1998 No.1

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No.1

Modelos ex贸ticos O sucesso de supermodelos fora dos padr玫es de beleza tradicionais.




Editorial

e acordo com Willian R. Miller “Design é o procesMi so s de pensamento que leva a criação de alguma coisa” ele está enraizado em nossa sociedade, presente em todos espaços, melhorando, adaptando, aperfeiçoando, trazendo ordem e coerência. O ritmo de criação é frenético, há sempre uma novidade pintando por aí e cada vez mais somos surpreendidos com os resultados. A 1998 traz então uma série de reportagens sobre os diversos campos do design, inspirando, acrescentando, dispersando conhecimento, abordando os problemas enfrentados e acima

de tudo valorizando os trabalhos dos profissonais deste seguimento. Esperamos que você se inspire, que a partir do que foi compartilhado aqui, tenha referência e motivação para os seus projetos, e quem sabe, em um futuro bem próximo a sua criação esteja aqui também!

HENRIQUE LOBO Diretor Executivo henrique@1998magazine.com

THANMARA MAFRA Diretor Executivo thanmara@1998magazine.com


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Pinturas Anamórficas

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Vespas viraram mobília

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Entrevista Gui Bonsiepe

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Inez e Vinoodh

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Modelos Exóticos

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Nem parece brinquedo

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Harmonic Convergence


po rF el ic e

Pi nt ur as

A na m

Va rin i

ór fic as

Design de Interiores

FELICE VARINI é um artista suíço

bastante conhecido por criar verdadeiras ilusões de ótica, com pinturas repletas de geometrias em perspectivas que revelam suas verdadeiras formas apenas quando vistas por certos angulos, do contrário assumem formas e traços quebrados. Felice costuma trabalhar em espaços internos e externos, como edifícios, paredes,

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Texto: André Felip e Ynouye Foto: Felice Varini

ruas e vilas. Suas pinturas são caracterizadas por criar inúmeras ilusões ópticas desafiando os olhos do espectador a encontrar o ponto correto para a leitura das obras. Segundo o artista, a única preocupação nas suas obras é exatamente o que acontece fora do ponto de vista correto de visualização. Felice nasceu em 1952 em Locarno, Suíça e mora atualmente em Paris.



Design de produto

Mobília usando peças da Vespa

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xistem cadeiras feitas de madeira,Vespas feita de madeira, e agora encontramos cadeiras feita de Vespa! Quando dizemos que somos fãs de carros, motos e veículos em geral, as pessoas que conhecemos logo se apressam em nos mostrar móveis e itens de decoração feitos com peças como portas, pneus, para-lamas, blocos de motor. Só que a maioria destas coisas acaba ficando exageradamente inspirada no mundo dos carros. Posso estar errado, mas acredito que a maioria dos leitores não teria quatro pneus empilhados no meio da sala formando a mesa de centro. Não basta usar peças de carros e motos para fazer móveis. É preciso

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Texto: Dalmo Hernandes Foto: Bel&Bel

fazer com estilo, e estas cadeiras feitas usando peças da famosa scooter Vespa têm estilo de sobra. O estúdio espanhol Bel & Bel é especializado em design de mobília usando peças vindas de carros e motos clássicos, como o mini carro italiano fiat 600. As cadeiras estão disponíveis em três modelos diferentes, que diferem pelo nível de acabamento e personalização, e pela qualidade dos materiais. Os três modelos vêm com assentos e encostos envolventes e aparentemente bem confortáveis, com forração de couro em várias opções de cores inspirada nos assentos das motonetas. A parte de trás é feita com base na carenagem dianteira da Vespa, completa com emblemas e piscas.


A opção mais luxuosa é também a mais personalizável, sendo possível escolher entre acessórios como descansa-braços e suporte com um pneu de Vespa — tudo sem exagerar no visual, e sem gritar que aquilo é sucata de scooter. O desenvolvimento das poltronas baseadas na Vespa teve um efeito colateral: como os artistas do estúdio viviam atrás de peças para fabricá-las, acabaram seguindo o caminho inverso e também começaram

Modelos feitos com a carenagem da Vespa

a restaurar scooters — uma ótima notícia para quem não tolera ver um veículo “destruído” para se transformar em mobília. O trabalho de restauração tem sido muito elogiado em Barcelona, cidade onde o estúdio está localizado. Além das poltronas, O estúdio também faz pufes e banquetas com peças da Vespa, prateleiras usando tampa do motor e sofás baseados e no Fiat 600 (na Espanha, vendido como Seat 600).


Entrevista

"Uma política de desenvolvimento que não leva em conta o design é uma política truncada. Amputada Não presta."

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m seu livro “Design, Cultura e Sociedade", o senhor c omenta sobre a atividade projetual como atividade que atende “certos interesses primários - podemos dizer até interesses básicos". O desenho do supérfluo, assim, pode ser ainda entendido como design? (considerando como supérfluo não apenas o que vem do styling, mas também os objetos de luxo e aqueles em que não há necessidade de se desenhar mais do mesmo). Com interesses primários e/ou básicos refiro-me a prática cotidiana dos integrantes de uma sociedade, nos diferentes campos: trabalho, moradia, transporte, saúde, educação, esporte até lazer. Em outras palavras: design no sentido de projeto de artefatos operativos e artefatos comunicativos. O design do supérfluo, bem ou mal, faz parte do design. É uma das manifestações da atividade projetual. Um telefone celular dotado de brilhantes é também resultado de design.Talvez não seja particularmente relevante, depende do sistema

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Texto: Gabriela Aquino Foto: Pedro Ungaretti

Nossa profissão não é mais vaguarda

de valores. O que é considerado supérfluo depende por um lado do contexto e, por outro, do marco de referência que um designer aceita para o trabalho. Recentemente escutei no ponto de ônibus uma conversa entre dois jovens estudantes de arquitetura. Uma das alunas queixou-se do conteúdo dos exercícios no curso de projeto dizendo: “Eu venho para a universidade para aprender a projetar hotéis Hilton e casas elegantes em bairros fechados. O projeto de moradias para pobres não me interessa. Eles que se virem.” Pois é. Uma considerável parte do design é variação do idêntico. Não coloca em dúvida a taxonomia dos produtos, o parque dos produtos. Hoje precisamos re-enfocar o design em novas coordenadas relacionadas com o ambiente, a energia e, sobretudo, no abismo existente entre um punhado de pessoas extremamente ricas e uma maioria extremamente pobre. O senhor fala no livro que ao designer é fundamental o elemento utópico, como anterior ao projeto, e


coloca ao profissional a importância do projeto emancipatório e voltado aos excluídos. Há alguma relação com o pensamento de Argan sobre “a crise do design" e a necessidade de recriare re-apontar a profissão do designer às questões eminentemente públicas? (ARGAN, G. C. História da Arte como História da Cidade. 1993) Não faço referencia explicita ao livro de Argan. Concordo completamente com a necessidade de uma re-invenção do design. Após o tsunami de privatizações que tem atingido quase mortalmente o espaço público e o espaço dos interesses da maioria na América Latina, registramos sintomas de uma reação. E não somente na América Latina, mas também nos paises centrais. Vejamos somente o que acontece na Espanha. Ou mais perto: Chile, que para os economistas dos think tanks do status quo era festejado como modelo bem sucedido de uma economia do século XXI na America Latina. Hoje os estudantes são protagonistas - com apoio da maioria da população - na recuperação dos interesses públicos legítimos, como o ensino. O mercado revelou-se um mecanismo completamente inapropriado como solução para os problemas que hoje atingem a humanidade. Observamos a inviabilidade de um modelo econômico que dominou durante duas ou três décadas. Recentemente um jovem historiador de arte britânico me entrevistou, e terminei a entrevista com uma frase que ele gostou. Disse que “a resignação não é uma atitude do design". Se resignamos, deixamos o design de lado. Não somos mais designers. Há momentos em que se comenta sobre aspectos simbólicos e de uso, pendendo mais ao uso, como observa Jerko Fezer. Qual seria o lugar da simplicidade no projeto da forma e na solução de uso nessa relação? Por trás dessa pergunta está o debate sobre a interação do binômio forma/função - um tema que tem provocado debates acalorados e polêmicas na história da arquitetura e do design. Nos velhos termos o debate se acalmou. Porém continua vigente, como podemos ver na irritação que a simples menção do termo “função” provoca em determinadas posturas. Uma simplicidade da forma não necessariamente implica uma simplicidade no uso. Tampouco a complexidade da forma de um artefato significa uma maior dificuldade no uso. Não existe uma relação unidimensional entre forma e

"A resignação não é uma atitude do design. Se resignamos, deixamos o design de lado. Não somos mais designers."


função.Em termos gerais, formularia como uma das tarefas do designer a redução de complexidade de uso de artefatos materiais ou semióticos. Em termos gerais, formularia como uma das tarefas do designer a redução de complexidade de uso de artefatos materiais ou semióticos. É isso que eu defino como o termo design de interfaces".Um bom exemplo é a web, cuja hiper-complexidade pode ser reduzida por meio do trabalho do designer de informação. Uma bola tem uma forma simples. Caso contrario não precisaríamos de craques de futebol. Há mais de quatro décadas o senhor tem lutado pela integração do design na política de desenvolvimento industrial de diversos países latino-americanos. Na sua avaliação, como está sendo conduzida esta integração do design dentro da atual política brasileira de desenvolvimento? Que novas oportunidades surgem (ou poderiam surgir) hoje como conseqüência direta desta política? Uma política industrial e uma política de desenvolvimento que não usam o design Industrial como ferramenta são políticas amputadas. Há um tempo existiram equipes em escritórios públicos de projeto. Porém, boa parte destas equipes tem sido desmanteladas, de acordo como uma postura ideológica que quer debilitar ao máximo o poder público em favor dos interesses privados. As bemintencionadas iniciativas de fomentar as atividades de grupos de projeto às vezes corriam o perigo de uma burocratização. As estruturas de gestão em geral se revelaram pouco propícias a essas iniciativas. Para poder fomentar atividades de inovação são necessárias estruturas dinâmicas e flexíveis de gestão, o que é difícil de se conseguir em estruturas tradicionais de administração. Isso, por exemplo, facilitou o trabalho do LBDI em Florianópolis, que contava com um espaço próprio de ação sem o peso de estruturas acadêmicas que dificultam - e até atrapalham - o trabalho inovador. Pequeno como era, inicialmente com cinco ou seis pessoas, poucas máquinas para modelagem e uma infra-estrutura administrativa simples, o LBDI tinha flexibilidade de ação. Não fomos cativados a estruturas acadêmicas vigentes. Isto nos deu liberdade, podíamos atuar rapidamente, sem depender de comitês, relatórios, cadastros... Hoje o apoio do Estado dado ao design industrial se limita em boa parte - talvez predominantemente - a uma função mediadora entre profissionais e industrias. Além disso, se dirige

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a promoção, sobretudo para a internacionalização do design brasileiro,arcando com os custos de participação em Concursos/prêmios internacionais. O Brasil é um dos poucos países, e talvez o único pais latino-americano, que financia com recursos públicos a participação de escritórios brasileiros de design em feiras e competições internacionais. Mandar um produto custa dinheiro, e um pequeno escritório não tem recursos para isso. Acho esta uma boa iniciativo, e bem sucedida: o design brasileiro hoje é o mais conhecido fora, se for comparado com outros países que também fazem design, mas sem essa política sistemática de promoção. Outros exemplos de fomento ao design são mais voltados para o setor artesanal. Isso pode ser socialmente e culturalmente valioso, porém a incidência econômica é Iimitadissima. Não estou desvalorizando estasiniciativas, tenho o maior respeito, mas não devemos confundir design industrial - produção em série - com design artesanal. Isto é outra coisa. Pode-se fazer design artesanal, que encontra ressonância nos países industrializados - e na mídia - que gostam muito do colorido, do nativo... Mas vejo com cautela. Não aí onde está o futuro para o design. A respeito dos eventos internacionais, por exemplo, a copa e as olimpíadas, Iamentavelmente as tarefas de design gráfico da comunicação visual estão sendo encaminhadas para empresas de marketing e publicidade, com resultados em geral pouco convincentes, pois não atingem os padrões de um design de programação visual profissional. E isso não acontece somente na América Latina: Inglaterra e Alemanha passaram pela mesma situação. Eu não entendo como e por quê a classe dos designers gráficos não conseguiu se fazer escutar como grêmio profissional para ter mais peso nas assinaturas destes contratos. Uma política de desenvolvimento que não leva em conta o design é uma política truncada. Amputada Não presta.

"O design não-político não existe"


"Ao invés de fomentar este extremo individualismo de consumo devemos fomentar mais soluções comunitárias"

Nos últimos anos a economia brasileira tem permitido uma considerável ascensão da classe C, graças a um relativo avanço na distribuição da renda e fácil acesso ao crédito. No entanto, esta aparente emancipação poderá significar um retrocesso caso haja uma repetição do padrão de consumo norte-americano, principalmente no que se refere à concentração da renda e a conservação do meio ambiente. O senhor acha que isto pode acontecer neste momento no Brasil? Como o designer conseguirá contornar a pressão do mercado em promover sistematicamente obsolescência, descarte e substituição? Hoje está em crise todo um modelo de estilo de vida baseado no individualismo e na concorrência. Cada vez menos se pode negar a inviabilidade ambiental e social deste estilo de vida. Seria hipócrita querer negar as aspirações de classes sociais que, devido a uma redistribuição da renda, hoje tem acesso a produtos que anteriormente estavam fora de alcance. Os padrões de consumo são fortemente condicionados pelos meios de comunicação de massa e no fundo estão viabilizados por meio de uma política financeira de créditos. Não se pode camuflar o fato que esse processo alenta menos a fomação de consumidores que a formação de devedores que estão amarrados ao sistema financeiro com as cadeias de crédito. A obsolescência programada pelo design cumpre a função de manter em circulação permanente as mercadorias. Sabe-se que essa política tem efeitos colaterais negativos. Sabemos também que é difícil corrigir esse processo, e nem falo de mudar a situação... O debate sobre a mudança climática provocada por ações humanas fornece um exemplo das enormes resistências para uma mudança de paradigma. Em vez de fomentar unilateralmente o consumo individualista, seria mais recomendável


pensar na oferta de soluções comunitárias. Como conseqüência desta ênfase no consumo individualista temos o design de autor. É um fenômeno estranho que no campo da literatura se fale, já há tempos, do desaparecimento do autor, e no design somos tão atrasados que hoje inventamos o design de autor. Nossa profissão não é mais vanguarda, culturalmente ficamos na retaguarda, comparando com outras manifestações artísticas e científicas. Lamentavelmente é assim.Ao invés de fomentar este extremo individualismo de consumo devemos fomentar mais soluções comunitárias. Quais caminhos estão disponíveis aos jovens designers que almejam promover significativas mudanças sociais através do design de forma profissionalizada, fora dos muros das universidades e instituições assistenciais? Quais seriam os principais obstáculos? Quais casos de sucesso o senhor conhece? Temos famosos exemplos de recomendações aos jovens escritores, poetas e cientistas. Menciono o poeta Rainer Maria Rilke com a carta a um jovem poeta e, no campo das ciências, o biólogo inglês Peter Medawar (nascido no Brasil) com o livro Advice to a Young Scientist. Eu sou muito cauteloso com conselhos, pois

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facilmente quem dá conselhos se expõe ao perigo de assumir uma postura de pregador. Apesar de minhas reservas, daria algumas dicas.

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Primeiro: fazer da leitura um costume Precisamos cultivar uma leitura analítica e não uma leitura tipo zapping. Segundo: cultivar uma atitude critica (hoje não se ganha muitos amigos com isso; critica não tem boa prensa). Deve-se perguntar-se sobre a relação da sua atuação profissional e a política social. Este tema foi intensamente discutido no século passado, era parte intrínseca do projeto da modernidade. Um caso exemplar no campo da arte foi Picasso, com sua pintura Guernica. Vocês sabem, Picasso foi membro do partido comunista, como muitos outros intelectuais, e este quadro foi a coincidência entre uma atuação artística e profissional, e sua postura política decididamente antifascista. Este alinhamento aconteceu também anteriormente, no inicio dos anos 20 quando, na primeira fase da revolução na União Soviética, os artistas construtivistas queriam buscar a passagem para a indústria, liberar a arte da sua conotação de elemento burguês fechado no museu. Queriam atender a maioria da população, e isso seria possível


através do design. Em 68 esse debate reviveu intensamente. Hoje já não se fala de revolução, isso é visto como um assunto ultrapassado, contra o bomgosto. Não se fala desta temática que é incômoda. Não se faz muitos amigos com isso, sem dúvidas. Não é politicamente correto, pra ser honesto.

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Terceiro: perguntar para que serve o projeto? Quais serão os benefícios para o usuário e a comunidade? Ou em outras palavras, "faço um design que contribui para reduzir a heteronomia?" Ou, em termos positivos, se "faço um projeto que aumenta a autonomia?" Isso é uma pergunta politica, embora a maioria dos designers provavelmente não vá admitir que qualquer trabalho intelectual tem um componente político. Não se pode esquivar disto: o design não-político não existe.

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Quarto: perguntar se um design serve para fortalecer a autonomia cultural e industrial, indo contra os interesses que estão freando o processo de autoafirmação latino-americana. É bem sabido que na divisão internacional de trabalho se quer limitar os países latino-americanos ao rol de exportadores de commodities, recursos sem componente projetual. Isso não acontece somente no Brasil, todos os países latino-americanos se confrontam com esta constelação internacional

de interesses que quer manter a América Latina no papel de países não-design. Ir contra esse processo pode ser uma das tarefas dos designers na periferia. E qualquer coisa que se faz, por menor que seja, está se dirigindo contra estes interesses. E por isso é política. Simples assim.

"Faço um projeto que aumenta a autonomia? Isso é uma pergunta política."


Design de Moda

INEZ & VINOODH Começaram a trabalhar juntos em 1986, em Amsterdã e hoje, quase trinta anos depois eles são conhecidos como dois dos mais fortes nomes da área.

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O casal 20 da moda Inez van Lamsweerde e Vinoodh Matadin. Mais do que o amor, dividem uma carreira de mais de 25 anos na fotografia. Tendência no mundo da moda, muitos profissionais tem optado por clicar em par. Do voyeurismo de Inez & Vinoodh – marca do cultuado casal holandês – à beleza nostálgica da dupla russo-americana RomanLeo. O currículo deles é extenso: além das versões francesa, britânica, japonesa e americana da Vogue, assinaram editoriais para a V Magazine, W Magazine, Harper’s Bazaar, GQ, Purple Fashion, Visionaire, VMAN, Arena Homme Plus. Em seus trabalhos, Inez e Vinoodh transitam pela moda e arte, sempre tendo a manipulação digital como parte importante de sua obra. Juntos, exploram questões como gênero, sexualidade, realidade, superficialidade e identidade… Papo cabeça.


Inez e Vinoodh, o casal de fot贸grafos do mundo da moda


S O L E S D O O C a I z e M l a T e B vi Ó b ó X da E a n

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Texto: Juliana Alburquerque Foto: Divulgação


A Eles não tem os traços perfeitos. Pelo contrario! conquistam o mundo da moda por conta da atitude e originalidade

té pouco tempo atrás, a variedade no padrão de estética dos supermodelos das campanhas de moda e beleza dos desfiles pouco variavam. Isso tem mudado nos últimos tempos e muito! Que o diga a Givenchy, que vem inovando no biotipo dos modelos usados em suas campanhas. Após estrelar a modelo transsexual Lea T em sua campanha de moda, o estilista da Givenchy, Ricardo Tisci, agora optou por ter como estrela da coleção de 2012 o modelo Stephen Thompson, que é albino. Tisci afirmou que os tons dos albinos serviram de inspiração para a nova coleção de sua marca. A escolha de modelos exóticos, andróginos e que rompam com os padrões de beleza vigentes tem sido tendência no mundo da moda. Stephen garante que não leva a sério o frisson que seu albinismo tem causado, mas ele também prefere não explorar o assunto. Exótico é algo fora dos padrões, extravagante; e o sucesso de super-

modelos fora dos padrões de beleza tradicionais não é nenhuma novidade, pois, não é de hoje que as principais marcas de moda e beleza do planeta apontam a necessidade de renovar seu seleto casting inovando em campanhas com new faces originais e estilos versáteis. Para alguns críticos, o objetivo das grifes é chamar a atenção pela polêmica, mas tudo é relativo, assim como muitos outros conceitos que rondam “o competitivo mundo da moda”. O mundo da moda se modifica toda hora, e nele, o estilo das modelos fashion também. Já vimos a fase do mulherão, das extremamente magras e de muitas outras, mas uma coisa está chamando a atenção nesse universo: as belezas exóticas. Os new faces mais procurados ultimamente são aqueles que expressam um estilo original, uma personalidade marcante e uma presença única. Por isso, estão representando diversas marcas e ganhando muita grana com suas belezas bem diferentes.

Isso sim é um jeito de chamar atenção.”


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Daphne Groeneveld Nascida em Leiderdorp , Daphne foi descoberta por uma mulher que se aproximou dela aleatoriamente enquanto ela fazia compras com sua mãe. Algumas pessoas consideram Daphne Groeneveld feia. A verdade é que Daphne é alguém com um rosto maravilhosamente imperfeito: a testa é grande demais, os olhos são muito separados e o nariz parece uma batatinha. Tendo todos estes sinais, tão particulares, ela parece uma boneca. Ela foi premiada com o título de Melhor Modelo holandesa no Marie Claire Fashion Awards Holanda em 2011. Groeneveld apareceu nas capas de importantíssimas revistas e já trabalhou para designers de altíssimo escalão. Suas campanhas incluem marcas renomadas como a Dior.

Ashley Smith Ashley Smith é texana de Austin, e, apesar de ter começado a modelar há pouco tempo, vem sendo comparada às supermodelos. Ashley e sua cara de menininha são sensação no universo fashion. Sua marca registrada fica por conta dos dentes da frente bem separados e de seu lindo queixo. Esta americana fez belíssimos editoriais e já emprestou sua beleza para marcas importantes.


Lindsey Wixon Lindsey é uma modelo que está bombando. Ela tem o tipo de rosto que funciona bem em uma criança até dois anos de idade: bochechas, nariz arrebitado e boca em formato de coração. Se não bastasse, seus dentes são pequenos e separados, e ela vive rindo! Com essas características, o rosto da Lindsey é um dos rostos mais marcantes entre todas as modelos da atualidade e fizeram o cachê da moça subir às alturas. Sua beleza original somada ao talento foram os responsáveis por tanto sucesso.

Lara Stone Lara é uma modelo holandesa está no topo do Olimpo das modelos. Segundo a revista Forbes, Stone foi em 2010 a 7ª modelo mais bem paga do mundo, com um ganho anual estimado em 4,5 milhões de dólares. Lara Stone foi descoberta aos 12 anos no metrô de Paris. Em 1999, com 15 anos, participou no concurso da agência Elite Model e embora não tenha vencido, a agência acabou por contratá-la. Nada no rosto dela é sutil, tudo é exagero. Ela é tão querida pelos fotógrafos de moda que não está dentro dos padrões de medidas das top models, e sim um pouquinho acima do peso, mas ninguém contrata Lara Stone pelo seu peso, mas sim pelo seu rosto.

Aline Weber A supermodelo Cleusa Aline Weber é dona de uma beleza exótica e de um estilo autêntico. Sua originalidade conquistou o mundo da moda e todas as passarelas. Foi descoberta por um booker da Wired e, em dois meses, de São Paulo embarcou para Nova Iorque. Depois de ser a brasileira que mais emplacou desfiles internacionais nas últimas temporadas, Aline fotografou para inúmeras revistas. Atualmente encontra-se no 33º lugar do ranking das ”50 Maiores Modelos do Planeta” do site models.com.

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Stephen Thompson Alto, olhos azuis, cabelos brancos, pálido e belo: esse é Stephen Thompson. Ele é de Nova York e apesar de ter se tornado hype no mundo da moda recentemente, ele já é modelo desde os anos 90, quando foi capa da revista W. Ele já posou para revistas de moda e beleza como L’Uomo Vogue, Paper e City e fez uma ponta no filme “The Aggressives”, no qual participou no setor da trilha sonora. Apesar de todo o hype em torno de Stephen Thompson no universo da moda e beleza, o supermodelo não é nenhum novato. Thompson atua no mundo fashion desde 1990, quando “emprestou” todo o seu estilo para revistas conceituadas. Tudo indica que ele ainda deverá trabalhar muito; não só por que os padrões de beleza estão ao seu favor, mas por ser realmente maravilhoso e por ser abençoado com estilo exclusivo.

Andrej Pejic O andrógino Andrej Pejic já faz um bom trabalho em confundir as pessoas. Apesar de ser considerado um dos cem rostos mais belos do mundo da moda e da beleza, o modelo sérvio tem os traços extremamente femininos e desfila também para coleções femininas de grifes famosas. A lista em que integra, dos rostos mais belos, é uma lista composta apenas por mulheres. Com um pouco de maquiagem iluminadora nos olhos, bastante rímel, os cabelos longos soltos sobre os ombros, não tem como não confundir o modelo Andrej Pejic com uma mulher.


Design de Ambientes

Playground na Austrália tem estilo extravagante. Mas não se engane: lá a diversão é garantida

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NEM PARECE BRINQUEDO


O

que você diria que são estas estruturas suspensas de madeira de estilo futurista? Não parece, mas é um playground, localizado no National Arboretum Canberra, viveiro de plantas em Camberra, capital da Austrália. O design foge completamente à ideia que temos de parquinhos convencionais. Casinhas com forma de sementes dão a impressão de flutuar, ligadas por redes, escadas e escorregadores que fazem a alegria da criançada. A obra é do escritório de arquitetura Taylor Cullity Lethlean. O viveiro de 250 hectares tem projeto da mesma firma e conta com 100 espécies de árvores raras e em perigo de extinção, da Austrália e de outras partes do mundo. Por isso a madeira natural foi escolhida para os brinquedos e não o cada vez mais comum plástico colorido. A ideia é mostrar às crianças a beleza da natureza e incentivá-las a in-

teragir com o meio ambiente. “O design reconhece que brincar é uma ferramenta poderosa para crianças de todas as idades. É particularmente importante para se relacionar com o mundo ao redor. O playground estimula espontaneidade e criatividade”, explica Simone Blizz, uma das arquitetas responsáveis. Os brinquedos foram feitos com madeira pinus, cedro vermelho e aço. Do alto, é possível ter vistas maravilhosas das plantas e as crianças se sentem no ponto mais alto da região. Dentro das estruturas, há caixas de som que fazem barulhos da natureza, como chuva e trovões. Há também réplicas gigantes de insetos e aracnídeos.Não falta a tradicional caixa de areia, onde os pequenos podem cavar e também brincar com instrumentos musicais como bongôs. O playground de National Arboretum Canberra é a prova de que é possível vivenciar a natureza de perto, mesmo seguindo padrões rígidos de segurança.


“Harmonic Convergence” Instalação no Aeroporto de Miami por Christopher Janney

Do arquiteto e designer de som americano Christopher Janney, a instalação “Harmonic Convergence” (Convergência Harmônica na tradução literal) leva interatividade através de uma convergência entre luz e som na passagem de pedestres dentro do Aeroporto Internacional de Miami na Flórida. A instalação combina luz, cor, e som na passagem que liga o terminal de aluguéis de automóveis com o aeroporto propriamente dito. Auto-falantes criam uma contínua reprodução de sons típicos do sul da Flórida como de pássaros tropicais, trovões, e da natureza nativa da região. Para manter a obra em funcionamento durante a noite, Christopher também trabalhou a substituição das lâmpadas fluorescentes por uma série de LEDs controlados por computador.

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9 9 1 Janeiro de 2014 - Edição Limitada $ 21,00


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