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T o d a p e l e m o r t a artifici almente produzid a e de um r o s a n e o n vibrante f a z brotar espinhos de um vermelho violento raivoso selvagem e liberto.
MEU NOME NÃO É MORENA, GOSTOSA, GATINHA, EI PSIU, ANJO, BEBÊ, DOCINHO. EU NÃO SOU UMA MÁQUINA DE FAZER SEXO, UM PEDAÇO DE MAU CAMINHO, DA COR DO PECADO, UM PAR DE PERNAS. EU NÃO SOU QUENTE, EXÓTICA, MULATA, SEU AMOR, SUA VADIA, BOA DE CAMA, SAFADA, RAIVOSA, BRAVA, LOUCA, VULGAR, BRUTA, BURRA, ABUSADA, ATREVIDA, ESTÚPIDA, IMPACIENTE, LASCIVA. EU NÃO SOU SUA BABÁ, COZINHEIRA, MUCAMA, EMPREGADA, OBJETO SEXUAL, PUTA, DISPONÍVEL. EU NÃO SOU BOCA, CINTURA, PEITOS, CABELO. EU NÃO SOU BUNDA. EU NÃO SOU SÓ E NÃO SOU SUA.
ecemroda oãn etion A serehlum sad sohlo son ,asson etnahlemes ,aemêf aul a aigiv atneta ailígiv me .airómem asson a ecemroda oãn etion A serehlum sad sohlo son onos euq sohlo siam áh sasnepsus samirgál edno ospal o malugriv .saçnarbmel sadahlom sasson ed ecemroda oãn etion A serehlum sad sohlo son satreba sanigav adiv a maslupxe e mêter selebmagN ,sagnizN ,sániA ednod saul saninem sartuo e són ed e saled matsafa .samirgál ed secilác sosson so árecemroda oãn etion A saemêf sad sohlo son siamaj rehlum-eugnas osson od siop oçidarbmel odiuqíl osson ed arroj euq atog adac me ocinôt e levísivni oif mu .eder a esoc etnemetneicap otsiravE oãçiecnoC
A noite não adormece nos olhos das mulheres a lua fêmea, semelhante nossa, em vigília atenta vigia a nossa memória. A noite não adormece nos olhos das mulheres há mais olhos que sono onde lágrimas suspensas virgulam o lapso de nossas molhadas lembranças. A noite não adormece nos olhos das mulheres vaginas abertas retêm e expulsam a vida donde Ainás, Nzingas, Ngambeles e outras meninas luas afastam delas e de nós os nossos cálices de lágrimas. A noite não adormecerá jamais nos olhos das fêmeas pois do nosso sangue-mulher de nosso líquido lembradiço em cada gota que jorra um fio invisível e tônico pacientemente cose a rede. Conceição Evaristo
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