TÍTULO ORIGINAL Estômago - Uma Fábula nada infântil sobre poder, sexo e gastronomia. Copyright 2007 por Marcos Jorge Copyright da adaptação 2013 por Companhia das Letras Todos os direitos reservados ROTEIRO Toca Seabra CONSULTORIA DE COMPORTAMENTO NO CÁRCERE Lusa Silvestre PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Henrique da Roza Peter ILUSTRAÇÃO Natássia Akie Nakamura IMPRESSÃO E ACABAMENTO Companhia das Letras
CIP – Brasil. Catalogação na fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ. B248h Jorge, Marcos Estômago - Uma Fábula nada infântil sobre poder, sexo e gastronomia. / Marcos Jorge. – São Paulo: Companhia das Letras, 2013
ISBN 53 – 8422 – 589 – 1 1. Raimundo Nonato - Drama. 2. Ficção Brasileira. I Título
CDD 294.88 CDU 777. 356(43) - 1
Todos os direitos reservados por Edtora Companhia das Letras Ltda./ Editora Schwarcz SA. Rua Bandeira Paulista, 702, cj. 32 04532-002 - São Paulo - SP Tel.: 11 3707-3500 Fax: 11 3707-3501
A TODOS CABRAS MACHOS QUE SUPERARAM O MEDO E VIERAM TENTAR A VIDA NA TERRA DA GAROA
Súmario
Coxinha de frango { 113 } Pastel de carne { 113 } Feijoada { 113 } Anita & Garibaldi { 113 } Carpaccio { 113 } Negroni { 113 } Farofa de içá { 113 } Penne alla Puttanesca { 113 } Risotto alla Milanese { 113 } Spaguetti della mezza notte { 113 } Xinxin de galinha, com leite de coco e farofa { 113 } Peixe ao forno { 113 } Bife gordo ao alecrim { 113 } Coxinha de frango { 113 }
1 Coxinha de Frango
1 } Coxinha de Frango
Ingredientes para a massa: • 2 1/2 xícaras (chá) de purê de batata • 3 xícaras (chá) de farinha de trigo • 7 1/2 xícaras (chá) de água • 2 tabletes de caldo de galinha – compre pronto • 2 colheres (sopa) bem lotadas de manteiga • 1 colher (sopa) de sal • 1 dente de alho amassado
• Ingredientes para a massa: • 2 peitos de frango cozidos e desfiadinhos • 2 tomates sem pele picados • 1 cebola grande picada • 2 dentes de alho amassados • 4 colheres (sopa) de óleo • 1 pitada de noz-moscada • 4 colheres (sopa) de polpa de tomate • 2 colheres de salsinha picadinha fino • sal e pimenta-do-reino de acordo
Prepare assim: • Para a massa: leve ao fogo em uma panela grande a água, a manteiga, o louro, o caldo de galinha, o sal e o alho. Quando começar a ferver adicione o purê de batata e misture bem, em seguida coloque a farinha de trigo de uma vez e mexa bem até obter uma massa inteira, bonita. Deixe cozinhar por 2 minutos, mexendo sempre. Desligue o fogo e deixe esfriar. • Para o recheio: em uma panela refogue o óleo com a cebola, o alho e os tomates, até formar um molho grosso mas ao mesmo tempo fácil de mexer. Acrescente o frango desfiado, a polpa de tomate e os temperos e misture legal. Por último coloque 2 colheres de salsa picada e misture de novo bem legal. Deixe esfriar. • Coloque a massa em uma mesa seca (e limpa) e amasse bem, faça um ou mais rolinhos com aproximadamente 5 cm de diâmetro e corte em 40 pedaços. Abra cada pedaço com as mãos, coloque um pouco de recheio, feche e molde a coxinha. • Passe na água e na farinha de rosca e frite em óleo quente.
7 Farofa de Içá
16} Farofa de Içá Ingredientes: • Formigas do tipo içá • Óleo • Sal • Farinha de mandioca
Prepare assim: • Retire as asas, as pernas e a cabeça com o ferrão das formigas; • Deixe somente com o abdômen e a “bundinha” (dizem que esta é a melhor parte!); • Em uma panela, aqueça o óleo e coloque bastante sal; • Quando estiver bem quente, coloque os içás. Eles vão pipocar e inchar; • Deixe fritar até a casca ficar dura e crocante. Este é o ponto e a hora de adicionar farinha de mandioca aos poucos, mexendo bem, até virar uma farofa.
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O primeiro modelo com que trabalha o técnico da seleção brasileira é o do time titular, tem Hulk como múltiplo de meio e frente fazendo o lado do campo. Torna, em tese, a equipe mais ofensiva e conta com o chute de média distância do alagoano. O segundo formato que está na cabeça do técnico para enfrentar adversários mais fortes tira Hulk e coloca Hernanes. Não são jogadores do mesmo lugar, tanto que mudam o desenho do time. Gosto deste. Por aí, Luiz Gustavo é primeiro volante, protege a zaga e não se afasta de determinada área geográfica do campo. Os que fazem o ioiô são Paulinho e Hernanes, um em cada corredor. Na ponta do desenho geométrico, Oscar. Na frente, Neymar e Fred. Prefiro este sistema porque devolve Neymar a uma zona de atuação em que é decisivo, o ataque. No modelo com Hulk, exige-se dos dois que comecem partindo mais de trás, o que não soma para o novo atacante do Barcelona. Hernanes e Paulinho têm excelente chegada na frente, Hernanes também bate de meia distância, Paulinho entra mais na área adversária. O 4.4.2 proposto acima equilibra o time sem deixá-lo menos ofensivo. Luiz Felipe, no entanto, gosta de ter em mente um time e um esquema com o qual comece os jogos. Não significa que não seja capaz de revisá-lo. E vi de perto no Japão em 2002 o técnico gaúcho concluir que o time que atuou na fase de grupos na Coreia do Sul não poderia ir adiante no torneio. Faltava consistência naquele meio que tinha Juninho ao lado de Rivaldo, Edmílson e Gilberto Silva. Então, Luiz Felipe fez entrar Kleberson, meiocampista do Atlético PR capaz de cumprir as três funções do meio. O time reencaixou, ganhou as partidas eliminatórias até ser campeão em cima da Alemanha. Logo, é possível que o treinador da seleção brasileira refaça conceitos para fazer a equipe crescer. Aliás, no primeiro modelo, aquele que tem Hulk com Neymar e Fred, a peça que deveria estar na vaga de Hulk é Lucas, haveria mais qualidade. Mas, escrevi na coluna sobre o formato preferido por Luiz Felipe, ele tem motivos táticos para usar o jogador do Anzhir. Vanderlei Luxemburgo errou na tentativa do esquema de três atacantes, e olha que eu gosto de time ofensivo. Porém, impossível dar certo quando o formato é provisório, são pouco treinados e os jogadores não têm tempo para entender como funciona. Para enfrentar o São Paulo, o Grêmio foi escalado com Welliton, Kleber e Barcos. Nenhum dos três jogou bem, o segundo só foi fazer gol no segundo tempo quando o esquema tinha sido modificado com ingresso de Elano e Biteco. O time gaúcho não fez boa partida, foi outra atuação aquém do que se espera pelos nomes de que dispõe o técnico no elenco. Saiu perdendo com justiça no primeiro tempo, empatou com justiça no segundo. Outra leitura autorizada de fazer é que o Grêmio de Luxemburgo está na média da parte alta da tabela deste Brasileirão. Somou duas vitórias contra times médios ou menos do campeonato, dois empates contra grandes de São Paulo e uma derrota fora de casa contra um time de mesma grandeza. Assim, na frieza dos números, é campanha melhor do que a do Inter, oito pontos contra seis. O time de Dunga, aliás, enfrentou adversários de menor porte do que os enfrentados pelo Grêmio e fez menos pontos. Nem por isso se questiona Dunga no Inter, nem
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deveria. O que há, então, para que o empate normal contra o São Paulo na Arena provoque tanta queixa renovada contra o atual treinador? O torcedor gremista não conta mais só o episódio; ele puxa a conta toda desde o ano passado. Mais; puxa a conta desde 2001, ano do último título nacional do Grêmio. Logo, Luxemburgo paga a pena de tanto tempo sem título expressivo. Não que esteja fazendo bom trabalho em 2013. Não está. Não creio, no entanto, que valha a pena trocar de treinador à esta altura. Riveros e Maxi Rodriguez que chegaram precisam ser testados, uma vez que Elano deixou de ser titular absoluto do time gremista. Pará não é jogador para titular absoluto do Grêmio. Barcos precisa ser recuperado urgentemente no ânimo, na condição física e técnica. Há providências a tomar. A janela que se abre para o mercado da bola pode ser o início do desmanche do time do Internacional em meio a parada do Brasileiro e da Copa do Brasil. Se Luxemburgo não manda Barcos recuar e se Barcos não recua por conta própria, alguma coisa está bem errada neste caso, uma vez que cada jogo do Grêmio mostra o centroavante muito mais perto dos seus meias do que da área adversária. Mudar é preciso. Não tenho queixas da vida ao completar 49 anos hoje. DEUS me deu a graça de trabalhar no que sonhei fazer quando ainda era criança e ouvia jogos de futebol ao lado do meu pai enquanto minha mãe fazia coisas pela casa. Não queria ser o cara que chutava a bola, mas sim o que dava as suas impressões sobre o que estava acontecendo em campo. Lembro de Pedro Carneiro Pereira, o maior narrador de rádio que escutei na vida, pensava em ser algo parecido. Passado tanto tempo, trabalho ao lado do sujeito que grita gol, comento futebol e completo neste ano dez anos como comentarista da RBSTV. Fatos somados na carreira que me fazem ser grato à vida pelo que já me deu. A Copa do Mundo no Brasil não vai dever nada à da África do Sul, tampouco à Alemanha e Coreia do Sul e Japão. Perdemos a chance de deixar um grande legado para o país pelos atrasos inaceitáveis de tantas obras, mas ainda é possível deixarmos um bom legado. Vias urbanas, empregos, universalização das nossas cidades, estádios de melhor qualidade, não será pouca coisa. Podia ser mais, muito mais. Dentro do evento, o povo brasileiro se encarregará de dar colorido às sedes. A Copa contamina positivamente os ambientes em que se instala, acredite, vivi esta cena nos quatro países que citei no início deste parágrafo. O resultado de campo do Brasil pode tornar tudo mais vibrante ou diminuir a intensidade. Boa parte dos empregos que existem hoje só existem por causa da Copa. A construção civil, por exemplo, vive praticamente pleno emprego porque foram construídos ou reformados estádios pelo Brasil todo. Caberá aos governantes e iniciativa privada pós-Copa dar o melhor aproveitamento a tudo que está sendo erguido pelos cantos do país. Não é pouco, terá valido a pena. Eu não achava oportuno que fizéssemos a Copa, mas já que foi lançada a candidatura, que façamos a melhor Copa de que sejamos capazes. Obrigado, leitor, pelo carinho de sua frequência neste espaço. Recebo sua atenção ao que escrevo como um presente de aniversário.
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Vanderlei Luxemburgo acaba de dizer em coletiva que não orienta Barcos a vir buscar jogo na intermediária, o que me surpreende. A lógica depõe contra a suposta iniciativa do centroavante de sair do lugar em que fica mais à vontade – a grande área – e vir jogar longe do gol, o que diminui sua chance de fazer gol. Os boatos de bastidores dão conta de um jogador insatisfeito justamente porque estaria orientado pelo técnico a buscar jogo para liberar espaço na infiltração dos meias. Deu certo contra Fluminense no Rio e Caracas na Arena. Depois, o movimento passou a ser controlado pelos marcadores de Barcos em todas as outras partidas. A esta altura, é menos importante saber se a orientação partia de Luxemburgo ou a iniciativa era de Barcos. O certo é que a medida precisa ser cancelada. Não significa enterrar Barcos permanentemente dentro da área. Nesta hipótese, correria o risco de nem tocar na bola se o meio não produzisse o suficiente para que ele ficasse em situação de conclusão. Porém, o movimento sistemático de sair da área para vir jogar junto com os meiocampistas e ser marcado pelo volante adversário não rende mais. Se fosse Messi, teria sentido. O jogador do Barcelona sai da área, recebe a bola na intermediária e sai a drible ou à tabela com os parceiros de frente. Aí, nenhum problema. Barcos, obviamente, não tem a caracterítica do driblador em linha reta e veloz rumo ao gol. Logo, precisa ser abastecido. Se Luxemburgo não manda Barcos recuar e se Barcos não recua por conta própria, alguma coisa está bem errada neste caso, uma vez que cada jogo do Grêmio mostra o centroavante muito mais perto dos seus meias do que da área adversária. Mudar é preciso.
Vai valer mais muito rápido. Sua perda faria imenso mal ao time colorado, não haveria reposição de mesmo padrão. Ouvi do presidente Giovani Luigi que a intenção é manter Fred ao longo de toda esta temporada, seu longo contrato está em pleno vigor. Está certo o presidente. Paulistão. um título que faltava na carreira do técnico Tite, mas o time desencaixou. O principal reforço era para ser Pato, mas na verdade vinha sendo Renato Augusto. O meia se machucou ainda durante a disputa da Libertadores, o time caiu de produção. Pato demora a acertar, tem poucos gols marcados e não entrou no espírito corintiano. Não o “aqui é Curíntia, mano…”, este cabe ao torcedor. O atacante não participa o suficiente e nem compensa esta certa indolência com bola na rede. Romário participava pouco, para buscar um nome consagrado. Tite disse uma vez que ele tinha “baixa taxa de trabalho”. Havia feito três gols no time dirigido pelo técnico, a declaração soou esquisito. Mas, combinemos, Romário compensava com bola na rede frequente e importante. Pato não está neste nível. Aí está o dilema do atacante que pintava no Inter em 2006 como próximo fora-de-série do futebol brasileiro. Não confirmou até hoje. Eu ainda gostaria de vê-lo convocado para a seleção, Luiz Felipe poderia fazer bem a ele.
Memorial Justificativo
Referências
O Filme:
‘Estômago’ conta a história do personagem ‘Nonato’, apresentando de maneira paralela dois períodos de sua vida. Em um primeiro momento somos apresentados a ele como retirante nordestino, buscando prosperidade em uma metrópole, e à conquistando através do ramo da gastronomia. Simultâneo a isso, é mostrado um período futuro onde o personagem agora é um presidiário. Do ponto de vista visual, o filme possui estética bastante característica, reproduzindo com riqueza de detalhes a vida dentro de um presídio e na periferia de uma grande cidade. Esta estética se dá através de locações obscuras, precárias e deterioradas.
O designer:
Como referência em produção gráfica foi escolhido o book-designer Diego Guerra. Esta escolha deve aos trabalhos do mesmo possuírem características semelhantes as encontradas na análise do filme. Em suas obras, sejam elas capas de livros ou ilustrações, é recorrente o uso de texturas ou hachuras, além de ambientes obscuros/depressivos. Estas características vêm de encontro aos ambientes apresentados no filme, ou seja, presídio e periferia.
Memoriais Justificativos
Capa:
Primeiramente, com o objetivo de manter similaridade com a obra original, alguns aspectos do filme foram mantidos no projeto. Isto pode ser observado no título do livro que utilizou a mesma tipografia da produção original, além da cor de fundo do cartaz nacional, o amarelo. Ao fazer uso das referências extraídas do filme , foi escolhido desenvolver uma sobrecapa. O uso desse elemento associa-se diretamente à característica do filme de exibir duas narrativas simultâneas. Na capa do livro, foi retratada a primeira fase do filmes através de um chapéu de cozinheiro, representando o personagem principal. Já na sobrecapa, é retratado o segundo momento da história, o presídio, através do uso de ilustrações de grades. Havendo a sobreposição de ambas ocorre a simulação da “prisão do personagem”. Ainda visando reproduzir a estética visual do filme foram utilizadas ilustrações que simulam ambientes da história. Na capa foram aplicadas de texturas de parede deterioradas, que remetem a diversas cenas do filme. O mesmo ocorre na segunda e terceira capas, onde ilustrações de uma parede de azulejos associam-se ao período em que o personagem trabalha em um restaurante de periferia. No desenvolvimento da ilustração de capa foi utilizado traço semelhante às obras do designer escolhido como referência, pois este se encaixa com a temática de rusticidade do livro.
Miolo:
No desenvolvimento do miolo do livro foi planejado utilizar a estética presente na capa, porém sem abrir mão de um preceito fundamental à diagramação de livros, a legibilidade dos textos corridos. Como fatores de manutenção de identidade pode-se observar as folhas de rosto que mantiveram tanto elementos textuais quanto ilustrativos presentes na capa, porém, de forma mais sutil, adaptando-se ao formato de impressão do miolo. Também mantendo a identidade foram inseridas ilustrações nas capas de capítulo e cabeçalho de página, ilustrações estas que mantiveram a estética presente na capa. No restante do livro privilegiou-se a legibilidade, em razão disso no corpo de texto foi utilizada a tipografia “Garamond” em tamanho 10. Esta escolha propiciou ao livro boa leiturabilidade, tendo em vista que a tipografia apresenta bom kerning e entrelinhamento, não causando prejuízos a visão do leitor. Nas capas de capítulo também optou-se pelo uso de “Garamond” afim de obter melhor uniformidade entre as páginas do miolo.