Conexoes Urbanas

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NOVEMBRO DE 2008 - Nº19 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA.

REVISTA

A rtigo exclusivo de Celso Athayde

mÊS DA CONSCIÊNCI A NEGRA E MAIS... SARAU DA

COOPERIFA REALIZA 1A MOSTRA CULTURAL EM SP

AFROREGGAE ASSINA TRILHA SONORA DO DESFILE DE CARLOS MIELE NO

RIO SUMMER

ZA MODA E BELE NA COLUNA

CONECTA NDO ESTILOS

INTERNOS DO

DEGASE

FAZEM EXPOSIÇÃO DE FOTOS NA CASA DE CULTURA LAURA ALVIM



Um artigo exclusivo do sociólogo e escritor Celso Athayde lembra a ainda problemática questão do negro no Brasil. “Para acabar com a discriminação é preciso ir além do discurso. É preciso abrir o coração, reconhecer e respeitar as diferenças e aprender que diversidade é riqueza”, diz o presidente da Cufa (Central Única de Favelas), que, em novembro, realiza a 9ª edição do Hutúz, maior festival de Hip Hop da América Latina, com uma série de atrações gratuitas - todas vinculadas ao universo deste movimento cultural e ícone da periferia - em diversos pontos do Rio de janeiro. O Hutúz é um dos assuntos da seção Por Aí. Na capa desta edição, a beleza negra é muito bem representada pela modelo Samira Carvalho, uma das beldades que desfilou a coleção do estilista Carlos Miele no Forte de Copacabana, na abertura do Rio Summer, evento internacional de moda praia realizado no Rio de janeiro. Tendo como pano de fundo a Praia de Copacabana, o evento teve trilha sonora, ao vivo, do AfroReggae. Este, por sua vez, é velho conhecido de Samira: ela foi uma das modelos do casting 100% negro que desfilou a grife AfroReggae, em julho de 2007, no São Paulo Fashion Week. E se o assunto é moda, beleza e estilo, a novidade é a coluna Conectando Estilos, assinada pela produtora de moda Carol Delgado. A partir deste mês, ela trará as últimas novidades e tendências do universo black. Na estréia, Carol enfoca o estilo de duas atrações internacionais do Tim Festival, Kenye West e Esperanza Spalding. Duas manifestações culturais movimentam a Zona Sul de São Paulo e do Rio de janeiro. A 1ª Mostra Cultural da Cooperifa oferece uma semana inteira dedicada à arte e à cultura. A iniciativa é um braço do Sarau da Cooperifa, movimento cultural que, há sete anos, transforma o bar do Zé Batidão, na Chácara Santana, num espaço público e democrático para performances artísticas. Já a Casa de Cultura Laura Alvim, um casarão em estilo colonial construído no início do século passado e hoje tombado pelo Patrimônio Público, na Avenida Vieira Souto, na Praia de Ipanema, abriga uma exposição de fotografias de menores internos do Degase, alunos da oficina FotoOlhares, com imagens produzidas pelos próprios jovens. A mostra, ao lado das Oficinas Culturais que o AfroReggae acaba de lançar oficialmente, através de parceria com a Secretaria de Educação, são duas das iniciativas do Novo Degase, cuja proposta é oferecer atividades sócio-educativas para os internos. Um novo olhar que pretende solucionar ou, ao menos, minimizar visões deturpadas e retrógradas e antigos conflitos. Saudações AfroReggaeanas Dani Rotti

DO A FROREGGAE IS A N IO C TU TI S IN S PATROCIN A DORE

AFROREGGAE NO

5. RIO SUMMER

ANTÍDOTO.8

10. COOPERIFA: A ARTE

QUE NASCE NO BOTECO

13.CONSCIÊNCIA NEGRA CONECTANDO ESTILOS.14

17.POR AÍ

ENFIM .20 Capa: Samira Carvalho (Ford Models) foi fotografada por Rogério Resende após o desfile no Rio Summer | Ilustração da coluna “Enfim”: Gabriel Jaguaribe (Mivvi)

Desde os tempos do AfroReggae Notícias - jornal mensal e gratuito, embrião do Grupo Cultural AfroReggae – e ao longo desses 15 anos, uma das premissas da instituição é jogar luz sobre a cultura e a estética afro-brasileiras. Premissa essa que se reflete em todos os seus veículos de comunicação: nos cinco programas de rádio (no ar no Rio, em São Paulo e Porto Alegre), no programa semanal no canal Multishow e na REVISTA CONEXÕES URBANAS. Pois no Mês da Consciência Negra, a edição presta homenagem especial à data, com enfoque na cultura, na moda e na beleza inerentes à raça.

SONHOS VELADOS.2 4. MAKALA: ARTE E CINEMA EM CENA

EXPEDIENTE

A R G E N A I C N Ê I MÊS DA CONSC

SUMÁRIO

Jornalista responsável e editora: Dani Rotti | Reportagens: Christine Keller, Kenya Pio e Monica Herculano | Redação final: Dani Rotti | Editora de Moda: Carol Delgado | Projeto gráfico: Ranking Comunicações | Direção de Criação: Andrea Batitucci | Direção de Arte: João Siqueira | Conselho editorial: Dani Rotti, João Madeira, Jose Junior e Tekko Rastafari | Endereço para correspondência: Av. Marechal Câmara, n° 350 / Grupo 703 – Centro – Rio de Janeiro (RJ) – Cep: 20.020-080 | Telefone: (21) 2532-0422 | E-mail: revistaconexoesurbanas@afroreggae.org.br

EDITORIAL


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Texto: Dani Rotti Fotos: internos do Degase

SONHOS VELADOS

INTERNOS DO DEGASE REALIZAM EXPOSIÇÃO DE FOTOS NA CASA DE CULTURA LAURA ALVIM Menores infratores que cumprem medidas sócio-educativas em duas unidades do Degase (Departamento Geral de Medidas Sócio-Educativas do estado do Rio) são os artistas da exposição de fotografias Sonhos Velados, em cartaz, a partir de 18 de novembro, na Casa de Cultura Laura Alvim, em Ipanema. Sob a lente de meninos da Escola João Luiz Alves (JLA), na Ilha do Governador, e meninas do Centro de Recursos Integrados de Atendimento ao Menor (Criam), de Ricardo de Albuquerque, as imagens retratam flashes do cotidiano e revelam olhares sensíveis, românticos, detalhistas ou abrangentes, mas, acima de tudo, cheios de esperança. O acervo foi produzido durante as aulas da oficina FotoOlhares, conduzidas pelos professores Davi Marcos, Fábio Caffé e Francisco Valdean, que, como a maioria expressiva de seus alunos, são oriundos de comunidades populares. Os três são alguns dos fotógrafos formados no Observatório de Favelas, onde, desde 2004, o repórter fotográfico João Roberto Ripper coordena a Escola de Fotógrafos Populares e ensina a enxergar beleza e dignidade na pobreza. - O trabalho sócio-educativo só se realizará plenamente quando os egressos forem acolhidos pelo ‘lado de fora’. Como as oportunidades de trabalho no mercado formal são escassas, muitas vezes não lhes resta outra alternativa senão o retorno para o crime – ressalta o fotógrafo e jornalista Dante Gastaldoni, curador da

exposição e coordenador de fotografia da Escola Popular de Comunicação Crítica (Espooc) do Observatório. A exposição é uma das ações desenvolvidas pelo Novo Degase, na tentativa de desconstruir o olhar estigmatizante com que seus ex-alunos normalmente são vistos pela sociedade. O projeto é fruto da parceria entre a Petrobras e a Ação Comunitária do Brasil do Rio de Janeiro (ACB/RJ), por meio do projeto Pan Social. Os jovens apóiam a iniciativa. Prova disso é o alto índice de procura por mais de mais de uma das atividades oferecidas pela instituição. É o caso de “J.”, 16 anos, há seis meses aluna do curso de fotografia e que também ocupa o seu tempo com aulas de canto e percussão. - Costumo fotografar a natureza, pássaros, flores, árvores, a grama verde. Acho bonito o colorido das fotos em dias de sol. Gosto de fazer as oficinas porque, assim, eu não fico à toa, pensando besteira, e o tempo passa mais rápido – conta a menina. Diretor Geral do Degase, Eduardo Gameleiro é categórico ao afirmar que o projeto tem importância estratégica na consolidação da política implementada pelo Governo do Estado. - O objetivo é garantir aos adolescentes em conflito com a lei acesso a todos os meios de educação e profissionalização, na perspectiva da geração de renda e conquista da cidadania – define.


Fotos: Rogerio Resende

N A U GUR A I E A G G E R O R AF CUSSÃO, R E P E S A N I C OFI ATRO. GR A FITE E TE Ainda dentro desta nova visão pedagógica, no dia 30 de outubro, o Grupo Cultural AfroReggae e o Degase, através da Secretaria de Estado de Educação, lançaram oficialmente o projeto Oficinas Culturais do Degase. O objetivo da ação sócio-educativa é capacitar jovens em conflito com a lei e agentes de disciplina em percussão, teatro e grafite e transformálos em multiplicadores da arte e da cidadania, tanto dentro como fora das unidades. A cerimônia contou com a presença da secretária estadual de Educação, Tereza Porto, do diretor do Degase, Eduardo Gameleiro, do coordenador-executivo do AfroReggae, Jose Junior, e do coordenador de Projetos Especiais do AfroReggae, Betho Pacheco, responsável pelas oficinas culturais. O evento, no auditório da Escola João Luiz Alves, teve como mestres de cerimônia Rômulo Costa e Priscila Nocetti, da Furacão 2000. A arte e a música tomaram conta do espaço com as apresentações de menores internos e em liberdade assistida que já vêm freqüentando as aulas de teatro e percussão, iniciadas em setembro. Em seguida, o Afro Samba, um dos grupos artísticos do AfroReggae, recebeu como convidados os sambistas Leandro Sapucahy e Gustavo Lins. O funk encerrou o evento, com shows de Marcio G, Bonde dos Hawaianos e Os Ousados, que fizeram dançar os cerca de cem meninos e meninas presentes. As oficinas atendem a cerca de 60 jovens de três unidades - Escola João Luiz Alves (masculino), Educandário Santos Dumont (feminino) e Centro de Capacitação Profissional, que atua com jovens em liberdade assistida – e agentes profissionais que lidam diretamente com os menores. A intenção é aproximar as partes e melhorar o convívio entre ambos. - O trabalho é muito mais do que levar cultura. É também uma ação de direitos humanos e sociais que não podem ser negados – ratifica o coordenador do projeto Betho Pacheco.

SONHOS VELADOS Visitação: de 18 de novembro a 4 de janeiro de 2009, todos os dias, das 13h às 18h. Casa de Cultura Laura Alvim Av. Vieira Souto, 176, Ipanema Tel: (21) 2332-2015

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ARTE E CINEMA EM CENA PE LA CONSCIENTIZAÇÃO GLOBAL Texto: Christine Keller Fotos: AfroReggae

de pé na abertura aplaudido é a ç Dan & sica Makala Mú , em Hollywood Festival film Artivist do

Amazing (maravilhoso), cool (maneiro), fantastic (fantástico) e brilhant (brilhante) foram alguns dos adjetivos ouvidos pelos integrantes do Makala Música & Dança após a apresentação na cerimônia de abertura da 5ª edição do Artivist Film Festival, realizado em Hollywood entre os dias 1° e 5 de outubro. As cerca de 600 pessoas que lotaram o Egyptian Theatre ficaram encantadas com a performance surpresa do grupo artístico do AfroReggae, que também foi aclamado em outra sessão da mostra e na festa de encerramento do evento. A estréia oficial da coreografia Elementos foi aplaudida de pé. Nela, dançarinos e percussionistas rompem os corredores da platéia e vão ao encontro dos outros artistas do Makala, que se apresentam, simultaneamente, no palco à frente do público. A montagem faz parte do projeto Arte Negra, que estimula o aprimoramento artístico dos jovens através de aulas de canto, dança, percussão, pesquisa e estudo da arte e da cultura afro para os integrantes do Makala e da Akoni, outra banda do AfroReggae, esta, formada exclusivamente por meninas. Elementos é um bloco do espetáculo Terra, no qual o Makala conta a origem do mundo segundo a mitologia Nagô. O Artivist é o primeiro festival de cinema cujas lentes são focadas especificamente em questões de direitos humanos, preservação ambiental e proteção dos animais. O projeto tem como finalidade aumentar a consciência mundial sobre aspectos sociais e ambientais. A participação do Makala se deu a convite da Petrobras, que apóia o evento e é uma das patrocinadoras institucionais do Grupo Cultural AfroReggae.

- A Petrobras está presente no Artivist porque acredita ser importante ajudar na divulgação e no debate de temas para a sustentabilidade do planeta – destaca Cláudia Krüger, Gerente de Projetos Especiais da Petrobras, que considera o Makala a materialização do desenvolvimento humano por meio da arte. - Acho brilhante podermos mostrar, especialmente em Hollywood, cidade ícone mundial do cinema, como conseguimos superar desafios e ainda desenvolver nossa cultura – enfatiza a executiva. Os artistas da companhia compartilham a opinião de Claudia. Para eles, além da estréia, se apresentar em Hollywood é a realização de um sonho. - Foi a primeira vez que viajamos com o espetáculo completo e figurino novo, e logo para Hollywood! Isso nos deu novo gás, trabalhamos motivados por saber que estaríamos na terra dos grandes espetáculos - conta o bailarino Raphael Rodrigues, que viajou para Los Angeles acompanhado de outros nove integrantes, com idade entre 14 e 23 anos: as bailarinas Lívia Gaspar, Mariana Silva, Jennifer Pereira e Jéssica Beatriz e dos percussionistas Luciano Santos, Carlos Amauri, Isaias dos Santos, Adelson Rafael e Samuel Galdino. Betho Pacheco, coordenador do Makala, ressalta a importância da arte como uma ferramenta de transformação social: - A presença viva de um grupo que luta pela igualdade

social, que busca dar cidadania às classes menos privilegiadas, mostrou resultados possíveis quando há investimento na arte e no bem estar desta parcela da população - conclui Betho. Raphael acredita que viagens como essa contribuem para o amadurecimento dos jovens, além de abrir caminhos que podem levar a bons desdobramentos a curto e médio prazo. - As pessoas vinham em nossa direção para saber como convidar o grupo para outros eventos. O grupo voltou mais maduro, o que também vai contribuir para que novos convites venham. Na verdade, é o que realmente esperamos – torce o bailarino. Depois de Hollywood, haverá etapas do Artivist na Cidade do México (de 24 a 26 de outubro); Tokyo, no Japão (14 a 16 de novembro); Londres, na Inglaterra (28 a 30 de novembro); e Lisboa, em Portugal (6 e 7 de dezembro).


RIO SUMMER Texto: Dani Rotti Fotos: Rogerio Resende

AFROREGGAE ASSINA TRILHA SONORA DO DESFILE DE CARLOS MIELE NO RIO SUMMER

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O cenário não poderia ser mais propício: ao fundo, a Praia de Copacabana, cartão postal conhecido mundialmente, embalado por músicas que são a cara da cidade, como o funk Glamurosa e Aquele abraço, de Jorge Benjor. Assim foi o desfile de abertura do Rio Summer, evento internacional de moda praia, realizado entre os dias 6 e 8 de novembro no Rio de janeiro. A Banda AfroReggae, com participação de integrantes do Afro Lata e do Makala, assinou a trilha sonora da coleção de Carlos Miele, no Forte de Copacabana. Enquanto tops como Isabeli Fontana e Samira Carvalho – que embeleza a capa desta edição da REVISTA CONEXÕES URBANAS – exibiam na passarela as últimas tendências do verão, três vocalistas, dez percussionistas e um DJ do AfroReggae deram o tom do único desfile ao ar livre do evento, que reuniu cerca de 250 pessoas, entre modelos, estilistas e imprensa nacionais e internacionais.

JOAQUIM MO EIR O DE CARVALHO, DO EVENTO; NT UM D ORGANIZ O ESTILISTA CA ADORE RLOS MIELEOES JO SE JUNIOR. S

ura, o Rio de janeiro st co ta al na o ir te in o ira o mund e - Assim como Paris insp tilo casual , exuberante es o m co a, ai pr da mo a pode muito bem inspirar marca M. Officer. da no do a, st li ti es o ta redi colorido do Brasil – ac Para Jose Junior, coordenador executivo do AfroReggae, a presença de músicos de comunidades pobres do Rio num evento de moda internacional é mais um passo para criar elos entre mundos tão distintos. - Essa é mais uma oportunidade para conectar, para criar pontes numa via de mão dupla que integrem culturas, pensamentos e pessoas de classes sociais diferentes – enfatiza Junior. Miele estreou suas linhas casual e masculina, que contou com o toque artesanal chique dos bordados e tricôs da Coopa-Roca, Cooperativa de Costureiras da Rocinha.

ALHO SAMIRA CARV

AFROREGGAE



Nosso trabalho é reconhecido e respeitado por toda a sociedade. E cada vez mais pela society, pela société, pela sociedad e pela societá. A cabeça tem o poder da transformação. É esse o espírito que nos movimenta e faz acreditar que, sim, dá para mudar. Com arte, o AfroReggae vem desafiando as estatísticas e alargando o horizonte.

Música para combater a violência. Arte para transformar a realidade.


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ANTÍDOTO

Texto: Kenya Pio, de São Paulo Fotos: Cia da Foto

NTRE UMA PARCERIA E -, O IT L NF CO E D O ONAS NESTE PERÍODO, CULTURAIS EM Z . O S L E U Õ Ç PA A O Ã E S D M L E CIONA BRO, MINÁRIO INTERNA LANÇAMENTO DE 2 E 23 DE OUTU SE E E R S E NT TO M E O IL ÍD U F NT E CE A D E O A NT ACO ÃO D OSTR ITAÚ CULTURAL, IS E TEATRAIS, M A TERCEIRA EDIÇ A O IC E S U E M A S G O G L E R CU O R AL AF TES, ESPETÁ ITOS HUMANOS. E BA E IR D D S E O D D L CO O GRUPO CULTUR L SA PA R I UNIVE AÚ CULTURAL FO A DECLARAÇÃO D S NO A 60 S AUDITÓRIO DO IT O D O DA COMEMORAÇÃ LIVROS, E TAMBÉM O evento foi aberto com a mostra de documentários CinePerifa, organizado pela Central Única das Favelas de São Paulo (CUFA-SP), que exibiu filmes como Falcão – Meninos do Tráfico, de Celso Athayde e MV Bill e É Tudo Nosso! O Hip Hop Fazendo História, de Toni C. Após as projeções, houve debates entre diretores, produtores e cineastas. Entre os participantes estavam Sergio Vaz, Alessandro Buzo, Anderson Quak, Nega Gizza, Jefferson De, Ivan Vale Ferreira e Toni C. Em comemoração à data, foi exibida a animação “2008: 60 Anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos”, de Stephen Johnson. Nos dias 9 e 10, Afro Samba e Samba da Vela provaram mais uma vez que sambista bom independe da idade. Os jovens do Rio e de São Paulo interpretaram sucessos de Dona Ivone Lara, Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz e Dudu Nobre, entre outros bambas, e foram calorosamente aplaudidos por quem enfrentou a chuva daquelas noites frias de São Paulo.

Koudbi-Koala

DIAS 11 E GGAE, QUE NOS RE RO AF A ND BA SHOWS DA STREOU NO UENTA PARA OS LIZATION, QUE E E SQ V E FA O , I OW FO SH A MB VO CEBEU O SA LCO, A BANDA RE RVER COM SEU NO PA FE O NO . RI RO TÓ MB DI TE AU NAL DE SE 12 FEZ O SULTADO FOI UMA M LONDRES, NO FI E RE , O . RE IL AT E AS TH BR A AN IC BARBIC E Z’ÁFR LIRINHA, ILÊ AIYÊ OS AD ID NV CO RIDADES. MO CO DE RITMOS E SONO RA U ST MI E NT IA CONTAG O livro “A cultura é a nossa arma: AfroReggae nas favelas do Rio”, de Damian Platt, membro do departamento de parcerias internacionais do AfroReggae, foi lançado no dia 14. A publicação apresenta ações do AfroReggae e entrevistas com integrantes do grupo, profissionais das áreas de segurança, mídia e política. Na ocasião, Damian e JB, mediador de conflitos e produtor do AfroReggae, bateram um papo com o público sobre assuntos relacionados aos temas abordados no livro. Entre os dias 15 e 19, o grupo carioca Nós do Morro – parceiro do AfroReggae em algumas ações – estreou em São Paulo uma adaptação do conto O Alienista, de Machado de Assis: Machado a 3x4. A divertida adaptação, que já contabiliza 22 anos em cena, tem direção de Fátima Domingues e Guti Fraga, lotou a casa nas cinco noites e foi aplaudida de pé.

Ronaldo Monteiro

A última semana do Antídoto teve um tempero especial: Chupetinha, a chefe de cozinha mais famosa de Vigário Geral, comandou o cardápio do Restaurante Café Cult, instalado dentro do Itaú Cultural. Suas deliciosas receitas caseiras foram alvo de muitos elogios, como costuma acontecer na varanda de sua pensão, na favela de Vigário, freqüentada pelos moradores da localidade e que já recebeu a visita de famosos como David Byrne, Gabriel O Pensador, Pedro Bial e Flora Gil. O lançamento do livro Antídoto - Seminário Internacional de Ações Culturais em Zonas de Conflito, foi a celebração do desenvolvimento do projeto iniciado há três anos. Ele apresenta entrevistas com participantes das duas primeiras edições e foi dividido em três momentos: Conflitos, Antídoto e O Evento – texto do poeta Sérgio Vaz, fundador da Cooperifa sobre a parceria formada pelo Itaú Cultural e o AfroReggae.

Chupetinha

Jucileide Mauge

lícia Civil, Inspetor da Po roReggae Beto Chaves, im Af do s, ãe ar e Norton Gu

r


Ronaldo, Natale e Tiaju

Natale, Damian e JB

Nega Gizza

Ilê Aiyê Samba da Vela

Nós do Morro

Seminários internacionais Buscando fomentar e ampliar a reflexão sobre ações culturais empreendidas em zonas de conflitos sociais, religiosos e étnicos, a terceira série de debates do Antídoto contou com convidados da República Democrática do Congo e Burkina Faso, na África, de El Salvador, na América Central e do Brasil. Um dos participantes internacionais foi Koudbi Koala, fundador da Associação Benebnooma e do grupo de música e dança Saaba, atuante em Burkina Faso. A organização mantém uma escola regular primária e cursos profissionalizantes que atendem a cerca de 300 crianças diariamente. Da República Democrática do Congo veio Lena Slachmuijlder, diretora da Search For Common Ground, instituição que realiza atividades culturais e desenvolve programas de rádio e de televisão voltadas para questões como o entendimento dos conflitos e a ampliação dos conceitos de tolerância e respeito aos direitos da mulher naquele país.

Z’África Brasil

O salvadorenho Luis Ernesto Romero Gavidia expôs a sua experiência como diretor do projeto Homies Unidos de El Salvador, que trabalha com exintegrantes de gangues. O Brasil entrou em cena com a exibição do documentário O Veneno e o Antídoto - Uma Visão da Violência na Colômbia, dirigido por Estevão Ciavatta e produzido numa parceria entre a Pindorama Filmes e o AfroReggae. Um dos temas abordados foi a questão da violência nas cidades colombianas e suas motivações. Estevão dividiu a mesa com Cirlene Rocha, há seis anos administradora da Penitenciária de Caruaru. A diretora falou sobre a sua relação com os presos – que ela só admite chamar de reeducandos -, o dia-a-dia na mediação de problemas internos e a busca de soluções para a superlotação do presídio, localizado no interior de Pernambuco. Durante o debate A Liberdade e Seus Perímetros, Jucileide Mauger falou sobre os seus 30 anos de experiência no magistério e os procedimentos

adotados para proteger uma escola que teve mais de 100 alunos mortos e hoje é um pequeno oásis no Jardim Ângela. Já Ronaldo Monteiro, coordenador da Incubadora de Empreendimentos para Egressos (IEE) deu ênfase ao trabalho voltado para o desenvolvimento econômico e à inclusão social de ex-internos do sistema prisional. O encontro O Futuro do Outro Lado do Muro foi recheado de relatos emocionantes e colocou, lado a lado, Beto Chaves, inspetor da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA), do Rio de Janeiro, e Norton Guimarães, ex-presidiário de Bangu III, onde cumpriu sete anos e meio de prisão. Há dois anos, Norton saiu do crime e hoje é agente de projetos do AfroReggae. Sua tarefa é resgatar jovens das favelas e encaminhá-los para o mercado de trabalho, através da parceria com empresas. Juntos, Norton e Beto ministram palestras sobre drogas e violência em escolas das redes pública e privada do Rio.


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O C E T O B O N E C S A N E U Q E T R A A

Texto: Monica Herculano, de São Paulo Fotos: Simão Salomão

“SEJAM TODOS BEM-VINDOS AO SARAU DA COOPERIFA, UM MO VIMENTO CULTURAL DA PERI QUE ACONTECE TODAS AS QU FERIA PARA A PERIFERIA, ARTAS-FEIRAS NO BAR DO ZÉ BATIDÃO.” “Aqui, o silêncio é uma prece. Aprendemos a ouvir e a falar. Outra coisa: são duas horas de poesia e é muito chato. Então, eu não aconselho a ficar aqui quem não gosta de poesia. Em compensação, quem ficar, terá uma noite mágica!”

dança, mostra de cinema periférico e africano, artes plásticas, música, feira de livros, grafitti e exposição de pinturas. Também haverá uma série de debates sobre literatura, a principal bandeira da Cooperifa, com lançamentos de livros.

Com essas palavras, o poeta Sérgio Vaz inicia mais um sarau na Chácara Santana, Zona Sul de São Paulo, onde, há sete anos, um bar, o único espaço público daquela região, foi transformado em centro cultural. O Sarau da Cooperifa reúne semanalmente cerca de 250 pessoas (com picos de 500), vindas de diversos pontos da cidade. No final de outubro, a festa de aniversário contou com a presença de nomes como Lirinha, do Cordel do Fogo Encantado, Gaspar, do Z’África Brasil, e Ferréz. Mais de 500 livros novos foram doados. De 18 a 23 de novembro, o espaço recebe a 1ª Mostra Cultural da Cooperifa, uma semana inteira de arte e cultura gratuitas. Na programação, teatro,

Os encontros contabilizam mais de 40 livros de poetas surgidos ali, uma coletânea e um CD de poesias produzidos pelo Instituto Itaú Cultural, um documentário da DGT Filmes – que registrou o discurso acima e depoimentos de participantes, como um motorista, um vigia, um funileiro e uma secretária – e o livro Cooperifa – Antropofagia Periférica (Coleção Tramas Urbanas, Ed. Aeroplano), lançado em agosto, com a história do sarau. Tem também o Prêmio Cooperifa, que há três anos reconhece pessoas que ajudam a fazer da periferia um lugar mais digno para se viver. - Desconfio que tenha sido o primeiro livro de muita

gente. Desconfio também que foi a primeira vez que Ferreira Gullar, Cecília Meireles, Lima Barreto, Cora Coralina, Ziraldo, Jorge Amado, Machado de Assis e tantos outros autores importantes deste país tenham caído em mãos tão cansadas de buscar o pão da realidade, mas que ainda sonham com um enredo mais digno para as suas vidas - poetiza Vaz, criador da Cooperativa de Artistas da Periferia. Rodrigo Ciríaco, um dos escritores que publicou seu livro ali (Te Pego Lá Fora, Edições Toró, 2008), considera o sarau a verdadeira Academia das Letras do Brasil. As palavras respiram, ganham força e significado. A Literatura é viva, não está apenas na frieza dos dicionários, dos livros encadeados e esquecidos nas bibliotecas. Não temos Machados nem Andrades; temos Raimundos, Josés, Marias e Severinos, vivos, novos e antigos, de todas as cores e raças, sem


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. NHAM FORÇA E SIGNIFICADO - AS PALAVRAS RESPIRAM, GA S DO ESTÁ APENAS NA FRIEZA A LITERATURA É VIVA, NÃO NAS CADEADOS E ESQUECIDOS DICIONÁRIOS, DOS LIVROS EN S ADOS NEM ANDRADES; TEMO CH MA S MO TE O NÃ S. CA TE BIBLIO SEVERINOS, VIVOS, NOVOS E RAIMUNDOS, JOSÉS, MARIAS E AQUI, S E RAÇAS, SEM DISTINÇÃO. ANTIGOS, DE TODAS AS CORE S OS MA AS PÁGINAS DE UM LIVRO, AS EN AP O NÃ R LE A I ND RE AP ARA. OLHARES DAS PESSOAS DECL

distinção. Aqui, aprendi a ler não apenas as páginas de um livro, mas os olhares das pessoas declara. Professor de História da rede pública estadual de São Paulo, Ciríaco desenvolve com seus alunos o projeto Literatura (é) Possível, com encontros entre escritores, poetas e alunos. Em dois anos, mais de dez autores já passaram por lá, entre eles Alessandro Buzo, Sacolinha, Allan da Rosa e Marcelino Freire. Mas nem só de poesia vive a Cooperifa. Em 2007, o projeto promoveu a Semana de Arte Moderna da

Periferia, com mais de 30 grupos e cerca de 300 artistas na programação espalhada pela Zona Sul da cidade. Cada dia foi dedicado a uma linguagem artística. De segunda a sábado, respectivamente: artes plásticas, dança, literatura, cinema, teatro e música. Foram shows, intervenções, exposições, debates, oficinas e palestras, tudo organizado em conjunto pelos próprios artistas.

voltou a estudar por conta do sarau, muita gente que leu um livro pela primeira vez, acabou lendo o livro que ele próprio escreveu tempos depois – orgulha-se Vaz..

- Muita coisa mudou nestes sete anos. A auto-estima das pessoas, do bairro, o interesse pela literatura, pela criação poética, a cidadania. Muita gente começou e

http://colecionadordepedras.blogspot.com

Mais informações Bar do Zé Batidão: Rua Bartolomeu dos Santos, 797 Chácara Santana – São Paulo - Tel: (11) 5891-7403


NA TV

horários alternativos: terça 16h quarta 13h / quinta 5h30 sexta 17h30 / domingo 8h30

NA WEB

multishow.com.br

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menos, mesmo quando têm a mesma escolaridade dos brancos que recebem, em média, 40% a mais. Entre a população mais pobre do país, os pretos e pardos representam 73%. Do grupo dos mais ricos, mais de 80% são brancos. Temos a maior população negra fora da África. No entanto, continuamos invisíveis. Tente se lembrar dos negros que figuram na política, ou em grandes empresas, ou mesmo dos que aparecem nos meios de comunicação. O mercado ignora os pretos, quando se trata de cargos de chefia, com maior visibilidade e melhor remuneração, os brancos são priorizados e os pretos continuam sem mobilidade social. Estamos como na época da abolição da escravatura, quando declararam nossa liberdade, mas não nos deram condições de usufruir dela.

O pensamento de que existem raças humanas distintas e superiores umas às outras é tão cruel que ninguém quer ser identificado como racista. Especialmente no Brasil, onde a miscigenação deu origem a um povo totalmente mestiço, a existência do racismo parece inconcebível. Entretanto, ele está aí, e mesmo sob a falsa afirmação de que vivemos em uma democracia onde todos são iguais, os dados nos revelam uma realidade assustadora. Essa realidade nos apresenta um país com mais de 80 milhões de negros, onde o analfabetismo entre pretos e pardos é o dobro do que entre brancos. No mercado de trabalho, os negros continuam ganhando

Os dados apenas refletem a história de uma população ignorada em nome de uma pseudo democracia racial. Uma história de exclusão racial, onde os negros compõem as altas taxas dos que vivem na miséria. Os dados estatísticos de hoje apenas refletem uma realidade perversa de massacre cultural e étnico que por muito tempo foi mascarada. Nossa história nunca foi contada nos livros didáticos. Ainda hoje as escolas reproduzem a versão dos europeus, e relega ao esquecimento todo o legado de heróis como Zumbi. A discriminação racial, hoje, está sutilmente incorporada na cultura brasileira. As bonecas vendidas nas prateleiras das lojas de brinquedos continuam sendo loiras e brancas, reproduzindo o consumo de um padrão estético muito distante do real. Para acabar com a discriminação é preciso ir além do discurso. É preciso abrir o coração, reconhecer e respeitar as diferenças e aprender que diversidade é riqueza. Precisamos rever a nossa forma de contar a história. Os brancos precisam repensar seu comportamento. E os pretos precisam sair da depressão, abandonar o sentimento de inferioridade que deixa feridas expostas e ir à luta.

MÊS DA CONSCIÊNCIA NEGRA

CELSO ATHAYDE

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Foto de Esperanza Spalding: Maurício Val/FOTOCOM.NET Foto de Kanye West: Ricardo Saibun/FOTOCOM.NET

Moda é um elemento presente no cotidiano das periferias do mundo todo, e a juventude negra é fonte de inspiração constante para novas tendências. O AfroReggae vem buscando estreitar os laços com esse universo desde que percebeu o seu poder de atuar como instrumento de construção de identidade e meio de comunicação. Neste espaço, vou falar da relação moda-periferia e mostrar iniciativas, marcas e estilistas que a integram ao conceito Conexões Urbanas: fazer dela um mediador social, incentivar atitudes conscientes e estabelecer pontes.

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cor tes de cabelo, as. Um estilo musical inspira ça moda, e há dad os mã de am inh cam a astro que lan Moda e músic guarda-roupa. Há sempre um frequentador das paradas compor tamento e, claro, o um por a tad ha força ao ser ado gan que cia dên black music que ten a um sempre uxe dois representantes da tro l tiva Fes Tim do 8 200 l, quanto pelo som: de sucesso. A edição , tanto pelo seu estilo pessoa fãs is ma vez a cad Spalding. sta qui con Kanye West e Esperanza

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CASACO LISTRAS em 20 04, u primeiro álbum se ou nç la al di s. Como p hop mun já colecionava fã o ss O nº 1 da cena hi di s te an m ados de opout”, mas be s hits mais estour do ns “The College Dr gu al r po l Kweli. sponsáve ysha Cole e Talib Ke , produtor, foi o re nd ge Le hn Jo ências ao Fiasco, lançador de tend Alicia Keys, Lupe de o st po do ça de grifes o cobi rua com roupas de KanyE já alcançou a od m da os “808´s & tos típic seu novo disco, misturar elemen do to en am nç la este mês. on e Dior. O tá previsto para es ”, como Louis Vuitt er ak re tb ar He

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HUTÚZ 2008

Em novembro, o Rio de Janeiro é a capital mundial do Hip Hop. Com atrações em diferentes pontos da cidade e uma programação diversificada, a Cufa (Central Única das Favelas) realiza a 9ª edição do Hutúz. O roteiro inclui seminário, festival de cinema, shows, basquete de rua, grafite, batalha de skate, break e MCs e feira de moda, cujo pano de fundo é o universo do movimento Hip Hop. Um dos pontos altos do evento será a cerimônia de entrega do Prêmio Hutúz. A votação é aberta ao público e a lista dos finalistas está disponível no site do evento. O Seminário Hutúz acontece nos dias 20 e 27, no Centro Cultural Banco do Brasil, e tem como proposta discutir temas dos cenários artístico, esportivo e social. De 21 a 25, com o intuito de divulgar os quatro elementos do Hip Hop, Grafite, Break, DJs e MCs, a 9ª edição do Hutúz Filme Festival exibe filmes sobre o movimento. Entre os destaques estão o lançamento do documentário L.A.P.A, na abertura da mostra, e exibições de Graffiteiras pela Lei Maria da Penha, Krudas, Despacho urbano, Farpas, pregos, nuvens, orações, com o rapper Parteum, e o Especial DVD MV Bill. Além dos filmes, grafiteiros farão uma intervenção na parede do Cine Odeon Petrobras, onde o evento será realizado. Nos dias 28 e 29, o Circo Voador recebe o maior festival de Hip Hop da América Latina, com uma programação tão extensa quanto variada. O Hutúz Rap Festival terá Batalhas de Break (uma disputa na qual os melhores B. boys e B. girls do Brasil mostram, cada qual ao seu estilo, talento e criatividade); Batalha de MCs; Basquete de rua (jogos , torneio de enterradas e desafios individuais); Grafite; Batalha de Skate; e uma feira de moda com as últimas tendências em roupas, penteados e acessórios do movimento. Nas duas noites, o Hutúz Rap Festival apresenta uma seleção do melhor do Hip Hop nacional e internacional, com Racionais MCs e RZO (que, juntos, fazem show com Big Ben Bang Jonhson), MV Bill, Viela 17, Vozes do Gueto, Hannah Lima, o argentino Mustafa Yoda e o chileno Zaturno. Na cerimônia de entrega do Prêmio Hutúz, dia 27, serão anunciados os vencedores em 15 categorias de diferentes manifestações artísticas da cultura Hip Hop. Veja a programação completa do Hutúz 2008 em www.hutuz.com.br.

VIELA 17 ” O R R O M O N Á “L

Lá no Morro é uma referência à comunidade onde o grupo Viela 17 foi criado, na cidade-satélite de Ceilândia, no Distrito Federal. É também o nome do novo álbum do quarteto de rappers Japão (vocal), Don Gerson (vocal), Denizar Jr. (percussão) e DJ Batma, que mistura percussão, guitarras, piano, vozes e muito suingue. O trabalho é marcado não só pela forte influência do rap tradicional como pela diversidade musical e pela sonoridade que faz a periferia invadir os locais por onde passa. O CD conta com a participação de músicos como MV Bill, Alexandre (Natiruts), Gog, Angel Duarte, Gabriela Nader, Kiko Santana e Indianna Nomma e foi produzido por Ariel Haller Feitosa, Duck Jay, Beto Batata e DJ Saci, um naipe de peso com alguns dos maiores nomes do rap nacional. O Viela 17 está em turnê pelo Brasil com um repertório que reúne antigos sucessos e músicas do novo trabalho, como Só curto o que é boom, Dupla face, O bonde prossegue, Pequenos Homens, com participação de MV Bill, Mokozin e Lá no Morro.

- LEVAMOS ESSA MESMA ATITUDE PARA O NOVO SHOW: A MISTURA BLACK, A SOMA DE HARMONIAS, A UNIÃO ENTRE PENSAMENTO, RIMAS E BATIDAS EXPRESSIVAS - DIZ JAPÃO, VOCALISTA DO GRUPO, QUE ESTÁ NA DISPUTA DO HUTÚZ.

My Space_DJ Babão: http://profile.myspace.com/77021200 Red Bull Music Academy: www.redbull.com.br/rbma

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CAMPANHA DO CESE INCENTIVA DOAÇÃO PARA PROJETOS POPU LARES Em novembro, a Coordenadoria Ecumênica de Serviço (Cese) lança a campanha Uma Ação para Crianças. O objetivo é sensibilizar a sociedade para se criar uma cultura de doações a projetos populares que se dedicam à defesa dos Direitos Humanos, em especial as que contribuem para a consecução das Metas do Milênio, tendo a criança e o adolescente como foco do trabalho. Ao longo de seus 35 anos, a Cese já apoiou com recursos técnicos e financeiros mais de nove mil iniciativas populares, que ajudaram a melhorar a vida de cerca de 7,5 milhões de pessoas. METAS A população pode participar através de doações individuais ou formar grupos mobilizadores para POR LÍDDEO MILÊNIO: OITO captar recursos para um projeto já inscrito; indicar um projeto para ser ajudado; ou doar para o Fundo O RGA NIZ ARES DOS 191 ESTCO M PRO MISSOS A ÇÕES DA de Dupla Participação, que irá direcionar os recursos para todos os projetos inscritos na campanha. S N AÇÕEA DOS-ME M BROS SSU MIDOS 1. Erradic A Cese acompanha todos os projetos, e qualquer pessoa pode fazer o mesmo, seja através do site S UNIDAS D ar a p o b (ONU). AS reza ex tr univer sa ou de relatórios semestrais encaminhados aos colaboradores. Os grupos mobilizadores angariam e ma e a fo l; 3. Prom m e; 2 . A over a ig os recursos e a Cese dobra o valor arrecadado. Por exemplo: se uma escola precisa construir uma das mulh tingir o e u a ldade en er e s ; 4 . nsino bá tre os se Reduzir horta para dar aulas de agroecologia, orçada em R$ 6 mil, o grupo mobilizador precisa arrecadar R$ mate sico xos e a a a mor tali r na ; 6 . C utonomia dade infa ombater 3 mil para que a Cese arque com os outros R$ 3 mil. Os participantes dos eventos de mobilização Garantir ntil; 5. M o HIV/AID a susten elhorar S, a malá de recursos são informados sobre a aplicação do aporte financeiro doado aos projetos. a s aú d e tabilidad r ia mundial e o u e tr a a s doen mbienta p ar a o d Mais informações: www.cese.org.br ças; 7. l; 8 . E e s en volvime

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MARGARETH MENEZES LANÇA SEU 11º ÁL BUM

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Vivendo uma excelente fase de sua vida e feliz consigo mesma. Com esse astral lá em cima, Margareth Menezes lança “Naturalmente”, pela gravadora MZA, seu 11º CD em 20 anos de estrada. Com produção musical de Mazzola, o álbum traz composições de nomes consagrados, como Marisa Monte, Chico César, Zeca Baleiro, Arnaldo Antunes, Pepeu Gomes e Gilberto Gil, e revela uma faceta até então esquecida da cantora baiana: a de intérprete de música popular brasileira. O novo trabalho está repleto de canções que ela sempre quis gravar, como “Matança”, de Jatobá.

- TAMBÉM FIZ QUESTÃO DE INCLUIR UM SUCESSO NA DÉCADA DE 1980, NA VOZ DE AMELINHA, “FOI DEUS QUEM FEZ VOCÊ, UM VERDADEIRO HINO DE AMOR. NESSES TEMPOS DE TANTA PERVERSIDADE, É SEMPRE BOM LEMBRAR QUE DEUS EXISTE – PONDERA. “Naturalmente” é definido pela cantora baiana como a realização de um sonho. - Mazzola me fez mergulhar em mim mesma e trazer para fora a minha ‘cantriz’, meu primeiro título quando surgi no cenário musical da Bahia. Não sou de olhar para trás e pensar: “Oh! Por que não fiz ?” Eu faço. Atender a esse querer é fundamental em minha vida, especialmente neste momento. O risco sempre existirá, mesmo para quem faz o óbvio. Entre ver a caravana passar e sair em busca de cruzar as fronteiras, eu fico com a segunda opção – frisa, orgulhosa. Ao longo dessas duas décadas, Margareth contabiliza dez CDs, dois DVDs e inúmeras apresentações no Brasil e no exterior, seja nos palcos ou em cima de trios elétricos. Já gravou com Maria Bethânia, Caetano Veloso e Ivete Sangalo; participou do Projeto Tribalistas, cantando, tocando e na parceria da música “Passe em Casa”; e cantou com Rita Lee, Titãs, Lenine, Elba Ramalho, Sandra de Sá, Hermeto Pascoal, Alcione, David Byrne, Vanessa da Matta, Carlinhos Brown, Cássia Eller, Zélia Duncan e, mais recentemente, com Gal Costa e Maria Rita, na Espanha. - Nossa cultura musical nos oferece esse universo de misturas e tendências. Tudo isso é música popular brasileira – conclui a cantora, que acaba de lançar um portal com músicas, clipes, fotos e reportagens publicadas na imprensa desde 1985. Mais Informações: www.vida.margarethmenezes.com.br


DUARTE

É FREESTYLE! Brincadeira com bola agora é coisa séria. Brasil será sede do Red Bull Street Style, o primeiro mundial de futebol estilo livre, disputado entre verdadeiros artistas do esporte. Embora não ande lá muito bem das pernas, a seleção brasileira de futebol fez fama no mundo graças ao futebol-arte que encantava os torcedores com lances incríveis e dribles desconcertantes. Isso, até o século passado. Em tempos de bola-murcha, pode-se dizer que futebol-arte é uma modalidade esportiva na qual o gol não é o objetivo final, muito menos o fator determinante da competição. No Freestyle Football, ou futebol estilo livre, atletas dotados de extrema habilidade realizam manobras acrobáticas sem deixar a bola cair. A partida é no homem a homem e o que conta são as acrobacias com as pernas e a capacidade de equilibrar a bola com a cabeça, os ombros e a nuca.

BRENO NENO

MURILO

JOÃO FERNANDES

PITOL

No dia 18 de novembro, o Brasil será a sede da final mundial do Red Bull Street Style, o primeiro campeonato mundial de futebol estilo-livre, reunindo os mais habilidosos jogadores de mais de 45 países, no Complexo Esportivo do Pacaembu, em São Paulo. A disputa acontece em uma sucessão de confrontos individuais eliminatórios - uma bola, dois jogadores e três minutos sobre um palco circular com sete metros de diâmetro. Uma comissão de jurados avalia o desempenho de cada atleta-artista considerando três critérios: habilidade, criatividade e estilo. O vencedor segue para o próximo confronto e o que superar todos os adversários será consagrado o primeiro campeão mundial de Freestyle.

Convenhamos que o Espírito Santo não é um estado reconhecido pelos dotes futebolísticos – Linhares e Serra, os times mais bem classificados no quadro da CBF, disputam a Série C do Campeonato Brasileiro 2008. Fugindo à regra, o representante brasileiro no mundial vem da cidade capixaba de Cariacica. Em outubro, diante de um público de mais de cinco mil pessoas, na Praça do Marco Zero, em Recife, o estudante Murilo Pitol, 17 anos, venceu a final nacional do Red Bull Street Style, que reuniu os 16 melhores brasileiros da modalidade. Agora, Murilo irá enfrentar as estrelas do freestyle no mundo e terá pela frente alguns dos pioneiros

na modalidade. Entre eles, o sueco Rickard “Palle” Sjölander, cujo nome batizou uma das manobras mais difíceis do freestyle, o Palle Around The World (PATW). Nela, o jogador levanta a bola e desenha círculos imaginários com o pé em torno dela por três vezes antes de dominá-la novamente com o pé.

O esporte nasceu espontaneamente no futebol de rua, mas virou febre quando atletas do mundo todo passaram a disponibilizar na Internet vídeos em que desafiavam outros jogadores a imitarem suas façanhas com a bola. A tendência ganhou força e, pela primeira vez, a modalidade terá um campeonato mundial. Mais informações: www.redbullstreetstyle.com

CH ANCE - NO MUNDIAL EU TEREI A EM QUEM A DE ENCA RA R OS GRINGOS S VÍDEOS GENTE SE ESPELH AVA PELO EEST YLE NA INTERNET, QU ANDO O FR LIDA DE CO MEÇOU POR AQUI. A MODA ANTE NO AINDA PODE EVOLUIR BAST LO. NOSSO PA ÍS - PREVÊ MURI

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PEDRO HENRIQUE


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ENFIM

S Ó N O ? O R T U O E U Q O BETO CHAVES A VISITA, O OUTR

Tenho tido a oportunidade de “visitar” por inúmeras vezes as mais diversas comunidades menos privilegiadas do Rio, mais comumente chamadas de favelas. Tenho analisado meus sentimentos, minha maneira de agir. Tento organizar meus mais íntimos pensamentos quando, de cada “visita”, curiosamente, sentir é quase como respirar. De repente você está feliz, seu trabalho, sua missão, alguém tem que fazê-lo, que bom sou eu! Dá-se a seqüência de atos, homens, viaturas, sirenes, sorrisos, apreensão, alegria, preocupação, mais uma “visita”. Segue-se a preparação de atos tão comuns para todos aqueles atores tão acostumados, tão desacostumados, sensíveis pais, tanto quanto nós, os outros, insensíveis nós, tanto quanto os outros, homens duros, acostumados com a batalha, heróis de uma guerra onde não há vencedores, heróis dos seus que afagam seu retorno, que sorriem seu sorriso, que choram suas lágrimas. E os outros? Que outros? A raça humana é curiosa mesmo. Nós temos a capacidade - digo nós porque ainda me incluo na raça dita humana - de construirmos em todos os terrenos

possíveis coisas fantásticas e, por outro lado, sem sequer conhecermos a família, os filhos, a história, os projetos, odiarmos aquele outro que, por sua vez, exerce a mesma capacidade triste de odiar sem conhecer meu Bruno, meus sonhos, projetos, e me mata como a qualquer outro. Que outro? À chegada, os visitados nos recebem de braços abertos, largo sorriso, alegria pela nossa “visita”. Ocorre que, infelizmente, chove. Que pena. Dia lindo e chove. Chuva de balas, de ódio, raiva, desespero, angústia, tristeza, medo. Ódio e raiva, alguém tem que fazê-lo, que bom sou eu, os meus. Nós, então homens destemidos, heróis sem medalhas, honras, sem sequer inspiração, tomamos posição, rua a rua, beco a beco, poste a poste, confronto, guerra, tiros, gritos, crianças, senhoras e senhores. Do lado dos heróis, um cai, os olhares se voltam, o barulho ensurdecedor se cala os olhos se encontram. O herói virou anjo, a guerra sem vencedor ganhou mais um número, o céu ganhou mais um sorriso. A guerra acabou. Quem ganha? Quem ganha? Quem ganha? Sim, quem ganha, porque a guerra infelizmente não está encerrada. Amanhã é outro dia, novos números se juntarão, novos anjos irão para o céu abandonando seus preciosos. A propósito, do lado de lá, também se foram um, dois, três, quem se importa? Do lado de lá estão os outros - que outros?

QUE TRISTEZA. Triste e pronto. Confesso que esse sentimento me toma quase sempre, cada

passo em becos estreitos, ruelas, escadarias, barracos, casas, tijolo, madeira, amianto, laje, crianças, senhoras e senhores, homens e mulheres. Sempre ouvi dizer que o ser humano é feito das oportunidades que tem e das escolhas que faz. Que oportunidades? Que escolhas? Triste e pronto. Quem ganha eu não sei; quem perde.. Ah! Quem perde somos todos nós, a raça dita humana, a humana raça incapaz de dar as mãos, de gritar nós os outros são os outros. Eu também tenho um sonho; aliás, vários. Outro dia um cara também sonhou. Sonhou com um mundo menos desigual, mais humano, no qual os outros somos nós e não apenas o outro. Ajuda eu peço. A letra nos chama atenção: “nenhum motivo explica a guerra”. Hei, negro; hei, menino; hei, branco; hei, favelado; hei, playboy; hei, asfalto; hei, irmão; hei, eu mesmo. “Ninguém tem que fazer o que não quer, ninguém precisa ser o que não é”. Nada nem ninguém. Numa guerra em que não há vencedores, porque lutamos? Por quê? Sim, enterramos os nossos mais uma vez. Ao lado também havia um, dois ou três - quem se importa? Fui pra casa, chorei minha derrota, meu amigo herói, agora anjo. Sim, os outros fizeram o mesmo. Todos eram meninos, e o céu ganhou vários anjos. ROBERTO CHAVES DE ALMEIDA É INSPETOR DA POLÍCIA CIVIL




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