Privilège Número 10 • Ano 3 • 2008
Malta e Ferrez Novas imagens do velho Rio
Gastronomia O lado criativo das carnes cariocas
Perfil Cultural Gianne Albertoni
Lucerna Belezas no lago e no cantão
Privilège É uma publicação da Voice Editora e Publicações Ltda. Conselho Editorial Marcelo Herrmann, Martha Gentil e Pedro Mello e Souza Publisher Marcelo Herrmann Editor de arte Henrique Diniz Colaborador de edição Alex Lins Direção de fotografia Ricardo Bhering Edição e Textos Pedro Mello e Souza laudanet@yahoo.com
Revisão Ana Paula Brandão Editor de moda Alexandre Nunes Diretor de publicidade Henrique Smaal Tel.: (21) 2224-7320 henrique@voiceeditora.com.br
Executivos de contas Patrícia Stern patricia@voiceeditora.com.br
Ulimar Amaral ulimar@voiceeditora.com.br
Colaboradores Carlos André Herrmann, Christian Parth, Gisele Sarbach, José Beserra e Manoela Cesar Impressão Gráfica Ideal Distribuição exclusiva para os hóspedes do hotel Le Canton, sócios do Gávea Golfe Clube, Iate Clube do Rio de Janeiro, mailing da Editora e pontos selecionados na cidade do Rio de Janeiro. Os artigos publicados não refletem necessariamente a opinião da Revista Privilège Le Canton.
Mais do que um número, o número dez é um conceito de excelência. Pode ser a nota dez, a camisa dez, a relação dos dez mais. Mal paramos para pensar nisso ao produzir a edição número dez de Privilège, a não ser pelo fato de que o leitor merece bem mais do que um dez. Para a equipe da revista, é como se fosse um zero – o marco, não a nota -, pois iniciamos o terceiro ano de existência da publicação e procuramos dar sempre vigor novo aos temas que refletem o alto nível de nosso público. Damos pinceladas de beleza, do impressionismo de Cézanne ao impressionante das feições de Gianne Albertoni, em seu perfil cultural. E revelamos o lado primaveril da moda, com um editorial que mostra as tendências das estampas florais do vestuário feminino, ou da hotelaria, com o lado paisagístico do Hotel Le Canton. E mostramos o encanto do Rio Antigo, do acervo do Instituto Moreira Salles, ou as linhas futurísticas das lanchas da Intermarine. Trazemos ainda sabores, com direito a cores, variedade e um toque de legalidade. As cores vêm das carnes, através de novos cortes, novas raças e novos formatos que chegam aos pratos cariocas. A variedade chega com a seção Pitadas, que ganhou mais uma página de dicas da gastronomia carioca. E a legalidade fica por conta dos novos rumos dos charutos autênticos no Rio, graças aos bons acessos e ótimos preços, negociados com a Casa del Habano para os conhecedores de Rio e São Paulo. E damos os relatos de quem foi conhecer Dublin e viu Lucerna, de quem cruzou o Atlântico e de quem saltou obstáculos no hipismo, de quem ensaia suas primeiras tacadas no golfe ou de quem se aventura no arriscado mercado imobiliário americano. Com tudo isso, acredite, ainda deu tempo para festejar a décima edição. Junte-se a nós e boa leitura. Pedro de Mello e Souza
Endereços Agilitá: São Conrado Fashion Mall, 2º piso - São Conrado - RJ - Tel.: (21) 3322-3880 • Arezzo: Shopping Leblon, 3º piso - Leblon - RJ - Tel.: (21) 2512-5615 • Lenny: Rua Garcia D’Ávila, 149/lj.A - Ipanema - RJ - Tel.: (21) 2227-5537 • Lucidez: Tel.: (21) 2294-5981 - www. lucidezbrasil.com • Mademoiselle: Shopping Rio Sul, 3º piso - Botafogo - RJ - Tel.: (21) 2543-3136 • Maison Kaka Barcelos: Rua José de Figueiredo, 320 bloco 05/loja 106 Barra da Tijuca - RJ - Tel.: (21) 2138-8010 • Rosa Chá: São Conrado Fashion Mall, 2º piso - São Conrado - RJ - Tel.: (21) 3422-3744 • Zero Zen: Shopping Vertical, loja 602 - Centro - RJ - Tel.: (21) 2242-7532
Hotel Le Canton Estrada Teresópolis–Friburgo, km 12 Vargem Grande - Teresópolis - RJ - Brasil Reservas: (21) 2741-4200 • www.lecanton.com.br
Foto capa: Photo Swiss-image.ch
12 Perfil Cultural
50 Saúde e Beleza
A modelo Gianne Albertoni abre seu baú
Novos passos no Kinesis e no Power Plate
16 Cultura
52 Investimento
As atrações do Tim Festival
As saídas do mercado imobiliário em Miami
20 Arte e Design
54 Moda
O lado impressionista do Courtaulds Institute
As flores dominam as estampas da primavera
24 Evento
62 Consumo
Lançamento da nona edição de Privilège
Dicas para as compras de alto nível
26 Conexão Suíça
66 Destino
Os caminhos da história e do turismo em Lucerna
Uma nova visão sobre Dublin
32 Gastronomia
70 Memórias do Rio
Os novos cortes das carnes nobres
O novo lado do velho Rio no acervo do IMS
38 Pitadas
76 Hipismo
Novidades dos restaurantes cariocas
Oi Serra & Mar de Hipismo
40 Raio X
78 Golfe
Paisagismo no Hotel Le Canton
Terceira etapa do torneio do Le Canton
44 Negócios
80 Náutica
O lado legal dos originais charutos cubanos
Testemunhos de uma travessia oceânica
48 Motor
82 Crônica
Intermarine e o futuro das lanchas
Carlos Eduardo Novaes
10 • Revista Privilège Le Canton
Foto: Rodrigo Marquez
12 • Revista Privilège Le Canton
Perfil cultural•
Gianne Albertoni Gianne Albertoni foi descoberta aos 13 anos, pelo fotógrafo Sérgio Duarte, quando andava de bicicleta no Parque Ibirapuera e foi lançada no mercado como a mais jovem top model brasileira a brilhar em passarelas internacionais. Hoje, aos 27 anos, divide seu tempo entre as passarelas de Paris, Milão e Nova York com os estúdios de cinema e TV: ora desfila para casas como Armani, Versace, Prada, Dolce & Gabbana e Gucci, ora estuda canto, interpretação, cinema, clown, teatro e TV na escola de Ulisses Cruz, em São Paulo. Magérrima, encarou o papel de uma obesa mórbida, em sua estréia no teatro, com a peça Você está aqui, de Fernando Ceylão. Na telinha, estrelou a novela Cristal, do SBT, e a série Mandrake, da HBO, onde recebeu diversos elogios da crítica especializada. Nos estúdios, ela se prepara para apresentar um programa semanal de variedades no Canal E! Entertainment: o Conexão Brasil. Experiência ela trouxe da Itália, quando apresentou, em 2001, a grande atração dos sábados à noite do Canal 5: Italiani. Ou do Brasil, onde cobriu várias edições das semanas de moda brasileiras nos canais Fox e E!. Música Quais foram os discos da infância? Algum vinil? Discos da Xuxa. E o último? “Thriller”, de Michael Jackson. E o primeiro CD? Madonna. E o mais recente? Amy Winehouse. Quais os momentos do rock mais importantes no correr de sua vida? Adoro rock, principalmente os mais antigos, dos anos 70, bem antes de eu nascer. Os shows, a liberdade e as roupas são incríveis. Acho que os melhores momentos aconteceram nessa época, o rock tem muito a ver com o estilo de vida, e a atitude também. Qual a trilha no seu iPod? Cafe del mar, Buddha Bar e Marina de la Riva. Qual o ritmo que mais te atrai na balada? House. Os shows inesquecíveis no Rio e fora do Rio, do megaevento ao pocket show: Rolling Stones e U2. Os clipes preferidos: Red Hot Chilly Peppers, Madonna e Amy Winehouse. E no exterior? Aerosmith no Japão.
No samba, quais os maiores de ontem, hoje e amanhã? Tom Jobim e Noel Rosa. Qual o instrumentista do momento? João Gilberto, qualidade e atual sempre. E o letrista? Caetano Veloso. Qual o melhor do cafona na música? O melhor do cafona na musica é ter essa diversidade musical. Como país é grande e os gostos são diferentes de região para região, acaba criando coisas bem engraçadas.
Artes plásticas A escultura espetacular Todas do Auguste Rodin. Objeto de desejo: Quadros de Gustavo Rosa e Romero Britto. Artista brasileiro antes e depois da Semana da Arte: Di Cavalcanti. O Museu que vai sempre, aqui e lá fora: MAM, em São Paulo; e MoMA e Guggenheim, em Nova York. O que ainda não foi, mas está na agenda: Guggenheim Bilbao. A galeria ou museu que descobriu no Brasil e fora: Museu Histórico Nacional no Rio e Museu Rodin, na França. Já tentou suas pinceladas? Não. Mas gosto de desenhar. Revista Privilège Le Canton • 13
•Perfil cultural
Teatro Quais as peças que influenciaram seu desejo de ser atriz? Todas as de Shakespeare e as do Nelson Rodrigues. Quais as peças que interpretou no colégio? Só peças criadas pelos alunos. Alguma delas veio a interpretar já como atriz? Não. Qual a sua referência para a veia dramática? E a cômica? Bibi Ferreira, Paulo Autran, Fernanda Torres, Marilia Pêra, entre outros. O Brasil tem muitos atores e atrizes excelentes. O que tem assistido ultimamente? “Toc Toc”, “A festa de Abigaiu”, “Senhora dos afogados”, “Ensina-me a viver”, “Monstra”. Tem ótimas peças em cartaz no momento.
Telona Três filmes brasileiros e uma palavra para defini-los: “Tropa de Elite”, “Central do Brasil” e “Cidade de Deus”. Todos maravilhosos. Três filmes estrangeiros e uma palavra para defini-los: “Cidadão Kane”, “Casablanca” e “La Dolce Vita”. São imortais. Um filme que você falsificou a carteira de estudante para assistir: Não precisei. Três diretores daqui ou de fora. E por que eles? Foto: Rodrigo Marquez
Fernando Meireles, Quentin Tarantino e Francis Ford Coppola. Adoro todos os filmes deles. Um grande filme que você gostaria de ter feito: “La Dolce Vita”. Um filme (ou mais) que você tenha saído no meio: Filmes de terror.
Telinha O primeiro DVD: Cirque du Soleil. Qual o mais recente? Série de TV “Seinfeld”. Quantos tem? Quais os favoritos e os mais raros? Centenas. Os favoritos são os filmes antigos e os mais raros são os de cinema mudo. Minissérie (mais de uma se quiser) brasileira: “Você está aqui”, do Canal Brasil; “Mandrake” e “Filhos do carnaval”, da HBO. Acompanha alguma das séries americanas (ou sitcom) do momento? “Californication”. Quais os canais favoritos no zapping? Gosto dos canais que têm programas sobre cinema e teatro como o Canal Brasil.
Livros Anda lendo o quê? “Neve” e “Caçadores de pipa”. O que está na cabeceira? “Os melhores contos de Oscar Wilde”. Qual a passagem preferida na poesia? Deixai-me nascer de novo, nunca mais em terra estranha, mas no meio do meu povo, com meu céu, minha montanha, meu mar e minha família. Poetas e poetisas: Fernando Pessoa e Cecília Meireles. Alguma descoberta recente na literatura? Os autores orientais. Tenho gostado bastante. Na época de ginásio, qual livro adorou e qual odiou ler? Gostava dos livros mais contemporâneos, os de linguagem muito clássica na época eu não gostava muito, hoje já vejo a beleza das palavras, do talento dos autores.
Quadrinhos Quais os três principais na infância? Turma da Monica, Charlie Brown e Pato Donald. O personagem de HQ marcante (nacional e internacional): Charlie Brown e Cebolinha. Continua acompanhando? Não, só às vezes em tiras de jornais. 14 • Revista Privilège Le Canton
•Cultura
A bossa do jazz Tim Festival traz 29 atrações nacionais e internacionais Em tempos de saudades da bossa-nova, o jazz abre espaço para tornar-se uma das trilhas sonoras da primavera de três cidades brasileiras. Rio, São Paulo e Vitória recebem a sexta edição do Tim Festival, que conta com 19 artistas internacionais e dez nacionais, entre os dias 21 e 28 de outubro. Entre os destaques, o saxofonista Sonny Rollins, destacado para o show principal da noite de gala carioca, na Marina da Glória (dia 23), e para um show gratuito no Ibirapuera, em São Paulo, no dia 25. Na abertura da noite inaugural, a cantora brasileira Rosa Passos. Outro destaque é Paul Weller, ex-vocalista do grupo inglês Style Council e um dos pioneiros na incorporação das marcações da bossa-nova no rock britânico. Ele completa o espetáculo Bossa Mod (no Rio, dia 25), que conta com abertura do brasileiro Marcelo Camelo, autor do hit Anna Julia. As atrações do jazz puro ganham temas divididos entre damas e cavalheiros: Sophisticated Ladies apresenta três estrelas americanas do jazz de diferentes gerações – a veterana pianista Carla Bley, a cantora Stacey Kent e a jovem cantora e contrabaixista Esperanza Spalding, cujo show contará com a participação do violonista brasileiro Chico Pinheiro. Já The Cats traz talentos consagrados do jazz mundial, como o guitarrista norte-americano Bill o pianista italiano Enrico Pieranunzi. A inspiração para o nome que batiza a noite masculina
16 • Revista Privilège Le Canton
Stacey Kent
Foto: Divulgação
Frisell, o trompetista polonês Tomasz Stanko e
Foto: Divulgação
vem da gíria com a qual os músicos de jazz se tratavam entre si na era do swing. Duas apresentações especiais vão mostrar as novas tendências da música pop nos Estados Unidos. A primeira é Brilhando no Escuro (dia 24 no Rio), alusão ao show do rapper Kanye West, que traz o show Glow in the Dark e uma bagagem que inclui a consagração e dez prêmios Grammy. Na mesma noite, o quadro Ponte Brooklyn traz duas bandas do bairro de Nova York, o The National e o MGMT. No último evento da apresentação carioca, no dia 25, o Tim Festival solta o último grito da música eletrônica do momento através da apresentação de bandas como a gypsy punk Gogol Bordello e de disc-jockeys brasileiros - Sany Pitbull, DJ Dolores e o duo Database - e estrangeiros, como inglês DJ Yoda e os americanos Switch e Dan Deacon.
Sonny Rollins
Carla Bley
Bill Frisel
Esperanza Spalding
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
Foto: Johann Sauty
Revista Privilège Le Canton • 17
•Cultura
Reprodução / Acervo IMS
Alécio A riqueza do acervo de fotografias do Instituto Moreira Salles não se restringe ao Rio Antigo, exibido nesta edição. Pelo contrário, um Rio (e um mundo) sempre novo, retratado por nomes como os de Alécio Andrade mostram o vigor da coleção da casa. Uma mostra dedicada ao fotógrafo carioca destaca o seu trabalho artístico e jornalístico, que lhe valeram convites de trabalho em revistas como a francesa Elle e a americana Newsweek, além de – glória maior para um fotógrafo – ocupar um posto na equipe de Henri Cartier-Bresson. Até 26 de outubro.
Realeza nos Trópicos
Foto: Divulgação
Literatura, moda, economia, gastronomia... Sobrou tema para descrever a chegada da Família Real ao Brasil. Mas faltou a música. Pelo menos até 7 de outubro, quando o Centro Cultural Banco do Brasil receber a série Realeza nos Trópicos, que vai explicar, com interpretação de artistas como Henrique Cazes (foto) e Rosana Lanzelotte, a relação entre a música lusitana e seus instrumentos, do fado ao cavaquinho, do barroco a modas, ludus e músicas caipiras. Os concertos acontecem todas as quartas-feiras de outubro e contarão com a participação de artistas portugueses e italianos.
Foto: Mariana Vianna
Fumando espero... Ela parou. Voltou e parou de novo. A luta da diretora Adriana Dutra para parar de fumar após 20 anos de convivência com o cigarro foi retratada por sua própria câmera, que gerou o documentário Fumando espero... Lançado em longa-metragem, o filme conta mais do que o reality show que Adriana impôs a si mesma, com as relações com o cigarro e com a abstinência retratada 24 horas por dia. Mostra também os depoimentos de personalidades como Ney Latorraca, Eduardo Moscovis, Carla Camurati, Scarlet Moon, Miucha, Rita Guedes, Neville D’Almeida, além de juízes, psicólogos e participantes de movimentos como o Fumantes Anônimos.
18 • Revista Privilège Le Canton
•Arte e Design
Impressões desvendadas
Foto: Reprodução
Cézanne: Natureza morta e estátua de gesso (1895)
Galeria Courtauld mostra a força da arte em Londres e atrai o público com um dos mais ricos acervos de impressionistas e pós-impressionistas 20 • Revista Privilège Le Canton
Cézanne: O Lago Azul (1896)
Por Pedro de Mello e Souza Pela primeira vez em seus 75 anos de existência, a Galeria
das diversas fases das artes da Europa, das influências
Courtauld revela ao público, na íntegra, o seu acervo de
bizantinas aos artistas do século XX.
obras do pintor francês Paul Cézanne. A mostra comemorativa, aberta em julho e com encerramento previs-
Riqueza no acervo
to para 6 de outubro, conta com desenhos, aquarelas e pinturas a óleo, algumas consideradas fundamentais na
A exposição, batizada como Courtauld’s Cézannes, traz
formação do estilo do artista e da influência que exer-
ainda uma série de pinturas de outros artistas france-
ceu em toda a arte contemporânea. Entre as telas mais
ses da mesma época, como Monet, Manet e Van Gogh.
influentes, destaques para O lago azul, Natureza morta
Recentemente, como parte da agenda comemorativa de
com cupido em gesso e uma das mais belas interpreta-
seu 75º aniversário, a instituição exibiu uma não menos
ções de Cézanne para o Monte Sainte-Victoire.
impressionante mostra com obras de Renoir. Outros no-
A exposição traz à luz não somente uma visão global
mes fundamentais, como Goya, Gainsborough e Turner,
do acervo de Cézanne, mas revela também a referência
Toulouse-Lautrec, Matisse e Modigliani integram tam-
que a Galeria Courtauld representa nas artes em toda a
bém o acervo da galeria, que guarda pinturas e escultu-
Europa. E mostra ainda a força de Londres nos estudos
ras góticas ou em marfim. Revista Privilège Le Canton • 21
•Arte e Design
O Courtauld Institute of Arts abriu suas portas em 1932 por iniciativa do industrial Samuel Courtauld. Ao lado de colecionadores como Sir Robert Witt e o visconde de Lee of Farenham, ele superou resistências para associar a sua fundação à Universidade de Londres. Na época, os trabalhistas viam as artes como exclusividade dos ricos e, por isso, indigna de ser levada ao ensino público.
Cézanne e a mágica Hoje, apesar da prestação de contas ao Parlamento, a entidade goza de independência para conduzir, na belíssima Somerset House, uma série de cursos superiores e centros de estudos da história e da conservação da arte e da arquitetura. As obras de Cézanne atraíram Samuel Courtauld em 1922, durante uma exposição em uma galeria de Londres.
Van Gogh: Auto-retrato com curativo na orelha (1889)
“Naquele momento, senti mágica. E passei a sentir sempre, graças a Cézanne”, declarou o industrial, a respeito da descoberta. Nos anos seguintes, Courtauld começou a adquirir uma série de obras do pintor francês, todas elas com uma característica em comum: o desafio aos traços, às proporções e às perspectivas que levariam ao advento do cubismo de Braque e Picasso. Monet: Outono em Argenteuil (1873)
Gênio no exílio Paul Cézanne foi um dos artistas rejeitados pelo mítico Salão de Paris, de 1870. Ao lado de um grupo de artistas, ele integrou as mostras paralelas, que passaram a ser retratadas pela crítica como o movimento dos impressionistas, expressão cunhada a partir da tela Impressões: pôr-do-sol em Londres, de Monet. O movimento causou sensação, mas não trouxe o sucesso. E Cézanne exilou-se em Aix-em-Provence, onde a introversão, a paisagem, a rusticidade dos personagens e da natureza local deram origem à sua grande obra, parte
Cézanne: Mont Sainte-Victoire (1895)
22 • Revista Privilège Le Canton
dela retratada na exposição da Galeria Courtauld.
•Evento
Patrícia Stern e Ana Vital
Henrique Smaal e Marco Antonio Alencar
A Privilège voltou a subir a Serra. Desta vez, para lançar a sua nona edição, com direito a um lounge debruçado sobre a pista do Le Canton, onde alguns dos melhores cavaleiros brasileiros mostravam seus talentos, no ensolarado fim de semana do torneio Oi Serra & Mar de Hipismo. O hotel ficou lotado com público selecionado, que prestigiou o lançamento da revista, durante os dois dias de competição. O evento contou com o apoio da Ballantine’s e com uma degustação de vinhos da grife Família Borges. Marcio Alves e Claudio Fernandes
Lounge do evento
Eliane Medeiros e sua filha Roberta
24 • Revista Privilège Le Canton
Neli Cavalcanti e Régis Schuch Jr.
Rodolfo Júdice, Vagner Esteves e Frederico Júdice
Marcelo Herrmann e Waldir Pereira de Souza
Vitor Mariano Luminatti, João de Carvalho e Waldir P. de Souza Jr.
fotos: Swiss-image
Conexão Suiça•
Lucerna,
a síntese dos cantões suíços Por Pedro Mello e Souza
Atrações turísticas e culturais, paisagens inesquecíveis, ambientes aconchegantes, agenda diurna e noturna, contraste de acervos históricos e arquitetura moderna e ambientes aconchegantes. As mais conhecidas cidades suíças exibem pelo menos uma dessas características. Mas o cantão de Lucerna é um dos poucos pontos do país a reunir todas elas.
Vista noturna da cidade
O cantão de Lucerna localiza-se no coração da Suíça.
um dos expoentes da arte local é o Monumento do Leão
Pontuada por picos espetaculares, vales deslumbrantes
(Loewendenkmal), esculpido em uma pedreira, em 1821,
e cravejada de lagos pacíficos, é um dos principais pó-
pelo artista Thorwaldsen. É uma homenagem aos membros
los turísticos do país, graças às ati-
Foto: Swissimage.ch
da guarda suíça que morreram na
vidades que mantém em todas as
defesa do Palácio das Tulherias,
estações e ao grande fluxo rodovi-
em Paris, em um dos primeiros
ário vindo da Alemanha, ao norte,
atos da Revolução Francesa.
e da Itália, ao sul. O Lago Lucerna,
Fachadas e conteúdos
o maior de todos na área, banha ainda os cantões vizinhos de Uri, Schwyz e Unterwalden.
O Centro de Congresso e Cultura,
Em todas as cidades do cantão, a
conhecido como KKL, é um dos
arquitetura original é um dos en-
O Leão de Trhorwaldsen
cantos da região. Na capital, tam-
expoentes da moderna arquitetura de Lucerna. Localizada às margens
bém Lucerna, dois monumentos se destacam: a Ponte
da baía em torno do lago, o prédio é exemplo do arrojo
da Capela (Kapellbruecke), de 1333, e a antiga Torre de
de Jean Nouvel, um dos mais celebrados arquitetos fran-
Água, que abastecia a cidade no século XVII. Ao ar livre,
ceses. Seu palco recebe dois importantes festivais anuais
Foto: Christof Sonderegger
Sala de concertos e vista externa
28 • Revista Privilège Le Canton
Foto: Swissimage.ch
de jazz e blues, além das apresentações da Orquestra
ralado e derretido sobre rodelas de pão rústico e enri-
dos Festivais, formada sazonalmente com componentes
quecido com alho, manteiga e vinho branco. Ou pratos
de grandes orquestras européias.
mais consistentes, como o lozärner chügelipastete, um
A Cidade Velha, localizada na margem direita do rio
empadão redondo recheado com um ensopado rico de
Reuss, é um dos roteiros indicados para um passeio a
carne de vitela em cubos, cogumelos e rodelas de salsi-
pé. As pequenas lojas, localizadas nos pés dos sobrados e pequenos prédios do início do século XX, integram-se ao charme de um casario decorado com afrescos em todas as fachadas. Na margem esquerda do rio, uma série de bares, restaurantes, brasseries e pequenos cafés dão a oportunidade ao visitante de provar uma série de especialidades do cantão.
chões alpinos. Para a sobremesa, o “pão de pêras”, uma versão local do strudel, com a massa folhada envolvendo uma rica porção de pêras, castanhas, passas e um lance de kirsch, a aguardente de cerejas. Outras iguarias sazonais, especialmente aquelas à base dos queijos da região, estão disponíveis em uma festa que poucos julgariam ser tão típica dos suíços: o Carnaval. Celebrado como um rito de fertilidade nos campos, no
Sabores locais
início da primavera, o Fasnacht, como é conhecido, moEntre as opções para os paladares mais curiosos estão as
biliza fanfarras, bandas amadoras e muita gente fantasia-
fatias de queijo, uma entrada em que o queijo alpino é
da, como convém a um desfile carnavalesco.
Cais de Reuss
Foto: Swissimage.ch
Foto: Christof Sonderegger
O carnaval de Lucerna
Revista Privilège Le Canton • 29
•Conexão Suiça Fotos: Swissimage.ch
Caminhos nas alturas Como na maioria das cidades suíças, todos os acessos, pistas, estradas e trilhas estão abertas aos ciclistas. Os mais resistentes podem explorar mais de 500 quilômetros de caminhos que a natureza local proporciona, principalmente no verão, seja em meio às florestas ou nas margens dos lagos. Na primavera e no outono, os passeios recomendados pelo cantão podem ser feitos em ônibus turísticos, que conduzem o visitante a mais de 8 mil quilômetros de caminhos entre cidades, vilarejos e estações de inverno. Para curtir de perto um dos mais belos picos dos Alpes
Vista de Weggis
Suíços, o caminho passa pelo pacato vilarejo de Weggis, que hospedou a Seleção Brasileira em sua última escala para a Copa da Alemanha, em 2004. Dali, toma-se um teleférico que vence os 1.428 metros de altitude até a estação do monte Ribi Kaltbad. De lá é possível vislumbrar uma das mais espetaculares vistas da região, em que o Lago de Lucerna é emoldurado por dois outros montes magníficos, o Buergenstock, de 1.128 metros, e Monte Pilatus, ponto culminante da região, com 2.120 metros.
Foto: Christian Perret
Lago de Lucerna vista do alto do Pilatus
Ciclismo às margens do lago
Textura nova
Carnes ganham novos tratamentos e trazem novos sabores das grelhas cariocas
Satê de filé, do Gula-Gula
32 • Revista Privilège Le Canton
Foto: Clorisval Júnior
Por Pedro Mello e Souza
Gastronomia• Foto: Divulgação
O Brasil é um país de 160 milhões de habitantes. São 160 milhões de churrasqueiros, portanto. Cada um deles com sua técnica, seu segredo, seu toque e sua mandinga para conduzir seu convidado ao nirvana das picanhas ou para sublimar a melhor das costelas com uma camada de pré-sal. Mas se depender da criatividade dos chefs cariocas, todos esses magos das carnes vão ter de rever seus conceitos, graças a um arsenal de marinadas, curas, cortes especiais e tratamentos que dão à carne um quê de moderno. E de muito saboroso. As marinadas costumavam causar indignação nos puristas. Hoje, o tratamento mostra não somente o zelo carinhoso do chef com a carne, mas também um autêntico estudo de antigas técnicas culinárias nos modernos preparos das peças. É o caso das marinadas asiáticas. Eram antigas formas de se conservar a carne em tempos pré-frigoríficos. Hoje, transmitem personalidade a técnicas modernas como as de levemente banhar o filé mignon em uma mistura de saquê e óleo de gergelim, base do prato nuea pad kanaa, criado pelo chef David Zisman, do Nam Thai.
Lula e o amendoim Outra técnica asiática é aplicada em um restaurante do qual pouco se esperaria para um prato potente de carne bovina: o Sushi Leblon. Ali, a peça é tratada com uma cobertura de tinta de lula antes de ir à chapa e chegar à mesa com uma guarnição de purê de pequi e molho de pimenta dedo-de-moça. Mais um exemplo de êxito na aplicação de técnicas exóticas vem do Gula Gula, onde a chef Fernanda de Lamare elaborou duas opções de entradas com jeitão de prato principal. Uma é o satê de carne, de influência indonésia, em que os espetinhos de filé ganham uma marinada do molho que batiza o prato antes de ganhar o seu belo corpo dourado. Outra é o carpaccio, em que o clássico veneziano leva seu molho para o recheio de um suculento sanduíche com alcachofras e folhas verdes, no pão árabe.
Filé marinado em tinta de lula, do Sushi Leblon
Revista Privilège Le Canton • 33
•Gastronomia Foto: Renato Neto
Sudbrack: técnica de corte fino no preparo do sudburguer
Ponta da faca Carinho ainda maior com as carnes fica por conta de uma das técnicas da cozinha molecular que Roberta Sudbrack aplica no filé mignon premium que usa no
Carnes fortes na pariilhada do Las Rocas, na Barra
preparo de seu sudburguer. A iguaria é preparada com a carne picada na hora, na ponta da faca, o que impede que a superfície se oxide e prejudique a textura no ato do cozimento. Para a chef, a maturação, especialmente com as técnicas mais apuradas e desenvolvidas de hoje, é uma boa solução para alguns tipos de carne, especialmente no quesito conservação, pois possibilita melhor durabilidade e, sobretudo, uma segurança muito maior. “Apesar disso eu prefiro utilizar a carne sempre mais jovem, pois durante esse processo, a tendência é que, inevitavelmente, a carne sofra mudanças como perda de líquidos e alteração de textura. Eu recomendo usar esse tipo 34 • Revista Privilège Le Canton
Foto: André Coelho
Foto: Divulgação
Foto: Ricardo Bhering
Red angus, corte de origem escocesa no Gibraltar
de carne com no máximo sete dias de embalagem”, explica Roberta.
Toque de chef Mas justiça se faça ao Joe & Leo’s, o pioneiro no uso da picanha em seus hambúrgueres. A idéia surgiu no início desse século como um cheesebúrguer simples, mas outros vieram em seu rastro. O primeiro foi o Joe di Maggio, recheado com uma mistura de picanha moída com ca-
Napoleão de língua com polenta, criação de Pedro Artagão, do Laguiola
Grandeza nos miúdos
labresa. Por sugestão da chef Flávia Quaresma, amiga
jericão e especiarias italianas. Depois do Joe & Leo’s,
O contrafilé é uma das carnes preferidas dos gourmets. Rica e irrigada, desenvolve o paladar sob preparos tão distintos quanto a grelha ou o ensopado. Essa foi uma das escolhas de Salvatore Loi para o cardápio que comemora os 6 anos do Gero, no Rio. A carne é picada,
várias outras casas e até redes de lanchonete apostaram
marinada em vinho tinto, ensopada em ragu e usada
no hambúrguer de picanha.
para enriquecer o coa secoe, um dos risotos da casa.
pessoal de André Cunha Lima, dono da casa, a receita ganhou um toque de queijo mozarela e orégano. O segundo foi o the power, uma potente combinação de picanha, mignon e alcatra condimentada com man-
Revista Privilège Le Canton • 35
•Gastronomia Foto: Ricardo Bhering
Risoto com ragu de contafilé, do Gero
Outra mina de alegrias para os gastrônomos está justamente em uma das coleções de carnes mais desprezadas pelo grande público: os miúdos. Nas Américas, poucos sabem apreciar as delicadezas do boi como os argentinos. Em sua clássica parillada, executada nas grelhas do restaurante Las Rocas, na Barra da Tijuca, traz a chapa fumegante com cortes que os brasileiros, aos poucos, começam a apreciar: os chinchulines, preparados com pedaços bem tratados do intestino do animal; e as mollejas, as glândulas do timo, cuja suavidade já fez a fama de chefs como Carême e recheou quitutes como o vol-au-vent servido no banquete de coroação da Rainha Elisabete I.
bovinos de raças de origens francesas como o limousin, inglesas como a hereford ou a simmertal, holandesas como a holstein, escocesas como o black angus e até japonesas como o marmorizado wagyu. Da África do Sul, algumas casas já trabalham com peças da estirpe sul-africana bonsmara, de origem indiana. As grandes churrascarias se mantêm fiéis a raças aclimatadas ao clima e ao paladar nacional. É o caso das carnes que chegam dos pampas, de Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso, proporcionadas por gados nelore, brâmane e o seu cruzamento com o angus, que deu origem ao híbrido brangus. A Barra da Tijuca parece ser predestinada a ser uma das vitrines desse tipo de
Muita raça
requinte das grelhas. Da cozinha de restaurantes como o Gibraltar ou do Antiquarius Grill, os cortes do gado
Tal como os bons vinhos, os bois também têm suas cas-
red angus mostram seu potencial em cortes consagrados
tas. Uma série de restaurantes já enverga cardápios com
pelas parillas argentinas, como o bife ancho, ou dos es-
cortes diferenciados das mais diversas castas bovinas. Da
petos americanos, como o rib-eye, ambas peças nobres
Argentina e do Uruguai chegam as cobiçadas peças de
das vizinhanças das costelas.
36 • Revista Privilège Le Canton
•Pitadas Foto: Divulgação
Mosquinta Uma das novidades do recente cardápio do Gula Gula não está nos pratos, mas nos copos. Com a chegada da primavera, destacam-se sugestões refrescantes, que podem ser degustadas com os pratos do dia ou com o bate-papo da noite. O mosquinta é uma dessas sugestões. Trata-se de uma criação da casa que remete ao clássico gim tônica, mas com o vinho do porto branco Quinta do Portal a substituir a fortíssima bebida inglesa e com um ramo de hortelã a complementar o frescor do coquetel. Gula Gula: Fashion Mall, Estrada da Gávea 889, 2ºpiso • Tel.: 2422-1797
Foto: Selmy Yasuda
Almoço A Expand Barra serve cardápio executivo de almoço, de segunda a sexta. São duas alternativas de entrada, três de prato principal e duas sobremesas, que mudam semanalmente. Entre as sugestões do chef Airton Aragão estão o creme de mandioquinha com gorgonzola e mix de folhas verdes com queijo de cabra, pêra e nozes, na entrada. Nos pratos principais, alternativas de massa, peixe, uma carne, com destaque para o filé de salmão com arroz de espinafre ao molho de maracujá, picadinho de filé mignon com arroz, banana frita e ovo poché e a picanha de cordeiro com risoto à parmegiana. Nas opções de sobremesa, o duo de mousse de chocolate e o cheesecake de cassis, ou fruta da estação. O preço é R$ 40 por pessoa. Expand Barra: Rua Érico Veríssimo 901, loja A, Barra • Tel.: 2493-6161
Intervinos Os irmãos Pedro e Alvaro Borgerth cresceram vendo o pai cozinhar em casa nos finais de semana. Anos depois, juntos, eles deixaram suas profissões – um é advogado e o outro fotógrafo – para se dedicarem à gastronomia e aos vinhos. Surgiu assim o Intervinos, em São Conrado, uma nova casa dedicada às degustações. A carta conta com mais de 150 rótulos de vinhos, que podem ser levados ou degustados no local. Para harmonizá-los, um cardápio que viaja nas lembranças de infância dos donos, do cassoulet do Languedoc à pissaladière de Nice, passando pela paella de Valência, servida aos domingos. Para quem quer se deter à degustação dos vinhos com pequenos acepipes, vale a sugestão dos bolinhos de cordeiros com hortelã ao queijo de cabra ao azeite de pimenta rosa. Intervinos: Estrada da Gávea, 698, São Conrado • Tel.: 3322-6962 38 • Revista Privilège Le Canton
Foto: Camila Maia
Lorenzo O nome é uma homenagem ao filho da chef Nick Barcelos, do antigo Lulu. O conceito vem do empresário Janjão Garcia (Garcia & Rodrigues e Fiammetta), que realizou seu desejo de abrir um restaurante que fosse a extensão da casa do cliente. Surgiu assim o Lorenzo, inaugurado recentemente no Jardim Botânico, que traz um cardápio de inspiração franco-italiana. São clássicos franceses, como os mexilhões à provençal com batata frita, e o saumon Chambord, servido grelhado com molho de vinho tinto, ou italianos, como o risoto “crispy” de camarão e alho poró e o ravióli de confit de pato. Lorenzo: Rua Visconde de Carandaí 2, Jardim Botânico • Tel.: 2294-7830
Yumê O restaurante japonês do Horto, atrás do Jardim Botânico, passou por uma recente reforma que trouxe ao ambiente um teto retrátil e uma série de mesas sobre uma piscina com carpas, que passeiam sob o piso de vidro. À noite, o clima romântico fica por conta da iluminação à luz de velas. No cardápio, entradas como a couve frita ou o donburi, um consomê de frutos-do-mar. Os tradicionais combinados de sushi e sashimi ganham criações em torno do atum, do curry e da salada de manga que guarnece o corte cru até as fatias finas do peixe grelhadas com gergelim. No capítulo das sobremesas, o harumaki de chocolate, a tradicional banana caramelada e mais um toque de maracujá, desta vez na calda do sorvete frito. Yumê: Rua Pacheco Leão 758, Jardim Botânico • Tels.: 3205-7321/ 3205-7322
Mr. Premium
Foto: Ricardo Bhering
Em recente entrevista para a revista Eatin’ Out, o chef Sik Chung Lam falou nas experimentações que pretende fazer no Mr. Lam com produtos brasileiros. A bartender do restaurante, Lucíola Martins, recebeu bem a mensagem e partiu para a criação de drinques clássicos com cachaças premium. E os resultados já estão abertos à degustação, em cinco opções: o Beleza Pura, que leva champanhe e polpa de morango; o Sr. Ipanema, com amaretto, sucos de laranja e limão; Sr. Leblon, com Peachtree, suco de tangerina e monin de cranberry; o Verde Mar, com monin de maçã verde e suco de abacaxi; e o Morrinho, com club soda, sour mix e hortelã. Mr. Lam: Rua Maria Angélica 21, Lagoa • Tel.: 2286-6661 Revista Privilège Le Canton • 39
•Raio X
Projeto Florescer Le Canton Fotos: Leonardo Rozário
Por Manoela Cesar, especial para Privilège Geralmente, os jardins de um resort não costumam figurar entre as atrações oferecidas nas diárias dos hotéis. No caso do Le Canton, no entanto, a bela paisagem natural merece um destaque especial, especialmente com a chegada da primavera. Um dos mais encantadores cenários de Teresópolis, com inspiração direta nos cantões suíços, o jardim do hotel ganha assinatura do paisagista Oney Barroso, que compõe uma harmoniosa mescla da mata nativa com espécies típicas da Suíça, como as sálvias, juníferas gerânios, pentas e antúrios. A exuberância do lugar deu origem à primeira edição do projeto Florescer Le Canton, que saudará toda a estação da primavera com cursos e eventos ecológicos ao longo da temporada. Responsável pela bela paisagem do resort, Oney acredita que a primavera no Le Canton proporciona uma experiência intensa de conexão com a terra. “A proposta é integrar 40 • Revista Privilège Le Canton
ao máximo o hóspede e o verde, pois é esta imersão na natureza que todos aqui procuram”, ressalta.
Graça e harmonia Em seu trabalho paisagístico, Oney não poupou banquinhos de madeira, cuidadosamente construídos em torno das árvores. O espaço convida os visitantes a um deleite visual, à sombra das copas. “Tive o cuidado de fazer com que de cada janela do Le Canton a vista fosse sempre para belos arranjos florais”, ressalta. Até mesmo as janelas que são próximas às àreas mais movimentadas, como as dos fundos do restaurante, conseguem ter uma vista tranquilizante, com o uso de cercas vivas. “Ao usar muros de plantas, em vez de cimento, podemos separar os espaços com graça e harmonia”, ensina Oney. Os jardineiros
ganharam roupas especiais: macacões verdes, que fazem com que eles se integrem ainda mais à paisagem. Mas não são apenas as flores coloridas ou espécies exóticas, como a bela e centenária barba-de-velho, que balança suas folhas emaranhadas ao vento, que vem encantando os hóspedes. Na verdade, um trabalho que valoriza todas as sobras deste belo quadro vivo vem chamando a atenção de quem por ali passeia: o projeto sobras da natureza.
Jardinagem para hóspedes Com galhos, folhas secas e demais resíduos orgânicos que resultam das podas do jardim, Oney desenvolveu um artesanato ecologicamente correto, no qual transforma as sobras da natureza em objetos decorativos para as diversas festividades do resort. O trabalho, que encanta por sua delicadeza, evita o consumo de plásticos e materiais inorgânicos para os enfeites. “Deus nos dá tudo que precisamos, não é necessário poluir, apenas transformar em arte as sobras que a natureza nos dá”, ensina o paisagista que, atendendo aos pedidos dos hóspedes, ministrará, durante o projeto Florescer Le Canton, workshops gratuitos aos hóspedes, para passar esta consciência ecológica adiante. Com exposição de arranjos florais, oficinas de jardinagem, artesanato, plantação em horta e cursos de ervas medicinais, o projeto Florescer Le Canton está aberto também aos não-hóspedes.
Flores no spa Para complementar, uma ótima dica para quem deseja se integrar ainda mais com a primavera é experimentar o Ritual Flores de Bali, oferecido pelo SPA Cinq Mondes. Um tratamento completo de cuidado e massagem facial e nas costas, como era utilizado pelas noivas balinesas na preparação para a noite de núpcias. O “Lulur”, tratamento esfoliante natural de beleza utilizado pelas princesas balinesas desde o século 17, é hoje em dia ainda praticado tradicionalmente na Indonésia para a preparação das cerimônias de casamento, com utilização de pétalas de flor-de-lótus, gardênias, lirios brancos, óleo de Kemiri e hibiscos. O resultado é uma pele radiante e purifcada. Em novembro, serão ministradas oficinas especiais para enfeites de Natal. “Com folhas de bananeira, faço ursinhos, com restos de folhas de tuias, árvores de Natal. Basta um banho de clorofila, para que eles durem por toda a vida”, adianta o artista. Revista Privilège Le Canton • 41
•Raio X
Sandra Milanez no jarim do Le Canton
Crianças e a recreadora Damyele
Personagens a caráter
Há flores por todos os lados do Le Canton Fotos:Renato Velasco
O frio e a chuva que vêm esfriando o clima na serra deram uma trégua no último dia 27 para que o resort Le Canton comemorasse a chegada da primavera. Uma bela manhã de sol marcou a abertura do projeto Florescer, idealizado pelo paisagista do hotel Oney Barroso, com todo apoio da diretora Martha Gentil. Com foco no reaproveitamento do que, em princípio, iria para o lixo, o hotel aposta agora em um conceito autosustentável em todos os setores do hotel, por meio da reciclagem de detritos orgânicos e inorgânicos. Assim, com um pouco de cola quente e muita imaginação, flores, folhas e gravetos resultantes das podas do jardim transformaram-se em lindos arranjos, embrulhos e cestas. Cortinas e toalhas de mesa já gastos, em bonecos de pano. Dentro deste clima mágico, que mesclava a tradição suíça e a mata brasileira, o Florescer Le Canton encantou por ser um delicado convite de imersão na natureza. A programação em meio ao verde começou com uma recepção colorida no jardim do hotel, onde a rainha da primavera, uma mulher com um vestido feito todo com as flores do jardim, recepcionava os hóspedes e convidados. Logo em seguida, um casal tirolês entregava mudas de pimenta e chocolates. Ao longo do caminho, estavam expostos os belos produtos que são resultado do reaproveitamento, como velas, caixas, trufas, bonsais, e, claro, uma enorme variedade de produtos orgânicos. Enquanto os pais curtiam a degustação de queijos da Fazenda Gèneve, uma das parceiras do projeto, as crianças encantaram-se em acariciar e amamentar as pequenas cabrinhas com mamadeiras de leite fresco. Outra atividade que fez sucesso entre a garotada foi o plantio de árvores, batizadas com o nome da criança que o plantava. Em sintonia com a estação, o SPA Cinq Mondes ofereceu o tratamento Flores de Bali, seguido de uma palestra com a terapeuta Solange Santos.
42 • Revista Privilège Le Canton
Oney Barroso e Heloísa Medeiros
Rainha da Primavera Bárbara
Revista Privilège Le Canton • 43
Os novos
cubanos Por Pedro Mello e Souza
Modalidades inovadoras de neg贸cios encurtam o caminho pela busca dos aut锚nticos charutos de Cuba.
Negócios• Foto: Divulgação
Os piratas do Caribe podem estar com os dias contados. A previsão deve-se ao novo modelo de negócio que o ramo brasileiro da Casa del Habano traz ao mercado. O resultado imediato - a racionalização dos preços do produto - representa um golpe na ação dos contrabandistas de charutos da terra de Fidel Castro, em uma curiosa combinação de filosofias da estatal cubana com a economia de mercado de um carioca. O empresário Alberto Salles, presidente da Emporium Cigars, comanda, desde 2007, as ações da Casa del Habano no Brasil – e a distribuição exclusiva no país dos mais cobiçados charutos do mundo. Coube a ele
Montecristo, Partagás e Cohiba, ícones entre os degustadores
Administração e preços
marketing e, acima de tudo, equilibrou os valores dos
Os resultados vieram rapidamente e Alberto trabalha, hoje, com uma estimativa de importação de mais de 2 milhões de unidades. Para o consumidor, as notícias são ainda melhores: um dos charutos mais vendidos do portfólio da Emporium Cigars, o Partagás Série D, Nr. 4 custa hoje 33 reais. Em 2005, custava 54 reais. “Todas as nossas medidas proporcionaram quedas de até 45%. A questão cambial influiu, mas a administração foi fun-
produtos diante das flutuações do dólar.
damental para que se disseminem habanos diferentes,
recuperar o mercado que, desde 2004, não tinha representação oficial dos “puros” cubanos. Em seu esforço para vencer o contrabando e a pirataria que se estabeleceram nesses tempos, Salles promoveu pesquisas inéditas de perfil dos brasileiros, negociou parcerias e descontos com cada vendedor, garimpou itens para o
Alberto Salles, da Emporium Cigars: acesso aos cubanos autênticos
Fotos: Ricardo Behring
Revista Revista Privilège Privilège Le Canton Le Canton • 45• 45
•Negócios Foto: Ricardo Behring
Edgar Esch
que são até mais baratos do que os charutos brasileiros”,
resgatamos a credibilidade junto ao cliente final”, analisa
revela o empresário. Atualmente, no preço final de um
Edgar Esch. Segundo ele, as adulterações e o contrabando
charuto original, incidem 156% de impostos, ICM e im-
eram comuns e charutos bons eram misturados aos fal-
postos sobre venda, além de custos de frete e seguros.
sos. “Hoje, o consumidor experimentado desconfia como
Para Edgar Esch, que pilota a grife de restaurantes Esch
quem recebe uma proposta para comprar uma Ferrari por
Cigars no Rio de Janeiro e em São Paulo, e é consultor da
20 mil reais. Quem não desconfiaria?”, indaga.
charutaria do Hotel Le Canton, o preço é um dos determi-
Mas as boas notícias vêm também de Cuba. As novas es-
nantes para os iniciantes, mas a chancela de autenticidade
tratégias da Casa del Habano dão cada vez mais atenção
é o que encanta o entendedor. “Durante algum tempo, o
ao mercado e a seu comportamento. Com isso, surgem
mercado sofreu com produtos falsos e muito contrabando”.
novas ligas de fumo (equivalente às combinações de
Segundo ele, os charutos cubanos foram vitimas de uma
uvas nos vinhos), edições de safras especiais, lançamen-
pirataria nociva muito similar à dos programas de com-
to de marcas de conhaques para a harmonia com os cha-
putadores. “O governo poderia arrecadar o dobro do que
rutos e até um apuro maior nos formatos mais curtos de
obtém agora, se a pirataria fosse contida”, avalia Esch.
produtos. “Um antigo formato como o do Churchill” teria sido encomendado pelo velho premier britânico Winston
Ligas e safras
Churchill para durar uma hora exata, tempo suficiente para as reuniões do almirantado”, lembra Alberto Salles.
O aumento do nível de exigência da classe média bra-
“Mas os executivos têm menos tempo para degustar seus
sileira é outro dos fatores em destaque para a revitaliza-
puros depois do almoço e, por isso, surgem formatos me-
ção do mercado de charutos no país. “É nessa etapa que
nores e melhores”, ilustra o empresário.
46 •46 Revista • Revista Privilège Privilège Le Canton Le Canton
•Estilo Motor
Intermarine 430 Full, integrada ao mar Ampliando seu portfólio de embarcações cabinadas, a Intermarine lança, no fim de setembro de 2008, a Intermarine 430 Full, construída sobre projeto da italiana Azimut Yachts, reforçando as opções de modelos de entrada da marca. Acomoda quatro pessoas para pernoite e 12 em passeios. A nova embarcação segue o estilo da Intermarine 480 Full, lançada em abril de 2007 sob os padrões do moderno design italiano, que prima por integrar estética, funcionalidade e durabilidade, e se tornou um grande sucesso da Intermarine, representada em várias regiões do Brasil há mais de uma década pela Yachbrasil.
A área exterior da 430 Full foi concebida com design inovador, forte e elegante; a proa, com seu exclusivo formato em trapézio facilitando as operações de ancoragem, além de agregar mais personalidade ao design e proporcionando um espaço perfeito para banhos de sol. “A Intermarine 430 Full representa a evolução do estilo Azimut. A fusão de traços retos e arredondados resulta em um barco que representa o futuro e estabelece novos padrões de design e sofisticação”, descreve Allysson Yamamoto, gerente de marketing da Intermarine, representante da Azimut Yachts no Brasil.
pessoas. No deck principal, ficam o posto de comando, com assento duplo, o salão, separado da praça de popa por portas deslizantes de vidro, fartamente iluminado por janelas laterais panorâmicas em cristal reflexivo, com sofás de dois lugares e em ‘L’ para quatro pessoas, mesa de centro dobrável com regulagem de altura, móveis para equipamentos de áudio e vídeo e um bar. Localizada entre o deck superior e o inferior, fica a cozinha. A praça de popa tem sofá, pia e espaço para mesa e cadeiras. A confortável plataforma de popa tem 1,17m de largura, é dotada de escada em inox embutida e equipada com chuveiro de água doce Fotos: Divulgação / Intermarine
na entrada. Na proa, solário para duas pessoas. No deck inferior, a suíte máster para casal fica na proa, iluminada por vigias panorâmicas nas duas laterais e por gaiúta no teto. O camarote para dois convidados ocupa a área central do barco. Com comprimento total de 13,33 metros (43,73 pés) e boca máxima de 4,02 metros (13,19 pés), fabricada no Brasil, a Intermarine 430 Full também tem os mesmos motores Volvo D6 IPS 600 que equipam a 480 Full, al-
O flybridge, com solário integrado a espaçosos assentos, é concebido para proporcionar mais conforto em uma das áreas mais nobres do barco: a praça de popa, espaçosa e de fácil circulação, e a plataforma de popa grande, facilitando o embarque e desembarque, e com uma prática ducha de água doce para quem volta de um mergulho. “As grandes janelas no salão e vigias amplas proporcionam maior integração com o mar”, prossegue Yamamoto. No interior da 430 Full, o salão, com suas grandes janelas, é arejado e recebe farta iluminação natural. A distribuição inteligente dos móveis abre espaços e a cozinha, em nível mais baixo do que o salão, conta com excelente iluminação natural e boa área. As duas suítes são espaçosas e possuem grandes vigias, com destaque para a suíte de proa, com sua farta iluminação natural e uma vista privilegiada do mar. E os móveis são feitos com a sofisticada madeira rovere righi, já presente no mobiliário da 480 Full. Acessível por escada a partir da praça de popa, o flybridge tem pára-brisa em acrílico fumê, painel de comando com volante, bússola e buzina. O solário, ao lado do segundo posto de comando, se integra ao sofá em ‘L’ para quatro
cançam velocidade de cruzeiro de 33 milhas por hora (mph) e velocidade máxima de 40 mph e são igualmente dotados do revolucionário sistema IPS Volvo Penta. Outro item importante nesta motorização é o joystick para operações de atracação, que permite ao barco se mover inclusive lateralmente, tornando as manobras mais práticas e seguras, mesmo em condições climáticas adversas e em espaços apertados de marinas. Características técnicas – Intermarine 430 Full Comprimento total: 13,33 metros (43,73 pés) Boca máxima: 4,02 metros (13,19 pés) Calado com propulsão: 1,10 metro (3,61 pés) Peso total seco: 13 toneladas Motorização: 2 x Volvo D6 – IPS 600 Velocidade máxima: : 40 mph Velocidade de cruzeiro: 33 mph Tanque de combustível: 1.000 litros Tanque de água: 500 litros Cabines: 2 Leitos: 4 Projeto: Azimut Yachts
Revista Privilège Le Canton • 49
•Saúde e Beleza
Qualidade de vida e atividade física Muito se fala sobre como se alcançar uma melhor qualidade de vida. Cada vez mais fica claro que uma alimentação saudável na medida certa, o controle do estresse e a prática de exercícios regularmente contribuem positivamente para uma melhor qualidade de vida. Atualmente já está bem estabelecido pela comunidade científica que o envolvimento em um programa de atividade física previne a ocorrência de doenças degenerativas, melhora a capacidade de aprendizagem e a memória, além de colaborar para músculos mais fortes e controlar o excesso de gordura corporal. A questão é: como fazer com que a prática de exercícios seja interessante e motivante? Segundo especialistas em todo o mundo, um dos maiores obstáculos para se combater o sedentarismo é motivar as pessoas inativas a iniciarem e manterem o comprometimento com a prática de exercícios. Por esse motivo vários tipos de exercícios foram criados com o intuito de se tornarem mais atraentes e motivantes. As aulas coletivas parecem levar vantagem no quesito animação. Aulas coletivas de corrida em esteira (running class), bicicleta estacionária (bike indoor), entre outras atividades, têm se mostrado bem eficientes em atrair e manter as pessoas fazendo atividade física. Mas e a musculação? O treinamento de força ocupa um espaço cada vez maior nas academias. O motivo é simples: além de aumentar a auto-estima, através de uma melhor aparência, auxilia a prevenção de osteoporose, devolve a autonomia dos indivíduos idosos e melhora o desempenho nas tarefas diárias (como carregar sacolas, subir escadas, entre outras). O problema é que na maioria das vezes o treinamento de força (musculação) é monótono para quem pratica. Como conseqüência, novas alternativas para o ganho da força e massa muscular vêm surgindo no cenário da prática de exercícios. Na verdade, métodos antigos, mas com equipamentos residenciais e profissionais de última geração, parecem fazer a diferença. O treinamento funcional, que procura desenvolver a força da mesma forma que a utilizamos no dia a dia e na prática esportiva, sempre de forma integral, com os músculos funcionando de forma coordenada para produzir movimentos, parece ser uma boa opção. O desenvolvimento do Kinesis, da Technogym, é um exemplo de como tornar o treinamento de força mais interessante. Criado para ser uma ferramenta do treinamento funcional, com ele é possível associar a musculação com deslocamentos, saltos e equilíbrio. Além disso, é possível também planejar um programa de exercícios específico para quem esquia, veleja ou pratica algum tipo de luta. Outro equipamento que parece ter vindo para ficar é o 50 • Revista Privilège Le Canton
Fotos: Divulgação
Kinesis, da Technogym
Power Plate
Power Plate, uma plataforma vibratória. Através do aumento da força da gravidade (força G) consegue um recrutamento dos músculos de forma involuntária. O segredo é que ao associar a mobilização involuntária com a contração voluntária, consegue-se um maior trabalho muscular em um menor período de tempo. Uma das possíveis vantagens é a facilidade de utilização (o que seria uma grande vantagem para os indivíduos idosos). Além disso, esse método de treinamento vem se mostrando bem eficiente na melhora da força e flexibilidade em sedentários e atletas. A conseqüência disso parece ser o fato de que os próximos anos parecem ser bem animadores tanto para aqueles que já praticam exercícios quanto para aqueles que ainda não tinham encontrado uma atividade que realmente os atraíssem para uma vida mais ativa e saudável.
•Investimento
Investindo durante a crise
Por Christian Parth, especial para Privilège A forma do novo mercado imobiliário americano - o mercado pós-bolha - começa a se configurar. Os novos players deste mercado são investidores estrangeiros, que têm capacidade de comprar propriedades sem alavancagem de financiamento devido ao dólar fraco. De um lado, compradores jovens, que estão comprando o seu primeiro imóvel e, do outro, vendedores em apuros que tiveram que recorrer a short sales ou já estão em processo de execução hipotecária. A nova palavra-chave do universo imobiliário dos Estados Unidos é apuro. Salvo por Manhattan, em Nova York, o resto do mercado é dominado por short sales e execuções hipotecárias. O short sale ocorre quando o banco concorda em conceder um desconto para o saldo de um empréstimo devido a problemas econômicos ou financeiros do tomador. O proprietário/devedor vende o imóvel por um valor inferior ao do saldo do empréstimo e transfere o resultado da venda para o financiador, satisfazendo plenamente a dívida. O short sale é mais vantajoso para os bancos do que a execução hipotecária que, por ser um processo jurídico, pode 52 • Revista Privilège Le Canton
durar bastante tempo e acarretar custos consideráveis, pois o imóvel acaba sendo vendido em leilão por um valor inferior ao do short sale. Além disso, o short sale é conveniente para o devedor, pois o impacto no seu crédito é menor em relação a um processo de execução hipotecária. Com os preços de casas certamente mais baixos do que no ano passado, por exemplo, na Califórnia -27%, Flórida -17%, Nevada -20%, há bastante oportunidade para o investidor imobiliário estrangeiro, pois há tantos proprietários que devem mais do que o valor dos seus empréstimos, que a oferta de short sales está aumentando cada vez mais. Short sales permitem preços mais baixos do que os preços de mercado, possibilitando comprar dois apartamentos construídos há um ano por um preço originalmente cobrado pelo incorporador. Sob o ponto de vista doméstico, o comprador ideal agora — situação inversa dos últimos anos — é uma pessoa que aluga, e não tem o ônus de um financiamento imobiliário. Este comprador precisará dar um depósito e ganhar renda suficiente para atender as prestações mensais em um futuro próximo, incluindo qualquer aumento em taxas ajustáveis, que parece provável.
Mas não ser proprietário de um lar, que pode ser difícil de vender, é positivo. Há um ano atrás, ter um imóvel que valorizou significava que o proprietário poderia trocá-lo por um imóvel mais caro. Agora significa que o proprietário não pode se mudar até que o imóvel anterior seja vendido, o que está se tornando mais difícil. Primeiro, o vendedor tem que achar um comprador que pode obter uma hipoteca. Segundo, o preço tem que ser suficientemente alto para quitar a hipoteca anterior e deve sobrar dinheiro suficiente para dar um depósito no novo imóvel. Isto era considerado quase certo há um ano atrás. Em muitos mercados, isto não se aplica necessariamente. Isto criou uma cadeia de atrasos e cancelamentos que tem frustrado compradores, proprietários e corretores. Vender um imóvel depende de o comprador vender outro e este negócio, por outro lado, depende de outra venda, e assim por diante, criando oportunidades somente para o comprador iniciante e descompromissado e para o investidor estrangeiro. Estas oportunidades aumentarão mais ainda nos próximos meses, porque a novidade agora, que poderá causar mais apuros e pressão de venda em muitos mercados, são as hipotecas “explosivas,” empréstimos com prestações mensais que aumentarão substancialmente dentro dos próximos dois anos. Criados para facilitar o financiamento imobiliário quando os preços estavam altos, os tomadores foram seduzidos com hipotecas exóticas com prestações muito baixas nos primeiros anos, fundamentadas no aumento contínuo de preços, visando o refinanciamento posterior. Os proprietários que podem refinanciar tais hipotecas estão fazendo agora, mas outros — sem renda suficiente para qualificar para uma nova hipoteca ou com um imóvel que não vale o saldo do financiamento — podem ser forçados a vender o imóvel se não conseguirem concessões dos financiadores. Isto causa uma ameaça de uma espiral adicional nos preços, especialmente nas áreas nas quais os preços aumentam mais e nas quais hipotecas não convencionais foram usadas mais freqüentemente. De modo geral, isto significa muitas áreas nas Costas Leste e Oeste, em áreas até recentemente em alta, como Arizona, Nevada e Flórida. Quão ruim as coisas vão ficar depende, em parte, de como os bancos vão se sair e como o governo interferirá no mercado. Aqueles que tiverem dinheiro para emprestar conseguirão cobrar mais — e assim obter maiores lucros. Isto proporciona uma vantagem aos grandes bancos de alcance nacional que podem se auto-financiar com captação a custo baixo, mas eliminará diversos outros bancos que dependiam principalmente de hipotecas, algo que já aconteceu com dois importantes bancos imobiliários, o Indy Mac Bank e Countrywide Bank. Quanto
maior for a queda dos preços dos imóveis, maior o risco de baixas para os bancos, resultando em quedas brutais dos níveis de capitalização e até mesmo o colapso de algumas instituições financeiras — assim reduzindo a oferta de empréstimos disponíveis. Esta redução em oferta ameaça de forma especial os compradores de imóveis mais caros. Hipotecas jumbo, com valores superiores a $417.000, não podem ser vendidas para a Fannie Mae e Freddie Mac, as entidades patrocinadas pelo governo que ainda estão comprando empréstimos. Existe legislação pendente que visa aumentar o limite em algumas partes do país, mas aparentemente diversos destes empréstimos eram tão arriscados que não podem ser refinanciados. O aumento de preços foi tão elevado porque pessoas que não tinham condições de comprar estes imóveis obtiveram hipotecas que não podiam pagar a não ser que os preços das casas continuassem aumentando. É possível que ocorra uma espiral negativa, na qual preços mais baixos venham a reduzir a disponibilidade de empréstimos e, assim, pressionar os preços para baixo. Com isto, mais proprietários ficarão incapazes de refinanciar hipotecas explosivas, forçando vendas que pressionarão os preços para baixo — e reduzindo a capitalização dos bancos. Isto seria a inversão do ciclo que prevaleceu até meados de 2007, quando o crédito fácil possibilitou a concessão de empréstimos para pessoas com crédito duvidoso, pressionando os preços para cima e, durante um tempo, fazendo parecer que havia pouco risco na concessão de hipotecas. A pressão para que o governo interfira será intensa. Até o momento, o envolvimento governamental tem sido confuso. Os padrões para concessão de empréstimos e regulamentos se tornaram mais rigorosos, mas agora é muito tarde para isto. Também se fala muito em conceder assistência a bancos em má situação, mas o mais importante de tudo é o que o governo fará com os únicos players restantes do mercado secundário, a fonte de todo dinheiro que está sendo emprestado em última análise aos bancos Fannie Mae e Freddie Mac. Mas exceto se o governo implementar um programa gigantesco, o declínio no mercado habitacional pode ser prolongado e amargo para quase todos envolvidos. À medida que as coisas piorarem, maiores serão os prejuízos para as instituições financeiras e menor a capacidade de conceder empréstimos para se recuperarem. É um bom momento para investir em imóveis nos Estados Unidos? Sem dúvida, para o investidor estrangeiro, é uma grande oportunidade para os compradores do seu primeiro imóvel, mas para a família americana média, a crise está longe de ser resolvida. (Christian Parth é consultor imobiliário e de investimentos em Miami e proprietário da Parinvest LLC. ) Revista Privilège Le Canton • 53
Vestido seda Mademoiselle, R$ 798,00; sandรกlias Arezzo, R$ 199,90 e pulseiras acervo.
DressFlower Foto Marcelo Magalhães Stylist Alexandre Nunes Arte Rafael Coppola
Os vestidos estão em alta nessa temporada. Em estampas florais, fluidas e coloridas, os longos e curtos dão um toque romântico e suave à estação.
Vestido longo Rosa Chรก, R$ 1.890,00 e sandรกlias Arezzo, R$ 199,90. Ao lado, vestido curto floral Lenny, R$ 1.100,00.
Vestido seda Agilità, R$ 1.199,00 e sandálias ZeroZen, R$ 89,00.
Vestido flores e listras Lucidez, preรงo sob consulta e sandรกlias ZeroZen, R$ 89,00.
Beleza Adriana de Bossens Modelo Anne Marie (Agency Models) Assistente de Fotografia Cristiano Gonรงalves
Vestido estampado com amarração em seda Victor Dzenk para Maison Kaka Barcelos, R$ 1.500,00 e sandálias ZeroZen, R$ 89,00.
•Consumo
Meurice + Starck Desde que foi inaugurado em 1835, o hotel Le Meurice tornou-se um dos mais lendários hotéis da França. Ou – deixemos de modéstia - do mundo. Seu restaurante é o terceiro mais bem cotado da hotelaria parisiense. Salvador Dali montou lá sua residência na cidade e o seu prédio assistiu à rendição do alto comando alemão sob a marcha dos Aliados. E recebeu Ingrid Bittencourt, recém-libertada do cativeiro. O novo passo histórico do hotel acaba de ser revelado, com o hall e os seus três restaurantes “transformados” pelo designer Philippe Starck. Além do imenso painel pintado por sua filha Ara, ele imprimiu um toque de modernidade à bela arquitetura, mas sem interferir na alma grandiosa do Le Meurice. Para conferir, basta passar pelo endereço do hotel, na 228, Rue de Rivoli. Fotos: J.B. Mondino e F. Maréchal
Foto: Divulgação
Quilate A grife Boucheron está completando um século e meio de influência na joalheria clássica e de referência entre as mais finas marcas de relógios. Esse traço tecnológico, que valeu aos artesãos da casa francesa a alcunha de “joalheiros do tempo” revela a sua vocação para unir elegância e tecnologia. É o que se nota ainda hoje, com a linha de celulares criadas para a empresa inglesa Vertu, de celulares finos. Lançada em edição limitada, as peças são ornadas com serpentes decoradas com diamantes de 18 quilates e atingiram, entre magnatas indianos, a bagatela de 310 mil libras.
Rimowa A centenária grife alemã de malas e bagagens finas acaba de lançar a sua nova linha premium. Batizada DeLuxe, a coleção destaca a Salsa Cabin Trolley IATA, que chega ao Brasil em um sofisticado tom de chocolate. Mais do que um modelo exclusivo, o desenho cumpre com as especificações da IATA, que pode ser carregada no bagageiro superior dos assentos dos vôos internacionais. Feita em policarbonato, que aumenta a resistência física e térmica, sua arquitetura apresenta a tecnologia TSA, usada pelas alfândegas americanas, que permite a verificação do conteúdo sem necessidade de violar seu código secreto. Por preço em torno de 2 mil reais na Boutique Rimowa Rio, no Shopping Leblon, 2ºpiso.
62 • Revista Privilège Le Canton
A bagagem da Umbro
ardo Foto: Ric
Bhering
A Umbro está celebrando 23 anos de Brasil. Por trás da trajetória da marca, a bagagem de quem veste seleções como as da Inglaterra, Irlanda, Noruega e Suécia e times como o Lyon, o Malaga e o Santos. E boa parte dessa bagagem chega agora ao consumidor, com as bolsas da linha Heritage. Com design moderno e produzidas em poliuretano ultramacio e de alta resistência, as bolsas podem ser encontradas nas melhores lojas de esportes por preços sugeridos que variam entre R$ 142,90, para as de tamanho médio, e R$ 187,90, para as de tamanho grande.
Gallardo A potência aumentou. O novo Lamborghini LP560-4, lançado no Salão de Genebra desse ano, é 40 cavalos mais potente do que o modelo anterior da série Gallardo. O motor V10, de 5,2 litros, leva a jóia a uma velocidade final de 325 km/h, sendo os primeiros 100 em apenas 3,7 segundos. Mas o consumo, acredite, diminuiu em 30% e as emissões de gás carbônico caíram em um terço em relação às anteriores. O preço se mantém estável, na faixa dos 200 mil dólares.
Porta-jóias tipo exportação
Ric
ard
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Pont Neuf A esplêndida seqüência fotográfica que a Louis Vuitton promoveu em Paris para apresentar a coleção Icônes, para o outono-inverno 08/09, um dos destaques foi a série realizada no Pont Neuf. Nela, três itens jovens chamaram a atenção na modelo Anna J. O primeiro foi o tênis Capucine, em lona azul damier. Segundo foi o discreto e elegante prendedor de cabelo em cubos Inclusion. E o terceiro, o porta-iPod em couro, com monograma multicor. Preços sob consulta nas lojas da marca.
Fotos: Benoît Peverli
Foto :
A designer Eliane Medeiros acaba de lançar uma nova linha de porta-jóias voltados para o mercado externo. As peças foram desenvolvidas utilizando tecidos de algodão e couro bordados com motivos do Rio de Janeiro. Algumas peças estarão também disponíveis para o mercado interno e poderão ser encomendadas pelo telefone 21 7813-5216.
Revista Privilège Le Canton • 63
•Especial
Cuidando da sua empresa Companhia carioca inova unindo comunicação corporativa, marketing e distribuição
Por Paulo Botelho, especial para Privilège Em um mercado cada vez mais competitivo é necessário se destacar da concorrência. A RCM Comunicação e Marketing é uma empresa que oferece um pacote de soluções e serviços voltados à comunicação e ao marketing de empresas, associações e pessoas físicas que buscam a expansão de negócios, desenvolvimento e consolidação de marca, além do aperfeiçoamento de seus próprios produtos ou serviços. Sediada no Rio de Janeiro, a RCM Comunicação atende a todo o mercado nacional prestando consultorias comerciais e de representação, comunicação corporativa e de marketing. Pesquisa, gerenciamento de crises, design e desenvolvimento em web também estão entre os principais instrumentos que a empresa traz em conjunto ao mercado. “Nosso diferencial está na multiplicidade de serviços e na eficiência no planejamento global. A RCM está na concepção do produto do cliente até o pós-venda e o trabalho de fortalecimento da imagem da marca. Com isso, conseguimos desenvolver vários projetos com um valor bem mais em conta para o nosso cliente”, destaca Renatha Mesquita, diretora executiva. Dentro de sua carteira de clientes e parceiros, a RCM reúne empresas na área de tecnologia, gastronomia, artística, musical e Industrial. Atualmente, a empresa tem uma ampla distribuição 64 • Revista Privilège Le Canton
com um mailling eficiente, com mais de quatrocentos clientes dentro dos comércios atacadista e varejista. Um dos objetivos da RCM Comunicação na consultoria de marketing é a expansão dos negócios de seus clientes por meio da identificação de suas necessidades ao processo de lucratividade, passando pela elaboração de um planejamento estratégico adequado, com a oferta de mais de 15 modalidades de trabalho. Entre os principais serviços, destaque para o planejamento e estratégia em marketing, criação, desenvolvimento e gerenciamento do budget de marketing de produto e de relacionamento, gerenciamento da fidelização ou retenção de clientes além da análise de pontos fortes e fracos, oportunidades e ameaças. Dentro dos planos da RCM está a abertura, até o final do ano, de uma filial em São Paulo. “Sabemos da importância do mercado de São Paulo e, por isso, decidimos abrir um escritório na capital paulista. Temos já uma grande quantidade de clientes lá e a abertura do escritório vai facilitar no atendimento”, garante Mesquita. Para o diretor de marketing da RCM, José Renato Castro, a filial vai ser importante para as metas da empresa. “Já conhecemos bem o mercado paulista e, como temos clientes fortes e líderes nos seus segmentos, é fundamental estarmos por perto”, concluiu.
•Destino
Dublin, no calor do lago escuro Embora a média de temperatura em Dublin seja de 10 graus, o irlandês é um dos povos mais calorosos da Europa. Por Gustavo Pinheiro Desde que se tornou independente, em 1949, Dublin foi deixando de lado o formalismo e a frieza de seus colonizadores ingleses e tem conquistado turistas interessados em conhecer uma das cidades mais quentes da Europa. Imagine uma cidade em que você pega um táxi e pede para o motorista levá-lo a um lugar a dez minutos dali. Chegando ao destino e questionado sobre o valor da corrida, ele responde: “Não custa nada. Já tinha encerrado meu dia de trabalho e, como vocês iam para o meu caminho, não custava ajudá-los”. Acredite: uma cidade onde motorista de táxi é capaz de dar carona! Assim é Dublin, a capital da Irlanda, que compensa o frio do clima com o calor da população. Em gaélico, língua nativa da Irlanda, Dublin significa “lago escuro”. É uma referência às águas do Rio Liffey, que divide a cidade em norte e sul. Fundada há mais de mil anos, é o berço de grandes escritores, como Oscar Wilde, James Joyce, Samuel Beckett e Bernard Shaw. O que atrai muitos visitantes é que, ao longo dos anos, a cidade não se tornou uma selva de arranha-céus, como outras metrópoles européias. Apesar do ritmo pulsante e rápido de uma capital, Dublin preserva um charme sutil em suas ruas e casas do século XVIII. Quem visita a cidade encontra um povo divertido e solícito com os turistas, pubs e bares acolhedores e uma vida noturna intensa. Conhecer Dublin a pé é uma ótima opção, já que a cidade não é grande. Os táxis também são uma boa pedida: são numerosos, bem distribuídos pela cidade e têm preços acessíveis. Comece o passeio pela Trinity College (College Green Street). Fundada em 1592 pela rainha Elizabeth I, a universidade é uma das mais bonitas do Velho Continente. 66 •66 Revista • Revista Privilège Privilège Le Canton Le Canton
Não deixe de visitar a biblioteca onde estão guardados 200 mil títulos. A poucos metros dali está o National Museum (Kildare Street) com uma impressionante coleção de antigüidades irlandesas e a National Gallery (Merrion Square West), com um acervo de mais de 500 obras, dentre elas pinturas de Caravaggio, Goya e Picasso. Para descansar, vá até a praça Merrion Square. É lá que está a famosa estátua de Oscar Wilde, esculpida na pedra. De frente para o monumento há uma coletânea de aforismos do escritor, consagrado na história da literatura por seu tom irônico. A Christ Church Cathedral (Christ Church Place) é um impressionante tesouro da arquitetura medieval. Fundada em 1038, é a construção mais antiga de Dublin. Aos domingos, a missa é acompanhada por uma grande orquestra e a Catedral parece uma sala de concertos. Cartas, manuscritos, originais, edições raras e fotos de Joyce, Wilde, Bram Stoker e Brendan Behan. Os grandes nomes da literatura de Dublin são homenageados no Dublin Writers Museum (18 Parnell Square). A poucos metros dali fica o James Joyce Cultural Centre (35 North Great George´s Street), uma visita obrigatória para os aficionados pela obra do autor de clássicos como Ulisses, Retrato de um artista quando jovem e Dubliners. Quando a fome bater, aproveite: Dublin tem restaurantes e bares para todos os bolsos. A comida costuma ser farta e um jantar para duas pessoas custa, em média, 50 euros. Mas atenção: os moradores de Dublin jantam fora de casa com freqüência e os restaurantes vivem cheios. Não esqueça de ligar e fazer reserva. Entre os restaurantes mais requisitados da cidade está o charmoso bistrô Peploe´s (16 St. Stephen´s Green). Localizado no térreo de um prédio
Acima, Trinity College: uma das maiores e mais tradicionais universidades da Europa. Ao lado, Temple Bar: regi達o da boemia na capital irlandesa. Abaixo, Grafton Street: templo do consumo e das lojas de grife.
•Destino
Barricas da Guinness: momento da fabricação em que a levedura é acrescentada à cerveja
Gravity Bar: degustação de cerveja Guinness no terraço da fábrica, a 46 mestros de altura
do começo do século XIX, o restaurante tem uma carta de vinhos diversificada com excelentes rótulos. As massas e carnes são famosas. O restaurante Fire (Mansion House Dawson Street) também é muito badalado. O Café en Seine (Dawson Street) oferece dezenas de drinques em meio a decoração art nouveau: pinturas, vasos, vitrais e espelhos que remetem à belle epóque francesa. O bar tem uma variada programação musical: música pop às quintas-feiras, DJs às sextas e sábados e jazz ao vivo aos domingos. O brunch dominical do Odessa (13 Dame Court) é farto e tem um ótimo horário de funcionamento: de 11h30 as 16h30. Como toda boa cidade européia, Dublin também é uma perdição quando o assunto é compras. A Grafton Street reúne as principais grifes, mas vale a pena apostar nas marcas locais, pouco conhecidas no Brasil. A Brown Thomas é a maior loja de departamentos da cidade e uma visita aos seus quatro andares é imperdível. Gucci, Prada e Armani são algumas das marcas com lojas na Brown Thomas. Já a Fownes Street Upper reúne uma concentração de brechós e ateliês de designers com peças únicas e raras. Lojas como Flip, Helter Skelter, Sharp´s Ville e Sé Si dividem poucos metros de calçada e a atenção de quem procura roupas e acessórios a bons preços. Dublin é uma cidade de leitores. No ônibus, nas praças, nos cafés ou pubs, há sempre alguém com um livro nas mãos. Para atender a esse público, a capital da Irlanda tem duas ótimas livrarias, uma quase em frente à outra, 68 • Revista Privilège Le Canton
na Dawson Street: a Waterstone´s e a Hodges Figgis. Na hora de procurar um hotel, o The Clearance é a melhor opção. Inaugurado em 1852 e localizado no coração de Dublin, o hotel foi comprado em 1992 pelos roqueiros Bono Vox e The Edge. Desde então, tem unido tradição e modernidade no mesmo espaço. Nas suas dependências também está o Octagon, bar badalado na cidade e ideal para um drinque no começo da noite. O Arlington Hotel também é bem localizado e tem preços mais atraentes. Se a idéia é não gastar muito com hospedagem, uma boa dica é o Oliver St John Gogarty (58 Fleet Street), um bed & breakfast bastante honesto, cujas modéstias diárias custam a partir de 18 euros.
Guinness: orgulho nacional Se o Brasil se orgulha da caipirinha, os irlandeses batem no peito ao falar de cerveja. E mais do que falar, eles gostam de beber. E já que Dublin é a terra da cerveja, é impossível escapar de uma visita à fábrica da tradicional cervejaria Guinness. Entre os fãs declarados da bebida escura irlandesa estão Bill Clinton, Elijah Wood, Rupert Everett, Susan Sarandon e Tim Robbins. A Guinness Storehouse (St Jame´s Gate) é uma referência na cidade. Fruto de um investimento de 30 milhões de libras, a fábrica já recebeu a visita de quatro milhões de pessoas desde sua inauguração, em 2000. No centro do prédio, um átrio de cristal imitando uma
tulipa de Guinness liga os sete andares do museu. A cada etapa do passeio, os visitantes embarcam em uma surpreendente viagem onde é possível entender o método de fabricação da cerveja escura mais famosa do mundo. St. James’s Gate é uma fábrica de cerveja desde 1670, data em que seu proprietário era Giles Mee, un cervejeiro que chegou a ser prefeito de Dublín. Em 31 de dezembro de 1759, Arthur Guinness aluga por um período de 9 mil anos pelo valor anual – acredite! - de 45 libras a pequena fábrica de cerveja abandonada e mal equipada. Na década de 1770, Guinness começa a fabricar a “Porter”, uma cerveja escura de sabor intenso feita com cevada torrada, o que lhe dá a cor escura. Por esta época, nascia a bebida que o mundo conhece hoje como Guinness. A Guinness Storehouse, construída entre 1902 e 1904, no princípio era apenas um lugar para fermentação. No jargão das cervejas, “store” (“armazenar” em inglés) significa “acrescentar levedura”, daí o nome “Storehouse”. A Guinness Storehouse funcionou como local de fermentação até o final da década de 1980. Atualmente, são consumidos 10 milhões de tulipas de Guinness por dia em todo o mundo. Certamente a visita à Guinness Storehouse dará sede. Ao final do passeio, suba ao terraço e aproveite! No último andar está localizado o bar Gravity, a 46 metros de altura, o bar mais alto de Dublin, com uma vista de 360 graus da cidade. O bar oferece uma degustação gratuita da cerveja!
A vida etílica da cidade ultrapassa, porém, os muros da fábrica da Guinness. A cada esquina é possível encontrar um pub mais charmoso do que outro. O mais impressionante deles é o The Bank (20, College Green), uma jóia da arquitetura vitoriana, de 1895. Antiga sede do Belfast Bank, o pub preserva a decoração e os detalhes do século XVIII. Tão surpreendente quanto o cenário é a carta de cervejas do The Bank: dezenas de marcas e sabores, que os dublinenses degustam sem pressa. O The Brazen Head (20 Bridge Street) carrega a fama de ser o mais antigo pub de Dublin, inaugurado em 1750. A fachada, bem preservada, dá pistas do que se encontra lá dentro: decoração rústica em madeira e fotos antigas de Dublin. Mais moderno, o The Porterhouse Brewing (Parliament Street), no coração da boemia de Temple Bar, tem diferentes marcas de cervejas escuras e claras. Aposte sem medo na levíssima Temple Bräu. Mudando da cerveja para os destilados, a Irlanda também é famosa pela sua produção de whisky. Uma das versões do surgimento da bebida defende que ela nasceu em terras irlandesas, a despeito da tradição escocesa. Algumas das marcas mais famosas são Bushmills e Paddy e Jameson. Esta última tem uma destilaria aberta ao público, na Bow Street. Para os amantes da bebida, é o lugar perfeito para se conhecer a história do whisky e depois fazer uma degustação. Cheers! Fachada do The Bank: um dos pubs mais tradicionais da etílica Dublin
Revista Privilège Le Canton • 69
Foto: Augusto Malta
Saudades do Rio•
O Rio já foi assim Por Sumaya Garcia Rio de Janeiro, final do século XIX, início do século XX. A fotografia dá seus primeiros passos no mundo. E dois pioneiros da nova arte surgem nessa época para registrar as paisagens e o cotidiano do Rio de Janeiro. O franco-brasileiro Marc Ferrez e o fotógrafo oficial da Prefeitura, o alagoano Augusto Malta, registram seus legados para a preservação da memória cultural da cidade. Seus trabalhos, um dos mais importantes legados visuais de suas gerações, são os destaques do acervo do Instituto Moreira Salles. Marc Ferrez retratou cenas dos períodos do Império e início da República, entre 1865 e 1918. Imagens da praia de Copacabana como se estivesse
Avenida Central, atual Rio Branco (1906)
•Saudades do Rio
Avenida Beira Mar (1906)
Foto: Marc Ferrez
sendo vista por alguém atrás de uma pedra, do Jardim
Avenida Central, a Exposição Nacional de 1908 e a
Botânico após uma chuva e da Praia de Botafogo com
Exposição Internacional de 1922, em comemoração ao
apenas alguns barquinhos comprovam a sensibilidade de
Centenário da Independência do Brasil, foram alguns
Ferrez ao registrar as paisagens. “Como afirma Weston
de seus registros. Malta também demonstra sua capa-
Naef, curador de fotografia do J. Paul Getty Museum,
cidade de dar vida às paisagens, como fez com uma
de Los Angeles, raramente no século XIX um fotógrafo
fotografia da vista do Cristo Redentor, ao colocar um
profissional atingiu a maturidade de estilo em menos de
homem vendo a cidade do alto do Corcovado.
uma década. E esse foi o tempo aproximado que Ferrez
Ferrez e Malta utilizavam máquinas de grande formato
levou”, lembra Sérgio Burgi, coordenador da Reserva
(30 x 40cm, 24 x 30cm e 18 x 24cm, entre outras), tra-
Fotográfica do Instituto Moreira Salles (IMS).
balhando sobre tripé e sempre empregando negativos em chapa de vidro e acetato. A técnica que se usava
Mudanças em foco
para a revelação era a do colódio úmido, que acontecia imediatamente após a exposição, ainda junto à própria
Considerado por muitos o sucessor de Ferrez, Augusto
câmera no tripé. “Com o desenvolvimento dos negativos
Malta documentou um período de extraordinárias trans-
com emulsão de gelatina, o processamento passou a ser
formações urbanísticas e arquitetônicas no Rio, entre 1903
feito em laboratório horas ou mesmo dias após a exposi-
e 1936. O desmonte do Morro do Castelo, a abertura da
ção, simplificando as técnicas”, explica Burgi.
72 • Revista Privilège Le Canton
Foto: Marc Ferrez
Memória viva no Instituto Moreira Salles As obras de Marc Ferrez e Augusto Malta estão entre as estrelas das mais de 450 mil imagens do acervo da Reserva Técnica Fotográfica do Instituto Moreira Salles, na Gávea. Inaugurada em 1990, a galeria da casa mantém uma agenda anual de mostras fotográficas. A mais recente delas, a exposição “O Rio de Janeiro de Machado de Assis”, estará em cartaz até 23 de novembro deste ano. Brascan – Cem Anos de Brasil, que foi doada pela empresa em 2002. Cerca de mais de 15 mil imagens foram reunidas a partir de 1899 pela Companhia Light and Power. Uma das atribuições de Malta era documentar os trabalhos ligados à eletrificação no Rio de Janeiro, como a introdução dos bondes no transporte público urbano, entre 1900 e 1930. Com a aquisição da Coleção Gilberto Ferrez, neto de
Praia de Copacabana, vista do sopé do morro do Leme (1890)
foram muito marcantes numa época de grande crescimento tecnológico, dos transportes a vapor e elétrico. “Esta fase da chegada da eletricidade no início do século XX teve o mesmo impacto do avanço da informática no início do século XXI”, compara o coordenador.
Da preservação à conservação
Marc Ferrez, em 1998, e outras coleções importantes
Segundo o Conselho Internacional de Museus, a Reserva
do século XIX, o IMS possui hoje o mais valioso acervo
Fotográfica do IMS é considerada uma das mais atualizadas
sobre este período no Brasil. Sua maior parte é dedicada
tecnologicamente. Ela reúne todas as condições técnicas de
ao Rio de Janeiro, a capital do Império da época. Para
preservação e restauração recomendadas para a guarda per-
Sérgio Burgi, tanto o trabalho de Ferrez quanto de Malta
manente de materiais fotográficos. “Isso permite a adequada
Praia de Botafogo (1893)
Foto: Marc Ferrez
As fotografias de Augusto Malta chegaram através da coleção
•Saudades do Rio Foto: Augusto Malta
conservação dos acervos e sua simultânea difusão através de bancos de imagem digitalizados”, justifica Burgi. Todo o acervo do IMS é preservado através de condições ambientais recomendadas para a manutenção permanente destes materiais, com rigoroso controle de temperatura e umidade relativa. “Cada imagem é individualmente examinada e recebe o tratamento necessário adequado à sua conservação permanente”, ressalta o coordenador. Quem quiser conhecer as coleções pode agendar uma pesquisa presencial através do e-mail ims@ims.com.br. Além isso, pode consultar e até imprimir no site www.ims.com.br. Se o interesse for maior ainda, é possível encomendar uma imagem e receber um passepartout de 60x70cm. Dependendo da série, a imagem pode custar entre R$ 1.200,00 e R$ 6.000,00. Talvez, a próxima exposição possa ser realizada dentro da sua própria casa. Leblon (1919)
Foto: Marc Ferrez
Canal do Mangue (1905)
74 • Revista Privilège Le Canton
•Hipismo
Oi Serra e Mar Disputa de cavaleiros no Le Canton
Um circuito de hipismo com etapas que incluem as pai-
ano e manter o apelido de ‘Mr. Le Canton’”, disse ele,
sagens da Lagoa Rodrigo de Freitas, as belezas da Costa
bem humorado, em sua chegada, mesmo reconhecendo
Verde e todo o requinte da Serra Fluminense tem tudo
a qualidade de seus adversários.
para dar certo. Se além disso o certame ainda passa pela
José Roberto Reynoso, por sua vez, trouxe duas montarias
pista do hotel Le Canton em sua fase decisiva, o sucesso
– Gina e Accoranus - ambas nas pontas dos cascos, e reve-
se torna garantido. Não é à toa que o Circuito Oi Serra
lou muita disposição para manter sua vantagem. “As duas
e Mar completou sua quarta edição se firmando como
(montarias) estão em igualdade de condições. Espero termi-
um dos mais charmosos eventos do hipismo do Estado
nar entre os seis primeiros para não deixar os concorrentes
do Rio. Desta vez quem venceu a disputa na etapa do
na briga pelo troféu passarem à minha frente”, disse.
Le Canton foi o cavaleiro paulista José Roberto Reynoso. Dali, ele partiu para o título de campeão do circuito,
Prêmios a granel
confirmando a vitória na etapa final, em Itaipava. Além de uma premiação em espécie para cada etapa, o
Mr. Le Canton
grande campeão (somados os resultados das quatro etapas) do Circuito Oi Serra e Mar ganha um automóvel, no valor
Quando os cavaleiros entraram na pista do Le Canton
de R$ 60 mil. No total, são mais de R$ 300 mil em prêmios
a disputa já estava acirrada. Reynoso vinha à frente no
distribuídos pelo evento: jóias, relógios, TVs de plasma e
ranking, com 57 pontos, seguido por Jorge Rafael, com
Ipods. O campeonato conta com o apoio da Oi, Abolição,
50, e Fábio Leivas, com 41. Mas o favoritismo era todo do
Itaú, Sony Ericsson e do governo do Estado do Rio.
carioca Leivas que havia sido campeão nas três edições
Na etapa do Le Canton, além das provas realizadas de
anteriores da etapa realizada no resort suíço. “Foram três
sexta a domingo, fez parte da programação uma palestra
edições maravilhosas. Espero repetir a performance esse
de Hélio Pessoa, realizada na sexta-feira à noite. Irmão do lendário Nelson Pessoa, Hélio é um dos mais respeitados desenhadores de pista do país e assinou também, claro, a pista do Le Canton. Outra atração foi o show do neo-bossanovista Celso Fonseca, que encantou a platéia na noite de sábado na serra. Na sexta-feira, primeiro dia de competição, Fábio Leivas mostrou que vinha “com a faca entre os dentes”. Conquistou os dois primeiros lugares da prova Oi FM, com suas duas montarias, a égua Smaragda e Van Gogh, ultrapassando 12 obstáculos à altura de 1,40m. Com Smaragda, marcou 63s86 e com Van Gogh, 64s46,
O salto do cavaleiro Zeka Palhares
76 • Revista Privilège Le Canton
Pista do Le Canton
ambos em percurso limpo. Durante a comemoração ele
ficou de fora da luta pela vitória na etapa porque perdeu
declarou: “Mais uma vez tive sorte aqui no Le Canton.
as provas de sexta. Motivo? Pegou o caminho errado na
Essa prova me colocou de volta na briga pelo troféu,
viagem de São Paulo para a Serra Fluminense. “Me perdi
porque encostei no Reynoso.” O cavaleiro paulista, por
na estrada, mas acabei premiado. Esse meu cavalo está
sua vez, ficou em terceiro, mas não tinha do que recla-
numa fase excelente”, explicou ele, que uma semana an-
mar: “O importante é estar no bolo”, disse.
tes ganhara o Grande Prêmio de Alphaville.
E não deu outra. Ao final dos três dias de competição,
O líder da competição, José Roberto Reynoso, filho do
Reynoso acabou somando mais pontos, sagrando-se o
também cavaleiro José Reynoso, medalhista da equipe
campeão da etapa. No Grande Prêmio Oi, ele ficou em
brasileira no Pan de 1967, festejou muito os resultados
segundo lugar e foi favorecido com a pouca sorte de
obtidos na etapa. “Acabei conseguindo o que queria,
seus adversários principais, Jorge Rafael e Fábio Leivas,
que era chegar à decisão com uma folga de pontos.
que não foram tão bem na fase de desempate.
Ainda dei sorte de o Fábio e o Jorge não terem ido mais longe”, disse Reynoso.
Perdido na estrada
Na prova com obstáculos de 1,10m, a vencedora foi Mariana Arnaut, montando Lady Ferrarez, que fez o
O primeiro posto no Grande Prêmio, em disputa do Troféu
tempo de 57s58. Na categoria 1,20m, o primeiro posto
Cidade de Teresópolis, ficou com o cavaleiro paulista Eric
ficou com Victor Pacifico Homen com o cavalo Mood S
Zorzzetto. Montando Adela Land Joter, ele marcou pista
e o tempo de 57s30.
limpa com o tempo de 38s35. O curioso é que Zorzzetto
Em 2009, tem mais.
Revista Privilège Le Canton • 77
•Golfe
Tacada jovem Novo campo do Le Canton, novos jogadores e novo campeonato dão vigor ao golfe carioca. A Serra já contava com um dos mais belos campos de nove buracos do Brasil, o do Teresópolis Golfe Clube. Agora, a região entra definitivamente no roteiro turístico dos golfistas brasileiros com o novo campo do Hotel Le Canton que sediou, em agosto, a segunda etapa do I Torneio de Golf Banana Golden Par3. Organizado pelos golfistas Valdir Guedes, Edson Neves e Ricardo Correa, o evento busca democratizar o esporte. “O torneio vem para mostrar que o golfe não precisa ser elitista, mas pode ser praticado pela classe média brasileira”, defende Ricardo Correa. Ao todo, o evento contou com 22 participantes, distribuídos em três categorias e Near the pin (bola mais próxima do buraco). O frio que tomou conta da região não desanimou os golfistas amadores de todas as idades que competiram durante toda a manhã. O destaque do torneio foi o jovem e talentoso Rafael Ventiglia. Com apenas 10 anos, ele levou para casa dois troféus, sendo um deles de terceiro lugar na categoria mais avançada da disputa.
Incentivo à prática Para os organizadores, o golfe deve ser mais praticado no Brasil, por estimular o raciocínio, exigir concentração, além de ser um esporte fértil para a construção de novos círculos de amizade. “Por ser pouco divulgado no país, muita gente não sabe que existem campos semi-profissionais abertos à sociedade. Antes, existiam poucos campos disponíveis, mas esta situação está mudando e precisamos incentivar sua prática”, ressalta Valdir Guedes. O evento contou com o apoio do Le Canton, da Federação de Golfe do Rio de Janeiro, da Associação de Imprensa da Barra (AIB) e do JB Barra. Segundo os empresários, o torneio aconteceu num clima de grande confraternização entre os participantes, familiares e amigos que puderam Foto: Renato Rojo
desfrutar de toda a infra-estrutura do resort. O Par3 é um clube de golfe on-line, com organização de torneios e eventos de confraternização com jogadores da comunidade do site, em campos que favorecem tanto o aprendizado como o aprimoramento dos já iniciados. O primeiro lugar de cada categoria recebeu, das mãos do diretor geral do resort Marcelo Antunes e da diretora de marketing Martha Gentil, a cortesia de uma diária no hotel.
Tacadas longas Construído em 2007, o campo de golfe do Le Canton foi projetado dentro dos padrões internacionais, com seis buracos de par 3 e um driving-range para exercícios de tacadas longas. Obedece a todas as recomendações da USGA (United States Golf Association) e possui gramados desenvolvidos nos Estados Unidos, perfeitos para o clima da serra. Um dos detalhes charmosos do campo do resort Le Canton é que um dos buracos foi inspirado no trecho do típico campo TPC, em Sawgrass, na Flórida. Com grama importada e desenho moderno, que inclui uma ilha com o buraco mais desafiador do jogo e a exigência de três tacadas longas de 170 jardas com direito a um rio cortando o percurso, o campo também conta com drenagem e irrigação automatizadas. Rafael Ventiglia
•Náutica
A cruzada de Izabel A navegadora Izabel Pimentel cruzou o Oceano Atlântico em 42 dias, sozinha, num barco de 6,5 metros. E conta à Privilège como enfrenta a insegurança e a solidão das longas travessias, no mar ou em terra firme
Mudança dos ventos: Izabel antes do desafio, na chegada à costa brasileira e em direção a uma tormenta na costa portuguesa
Por Dirley Fernanades O navegador-mor Amir Klink, em seu livro Cem dias entre o céu e o mar, em meio aos relatos de suas aventuras, volta e meia fala da influência que os velhos livros de navegantes tiveram para que ele construísse sua própria história. Talvez percebesse que sua história também poderia despertar os anseios de navegar de novos heróis da estirpe dele ou da família Shürmann, ícones dessa nossa pátria de navegantes – não fôssemos descendentes dos portugueses do século XV, reis de todos os oceanos daquele tempo. No panteão dos nossos reis dos mares, além de heróis, agora o Brasil deu de formar heroínas. Isabel Swann e Fernanda Oliveira acabam de trazer uma medalha olímpica para o Brasil, como a Privilège já previra. A dupla segue o exemplo de Izabel Pimentel, uma brasileira nascida entre os grandes rios do Pantanal que cumpriu, em 2006 e com 40 anos de idade, uma façanha memorável: foi a primeira velejadora brasileira a cruzar o Oceano Atlântico em uma viagem solitária. A jornada durou 42 dias de muito sal e sol no rosto e, pasmem, muitas risadas, o que só dá para entender por quem sente de perto a impressionante alegria de viver dessa (ex-) analista de sistemas que, depois de informatizar metade de Paraty, colocou a mochila nas costas e foi para o mar. 80 • Revista Privilège Le Canton
Nessa entrevista, ela conta como enfrentou a solidão da viagem, narra o que é a insegurança de estar em um barco de 6,5 metros com todo o oceano à sua volta e sem comunicação, fala sobre a dor e a delícia de ser mulher e lembra o livro que a empurrou mar adentro - o de Amir Klink, claro. Aliás, como Klink, Izabel já lançou seu livro, A travessia de uma mulher, e não pára quieta. Pouco depois de conversar com a Privilège, zarpou para Pernambuco, onde participaria da Regata Oceânica Recife-Fernando de Noronha. Mas, antes, ela anunciou o seu próximo desafio: uma volta ao mundo, sozinha e sem escalas! Como o mar entrou na sua vida? Nas areias da praia da Barra, no Rio, aos 19 anos, eu descobri o windsurf e, com ele, o prazer de velejar. Daí, não parei mais. Vendo a sua história, a gente vê que você andou bastante: nasceu em Aquidauana, viveu no Rio, em Paraty, em Lisboa... Pelo jeito, você é inquieta demais para ficar no mesmo lugar por muito tempo. Eu já mudava de casa muito quando criança, por conta da profissão do meu pai (que é militar). Depois mudei para
procurar uma melhor qualidade de vida. Nessa época, eu tinha um amigo que sempre me falava que eu nunca me tornaria uma navegadora de verdade se não respirasse o mundo náutico. Por isso, arrumei as malas e parti para Paraty. É uma cidade tranqüila, junto ao mar, ideal para uma apaixonada por navegação. Vivi muito cada dia dos oitos anos que se seguiram. Vivia salgada, porque ia para o mar todos os dias. Mas precisava de dinheiro pra seguir os meus planos. O objetivo já era comprar um barco e dar a volta ao mundo. Foi então que surgiu uma oportunidade em Portugal, mas que tinha a ver com a minha profissão original, a de analista de sistemas. Era a grande chance de tornar o meu desejo realidade. Arrumei as malas e, mais uma vez, parti. De onde vieram essas idéias de dar volta ao mundo, atravessar oceano sozinha? A idéia surgiu aos poucos. À medida que subia um degrau a mais no meu aprendizado com o mar, eu desejava mais também. Logo que comecei a estudar navegação me presentearam com o livro do Amyr Klink, Cem dias entre o céu e o mar. Maravilhoso! Li várias vezes. Sem dúvida, ele influenciou na minha história e deve influenciar na história de vários amantes do mar. E na travessia do Atlântico, quais eram os perigos que você enfrentava? Eu já tinha uma experiência forte com mar bravo, uma vez que tinha remado a costa portuguesa e também feito uma travessia da Bahia a Santos, e ainda um trecho da Espanha. Logo, a força do mar e dos ventos, num barco pequeno, não me assustavam mais. O problema eram os equipamentos, já que eu não tinha tanta experiência em manutenção. Em algum momento você devia sentir medo... Como você lidava com isso? Uma vez lá, no meio do oceano, o medo deve ser controlado, senão nem conseguimos seguir em frente. Se entra o pânico - e esse risco existe no meio daquela solidão -, aí já era. Muita gente ficou no meio do caminho. Mas eu sei controlar bem esse sentimento. O maior medo que eu sentia sempre era de algo no barco quebrar, o desgaste emocional e físico que um problema como esse pode representar... Outro sentimento é a solidão, como você lidou com ela, ainda mais no período em que você ficou sem comunicação, diante daquele marzão todo? Eu me dou muito bem comigo mesma. Acho que isso é o principal. Na minha segunda travessia do Atlântico (no início desse ano), não levei nada além do (rádio) VHF como meio de comunicação. Prefiro assim. De um modo
geral, nas travessias, não levo telefone a bordo. Como era a sua alimentação? Essa parte não era nada boa. Eram só desidratados e enlatados. E também alguns condimentos para agüentar esse tipo de comida. Fazia duas refeições quentes durante o dia, além de um café da manhã farto, com leite, cereais, mel e torradas. O que se precisa pra enfrentar uma parada dura dessas, em termos materiais e espirituais? Levo alguns livros que, durante as tempestades, me fazem companhia. Não sou religiosa, mas acredito muito no nosso próprio poder de realização. Se eu parto, é pra chegar. Isso é que me dá força. Como você se sentiu quando terminou tudo? Sozinha (risos)... Sério?! Verdade. Aí, caiu a ficha. Parti sozinha e não tinha nenhum braço pra me abraçar quando eu cheguei. Mulher é paixão, emoção... Durante a travessia, eu estava no meu momento, mas quando parei... Aí, faltou algo. E... Arrumei o barco e parti de novo... (risos) Como é o plano da volta ao mundo? A idéia é partir no fim do próximo ano. Sozinha e sem escalas! Já temos o casco do barco. É um barco de alumínio de 42 pés. Mas preciso de mais dinheiro para preparar tudo. Quero instalar um sistema de vídeo para que todos possam acompanhar a viagem 24 horas por dia. Você fez tudo com uma verba meio limitada, o que sempre obriga a umas improvisações. Teve gente que não cumpriu os compromissos que tinha com você, inclusive. Agora vai dar para fazer tudo com mais planejamento? O problema nem foi o dinheiro. Meu patrocínio nunca me deixou faltar nada. Foi a falta de respeito humano. Contratei pessoas erradas mais de uma vez. Espero que agora, mais experiente, eu acerte. E quando você volta para o mar? Volto agora, dia 28 de agosto. Navego de Paraty até Recife. Lá, eu participo da Refeno (Regata Recife-Fernando de Noronha). De Noronha, retorno a Paraty, onde subo o barco na Marina Porto Imperial. Ele será todo pintado pela Tintas Internacional e vai passar por alguns reparos. Isso vai deixar o meu Petit Bateau novinho. Em novembro, sigo para a África do Sul para participar, em janeiro, da Cap Town Bahia. E não páro até 2010. Mar, mar e muito mar. E o que você gosta de fazer quando está em terra firme? Gosto de andar de bike, ler, andar a cavalo. Em Portugal, fazia parapente e kitesurf, mas aqui parei. E falo. Falo muito também, não é? Como a mulher fala.... Revista Privilège Le Canton • 81
•Crônica
A superioridade feminina Carlos Eduardo Novaes Tenho uma ótima notícia para os homens: a última pesquisa do IBGE informa que no Grande Rio a população feminina está dando de goleada na masculina. Em números redondos, são 300 mil mulheres sobrando no Rio de Janeiro e adjacências. Já pensaram? Dois Maracanãs (de antigamente) lotadinhos dando sopa na cidade!!! Agora entendo porque minhas amigas solteiras e descasadas vivem se queixando da falta de homens no pedaço. Em compensação, não vou mais ouvir os amigos solteiros e descasados que reclamam de solidão. Quando vierem com seus lamentos, esfrego-lhes a pesquisa na cara: - Olha aqui, malandro, não são duas nem três! São 300 mil! A desproporção provoca mudanças no comportamento feminino. Apesar de o meu endereço eletrônico não identificar meu sexo, são as mulheres que enchem minha caixa de correio com fotos e mensagens sedutoras. Elas atacam com uma desenvoltura antes somente permitida aos homens. Estamos ouvindo das mulheres tudo aquilo que, no passado, nós dizíamos a elas. Frases como: “Não conheço você de algum lugar? Tem fósforo? Vamos dançar? Quer ir lá em casa escutar um som?” Sem falar naquele fraseado de rua. Um amigo disse-me que outro dia ia caminhando pela avenida Rio Branco e, ao passar por duas mulheres de aparência distinta, ouviu de uma delas: “Oi gostosão!” A pesquisa do IBGE alerta que a desproporção aumenta dia a dia e, dentro de 10 anos, haverá um milhão de mulheres sozinhas no Grande Rio. O que fazer para evitar que o Rio vire uma Capadócia (terra de amazonas)? Só há uma saída: a importação de homens. O Governo, na intenção de ajudar a resolver o problema, anuncia que vai importar 10 mil toneladas de homens da Tailândia! O porto do Rio foi pequeno para tantas mulheres no dia em que atracou o navio trazendo a carga do Oriente. O Governo teve que distribuir senhas. Minha amiga Elga esperou seis horas na fila, mas acabou levando para casa um baita tailandês de 92 quilos. No dia seguinte, porém, a cidade acordou com uma gritria geral das mulheres. O homem, como o arroz tailandês, não era de boa qualidade. Toda a mercadoria exportada pela Tailândia sofria de disfunção erétil. As mulheres foram para as ruas pressionar as autoridades para importar homens da Grécia ou da Itália. O Governo reagiu anunciando que “o quilo do homem europeu estava muito caro e iria desequilibrar a balança comercial”. Prometeu abastecer o mercado com 40 toneladas de chineses. Foi a vez de as mulheres reagirem: “Queremos fazer amor, não pastéis!”. Não vai ser fácil, senhoras e senhoritas, reduzir esse enorme saldo na balança feminina. Sugiro, portanto, que quem tem o seu trate de guardá-lo, desde já, a sete, oito ou nove chaves. Breve não haverá mais peças de reposição. 82 • Revista Privilège Le Canton