindo como banda e músicos. O objetivo da banda continua o mesmo, fazer um som nervoso e agressivo, sem se prender a rótulos pré-estipulados, mas sempre se mantendo fiel a nossa proposta e raízes. HELL DIVINE: Eu tive o prazer de vê-los ao vivo na Led Slay. Fiquei na cara do palco e posso dizer que a performance 14

de vocês é exemplar e admirável. Lembro-me também que o Daniel, nessa época, ainda era o vocalista. Você pode nos explicar o motivo concreto que o fez sair da banda? Eduardo Lane: Que legal que você esteve naquele show, acredito que foi o último show que fizemos por aqui antes da turnê européia. Nós acreditamos que uma banda se faz ao vivo e tocando constantemente, então sempre damos 100% de nós ao vivo. Infelizmente, por algum ou alguns motivos que desconheço, nos últimos meses em que o Daniel permaneceu na banda, não havia mais dedicação ou comprometimento por parte dele com os trabalhos da banda. Depois de diversas conversas e oportunidades, percebemos que da forma que estava não daria mais para continuar pelo bem da banda. Então, o demitimos e seguimos como um quarteto, tendo o Guiller (guitarra) assumindo os vocais. HELL DIVINE: “Battalions of Hate” é um álbum incrível. Gostei de tudo nele. A forma de cruz invertida do digipack, a capa, o cover do Vulcano, as letras, tudo. A banda planeja um novo álbum ainda para o final desse ano, ou veremos apenas um novo trabalho de vocês, em 2012? Eduardo Lane: Que ótimo que você curtiu o CD, ficamos honrados e contentes em saber. De fato, o álbum foi muito bem recebido pelo público e crítica. Não só pela concepção gráfica, mas como você mesmo disse, pelas músicas e o conteúdo como um todo. Atualmente, já estamos na segunda prensagem deste CD, e não é mais em versão digipack e


sim em formato comum, mas com duas músicas extras e novo encarte. Em setembro deste ano, lançamos o nosso primeiro CD ao vivo, intitulado “Live Rituals”, ou seja, já conseguimos aumentar a frequência de lançamentos da banda. O CD “Battalions of Hate” foi lançado, em 2010, e o ao vivo “Live Rituals”, em 2011. No início de 2012 iremos lançar o nosso mais novo álbum de estúdio, que se chama “To The Death”. HELL DIVINE: É uma pergunta um tanto clichê em entrevistas, mas eu a considero válida quando entrevistamos artistas que realmente fazem um bom trabalho. Então, eu gostaria que falasse aqui um pouco de suas influências e inspirações quando você vai compor ou se apresentar no palco. Eduardo Lane: Bom, no palco é onde tudo acontece e onde se faz uma banda, então sempre tocamos como se fosse o nosso último show, damos 120% do que temos. A energia do público, de estar em um palco e de tocar ao vivo é algo indescritível e totalmente viciante, então tudo isso já é inspirador por si só. Quanto às influências musicais, eu sou bem eclético, atualmente, e escuto diversos estilos de música. Para citar algumas bandas, eu diria AC/DC; ZZ Top; Slayer; Metallica; GBH; Discharge; Ratos de Porão; Black Sabbath; Led Zeppelin; Cannibal Corpse; Marduk; Krisiun; Sarcófago e muitas outras mais. HELL DIVINE: Não deve ser fácil administrar uma banda e um selo. Fale-nos aqui um pouco sobre sua rotina como dono da Tumba Records e como foi gerenciá-las nos primeiros meses. Eduardo Lane: Com certeza, é bem mais difícil do que parece. Foi bem complicado no começo porque era algo que até então não existia no Brasil. Fundei a Tumba com 100% do foco na música extrema. Então, no começo eu tinha uma loja na Galeria do Rock totalmente especializada e dedicada ao metal extremo, vendendo CDs, DTs, LPs e VHS de bandas extremas, tanto nacionais como internacionais. Havia o selo, que era focado em lançar somente bandas extremas nacionais. Lançamos CDs do Zoltar, Subtera, Horned God, NervoChaos, Insanity, Hellsakura, Collapse NR e por aí vai. Também tinha um esquema de “mailorder” e distribuição de material. Além de tudo isso, comecei a produzir e organizar turnês no Brasil e, consequentemente, na América Latina. Já produzi mais de 50 bandas internacionais no decorrer deste período. Atualmente, mantenho o selo vivo, mas em produção “marcha lenta”, porque não é mais meu foco e sim mais uma alternativa. E produzo turnês para bandas internacionais. Agendo algo em torno de 2 a 3 turnês por ano.

alagam a cena extrema. É difícil escolher somente um álbum ou letra ou música, quando para mim são como filhos que tive, pois marcam uma época da banda, um momento e tudo isso sempre foi muito especial e único para mim, então não há um favorito. HELL DIVINE: Marcelo HVC é um artista fabuloso, mostrando sua genialidade em muitas capas. Logo, com o Nervochaos não seria diferente. Há planos para que ele seja o autor da capa do próximo trabalho do Nervochaos, também? Eduardo Lane: Concordo, o Marcelo é, realmente, um artista excepcional e sempre estamos fazendo trabalhos com ele. O novo álbum da banda terá a capa e contracapa feitas pelo mago Joe Petagno, que fez capas para artistas como Pink Floyd, Led Zeppelin, Nazareth, Motorhead, Krisiun, Angel Corpse e etc... Resolvemos experimentar um novo artista e posso dizer que o trabalho está sensacional, realmente muito impressionante. Isso não quer dizer que não faremos mais nada com o Marcelo no futuro, ele é muito bom e um grande amigo nosso também. HELL DIVINE: E lá vamos para a pergunta que boa parte dos fãs está interessada. Como andam os planos para as futuras apresentações e turnês? Eduardo Lane: Bom, praticamente finalizamos essa turnê do “Battalions of Hate”. Ela teve início, em novembro de 2009, e finalizaremos, em Novembro de 2011. Em dois anos de turnê, fizemos shows pela América do Sul, Europa e India. Foram 127 datas. Claro que assim que o novo CD for lançado, no início de 2012, daremos início a nossa nova turnê. Fiquem ligados! HELL DIVINE: Muito obrigados por dedicar parte do seu tempo a nós. Garanto que seus fãs vão gostar dessa entrevista tanto quanto nós da equipe. Eduardo Lane: Eu é que agradeço em nome do Nervochaos pelo espaço, apoio e pela entrevista. Acessem os nossos sites no Myspace, Orkut ou Facebook. Valeu e mantenham a chama do verdadeiro metal sempre acessa! Por Yuri Azaghal.

HELL DIVINE: Atualmente, o repertório da banda consiste em quatro álbuns e três demos. Analisando todo o trabalho que já fizeram até agora, sob o seu ponto de vista, como o som do Nervochaos se encontra? Ele progrediu? Mudou radicalmente desde o começo? Comente também sobre seu álbum, letra ou música favorita. Por que ela é tão especial para você? Eduardo Lane: Sim, a sonoridade da banda sofreu uma grande evolução. Estamos sempre buscando a nossa sonoridade própria e temos mudado bastante a cada ano e a cada turnê, cada vez mais nos aproximando do nosso objetivo. Claro que temos influências de diversas bandas e cada integrante traz isso em sua bagagem, mas definitivamente não somos clones de nenhuma banda como centenas que 15


ENTREVISTA O ano era 2008, o Rio de Janeiro estava no seu verão, quando de suas quentes terras surgiu um dos maiores ícones que o Black Metal Brasileiro e da América Latina estava para ver, o Mysteriis. Eles chegam à cena lançando demo e discos de mais pura ira e blasfêmia. Depois de 13 anos de hiato, a banda retorna à ativa e vamos levar um papo com o guitarrista Mantus. HELL DIVINE: A pergunta que nunca cala, por que esse tempo inteiro parados? Mantus: É uma longa história, pois as coisas já não estavam funcionando muito bem desde o lançamento do EP “Fucking In The Name of God”, em 2000, quando o baterista Malphas saiu da banda e logo depois o tecladista Blitzgork, que sempre nos acompanhou. Com essa desestruturação vieram os problemas! Éramos muito amigos, praticamente uma família e no final é sempre muito difícil encontrar bons músicos com as mesmas ideias, que sejam dedicados e abracem a causa da maneira correta. Hoje consigo enxergar que naquele momento o Mysteriis tinha acabado, mesmo que nós tenhamos continuado aos trancos e barrancos e com alguma esperança de que as coisas seriam iguais ou melhores. Infelizmente, não foram, por mais confiantes que tenhamos sido, tudo que veio depois disso, em minha opinião, não era mais o verdadeiro Mysteriis. Tivemos vários outros membros e amigos, fizemos vários shows e, de certa forma, foi positivo, claro... Mas parecia outra banda, apenas carregando o mesmo nome. Até que depois de muito suor, insistência e no auge das decepções, resolvemos desistir de tentar ir em frente com algo que já não estava sendo verdadeiro e, principalmente, nos agradando como deveria. Nos dedicamos a outras bandas e projetos, alguns que até conquistaram um espaço muito interessante no underground. Demoramos todo esse tempo parados pelo fato de que eu estava completamente desiludido, achando que seria um encerramento de atividades definitivo! Até que, em 2009, tivemos novamente contato com nosso baterista da formação original e que começamos a conversar sobre um possível retorno. Só acreditei que isso fosse válido se fosse um retorno com a formação original e fazendo o que sempre nos propusemos a fazer musical e ideologicamente. Felizmente, no começo de 2011, essa reunião foi finalmente possível e desde lá as coisas têm dado muito certo. HELL DIVINE: Em 1998, depois do lançamento das demos de vocês, a assinatura com a Demise Records foi o passo dado para lançamentos de clássicos como “About The Christian Despair”, “Fucking In the Name Of God”, entre outros. O que a banda pode falar desse momento vivido e como foi ver o rápido crescimento de vocês no cenário? Mantus: Foi uma época muito positiva pra todos nós, pois estávamos nos dedicando 100% à banda, todos em sintonia, com um ótimo relacionamento e afinidade musical, além do apoio necessário para fazer um trabalho de qualidade e profis16

sional. Acho que foi isso que nos rendeu um crescimento e reconhecimento tão rápido. O que era raro de se conseguir naquela época, onde até já existia internet no Brasil, mas 90% das coisas estavam acontecendo “offline”, o que fazia com que tudo fosse extremamente lento e muito longe de ser como é hoje. Então, acho que é um mérito nosso e dos fãs que nos apoiaram, do qual temos muito orgulho e temos saudades de lembrar. HELL DIVINE: Na virada do século a banda passou por uma reformulação em seu line-up e, com isso, muita coisa mudou na sonoridade do Mysteriis na época. O que você pode nos dizer sobre tal evento? Mantus: Realmente, a sonoridade mudou bastante e foi claramente devido às constantes mudanças de formação, trazendo novas influências, várias cabeças pensando e compondo, enfim... Como eu disse, hoje consigo enxergar aquilo como uma outra banda. Talvez na época eu até estivesse querendo acreditar que aquilo era o Mysteriis, mas não era! HELL DIVINE: De todos os shows já feitos pelo Mysteriis, vocês têm condição de nos dizer qual foi o melhor, qual o pior e o mais engraçado show de vocês? Mantus: Bom, não me lembro de um show engraçado! Acho que nunca passamos por uma situação do tipo, a não ser durante as viagens, claro, onde muita coisa acontece e algumas inesquecíveis (risos), mas que não vem ao caso citar aqui. O melhor show não sei te dizer, talvez com o Marduk, em Belo Horizonte/MG, ou com o Amen Corner, em Jundiai/SP. Acho que não existe um em especial! Nosso primeiro show no Garage/RJ, em 1999, foi muito importante para nós e também nossa participação no “Fuck The Bastard Child I” em Curitiba/ PR junto com o Murder Rape, Ocultan, entre outras... O pior? Hum, talvez um que fizemos em Lavras/MG. O lugar comportava umas 5 mil pessoas e tinha menos de 100 dentro, o som estava horrível e a viagem foi péssima! HELL DIVINE: Nesse retorno a banda está praticamente com a formação original, tirando o Blitzgork que não está no atual line up, como foi a reunião de todos vocês e a decisão de retornar com a banda? Mantus: A ideia começou, em 2009, e era de fazer um disco em comemoração aos dez anos do “About the Christian Despair”. O tempo passou e a ideia ficou de lado. Ficamos todo o ano de 2010 em contato e conversando sobre essa pos-


sível reunião, então só no começo de 2011 é que as coisas realmente começaram a acontecer na prática! Eu não queria anunciar qualquer tipo de retorno enquanto as coisas não estivessem 101% concretas. Foi só depois que começamos a gravar o disco novo e assinar com a Heavy Metal Rock que decidimos anunciar oficialmente a volta do Mysteriis. O tecladista Blitzgork realmente ficou de fora dessa vez por falta de tempo para se dedicar, mas apesar de ele ter acompanhado o Mysteriis desde o primeiro álbum, ele não era um membro efetivo da formação original. Ele entrou oficialmente para banda apenas em 2000 nas gravações do EP “Fucking In The Name of God”. HELL DIVINE: Vocês ainda têm material não lançado e, pelo que sei, é um material que muitos fãs esperam, como o caso do “Stigmati Diaboli DCLXVI”. Vocês têm pretensão de lançar esse disco ou isso nem é cogitado? Mantus: Me perdoem os fãs do “Stigmati Diaboli”, mas sinceramente eu não gosto desse material e não me agrada pensar que ele possa vir a ser lançado algum dia. No que depender de mim não será! A produção dele não faz minha cabeça, foi uma época em que a banda passou por muitas dificuldades e decepções e, além disso tudo, ele já vazou na internet para download há muitos anos. Pensamos no relançamento do “About the Christian Despair”, se for possível no futuro, mas a intenção do nosso retorno foi mostrar material novo, porém focado no que o Mysteriis fazia no início de sua trajetória. HELL DIVINE: Vamos nos atualizar: formação coesa e gravação de “Hellsurrection”, onde vocês estão gravando o novo disco e o que nós, fãs, poderemos esperar desse novo álbum? Mantus: É um disco que está tendo uma produção complexa. O “Hellsurrection” foi gravado em dois estúdios diferentes, na verdade. A bateria, baixo e vocais no Rio de Janeiro/RJ e as guitarras e teclados na Serra Gaúcha/RS. A mixagem está sendo feita no Rio de Janeiro e a masterização será feita em Berlim/Alemanha e assinada pelo grande Stamos Koliousis (210 studios), por onde já passaram bandas como Keep of Kalessin, Vreid, Gehenna e até o U2. O disco novo é uma mistura do que fizemos nas demo-tapes, no “About...”, no “Fucking” e com uma certa pitada da nossa visão atual sobre como nossa própria música deve soar. Lembrando que também terão algumas participações especiais como a do Lord Kaiaphas (ExAncient/Ex-Grand Belial’s Key), Thomas Backelin (Lord Belial), Fabiano Penna (Ex-Rebaellium/The Ordher) e outras que são ainda segredo! HELL DIVINE: Com o advento da internet, as músicas circulam com maior velocidade, às vezes beirando o absurdo de o disco nem ter saído oficialmente e já estar disponível para download, qual a opinião de vocês com relação a tal coisa? Mantus: Vou procurar não me entender nesse assunto, pois geralmente quando começo a filosofar, a coisa sai do controle (risos). Basicamente, acho que tem seus pontos positivos e negativos. A exposição de um trabalho na internet para download é de certa forma boa para a promoção da banda e divulgação de um trabalho, porém, isso faz com que as vendas diminuam muito, logo fazendo com que os selos percam o interesse pelas bandas, principalmente as mais underground, o que eu acho algo extremamente negativo. Apesar de todo esse mundo virtual eu ainda acredito muito no valor da coisa física. Sou uma pessoa que compra LP e CD até hoje e me orgulho muito disso! Na teoria, seria ótimo se os consumidores tives-

sem acesso ao material para audição, mas que se gostassem do trabalho, comprassem o disco, seja em CD, LP ou MP3, mas de forma legal. O artista investiu naquilo e nada mais justo do que receber por aquele trabalho, mas na prática não é isso que acontece! Eles se dizem fãs e apoiadores do metal, mas só da boca pra fora, na prática se orgulham em lotar HD’s de mp3 baixados ilegalmente e nos shows em vez de entrarem, ficam enchendo a cara no bar da esquina, isso quando realmente tiram o traseiro do computador. A internet é algo maravilhoso, mas uma faca de dois gumes, infelizmente. Acho que se os fãs de metal tivessem a consciência real do que esse tipo de atitude faz com o underground, talvez eles tivessem um posicionamento diferente, mas como 90% não têm, infelizmente a cada dia que passa, as bandas vão perdendo espaço e apoio. HELL DIVINE: Pessoal, valeu pela entrevista, aguardamos ansiosamente a volta aos palcos e o lançamento de “Hellsurrection”. Deixe um recado para os fãs e leitores da Hell Divine. Mantus: Nós que agradecemos pelo espaço e apoio! Parabéns pelo grande trabalho com a revista e também esperamos nos encontrar nos palcos em breve! Aguardem o lançamento do “Hellsurrection”, no começo de 2012, via Heavy Metal Rock. Para maiores informações: www.facebook.com/mysteriisofficial. Aos leitores... Apóiem verdadeiramente as bandas nacionais do nosso underground! Compre o material e vá aos shows! Faça sua parte para que o Brasil seja reconhecido como uma das maiores potências metálicas do mundo! Competência para isso nós temos e já foi mais do que provado, só falta a conscientização e apoio do público, para que, juntos, tenhamos o espaço merecido. Salve o Metal brasileiro! Por Augusto Hunter.


ENTREVISTA

Thrash Attack! Não param de surgir novas bandas praticando o bom e velho Thrash Metal Old School calcado nos anos 80! Incrível como essa onda veio com tudo e varreu os quatro continentes! Sempre pensando em trazer coisas novas para a revista, conversamos com a banda Breathless, situada na Espanha, que nos conta um pouco da cena local, além de outras coisas interessantes! HELL DIVINE: Saudações, thrashers espanhóis! É um prazer conversar com vocês e mostrar ao público brasileiro um pouco do que anda acontecendo no Heavy Metal mundo afora. Conte-nos um pouco da história do Breathless pra quem ainda não os conhece. BREATHLESS: Saudações! Estamos muito felizes por essa entrevista e a chance que estão nos dando para mostrar o Breathless para os headbangers brasileiros! A banda foi criada, em 1999, por Eduardo Moreno (vocais e guitarras) e Joan Font (bateria), com a ideia de misturar o Heavy Metal com Thrash. No começo, queríamos apenas tocar ao vivo e manter a chama do Metal acesa em nossa região. Devido à falta de músicos do estilo e pela falta de interesse, tivemos várias formações até chegarmos àquilo que procurávamos. Finalmente, no final de 2009, com uma formação estabilizada, começamos as gravações do primeiro disco “Thrashumancy”. O disco foi gravado no Urban Studio na cidade de Palma, produzido por Rafa Rigo e Toni Toledo, ambos bastante conhecidos e experientes. Foi um mês intenso de gravação, mas muito prazeroso. Ficamos completamente satisfeitos com os resultados. Entramos em contato com a Xtreem Music, que gostaram muito do álbum e resolveram nos lançar! HELL DIVINE: O Thrash Metal surgiu nos anos 80 e fez muito sucesso. Agora parece que o estilo voltou com tudo! Em vários países temos exemplos de ótimas bandas revivendo esse momento glorioso. Quais motivos fizeram vocês escolheram tocar esse estilo? BREATHLESS: Quando começamos, não existia essa onda de Thrash Metal. Já tocávamos em outras bandas, mas nada muito sério. Eduardo sempre foi mais do Thrash e 18

Joan tem mais afinidade com o Metal Tradicional no estilo NWOBHM. Com isso, decidimos fazer o que sentimos e não seguir a onda. HELL DIVINE: A gravadora Xtreem Music tem lançado edições de sua revista (Xtreem Magazine), na qual vocês foram capa, recentemente. Como tem sido a repercussão? BREATHLESS: Nós ainda não recebemos a revista em mãos (risos)! Já fizemos o download para ver como ficou. Estando com a gravadora Xtreem Music, pudemos receber boas resenhas, entrevistas, ter nossas músicas em rádios e etc. Dave Rotten (dono da gravadora e vocalista da banda Avulsed) está no ramo há anos e tem muita experiência, além de ótimos contatos. “Thrashumancy” foi espalhado pelo mundo todo e temos tido um ótimo retorno, com pessoas cada vez mais interessadas em nosso trabalho. HELL DIVINE: No momento, nossa revista existe somente no formato digital. Em sua opinião, qual a importância desses meios de comunicação especializados em outros formatos além do físico? Vocês já participaram de outras revistas fora da Espanha? BREATHLESS: O formato, na verdade, não importa muito, desde que leiam e estejam interessadas. O material online pode ser mais ágil e atualizado do que a versão impressa. Aqui na Espanha fizemos diversas entrevistas para sites, blogs, fanzines e revistas. Temos, inclusive, uma entrevista em vídeo para o Cuero Y Cadenas, que pode ser conferida no Youtube. Fora do nosso país, fomos entrevistados pela Hardrocker da Polônia, Screaming Skull da Ucrânia e Deaf Sparrow dos Estados Unidos.


HELL DIVINE: Na edição passada, fiz uma resenha do seu álbum o “Thrashumancy”. Podemos notar influências, principalmente nos vocais, do Kreator. Quais outras influências na carreira do Breathless vocês poderiam citar? BREATHLESS: Você está certo, essa é uma das maiores influências para nós. Além disso, temos outras influências no Heavy Tradicional, Thrash e Death Metal. Black Sabbath, Judas Priest, Coroner, Testament, Artillery, Metallica, Slayer, Atheist, são algumas bandas que admiramos. Poderíamos ficar horas citando bandas que nos influenciaram direta ou indiretamente (risos)! Tentamos sempre criar nossa própria identidade, sem soar como essa ou aquela banda. HELL DIVINE: Vocês conhecem os brasileiros do Violator? Quais outras bandas desse estilo vocês recomendam? BREATHLESS: Com certeza! A primeira vez que ouvimos Violator ficamos entusiasmados! Uma banda nova com a sonoridade dos anos oitenta! Rápido e direto na cara! HELL DIVINE: Infelizmente, temos poucos representantes no metal mundial vindo do seu país. Como é a cena metálica na Espanha? BREATHLESS: Nossa cena está forte, hoje em dia, com diversas bandas. Para quem se interessar em conhecer mais, recomendamos Omission (Satanic Speed-Thrash), Korgull The Exterminator, Crysis (Thrash Metal), Decomposed Torso (Brutal Death), Killmosh (Thrash Grind), Redrum In Blood (Death Metal), Goreinhaled (Brutal Death), Neurotic Disorder (Technical Brutal Death), Unburial (Technical Brutal Death), Helevorn (Doom Metal), entre outras. Como podem notar, somos poucos, mas fazemos muito barulho (risos)! HELL DIVINE: Agradecemos pela atenção e desejamos sorte à banda! Esperamos vê-los em breve e tomarmos umas cervejas juntos! BREATHLESS: Agradecemos a você, Pedro, pela oportunidade de mostrar um pouco do nosso trabalho aos headbangers brasileiros! Vamos tomar essa cerveja juntos, ainda! Esperamos visitar o Brasil em breve! Arrass Attack! Por Pedro Humangous.


ENTREVISTA Quem pensa que fazer sucesso é estar sempre na mídia, se engana. Obter respeito e conseguir novos admiradores é tarefa difícil e muito mais honrosa quando obtidos com êxito. Com uma ascensão meteórica, o grupo canadense Clease Kill começa a chamar a atenção dos amantes da música extrema por todo o mundo. Sempre antenada às novidades, a Hell Divine foi buscar uma entrevista exclusiva com a banda para o público brasileiro. Batemos um papo com toda a banda que nos contou um pouco sobre esse momento que a banda vive. Vejam! HELL DIVINE: Conte-nos um pouco sobre a cena do Metal no Canadá e em sua cidade, em geral, nos dias de hoje. Chris Schmode: A cena de metal em Edmonton (Canadá) tem passado por muitos altos e baixos nos últimos tempos. Temos visto muitas bandas locais virem e irem ao longo dos poucos anos em que estamos juntos. No entanto, o Canadá, em geral, tem surpreendido com algumas bandas incríveis como Structures – que recentemente assinou com a Sumerian Recors –, Suicide Silence (obviamente), 3 Inches of Blood e nossos bons amigos do Fall in Archaea. Se ainda não o fez, definitivamente, vale a pena conferir o som deles.

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HELL DIVINE: A maioria de nossos leitores, provavelmente, ainda não conhece a banda. Quais os atrativos que o Clease Kill oferece aos novos ouvintes? Marty McTeague: Gostamos de pensar que chegamos ao nosso gênero específico com uma abordagem diferente, com uma pegada mais crua e “real”. Tentamos manter nossa música aberta a uma grande variedade de ouvintes de metal. Estamos trabalhando duro e “bombando” algumas músicas novas que só tendem a melhorar com o amadurecimento de nossa banda e o estabelecimento de nosso som.


HELL DIVINE: A banda começou suas atividades, em 2008. Um ano depois, vocês lançaram a demo contendo quatro faixas. Agora, em 2011, a banda mostra ao mundo seu primeiro EP oficial chamado “Aegis”. O que podemos esperar do novo material? Marty McTeague: Mais rápido, mais pesado, mais “Death Metal...ístico”, sem mencionar um pouco de nossa verdadeira esquisitice. Lutamos para nos destacarmos e buscamos isso cada vez mais. Com novo material daremos nosso melhor para criar um som que nos personifique e quebraremos algumas fronteiras. HELL DIVINE: A banda já tocou ao lado de grandes bandas Despised Icon, Suffokate, Misery Index, entre outras. Como estão sendo os shows ultimamente? Muito público presente? Muitas datas marcadas no Canadá? Já tocaram em outros países? Spencer Buan: Os shows têm sempre ido bem em nossa cena local, assim como ao longo da costa oeste de nosso país. O público é sempre muito divertido e cheio de energia, mesmo quando os números são menores que o usual. Em relação às datas pelo Canadá, uma turnê está em vista para abril/maio, a qual não incluirá qualquer data fora do país. Infelizmente, ela não é oportuna o suficiente! HELL DIVINE: Ao ouvir as novas canções, podemos notar que elas são muito pesadas e brutais. Uma mistura entre o metal moderno e o old school, com alguns breakdowns e guitarras em baixa afinação. Quais são suas principais influências? Chris Rada: Com relação a “Aegis”, as principais influências são Suicide Silence, Whitechapel, Oceano e Thy Art is Murder. Para o novo trabalho as influências seriam Rose Funeral, The Last Felony, The Faceless, Vale of Pnath, Thy Art is Murder e Ion Dissonance.

HELL DIVINE: Em toda edição da Hell Divine temos o top 5 dos álbuns que os músicos têm ouvido ultimamente. Podem nos dizer o que andam ouvindo nos últimos dois ou três meses? Marty Mcteague: Muito Mastodon e Meshuggah, Cynic, Cephalic Carnage e até Pink Floyd, sou um grande fã de Death Metal e Prog Metal. Gostaria de poder listar mais monte, mas ficarei com as minhas favoritas. Chris Schmode: Nos últimos meses tenho curtido Oceano, TesseracT, Bermuda, Between the Buried and Me, The Contortionist. Glenn Thomson: Ultimamente, temos gostado de bandas como The Contortionist, Meshuggah, Between the Buried and Me, Scale the Summit e Cynic. Chris Rada: Rose Funeral, Whitechapel, Meshuggah, Ion Dissonance e Black Dahlia Murder Spencer Buan: Nos últimos meses tenho ouvido, particularmente, a Meshuggah, Ion Dissonance, Cynic, Whitechapel e Rose Funeral (especialmente o novo álbum “Gates of Punishment”, é ótimo!) HELL DIVINE: Não podemos nos esquecer de falar sobre a incrível arte da capa. Quem fez esse belo trabalho e qual é a relação com a música em “Aegis”? Glenn Thomson: A arte foi feita por um artista que atende pelo nome “AngryBlue”. O conceito é da imagem de uma antes linda Mãe Natureza que foi destruída e desfigurada pelas ações da humanidade. O rato em seu ombro simboliza praga em referência ao verso “vencido por uma praga” em nossa canção “Nexus Humanis”. É uma demonstração da destruição que os humanos podem causar ao nosso planeta. Marty Mcteague: Ele também fez a arte para o album “Wormwood” da banda The Acacia Strain. A relação fica bem próxima do conteúdo lírico. HELL DIVINE: É um prazer conversar com vocês e tê-los em nossas páginas! Esperamos que mais pessoas comecem a ouvi-los não só no Brasil, mas por todo o mundo! Deixem um recado para nossos leitores! Glenn Thomson: Gostamos de verdade da entrevista! Foi ótimo! Já começamos a escrever novo material, então fiquem de olho nisso. Vocês podem encontrar informações bastante atualizadas sobre nós em nossa página do Facebook, então nos deem um “curtir”, ouçam e mostrem seu afeto! “Aegis” também está disponível no ITunes, então comprem, se gostarem. Obrigados, mais uma vez! Chris Schmode, Marty McTeague, Glenn Thomson, Chris Rada e Spencer Buan. -Cleanse Kill Por Pedro Humangous.

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ENTREVISTA Após um considerável sumiço, a banda Cadaveria retorna do obscuro abismo do esquecimento com uma nova e futura surpresa, recém-acabada. Antes que essa nova criança domine nossa mente com suas melodias, a Hell Divine foi sanar algumas dúvidas e falar um pouco sobre o novo álbum diretamente com a sua genitora, a vocalista e musa das trevas, Cadaveria. Acompanhe a entrevista abaixo. HELL DIVINE: Hey hey! É uma honra entrevistar a dama por trás do nome Cadaveria e Dynabyte. Nós andamos acompanhado seus próximos passos e desde que você começou a gravação de um novo álbum, estamos todos ansiosos para verificar essa nova surpresa. O que você pode dizer sobre o novo álbum? Ele é algo totalmente novo? Ele é baseado em outro álbum? Que dicas você pode dar aqui? Cadaveria: Olá a todos! O quarto álbum da Cadaveria está finalmente pronto! O título e a lista de faixas ainda é segredo, mas o revelaremos em breve. Enquanto isso, posso dizer

que ele conterá 11 faixas novas e será lançado esse inverno, no início de 2012. O som é bem insano e obscuro, muito diferente do que foi apresentado em “In Your Blood”. Em um certo senso de atmosfera é mais similiar a “The Shadow’s Madame” , tendo muitas influências de Black Metal, levemente alterada de acordo com nossos gostos atuais. Esse é o primeiro álbum composto por cinco elementos, então pode esperar novos ingredientes, mas sempre sob o toque do Horror Metal.


HELL DIVINE: Você é uma vocalista incrível e cada álbum que você grava é fascinante, muito profissional e apresenta diferentes elementos. Como você vê suas habilidades vocais? Elas mudaram muito desde que você saiu do Opera IX? Cadaveria: Bem, 20 anos se passaram desde que eu comecei a cantar... minha voz certamente mudou durante esse longo tempo. Ao longo dos últimos dez anos eu fui capaz de experimentar novas direções artísticas tanto com Cadaveria quanto com o Dynabyte. Meu estilo atual é combinar vocais limpos com gritos e guturais que, ano por ano, se torna mais brutal e agressivo. Você vai entender o que eu digo quando ouvir o próximo álbum. HELL DIVINE: Sua música é excitante, extrema, profunda e revigorante. Nós adoraríamos se você citasse algumas de suas influências e artistas favoritos. Cadaveria: Eu sou fã de Skin e de Maynard James Keenan, mas não posso dizer que eles me inspiraram ou influenciaram. Eu encontro a energia para cantar e compor música dentro de mim. Eu considero música uma experiência muito pessoal, algo que nasce dentro de você e então você compartilha com os outros. Minha música fala sobre a minha vida, meus interesses, meus sonhos e pesadelos. Minha forma de cantar é algo que interage com meu espírito e envolve meu corpo. Nada mais pessoal que isso. HELL DIVINE: Você fez muito desde o seu álbum debut. Você pode nos dizer sua música ou álbum favorito da Cadaveria? Existe alguma letra, música ou álbum particularmente especial para você? Se sim, por que razão? Cadaveria: Cada album da Cadaveria é especial e único para mim, marcando um passo adiante na minha carreira e celebra um período na minha vida. Eu amo todos eles, eles são minhas crianças. Das músicas que escrevi eu particularmente cito “The Magic Rebirth”, que trata do meu manifesto de liberdade, “Blood And Confusion” que me descreve claramente e “Memento Audere Semper”, que contém meu eterno lema. HELL DIVINE: Alguns fãs afirmam algumas mudanças em certos elementos de seus álbuns. Algumas pessoas dizem que “The Shadow’s Madame” é realmente pesado e extremo, mas outros álbuns soam um pouco mais “leves”. Você pode confirmar isso? É algo intencional? Cadaveria: Eu não acho que o “Far Away from Conformity” seja um álbum “leve”. Escute à “Blood and Confusion” ou “Eleven Three O Three” e “Out body Experience” e verá o que eu quero dizer com isso. Já o “In your blood” pode ser

definido como um álbum experimental, uma abordagem obscura do minimalismo aplicado ao Heavy Metal. Representa a parte mais feminina do Cadaveria e pode ser considerado o fechamento de um ciclo. E deve ser assim. Sem a experiência do “In your Blood”, o álbum que está por vir não teria sido escrito. HELL DIVINE: Particularmente, eu amei o novo álbum do Theatres des Vampires, “Moonlight Waltz” – especialmente a faixa “Sangue”. Como foi cantar “Le Grand Guignol” como uma convidada especial? Cadaveria: Isso foi incrível. Eu adorei a música e me senti livre para realizá-la da maneira que eu queria. Adoro fazer parceria com outros artistas trazendo novas experiências. HELL DIVINE: Seus projetos passados e alternativos – Opera IX e Dynabyte – de alguma forma influenciam ou influenciaram a banda? Cadaveria: Opera IX é a minha raiz, então é claro que eles influenciaram minha carreira, assim como a adolescência influencia nossa vida. “Dynabte” é uma presença tangível do meu universo diário. Eu dediquei muito tempo produzindo o último álbum “2KX” e agora o “Dynabyte” pode ser considerado uma criatura viva e pulsante, não apenas um projeto alternativo. Certamente, os experimentos vocais que fiz com o “Dynabyte” contribuiram para enriquecer meu lado artístico. HELL DIVINE: O que pode me dizer sobre os suas performances ao vivo? Houve algum show que foi particularmente especial para você? Cadaveria: A turnê mexicana que fizemos, em 2009, continua sendo uma das mais marcantes e melhores experiências que já tive. HELL DIVINE: Falando sobre turnês novamente... Quais são seus planos para a próxima turnê? Você está planejando um show no Brasil? Cadaveria: Nós certamente divulgaremos o novo álbum com muitas datas através da Itália e da Europa. Estamos mantendo contato com os promotores para cobrir a América Do Sul também. HELL DIVINE: Novamente agradeço por essa entrevista. Seus fãs brasileiros ficarão gratos por esse material! Cadaveria: Foi um prazer! Um salve sangrento para todos os metalheads brasileiros! Horns Up! Por Yuri Azaghal.




RESENHAS ALICE COOPER “Welcome 2 My Nightmare” Universal Music Há muito tempo um disco de Alice Cooper não alimenta tanta polêmica. Ao resolver realizar essa continuação de sua obra-prima, de 1975, Alice resolveu correr riscos. Isso porque a primeira parte é uma daquelas unanimidades incontestáveis do rock. Para a tarefa, Alice contou com o auxílio do produtor Bob Ezrin, que também produziu a primeira parte do disco, assim como Kiss, Pink Floyd e discos prévios do próprio Alice. O disco começa com “I Am Made of You” e nos primeiros segundos soa a introdução de piano da faixa Steven, do disco de 1975; aí vem a primeira polêmica, com efeitos típicos do pop de Britney Spears e afins usados na voz. Pondo de lado o preconceito, é uma ótima introdução; lenta, melódica e até épica, com a melancolia típica de Alice. O pesadelo original, escondido no subconsciente do protagonista Steven começa a chamar pelo personagem que, amedrontado, tenta manter-se acordado a todo custo na faixa seguinte, “Caffeine”, na veia mais rocker adotada pelo artista em seus últimos discos. “The Nightmare Returns” traz uma melodia infantil, com o personagem atravessando a fronteira do onírico e adormecendo rumo ao pesadelo, novamente com o tema de piano de Steven. Segue com o trem dos condenados putrefatos em “A Runaway Train”, com sua banda original o acompanhando em um rock de pegada country, caindo na deliciosa “Last Man On Earth”, soando como um Jazz de New Orleans – como “Crazy Little Child”, do disco “Muscle Of Love” – a música fala da mais completa solidão. “The Congregation” tem uma sonoridade Hard no estilo setentista numa levada mais cadenciada e uma citação da música “School’s Out” na batida do refrão; um guia mostra a Alice/ Steven o pesadelo reservado a especuladores, advogados, cafetões e outros. Na sequência, “I’ll Bite Your Face Off” vem com uma pegada meio Stones, falando sobre uma mulher viciante, que promete com toda a ternura arrancar seu rosto a mordidas. Aí começa uma das faixas “polêmicas” do álbum, “Disco Bloodbath Boogie Fever”. Um Rock/Disco que transpira sarcasmo, retratando uma danceteria atulhada de cadáveres; lá pelo meio a música se transforma em um “hardão” pesado, com solos alucinantes. “Ghouls Gone Wild” é mais ingênua, com uma letra bobinha a respeito de fantasmas festejando. “Something To Remenber Me By” é daqueles baladões épicos de Alice, com uma letra romântica deslocada no contexto do disco. “When Hell Comes Home” vem numa veia mais soturna, falando do abuso infantil do pai alcoólatra do personagem, de novo com a Alice Cooper Band original. “What Baby Wants” traz a dublê de Lady Gaga, Ke$ha, num dueto surpreendentemente legal. Isso trouxe críticas que irritaram o cantor, mas é bom lembrar que Alice já fez vários duetos com artistas de fora do rock, como Liza Minneli e até a Muppet Miss Piggy. “I Gotta Get Outta Here” traz no título a citação a outro clássico de Alice, “Ballad Of Dwight Fry”. Soa meio ingênua, mas, novamente, o sarcasmo aparece de forma brilhante, com Steven tentando acordar e sair do sonho, ao que é respondido por um coro que diz “qual a parte de morto que você não entendeu?”. O disco termina com uma fantástica orquestração que pega trechos de clássicos do Nightmare anterior e também dessa sequência e é o ponto alto do disco, apesar de instrumental. Bom disco, mas muito aquém da primeira parte. Nota: 7.5 Marcelo Val Amorphead “Chaos Expression” Casket Productions

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Definitivamente, a sensação que temos é que a Itália se cansou do Metal Melódico pelo qual ficaram tão famosos nos anos 90. O que tem surgido de banda extrema desse país não é brincadeira. Conheci o Amorphead por meio do Twitter e, em pouco tempo, recebi uma cópia do mais recente trabalho da banda, o EP “Chaos Expression”. O disco conta com cinco músicas que mesclam o Thrash Metal com bastante groove e melodia. O estilo que a banda busca é bastante moderno, ficando ali entre um Disturbed e um Machine Head. Li, ainda, certa comparação entre Dew Scented e Five Finger Death Punch e achei bastante pertinente. Após uma breve introdução, a pancadaria come solta na faixa que abre o disco, “Scream Inside”. A parte instrumental não exibe tanta técnica e parte mais para o feeling e para a brutalidade. Essa música ainda conta com um belo solo. Destaque total para o vocal de Emiliano Iozzo. “Depth” vem na sequência e mantém o mesmo nível de qualidade e estruturas na composição. Me fez lembrar bastante dos poloneses do Frontside (já resenhado na edição nº 2 da Hell Divine). A parte mais lenta e viajante dessa música é muito interessante, com uma levada meio egípcia/árabe. Dessa vez, o destaque fica por conta da dupla de guitarristas que desenvolvem um ótimo trabalho. Os solos, em certos momentos, parecem um pouco perdidos, mas nada comprometedor. “5:22” trata-se de uma faixa instrumental, mais lenta e cheia de dedilhados, lembrando as semi-baladas do Dream Theater. “Holes”, que também foi a faixa de trabalho escolhida e ganhou um videoclipe, é


a quarta música do EP. Bastante melódica e mais acessível dentre as demais. Os riffs são muito bons e grudentos. Realmente uma das melhores. Por fim, “Chaos Expression” – com mais de nove minutos de duração – fecha o trabalho de forma digna, mostrando que os italianos têm bala na agulha e estão prontos para atingir um público ainda maior. Uma excelente pedida para quem curte as bandas supracitadas e quer fugir um pouco do óbvio. Nota: 8.0 Pedro Humangous ANGUERE “Anguere” Independente Atualmente formada por Paulo Ricardo Marques (vocal), Cleber Roccon (guitarra), Luciano Cecagno (baixo) e Adriano Prado (bateria), a banda Anguere acaba de lançar seu EP autointitulado, contendo seis faixas. Uma mistura interessante de Thrash Metal e Hardcore, com bastante pegada e muita personalidade. Os músicos apostam no groove e em passagens mais cadenciadas. Os vocais, cantados em português, estão muito bem gravados e se encaixam muito bem na proposta musical. Infelizmente, o instrumental não segue a mesma maestria na gravação, ficando um pouco seco e abafado. As guitarras carecem de mais “punch”, a bateria ficou mecânica demais e o baixo um pouco alto em relação aos demais instrumentos. Tirando esses pequenos deslizes técnicos, o som da banda é muito bom. Tem aquela raça típica das bandas brasileiras, transbordando ferocidade e raiva em cada faixa apresentada. Me lembrou um pouco de Soulfly e Ill Nino, com uma pegada mais Hardcore. As paradinhas/breakdowns são matadores e acabam se tornando marca registrada do grupo. Ao vivo, essas músicas devem ganhar muito em termo de peso e devem soar ainda mais insanas. Destaque para a faixa “Barreiras e Muros”, com um ritmo interessante de bateria, seguida de perto pelos riffs de guitarra. Outro destaque fica por conta da capa, belíssima! Espero ver logo um disco oficial desses caras, com uma gravação melhor, pois prometem muito! Nota: 7.0 Pedro Humangous Anonymous Hate “Chaotic World” Lab6 / Malignant Art O Brasil é um país enorme e cheio de possibilidades quando o assunto é música. Surgem bandas dos mais variados estados e a Anonymous Hate vem do longínquo Amapá. Formada por Victor Figueiredo (vocais), Fabrício Góes (guitarras e vocais), Heliton Coelho (guitarras), Alberto Matinez (bateria) e Romeu Tetrus (baixo), a banda toca um Death Metal nervoso, direto e com alguma coisa de Grind. Após a bem recebida demo “Worldead” – lançada no ano passado – o grupo lança seu primeiro full lenght. Gravado em sua cidade natal (Macapá), o disco foi mixado e masterizado em São Paulo pelo experiente Ciero no Da Tribo Studio. O esforço do quinteto realmente valeu a pena e nos apresenta um trabalho digno, esbanjando garra e dedicação. Não há nada de inovador, porém as músicas são bastante cativantes e nos fazem bater cabeça do início ao fim com os riffs cortantes das guitarras e a bateria que mais parece um fuzil. O vocal escolheu um timbre bem interessante, fugindo do padrão gutural comum e indo para um lado mais rasgado, quase engasgado. Achei a gravação um pouco abafada e o vocal um pouco apagado em relação aos demais instrumentos, mas nada que atrapalhe o resultado final. Ainda é possível conferir uns toques mais melódicos nos solos e umas bases puxadas para o Thrash Metal também. Ao todo, são dez faixas que passam muito rapidamente, nos convidando a apertar o play mais uma vez. Para os próximos álbuns, recomendo uma melhora na pronúncia no inglês – caso seja do interesse da banda atingir o mundo todo. “Chaotic World” é um bom disco de estreia, deixando o ouvinte ansioso pelo que o Anonymous Hate ainda poderá nos trazer num futuro próximo. Nota: 7.0 Pedro Humangous ANVIL “Juggernaut of Justice“ Encore - Nacional Sempre fiel à sonoridade clássica que o elevou a grande nome do Metal canadense, o Anvil volta a toda velocidade com mais este grande petardo e, aproveitando cada minuto da excelente fase pela qual estão passando, graças ao documentário “Anvil – The Story of Anvil”, criaram um de seus melhores discos, sem sombra de dúvidas. A arte da capa, muito bem bolada, mostra uma multidão carregando uma bigorna através do mar, numa clara alusão à passagem bíblica onde, teoricamente, Moisés repartiu o Mar Vermelho. Prefiro ficar com a capa do Anvil! Gravado no estúdio de Dave Grohl (ex-Nirvana, Foo Fighters) e produzido por Bob Marlette (Black Sabbath, Quiet Riot, 27


Alice Cooper), “Juggernaut of Justice” esbanja vigor metálico, dividido em 12 faixas de pura adrenalina, num misto de Metal e Rock and Roll com algumas influências Punk (o lado mais simples e direto), fazendo a festa dos fãs die hard. A própria faixa-título começa neste clima para cima e perfeita para cantar junto nos shows, destacando os riffs e as melodias de guitarra do também vocalista Lips, que é sinônimo de vigor e garra. Com peso arrebatador e ritmo de “trator”, “When the Hell Breaks Loose” entra em cena para acabar com os tímpanos, fazendo-os sangrar abaixo de muita velocidade, um dos destaques do álbum! “New Orleans Voodoo” segue uma linha mais lenta, característica marcante da carreira do Anvil, para logo em seguida “On Fire” colocar tudo abaixo, soando absolutamente oitentista, mas nada datada! Dentre as demais, “Fuken Eh!”, “Turn It Up” (esta é perfeita!), “Running” e “Not Afraid” se sobressaem, apesar de o material ser totalmente homogêneo. Nem preciso dizer mais nada, apenas ouça e dê uma chance ao Anvil, que está fazendo justiça com as próprias mãos. Nota: 9.0 Maicon Leite ARCH ENEMY “Khaos Legions” Shinigami Records Esse é outro álbum do ano para o qual algumas pessoas andaram torcendo o nariz. Embora a repulsa totalmente justificável pelo novo álbum do Morbid Angel tenha sido válida, decidi – obviamente – verificar a nova gravação do Arch Enemy por conta própria, pois, afinal, nunca gostei de simplesmente seguir a opinião da maioria. Ao tocar a faixa de introdução, confesso que me senti meio estranho, pois os primeiros segundos dessa introdução soaram um tanto Power Metal e achei que o Arch Enemy tinha entrado na moda de fazer “misturebas” absurdas. Não, logo depois tudo mudou e a introdução passou a ser algo mais parecido com Children Of Bodom – algo bem mais apropriado para o Arch Enemy. Os riffs das guitarras e o restante do instrumental, como sempre, fluem em grande harmonia e o modo como as faixas foram compostas é, simplesmente, fabuloso. Mas o grande destaque desse álbum, a meu ver, é o gutural da Angela que parece ter assumido um timbre mais forte e, em certos casos, mais obscuro também em relação aos trabalhos anteriores da banda. Alguns riffs mais melódicos também soam em ritmo mais lento, criando uma incrível atmosfera depressiva em certos momentos, fazendo o acompanhamento perfeito para o vocal. O Arch Enemy, felizmente, continuou com suas ideias e origens, mantendo os mesmos temas em suas letras e mantendo a mesma forma incrível e criativa de tocar e compor, mostrando que inovação musical não precisa ser uma mistura de sonoridades absurdas para se tentar fazer um novo. Afinal, eles fazem isso desde 1995 e até hoje agradam aos fãs. Nota: 9.0 Yuri Azaghal ARS INFERI “Sacrophagia” Independente Esse álbum é um perfeito exemplo da linha tradicional do Black Metal em termos de produção raw mix, necrosound, a qual já pode ser notada pela capa. O impacto desse álbum é, logo de cara, bruto, marcado pelas técnicas e ritmos tradicionais do estilo – como o blast beating na bateria – já nas primeiras faixas. As estruturações das faixas se resumem em uma constante rítmica rápida, bruta, crua e obscura. Em outras palavras, não há elementos, ritmos ou técnicas que sejam inovadoras, melódicas ou abusivamente sinfônicas. Essa é mais uma obra de Black Metal “padrão”, nu e cru, tradicional ao extremo. O feeling da música é muito bom, assim como a atmosfera clássica que emana dessa sonoridade. Não há dúvidas que os músicos colocaram a alma nessas composições com a intenção de soar o mais tradicional possível e manter a essência do Black Metal o mais próximo de sua “forma clássica” possível. Apesar de poucos trechos “inéditos”, o álbum cumpre seu papel como um raw mix muito bem. Os riffs são muito bem construídos e o gutural é realmente incrível, mas como disse, em muitas partes o álbum soa como “mais do mesmo”. Então, se você quiser ouvir Black Metal tradicional, sem qualquer “frescurada” avant-garde, melódica, inovadora ou sinfônica, esse álbum é uma ótima opção. Afinal, é como disse Fenriz do Darkthrone uma vez: “É assim que o Black Metal deve soar. Frio”. Nota: 8.5 Yuri Azaghal

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AXEGRESSOR “Next” Dethrone Music QSem introdução, já iniciam a porradaria que não dará descanso nos 35 minutos desse segundo álbum dos finlandeses do Axegressor. A música de abertura “The Only Reward” já mostra o peso muito bem encaixado da “cozinha” composta por Aki Paulamäki (baixo) e Atte Mäkelä (bateria). Seguindo o álbum, a cadenciada “Star Inverted” e a agressividade de “Justified Distrut” irradiam toda a fúria perpassada em suas letras sobre guerras, ditaduras e as desgraças que presenciamos em nossos dias atuais. Trash Metal para sua cabeça, direto e sem muita novidade. Não há do que reclamar deste álbum se é este seu propósito, pois todas as músicas seguem a mesma linha do ótimo entrosamento da bateria e do baixo como “Consume The Vicious” e as duas últimas para fechar o recado: “You” para dar o soco na cara e “Black & White Death Race”. Nota: 8.0 Cupim lombardi Beyond The Grave “The Terror Beyond” Kill Again Records Se realmente existisse uma máquina do tempo, eu diria que esse disco de estreia do Beyond Grave saiu direto dos anos 80, quando os primórdios do Heavy Metal surgiam no Brasil. O álbum se chama “The Terror Beyond” e traz um Thrash Metal bastante agressivo e sujo. A gravação um pouco abafada e com ecos nos vocais remetem aos primeiros discos lançados em nosso país, como Sepultura e Sarcófago. A capa também segue bem o estilão mais descompromissado, do tipo feito à mão, mesmo. O que para muitos pode ser considerado tosco, para outros tantos é visto como uma homenagem às raízes, revivendo o passado nos dias de hoje. Os riffs de guitarra são empolgantes e sempre velozes. O baixo na mixagem ficou bem evidente, podendo ser acompanhado com facilidade. A bateria segue uma linha mais tradicional (bumbo/ caixa, bumbo/caixa), mantendo a velocidade constante, típica do estilo. O vocal é nervoso e se encaixa perfeitamente com o instrumental. O único “porém” fica para a sincronia entre o rasgado e o urrado, que muitas vezes se perdem no tempo. Todas as faixas são interessantes e fazem com que sintamos vontade de começar uma roda, onde quer que estejamos! As músicas devem funcionar muito bem ao vivo! Um disco feito na raça, sem muita frescura e que vai agradar aos amantes do Thrash, principalmente os mais ortodoxos da era Old School! Nota: 7.5 Pedro Humangous Cadela Maldita “First Lesson: Hate” Independente Formada em Curitiba, a banda que atende pelo nome de Cadela Maldita é composta por Raul (vocal e guitarras), Felipe (bateria), André (baixo) e Ricardo (guitarras). O quarteto apresenta uma mistura interessante entre o Hardcore e o Thrash Metal, bem na linha do Anthrax e Annihilator, sem se esquecer do Biohazard. O disco começa com uma clara crítica à Igreja na faixa “Pedophile Priest”, falando sobre os padres pedófilos. Na sequência, uma das minhas favoritas do álbum, “No Hope For Politicians”, com bastante velocidade, riffs grudentos e o vocal bem parecido com o do Dave Padden (atual vocalista do Annihilator). A gravação está muito boa, apenas uma ressalva para a bateria que ficou um pouco seca e alta demais em relação aos outros instrumentos. Um pequeno erro na parte gráfica deixou os nomes das músicas cortadas na parte de trás do encarte. O disco mantém a pegada do início ao fim, com faixas entre dois minutos e meio e três. Inserções de vinhetas fazem com que as músicas fiquem sempre mais interessantes, como é o caso de “Welcome Rio 2006” e ”Fuckin New World”, por exemplo. A pegada mais Hardcore volta a dar as caras na sétima faixa, “Purple Label” e agrada em cheio. Destaco, ainda, a música “I Lost My Teeth In The Circle Pit” e seu solo incrível! Esse é o segundo registro da banda e mostra que eles ainda têm muito a oferecer para a cena. A lição certamente foi dada, resta aos alunos colocarem em prática! Nota: 7.5 Pedro Humangous

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CARNAL DISFIGUREMENT “Inhuman Devoured Content From Cranial Cavity” Inherited Suffering Records O álbum de estreia oficial do Carnal Disfigurement é exatamente o que grande parte dos álbuns atuais de Death Metal Brutal é: clone, mais do mesmo. Os primeiros segundos da faixa de abertura até ameaçam expor alguma ponta de inovação, mas o restante do álbum volta a cair na mesma fórmula rítmica e cansativa vista em muitas produções recentes do gênero. Não digo com isso que a música é, de forma alguma, mal elaborada ou que os músicos não são habilidosos, mas sim que essa mesmice já torrou a paciência. As letras e ilustrações, como sempre, são geniais e invejáveis, mas a sonoridade não deixa de ser a mesma coisa, apenas com acordes e escalas diferentes para não dizer que soa como um completo plágio. Além disso, é triste ver como esse álbum é mais uma prova de que os guturais tradicionais de Death Metal – que são ótimos e que se destacavam na música – estão sendo substituídos por essa modinha de vocal de porco que soa como grunhidos sufocados e constantes que, ao invés de se destacarem, atuam como um elemento em background. Sinceramente, esse tipo de gutural é ridículo, mas cada vez mais bandas estão adotando essa técnica. O álbum totaliza quase 30 minutos disso, mas se você não se importa de ouvir mais do mesmo e ainda por cima com um vocal ruim, você poderá achar esse álbum um bom debut. Nota: 6.0 Yuri Azaghal CHELSEA GRIN “My Damnation” Artery Records Não é preciso dizer que Chelsea Grin é uma das mais conceituadas bandas que mistura Death Metal com Hardcore. Originada em Salt Lake City (Estados Unidos), há apenas quatro anos, já conta com três álbuns full-length e um EP. Com o seu trabalho duro, tendo em média cinco shows por semana, a banda vem faturando uma boa grana e o principal: fãs. A presença de palco do frontman Alex Koehler move a moçada para o mosh que, para quem não conhece, é uma espécie de “roda punk” com headbanging clássico, ou seja, uma dança estranha que surge incontrolavelmente em shows de alguns gêneros de música extrema e, principalmente, no Deathcore, no qual virou uma espécie de moda. A dedicação ao vivo da banda é singular. No MySpace Chelsea Grin tem mais de 6 milhões de plays e no YouTube, um considerável número de visualizações. Em julho desse ano, foi lançado o My Damnation. Com dez faixas muito bem produzidas, o álbum segue bem o contexto musical da banda na medida em que possui uma pluralidade musical – isto é, características bem variadas com influências de outros estilos de música. Nas faixas como “Kharon”, “Behind The Veil Of Lies” e “Last Breath” é possível perceber uma levada Black Metal. Em “Calling In Silence” e “My Damnation”, elementos do Doom são explorados ao passo que as guitarras são melódicas e sombrias. Os vocais de Alex geraram muita repercussão entre os fãs, porque apresentou uma diferença grande em relação aos primeiros trabalhos da banda, muitos gostaram e muitos desgostaram. Contudo, esses vocais denotaram um esforço do vocalista em demonstrar um valor enérgico, voraz. E funcionou: à proporção que o ouvinte vai escutando as melodias de Chelsea Grin, com um belo ritmo galopante, sente uma necessidade de acompanhar a banda com a cabeça, com o pé ou com um grito. O álbum, em geral, leva consigo muitos pontos positivos. Os integrantes da banda, em entrevista ao site Metal Injection, afirmam que procuram melhorar a cada trabalho; e esse, consequentemente, ficou bem melhor que “Desolation Of Eden”, de 2010. Nesse ano, a banda apresenta uma exposição mais clara dos seus componentes musicais essenciais e, com isso, alcança destaque na cena Deathcore com sua originalidade valiosa. Nota: 8.5 Igor Scherer Chimaira “The Age Of Hell” Roadrunner Records O Chimaira é uma banda que em seu último lançamento decepcionou um pouco a maior parte de seus fãs com um disco fraco e repetitivo, cheio de coisas básicas e completamente sem inspiração, então com esse lançamento ficamos bem apreensivos. Fiquem tranqüilos, pois “The Age Of Hell” não segue em nada o fiasco registrado em seu disco anterior; pelo contrário, temos aqui uma banda entrosada, mais uma vez com riffs ótimos e passagens que nos fazem remeter a discos como “Ressurection” e “The Impossibility Of Reason”. A gravação, como sempre excelente, foi um ponto incrível na banda. O disco começa com a faixa título, bem rápida e agressiva e ele vai seguindo bem variado, com músicas mais cadenciadas, mas sem perder a genialidade que a banda sempre teve em compor. A voz de Mark Hunter está incrivelmente boa 30


com passagens limpas e agressivas em uma perfeição sem igual. Eu sempre curti muito o trabalho desse baterista, que é um destaque nesse disco, pois ele conseguiu gravar trechos até mesmo simplórios, mas que eram exatamente o que a música pedia. Destaco a faixa título e “Born In Blood”, de agressividade única. Nota: 8.5 Augusto Hunter Cinemuerte “Wild Grown” Sony Music Quando comecei esse trabalho com a Hell Divine, sabia que muitos desafios viriam pela frente. Dentre eles, resenhas de discos que fogem do padrão, do som usual. E esse é o caso. A banda portuguesa Cinemuerte não pratica Heavy Metal, e sim um Rock Alternativo, muito mais acessível que a maioria dos discos que estou acostumado a ouvir ou escrever sobre. Isso não quer dizer que seja ruim, apenas diferente. Este é o terceiro disco do grupo, formado por Sophia Vieira (vocais), João Vaz (baixo e teclados), Tiago Menaia (guitarras), Sérgio Lopo (bateria) e Fred Gonçalves (guitarras). A vocalista, inclusive, fez parte do disco “Night Eternal” da banda Moonspell, fazendo backing vocals. A sonoridade do Cinemuerte é bastante interessante e envolvente. Um som orgânico, simples e direto. Imagine um encontro entre a banda Him e a Pitty. O instrumental é bem tranquilo, com boas levadas de bateria, acompanhada de perto pelo baixo. Os riffs de guitarra são bastante viajantes e se encaixariam perfeitamente no jogo Guitar Hero (me imaginei jogando essas músicas). Mas, certamente, o destaque é a voz de Sophia, suave, porém potente. Destaque para as faixas “Party Chemicals” e “On The Wild Grown Grass” - essa última se tornou single do álbum. Distribuído mundialmente pela Sony Music, o disco deve estar disponível no Brasil em breve. Ótima pedida para ouvir e relaxar. Uma grata surpresa para desintoxicar os ouvidos. Nota: 7.5 Pedro Humangous Dark Angel “Leave Scars” Shinigami Records Não é à toa que existem tantos jovens hoje em dia praticando o Thrash dos anos 80. O que aquela geração criou é simplesmente incrível e invejável. Músicos esbanjando feeling, técnica e criatividade, tudo isso junto em apenas um disco. Neste caso, estamos falando do maravilhoso Dark Angel e seu “Leave Scars”, originalmente lançado em 1988, e agora disponibilizado no mercado nacional por meio da Shinigami Records. Como se não bastasse ter esse petardo em nossas prateleiras, ainda temos de bônus quatro faixas ao vivo que – apesar da qualidade inferior de gravação em relação às demais faixas – não deixam a desejar. Falando em qualidade de gravação, para um disco gravado há tanto tempo, fiquei impressionado com o que ouvi aqui. Influências de Slayer são claras, além de alguma coisa de Testament e Death. Os vocais de Ron Rinehart são nervosos e se encaixam como uma luva ao instrumental. Me fez lembrar de James Hetfield no início da carreira. Falando no instrumental, o que mais podemos dizer quando se tem Gene Hoglan na bateria? O cara é um gênio e, apesar da gravação abafada de seu instrumento, mostra toda sua competência. Destaque para as faixas “Never To Rise Again”, a instrumental “Cauterization” e a longa “The Promise Of Agony” com seus mais de oito minutos de duração. Para fechar com chave de ouro, a belíssima arte da capa por Chip Simons, com direito ao logotipo feito por Ed. Repka. Clássico e obrigatório! Nota: 9.0 Pedro Humangous DEATH “Human” Relapse Depois do falecimento do gênio Chuck Schuldiner, em 13 de dezembro de 2001, nada mais soubemos do legado deixado por esse gigante gênio da música pesada. No entanto, esse ano, a mãe de Chuck – detentora dos direitos do “Death” e “Control Denied” – assinou com a Relapse Records para um relançamento cheio de novidades para os fãs. Clássicos remasterizados e lotados de bônus interessantíssimos é o caso do “Human”, um disco já maravilhoso em todos os sentidos a analisar. Ele foi relançado em uma lindíssima edição quádrupla, lotada de material nunca antes ouvido por nós, coisas realmente raras, como os testes dos membros que gravaram esse petardo,

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todas as faixas instrumentais, as demos, sons de ensaio e gravação, algo realmente único para nós, fãs do legado de Chuck Schuldiner. Com certeza, essas novas versões são itens mais que obrigatórios em nossas estantes! Nota: 10 Augusto Hunter DEATHRAISER “Violent Aggression” Xtreem Music Quer você queira ou não, hoje em dia aparecem muitas bandas soando como algo que já ouviu antes, certamente, muito influenciadas pelas grandes bandas do cenário metalístico. Não que isso seja um mal, mas é como se fosse a continuação do que foi criado e nos faz crer que isso nunca irá morrer. O Deathraiser é uma banda que veio resgatar isso, assim como Violator e Municipal Waste. No CD “Violent Aggression” a banda resolveu soltar todos os diabos possuídos pelo Thrash. Com grande produção do experiente Ciero (Krisiun, Claustrofobia, Mystic, Andralls), as músicas são repletas de pura energia e muita agressividade. A excelente arte da capa feita pelo americano Andrei Bousikov não deixa dúvidas que o Deathraiser entrou de sola no metal, pronta para chutar diversos traseiros. Nem vou comentar música por música nesta resenha, esse álbum é uma massa sonora incrível, impossível de ser desmembrada. Um aviso aos navegantes: isso é a mais pura energia thrash maníaca dos últimos tempos. OUÇAM! Nota: 9.0 Ricardo Thomaz Deformed Slut “Stench Of Carnage” Rapture Records O nível das bandas brasileiras está aumentando a cada ano que se passa. Um exemplo disso é o primeiro registro oficial do Deformed Slut. Um projeto dos curitibanos Adriano Senke, que assume os vocais, e Alexandre W.A, responsável pelas guitarras, baixo e programação da bateria. O disco foi gravado e produzido por Maiko Thome com auxílio da própria banda no Avant Garde Studio em sua cidade natal. O que sai das caixas de som ao colocar a bolacha para tocar é um verdadeiro Brutal Death Metal extremo, cavernoso e técnico. A dupla conseguiu extrair com maestria toda a brutalidade que o estilo pede sem embolar o som, deixando tudo muito bem mixado e cristalino. As camadas de vozes ficaram incríveis, misturando o ultra grave aos mais gritados e agoniantes. O instrumental não fica para trás e mostra toda sua técnica ao longo das oito faixas do álbum. Realmente, o único “porém” fica para o timbre da bateria programada, que soa realmente robótica, principalmente na caixa e pratos. Esse pequeno detalhe não tira o brilho das composições, de forma alguma. A arte da capa parece interessante, uma pena que na impressão ficou muito escura, deixando quase que incompreensível. A arte da parte de trás acabou se fazendo mais interessante e, talvez, adequada. Lançado no Brasil pela Rapture Records, o disco também será distribuído nos Estados Unidos pela famosa Sevared Records e na Europa pela Pathologically Explicit Recordings. Reconhecimento mais que merecido. Portanto, corra atrás da sua cópia e valorize as excelentes bandas que nascem em nosso solo fértil. Definitivamente vale a audição e aquisição! Nota: 9.0 Pedro Humangous Dropkick Murphys “Going Out In Style” Century Media O Dropkick Murphys não nega no nome, nem em nada o orgulho de ser de Boston e ter em sua cultura muita influência Irlandesa, fazendo do Punk deles algo interessante em ser escutado, já que temos gaita de fole, acordeões e bandolins na banda, fazendo um lance ficar extremamente único. Como em qualquer gravação do Dropkick Murphys, ouvimos músicas sobre diversão, mulheres, álcool e canções que exaltem seus compatriotas Irlandeses e seus sofrimentos em terras tão distantes das suas. Nada de diferente em “Going Out In Style”; temos belas baladas como “Cruel” – que tem um refrão que, com certeza, ao vivo deve ser cantado com muito fervor pelos fãs –, além de outras músicas com uma pegada mais rápida, como “Memorial Day”, “Hang ´Em High”, a faixa título do disco e as outras. Uma gravação excelente, clara, com uma facilidade de reconhecimento de todos os instrumentos, coisa que melhora e muito a audição do disco, pois fica muito fácil perceber as nuances musicais, os climas que a banda deseja passar. Porém, uma coisa que às vezes me incomoda um tanto na banda é que a bateria tem, em sua maioria, uma levada que lembra um lance mais marcial, com aquelas levadas na caixa 32


irritantes que ouvimos nos desfiles do Exército em dia de Independência. Algumas vezes é legal, mas praticamente em todas as viradas e em canções completas, não sei para vocês, mas para mim chega a encher o saco, bem de leve. Tirando esse ponto, é um disco bem recomendado para todos. Diversão garantida, mas ouça-o com uma dose de uísque e amigos e será melhor ainda. Nota: 8.0 Augusto Hunter EM RUÍNAS “From the Speed Metal Graves” Mutilation Records Se o Metal nacional morreu, se esqueceram de avisar a banda paulistana Em Ruínas, que bravamente chega com seu (fantástico) debut. Já cultuada no underground brasileiro e também no exterior, a banda liderada por Igor Lopes (vocal/guitarra) simplesmente resgata o melhor da sonoridade oitentista, baseada, principalmente, no Speed Metal alemão, em especial o Violent Force, aqui coverizado com “Dead City” (aqui intitulada “Destructed City (Velbert Meets Sao Paulo”), tendo a participação de seu baterista, Atomic Steif (Holy Moses, ex-Sodom). Outro grande e obrigatório destaque vai para “Headbanger Race”, desde já uma das composições mais marcantes do petardo, tendo como convidados especiais vários músicos da cena underground brasileira de bandas como Bywar, Apokalyptic Raids, Farscape, dentre outros, mostrando que há união e respeito entre todos, além de expor, com o perdão do trocadilho, a força que todos emanam na cena tupiniquim. A canção em si é um caso a parte, com várias passagens empolgantes, inclusive com Leon, do Apokalyptic Raids, soltando o famoso “uh”, marca registrada de suas principais influências, o Hellhammer/Celtic Frost. “The Trial (Death by Hanging”) é uma clara homenagem ao Exorcist, misteriosa banda canadense, detentora do essencial “Nightmare Theatre”. Em pouco mais de meia hora, Igor Lopes, Zoio (baixo) e Hugo (bateria) dão aos bangers aquilo que eles querem ouvir, sem modernidades, experimentalismos baratos ou qualquer coisa que possa vir a prejudicar a essência do verdadeiro Heavy Metal. Por mais true que isso possa parecer, é a mais pura verdade, pois enquanto existirem verdadeiros torpedos como “Burn in Hell (The Self Damnation)”, “Nuclear Nightmare (Power in Devastation)” e “Son of Hell (Hammer’s Trial)”, o futuro do Speed Metal estará garantido. Nota: 8.5 Maicon Leite FETUS IN FETU “Abnormal Disfigurement” Casket Music Pouco conhecida no Brasil, Fetus In Fetu acaba de lançar seu primeiro álbum fulllength.Da Dinamarca para o mundo, a banda toca um Brutal Death Metal bem Old School que lembra muito Suffocation e Dying Fetus das antigas. “Abnormal Disfigurement” é, para quem gosta bastante do gênero, insuficiente quanto ao quesito criatividade. A velocidade e a simplicidade de alguns riffs, eventualmente, se fundem e ocasionam numa monotonia. O gutural high do vocalista Michael “Asscrack” tem uma forte tendência Hardcore e Crustpunk, o que não é nada bom para uma banda de Brutal Death. Entretanto, deixando um pouco de lado as críticas ruins, devo admitir que esses caras apresentam uma ótima capacidade musical. A banda demonstra um alto empenho e uma aparente boa sincronia. O vocal gutural low desgarrado do vocal é um dos melhores que já escutei. A bateria bem Cannibal Corpse e Dying Fetus deixa o ouvinte motivado a escutar algumas faixas a mais. As guitarras seriam muito mais que medianas se fossem mais bem sintetizadas nas músicas, ou seja, colocadas no momento certo e também se tivessem um pouco mais de criatividade; mesmo assim, indicam um notável embasamento técnico. Fetus In Fetu, certamente, é aquele tipo de banda que vai crescendo aos poucos. Dado seu passo inicial no mundo profissional da música com este álbum debut, ela é uma banda que espero ver melhorar nos próximos lançamentos. Nota: 6.5 Igor Sherer

FORBIDDEN “Forbidden Evil” Shinigami Records Forbidden é um daqueles nomes que deveria ter se tornado gigantesco no cenário Thrash, mas acabou-se como uma daquelas bandas “lado b”, infelizmente. Aproveitando a volta às atividades da banda, a gravadora Shinigami relança aqui no Brasil o clássico “Forbidden Evil”. Esse CD é um tratado sobre como fazer Thrash Metal de forma técnica e pungente. Um clássico do estilo, responsável por revelar ao mundo o talento do mestre Paul Bostaph, mais tarde a cargo das baquetas no Slayer e Testa33


ment. O que é mais impressionante, aqui a banda toda se equipara no nível técnico com o vocalista Russ Anderson dando um show à parte, e os guitarristas Glenn Alvelais e Craig Locicero se desdobrando entre dobras enlouquecidas, arpejos, diminutas e alavancadas em solos inspirados. O que não quer dizer absolutamente que a música é insípida ou tediosa, pelo contrário, é uma obra prima do estilo, injustamente desconhecida do grande público. Apesar de a banda nesse primeiro disco ainda estar um pouco, digamos, verde, tendo alcançado o máximo de seu potencial no disco seguinte, “Twisted Into Form”, temos aqui uma coleção de clássicos como a faixa título, “Chalice of Blood” e “Through Eyes Of Glass”. Gosta de Thrash? Compre. E mais não precisa ser dito. Nota: 9.0 Marcelo Val FORGOTTEN TOMB “Under Saturn Retrograde” Agonia Records Um dos pontos principais que devo citar é o peso. Em comparação aos álbuns anteriores como “Springtime Depression”, de 2003, a banda decaiu um pouco em matéria de “brutalidade”, por assim dizer. Esse álbum tem um foco muito maior na transmissão de sentimentos, ou seja, está focada mais na parte Doom da coisa, dos sentimentos negativos e da depressão. A estruturação musical do álbum, falando no geral, está excelente nas nove faixas e as letras também se encontram mais refinadas e mais reflexivas. Talvez o foco nesses elementos possa não agradar a algumas pessoas, mas, com certeza, eles ajudam na sonoridade, fazendo um Black Metal mais atmosférico e inovador, em vez de soar daquela forma estereotípica e clichê como muitos dos álbuns atualmente. A melhor parte disso é que continuam sendo Black Metal – e um Black Metal muito bom. Esse é o tipo de inovação positiva, em que um álbum de metal extremo consegue um ótimo destaque sem perder a essência e sem abandonar as ideias originais – ou seja, sem que a banda se torne frouxa e acabe evoluindo para outro caminho musical, que tem pouco ou nada a ver com seus primórdios. As letras estão bem interessantes, nas quais podemos identificar analogias de ocultismo, como a cabala. Concluindo, posso dizer que “Under Saturn Retrograde” é inovador e bem expressivo e, mesmo não sendo considerado o melhor álbum do repertório do Forgotten Tomb, continua sendo um ótimo trabalho e um dos melhores lançamentos de Black Metal do ano. Nota: 8.5 Yuri Azaghal FUMES OF DECAY “Devouring The Excavated” Sevared Records É ótimo, às vezes, escutar um Brutal Death Metal em que não se entenda nada do que o vocalista grita. Nesse sentido, Fumes Of Decay faz valer a audição. No decorrer de “Devouring The Excavated”, o ouvinte vai percebendo a voracidade das músicas de forma que pense que o vocalista é uma mistura de homem de Neandertal – primitivo e feroz – com uma criatura cadavérica, perversa e horrorosa. O nome desse híbrido é Jeroen Feiken que, por mais que seja caracterizado por mim de modo alegórico e pitoresco, ainda é real e humano. Dançando com ele, seus companheiros de horda ardem em selvageria musical. Niels e Renke, os guitarristas, são ambos de ritmo e de lead – o que não é muito comum no gênero metal, visto que, geralmente, há um de base, promovendo o pulso rítmico e a harmonia, e outro acompanhando com riffs, arpejos e solos. A introdução envolvente e profunda em cordas de “After Death Humiliation” aponta um empenho significativo da banda no sentido de querer contextualizar o tema principal do álbum, o ar monstruoso e “zumbilístico” da brutalidade; depois, perto do final da faixa, um breakdown característico do Brutal Death Metal dá corda a um bater de cabeça, assim como todas as outras faixas, mas com uma entonação ainda maior. Fumes Of Decay também apresenta influências de algumas bandas clássicas. Em “Burial Desecration”, há de se notar dedilhadas semelhantes à da banda Jungle Rot, de Groovy Metal; e na faixa que leva o nome do álbum há a presença da paradinha clássica da Incantation, seguida de um ritmo mais lento. Esses bárbaros da Fumes Of Decay, originários da Holanda, são músicos bastante originais. A criatividade que eles detêm, além das belas escolhas como influências, é de impressionar. Porém, infelizmente, esse álbum pode passar despercebido aos olhos dos fãs de música pesada; a Sevared Records não é muito conhecida. A banda, contando apenas com um EP e esse full-length debutante, transpassa muitas outras mais conhecidas. Nota: 10 Igor Scherer

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GRIMOIRE “À La Lumière Des Cendres” Morbid Winter Records Meus esforços procurando novas bandas de Black Metal estão sendo recompensados, pois ultimamente tenho encontrado produções maravilhosas, e “À La Lumière Des Cendres” da banda canadense Grimoire acaba de incrementar essa lista. O clima melancólico predominante possui um instrumental muito bem combinado, com uma boa produção e aspectos variados, como algumas pitadas de dark ambient em certas partes. Um dos principais elementos que chamou minha atenção foi a guitarra. O riff soa de uma forma diferente, bem lenta, com notas um pouco agudas e acentuadas, o que gera uma atmosfera depressiva fascinante. O vocal é um gutural muito bem trabalhado que soa abafado, como um efeito de background – como se alguém cantasse de dentro de um poço, como uma forma de pedir socorro. O efeito melódico e as partes com piano soam emocionantes, traduzindo em sonoridade todas as emoções negativas, assustadoras e cruéis que um ser humano pode sentir. O balanceamento entre peso e “divagação” foi muito bem combinado e a tradução das letras – originalmente escritas em francês – mostram a genialidade dos integrantes em todos os aspectos. Em menos de 40 minutos fizeram um ótimo trabalho. De fato, é o tipo de álbum ideal para escutar sozinho à noite em seu quarto, sem qualquer receio de enjoar rápido. A banda começou no ano passado e seu debut mostra que estão no caminho certo. A questão agora é continuar assim. Nota: 9.5 yuri Azaghal HARM “Demonic Aliance ” Battle God Productions Agressivo, pesado e outros adjetivos dessa linha podem classificar a conduta dos noruegueses do Harm na execução de seu Trash/Death Metal. Após mudanças no line up, sobrou apenas Steffan Schulze (baixo e vocal) que se juntou aos irmãos Andreas e Øivind Vagone (guitarra e bateria, respectivamente) para lançar o segundo full length após quase cinco anos do lançamento do primeiro intitulado “Devil”, em 2006. Com uma breve introdução o álbum abre com “The Line Between” apegada à linha Trash já rasgando para dar sequência à violenta “Demon”, que é introduzida por uma motosserra criando uma cena muito semelhante à capa do álbum e mais enraizada no Death Metal. Nela, demonstra-se uma ótima produção e execução das músicas mesclando muito bem pegadas Trash e Death, mantendo a rapidez e o “soar alemão”, que todos devem me entender! A faixa título também mantém a cadência e, apesar de não apresentar qualquer coisa de tão novo – o que parece não preocupar a banda – consegue te segurar e te fazer ouvir este álbum novamente. “New Brutal Vitality”, com certeza, é música que não pode faltar no set list! Com início e pegada rápida tem ótimas cadências em sua execução chamando todos para “bangear”. As sequenciais “Random Numbers” e “Bleeding Rust” também só vêm completar este ótimo álbum e abrir para a saideira “Fuck the Fame” para estourar de vez a cabeça. Se você procura porradaria sem frescura e na medida esta é uma produção que, com certeza, não irá te depcionar. Nota: 8.5 Cupim Lombardi Hate In Flesh “Wandering Through Despair” Independente A banda Hate In Flesh vem de Portugal, apesar de quatro dos seus cinco integrantes serem brasileiros. De forma independente, os músicos Maiko Ramos (vocais), Paulo Oliveira (guitarras), César Silva (guitarras), Pedro Bastos (baixo) e Euler Morais (bateria) acabam de lançar seu primeiro álbum, o “Wandering Through Despair”. Muito bem gravado e produzido, o disco é bastante coeso e extremamente pesado. Logo de cara nota-se a honestidade desse trabalho. Uma mistura de Death e Thrash Metal, com bastante melodia, sendo considerado por muitos um Melodic Death Metal. O que podemos extrair dessas dez faixas apresentadas são excelentes e criativos riffs de guitarra – de fácil assimilação e que grudam na cabeça rapidamente – além das linhas vocais raivosas e bastante inspiradas. Falando em guitarras, elas funcionam como a guia do disco, pois são o ponto forte e mais marcante do álbum como um todo. As músicas oscilam entre o Metal tradicional e o mais moderno, obtendo um resultado final bastante interessante. Para o leitor se situar um pouco, eu diria que a sonoridade do Hate In Flesh fica entre o Arch Enemy e o Legion Of The Damned. A bela capa foi feita por Carlos Fides – que já trabalhou com as bandas Shaman, Sacrario, Narnia, Underpain, etc –, o que deu um brilho a mais ao disco. Uma excelente surpresa vinda de terras lusitanas com selo de qualidade brasileiro. Confira sem medo! Nota: 8.0 Pedro Humangous

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Haven Denied “Illusions Between Truth And Lie” SG Records É sempre gratificante ver como a cena portuguesa cresce a cada dia. Depois que comecei com a Hell Divine, começamos a receber bastante material de bandas vindas daquele país – e bandas muito boas, diga-se de passagem. O Haven Denied, advindo da cidade de Braga, acaba de lançar seu terceiro registro oficial intitulado “Illusions Between Truth And Lie”. Um grupo experiente de músicos que se arrisca pelo Heavy Metal mais tradicional, às vezes segue aquele modelo do Thrash mais simples e moderno estilo Metallica, ou mesmo dos brasileiros do Slug. Muitos, inclusive, mencionam o estilo da banda como um Hard’N’Heavy. O que temos aqui, afinal, é um instrumental simples, porém interessante, com peso na medida certa e tudo em seu devido lugar. O vocal varia entre o limpo/cantado e o mais raivoso/vociferado. O começo do disco é sensacional, como uma fala no estilo daqueles inícios de uma luta do jogo Tekken. Em seguida, riffs velozes e vocal rasgado (estilo que deveriam seguir mais). Ao final da música, somos brindados com mais de um minuto de solos incríveis de guitarra – lembrando os famosos duetos feitos pelo Machine Head. As linhas vocais são bastante variadas, ora cantadas ora simplesmente faladas (no estilo Clawfinger). A gravação está acima da média, com uma ótima timbragem dos instrumentos e um peso maciço, graças à boa mixagem e à devida atenção dada às linhas de baixo. Em suma, um grande disco de uma banda de difícil rotulagem, porém de fácil assimilação. Vale a pena correr atrás e conhecer essa banda portuguesa. Afinal, os países têm fronteiras, a música não. Nota: 8.0 Pedro Humangous Headbanger “Ready To Strike” Kill Again Records Pela arte da capa e pelo nome já sabemos: uma banda de Thrash Metal que deseja “prestar uma homenagem” ou é extremamente influenciada por uma dessas bandas. Ao começar a ouvir o disco tive essa certeza, já que no início da Intro do disco fui remetido a essa chamada “década de ouro” para muitos headbangers pelo mundo. Aquele som clássico, gravação parecendo ter sido feita em aparelhagem própria para tal coisa; particularmente, eu curto as gravações feitas sem certa “inclusão digital”, parece que os instrumentos têm um som mais “gordo”, mais característico. Com isso, o disco é uma bela ode ao Thrash metal dessa fase, com clássicos riffs rápidos, bateria rápida e um vocalista que nada deixa a dever ao som da época. Um ponto que me deixa sempre triste é recorrer aos mesmos clichês, a uns riffs mais que normais e clássicos, deixando a banda que tem tudo para despontar no meio do bolo, então ela vai acabar passando despercebida por muitos. Boa banda, vale a pena ouvir o disco, pessoal; mas se você não é fã de bandas assim, corra, pois não será essa banda que mudará sua ideia. Nota: 8.0 Augusto Hunter Hellsakura “Blood To Water” Tumba Records Deixando todos os preconceitos de lado e tendo a mente aberta, é muito fácil curtir esse novo disco da banda paulista Hellsakura. O power trio é formado por Cherry nas guitarras e vocais, Napalmer no baixo e Pitchu na bateria. A banda pratica uma mistura interessante entre o Punk e o Metal, algo puxado para o Hardcore. O interessante aqui é a pegada japonesa que o grupo tem. Parecem mesmo aquelas músicas de abertura de desenhos japoneses, ou ainda, de programas de aventuras e esportes. É complicado, creio que existam os dois extremos nesse caso: ou você curte ou odeia. Particularmente, achei a proposta bem bacana e inovadora perante essa avalanche de mesmice a qual somos submetidos constantemente. O Hellsakura aposta em um som mais sujo, direto e sem frescuras. Linhas retas nos instrumentos, nada muito técnico, prevalecendo a garra e a força das composições. O álbum conta, ainda, com a participação especial de Serpenth (Belphegor) nas guitarras da faixa “Distorted Mirror”, que abre o disco. Algumas faixas são mais agressivas e outras mais acessíveis – como é o caso de “I Wanna Rock”. Todas as letras (escritas por Cherry) são cantas em inglês, com exceção de “Quem É Você”, que ficou excelente em nosso idioma. Destaque para as faixas “Crown Of Fire” (a introdução lembra muito a música “Mighty Morphin” dos Power Rangers!) e “Orgasmabomb”, última faixa do disco. O álbum vem embalado em um belíssimo digipack 36


e conta com uma arte interessante na capa. Essa é mais uma ótima surpresa vinda do nosso underground e que vale a pena ser ouvida. A banda merece os créditos por criar algo desafiador aos ouvidos desacostumados à música boa, seja ela qual for. Nota: 8.5 Pedro Humangous Iced Earth “Festivals Of The Wicked CD” Shinigami Records Essa é a versão CD do box “Festivals Of The Wicked”, que contém dois DVD´s com três shows, documentário e clipes do Iced Earth. É o mesmo CD que vem de bônus na edição limitada do box lançada nos EUA que ainda contém uma bela bandeira com a ilustração da capa do disco. O CD nada mais é que um resumo em áudio das apresentações contidas nos DVD´s e, por isso, é um pouco redundante. No entanto, o Iced Earth é uma banda matadora ao vivo, ou seja, é garantia de qualidade. O lançamento faz um bom trabalho à guisa de coletânea ao vivo, mas fica muito atrás do triplo ao vivo Alive In Athens. Tendo assistido aos DVD´s, acredito que a escolha do set do CD poderia ter sido mais cuidadosa. O certo teria sido seguir a cronologia, ou seja, começar o CD com a apresentação que contou com Tim “Ripper” Owens à frente dos vocais, pois do jeito que foi feito acontece uma quebra no clima, em função da diferença que a mudança dos frontmen ocasionou ao som da banda. Tanto Tim quanto Matt Barlow hoje se encontram fora da banda e todos dois são o que se tem de melhor em termos de voz no metal atual, ou seja, a banda se privilegia da performance vocal de ambos. Mas Matt traz um punch a mais ao som da banda, com uma profundidade maior nos graves e nos drives, enquanto Tim se mostra mais eficiente nos médios e agudos. São quatro músicas retiradas de cada apresentação, no total de 12, e podemos concluir que na primeira apresentação (Metal Camp Slovenia, 2008), o som está pior e a banda um pouco “engessada”; nas quatro músicas seguintes, da fase com Ripper nos vocais, a banda está mais ágil, entrosada, com um som melhor, inclusive com o baixo mais bem tocado pelo baixista Dennys Hayes, mais presente do que Freddie Vidales. Os fãs sempre irão preferir as apresentações com Matt Barlow, que se adequa melhor às necessidades da banda, de qualquer forma. A melhor parte do CD é o final, novamente contando com Matt na linha de frente, na apresentação do Festival Rock Hard, de 2008, com a banda afiadíssima e o som mais bem equalizado. O ponto alto é a obra prima “A Question Of Heaven”, na qual Matt mostra todo o seu potencial em uma performance emocionante. Se você é fã e comprou a versão em DVD nacional lançada pela gravadora Shinigami Records, esse CD é feito para você, mas se você é um ouvinte ocasional e quer ter uma coletânea ou um ao vivo da banda, prefira o “Alive In Athens”. Desse lançamento, vale muito mais a pena a versão com os dois DVD´s. Nota: 7.0 Marcelo Val ICS Vortex “Storm Seeker” Century Media ICS Vortex, nome já conhecido no underground por ter feito trabalhos maravilhosos no Borknagar e Dimmu Borgir – banda essa que com o auxílio do mesmo atingiu um patamar gigante –, mas que assustou a todos no ano passado com o anúncio de sua demissão da banda. Bem, seu primeiro trabalho solo, “Storm Seeker”, é um bom disco, bem na linha das músicas conduzidas por ele com o Borknagar em uma belíssima fase. Tendências ao Progressivo dão ao disco um toque interessante, mas assim como muitas das bandas que um dia foram mais extremas, está tomando uma tendência semelhante. Não há nada de novo, mas é bom. O prazer auditivo desse disco vem de um instrumental bem composto, com passagens belas, mas o vocal do ICS Vortex é sempre o ponto alto, um timbre único e “classudo”. Parece que o vocal dele está alto demais com relação ao resto dos instrumentos, o que, às vezes, “esconde” alguns trabalhos mais legais do conjunto das composições. “Aces”, para mim, é uma música com a linha vocal mais bonita. No geral, é um bom disco; se você é fã da voz dele, com certeza, irá curtir o disco. Nota: 8.0 Augusto Hunter

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ILIUM “Genetic Memory” Escape Apostar no Metal Melódico, hoje em dia, com a quantidade e diversidade de bandas de qualidade na estrada não é tarefa fácil e, convenhamos, não está tão fácil aparecer novidades que se sustentem na cena por longo período. A banda Ilium faz mais uma dessas tentativas, executando um mediano álbum intitulado “Genetic Memory” que trabalha um Power Metal com boa base Heavy Metal Tradicional, utiliza bastante os teclados, não exagera na virtuosidade (algo raro hoje no metal melódico!), porém não é um som que cativa muito, nem com os refrãos que sempre são marcas no estilo. Abrem o álbum com “Kinaesth”, muito bem executada pelo vocalista Mike DiMeo (exRiot, ex-Masterplan), talvez a única que se destaque. Na introdução da seguinte, “Littoria”, já começa a decepção. Utilizam uma sonoridade e elementos muito vazios e, ainda por cima, colocam no final da música um teclado parecido com RPM! Como às vezes esperamos que a música título seja um destaque, não foi o caso com a banda, pois “Genetic Memory” além de longa não empolga nem um pouco. Quem sabe com uma melhor produção e amadurecimento da banda possa surgir algo bom, pois dessa vez não deu. Nota: 6.0 Cupim Lombardi Imperious Malevolence “Priests Of Pestilence” Independente Para quem já vinha acompanhando a carreira do Imperious Malevolence – como eu – recebe com grande felicidade a notícia de mais um trabalho na praça. Trata-se do EP lançado de forma independente chamado “Priests Of Pestilence”. O disco conta com apenas três músicas, mas faz a alegria de quem curte um bom Death Metal, brutal e maléfico. As músicas são uma prévia do que vem pela frente no próximo disco já intitulado de “Antigenesis”. Logo de cara podemos notar a bela e diferente arte da capa, bastante interessante e, dessa vez, sem o logotipo característico da banda (que se encontra na parte de trás). Com uma formação renovada, a banda mostra que continua afiada, desfilando composições de alto nível. A complexidade e técnica dos músicos são impressionantes e podem ser conferidas nessas três faixas que compõem o disco. Destaque para as linhas de baixo de Rafahell (que também assume os vocais) sempre acompanhadas de perto pelo veloz Antônio na bateria. O novato no time é o guitarrista Danmented, que mantém o ótimo nível das composições por meio de riffs intricados e um excelente timbre emanados das seis cordas. Não há muito que dizer nem apontar destaques. Mais um belo registro do Imperious Malevolence que nos deixa ainda mais ansiosos pelo disco completo! Nota: 8.5 Pedro Humangous INSOMNIUM “One For Sorrow” Century Media Records O grande ponto forte do trabalho mais recente do Insomnium é a atmosfera reflexiva que o álbum gera, resultado de um excelente instrumental – a faixa de introdução é ótima para divagar enquanto se dirige por uma estrada deserta olhando para o asfalto, coisa bem típica do final de O Exterminador Do Futuro 2 (Terminator 2: Judgement Day, Universal Studios). Apesar de as partes de vocal limpo criarem aquela impressão moderninha de metal teen, com aquele típico timbre lamuriante, o gutural está ótimo, muito bem trabalhado e exemplar. Em certos trechos, esse tipo de vocal fica irregular, isso porque os riffs soam mais leves, mais “tristes”, o que contrasta um pouco com o peso do vocal, expondo um leve desequilíbrio em termos de dosagem de peso; fora isso, o instrumental e as letras estão ótimos. As guitarras estão muito bem harmonizadas e, no geral, a constante rítmica e a estrutura musical demonstram muito bem o talento dos músicos. Embora o pessoal do Death Metal Tradicional e do Death Metal Brutal costume “torcer o nariz” para o melódico, esse tipo de sonoridade anda tendo uma vantagem sobre a sonoridade tradicional do gênero já faz algum tempo, e essa vantagem é fugir da mesmice. Infelizmente, tenho encontrado poucos álbuns de Death Metal Brutal/Tradicional que não soem exatamente a mesma coisa e que realmente se destaquem por originalidade. “One For Sorrow” varia muito de ritmo conforme as faixas passam e, apesar de algumas pessoas não gostarem de mudanças bruscas em termos de peso, não se pode negar que esse álbum foi feito com verdadeira dedicação. Nota: 7.5 Yuri Azaghal 38


LEKAMEN ILLUSIONEN KALLET “The Second Wind” Nordvis A volta do Lekamen Illusionen Kallet – mais conhecido simplesmente por LIK –, em 2010, acrescentou ao repertório da banda um ótimo álbum; em minha opinião, perdendo apenas para o seu álbum debut. “The Second Wind” é um álbum com uma atmosfera incrivelmente obscura, que mescla um pouco de Thrash com Black Metal e Depressive Rock, lembrando em algumas faixas climas típicos de algumas bandas como Dead Can Dance e Sisters Of Mercy e até mesmo Bauhaus – claro, só que de uma forma muito mais pesada e com riffs mais “malignos”, contendo alta distorção. Embora esse álbum contenha muito pouco dos elementos típicos de Black Metal dos outros álbuns, a forma como as músicas soam criam um clima soturno agradável e que flui de forma ao menos respeitável. As letras estão muito bem escritas e criativas, mantendo os temas de misticismo e ocultismo. A mixagem do álbum está crua, seguindo fielmente a ideia dos primeiros – e mais importantes – álbuns de Black Metal da década de 90, como o álbum debut do Burzum e “A Blaze In The Northern Sky” do Darkthrone. Concluindo, não é um álbum estereotípico de Black Metal com blast beats, riffs com trêmulos de palheta e vocal agressivo, mas é uma ótima alternativa quando você quiser algo reflexivo, calmo, mas que não deixe de ser obscuro, místico e genial – e, até certo ponto, nostálgico, se você é do tipo que ouve, ou costumava ouvir bandas antigas de dark rock e post punk. Nota: 9.0 Yuri Azaghal Mortage “The War Is Not Over” Kill Again Records Lembro-me de quando ainda não escrevia para revistas ou sites e comprei o primeiro CD da banda Mortage. O ano era 2006 e o disco se chamava “Trench For Evolution”. Logo de cara já gostei da pegada Thrash/Death que a banda tinha e o álbum rodou bastante no meu player de casa. Agora, em 2011, esse grupo de Campinas formado por Raphael Lombriga (vocais), Adriano e André Zoinho (guitarras), Hélio (baixo) e Daniel (bateria) lança seu mais recente trabalho chamado “The War Is Not Over”. O estilo se manteve intacto, extremo e empolgante. Ao ouvir as primeiras faixas, logo associei às bandas Torture Squad e o Legion Of The Damned – mestres nessa mistura de estilos. A temática continua afiada e as letras falam sobre guerras, degradação do ser humano e críticas à religião. A gravação ficou muito boa, deixando todos os instrumentos bem equalizados e audíveis. “Rifferama” total em quase todas as faixas e uma bateria que mais parece uma metralhadora! O vocal de Raphael é muito bom, lembrando um pouco de Mille Petrozza (Kreator). O álbum passa de forma rápida e devastadora, como um rolo compressor! As músicas são muito bem construídas, além de refrãos que pregam na cabeça com apenas uma martelada. Minha única ressalva fica para a arte da capa (se é que podemos chamar de arte), que ficou bisonha e não condiz com o conteúdo do disco. Tirando isso, “The War Is Not Over” é um grande lançamento do metal nacional! Compre e ouça até o disco ganhar mais um furo! Nota: 8.5 Pedro Humangous Nervochaos “Live Rituals” Tumba Records Acompanhei a evolução do Nervochaos de perto, desde o lançamento de “Legions Of Spirits Infernal”, em 2002, para ser mais preciso (N.R.: O primeiro disco deles é de 1998 e se chama “Pay Back Time”). De lá para cá, a banda lançou mais dois excelentes álbuns, recebendo ótimas críticas do público e da mídia especializada. Agora, em 2011, acabam de colocar no mercado seu primeiro registro ao vivo, “Live Rituals”. O disco foi gravado na turnê que fizeram pela Europa no início do ano ao lado do Ragnarok. Por ser uma tour de divulgação do “Battalions Of Hate”, é de se esperar que a maioria das músicas venha desse álbum. Estranho não terem colocado nada do ótimo “Quarrel In Hell” no set list. Ainda teve espaço para um cover do Sepultura (com a música “Funeral Rites) e um do Brutal Truth (com “Turn Face”). Normalmente, as gravações ao vivo de bandas extremas não ficam tão boas, muitas vezes emboladas. Felizmente, não é o caso aqui. A qualidade de som está ótima, com todos os instrumentos bem audíveis e aquela sensação de estar presente no show é nítida! A platéia só é notada no inicio e fim das músicas (óbvio, pois não estamos falando de uma banda que enche estádios). Destaque para “Total Satan” que, literalmente, agita a galera e é uma das melhores no set. O que dizer da capa feita pelo mestre Marcelo Vasco? Simplesmente maravilhosa! Escolha mais que acertada da banda, comprovando cada vez mais que temos grandes talentos aqui no Brasil. Resumindo a ópera: um discaço! Merece estar em toda e qualquer coleção que se preze! Nota: 9.0 Pedro Humangous

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OLIGARQUIA “Distilling Hatred” Mutilation Records O mais novo álbum da banda paulistana Oligarquia se salvou de cair no clichê do Death Metal Brutal. A banda conseguiu fazer um trabalho extremo, típico do gênero com um ritmo variado, de modo que não soasse igual àquele monte de álbuns com aquela fórmula que virou moda entre muitas bandas. O vocalista Max Hideo faz um gutural decente – das antigas, digamos assim –, sem aquele efeito de porco sufocando que, sinceramente, fica péssimo. O instrumental faz um acompanhamento ótimo, com os elementos alternando entre si no destaque de cada faixa com boa distorção, boa técnica de blast beats e grooves de baixo, no mínimo, interessantes em vez de fazer aquela barulheira em conjunto que parece a mesma coisa do primeiro ao último segundo em certos álbuns de bandas clones dentro do estilo. A capa do álbum também está muito bonita e profissional e as letras apocalípticas foram muito bem escritas. A única coisa chata é que o álbum, apesar de ter 11 faixas, é meio curto. É uma pena, pois o trabalho dos caras está realmente muito bom, lembrando certos veteranos como Krisiun em algumas partes. Como paulistano, fico feliz em ver que uma banda decente de Death Metal está progredindo e fazendo um bom trabalho. Afinal, está cada vez mais raro achar uma banda legal desse tipo que não seja igual a mais uma centena. Parabéns para os caras. Nota: 9.0 Yuri Azaghal Omfalos “Idiots Savants” Equivokke Records Brasília está muito bem representada quando o assunto é Metal. De uns anos para cá, surgiram grandes bandas com expressão não só no cenário nacional, mas mundial. O mais novo representante da cidade é a banda Omfalos, formada por apenas dois membros: Thormianak (guitarras, baixo e teclados) e Le Misanthrope (vozes e samples). Como acontece com toda banda debutante, procuro ouvir o som proposto e pesquisar um pouco sobre sua história. E o que encontrei foram somente elogios rasgados tanto por parte da mídia especializada quanto do público/fãs. Nada disso me serviria se o som não me agradasse efetivamente. E agradou. Rotular a banda de Black Metal seria fácil demais. O Omfalos vai muito além disso. Podemos fazer uma analogia a uma salada cheia de ingredientes e que no final possui um sabor incrível. “Idiots Savants” é o primeiro registro dessa dupla, que demonstra um entrosamento incrível, principalmente na hora de compor o material. Podemos notar pitadas de Death Metal, Industrial e passagens viajantes, cheias de melodias. Eu, que não sou grande fã de Black Metal, ouvi atentamente a cada segundo desse disco, simplesmente boquiaberto e curtindo a proposta diferenciada desses brasilienses. Destaco a sexta faixa, divida em quatro partes, intitulada “Bipolar Affective Disorder Suite”, exatamente pela variação nas estruturas, além de ter me lembrado de algo de Dimmu Borgir – minha banda favorita do estilo. A alternância de tempos e estilos é o que deixa o disco interessante e prazeroso de se ouvir. Belíssimas e complexas composições tanto na parte instrumental quanto na vocal. Vale destacar a ótima produção e gravação do álbum. Realmente, são merecidos os elogios recebidos até agora. Basta chegar aos ouvidos de mais pessoas para se tornar um dos clássicos do nosso metal nacional! Nota: 9.5 Pedro Humangous PATHOLOGY “Awaken To The Suffering” Victory Records Eis aqui o quinto álbum da Pathology. Desde o ingresso da banda na Victory Records, em 2010, com o lançamento de “Legacy Of The Ancients”, era preciso fazer uns ajustes e melhoramentos quanto ao embasamento técnico. Agora, com Jon Huber, o novo vocalista e ex I Declare War – substituindo Matti Way –, e com a adição de mais um guitarrista, Kevin Swartz, a banda parece se enquadrar bem no som que fazia nos primeiros anos de existência. Com seu vocal quase indecifrável, poderoso e de uma característica super-low grunt (grunhido super grave), Huber é anormal, destruidor. A banda entrega em “Awaken To The Suffering” um Brutal Death Metal com influências do Slamming e, por vezes, do Deathgrind. Faixas como “Hostility Towards Conformity” e “Emesis” representam a potência e a parte mais brutal da banda, deixando-a impossível de passar despercebida de outras bandas do gênero, visto que a Pathology é singular. Também, com algo extra em meio a toda essa brutalidade e deixando o ouvinte surpreso pelos solos e riffs melódicos, bem como arpejos cintilantes, as faixas “Prolonging The Suffering”, “Media Consumption”, “Humanity’s Cesspool” e “Opposing Globalization” lembram muito o som atual da Dying Fetus e da Suffocation. O álbum, em geral, é bem produzido, apresentando um som claro, diferente de muitas bandas de Slamming Brutal 40


Death Metal e de Grindcore, que, na maioria das vezes possuem uma gravação pior que outros estilos de música devido à densidade musical. A capa do álbum é totalmente compreensível, tendo uma relação clara com o tema principal abordado nas letras: teorias conspiracionais. Nota: 7.5 igor Scherer Sacrificed “The Path Of Reflections” Shinigami Records Vou confessar, não sou grande fã de bandas de metal com mulheres no vocal. Não é preconceito, apenas não faz meu estilo, gosto pessoal. Algumas bandas me surpreendem como o caso do System Divide, por exemplo. Quando recebi o novo álbum da banda mineira Sacrificed, não sabia o que esperar. E fui surpreendido – positivamente – mais uma vez. A introdução me lembrou dos primeiros discos do Angra, com aquele instrumental épico que traz uma leve ansiedade pelo que vem pela frente. Eis então que surge a primeira faixa do disco, “Solitude”, com um peso absurdo, totalmente inesperado! Belíssimo timbre das guitarras, bateria e baixo andando juntos em uma levada empolgante! Ótimo começo! A vocalista Kell Hell escolheu cantar de forma mais tradicional, fugindo do estilo lírico – muito utilizado nesse tipo de som. A construção das músicas é muito criativa e cativante logo na primeira audição. Fiquei muito impressionado com o peso do instrumental. O vocal também não fica para trás – vide a terceira faixa “Endless Sin”. As camadas de teclado também assumem um papel importante no resultado final, dando aquele brilho nas composições, sem soar forçado ou deslocado. A gravação está excelente e apenas trouxe mais qualidade às composições. A bela capa ficou sob a responsabilidade do experiente Carlos Fides. Destaque para a sequência matadora “Call Of Insanity”, “Red Garden” e “Prison Mind”, com muito peso, velocidade e toques de Prog e Tradicional Metal. Uma grata surpresa do nosso metal nacional e que vale muito a pena ser conferida de perto! Ótimo trabalho de estreia! Nota: 8.5 Pedro Humangous SCHRAT “Schattenwahn” ARTicaz A primeira coisa que notei nesse álbum foi a estruturação musical em si, que é muito sofisticada. Os elementos se encaixam de uma forma impressionante, além de soar inovador em muitas partes – em vez daquela “rajada” que começa e termina da mesma forma em todas as faixas. A primeira faixa, por ser instrumental, possui uma atmosfera muito bem trabalhada, fazendo você imaginar um funeral onde várias pessoas caminham chorando e carregando o caixão em direção à sepultura. O vocal feito por Nastrond também é um ponto alto, assim como os riffs das guitarras que variam do melancólico – atuando mais como elemento de fundo – ao totalmente pesado e distorcido que se destacam nas músicas. Não há como negar que as escalas nas guitarras foram realmente bem construídas, sendo apoiadas pelo ritmo da bateria, que também é bem variável e profissional, sem se limitar àquela típica metralhadora de bumbo que algumas bandas chegam a usar quase todo o tempo em certas faixas. A atmosfera que o instrumental transmite é sombria e macabra, isso pode ser notado no início de faixas como “Beschwörung”. O álbum tem um pouco mais de uma hora e nenhuma faixa me decepcionou. Volto a dizer que a estrutura musical é maravilhosa, soando inovadora, sombria e extrema, exatamente como uma banda decente de Black Metal deve soar, sem dar aquela sensação de “mais do mesmo”. Ao julgar pela produção, encarte e composição, deduzo que esse álbum foi planejado cuidadosamente e digo que todo o trabalho valeu apena. Parabéns para a banda, pois foi um dos melhores álbuns do gênero que ouvi esse ano. Nota: 10 Yuri Azaghal SEPULTURA “Kairos” Nuclear Blast Regressando a sua sonoridade mais clássica, outrora viva em álbuns como “Arise” e “Chaos A.D.”, o Sepultura surpreende positivamente com seu novo álbum, dadas as devidas proporções que a banda permite-se alcançar. Pode-se dizer sem medo que se trata do melhor álbum com Derrick Green, e olha que “Against” foi lançado no longínquo ano de 1998, ainda que, no decorrer desse tempo, alguns novos clássicos foram forjados, como “Choke”, “Sepulnation” e “Mindwar”. Entretanto, tudo o que o fã queria ouvir era um disco que pudesse ser apreciado de cabo a rabo, recheado de composições marcantes e repletas de riffs e solos, cozinha pujante e vocais agressivos. Com essa equação musical 41


resolvida e acompanhada em vídeos durante as gravações, pode-se notar que Andreas Kisser voltou ao seu estilo antigo de compor, já que nos últimos discos o que se ouvia não eram riffs, e sim acordes simples, em estruturas musicais que não empolgavam, deixando o fã inquieto. Um exemplo bem claro disso é a faixa “No One Will Stand”, um Thrash Metal rápido e de riffs ligeiros, relembrando a fase áurea de “Schizophrenia”, onde a velocidade era a prioridade máxima, resultando num provável novo clássico. Em sua versão “deluxe”, há 17 faixas, incluindo dois covers que, num primeiro momento, poderiam fazer os fãs mais radicais torcerem o nariz, mas que numa audição apurada deram ao disco um toque especial. “Just One Fix” (Ministry) e “Firestarter” (Prodigy) encaixaram-se perfeitamente com o restante das composições em versões arrebatadoras, principalmente, a música de Al Jourgensen de peso absoluto. A produção de Roy Z contribuiu para que a sonoridade, num âmbito geral, soasse pesada, clara e direta, jogando “na cara” toda a agressividade contida em “Kairos”; claramente um dos melhores discos do ano. Nota: 8.5 Maicon leite SODOM “In War And Pieces” Shinigami Records Confesso que fazia um bom tempo que não acompanhava a carreira desses veteranos, mas antes mesmo de ouvir uma única música de seu álbum mais recente, eu sabia que eles não iriam me decepcionar. Partindo do princípio, a capa não é apenas uma ilustração bonita e totalmente profissional, mas sim uma perfeita exposição sobre a temática do álbum. Sodom é uma daquelas bandas que parecem progredir com a idade – o oposto de muitas outras. Os riffs estão mais agressivos, rápidos e pesados e as letras são composições geniais sobre a sanguinolência e o culto à morte e à guerra. Junto com algumas bandas como Kreator, Sodom ainda é uma das poucas bandas do gênero que ainda ouço com prazer e euforia genuínos. “In War And Pieces” foi prensado em uma versão comum com as 11 novas faixas do repertório da banda, fora a versão dupla contendo faixas ao vivo do Wacken Open Air, de 2007. Esse, sim, é um verdadeiro Thrash Metal decente, de peso e que vale a pena ser ouvido. A estrutura musical é uma constante rítmica de grooves e riffs invejáveis, sem falar que para alguém com quase 50 anos de idade, o vocal de Tom Angelripper ainda está de pé com toda a força. Não sou ninguém para falar do gosto musical das pessoas, mas se você, assim como eu, já está de saco cheio de ouvir todo dia as mesmas bandas como se elas fossem as únicas quando o assunto é Thrash, saiba que Sodom é uma alternativa perfeita e “In War And Pieces” é a evidência perfeita disso. Nota: 8.5 Yuri Azaghal THE BLACK COFFINS / INFAMOUS GLORY “Burial Breed” Equivokke Records Álbum que une duas bandas com o mesmo propósito: divulgação e entrada no mercado metalístico com o pé direito. The Black Coffins (SP) é uma banda recém-nascida, possui apenas alguns meses de vida e muito bom berço, com excelente peso e chorando bastante. Sua paternidade, com certeza, está no bom e velho Death Metal cravado no Hellhammer e Celtic Frost. Muito peso, bases arrastadas e um destaque fortíssimo para os excelentes vocais de Vakka, muito competente e profissional. Na outra metade vem Infamous Glory (SP), outra banda de Death Metal surgida, em 1999, de excelente peso e muita técnica. As músicas estão mais bem gravadas do que as do Black Coffins, mas nem por isso o peso deixa de ser levado em conta. “Burial Breed” é como aquele vinil do Overdose e Sepultura, quem sabe alguém se dá bem e revela mais uma promessa brasileira? Parabéns para as duas bandas e ficaremos no aguardo, ansiosos pelos álbuns individuais de cada uma. Nota: 7.5 Ricardo Thomaz THURISA “The Cimmerian Years” Sleaszy Rider Records Uma relaxante e reflexiva introdução inicia esse álbum, antes de entrar para a parte bruta da sonoridade – e, mesmo assim, os riffs da introdução continuam em background. Esse álbum possui uma sonoridade que parece intencionalmente como uma atmosfera de dualidade. Por um lado, ele incorpora elementos extremos e tradicionais e, por outro, elementos com sintetizador e melodias dignas de mantras de yoga, não fazendo assim uma mistura de Black Metal com Dark Ambient – o que ficaria muito bom –, mas sim uma mistura de Metal Extremo com New Age típico. A partir da terceira faixa, “Second Mirror”, a coisa melhora, tomando um rumo mais definido. Mesmo 42


assim, os riffs continuam fraquinhos, sendo revestidos ora por um vocal gutural típico de Black Metal, ora por um vocal lamuriante, limpo e que ressalta tristeza. No entanto, está longe de ser considerada uma sonoridade Doom e Depressive. Algumas faixas soam puramente melódicas e agradáveis, mas a maioria soa como um misto de elementos opostos, uma verdadeira colisão. É como juntar magma com um iceberg, o choque térmico – desagradável – é inevitável. Posso dizer em definitivo que a habilidade dos músicos é inquestionável, mas apesar do propósito do álbum ser nobre, o resultado sonoro dele – em termos de algo concreto – me decepcionou bastante. Se você gosta de algo inovador, algo que não se rotula e uma verdadeira mistura típica de avant-garde, talvez você goste desse álbum. Agora, para aqueles que esperam algo realmente pesado e tradicional, fiquem longe desse álbum – que é o meu caso, já que sou muito tradicionalista e metódico com gêneros... Nota: 4.0 Yuri Azaghal VERSUS “Misión Ancenstral” Ear Blaster Trabalhar para uma revista de Heavy Metal pode, muitas vezes, ser difícil, mas certamente muito prazeroso. O mais legal disso tudo é que somos “obrigados” a ouvir outros estilos além daqueles que mais gostamos ou aos quais estamos acostumados. Confesso que há muito tempo não ouvia uma banda de Metal Melódico – ou Power Metal, como preferirem. Sempre gostei muito do estilo, mas parecia que essa fase havia passado. Eis então que recebo o material de uma banda mexicana chamada Versus. A primeira impressão já foi muito boa devido à bela e trabalhada capa do disco. Ao colocar o disco para rodar, o que temos? Claro, uma introdução climática e misteriosa, como não pode faltar no estilo. “A La Luz De Luna Llena”, então, abre o álbum efetivamente, cheia de teclados, guitarras e bateria em alta velocidade! O vocalista David Arjona possui um timbre muito interessante, extremamente parecido e influenciado por Fabio Lione (Rhapsody Of Fire). Se o leitor ainda não reparou nos detalhes, a banda Versus canta todas suas músicas em espanhol. E para quem acha que o resultado final pode desagradar, se enganou completamente, pois a sonoridade da língua casou muito bem com o instrumental. Os teclados de Roger Contreras estão sempre presentes e com bastante destaque, seja na base das músicas ou nos solos incríveis. A sonoridade da banda é bem singular e irá agradar em cheio aos fãs de Sonata Arctica, Angra, Stratovarius e o já mencionado Rhapsody Of Fire. Um álbum de muito bom gosto nas composições, nas letras e completamente viciante! Se essa é sua praia, não deixe de conferir esse belo trabalho desses mexicanos do Versus! Nota: 8.5 Pedro Humangous Virgin Steele “The Black Light Bacchanalia” Shinigami Records O Virgin Steele é uma banda americana que teve sua origem ainda nos anos 80 e esse novo álbum é o 14º de sua carreira. Liderada pelo vocalista David DeFeiss – responsável não só pelas vozes como também pela gravação do baixo nesse disco, além dos teclados e toda a composição –, a banda teve surpreendentemente seu período de maior sucesso nos anos 90, com a trilogia “The Marriage of Heaven and Hell” e as duas partes de “House Of Atreus”. Como vocês já devem ter percebido, a banda é bastante chegada aos temas mitológicos e discos conceituais presentes usualmente no Power Metal, o que justifica sua comparação a bandas como Manowar e Savatage. No entanto, não é a melhor forma de descrever o som da banda, que não traz grandes inovações, mas tem personalidade. Aqui, o peso se junta ao lirismo e a voz de DeFeiss se alterna entre um quase sussurro rascante e um falsete mais dócil. “The Black Light Bacchanalia” traz, como não pode ser diferente após toda essa descrição, um som épico que pode agradar aos apreciadores do Power Melódico e aos fãs da banda, mas o que temos aqui é um disco que segue a mesma sonoridade do início ao fim e se torna enfadonho após pouco tempo de audição. Confesso que o único trabalho que ouvi da banda e me agradou bastante é o clássico “Age Of Consent”, que possui músicas mais “ganchudas” e um pouco de tempero do Hard Rock; apesar de bem executados e não haver nada de “errado” com os temas desse disco, há uma carência de variação que acaba se traduzindo em monotonia, parece um disco de uma só música. Talvez fosse melhor para DeFeiss dividir a tarefa de composição para combater esse efeito. É o tipo de disco que dá para colocar para tocar enquanto fazemos outras coisas e não vai dar vontade de tirá-lo, mas também não vai puxar a atenção para algum tema. No entanto, uma audição mais atenta acaba dando vontade de trocar o disco rapidamente. O disco traz uma capa diferente para cada uma das três diferentes edições que recebeu, sendo que a nacional traz um disco bônus com mais duas músicas e uma narração da história da banda. Nota: 6.5 Marcelo Val

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VOIVOD “War and Pain” Encore Records - Nacional Referência obrigatória no que se refere aos primórdios do Metal Extremo e do grande hall de bandas canadenses, o Voivod, supremo e único no seu meio, deu ao mundo uma discografia vasta dividida por fases que abrangem desde o Thrash visceral dos primeiros discos até sua tendência mais progressiva, iniciando no final dos anos 80 e acentuando nos 90 para, depois, mesclar tudo isso com grande habilidade. Originalmente lançado, em 1984, pela Metal Blade e agora relançado no Brasil pela Encore, o debut do Voivod marca pela agressividade e crueza das composições, que são divididas em duas partes (lado A e B do vinil) chamadas “This Side (Iron) e “That Side (Blower)”. Quando entrevistados para um programa de TV, a banda informou que foram vendidas 40 mil cópias do disco em dois anos, mas receberam apenas mil dólares, devido ao acordo (tenebroso) com a Metal Blade. Contendo nove faixas de igual poder sonoro, iniciando com a faixa que dá nome à banda, o Voivod, apesar de fazer Thrash Metal, diferenciava-se da cena da Bay Area e alemã criando, assim, uma sonoridade única. “Warriors of Ice”, “Iron Gang”, “Black City” e “Nuclear War” caíram na graça dos headbangers e, desde então, se tornaram clássicas. Denis “Snake” Bélanger (vocal – ou “Throat, Insults, Screaming Mike Torture), Denis “Piggy” D’Amour (guitarra – ou “Burning Metal Axe”), Jean-Yves “Blacky” Thériault (baixo – ou “Blower Bass”) e Michel “Away” Langevin (bacteria – ou “Thunder Machine”) davam início a uma saga que dura até hoje, ainda que “Piggy” tenha deixado todos tristes com sua morte. Além da música, a arte de “Away” se mostrou única, servido de influência para gerações posteriores e que hoje se espelham, musicalmente e visualmente, nesta inesquecível banda. Nota: 10 Maicon Leite VULCANO “Drowning in Blood” Encore Records – Nacional ODepois da volta com o vocalista Angel em “Tales From the Black Book”, de 2004, a banda santista e instituição do Metal extremo nacional Vulcano nunca parou, seja fazendo shows – inclusive no exterior – ou lançando novas obras-primas do Metal nacional. “Drowning in Blood”, o terceiro álbum depois do retorno, já não conta mais com Angel nos vocais, cabendo a Luiz Carlos Louzada a tarefa de, novamente, comandar a porradaria ao lado de Zhema Rodero (guitarra/baixo) e Arthur “Von Barbarian” (bateria). Ao vivo, a banda conta ainda com Carlos Diaz (baixo) e Fernando Nonath (guitarra). Apostando cada vez mais na pegada Thrash Metal, com riffs e mais riffs cortantes, cada música aqui presente mantém intacta a relevância do Vulcano perante a cena mundial, tanto que muitos músicos europeus sempre a citam como influência. A infernal “Awash in Blood” dá início ao massacre numa velocidade estonteante, com interpretação fantástica de Luiz Carlos e candidata a novo clássico do Vulcano. A intensidade do álbum é sentida em cada segundo, parecendo que os músicos estão tocando como se o mundo fosse acabar amanhã... E é justamente isso que sentimos ao escutar “Drowning in Blood” no talo, o mais puro apocalipse em forma de Thrash/Black/Death Metal. “Devil’s Force” vem na sequência, em igual sintonia, descambando de vez para a desgraceira com “Total Desolation”, já divulgada ao público anteriormente. “Prision in the Hexagon”, com os vocais lembrando alguma coisa do Death Metal noventista, começa bem lenta para depois emendar um riff cortante e partir para o arregaço, que, aliás, merece menção honrosa para Zhema, que buscou inspiração nas profundezas do inferno para criar tantos riffs e solos marcantes. Nem preciso dizer o quanto essa celebração metálica é recomendada... Disco perfeito para fechar o ano com chave de aço e, desde já, na lista dos melhores do ano. Nota: 9.0 Maicon Leite Warhammer “No Beast So Firce” Kill Again Records O Warhammer é conhecido do público oitentista há bastante tempo, sendo considerada a melhor banda no mundo que faz um som extremamente próximo ao Hellhammer e Celtic Frost. Desde a capa, ao estilo de gravação e tudo mais que compõe o Warhammer vai te lembrar muito o Hellhammer e Celtic Frost. Gravação completamente feita em modo não digital, você percebe isso de cara; isso é bom demais, tem ainda aquele clima da época da saída do Hellhammer, guitarras ríspidas, baixo cortante e marcado perfeitinho, bateria clássica com viradas mais que lindas. Músicas muito boas, com destaque para “Total Maniac”, mas então, por que dou a nota que dou a essa banda e disco? Simples, falta personalidade. O Warhammer não é a única banda a fazer esse tipo de música no mundo. É bom e tudo mais, mas no caso deles falta personalidade, pois no Rio de Janeiro temos uma banda com a mesma proposta, mas com muito mais personalidade do que o Warhammer, 44


coisa que a fez sair da posição de banda “homenagem” ao Hellhammer a banda influenciada e, hoje em dia, influenciável. Na versão que estou ouvindo temos três bônus, são três versões de grandes clássicos, como “Poison” do Venom, “Sphinx” do Poison e “The Return Of The Darkness And Evil”, clássico do Bathory. Recomendado para quem curte lance Old School, esse pode até mesmo fazer você pensar duas vezes em voltar a ouvir algo assim, mas cuidado: temos mais ou menos 20 anos de diferença do criador para sua criatura, não confunda. Nota: 8.0 Augusto Hunter Whitesnake “Forevermore” Frontiers Neste novo disco, o Whitesnake segue na linha de seu disco anterior, “Good To Be Bad”; isso quer dizer que foge um pouco do estilo que os consagrou nos anos 80, retomando a sonoridade da fase anos 70, como “Love Hunter” e outros discos, mas devidamente modernizada. Apesar de ao vivo a maior parte repertório remeter aos hits da trinca “Slide It In”, 1987 e “Slip To The Tongue”, a banda, hoje em dia, voltou a praticar um som com uma base forte no Blues e no Classic Rock. David Coverdale em ótima forma, devidamente acompanhado por seus fiéis companheiros dessa fase, os guitarristas Doug Aldrich e Reb Beach garantem um disco com o selo de qualidade da banda, com boas músicas e uma produção bem orgânica, sem excesso de overdubs, deixando o disco com personalidade e uma certa cara de ao vivo. O único senão que eu posso colocar é a falta de criatividade na capa, como sempre aquele símbolo que vem estampando quase tudo que a banda lança desde o 1987. “Forevermore” é um disco recheado de faixas “ganchudas”, como o primeiro single “Love Will Set You Free”, que chega a trazer um eco do clássico “Ready an´ Willing”. Podemos dividir esse novo trabalho entre o hard/blues, como “Steal Your Heart Away”, “All Out Of Luck” e a já citada “Love You Set You Free” entre outras; o lado baladeiro, como sempre parte marcante nos disco da banda, com a maravilhosa “Easier Said Than Done”, “One Of These Days” e “Fare Thee Well”, e a fase 1987/Slip Of The Tongue também se faz presente em músicas como “Dogs In The Street”, a rápida “My Evil Ways” e a épica faixa título. Em resumo, um disco do Whitesnake é sempre garantia de uma ótima seleção de Hard/Blues/Classic Rock ou seja lá como quiserem classificar, já que essa é uma banda que dispensa rótulos. É Whitesnake, e mesmo quando erram o alvo, eles acertam; um raro exemplo de banda sem escorregadas maiores em sua carreira. Um dos discos do ano. Nota: 9.0 Marcelo Val ZOMBIE COOKBOOK “Cine Trash” Fudgeworthy Records Filmes de horror e a temática de zumbis ou mortos-vivos sempre se tornam interessantes quando bem feitas, afinal, quem não gosta ou dedicou parte do seu tempo a contemplar estes filmes? O Zombie Cookbook, quarteto de Santa Catarina, faz um Trash/Death seguindo esta temática em seu bom primeiro EP intitulado “Cine Trash”. Apesar de ser primeiro trabalho, a banda faz um som bem coeso e recheado, ficando apenas alguns ajustes necessários em sua produção, porém não deixam de tornar o trabalho interessante. A porrada é garantida e diz que têm muito a mostrar ainda, pois são ótimas pegadas de Trash ‘old school’ e Death Metal (com passeios no Gore, claro!) com linhas vocais bem encaixadas e com variações interessantes. Apesar de rápido (cinco músicas), não minimiza a proposta da banda e é um trabalho que vale a pena ser escutado, não só pela temática, mas também pela qualidade das composições. Nota: 7.0 Cupim Lombardi


S S E N K C I S G N I R E COV Focando-se dessa vez no cenário nacional, a coluna Covering Sickness apresenta alguns trabalhos do talentoso Marcus Lorenzet, da SpellArts. Lorenzet é responsável por capas de bandas que andam ganhando um grande destaque, tanto no cenário nacional quanto no exterior. Acompanhem agora uma entrevista exclusiva com esse verdadeiro mago da SpellArts. interessar pelo Photoshop. Baixava apostilas e tutorias na internet e, com o tempo, fui aprendendo a trabalhar com o programa e, logo em seguida, criei um fórum com alguns amigos, onde a galera postava trabalhos para serem avaliados, tutorias, imagens e etc. O nome do fórum era X-Design e durou cerca de dois anos. Depois disso, fazia montagens para amigos e projetos pessoais, sempre tentando aprender mais a cada trabalho e isso seguiu até final de 2009. Neste ano, surgiu a oportunidade de trabalhar para um bar de rock da cidade, fazendo os cartazes para os shows no meu tempo livre. Algumas bandas se interessaram pelos cartazes e me perguntaram se eu também fazia artes para CD, site e etc. Foi quando eu descobri esse mercado, que tem ótimos artistas aqui no Brasil trabalhando exclusivamente para bandas. Decidi, então, fazer um site para divulgar meu trabalho e primeiramente coloquei apenas os cartazes e alguns projetos pessoais. Como não tinha muito trabalho que servisse de referência para as bandas, fiz algumas artes e coloquei à venda no site. Comecei, também, a divulgar essas artes no Orkut, em fóruns sobre música e com o tempo começaram a aparecer as primeiras bandas interessadas no meu trabalho. Foi assim que surgiu a Art Spell.

Marcus Lorenzet HELL DIVINE: Obrigado por ceder essa entrevista a nossa coluna. Bem, seria interessante que você falasse um pouco sobre o início de sua carreira como artista para começarmos. O que te levou a essa paixão? Quais foram seus primeiros contatos com a arte, na prática? Sinta-se livre para voltar brevemente ao seu passado aqui. Marcus Lorenzet: Meu primeiro contato com a arte digital foi por volta de sete anos atrás, quando comecei a me 46

HELL DIVINE: Você criou ótimas capas para bandas como Burning Christmas e Lothlörien. É inegável a beleza delas, mas você gosta de praticar outros tipos de arte como a arte gore e crua das bandas de metal extremo, ou prefere se limitar e se especializar em apenas um tipo de arte? Marcus Lorenzet: Com certeza eu não quero me limitar em apenas um tipo de arte, tanto que além de bandas de metal já trabalhei com bandas de pop rock, gospel e até RAP. Até o momento, não surgiu nenhuma banda pedindo uma arte gore para o CD, acho que a capa mais “violenta” que eu fiz foi para o “Circle of Violence” da banda Hicsos. Mas é inegável que é uma arte muito rica em detalhes e acho que os ilustradores se dão melhor com esse tipo de trabalho, como Mike Hrubovcak e Vincent Locke. HELL DIVINE: O que você usa como inspiração para produzir a sua arte? Você a procura em todos os tipos de arte, como no cinema e literatura, ou sua inspiração se baseia unicamente na música? Marcus Lorenzet: O que mais me inspira são a literatura e principalmente a música, porém, a inspiração pode surgir de qualquer coisa, como filmes, reportagens de TV ou até mesmo situações do dia-a-dia. Também me inspiro em ca-


pas de outras bandas de Heavy Metal e trabalhos de outros artistas. HELL DIVINE: Ainda falando em inspiração, você pode nos dizer alguns artistas que você admira tanto pessoalmente quanto profissionalmente? Como eles influenciam o seu trabalho? Marcus Lorenzet: Admiro muito os trabalhos do Dave Mckean e Travis Smith. Além desses, gosto de Salvador Dali, Seth Siro, que fez a capa do último CD do Kamelot e também o brasileiro Gustavo Sazes, ele serviu de inspiração e abriu muitas portas para os artistas daqui. Espero um dia chegar ao nível dele. HELL DIVINE: Quais são seus outros hobbies? O que gosta de fazer quando não está se dedicando à arte gráfica? Marcus Lorenzet: Eu uso meu tempo livre basicamente para sair e me divertir com meus amigos e minha namorada. Gosto de acompanhar séries de TV, vou frequentemente ao cinema e costumo ler sempre que posso. HELL DIVINE: De todas as capas que fez até hoje, qual é a sua capa favorita que faz parte do seu portfólio? Fale-nos um pouco sobre ela. Marcus Lorenzet: É difícil escolher uma capa favorita, gosto muito da capa do “Raving Souls Society” da banda Lothlorien, é uma arte que representa bem as letras do CD, onde tem um manicômio e ao redor dele estão personagens que são citados nas músicas. Também gosto da arte do “The Flame Still Burns Strong” do Skin Culture e do “World of Glory and Hate” da banda Torvo, são capas que me agradam muito visualmente. HELL DIVINE: Que dicas e conselhos você pode revelar aqui aos novatos dessa arte que um dia desejam ser como você e outros tantos artistas incríveis? Marcus Lorenzet: Não tem segredo algum ou uma receita especial. Aprender a fazer trabalhos de qualidade requer anos, por isso, se dediquem e pratiquem ao máximo, sempre tentando melhorar a cada arte e, principalmente, tenham paciência e não desistam. Nesse meio tempo você deve encontrar seu estilo e se dedicar a ele. E não se esqueça de valorizar seu trabalho. HELL DIVINE: Olhando agora para o lado profissional da coisa, quais as dificuldades de entrar em um mercado tão disputado como esse? Marcus Lorenzet: Não digo que seja tão disputado, pois tem milhares de bandas e muitas novas surgem a cada dia. Porém, não são muitas delas que podem investir numa capa de CD ou num visual novo para o Myspace. O motivo para isso é que muitas não têm condições para tanto, pois é realmente muito difícil viver tocando metal no Brasil. E o que acontece comigo e com muitos outros artistas que conheço é que 47


sempre aparecem pessoas que não levam a sério esse tipo de trabalho, acham que é feito apenas por prazer e que só fazemos “desenhos” no computador. HELL DIVINE: Fugindo um pouco do assunto, que bandas você está ouvindo agora? Gostaria de recomendar algumas? Marcus Lorenzet: Estou ouvindo bastante o último CD do Machine Head e do Mastodon. Ambos são excelentes álbuns e, com certeza, estão na minha lista dos melhores do ano. Além disso, entre minhas bandas favoritas estão Disturbed, Bullet for my Valentine, Children of Bodom, In Flames, Helloween entre outras. HELL DIVINE: Muito obrigado por dedicar parte do seu tempo à Hell Divine. Desejamos a você tudo de bom e que continue o seu ótimo trabalho. Até breve! Marcus Lorenzet: Eu que agradeço pela oportunidade de participar desta revista que está se superando a cada edição. Sucesso e até a próxima. Por Yuri Azaghal.



OLD SKULL OLD SKULL Death Metal – A explosão sueca... O início Parte 3 Por Maicon Leite Na edição passada falamos sobre a cena Death Metal originária da Inglaterra, tendo a frente Napalm Death, Carcass, Benediction, dentre outros, que, embora pertencessem à mesma geração da cena vinda da Flórida (EUA), possuíam um estilo totalmente diferente. Provando mais uma vez que dentro de um mesmo gênero podemos ter várias ramificações, o Death Metal sueco surge como algo realmente novo na cena, adicionando doses maciças de melodia, influência direta de Iron Maiden, como muitos músicos já afirmaram. Quem literalmente deu o pontapé inicial para a “criação” do Death Metal sueco foram as bandas Nihilist e Carnage, que mais tarde se desmembrariam formando o Entombed, Dismember e Unleashed. Além das bandas citadas na matéria, logicamente que existem muitas outras (menção honrosa para o Grave), porém, estas foram essenciais para o desenvolvimento do estilo, que ao longo dos anos foi se modificando, até que, dentro deste próprio nicho, surgiu algo ainda mais diferente, o “Gothenburg Sound”, apresentando ao mundo In Flames, Darkane, Soilwork, Dark Tranquility e afins. Mas, daí é outro papo... Discos essenciais: Entombed “Left Hand Path” 1990

Um dos primeiros discos desta nova geração, “Left Hand Path” apresentaria ao mundo o famoso timbre de “serra elétrica” das guitarras, hoje comumente utilizada em bandas que buscam trazer de volta aquela época áurea, como o Repugnant e Entrails, por exemplo. Lars Göran Petrov (vocal), Uffe Cederlund (guitarra/baixo), Alex Hellid (guitarra) e Nicke Andersson (bateria/baixo) gravaram o álbum em dezembro de 1989, na cidade de Estocolmo, e tampouco sabiam que estariam criando algo único. A capa, assinada pelo mestre Dean SeaGrave, e o logotipo, desenhado pelo próprio baterista, já acusavam algo de podre no ar! E é com a própria faixa-título que o Entombed abre seu debut, com direito a clima de terror, criando o cenário perfeito para iniciar a porradaria. Alternando momentos mais lentos, característica do Doom Metal, com arroubos de velocidade, “Left Hand Path” tem como destaque justamente o trabalho de guitarras, com riffs e solos matadores, com muita sujeira e peso. Nada mal para uma estréia! Dismember “Like an Ever Flowing Stream” 1991 Impossivel dizer qual o melhor disco do Dismember, mas é correto afirmar a importância de “Like an Ever Flowing Stream” para a cena, obrigatório em qualquer coleção que se preze. Também pode se dizer que foram os únicos a não mudar drasticamente sua sonoridade, ao contrário do Entombed, por exemplo, que na década de 90 se desvirtuou totalmente de sua proposta original, voltando atrás já nos anos 2000. Trazendo uma capa igualmente podre, tão normal naquela época, o Dismember forjou uma sonoridade própria e ao longo dos anos foi chamado de “Iron Maiden do Death Metal”, por carregar, com

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orgulho, influências da clássica banda britânica, utilizando muita melodia, aliada à brutalidade. Um dos seus clássicos se encontra presente aqui, trata-se de “Soon to Be Dead”, de ligeiros dois míseros minutos, mas impactante, bem como seu inesquecível clipe, que passava aqui no Brasil no Fúria Metal, saudoso programa da MTV. Hipocrisy “Penetralia” 1992 Agora vamos falar da banda do incansável Peter Tägtgren. O que esse cara já criou em nome do Hipocrisy é fora de série, e com seus projetos mais ainda, isso sem contar os discos que produziu em seu famoso estúdio, “The Abyss”. “Penetralia” marca a entrada da banda no circuito, um pouco mais tardia que as outras, porém o que se ouve aqui é de extrema importância e de grande relevância. A sonoridade do Hipocrisy se baseia em algo mais extremo do que as outras bandas, principalmente os vocais, mais guturais. Dentre os destaques, há “Impotent God”, “Jesus Fall”, “Left to Rot” e “To Escape is to Die”, recheadas de peso e velocidade, guiadas pelos riffs marcantes e vocais pútridos. Mais tarde o Hipocrisy iria adentrar numa temática voltada a alienígenas e abrandando um pouco o som, porém nunca perdendo suas raízes. Unleashed “Shadows in the Deep” 1992 Talvez menos reconhecida do que as demais, o Unleashed teve papel fundamental ao assentar a primeira pedra na construção do Death sueco, através de seu líder, Johnny Hedlund. Diferente das demais, o Unleashed prima em utilizar uma temática voltada à mitologia nórdica e à cultura viking, afinal, nada mais justo por se tratar de uma banda vinda da Suécia, assim como o Amon Amarth. Composto por dez faixas, incluindo aí o cover para “Countess Bathory”, do eterno Venom, “Shadows in the Deep”, segundo disco da banda, traz um som denso, pesado, recheado de guitarras rasgantes e cozinha pulsante. Uma de suas músicas viria a influenciar a criação de um nome atual da cena sueca, o Bloodbath, projeto que reúne/reuniu figuras importantes, inclusive Peter Tägtgren e Mikael Åkerfeldt do Opeth. De se ressaltar a faixa que abre o petardo, “The Final Silence”, um verdadeiro arrasa-quarteirão que acaba com qualquer silêncio! At the Gates “Slaughter of the Soul” 1995 Já na metade dos anos 90, quando as coisas começaram a dar uma esfriada, surge o At the Gates, mesclando a brutalidade de outrora com doses cada vez mais maciças de melodia, criando então o que seria o “Gothenburg Sound”, que anos depois viria a se tornar super popularizado. Na verdade, este álbum soa como um divisor de águas, onde mantém a brutalidade desenvolvida no começo da década, mas insere um novo gás na cena, impulsionando assim a criação de diversas outras bandas. O disco em sim é de uma obra de arte, dividida em onze partes de igual teor metálico, destacando “Blinded by Fear”, “Under a Serpent Sun”, “Suicide Nation” e a faixa-título, verdadeiros arrasaquarteirões. Em sua formação estavam os hoje mundialmente conhecidos Tomas Lindberg (vocal), Anders Björler e Martin Larsson (guitarras), Jonas Björler (baixo) e Adrian Erlandsson (bateria), que nesse meio tempo participaram/participam de diversas bandas de renome.

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LIVE SHIT JUDAS PRIEST / WHITESNAKE Citibank Hall - Rio de Janeiro - RJ 11/09/11 Por: Augusto Hunter Foto(s): Augusto Hunter Janeiro recebeu a Em um chuvoso domingo o Rio de última turnê pré“Epitaph Tour”, que promete ser a abertura de ninaposentadoria do Judas Priest, comda conterrânea do guém menos que o Whitesnake, ban envolvendo a saíJudas. Mesmo com toda a confusãoning do Judas, em da do clássico guitarrista K.K Dow Faulkner, o estado abril, e a entrada no novato Ritchie to, que prometia esperava ansiosamente pelo concer teza, foi. ser uma noite única e que, com cer al escolhido para a No caminho para o Citibank Hall, loc bastante gente sainrealização do evento, consegui ver direção ao local, o do de vários pontos da cidade em sante, uma estranha que começou a dar um ar até interes Chegando ao local sensação de “dejá vu”, mas assim fui. fãs se divertindo e de já se viam grandes filas formadas d o concerto. nto me mo o e ent esperando ansiosam essa parte, a à noite. Como, infelizmente, não virar na casa, feir ta sex na o rad alte foi a ram nog ent O cro esperei um bocado para conseguir das 20h fomos ta acabei chegando cedo demais, então vol por , Fun For e enviado pela Tim mas como foi prometido no e-mail bem recebidos pela produção do evento assim me ito mu que não aprovo, liberados para entrar, sendo coisa que, particularmente, é algo sei com muitos – k ban Citi do VIP ta Pis à i gue che pareceu uma coisa até justa; conver mas tenho que dizer que dessa vez pista simples e não ouvi maiores reclamações de fãs depois do show que estavam na ois de um tempo, os portões foram abertos e a casa distância ou outras dificuldades. Dep aços vazios. Dez minutos e as luzes começaram a começando e o praticamente lotou, tendo poucos esp The Who e, pronto, o evento estava do ” tion era Gen y “M s PA’ nos e cair tes. Whitesnake viria ao palco em instan iu Não deu outra, a veterana banda sub u stro mo e ao palco com muita energia ito o motivo de até hoje estar ativa e mu id Dav n, tma bem, obrigado. O seu fron cuCoverdale, veio cantando muito, exe da ban da s tando com maestria clássico émcom algumas novas músicas do reccanas as lançado “Forevermore”. Tod ale, ções muito bem tocadas e Coverd ito, mu tou can em noite inspiradíssima, The canções como “Is This Love”, “In siclás ros out Still Of The Night”, entre co cos, misturadas com músicas do dis os sol uns alg novo fizeram um set lindo, ta (como sempre se tem...); o do bateris seu de po tem foi incrível, em um bom 52


solo, ele o executou com as mãos, incrível e até animalesca – foi muitode forma legal de ter visto isso. Chegando próximo do final do set da um momento lindo, Coverdale veio banda, à frente do palco e, em um ato solo, ele can levou uma boa parte do público pre tou e emoção com “Soldiers Of Fortune” sente a as clássicas músicas do Deep Pure depois ple (da época em bringer, em forma de medley. Um bel que ele era frontman da banda), Burn e Stormcoisa que não tirou todo o brilho daq o show, mas ainda faltou “Fool For Your Loving”, uela apresentação, mas ficaram dev endo essa. Término de show do Deep Purple, é deparei com um belo pano de frenteo tempo padrão de ir ao banheiro e quando voltei, me escondendo o palco do Judas Prie de palco, escrito EPITAPH em vermelho e amarelo, st. Esse pano ficou lindo, já que foi nele e tínhamos a impressão de o pan jogada uma luz para o show do Judas somente aum o estar brilhando. Pronto, com isso as expectativas começou o show. E posso falar com entaram e quando a luz foi se apagando, também segundos depois de a música já ter o eles começaram bem, com “Rapid Fire”. Alguns Priest no palco, começando a sua começado, caiu o pano e vimos os “coroas” do Judas primos direitinho com o nosso papaula de Heavy Metal e nós, respeitosos alunos, cumel cantando, aplaudindo e fazendo para a apresentação lendária. bastante barulho O Judas Priest fez naquela noite um Rob Halford em frente, tivemos um a viagem por todos os lançamentos da banda com set list incrível, eles tocaram música The Realms Of Death”, “Turbo Lover” s como “Beyond –, “Eletric Eye”, entre muitos outros – a qual, vale destacar, funciona muito bem ao vivo como uma pedra no público, fechan grandes clássicos. “Painkiller”, como sempre, caiu legal a destacar foi o palco da ban do com maestria a primeira parte do set. Uma coisa com imagens dos discos, de acordoda, com muitos efeitos de laser, pirotecnia e o telão com que a evolução da banda. Mais ing The Law” foi cantada pelo público uma vez, “BreakEye” e depois aquele barulho tão esp inteiro, empolgadíssimo. Na volta do bis, “Eletric entrou com sua Harley Davidson no erado invadiu o Citibank, um motor ligado e Halford moto ficou ali parada, imponente, palco para a execução de “Hell Bent For Leather” a como um 6º membro dessa grande sicos foram tocados e nos encaminh noite. Mais clásComing” foi linda em toda a sua exe amos para o final do show. “You Got Another Thing cantada por todos no local e com cução e finalizando o show “Living After Midnight”, do como eles se divertem, nos div um Judas Priest altamente descontraído, mostranimpossível de citar, mas posso dizeertindo em uma belíssima apresentação. Ponto alto, Faulkner fez muito bem seu trabalho, r que Ritchie deixou a desejar em palco, tocou muo garoto não tudo direitinho e ainda cativou o púb ito bem, fez lico de uma maneira incrível. Belíssima noite, inesquecível em tod tos, uma pena ver o Judas Priest paros os âmbiposso divagar por um momento com ando, mas pero que eles ainda voltem, pois me vocês? Eso Ritchie Faulkner deu um gás a mapareceu que Espero, sinceramente, que sim, mais à banda. s isso somente o futuro poderá nos dizer. Augusto Hunter

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LIVE SHIT BELPHEGOR / RAGNAROK Club Mackenzie - Rio de Janeiro - RJ 09/09/11 Por: Augusto Hunter

me levou ao Club Sexta feira à noite e meu caminho a o show do BelMackenzie, localizado no Méier, parw muito esperado phegor e Ragnarok. Esse foi um shoantes, o Belphegor pelo público carioca já que, anos i devido a alguns cancelou duas apresentações por aqu problemas ocorridos no tempo. re a festa “From Sem mais delongas, vamos falar sob festa em território Hell”, aquela que parece ser a única remo, organizada nacional especializada em som ext ção aos três anos pelo Dj – Terror. A festa de comemora sa apresentação de evento começou com a maravilhofano, trazendo ao dos Black Metallers do Impacto Pro es maravilhosas, palco velocidade, força e composiçõ a banda esquentou como Lucifer e Slaves Of Ilusions, dbang em todos o público, começando o famoso hea que ainda iríamos os cantos do local do evento pelo ois do Impacto encontrar naquela noite. Logo dep ized, banda que Profano, veio o Lacerated And Carbonco e não deixou dispensa apresentações, subiu ao pale merecerem tal dúvidas do motivo de eles levarem tador. Um curto título em todo o país, um show mapetardo oriundo descanso e veio o Enterro, outro clássico, direto, do Rio de Janeiro, um Black Metal ndes nomes da sem rodeios, nos remetendo aos grade um tal Black Noruega em sua ascensão dentro erro, que conta Metal no início dos 90. Esse é o Ent nas guitarras, um com Marcos Donida (ex- Matanza) taco, nesse caso, show completamente excelente. Des il, um frontman a maravilhosa atuação teatral de Nih uído de transimb como nenhum outro, muito bem o. s do Enterro, per feit mitir a dor, a misantropia das música da veio com mos o Ragnarok, da Noruega. A ban tive te noi da nal cio rna inte w ao palco sho iram No primeiro “Collectors OF The King” e eles sub comunicação um álb so ilho rav ma e mo últi seu a o, um a turnê de Janeiro seu som, tudo muito per feit empolgados, mostrando ao Rio de tudo o que tem de direito em um show deles: velocidade, com o público incrível, som bom e do vocalista com o público. Aí chegou a hora do Sr. Helltécnica mais que apurada, simpatia e mostrarem porque merecem tanta atenção e não deu muth e sua trupe invadirem o palcomúsicas como “Lucifer Incestus”, “Blood Magick Necrooutra; em um set list per feito, com da simplesmente destruiu, foi um show arrasador e eles mance”, entre outros clássicos, a banTive a chance de conversar com as bandas, que recebiam fecharam aquela noite com maestria. simpatia, principalmente, o Ragnarok que tratavam seus seus fãs com carinho e esbanjando ditável. admiradores com um carinho inacre rível. Que tenque fez dele algo simplesmente inc nto eve do ão zaç ani org a a tod Parabenizo o próprio Terror, teremos. hamos mais shows e, de acordo com

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BLIND GUARDIAN Via Funchal - São Paulo - SP 09/09/11 Por: Cupim Lombardi Foto(s): Fernanda Lira

LIVE SHIT

Esperar por gigantes dentr expectativa de mais um ex o do metal sempre gera a bilidade de uma decepção celente show ou da possidentro de tantos clássicojá que um ou outro álbum, Mais uma vez os alemães s, não te agradou tanto. um show impecável com do Blind Guardian fizeram set list bem variável e com algumas surpresas. A abertura da noite ficou a cargo dos paulistas de Franca chamados Brotherh logísticas (morar no interi ood que, por questões nas na última música, po or), consegui entrar apeum bom show, dando co rém o comentário foi de sível “Majesty”, do primeiro acontecendo nos shows, nta do recado. Como vem talions of Fear” para emoçãoregistro da banda “Batintrodução de “Sacred Woràs 22h em ponto iniciou a foi uma surpresa esta sequ de muitos. Para mim Edge of Time” e os “Bard ds” do último álbum “The não parou aí: foi anunciada a ência no set list, pois felicidade de todos. Paraos” entraram no palco para There was Silence” e seus obra prima “And Then rava para a noite emenda mostrar o que nos espe- para fecharem esta primeira magistrais 13 minutos pa ram com a clássica “Wel- A ba come to Dying” e, sem tem nda voltou logo na sequ rte do show. ência com mais uma po pa ra res pir ar (apenas do último álbum cham com a explicação do qu ad a “W e he se el of Time” qu tra tav a a música), é uma pegada muito anunciada “Nightfall” para interessante com elementoe tem tod os ca nta rem juntos. A nda não usados pela ba s aimúsica “Fly” veio na sequ nda nu nas mãos de Hansi Kürsc ência e o público já estava que lembram algo árabe. Para ma mistura com sons h & Cia. O baterista Frede ik Ehme, que faz sua segu r- branco, tinham que tocar “Thenão deixar passar em nd Bard’s Song – In the a tur nê co m a banda, Forest” para todos, tod estava numa noite fenom os me en sm al o, cantarem jun (ap es ar de ter achado Fecharam o show co o som da bateria um pouc mo vêm fazendo desde a tos. o ba ixo ) e mu ito à vontade do Nighfall, em 1998 turnê para executar mais uma clá , tocando in the Midlle-Earth”, “Tim ssica do álbum “Nightfall não deixar dúvida de que cláss “Mirror Mirror” para Hill)” e a sempre presente e Stands Still (at the Iron O som, como sempre, no Via ico é clássico e ponto! da banda “Bright Eyes” qu e essencial nos concertos bom, porém, fiquei um pouc Funchal estava muito o im e, para surpresa de todos ber qu foi a única música do álbum , e haviam colocado Pista pressionado ao sa“Im Vip dentro de uma ag ina tio ns From the casa de show, fato até Other Side”. Hansi buscav en tão de a sc se onhecido por mp re int era gir com o (talvez por inocência) público e na maioria das . Porém, como disse, clá mim mú sic as ex pli ca va ssico algo so- é clássico e Blind Guard bre ela ou testava o conh ian tais. Foi quando ele anun ecimento do público sobre gigantes e clássicos do Metalsempre estará entre os . tiga da banda “Traveler inciou mais uma da fase anTim e” do ac lam ado “Tales from the Twilight World”. A sempre ótima presença André Olbrich e de Marcu de palco dos guitarristas mais atraente tantos para s Siepen tornam o show novos fans, pois a execuç os velhos como para os ão das músicas estava im pecável. Mais uma nova mú “Tanelorn (Into the Void) sica, a muito bem aceita sempre uníssona “Lord ” e a primeira acústica, a of the Rings” antecipou sequência avassaladora co a sempre sendo repetido ex m “Valhalla” e seu refrão música pelo público presenaustivas vezes ao final da em todo show após o lança te (acontecido já clássico tions Trough the Looking mento do DVD “Imaginaque ecoou entre as pared Glass”). Após um pedido atendeu e tocou a que todes do Via Funchal a banda os já consideram impos55


LIVE SHIT ROCK IN RIO Rio de Janeiro - RJ 25/09/11 Por: Marcelo Val Foto(s): Fotos colhidas nos sites do Rock In Rio e Metallica Remains

volEssa edição do festival, finalmente de u com ta à cidade que o nomeia, começo co, elen do to grandes reclamações a respei nem é mas apesar do nome, o festival não nem nunca foi exclusivamente rock. Aliás, te uen freq is ma é, exclusivamente Rio ele em suas franquias européias. dos O transporte para o evento era um com maiores pontos de preocupação, moe lico púb ao s grandes aborrecimento ura feit Pre da radores da região. A “ajuda” nte lme com seu “esquema de trânsito” rea se mostrou essencial. Ao caos. w do Cheguei ao local no final do sho parte boa di Matanza, elogiadíssimo, e per chduí do show do Korzus na fila para san osa, es e bebidas em uma lanchonete fam ia no que deu um show de incompetênc minutos! atendimento, com uma demora de 40 sico Mad Butcher do Declás ao ão da banda diç ren a ótim a uei peg s ma , zus Perdi uma parte do Kor e baixos, especialmente, pelo som ridí s alto e tev w sho O r. mie Sch io dár nedys no hino punk struction, tendo à frente o len pações de East Ray Bay do Dead Ken tici par com tou con e da ban à Tendencies do culo destina Até Morrer”, Mike Clark do Suicidal ber “Be do tan can do Gor o Joã s”, errou Alle “California Uber s próprias, como “Correria”, que enc sica mú bém tam e d”, Hea My ide Ins representado por “War insuficiente para ata apresentação. aceitável, mas devido à capacidade ado est um em ava est ão, ent até – encharcada O banheiro, a tal grama artificial – ideia de jerico com só, cie ndí imu a um u fico o iar de log a ender à demand bém. As filas para quem queria se aliv tam lico púb do te par de ão noç o de a de urina, culpa da falt o mictório gigante até escoava bem so, dis sar Ape . das ora dem bem m entação e os banforma mais “sólida” parecia um pequeno lago fétido. E se a alim sse vira e sse upi ent pre sem se qua a povo, embor de superlotação... judicou heiros estão com acesso difícil, sinal um som pavoroso, embolado, e pre eço com o de des va nta ese apr . do, O show do Angra, lota toda sorte de comentários e polêmicas com i, sch Fala Edu ta alis voc o l, ecia ros técnicos através bastante a banda e, em esp nico desesperado gritando com out téc o vi , som de sa me da to per do – consta Estando bem rna), e até abandonar a mesa, revolta inte ão caç uni com a par e fon cro almente (mi de um intercom s esse dia. A banda seguiu profission apó a itid dem a tod foi or set o pel el suas que a equipe responsáv é querida pelo público que cantou nto qua o ndo stra mo , fãs os gou presença da cantora sua apresentação e empol io da apresentação, que ainda teve a me o pel rar lho me a gou che som Heights”, que a O músicas. re elas a pentelhíssima “Wuthering ent s, çõe can três em h) wis ght -Ni de Edu, ao Tarja Turunen (ex relação à polêmica envolvendo a voz Em . ar” scit ssu “re de ção era mas sid banda teve a descon parecia apenas estar num dia ruim, to, jun do tan can lico púb e som de sando por problemas vivo, encoberto pelas falhas , quando o cantor assumiu estar pas ois dep s dia uns alg a ost exp foi de a realida

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nas cordas vocais, se desculpando e planejando um hiato na carreira para se tratar. Boa sorte em sua recuperação! O show do Sepultura vinha a seguir, mas o cansaço e a fome falaram mais alto. Com o Palco Sunset intrafegável, as lanchonetes superlotadas e o banheiro, uma calamidade, resolvi perder o show, me dirigindo ao outro lado da “cidade”, onde ainda estava tudo muito mais fácil. O Glória logo começou seu show, com um som alto, claro e pesado em toda a extensão do evento, inclusive nos arredores do Palco Sunset, atrapalhando o atrasado show do Sepultura, segundo amigos. Relatos me dão conta de que o show do Sepultura foi ótimo. Enquanto comia e descansava um pouco, via o Glória se esmerar em uma apresentação boa; não conhecia e ainda não ouvi nada deles com calma, mas não vi nada de errado no som dos caras, talvez o visual meio “emo” leve a essa rejeição de parte do público. O Coheed and Cambria fez um bom show para um público apático, que desconhecia seu som, capitaneados pela figura um tanto bizarra do guitarrista e vocalista Claudio Sanchez. O único momento em que o público se empolgou foi durante o cover de “The Trooper”. Hora de Lemmy & Cia. adentrarem o palco; “Nós somos o Motorhead e tocamos Rock´n´roll”. Foi assim que a lenda viva introduziu sua trupe ao público, que rugiu de volta. Não a melhor apresentação que vi da banda, mas ainda que “Iron Fist” tenha tido uma execução mais lenta e que o som tenha tido diversas falhas técnicas, o Motorhead deu uma aula a todos os presentes, incluindo as outras bandas. Foi um alívio, de certa forma, escutar ali músicas como “Stay Clean”, “Metropolis”, “Ace of Spades” e “Overkill”. Pena que a reação do público à banda tenha sido um pouco fria, pelo que percebi de onde estava. O Slipknot nunca me interessou e aproveitei sua apresentação para descansar e comer algo. Ao longe escutei a apresentação da banda, que teve o público nas mãos e foi uma das mais comentadas de todo o evento. Assistindo aos vídeos do show, vi uma performance cativante, com direito até a Stage Dive praticado por um dos integrantes da banda, direto no público. Expedientes como a bateria se elevar, máscaras e fogos de artifício são clichês do rock, mas talvez seja a banda que melhor os sintetiza na atualidade; apesar disso, a música me soa tediosa e não me arrependi de ter perdido o show. Mas para quem curte, fiz-

eram valer o ingresso. Metallica. Esse é o nome de uma das instituições do metal e, falem bem ou falem mal, façam o que fizerem, quando a banda sobe em um palco, destrói. Eu nem precisaria falar mais nada, mas digo: não são muitas bandas que realmente empolgam após quase 12 horas em um evento superlotado, mas o Metallica empolgou e marcou seu nome no evento, em sua primeira apresentação carioca em 12 anos. O set passou a limpo toda sua carreira, à exceção do polêmico “St Anger”. Começando com “Creeping Death”, uma coleção de clássicos como “Ride The Lightning”, “Whiplash”, “Master of Puppets” e outras, junto com pérolas esquecidas como “Blackned”, forneceram o combustível que parecia ter acabado há horas... As baladas marcaram presença, como em “Welcome Home (Sanitarium)”, “Nothing Else Matters”, e a obra-prima “Fade To Black”, que ganhou um momento “fail” quando James se esqueceu de ligar a distorção da guitarra. E ganhou a simpatia de todos quando se sacaneou ao final da música, repetindo o erro. A banda tocou 18 músicas, em mais de duas horas de show. No final, pés e costas doendo, só restou usar as últimas forças para chegar ao ônibus e enfrentar a longa viagem de volta. E nada falo a respeito de roda gigante, montanha russa, tirolesa... As filas eram tão grandes que afugentavam só de olhar. Para finalizar, uma sugestão aos organizadores: Que tal nas próximas edições tentar começar algumas horas mais cedo, pelo menos nos domingos?

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L A T E M E D A D I N A INS Budapeste - Hungria

Insanidade Metal – A Rock Eurotrip Mälmo - Suécia Em Mälmo, conhecemos alguns pub s, dentre eles um chamado The Bishop Arms, no mai s autêntico estilo britânico. Aliás, mesmo em Londres alguns dias depois, o pub inglês mais tradicional que visi tamos foi esse, mas com muito Metal rolando no som , não muito alto, mas dando um “tempero” muito lega l à noite. Pena que os bares fecham bem cedo por lá, infe lizmente. Conhecemos também algumas lojas legais, como a Folk Rock. Londres - Inglaterra Infelizmente, não pegamos o festival “High Voltage”, que aconteceria em alguns dias. Car tazes do evento no metrô chegavam quase a me dar torc icolo quando eu passava. Já no primeiro dia na cidade, dei de cara com uma casinha preta com um demônio pen durado na porta. Tratava-se de um pub muito louco de rock chamado The Intrepid Fox. Rock rolando, uma vari edade incrível de cervejas e bebidas e uma decoração repleta de objetos como caixões, caveiras e esqueletos, pôsteres de bandas e objetos relacionados ao mundo do rock garantiram a diversão e boas risadas. Saím os para explorar mais um pouco e, logo mais adiante, uma sucessão de lojas de instrumentos fazia meu bolso coçar; por sorte estavam fechadas, salvando minhas libras da degola. Adiante, avistamos outro pub chamado Crowbar, segundo relatos de conhecidos , uma preferência de artistas como Slash, em Londres . Na verdade, um pé-sujo meio escuro, com uma juke box rolando metal a pleno volume, meio abafado – o povo europeu tem uma predileção pelo calor, em funç ão dos rigorosos invernos. Não ficamos muito tempo e encontramos o clube Boderline, onde rolam shows de bandas pequenas e médias e festas. A pequena fila na porta nos deixou com certa desconfiança, mas aca bamos entrando. A princípio meio vazia e com o povo meio tímido, um brasileiro tinha que ser o cara que foi para o meio da pista zoar. Logo a pista encheu e algu mas pessoas que vinham conversar eram muito receptiv as quando falávamos que viemos do Brasil – Rock In Rio foi um tema recorrente, inexplicavelmente, já que eles têm tantos festivais. Realmente, como me foi dito diversas vezes durante a viagem, o metal une nações .

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Fomos a Budapeste para pegar o show dos Scorpions resenhado na edição 4 da revista. Não tivemos muito contato com a vida roqueira da cidade além do evento, mas achamos um pub de rock por lá, o Rocktagon, que estava bem caído e não nos animou. Sweden Rock Fest Depois disso, “Sweden Rock Festival”, já devidamente resenhado, também na edição 4. Acabado o festival, no aeroporto rumo ao Brasil, ao pedir informações a um funcionário a respeito do check in, ele nos pergunta animadamente como foi o festival e me relata que mora bem perto do guitarrista do Mercyful Fate, Hank Shermann, e que pelo que o próprio lhe disse, é possível um novo lançamento da banda em breve. Realmente, o metal une nações. Por Marcelo Val.


momento wtf É hora de RIR! Literalmente! Claro, afi é melhor rir da desgraça do que ch nal, orar, não é mesmo?

isso porque o Brasil é um país que se orgulha de não ser preconceituoso. Certo, agora mande esse político tapado deixar o cabelo crescer, colocar uma camiseta de banda e tentar arrumar um emprego comum em algum estabelecimento entregando currículos feito um Mais um ano de Rock In Rio se pas idiota para ele ver se sou e, com certeza, não existe preconceito no Brasil. E quanto não vamos esquecer o RIR de 201 1 tão cedo. Primeiro, ao nome? Rock In Rio? Será que ele é mesmo apropria porque até agora certos canais estã do? Muita coisa que o reprisando – em alse apresentou ali não era rock, muito guns casos, o dia inteiro, o dia inte menos metal. Sem fairo... E, em segundo lar que outra mocinha também resolveu lugar, o evento foi marcado por “pérola mostrar o quanto s” tão vergonhosas ela é inteligente, nos chamando de nazista que realmente não há como não rir – e, claro, essas pérolas s elitistas metidos a superiores porque conhecemo ficaram a cargo do próprio país anfi s Metallica. Se fosse trião. Guns N’ Roses? uma banda underground de NSBM Slipknot? Não, nada a reclamar dele eu até ficava quieto, s e de nenhuma outra mas poxa, Metallica?! Até a minha avó banda estrangeira, até porque pelo que conhec eu acompanhei, to- Os incomodados que se retirem, não é verd e Metallica! das elas tiveram um desempenho exe ade mplar. Refiro-me à ser no Brasil mesmo para permitir essa mis ? Tinha que cobertura da mídia, a certos políticos e certos artistas que talm tura sonora toente absurda. Afinal de contas, teoricam não estavam em sua “arena”, nem sendo avaliados pelo ente é um festival de rock e metal, caramba! Os nos seu tipo de público “padrão” e, mes sos organizadores mo assim, tentaram prec isam urgentemente dar um passadinha se impor e comandar o evento com o se fosse mais uma na Alemanha e assistirem um Wacken Open Air para daquelas apresentações pueris ond aprenderem como e músicas simplórias se faz um festival de metal e rock de são cantadas para aquela maioria esm verdade. É curiosa a agadora de gente de qua ntidade de lixo que toca em um fest mente curta. Garanto-te que a péssim ival dedicado ao a apresentação do Roc k e ao Metal, mas por acaso você vê Angra foi o menor dos problemas do Rock ou Metal evento. Começando toca ndo no carnaval, por exemplo? Pois pela cobertura da mídia sobre o evento, é, acho que não inclusive da mesma prec iso mais entrar em detalhes sobre ess emissora de onde certo jornalista, em es fiascos, pois outra ocasião, havia afin al você, assim como eu, deve ter assistid chamado os headbangers de sujos e violentos durante a o ao RIR 2011 o suficiente por uma vida inteira graç tragédia no show do Damage Plan, em as às reprises, e RIR é 2004, que terminou mes mo necessário para não chorar. E voc na morte do guitarrista Dimebag Dar ê que ainda está rell. A mesma emis- pen sando em marcar presença em outr sora não perdeu novamente a oportun o futuro Rock In idade de mostrar sua Rio, tome cuidado! No próximo você total incapacidade e ignorância em esc pode se deparar com rever sobre o gêne- o dia do funk e do pancadão, mostran ro musical, isso pode ser notado faci do da forma mais lmente pela palavra pur a e refinada a cultura de esgoto do nos “metaleiro” dita a cada dois segundos so país, entoada durante a narração em refrões como “Chega de gracinha, que do evento. Claro, fora os tópicos sup a p.... da b..... é er interessantes no min ha”. Se mesmo assim você quiser ir site dessa mesma emissora com títul ao “Rock” In Rio, os como “Metaleiro não se esqueça de, no mínimo, tirar porte cuida do cabelo no Rock In Rio”. Sim de arma. , perderam tempo escrevendo sobre o cabelo do cara. Isso não é motivo o su- Por Yuri Azaghal. ficiente para ficar revoltado? Se não é, calma que tem mais. Certo senhor também agrediu o púb lico, chamando-os de “metaleiros drogados e maconhado s” após esse mesmo público desabafar uma justa indignação sobre a corrupção do nosso “amado” país. O engraçado é que ele não notou que não havia “metaleiros” lá, porque esse protesto ocorreu durante o show do Capital Inicial e, até aonde eu sei, Capital Inicial não é uma banda de metal. Pois é, de que adianta andar com terninho e gravata, de narizinho em pé por causa de status ou de cargo, se a pessoa é tão estúpida a ponto de não reparar em um deta lhe tão simples? Mas claro, quando não é a famosa emisso ra é outro. Até parece que eles iam perder a chance de nos criticar e mostrar sua raiva, intolerância e indignação pelo sim ples fato de existirmos e gostarmos de música diferent e e de outras coisas diferentes do que a maioria da pop ulação clone gosta –

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UPCOMING STORM CruCifixion BR

Old School do gênero em vez do Thrash modinha de sempre, sendo algo mais voltado ao Thrash com sonoridade mais extrema como Sodom e Kreator. Vale a pena dar uma conferida, principalmente se você é fã de Thrash de qualidade. Mais informações e amostras de faixas disponíveis em: http://www.myspace.com/ demolathrash

Ativa desde 1996, a banda gaúcha Crucifixion – agora Crucifixion BR – nos traz uma nova demo que seria uma amostra de seu álbum debut oficial, intitulado “War Against Christian Souls”. A demo contém três faixas que nos remetem aos primórdios do Black Metal em sua essência mais pura, gélida, nua e crua, influenciados pelas fases primárias do estilo, mantendo a ideia base das bandas veteranas. Em pouco mais de dez minutos, as três faixas nos mostram uma sonoridade original, porém, com ritmo inovador e uma excelente produção e mixagem. Ouça a demo e você, assim como eu, ficará ansioso pelo álbum. Mais informações e amostras de faixas disponíveis em: http://www.myspace. com/crucifixionbr

Homicide Remains

Demolator

Diva

Banda de Death Metal Brutal de Buenos Aires formada, em 2009, tendo como repertório no momento apenas uma demo promocional, de 2010, contendo três faixas e aproximadamente dez minutos de brutalidade. Foi uma análise rápida, mas tudo indica que esse pessoal tem um ótimo trabalho a oferecer. Eis aqui um pequeno espaço dedicado a promover o trabalho de nossos hermanos que andam mandando muito bem – pelo menos até agora com a sua demo de estreia. Mais informações e amostra de faixas disponíveis em: http://www.myspace.com/ homicideremainsarg HellArise

Banda colombiana de Thrash Metal formada, em 2008, na cidade de Bogotá. A banda, no momento, possui dois EPs em seu repertório, “Demencial”, de 2009, e o mais recente desse ano, intitulado “Niños De Guerra”. O som da banda é algo realmente bom, baseado em bandas

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São Paulo pode até ser algo normal, mas esse não é mesmo o caso do HellArise. Completamente composta por mulheres com o peso correndo nas veias e com uma qualidade sonora incrível, a banda vem com a sua demo com quatro ótimas canções e tenho certeza que ela ainda irá mexer muito com o underground brasileiro. Ouçam e valorizem o HellArise, qualidade é o termo mais adequado a essas meninas From Hell! Mais informações e amostras de faixas disponíveis em: http://www.hellarise.com/

Uma banda de Melodic Death Metal de

Desde seu surgimento, em 2010, a banda composta por Angélica Burns (Scatha), Pedro Vianna, Eduardo Seabra e Bráulio Azambuja vem chamando a atenção de muitos no cenário underground do Rio de Janeiro, vindo a culminar com sua participação na seletiva Wacken Metal Battle desse ano, fazendo uma bela apresentação. Com dois EP´s lançados, “WarsaW” e “World´s Collapse”, essa banda vem prometendo sacudir ainda mais o país inteiro e nós estamos de olho! Death Metal de qualidade – para quem curte Death e afins é um prato lotado –, técnica e bom gosto não faltam em suas composições. Ouçam Diva, tenho certeza que não se arrependerão. Mais informações e amostras de faixas disponíveis em: https://www.facebook.com/divametal Por Yuri Azaghal & Augusto Hunter.


WISH LIST

RIVERSIDE “Reality Dream Trilogy”

OBTAINED ENSLAVMENT “Centuries Of Sorrow/Demos”

Os poloneses do Riverside decidiram que 2011 seria um ano de grandes lançamentos. A banda já havia lançado o EP “Memories In My Head” e, algum tempo depois, lançaram oficialmente um novo box intitulado “Reality Dream Trilogy”. O box contém – obviamente – o álbum debut da banda, “Out Of Myself”, o EP “Voices In My Mind”, duas versões do álbum “Second Life Symdrome” e duas versões do álbum “Rapid Eye Moviment”. Esse pacote – lançado pela Mystic Production – rende mais de cinco horas de música, dando uma recapitulada eficaz no repertório da banda. Uma verdadeira arca do tesouro se você é fã da banda e curte os álbuns – pelo menos a maioria – contidos em “Reality Dream Trilogy”.

A já “falecida” grande banda de Black Metal Sinfônico da Noruega, Obtained Enslavment, que está encerrada desde 2000 resolve dar seu último suspiro, um presente post mortem para os fãs. Em março desse ano a gravadora The Crypt lançou uma compilação, ou melhor, um vinil duplo contendo o álbum debut da banda “Centuries Of Sorrow” (1994), além das raríssimas demos “Obtained Enslavment” (1992) e “The Crypt” (1993) – tudo em vinil. A conclusão é que o fato de a banda ter acabado há quase 12 anos, o material conter as demos raras e encartes incríveis, sem falar que “Centuries Of Sorrow” recebeu ótimas críticas e foi considerado um dos melhores álbuns da época, já faz esse material valer cada centavo. Indispensável para todo fã do gênero.

DREAM THEATER “Black Clouds & Silver Linings Deluxe Collector’s Edition Box Set” Para os fãs do Dream Theater há um enorme, digo enorme presente, mesmo. A Roadrunner Records é responsável pelo lançamento de mais um box da banda, mas não é um box qualquer. Ele virá com versões especiais em vinil do álbum “Black Clouds & Silver Linings”, encartes, arquivos raros de áudio, três CD’s contendo covers inéditos, um mouse pad, ilustrações de Hugh Syme – sendo que você pode ser uma das cem pessoas a dar a sorte de encontrar uma assinada – e também você pode conseguir um encontro com a banda caso consiga achar o bilhete prateado no seu box. Está cerca de US$ 132,00 – mais ou menos R$250,00 –, além de ser um item extremamente limitado. Portanto, se pretende comprar, compre o mais depressa possível. Por Yuri Azaghal.

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Por Fabiano dos Santos (Nubius Pendragon)

o n r e f n i o d o h n u rasc

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M A R C U P I M L OM B A R D I E L R A C H E L MOSS O V A LUIZ RIBEIRO

H U M M YURI AZAGHAL A N I I G C G O O N AUGUSTO HUNTER R S L S FERNANDA CUNHA C I H T E E R E R

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