Jornal da PUC-Campinas Edição 085

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Informativo quinzenal da Pontifícia Universidade Católica de Campinas

Ano V - Número 85

27 de abril a 10 de maio/2009

www.puc-campinas.edu.br

Abaixe o volume!

Fotos: Ricardo Lima

MURAL

Recorrer ao fone de ouvido do mp3 e do celular para fugir da poluição sonora ou buscar concentração já virou mania. Não é difícil encontrar alguém conectado ao fone andando pelas ruas, pelos campi da Universidade, em ônibus e até mesmo em bibliotecas. O que muita gente não sabe, ou ignora, é que, dependendo do volume, ficar muito tempo com os fones de ouvido pode ser tão prejudicial quanto ficar exposto aos ruídos dos ambientes. “O problema é que as pessoas que usam os fones costumam ouvir as músicas com um volume maior do que os ruídos externos, com o objetivo de anulá-los”, disse a diretora da Faculdade de Fonoaudiologia

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Cidadania na prática Dezessete instituições de Campinas, entre elas a PUCCampinas, realizam, no dia 9 de maio, a 3ª Ação Cidadã. O evento constitui uma série de atividades voltadas para atender às demandas da comunidade dos bairros Vila Castelo Branco, Vila Padre Manoel da Nóbrega, Parque dos Eucalípitos, Jardim Londres e Jardim Garcia. A par-

Diversos clássicos da literatura, como O Cortiço e Brás, Bexiga e Barra Funda, agora podem ser encontrados em formato de histórias em quadrinho. Com ilustrações que remetem à época das histórias, os desenhos facilitam a compreensão dos leitores. O ilustrador e roteirista Bira Dantas (autorretrato), de Campinas, foi responsável por fazer as ilustrações e o roteiro dos livros Memórias de um Sargento de Milícias Página 08 e Dom Quixote.

da PUC-Campinas, Mariene Terume Umeoka Hidaka. A estudante de Enfermagem Gabriela Oliveira (foto), uma dependente assumida dos fones de ouvido, aceitou o convite do Jornal da PUC-campinas para fazer uma avaliação auditiva na Clínica da Faculdade de Fonoaudiologia. No dia 29 de abril, ocorre o 14º Dia Internacional da Conscientização do Ruído. Neste dia, serão 60 segundos de silêncio, entre 14h25 e 14h26, para destacar o impacto do ruído nas nossas vidas cotidianas.

ticipação da Universidade será por meio de projetos ligados à Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (PROEXT), alguns deles já em desenvolvimento na região conhecida pela Universidade como Núcleo Territorial de Extensão Guadalupe. No dia, são esperadas 2 mil pessoas. Página 06

Sem fronteiras Sete estrangeiros – cinco do Cabo Verde, um da Repúblia do Congo e outro do Equador – cursam a graduação, gratuitamente, na PUC-Campinas. Eles fazem parte do Programa de Estudante-Convênio de Graduação (PEC-G), administrado pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE) em parceria com o Ministério da Educação (MEC). A Universidade apoia e é parceira desse programa desde 2001. Desde então, 11 estrangeiros já se formaram pela Instituição. Página 05

Entrevista DIA DO TRABALHADOR - Nesta edição, o Jornal da PUC-Campinas traz uma entrevista com o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique da Silva Santos (foto), sociólogo formado pela Universidade. A entrevista foi feita por cinco professores da Instituição: Pedro Rocha Lemos, diretor da Faculdade de Ciências Sociais, Artur Vitorino, da Faculdade de História, Cristina Hoffmann, da Faculdade de Página 04 Direito, Eliane Rosandiski, da Faculdade de Ciências Econômicas, e Carlos Gilberto Roldão, da Faculdade de Jornalismo.


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Jornal da PUC-Campinas

Editorial

Trabalhador: artífice ou adestrado?

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ransformar o 1° de maio em dia de festa pode fazer-nos esquecer que o trabalho humano dá-se sempre em uma situação histórica específica. Reflete os valores, as formas de relação social e de poder vigentes na sociedade. Esse “esquecimento” transforma o trabalho numa categoria abstrata a ser glorificada como expressão da grandeza e dignidade humanas, ou como castigo, deixando à sombra até mesmo as razões históricas da comemoração. Poucos nos lembramos dos mártires de Chicago, levados à forca quando, ao longo de uma greve, buscavam a redução da jornada de trabalho para oito horas diárias. Ou, talvez, nos lembremos por vivermos situação semelhante. Ouvi de um empregado em vigilância uma frase que diz mais que muitas análises: “é assim, com 35 anos a gente é velho para trabalhar e novo para se aposentar”. O tom angustiado expressava a situação de um homem que, prestes a ser demitido, pensava em como alimentar seus filhos. Já em 1995, Jeremy Rifkin escrevia um livro-referência, “O fim dos empregos”. Dizia que a amarga experiência dos trabalhadores negros e operários nas indústrias tradicionais ao longo dos últimos 75 anos era prenúncio do que estava por vir. Punha ênfase no desenvolvimento tecnológico, criador do que denominava de “máquinas inteligentes”. Não ignorava a distância entre a linguagem dos relatórios oficiais – finalmente estamos livres da opressão física e das consequências ambientais da sociedade industrial – e a história “esquecida” de vidas perdidas e sonhos abandonados, mencionada apenas incidentalmente como dado estatístico. Possivelmente, seja esse o único ponto em comum com a Chicago que mencionamos. Parece diluirse cada vez mais e de modo mais intenso e profundo o sentido de luta

coletiva, de unidade de destino, geradora de formas de solidariedade humana efetiva. Capaz de conferir um sentido novo de humanidade, expresso nas relações sociais. A marca do “comerás o pão com o suor do teu rosto”, consequência direta da desobediência a Deus e fruto de uma leitura fundamentalista do livro do Gênesis, ainda constitui um substrato ideológico facilmente utilizável tanto para o consolo das vítimas quanto para a felicidade dos fruidores da riqueza que o trabalho produz. Tentemos ir além das análises sócio-históricas. O trabalho como criação, como produção humana, como arte. O trabalhador como artífice, criador do novo, daquilo que não era e passa a ser. Aquilo que Platão denominava a poiesis. Um novo que se acrescenta ao curso dos fenômenos naturais. Gramsci, pensador político, captou em profundidade essa dimensão. Falando dos mais humildes trabalhadores manuais chama a atenção para a existência de vida intelectual atenta e aguda, capaz de dobrar e plasmar a matéria criando formas novas. Mas, ele mesmo reconhecia que artífice e artista não se equivalem no jogo das trocas sociais que regem o desempenho e a experiência do trabalho. Um mundo marcado pela habilidade criativa (e criadora) do artesão e pelo adestramento mecânico do trabalhador industrial (repetitivo) está inscrito no trabalho: “pode ser mera fonte de sustento ou a parte mais significativa da vida interior de um ser humano; pode ser vivido como expiação ou como exuberante expressão da própria personalidade; como inelutável dever ou como desenvolvimento da natureza universal do homem” (Wright Mills). Padre Wilson Denadai Reitor da PUC-Campinas

Notas

Agenda

Faculdade de Artes Visuais expõe gravuras

Ricardo Lima

Ocorre até 8 de maio a mostra “JovemGráfica Goiana” da Faculdade de Artes Visuais, na nova Galeria, no Campus I. Participam da mostra 14 expositores, com 21 gravuras realizadas com variadas técnicas, entre serigrafias, litografias e gravuras em metal. O trabalho é feito por alunos e professores da Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás. A exposição pode ser vista de segunda a sexta-feira, das 13h às 17h e das 19h às 22h. A Galeria fica no pátio do prédio H-7.

Crise econômica mundial é tema de palestra A Faculdade de Ciências Econômicas realiza, no dia 28 de abril, a palestra “Crise Econômica Mundial”, ministrada pelo professor de Ciências Econômicas da Universidade de São Paulo (USP) e vice-presidente do Conselho Regional de Economia (CORECON-SP), Manuel Enriquez Garcia. Estão previstas as presenças do presidente do CORECON-SP, Antonio Luiz de Queiroz Silva, das faculdades de Ciências Econômicas da região de Campinas, além de representantes de diversas entidades, como a Associação Comercial e Industrial de Campinas (Acic) e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP-Campinas). O evento ocorre das 19h20 às 22h30, no Auditório Dom Gilberto, no Campus I.

Auditório da Biblioteca, no Campus II.

27/04 18h30 - Apresentação da Banda XTR, dentro da programação oficial anual de apresentações musicais do Projeto Inter´Arte, na Praça de Alimentação do CCHSA, no Campus I.

28 e 29/04 17h30 - 7ª Mostra de Cinema Inter´Arte 2009. Exibição do filme “Gandhi”. Na sala 900, prédio H-02, no Campus I.

01/05 Feriado Nacional – Dia do Trabalho.

02/05

Museu Universitário expõe cultura indígena O Museu Universitário da PUC-Campinas iniciou a exposição “Criações Indígenas”, na sala 238, no Campus Central. Entre as peças expostas estão objetos de cerâmica, trançados, adornos, instrumentos musicais e utensílios da cultura indígena do país. A exposição revela o intercâmbio cultural e as diferenças das regiões brasileiras. A mostra pode ser vista de terça a sexta-feira, das 14h às 17h, até o mês de dezembro. O Campus Central está localizado na Rua Marechal Deodoro, n° 1099, Centro.

Dia do Contabilista tem comemoração no dia 29 Em comemoração ao Dia do Contabilista, celebrado no dia 25 de abril, a Faculdade de Ciências Contábeis da PUC-Campinas realiza, no dia 29 deste mês, a palestra “O Brasil e a Crise do Século”. Os palestrantes serão Rodrigo Luz e Sérgio Bueno de Castro, ambos da XP Educação. O evento ocorre no Auditório Dom Gilberto, no Campus I, das 19h20 às 22h35. A organização é feita pelo diretor da Faculdade de Ciências Contábeis, José Vicente de Souza Filho, e pela XP Educação.

Recesso acadêmico e administrativo, exceto em atividades que não podem sofrer interrupção.

04/05 Data-limite para envio do elenco e horários das atividades de ensino nos cursos dos Programas de Pós-Graduação Stricto Sensu do 2º semestre à PROPESQ.

05/05 11h35 - 7ª Mostra de Cinema Inter´Arte 2009. Exibição do filme “A Liberdade é Azul”. No

06/05 11h35 - 7ª Mostra de Cinema Inter´Arte 2009. Exibição do filme “A Igualdade é Branca”. No Auditório da Biblioteca, no Campus II.

07/05 Reunião das câmaras e comissão do CONSUN.

11 a 14/05 19h20 às 22h35 – Projeto Calouríada 2009. Nos espaços físicos da Faculdade de Educação Física (FAEFI), no Campus I.

12/05 9h às 12h e 19h às 22h – Mesa redonda com a temática "Reflexos da Formação da Faculdade de Enfermagem da PUC-Campinas na minha vida profissional", em comemoração ao Dia do Enfermeiro. Auditório Monsenhor Salim, no Campus II.

13 e 14/05 "Psicologia: 45 anos de Tradição em Construir o Futuro". Auditório Monsenhor Salim, no Campus II. Programação completa no portal www.puc-campinas.edu.br.

Espaço leitor A sua opinião é muito importante para o Jornal da PUC-Campinas. Por isso, aproveite esse espaço para enviar seus comentários e críticas sobre as reportagens e artigos aqui publicados. Mande também suas sugestões sobre temas que gostaria de ler nas próximas edições. Mande a sua mensagem para jornaldapuc@puc-campinas.edu.br

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PELO MUNDO É muito interessante e incentivador ver que colegas da nossa Universidade estão sendo reconhecidos fora do país. Como um futuro profissional de Relações Públicas, tenho gana de continuar meus estudos e exercer minha profissão na França. Meus professores, o projeto pedagógico do curso e as disciplinas chaves estão me proporcionando subsídios para conquistar meu “passaporte”. Mas, além da faculdade, dedico parte dos meus estudos para ampliar meu currículo e possuir diferenciais que contarão na minha contratação por uma boa empresa.

Jefferson Souza Valeriano – Aluno do 4º ano da Faculdade de Relações Públicas

Expediente Reitor- Padre Wilson Denadai; Vice-reitora - Angela de Mendonça Engelbrecht; Conselho Editorial - Wagner José de Mello, Rogério Bazi e Sílvia Regina Machado de Campos; Coordenador do Departamento de Comunicação - Wagner José de Mello; Editora - Raquel Lima (MTb. 48.963); Repórteres - Adriana Furtado, Ana Paula Moreira, Ciça Toledo e Henderson Arsênio; Estagiário - Camila Patekoski, Daniel Abdala e João Victor Barros; Revisão - Marly Teresa G. de Paiva; Fotografia - Ricardo Lima; Tratamento de Fotos - Marcelo Adorno; Projeto Gráfico e Editoração Eletrônica - Neo Arte; Impressão - Grafcorp; Redação - Campus I da PUC-Campinas, Rodovia D. Pedro I, km 136, Parque das Universidades. Telefones: (19) 3343-7147 e 3343-7674. E-mail: jornaldapuc@puc-campinas.edu.br


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Opinião

O fim da Lei de Imprensa e a defesa da liberdade abstrata Sylvia Moretzsohn

A

discussão em torno da necessidade ou não de uma Lei de Imprensa, retomada agora que o Supremo Tribunal Federal começou a votar a ação que propõe a revogação total da lei, pôs novamente em causa a antiga confusão entre liberdade de imprensa e liberdade de expressão. São duas coisas muito diferentes: bastaria indagar da liberdade de expressão dos jornalistas assalariados para se desfazer o equívoco. Mas essa confusão é muito adequada quando se deseja tratar abstratamente desse tema tão delicado, esquecendo-se convenientemente as condições concretas em que se pratica o jornalismo e os interesses envolvidos no negócio da imprensa, especialmente num ambiente de forte concentração dos meios de comunicação. Assim, reitera-se o conceito da imprensa como “quarto poder” – deslocado do contexto em que surgiu, há mais de dois séculos –, como se grandes empresas privadas pudessem falar em nome do interesse público. Da mesma forma, recorre-se à Primeira Emenda da Constituição americana, sem se considerar que, em fins do século XVIII, aquela imprensa tão decisiva para a independência dos Estados Unidos era exercida por indivíduos que defendiam causas: por isso se confundia com liberdade de expressão. Nada a ver com a época atual. Porém, são as grandes corporações de comunicação as primeiras a brandir, por meio

“Já se disse que a guerra é assunto sério demais para ser decidido por generais. Seria razoável pensar que o direito à informação – um direito essencial da cidadania – deva ficar nas mãos dos empresários do setor?” de seus muitos porta-vozes informais, o argumento de uma era pré-industrial. Além disso, ignora-se que, desde 1919 – como já demonstrou o advogado José Paulo Cavalcanti Filho –, a Suprema Corte dos Estados Unidos vem estabelecendo sucessivos limites à livre expressão, considerando, entre outros, o direito à privacidade. Juristas não deveriam desconhecer esses fatos. No entanto, ao justificar seu voto em favor da extinção total da Lei de Imprensa, o ministro-relator Ayres Britto citou logo de saída a Primeira Emenda, sem ressalvas, para buscar um paralelo entre a situação brasileira e “todos os países de democracia consolidada”. No caso, o exem-

plo dos Estados Unidos falou por “todos”. Indevidamente, porque a legislação específica é absolutamente distinta na maioria dos países europeus. O discurso do ministro é importante porque reitera o ideário clássico de defesa de uma liberdade abstrata, a ponto de afirmar que a imprensa oferece o “garantido espaço de irrupção do pensamento crítico em qualquer situação ou contingência” (o destaque é meu). Desnecessário dizer que esse argumento não resiste ao mínimo confronto com a realidade. Por isso é preciso fugir dela, ou recorrer a ela apenas para selecionar os exemplos adequados à confirmação da tese, como ocorre atualmente com a série de denúncias contra os abusos cometidos por parlamentares, e que rapidamente derivam para a perigosa desqualificação do Congresso como instância de representação democrática. Certos intelectuais que ocupam generosos espaços nos grandes jornais para defender, de maneira tão ponderada e elegante, que a imprensa livre é a melhor forma de controle social, procuram, dessa forma, esvaziar o argumento que está no cerne da luta pela democratização da comunicação em nosso país. Não por acaso, tais articulistas relegam a segundo plano – quando não esquecem completamente – os interesses de mercado. Pior: apresentam-nos como instrumento de expressão dos reclamos dos cidadãos, sob pena de perda de audiência. Como se a necessária relação entre imprensa – ou mídia, em geral – e senso comum não fosse per-

meada pelas sutilezas do trabalho ideológico que transforma interesses particulares no interesse geral e promove a identificação mistificadora exemplarmente explicitada no slogan: “Globo, a gente se vê por aqui”. Assim se oculta a questão central do controle dos meios: a imprensa teria apenas “problemas”, cometeria “erros”, praticaria “excessos”. Nada que não se resolva com o tempo e uma boa dose de bom senso. Daí, naturalmente, a autorregulação seria o melhor caminho. Já se disse que a guerra é assunto sério demais para ser decidido por generais. Seria razoável pensar que o direito à informação – um direito essencial da cidadania – deva ficar nas mãos dos empresários do setor? Pode-se questionar a necessidade de uma lei específica para a imprensa. O que não se pode é continuar a insistir no discurso de defesa de uma liberdade abstrata. Arquivo pessoal

Sylvia Moretzsohn é professora de jornalismo no Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense (UFF). Coordena a pesquisa "mídia, direito e opinião pública no Brasil", vinculada ao Núcleo de Pesquisas Efetividade do Judiciário (NUPEJ/UFF).

Fotos: Ricardo Lima

Galeria A IMPRENSA BRASILEIRA SABE USAR A SUA LIBERDADE? “Acho que a mídia extrapola em determinadas situações, por exemplo, no caso de invasão de privacidade de personalidades e artistas. Ela tem um poder muito grande de influenciar as pessoas, mas não o utiliza para coisas positivas.” Gabriel Fernandes Conceição – Aluno do 1º ano da Faculdade de Engenharia Civil

“Sim, a imprensa passa as noticias de forma verdadeira e da melhor maneira. Se compararmos com o passado, hoje em dia é bem mais fácil obter informações.”

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Vanessa Chicalé – Funcionária da Biblioteca do Campus II

“A imprensa usa a liberdade que tem para coisas banais, apenas pretende suprir os desejos da população. Não cumpre a sua função que é informar as pessoas sobre assuntos que são relevantes.”

“A imprensa tem o poder de direcionar as ideias da população, com isso, ela mostra o que quer e é de seu interesse, ou seja, apenas o ponto de vista que a beneficie de alguma forma.”

Anaira Valente – Aluna do 1º ano da Faculdade de Publicidade e Propaganda

“Não, acho que a imprensa utiliza a liberdade para os seus interesses próprios, além de ser um pouco corrompida. Muitas vezes, a verdade é mascarada e a democracia manipulada a seu favor.” Juliana Gaino – Aluna do 6º da Faculdade de Medicina

“Acredito que não, já que os jornalistas, dentro das empresas, não têm liberdade e devem seguir a linha editorial imposta. Eles não conseguem colocar sua opinião em relação a determinados assuntos com o medo de perder o emprego.” Carolina Medeiros – Aluna do 3º ano da Faculdade de Jornalismo

Igor Gonçalves Hofstatter – Aluno do 3º ano da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

“Não, para mim a imprensa exagera bem, principalmente nas coberturas policiais. Tudo gira em torno da desgraça e da busca pela audiência. Não existe mais respeito com quem assiste e com quem é notícia.” Felipe Lloret – Aluno do 3º ano da Faculdade de Ciências Farmacêuticas

“Sim, acredito que a imprensa sabe usar sua liberdade, pois consegue aproveitar todas as facetas da notícia. A liberdade de imprensa é fundamental para a nossa democracia.” João Flávio de Matos Araújo – Chefe da Neurocirurgia do Hospital da PUC-Campinas

Ricardo Lima

INCLUSÃO DIGITAL A PUC-Campinas oferece, desde o início do ano, o Minicurso Noções de Informática para seus funcionários e pessoas com deficiência que encaminharam currículo à Universidade. O conteúdo inclui capacitação em Informática para utilização das ferramentas do Windows (Word, Power Point e Internet) para melhor aproveitamento desses recursos, além de sua otimização e padronização nos Sistemas de Comunicação da Universidade. O curso, que é uma parceria entre a Universidade e a Associação dos Funcionários Administrativos da PUC-Campinas (AFAPUCC), ocorre nos laboratórios de informática dos campi I e II. São 14 encontros, com duração de duas horas cada um. Em média, há 30 vagas por turma, mas pode ocorrer variação de acordo com a demanda e disponibilidade nos laboratórios. Os interessados devem entrar em contato com a Divisão de Recursos Humanos. Telefone: (19) 3343-7092 ou e-mail: crh@puc-campinas.edu.br.

“EESSA lei é RADICAL. É visceral. É UMA lei eminentemente autoritária. Portanto, PARA SER COERENTE EM meu VOTO, SÓ PODERIA OPTAR PARA QUE A LEI FOSSE TOTALMENTE BANIDA.” Carlos Ayres Britto, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre a Lei de Imprensa.


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Entrevista

CUT:

“O socialismo continua em nosso horizonte” Fotos: Ricardo Lima

Professores da PUC-Campinas entrevistam o presidente da Central Única dos Trabalhadores, sociólogo formado pela Universidade

tral de nosso 10º Congresso Nacional, que acontece em agosto, em atuar para a superação da crise e a construção de um novo modelo. Acredito que os movimentos sociais, em especial na América Latina, podem forçar a mudança. Quero dizer também que o socialismo continua em nosso horizonte.

Da Redação jornaldapuc@puc-campinas.edu.br

O imposto sindical foi uma medida imposta por Getúlio Vargas para unificar o sindicato. Ele existe desde então, com a implantação da CLT (Conso- ARTUR VITORINO lidação das Leis do Trabalho), em 1943. Por que a CUT não luta para acabar com esse imposto e, ao mesmo tempo, para pôr um fim ao sindicalismo único por categoria?

Com a proposta de fazer uma reflexão sobre o Dia do Trabalhador, comemorado no dia 1° de maio, o Jornal da PUC-Campinas convidou cinco professores da Universidade para entrevistar o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique da Silva Santos, sociólogo formado pela PUC-Campinas. Confira, abaixo, trechos da entrevista elaborada pelo diretor da Faculdade de Ciências Sociais, Pedro Rocha Lemos, e pelos professores Artur Vitorino, da Faculdade de História, Cristina Hoffmann, da Faculdade de Direito, Eliane Rosandiski, da Faculdade de Ciências Econômicas, e Carlos Gilberto Roldão, da Faculdade de Jornalismo. Neste momento tão adverso, quais os argumentos que o movimento sindical dispõe para rebater possíveis mudanças na legislação trabalhista que ELIANE ROSANDISKI beneficiem, exclusivamente, as empresas? Como fica a capacidade de negociação num momento de extrema fragilidade da classe operária? Artur Henrique - Em momentos de crise, a preservação dos direitos, dos empregos e dos salários é uma luta ainda mais fundamental, pois o fortalecimento do mercado interno é o caminho para atravessarmos o período mais difícil. Não penso, por outro lado, que a classe operária esteja tão fragilizada quanto a pergunta pode fazer supor. O movimento sindical, e o cutista em particular, está bastante atento, mobilizado e apresentando propostas concretas de superação da crise. Um exemplo disso foi a recente decisão do governo de atrelar a isenção tributária à obrigatoriedade de os setores beneficiados manterem o nível de emprego. Isso foi uma cobrança da CUT, que eu transmiti ao governo em mais de uma ocasião. Assim como as negociações efetuadas por sindicatos cutistas de redução de jornada sem redução de salários. No que diz respeito ao combate dos efeitos da crise do capitalismo global, que ocorre hoje, quais as diferenças entre as propostas CARLOS GILBERTO ROLDÃO das duas maiores centrais sindicais do Brasil: CUT e Força Sindical? Artur Henrique - Em janeiro, a Força Sindical e seu presidente caíram no canto de sereia da Fiesp e quiseram costurar um acordo nacio-

QUANTO À UNICIDADE SINDICAL, A CUT É CONTRA NA TEORIA E NA PRÁTICA. NOSSOS PRINCÍPIOS SÃO A LIBERDADE E AUTONOMIA SINDICAL. EM NOSSAS BASES, ISSO JÁ É PRATICADO. PARA A MUDANÇA SER GERAL, É PRECISO CONVENCER OS OUTROS ATORES, TANTO AS CENTRAIS DE TRABALHADORES COMO AS ENTIDADES SINDICAIS DOS PATRÕES.

nal e genérico para reduzir, de uma só tacada, os salários dos trabalhadores de todos os setores. Um dos argumentos que a Força usou é que naquela semana haveria 3 milhões de demissões. A CUT recusou-se a fazer parte dessa estratégia suicida e patronal, e tal episódio evidenciou diferenças históricas de concepção entre as duas centrais. Mas, exatamente neste momento em que fazemos esta entrevista, aquele discurso da Fiesp foi soterrado e a Força, assim como as demais centrais, estão unidas em torno daquele que é o mais evidente dos desafios: preservar os empregos e os salários. Como você analisa os impactos no mundo do trabalho em detrimento das mudanças tecnológicas com todas as implicações do ainda neoliberalismo, PEDRO ROCHA LEMOS e qual a prioridade dos trabalhadores hoje na relação capital-trabalho, sendo que o enfoque dominante, no século XX, foi a superação do capitalismo e o tão sonhado socialismo? Artur Henrique - Esta é uma análise que exige tempo. Porém, quero me ater a propostas concretas, como a redução da jornada de trabalho sem redução de salário, para criar mais vagas de trabalho. Sobre a menção ao neoliberalismo, posso dizer sem medo de errar que até mesmo seus defensores mais ferozes, como alguns dos comentaristas econômicos que fizeram fama nos anos 1990, têm de admitir que os princípios do Estado mínimo e do laissez-faire estão em ruínas. A CUT está empenhada, e isso faz parte da tese cen-

Artur Henrique - A CUT sempre lutou por essas mudanças. Há diversos fatos históricos a comprovar isso, a maioria documentada, e posso citar alguns a título de exemplo. Meu sindicato, por exemplo, aboliu, há 17 anos, a cobrança do imposto sindical. Por pressão da CUT, contra a posição das demais centrais, existe hoje um projeto que acaba com o imposto sindical e que precisa ser enviado da Casa Civil para o Congresso. Quanto à unicidade sindical, a CUT é contra na teoria e na prática. Nossos princípios são a liberdade e autonomia sindical. Em nossas bases, isso já é praticado. Para a mudança ser geral, é preciso convencer os outros atores, tanto as centrais de trabalhadores como as entidades sindicais dos patrões. A negociação coletiva é suficiente para enfrentar o problema das despedidas coletivas ou seria necessária uma regulamentação CRISTINA HOFFMANN estatal mais efetiva? No geral, a proteção do trabalhador exige uma regulamentação do Direito do Trabalho por novas leis, por normas coletivas, ou o que falta é o cumprimento das normas já existentes? Artur Henrique - Em fevereiro do ano passado, atendendo à cobrança histórica da CUT, o governo federal enviou o texto da Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho para ser ratificado pelo Congresso Nacional. Essa convenção coíbe a prática de demissões sem justa causa, e já está em vigor em mais de 40 países. No Brasil, chegou a ser ratificada, mas o governo FHC a derrubou. Precisamos cobrar dos parlamentares sua ratificação. O Congresso está em dívida conosco. Enquanto isso, as centrais sindicais, com a participação jurídica da Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho (Anamatra), estão elaborando um projeto de lei que criará uma série de ritos para disciplinar as demissões coletivas. Há uma luta em curso, em mais de uma frente. O difícil é quebrar o cerco da imprensa e conseguir popularizar o debate, aumentando, assim, a pressão da sociedade pela aprovação das mudanças.


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Intercâmbio

Sotaque estrangeiro Fotos: Ricardo Lima

Estudantes de Cabo Verde, Equador e República do Congo fazem curso de graduação na PUC-Campinas Ciça Toledo cicatoledo@puc-campinas.edu.br

PAÍSES QUE PARTICIPAM DO PEC-G África do Sul; Angola; Benin; Cabo Verde; Camarões; Costa do Marfim; Gabão; Gana; Guiné-Bissau; Máli; Moçambique; Namíbia; Nigéria; Quênia; República do Congo; República Democrática do Congo; São Tomé & Príncipe; Senegal e Togo, Antígua & Barbuda; Argentina; Bolívia; Chile; Colômbia; Costa Rica; Cuba; El Salvador; Equador; Guatemala; Guiana; Haiti; Honduras; Jamaica; México; Nicarágua; Panamá; Paraguai; Peru; República Dominicana; Suriname; Trindad & Tobago; Uruguai; Venezuela e Timor Leste.

Henderson Arsênio henderson.oliveira@puc-campinas.edu.br

Quando os estudantes caboverdianos Deni Valter dos Santos Mendes, Carlos José Oliveira Bentuh, Romina Ferreira Tolentino e Valdo Ribeiro Fernandes se encontram nos corredores da PUC-Campinas para colocar o papo em dia, eles costumam conversar em ‘crioulo’, a língua materna de Cabo Verde. A opção pelo idioma - uma mistura do português com palavras africanas ocidentais – é uma das maneiras encontradas por eles para manter o vínculo com o país de origem, um arquipélago formado por várias ilhotas de origem vulcânica a 500 metros da costa da África. Os quatro estrangeiros decidiram fazer a graduação na PUC-Campinas por meio do Programa de Estudante-Convênio de Graduação (PEC-G), administrado pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE) em parceria com o Ministério da Educação (MEC). A Universidade apoia e é parceira desse Programa desde 2001. Anualmente, o PEC-G possibilita a cidadãos da América Latina, Caribe e África cursarem a graduação gratuitamente no Brasil. Hoje, sete estrangeiros estão se graduando em diversos cursos na PUC-Campinas. Desses, cinco vieram de Cabo Verde, um da República do Congo e outro do Equador. Há cinco anos no Brasil, Deni, 22 anos, se prepara para retornar a Cabo Verde no final deste ano, quando conclui o curso de Direito. “Apesar de gostar muito do Brasil, quero voltar para minha terra. Aliás, tenho que voltar, porque esse é o acordo”, disse Deni, que preside a União dos Estudantes Caboverdianos no Estado de São Paulo (UECESP). Segundo ele, há cerca de 340 caboverdianos estudando em várias universidades brasileiras. Com a experiência adquirida no Brasil, em particular no curso de Direito da PUCCampinas, Deni quer voltar a Cabo Verde para trabalhar e ajudar sua comunidade. “Esse será meu trabalho”, diz. Romina está no país desde o ano passado e cursa o segundo ano da Faculdade de Sistemas de Informação. “Fiquei feliz quando soube que iria estudar na PUC-Campinas e, aos poucos, fui conhecendo todos os valores da Instituição, além da estrutura da Universidade”, disse. O mesmo ocorre com Carlos, que está no terceiro ano de Ciências Econômicas, e o novato Valdo, calouro da Faculdade de Odontologia. Apesar de gostarem de estudar e morar no Brasil, os estrangeiros querem voltar para casa ao término do curso de graduação. “Apesar de gostar muito do Brasil, tenho que retornar ao meu país para ajudar onde for preciso”, disse Carlos.

Q

Em sentido horário: à esquerda, Deni Valter dos Santos Mendes, Serge Kalongo Tshiswaka, Romina Ferreira Tolentino, Carlos José Oliveira Bentub, Adrian Esteban Arroyo Porras e Valdo Ribeiro Fernandes

O NÚMERO

11

É o número de estrangeiros formados pela PUCCampinas, desde que a Universidade aderiu ao Programa de EstudanteConvênio de Graduação (PEC-G), há oito anos.

Serge Kalongo Tshiswaka, natural da República Democrática do Congo, está no Brasil há dois anos e cursa Enfermagem na PUC-Campinas. Ao chegar à Universidade, Serge contou com o apoio do Departamento de Relações Externas (DRE) e do Departamento de Serviço Social ao Aluno (DSSA) para encontrar uma moradia. “Agora estou superfamiliarizado e já tenho até namorada brasileira, que conheci na própria Universidade”, disse. Satisfeito com o curso, ele reconhece a superioridade da estrutura das faculdades brasileiras, comparadas às congolesas. O equatoriano Adrian Esteban Arroyo Porras, estudante de Administração com ênfase em Comércio Exterior, deve começar a pre-

"ESSA É UMA ATIVIDADE DE COOPERAÇÃO, CUJO OBJETIVO É ACOLHER E FORMAR ESTUDANTES PARA QUE, AO RETORNAREM AO PAÍS DE ORIGEM, ELES POSSAM CONTRIBUIR SOCIAL E PROFISSIONALMENTE COMO CIDADÃOS COMPROMETIDOS E QUALIFICADOS."

Sílvia Regina Machado de Campos, coordenadora do DRE

parar a mala para deixar o Brasil em dezembro próximo. Há três anos no Brasil, ele avalia positivamente a experiência do PEC-G. “Vi muitos benefícios nas faculdades brasileiras, principalmente no contato com os professores, já que no Equador a relação com os professores é muito formal. No Brasil, ao contrário, a gente consegue chamar o professor pelo nome, o que aumenta a familiaridade entre o professor e o aluno.” Para participar do Programa, os estudantes passam por um processo seletivo em seu país. Os selecionados recebem a gratuidade do ensino superior e têm que subsidiar a passagem aérea, hospedagem e alimentação. Alguns, como é o caso de Carlos e Valdo, são bolsistas do governo de Cabo Verde.

Serviço

http://www.puc-campinas.edu.br/aluno/oportunidades/oportunidades_exterior.asp


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Jornal da PUC-Campinas

Extensão

3ª Ação Cidadã Fotos: Ricardo Lima

PUC-Campinas é uma das 17 instituições que participarão de evento destinado à população Núcleo Territorial de Extensão Guadalupe, no dia 9 de maio Da Redação jornaldapuc@puc-campinas.edu.br

No dia 9 de maio, 17 instituições, entre elas a PUC-Campinas, realizam a 3ª Ação Cidadã, série de atividades voltadas para atender às demandas da comunidade dos bairros Vila Castelo Branco, Vila Padre Manoel da Nóbrega, Parque dos Eucaliptos, Jardim Londres e Jardim Garcia. Neste dia, a população da região poderá esclarecer dúvidas em relação à aposentadoria, realizar triagens e orientações gerais em saúde, utilizar os serviços do Poupatempo, vender e comprar alimentos e artesanatos feitos pelos próprios moradores e participar de diversas atividades artísticas. Os organizadores esperam cerca de 2 mil pessoas, entre adultos e crianças. No evento, que ocorre das 9h às 16h, a PUC-Campinas apresentará projetos ligados à Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (PROEXT), alguns deles já em desenvolvimento na região conhecida pela Universidade como Núcleo Territorial de Extensão Guadalupe. A professora Denise Mulati, da Faculdade de Terapia Ocupacional, desenvolve com os moradores, desde 2008, oficinas de convivência, como grupo vocal, oficinas de saídas socioculturais e de educação ambiental, entre outras, além de articulações que promovem a revitalização de espaços públicos e apoia as iniciativas de geração de renda, por meio do projeto de extensão “Centro de Convivência e Cooperativa Toninha: expandindo suas possibilidades”. Para a Ação Cidadã, Denise auxiliou nas atividades de organização do evento e deu suporte aos participantes da Feira de Tudo um Pouco, que oferece produtos alimentícios e artesanais. “Trabalhamos com os expositores a construção de autonomia para a geração de renda” contou Denise. Seus alunos extensionistas desenvolverão no evento oficina de confecção de brinquedos a partir de material reciclável. O evento contará ainda com um stand do projeto de extensão “Educação Tecnologia e Produção: qualificação profissional na construção civil”, coordenado pelo professor Aparecido Fujimoto. Dez estudantes da Faculdade de Engenharia Civil orientarão profissionais da construção civil, como pedreiros, eletricistas e pintores. A proposta do stand é propor a aprendizagem e o aprimoramento da qualidade de prestação de serviços dos trabalhadores. No dia do evento haverá inscrições para os profissionais que quiserem participar das aulas que ocorrem todos os sábados no Núcleo Territorial de Extensão Guadalupe. “Rede de Cuidadores: Capacitando para o Cuidado e Aliviando o Desgaste” é o projeto de extensão desenvolvido pela professora Maria Teresa Cristina Martins, da Faculdade de Enfermagem. A atividade visa qualificar a população da comunidade para atender os

Acima, grupo vocal dirigido pelo maestro Hermes Coelho, do Centro de Cultura e Arte; ao lado, as moradoras Jandira Nascimento e Abigail Cabral

a possibilidade para a comunidade ter uma rede de suporte técnico ou emocional. A docente conta com a participação de dez alunos, quatro deles bolsistas e seis voluntários. Ampliar o acesso à cultura e agregar valores que ajudem na educação e formação de grupos sociais dentro da comunidade Guadalupe é o objetivo do projeto desenvolvido pelo professor da Faculdade de Publicidade e Propaganda João André Brito Garboggini. Com a atividade “Dramaturgia Comunitária”, o professor pretende desenvolver jogos teatrais e promover a integração do grupo de teatro com a comunidade. Estão envolvidas com o projeto 20 pessoas, entre comunidade acadêmica e os moradores do território Com o projeto “Escola saudável: promoção do autocuidado em nutrição e saúde com crianças e adolescentes”, a professora Monize Cocetti, junto com os bolsistas da Iniciação à Extensão, vai promover oficinas educativas e culinárias em uma escola de Ensino Fundamental e em um espaço social para os pais. Para o evento estão programadas medida de peso e altura e orientação para alimentação saudável.

Voluntária

Acima, a aluna de Terapia Ocupacional Camila Gonzaga da Silva; ao lado, a professora Denise Mulati, uma das organizadoras da 3ª Ação Cidadã

familiares e vizinhos que tenham dependência parcial ou total para a realização de diversas tarefas. “Devido ao processo natural de envelhecimento, doenças ou algum acidente, as pessoas tornam-se dependentes, por isso é importante que o cuidador esteja qualificado para atendê-la”, disse a professora. Para Maria Teresa, a participação na 3ª Ação Cidadã dará

SAIBA MAIS Para conhecer todos os projetos de extensão da PUC-Campinas acesse www.puc-campinas.edu.br/ websist/originis/pub/

Camila Gonzaga da Silva, aluna do 4º ano da Faculdade de Terapia Ocupacional, é aluna extensionista voluntária no projeto desenvolvido pela professora Denise e, nesta 3ª Ação Cidadã, ajudará na realização da Feira de Tudo um Pouco. “A intenção é mostrar as possibilidades de geração de renda, as melhores formas de conseguir um retorno para o que é produzido”, contou Camila. Ela ainda disse que participar do projeto é muito interessante já que é uma forma de relacionar os conteúdos de pesquisa e sala de aula com a comunidade, por meio da Extensão. Para Leyla Demucci, assistente social da ONG Projeto Gente Nova (Progen), integrante da comissão organizadora da 3ª Ação Cidadã, a participação da PUC-Campinas no evento auxilia não apenas por meio dos projetos direcionados à comunidade, como também na proposta de novas ideias e soluções para os problemas encontrados. “A parceria da ONG com a Universidade é muito rica. Não apenas nesse projeto, mas ao longo de toda a parceria, podemos contar com a PUCCampinas para ajudar nos problemas da comunidade.”


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Comportamento

Atenção com os

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s

decibéi Fotos: Ricardo Lima

Exagerar no volume e no tempo em que se usa o fone de ouvido pode, gradativamente, levar à perda da audição

FIQUE SABENDO

Adriana Furtado afurtado@puc-campinas.edu.br

Trânsito, ônibus cheio, praças de alimentação lotadas e muito barulho. Nessa situação, nada mais relaxante do que colocar um fone de ouvido, ligar o mp3 e ouvir suas músicas preferidas. Essa parece ser a melhor alternativa para fugir da poluição sonora, principalmente nas grandes cidades, e fazer com que o tempo passe de forma mais agradável. Mas, será que essa prática, que se tornou tão comum entre crianças, jovens e adultos, é, de fato, uma boa opção? De acordo com a diretora da Faculdade de Fonoaudiologia da PUC-Campinas, Mariene Terume Umeoka Hidaka, ficar muito tempo com os fones ouvindo música pode ser tão prejudicial quanto ficar exposto aos ruídos dos ambientes. “O problema é que as pessoas que usam os fones costumam ouvir as músicas com um volume maior do que os ruídos externos, com o objetivo de anulá-los.” Segundo as Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho, uma pessoa que fica exposta a um ruído de 90 decibéis, por quatro horas no dia, poderá desenvolver uma uma perda auditiva. “O som do motor de um carro ligado é de aproximadamente 85 decibéis, ou seja, para encobrir esse barulho a pessoa iria ouvir a música no mp3, no mínimo, com um som de 90 decibéis, o que já poderia causar danos auditivos, dependendo do tempo de exposição”, explicou a diretora da Faculdade. “A perda da audição é gradativa. No início a pessoa pode sentir um zumbido permanente no ouvido, passando pela irritabilidade ao som até a perda auditiva”, completou a diretora da Faculdade de Fonoaudiologia. Mesmo consciente dos problemas auditivos que pode vir a ter, a estudante Gabriela Oliveira, do 1º ano da Faculdade de Enfermagem, diz usar o fone de ouvido em todos os períodos do dia, pois adora música. “Sei dos problemas que podem me causar, mas quando chego ao ponto de ônibus, a primeira coisa que faço é colocar o fone”, afirmou Gabriela. Outro adepto da utilização de fones de ouvido é o estudante de Medicina Thiago da Costa Travassos. O aluno disse que costuma usar esse recurso para se concentrar nos estudos, como uma forma de se desligar do que está acontecendo ao seu redor. “Ouço mais em ambientes que não pode fazer barulho, como na Biblioteca. Me ajuda a desligar para eu estudar”, argumentou. Mas os fones de ouvido não são os únicos vilões para a audição. A professora lembrou que as famosas baladas, shows de rock e o baru-

>> PARTICIPE 1 minuto em silêncio No dia 29 de abril é celebrado o Dia Internacional da Conscientização sobre o Ruído. Serão 60 segundos de silêncio, entre 14h25 e 14h26, para destacar o impacto do ruído nas nossas vidas. O objetivo é que as pessoas façam uma pausa em suas atividades e tenham a oportunidade de conscientização sobre esse problema.

Fonte: Faculdade de Fonoaudiologia

PONTO DE VISTA

“Confesso que nunca tive a preocupação com a qualidade da minha audição. Em casa já ouvi algumas reclamações com o volume da televisão e música alta. Mas, ao acompanhar o exame de audiometria e realizar o teste, constatei que minha saúde auditiva começa a ser prejudicada. O resultado do meu exame revelou que já tenho uma ‘danificação’ das células do ouvido. A partir desse diagnóstico, pretendo controlar os altos volumes.” João Victor Barros, estudante do 4° ano da Faculdade de Jornalismo e estagiário do Departamento de Comunicação da PUC-Campinas

No alto, o aluno Thiago Travassos, que estuda ouvindo música; acima, Gabriela Moraes realiza teste no Ambulatório de Fonoaudiologia; ao lado, Mariene Hidaka adverte sobre os perigos do ruído Serviço >> Clínica de

Fonoaudiologia da PUC-Campinas Atendimento: De segunda a sexta-feira, das 7h às 18h O que oferece: Avaliação Audiológica, Emissões Otoacústicas (Teste da Orelhinha), Avaliação do Sistema Vestibular, Avaliação do Processamento Auditivo, Seleção e Adaptação de Prótese Auditiva, Avaliação e habilitação/ Reabilitação Fonoaudiológica. Informações: Avenida John Boyd Dunlop, s/n., no Campus II. Telefones: (19) 33436843 e (19) 3343-6844

lho do trânsito, também podem comprometer a saúde auditiva das pessoas. “O problema auditivo é muito comum entre os músicos, por isso que hoje a maioria usa equipamentos de segurança, como protetores auriculares para preservar a saúde”, disse.

Teste Assumidamente apaixonada por música e dependente dos fones de ouvido, a estudante Gabriela Oliveira aceitou o convite do Jornal da PUC-Campinas para fazer uma avaliação auditiva e verificar sua audição, realizada na Clínica da Faculdade de Fonoaudiologia da PUC-Campinas.

Aluna do 1º ano da Faculdade de Enfermagem, Gabriela tem o hábito diário de usar fone de ouvido. O aparelho, com mais de 700 músicas, já faz parte de sua rotina nos estudos e no trajeto de ida e volta à Universidade. Gabriela conta que adora música, mas procura não colocar o volume muito alto. Após responder a uma série de perguntas, como o número de horas diárias que fica com o fone do ouvido, volume que costuma ouvir, em que tipo de ambiente, ela foi encaminhada para uma cabina com tratamento acústico, onde colocau um fone de ouvido. Foram emitidos diferentes tons (agudo, grave e médio) e, ao longo do teste, o volume era abaixado até chegar ao mínimo que a aluna conseguia ouvir. O teste apontou que Gabriela tem uma audição um pouco melhor do lado esquerdo, mas que a audição da aluna está ótima e não foi danificada pelo uso do fone, pois costuma ouvir suas músicas em nível de pressão sonora considerado adequado pelos especialistas. A estudante foi, ainda, submetida ao teste de logoaudiometria (fala), de emissões otoacústicas, que mede o funcionamento das células ciliadas externas do ouvido, e o de imitanciometria, que tem como uma de suas funções avaliar a orelha média do paciente. (Colaborou Daniel Abdala)


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MURAL

Fotos: Divulgação

Obras da literatura em histórias em quadrinhos facilitam a compreensão dos leitores, mas não substituem textos originais

Clássicos em

HQ

Ana Paula Moreira anasouza@puc-campinas.edu.br

de leitura

Já pensou em ler clássicos da literatura em histórias em quadrinhos? Nos últimos anos, várias editoras têm lançado obras literárias no formato HQ. A principal proposta da literatura em quadrinhos é fazer uma adaptação dos clássicos, mas sempre mantendo as referências das obras e o texto original. Com ilustrações que remetem à época das histórias, os desenhos facilitam a compreensão dos leitores. Exemplos de obras que podem ser encontradas no formato de gibi estão na Coleção Literatura Brasileira em Quadrinhos, lançada pela editora Escala Educacional. Na série é possível encontrar autores como Machado de Assis e Lima Barreto. O ilustrador e roteirista Bira Dantas, de Campinas, foi responsável por fazer as ilustrações e o roteiro dos livros Memórias de Um Sargento de Milícias e Dom Quixote. Para Bira, o principal cuidado na hora de transformar uma obra literária para os quadrinhos é manter as principais características da obra original. “Na hora de adaptar é preciso encaixar tudo o que consideramos imprescindível da obra original. Também é preciso reunir o material de referência visual da época em que a história é ambientada e, por fim, criar um movimento harmônico no desenrolar da história, seja linear ou não”, explicou o ilustrador.

Dicas

Para Bira, as HQs podem ser usadas como uma ferramenta para o leitor entender uma obra literária que tenha um texto mais complexo ou antigo. “Um exemplo é quando desenhamos objetos pouco conhecidos, que são citados no texto. A imagem ajuda nessa compreensão. Os quadrinhos não devem ‘facilitar’ o entendimento de um texto complexo. Devem transformar aquela forma de linguagem em outra, com todas suas possibilidades”, contou. Outro exemplo de clássico da literatura que virou história em quadrinhos é o conto O Alienista, de Machado de Assis. Lançado pela editora Agir, a história foi adaptada pelos ilustradores Fábio Moon e Gabriel Bá. A adaptação do conto faz parte coleção Grandes Clássicos em Graphic Novel. Em 2008, a publi-

No alto, o ilustrador e roteirista Bira Dantas; acima, Fábio Moon e Gabriel Bá

SAIBA MAIS

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O Ministério da Educação (MEC) incluiu, para 2009, 23 títulos em histórias em quadrinhos na lista do Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE) para serem usados em escolas do Ensino Médio e Fundamental.

Brás, Bexiga e Barra Funda

A Cartomante

Beijo no Asfalto

AUTOR: Antônio de Alcântara Machado ROTEIRO E DESENHOS: Jô Fevereiro EDITORA: Escala Educacional PREÇO: R$ 19,90

AUTOR: Machado de Assis ROTEIRO E DESENHOS: Jô Fevereiro EDITORA: Escala Educacional PREÇO: R$ 19,90

AUTOR: Nelson Rodrigues ROTEIRO: Arnaldo Branco e Gabriel Góes EDITORA: Nova Fronteira PREÇO: R$ 17,90

cação ganhou o prêmio Jabuti, na categoria “Melhor livro didático, paradidático e Ensino Fundamental ou Médio”. Segundo Moon, a principal dificuldade foi transformar a narração do texto em diálogos. “Em suas obras, Machado de Assis conversa com o leitor, mas isso nos quadrinhos não funciona. Então, tivemos que transformar em diálogos e mudar alguns tempos verbais, mas sem mudar nada do conteúdo do texto”, explicou. Em 2009, a editora pretende lançar as histórias em quadrinho de Os sertões, de Euclides da Cunha, e O pagador de promessas, de Dias Gomes. Mas, para aqueles que pensam que as histórias em quadrinhos podem substituir o texto original, se enganam. “Os quadrinhos podem servir como um aperitivo ou, ainda, como uma nova possibilidade que a obra original proporcionou. Porém, qualquer pergunta mais detalhada em relação ao estilo da escrita ou do discurso, só a leitura do original pode mostrar”, afirmou Bira. Para o ilustrador do texto O Alienista, o gibi pode ser uma porta de entrada para se criar o hábito da leitura. “As pessoas leem cada vez menos, mas com o quadrinho é possível preservar o prazer da leitura e incentivar a ler a obra original”, conclui Fábio.

Memórias de um Sargento de Milícias AUTOR: Manuel Antônio de Almeida ROTEIRO E DESENHOS: Bira Dantas EDITORA: Escala Educacional PREÇO: R$ 19,90

O cortiço AUTOR: Aluísio Azevedo ROTEIRO E DESENHOS: Francisco S. Vilachã EDITORA: Escala Educacional PREÇO: R$ 19,90


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